Quem está apostando em tensão militar e afrontando a lei são Dilma e Celso Amorim, o Megalonanico, não eu! Eu só aposto na lei
Para não variar, as hostes do petismo e do JEG (Jornalismo da Esgotosfera Governista) estão empenhados na inversão dos fatos e da lógica.
As Forças Armadas da ativa são disciplinadas e não se manifestam sobre temas políticos. Silenciam, em nome da disciplina, até mesmo sobre aquilo que lhes diria respeito de perto, já que a comandante-em-chefe, legalmente, é a presidente Dilma Rousseff. Isso faz com que suportem como superior imediato um Celso Amorim, que tem com a área militar a mesma intimidade que Marcelo Crivella tem com a piaba, nomeado que foi ministro da Pesca. É, a propósito, aquele ministério que, depois de criado, viu o déficit do setor explodir. Superávit mesmo, só o de contratação de companheiros para a repartição, inclusive a mulher de um terrorista, levada para a pasta pelas mãos da então ministra Dilma Rousseff, pessoalmente. Os companheiros são sempre muito fiéis aos seus…
Os dois textos em que militares da reserva se manifestam não têm nada de indisciplina ou de ilegalidade. Eles estão amparados na lei. Se decidirem levar a coisa adiante e recorrer da punição, a questão pode ir parar no Supremo. E então vamos ver se a lei vale ou não no país. Se os militares de farda não podem falar essa obviedade, eu, que não uso farda, posso. É de lei que querem falar? Então vamos lá.
1: A ATUAÇÃO DE MARIA DO ROSÁRIO
Ao afirmar que a Comissão da Verdade pode levar à condenação criminal deste ou daquele, Maria do Rosário, ministra dos Direitos Humanos dada a fazer juízos singulares sobre uma porção de coisas (é aquela que não viu agressão aos direitos humanos em Cuba…), desrespeita a Lei da Anistia, cuja validade foi explicitada pelo Supremo. Pergunto: por que uma ministra, justamente aquela diretamente relacionada com a Comissão da Verdade, pode fazer uma afirmação contra a ordem jurídica e confessar que tem um interesse subterrâneo no assunto, a saber: condenar pessoas à revelia da lei? Maria do Rosário afrontou o texto da lei e a decisão do Supremo, não os militares da reserva.
A sempre excelente Dora Kramer comete hoje, em sua coluna no Estadão, o que considero um desvio de análise. É crítica à manifestação dos reservistas — até aí, opinião dela, um direito sagrado —, acusando a sua ociosidade, sob o argumento de que o Supremo barraria mesmo ações judiciais e de que só o Congresso poderia alterar a Lei da Anistia, o que não vai acontecer. Contraponho duas coisas às observações de Dora:
a - quem finge ignorar a Lei da Anistia e a decisão do Supremo é Maria do Rosário; os militares da reserva apenas apontaram esse aspecto deletério da atuação da ministra;
b - nem o Congresso pode rever a Lei da Anistia porque:
b1 - uma lei não retroage para aplicar punições;
b2 - Não é só a Lei da Anistia, a 6683, de 1979, que garante a anistia ampla, geral e irrestrita para crimes políticos e “conexos”. A própria Emenda Constitucional nº 26, de 1985, QUE É NADA MENOS DO QUE AQUELA QUE CONVOCA A ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE, incorporou, de fato, esse fundamento. Está no artigo 4º da emenda (em azul):
Art. 4º É concedida anistia a todos os servidores públicos civis da Administração direta e indireta e militares, punidos por atos de exceção, institucionais ou complementares.
§ 1º É concedida, igualmente, anistia aos autores de crimes políticos ou conexos, e aos dirigentes e representantes de organizações sindicais e estudantis, bem como aos servidores civis ou empregados que hajam sido demitidos ou dispensados por motivação exclusivamente política, com base em outros diplomas legais.
§ 2º A anistia abrange os que foram punidos ou processados pelos atos imputáveis previstos no “caput” deste artigo, praticados no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979.
Assim, minha cara Dora, a anistia está inscrita na própria lei que marca, formalmente, o fim da ditadura militar no Brasil. Declarar a sua invalidade seria declarar inválido o próprio processo constituinte. Não! Nem o Congresso pode mudar isso.
Por que dona Maria do Rosário não instala logo a tal comissão?
Por que dona Maria do Rosário não decide atuar nos limites da lei e pronto?
Por que dona Maria do Rosário não cumpre o seu papel institucional e pára de fazer marola inútil?
2: A ATUAÇÃO DE ELEONORA MENICUCCI
Eleonora Menicucci, ministra das Mulheres, tem todo o direito de julgar heróica a sua própria atuação, e as demais pessoas têm todo o direito de submeter a sua visão particular de história aos fatos. Em seu discurso de posse, depois de ter dito à imprensa uma impressionante penca de bobagens, exaltou aqueles seus dias de militância no Partido Operário Comunista como “luta pela democracia”. Lá vou eu com um daqueles desafios que não vivem a fase do confronto porque as pessoas correm: Dona Eleonora me envie uma só evidência histórica de que o POC quisesse “democracia”, e eu nunca mais escrevo; vou criar a galinhas. O mesmo se diga das organizações terroristas às quais Dilma pertenceu.
Amparados na lei
Amparados na Lei 7.524, os militares da reserva fizeram um análise dos fatos, e é o texto legal que lhes garante, “respeitados os limites estabelecidos na lei civil (…), independentemente das disposições constantes dos Regulamentos Disciplinares das Forças Armadas, opinar livremente sobre assunto político e externar pensamento e conceito ideológico, filosófico ou relativo à matéria pertinente ao interesse público”.
Fim de papo!
- Dilma e seus ministros estão obrigados a se subordinar à Lei da Anistia;
- Dilma e seus ministros estão obrigados a se subordinar à própria lei que criou a Comissão da Verdade, que não prevê a revanche;
- Dilma e seus ministros estão obrigados a se subordinar à Lei 7.524
Os imbecis parem de onda. Eu estou defendendo o triunfo das leis. Quem está apostando em tensão militar, sabe-se lá com que propósito, são Dilma Rousseff e Celso Amorim, o Megalonanico, não eu!
Eu estou, como sempre, apostando na legalidade.
Por Reinaldo Azevedo
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
sexta-feira, 9 de março de 2012
O COMANDO DA CORPORAÇÃO PRECISA ANISTIAR OS BOMBEIROS GREVISTAS DO RIO DE JANEIRO
Roberto Nascimento
Todos os trabalhadores têm o direito de lutar por melhores condições de sobrevivência para suas famílias. E um bom salário é uma condição básica. Não é possível conviver com tantas injustiças nesse país. Aqueles que salvam vidas sofrem o perigo de demissão.
Os corruptos de colarinho branco roubam dinheiro público, portanto, tiram recursos da educação e da saúde. Quando descobertos, a única punição é a perda do cargo, jamais devolvem o que foi roubado. Depois contratam bons advogados, não são punidos e suas supostas penas prescrevem, pois os advogados conhecem o caminho das pedras, que são as lacunas das leis, os pontos cegos e a redação mal formulada.
Comandante dos Bombeiros, apelo para seu senso de humanidade, seja um estadista e anistie os bombeiros citados. Entre para a história da Corporação ou caminhe para a vala comum da subserviência. Saiba o senhor que os cargos são passageiros e se perdem assim que o humor do chefe do Executivo fica exaltado.
Além do mais, quando termina o mandato do governo, o próximo governador nomeia logo outro militar. Sem falar que o imponderável da vida corta as carreiras de um dia para o outro.
Acredito que o caminho natural é a anistia. E ainda existem os bons juízes para sanar a injustiça se a decisão for negativa.
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FALÊNCIA MORAL
Francisco Bendl
Um país onde as instituições estão indo à falência etica e moralmente, querer punir os bombeiros porque protestavam por aumento de salário é um deboche, escárnio à população!
Fosse assim, TODOS os acusados de corrupção deveriam receber a pena de morte! No entanto, nossos deputados além de se aumentarem os próprios salários e cheios de penduricalhos, estão impunes aos desmandos que cometem, aos seus envolvimentos com falcatruas, às suas desonestidades constantes.
Sou radicalmente contra a expulsão de trabalhadores, salvo por crimes cometidos e devidamente comprovados, lógico. Por outro lado, no que se refere aos bombeiros, por acaso nossas autoridades têm se preocupado com eles? Em aparelhá-los devidamente?
Escadas, mangueiras, ferramentas, registros, viaturas, como estão? Certamente sem manutenção ou maiores cuidados, pois as verbas destinadas são escassas, menos para o Congresso Nacional, o palácio dos deleites e devaneios políticos de indivíduos traidores do povo e do país!
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ABUSO DE AUTORIDADE
Paulo Solon
Claro que não concordo com a expulsão dos bombeiros do Rio de Janeiro. Trata-se de abuso de autoridade. Os bombeiros são cidadãos-contribuintes-eleitores. Têm todo o direito de se manifestarem.
09 de março de 2012
Todos os trabalhadores têm o direito de lutar por melhores condições de sobrevivência para suas famílias. E um bom salário é uma condição básica. Não é possível conviver com tantas injustiças nesse país. Aqueles que salvam vidas sofrem o perigo de demissão.
Os corruptos de colarinho branco roubam dinheiro público, portanto, tiram recursos da educação e da saúde. Quando descobertos, a única punição é a perda do cargo, jamais devolvem o que foi roubado. Depois contratam bons advogados, não são punidos e suas supostas penas prescrevem, pois os advogados conhecem o caminho das pedras, que são as lacunas das leis, os pontos cegos e a redação mal formulada.
Comandante dos Bombeiros, apelo para seu senso de humanidade, seja um estadista e anistie os bombeiros citados. Entre para a história da Corporação ou caminhe para a vala comum da subserviência. Saiba o senhor que os cargos são passageiros e se perdem assim que o humor do chefe do Executivo fica exaltado.
Além do mais, quando termina o mandato do governo, o próximo governador nomeia logo outro militar. Sem falar que o imponderável da vida corta as carreiras de um dia para o outro.
Acredito que o caminho natural é a anistia. E ainda existem os bons juízes para sanar a injustiça se a decisão for negativa.
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FALÊNCIA MORAL
Francisco Bendl
Um país onde as instituições estão indo à falência etica e moralmente, querer punir os bombeiros porque protestavam por aumento de salário é um deboche, escárnio à população!
Fosse assim, TODOS os acusados de corrupção deveriam receber a pena de morte! No entanto, nossos deputados além de se aumentarem os próprios salários e cheios de penduricalhos, estão impunes aos desmandos que cometem, aos seus envolvimentos com falcatruas, às suas desonestidades constantes.
Sou radicalmente contra a expulsão de trabalhadores, salvo por crimes cometidos e devidamente comprovados, lógico. Por outro lado, no que se refere aos bombeiros, por acaso nossas autoridades têm se preocupado com eles? Em aparelhá-los devidamente?
Escadas, mangueiras, ferramentas, registros, viaturas, como estão? Certamente sem manutenção ou maiores cuidados, pois as verbas destinadas são escassas, menos para o Congresso Nacional, o palácio dos deleites e devaneios políticos de indivíduos traidores do povo e do país!
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ABUSO DE AUTORIDADE
Paulo Solon
Claro que não concordo com a expulsão dos bombeiros do Rio de Janeiro. Trata-se de abuso de autoridade. Os bombeiros são cidadãos-contribuintes-eleitores. Têm todo o direito de se manifestarem.
09 de março de 2012
DEKASSEGUIS E TRANSNACIONAIS
De um leitor, recebo:
Prezado Janer:
O termo "Dekasseguis" foi inspirado na palavra 出稼ぎ ou na tradução livre, sair para juntar dinheiro. Se olharmos para o termo usado pelo ponto de vista dos jornalistas, seriam "Brasileiros que vão trabalhar no Japão".
Aí está o problema. Nem todos os brasileiros que vieram para o Japão sabiam "juntar dinheiro". No início da década de 90, a intenção era trabalhar no arquipélago pois os salários eram maiores. Mas os motivos, na maioria dos casos, não era a busca por algo e sim a escapatória. Pois enfrentávamos dificuldades no Brasil na época.
Sair do país com o objetivo de crescer na carreira, estudar ou enriquecer a cultura é um motivo nobre para a sociedade. Sair para trabalhar em serviços braçais não é. Porém, no mundo capitalista, o dinheiro tem muito "valor" para a sociedade e até o início do ano 2000, muitos "Dekasseguis" conseguiram "juntar dinheiro" e realizar sonhos materiais no Brasil. Compraram carros e casas.
Alguns empreenderam, sem se dedicar ao estudo da mesma forma que trabalharam na terra do sol nascente. E voltaram ao Japão para reiniciar suas vidas. Outros tantos, devido ao "jet lag espiritual" talvez, não perceberam que o Brasil continuou progredindo enquanto o mesmo vivia do outro lado do mundo. A internet ainda não era "moda" entre os "Transnacionais" daqui.
A partir de 2005, depois de um estudo do BID e uma parceria com o SEBRAE, foi criado o projeto "Dekassegui Empreendedor" para preencher a lacuna que existia na parte educacional das pessoas que "juntaram dinheiro" mas não sabiam como gerir seus negócios.
O problema aí é que esse estudo foi baseado no valor das remessas dos "Dekasseguis" ao Brasil e uma pesquisa antiga sobre os motivos do envio. Números e vontades que podem se alterar a qualquer movimento no mercado mundial.
E foi o que começou a acontecer já no início do ano 2000, as variações cambiais e a infra-estrutura da comunidade brasileira no Japão, fizeram com que muitos dos que enviavam dinheiro para sustentar as famílias no Brasil, resolvessem trazê-los para o arquipélago. O que poucos perceberam, pois pesquisadores não são pagos para viver a vida dos pesquisados.
Essa infra-estrutura em partes, foi uma demanda iniciada pelos próprios "transnacionais" que pagavam caro pela "Saudade" do Brasil nos anos 90. Assim, surgiram as "Quitandas" de produtos alimentícios e também importadores de roupas e alimentos. Como a carga horária diária era desgastante, os jovens procuravam diversão nos finais de semana, o que fez surgir baladas somente para brasileiros. E depois dos encontros, a formação de casais.
Como a comunidade de japoneses no Brasil, sempre foi muito rígida em relação aos relacionamentos dos filhos. A "oportunidade" de ser livre no Japão, fez com que muitos desses casais não tivesse mais o "freio" dos pais no Brasil.
Com isso, vieram os filhos.
Devido ao tão falado "Ijime" ou "Bullyng" escolar na sociedade japonesa, surgiram escolas brasileiras para educar os filhos dos "Transnacionais" e a partir desta geração, os psicólogos estão tendo problemas para encontrar soluções.
Se uma pessoa solteira vai para um outro país "juntar dinheiro" e voltar, o ideal é não ter filhos, pois não há como conseguir educar uma criança (incluindo subsídios governamentais) e sustentar um lar "familiar".
Se uma pessoa que enviava dinheiro para sustentar a família no Brasil resolve trazer todos ao Japão, ela não é mais um "Dekassegui", pode se tornar um imigrante, caso decida "fincar raízes" no país. Porém, se ela ainda deseja voltar ao Brasil, essa pessoa é um "transnacional" e seus filhos também.
Pois bem, os "transnacionais" tem esse problema em questão. Não decidiram em qual país pretendem viver. O principal fator é o trabalho, pois desde o início, vieram com essa intenção. Porém, não deram o devido valor ao estudo e o tempo passou. 20 anos, 10 anos, 5 anos, não há como voltar atrás e o mundo mudou.
A "Síndrome do Regresso" talvez seja uma forma de encontrar a reposta para a pergunta de muitos que resolveram buscar o valor do dinheiro ou do trabalho braçal em outros países. Porém, o problema é muito maior. São cerca de 3 milhões de brasileiros no exterior, que experimentaram valores culturais e econômicos e que muitos não aceitam viver sem, na volta ao Brasil.
Se todos olhassem pelo mesmo prisma que Janer Cristaldo, que decidiu abrir mão desses valores para viver fazendo o que gosta, talvez muitos não precisassem de "Gigolôs" para definir o que eles próprios poderiam decidir para suas vidas.
Dino Slender
08 de março de 2012
Prezado Janer:
O termo "Dekasseguis" foi inspirado na palavra 出稼ぎ ou na tradução livre, sair para juntar dinheiro. Se olharmos para o termo usado pelo ponto de vista dos jornalistas, seriam "Brasileiros que vão trabalhar no Japão".
Aí está o problema. Nem todos os brasileiros que vieram para o Japão sabiam "juntar dinheiro". No início da década de 90, a intenção era trabalhar no arquipélago pois os salários eram maiores. Mas os motivos, na maioria dos casos, não era a busca por algo e sim a escapatória. Pois enfrentávamos dificuldades no Brasil na época.
Sair do país com o objetivo de crescer na carreira, estudar ou enriquecer a cultura é um motivo nobre para a sociedade. Sair para trabalhar em serviços braçais não é. Porém, no mundo capitalista, o dinheiro tem muito "valor" para a sociedade e até o início do ano 2000, muitos "Dekasseguis" conseguiram "juntar dinheiro" e realizar sonhos materiais no Brasil. Compraram carros e casas.
Alguns empreenderam, sem se dedicar ao estudo da mesma forma que trabalharam na terra do sol nascente. E voltaram ao Japão para reiniciar suas vidas. Outros tantos, devido ao "jet lag espiritual" talvez, não perceberam que o Brasil continuou progredindo enquanto o mesmo vivia do outro lado do mundo. A internet ainda não era "moda" entre os "Transnacionais" daqui.
A partir de 2005, depois de um estudo do BID e uma parceria com o SEBRAE, foi criado o projeto "Dekassegui Empreendedor" para preencher a lacuna que existia na parte educacional das pessoas que "juntaram dinheiro" mas não sabiam como gerir seus negócios.
O problema aí é que esse estudo foi baseado no valor das remessas dos "Dekasseguis" ao Brasil e uma pesquisa antiga sobre os motivos do envio. Números e vontades que podem se alterar a qualquer movimento no mercado mundial.
E foi o que começou a acontecer já no início do ano 2000, as variações cambiais e a infra-estrutura da comunidade brasileira no Japão, fizeram com que muitos dos que enviavam dinheiro para sustentar as famílias no Brasil, resolvessem trazê-los para o arquipélago. O que poucos perceberam, pois pesquisadores não são pagos para viver a vida dos pesquisados.
Essa infra-estrutura em partes, foi uma demanda iniciada pelos próprios "transnacionais" que pagavam caro pela "Saudade" do Brasil nos anos 90. Assim, surgiram as "Quitandas" de produtos alimentícios e também importadores de roupas e alimentos. Como a carga horária diária era desgastante, os jovens procuravam diversão nos finais de semana, o que fez surgir baladas somente para brasileiros. E depois dos encontros, a formação de casais.
Como a comunidade de japoneses no Brasil, sempre foi muito rígida em relação aos relacionamentos dos filhos. A "oportunidade" de ser livre no Japão, fez com que muitos desses casais não tivesse mais o "freio" dos pais no Brasil.
Com isso, vieram os filhos.
Devido ao tão falado "Ijime" ou "Bullyng" escolar na sociedade japonesa, surgiram escolas brasileiras para educar os filhos dos "Transnacionais" e a partir desta geração, os psicólogos estão tendo problemas para encontrar soluções.
Se uma pessoa solteira vai para um outro país "juntar dinheiro" e voltar, o ideal é não ter filhos, pois não há como conseguir educar uma criança (incluindo subsídios governamentais) e sustentar um lar "familiar".
Se uma pessoa que enviava dinheiro para sustentar a família no Brasil resolve trazer todos ao Japão, ela não é mais um "Dekassegui", pode se tornar um imigrante, caso decida "fincar raízes" no país. Porém, se ela ainda deseja voltar ao Brasil, essa pessoa é um "transnacional" e seus filhos também.
Pois bem, os "transnacionais" tem esse problema em questão. Não decidiram em qual país pretendem viver. O principal fator é o trabalho, pois desde o início, vieram com essa intenção. Porém, não deram o devido valor ao estudo e o tempo passou. 20 anos, 10 anos, 5 anos, não há como voltar atrás e o mundo mudou.
A "Síndrome do Regresso" talvez seja uma forma de encontrar a reposta para a pergunta de muitos que resolveram buscar o valor do dinheiro ou do trabalho braçal em outros países. Porém, o problema é muito maior. São cerca de 3 milhões de brasileiros no exterior, que experimentaram valores culturais e econômicos e que muitos não aceitam viver sem, na volta ao Brasil.
Se todos olhassem pelo mesmo prisma que Janer Cristaldo, que decidiu abrir mão desses valores para viver fazendo o que gosta, talvez muitos não precisassem de "Gigolôs" para definir o que eles próprios poderiam decidir para suas vidas.
Dino Slender
08 de março de 2012
SOBRE MIGRANTES E PSICÓLOGOS
Meu caro Dino,
Em princípio, considero o migrante um ser diferenciado e audacioso, que não hesita em abandonar o país, passado, amigos e familiares, em busca de vida melhor. Digo em princípio, porque vou abrir uma exceção lá adiante. Diria que são basicamente duas as motivações que levam alguém a migrar: dinheiro ou educação. Deixo de lado as razões políticas, estas geralmente compulsórias. Há quem viaje em busca do dinheiro que não consegue aqui. Outros querem aperfeiçoar o domínio de um idioma ou exercer uma arte que no Brasil não leva muito longe, por exemplo, cantores líricos, pianistas, violinistas.
Vamos ao primeiro caso, que parece ser o dos dekasseguis. Terá certamente de submeter-se a trabalhos manuais, que não dependem do domínio do idioma. Pode ser mecânico, varredor de ruas, lavador de pratos e, com um mínimo de habilidade, até mesmo garçom. Ou prostituta. São aquelas profissões que os países do Primeiro Mundo reservam aos imigrantes. Para quem vê na vida o dinheiro como objetivo maior, é uma boa saída. Um garçom na Europa, por exemplo, ganha bem mais que um redator de jornal aqui. Conheci de perto um caso emblemático em Porto Alegre.
Um operador de câmera gaúcho, que vivia mais de susto que do salário, resolveu um dia migrar para os States. Foi para Utah, onde começou na limpeza de lixo hospitalar. Certo dia, faltou um operador numa sala de cirurgia. Ele estava por perto e ofereceu seus serviços. Para surpresa dos médicos, deu conta do recado. Foi imediatamente promovido. Levou mulher e filhos para lá, acabou comprando casa de dois pisos, de esquina. O que, só foi descobrir mais tarde, não era grande vantagem: tinha de limpar a neve de duas calçadas. Claro que este profissional dificilmente teria esta chance no Brasil. Sem falar que não precisou mudar de ofício. Mas nem sempre passa um cavalo encilhado junto ao rancho de um migrante.
Em meus dias de Europa, conheci muitos jovens com curso universitário trabalhando como garçons, porteiros de hotel, lavadores de prato. Mais ainda: certa noite, ao voltar de madrugada para meu hotel em Paris, vi erguer-se do catre do concierge uma calva ilustre e muito familiar. Era a calva de um de meus professores de Filosofia na UFRGS, autor de vários livros e um dos mais reputados do país. De catedrático a porteiro de noite.
Em Estocolmo, conheci um universitário, filho de família tradicional gaúcha, que trabalhava como diskare (lavador de pratos) durante o verão sueco. Trabalhava em dois turnos, tinha poucas horas para dormir. Mas só trabalhava dois meses. Com que o que ganhava na Suécia, vivia o resto do ano espichado ao sol em Ibiza. Na época, a conjuntura econômica européia permitia tais proezas.
É uma fórmula atrativa de vida. Muito melhor que mourejar oito horas por dia o ano todo, num banco ou escritório. Mas tem seu preço. Como você diz, o tempo passa, o mundo muda e não há como voltar atrás. Um belo dia, você se olha no espelho, tem 40 ou 50 anos e não tem uma profissão decente.
Conheço outro tipo de migrante, o eterno bolsista. Vai para um mestrado, tem as portas abertas para um doutorado, depois há os pós-doc pela frente. Até o dia em que descobre, perplexo, que a vida passou e ele nunca teve carteira assinada.
Considero legítima esta motivação, a de buscar dinheiro. Você pode encontrá-lo, mas o mais das vezes terá de renunciar a coisas mais importantes na vida. De minha parte, não abri mão de valores culturais ou econômicos ao voltar. Aos valores culturais, tenho acesso o tempo todo. Quanto a valores econômicos, nunca foi minha preocupação ter muito dinheiro. Tendo algo para meus livros, vinhos e viagens, me dou por plenamente satisfeito.
Mas volto ao início. Dizia que - em princípio - considero o migrante um ser diferenciado e audacioso, que não hesita em abandonar o país, passado, amigos e familiares, em busca de vida melhor. Dizia em princípio, porque agora surgiu – penso na Europa – um novo tipo de imigrante, o que busca não vida melhor, mas vida mansa. Preferentemente sem trabalhar. Se antes o imigrante queria saber quais seriam seus deveres no novo país, agora chega reivindicando direitos.
Os árabes, por exemplo, sentem-se no direito de levar todas suas quatro mulheres permissíveis pelo Profeta, mais as proles geradas com cada, todos contemplados pela Previdência Social. Isso sem falar no tal de reagrupamento familiar. Em nome deste – conta-me uma amiga da Finlândia – um somali conseguiu levar 98 parentes para o Canadá. Isto é, levou a tribo toda.
Por este tipo de imigrante, que quer gozar o melhor do Ocidente sem dar uma contrapartida equivalente, não tenho nenhum respeito. Mas não era este o cerne da discussão, e sim os gigolôs de dekasseguis. Não vejo razões para que um migrante, ao voltar, precise recorrer a psicólogos. A psicologia está querendo invadir todas as áreas. Morre alguém de sua família? Busque um psicólogo. Morre um cachorrinho? Busque apoio psicológico.
Do jeito em que vão as coisas, até turista precisará de psicólogo na volta. O coitado, que vivia no mundo das sombras platônico, viu o mundo real e agora volta às trevas. Não conseguirá sobreviver sem uma boa análise.
09 de março de 2012
janer cristaldo
Em princípio, considero o migrante um ser diferenciado e audacioso, que não hesita em abandonar o país, passado, amigos e familiares, em busca de vida melhor. Digo em princípio, porque vou abrir uma exceção lá adiante. Diria que são basicamente duas as motivações que levam alguém a migrar: dinheiro ou educação. Deixo de lado as razões políticas, estas geralmente compulsórias. Há quem viaje em busca do dinheiro que não consegue aqui. Outros querem aperfeiçoar o domínio de um idioma ou exercer uma arte que no Brasil não leva muito longe, por exemplo, cantores líricos, pianistas, violinistas.
Vamos ao primeiro caso, que parece ser o dos dekasseguis. Terá certamente de submeter-se a trabalhos manuais, que não dependem do domínio do idioma. Pode ser mecânico, varredor de ruas, lavador de pratos e, com um mínimo de habilidade, até mesmo garçom. Ou prostituta. São aquelas profissões que os países do Primeiro Mundo reservam aos imigrantes. Para quem vê na vida o dinheiro como objetivo maior, é uma boa saída. Um garçom na Europa, por exemplo, ganha bem mais que um redator de jornal aqui. Conheci de perto um caso emblemático em Porto Alegre.
Um operador de câmera gaúcho, que vivia mais de susto que do salário, resolveu um dia migrar para os States. Foi para Utah, onde começou na limpeza de lixo hospitalar. Certo dia, faltou um operador numa sala de cirurgia. Ele estava por perto e ofereceu seus serviços. Para surpresa dos médicos, deu conta do recado. Foi imediatamente promovido. Levou mulher e filhos para lá, acabou comprando casa de dois pisos, de esquina. O que, só foi descobrir mais tarde, não era grande vantagem: tinha de limpar a neve de duas calçadas. Claro que este profissional dificilmente teria esta chance no Brasil. Sem falar que não precisou mudar de ofício. Mas nem sempre passa um cavalo encilhado junto ao rancho de um migrante.
Em meus dias de Europa, conheci muitos jovens com curso universitário trabalhando como garçons, porteiros de hotel, lavadores de prato. Mais ainda: certa noite, ao voltar de madrugada para meu hotel em Paris, vi erguer-se do catre do concierge uma calva ilustre e muito familiar. Era a calva de um de meus professores de Filosofia na UFRGS, autor de vários livros e um dos mais reputados do país. De catedrático a porteiro de noite.
Em Estocolmo, conheci um universitário, filho de família tradicional gaúcha, que trabalhava como diskare (lavador de pratos) durante o verão sueco. Trabalhava em dois turnos, tinha poucas horas para dormir. Mas só trabalhava dois meses. Com que o que ganhava na Suécia, vivia o resto do ano espichado ao sol em Ibiza. Na época, a conjuntura econômica européia permitia tais proezas.
É uma fórmula atrativa de vida. Muito melhor que mourejar oito horas por dia o ano todo, num banco ou escritório. Mas tem seu preço. Como você diz, o tempo passa, o mundo muda e não há como voltar atrás. Um belo dia, você se olha no espelho, tem 40 ou 50 anos e não tem uma profissão decente.
Conheço outro tipo de migrante, o eterno bolsista. Vai para um mestrado, tem as portas abertas para um doutorado, depois há os pós-doc pela frente. Até o dia em que descobre, perplexo, que a vida passou e ele nunca teve carteira assinada.
Considero legítima esta motivação, a de buscar dinheiro. Você pode encontrá-lo, mas o mais das vezes terá de renunciar a coisas mais importantes na vida. De minha parte, não abri mão de valores culturais ou econômicos ao voltar. Aos valores culturais, tenho acesso o tempo todo. Quanto a valores econômicos, nunca foi minha preocupação ter muito dinheiro. Tendo algo para meus livros, vinhos e viagens, me dou por plenamente satisfeito.
Mas volto ao início. Dizia que - em princípio - considero o migrante um ser diferenciado e audacioso, que não hesita em abandonar o país, passado, amigos e familiares, em busca de vida melhor. Dizia em princípio, porque agora surgiu – penso na Europa – um novo tipo de imigrante, o que busca não vida melhor, mas vida mansa. Preferentemente sem trabalhar. Se antes o imigrante queria saber quais seriam seus deveres no novo país, agora chega reivindicando direitos.
Os árabes, por exemplo, sentem-se no direito de levar todas suas quatro mulheres permissíveis pelo Profeta, mais as proles geradas com cada, todos contemplados pela Previdência Social. Isso sem falar no tal de reagrupamento familiar. Em nome deste – conta-me uma amiga da Finlândia – um somali conseguiu levar 98 parentes para o Canadá. Isto é, levou a tribo toda.
Por este tipo de imigrante, que quer gozar o melhor do Ocidente sem dar uma contrapartida equivalente, não tenho nenhum respeito. Mas não era este o cerne da discussão, e sim os gigolôs de dekasseguis. Não vejo razões para que um migrante, ao voltar, precise recorrer a psicólogos. A psicologia está querendo invadir todas as áreas. Morre alguém de sua família? Busque um psicólogo. Morre um cachorrinho? Busque apoio psicológico.
Do jeito em que vão as coisas, até turista precisará de psicólogo na volta. O coitado, que vivia no mundo das sombras platônico, viu o mundo real e agora volta às trevas. Não conseguirá sobreviver sem uma boa análise.
09 de março de 2012
janer cristaldo
OS TALIBANS DE GRAVATA... QUANDO NÃO SE TEM NADA A FAZER.
Os talibans de gravata - Presidente da OAB-RJ quer retirar crucifixo do STF, depredando duas obras de arte; artistas assinam vários trabalhos em Brasília: são tombados e patrimônio cultural da humanidade.
O presidente da OAB do Rio, Wadih Damous, por alguma razão, achou que tinha de se posicionar sobre a decisão do Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que cassou os crucifixos. Ele deu seu integral apoio e aproveitou para defender a retirada daquele que há no Supremo Tribunal Federal.
Abaixo, vocês verão, afirmarei que perseguir crucifixos é uma proposta covarde. Corajoso mesmo seria pregar o fim do feriado no Natal — afinal, não podemos ofender as pessoas das demais religiões, certo? E há coisas que requerem ainda mais ousadia. Eu conto com Damous.
Não vejo o doutor em posição tão delicada desde que atestou, numa nota, que os boxeadores cubanos tinham sido tratados no Brasil, segundo os critérios os mais civilizados. Ele acompanhara parte da operação. Horas depois, os coitados seriam devolvidos a Cuba num avião usado pelo governo da… Venezuela!!!
Adiante. Comparei ontem aqui a retirada dos crucifixos aos atos do Taliban, que destruiu, em 2001, os Budas de Bamiyan, que datavam, no mínimo, do século 7. Achavam que as estátuas ofendiam a fé islâmica. Doutor Damous acha que o crucifixo ofende o laicismo. E tem muita gente, inclusive leitores deste blog, que concorda com ele — creio que só no caso do crucifixo, não dos boxeadores…
Exagerei ao evocar o Talibã? Acho que não. Nem no mérito nem no fato. O crucifixo a que o presidente da OAB do Rio se refere é este. Volto em seguida.
Voltei
Pois é… O crucifixo integra uma das obras de arte de Brasília, o Painel de Mármore, de Athos Bulcão (1918-2008), um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros. Brasília é patrimônio cultural da humanidade. É uma obra tombada. Vejam o painel.
O crucifixo, em si, é outra obra assinada, de Alfredo Ceschiatti (1918-1989), responsável por outro trabalho de muita visibilidade na Esplanada. Vejam.
É a estátua que simboliza a Justiça. Ora vejam… A “Iustitia” (na mitologia romana) ou “Têmis” (na grega), talvez o doutor Wadih não saiba, não deixa de ofender o laicismo do Estado — segundo seus critérios, não os meus. O paganismo, doutor, também era uma religião.
Não, senhores talibãs de terno e senhoras talibãs lésbicas! Uma das graças da civilização e da cultura está justamente na convivência de todas essas heranças. Em qualquer país do mundo, doutores das leis se mobilizariam para preservar obras de arte tombadas, patrimônio cultural da humanidade. No Brasil, alguns deles querem destruí-las.
Sempre resta ao doutor, claro!, afirmar que ele é contra um crucifixo de madeira qualquer, mas favorável a uma obra de arte — hipótese, então, em que os valores fundadores da civilização brasileira teriam, para ele, menos importância do que… escultura.
Proposta covardes e propostas ousadas.
Eu, sinceramente, acho uma covardia retirar os crucifixos dos tribunais em nome da sociedade laica, como quer doutor Damous.
Corajoso como é, ele deveria iniciar um movimento para mudar o preâmbulo da Constituição — afinal, o homem é da OAB.
Está lá:
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
”“Sob a proteção de Deus uma ova! Esta república é leiga!”, há de dizer este laicista. Os ateus nervosos que vieram bater nestas paragens se obrigam a fazer o mesmo! Mas não só. Conto com o presidente da OAB para extinguir todos os feriados religiosos cristãos, a começar do Natal. Ou, como querem alguns (respondo à falsa questão num outro post), que haja feriado nacional para o budismo, o islamismo, o candomblé etc.Não descarto que muitos recuem ao menos no caso do STF: “Pô! A gente é contra mexer numa obra de arte! Nosso objetivo era apenas atacar o cristianismo”.
Ah, bom..
09 de março de 2012
Por Reinaldo Azevedo - Veja Online
O presidente da OAB do Rio, Wadih Damous, por alguma razão, achou que tinha de se posicionar sobre a decisão do Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que cassou os crucifixos. Ele deu seu integral apoio e aproveitou para defender a retirada daquele que há no Supremo Tribunal Federal.
Abaixo, vocês verão, afirmarei que perseguir crucifixos é uma proposta covarde. Corajoso mesmo seria pregar o fim do feriado no Natal — afinal, não podemos ofender as pessoas das demais religiões, certo? E há coisas que requerem ainda mais ousadia. Eu conto com Damous.
Não vejo o doutor em posição tão delicada desde que atestou, numa nota, que os boxeadores cubanos tinham sido tratados no Brasil, segundo os critérios os mais civilizados. Ele acompanhara parte da operação. Horas depois, os coitados seriam devolvidos a Cuba num avião usado pelo governo da… Venezuela!!!
Adiante. Comparei ontem aqui a retirada dos crucifixos aos atos do Taliban, que destruiu, em 2001, os Budas de Bamiyan, que datavam, no mínimo, do século 7. Achavam que as estátuas ofendiam a fé islâmica. Doutor Damous acha que o crucifixo ofende o laicismo. E tem muita gente, inclusive leitores deste blog, que concorda com ele — creio que só no caso do crucifixo, não dos boxeadores…
Exagerei ao evocar o Talibã? Acho que não. Nem no mérito nem no fato. O crucifixo a que o presidente da OAB do Rio se refere é este. Volto em seguida.
Voltei
Pois é… O crucifixo integra uma das obras de arte de Brasília, o Painel de Mármore, de Athos Bulcão (1918-2008), um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros. Brasília é patrimônio cultural da humanidade. É uma obra tombada. Vejam o painel.
O crucifixo, em si, é outra obra assinada, de Alfredo Ceschiatti (1918-1989), responsável por outro trabalho de muita visibilidade na Esplanada. Vejam.
É a estátua que simboliza a Justiça. Ora vejam… A “Iustitia” (na mitologia romana) ou “Têmis” (na grega), talvez o doutor Wadih não saiba, não deixa de ofender o laicismo do Estado — segundo seus critérios, não os meus. O paganismo, doutor, também era uma religião.
Não, senhores talibãs de terno e senhoras talibãs lésbicas! Uma das graças da civilização e da cultura está justamente na convivência de todas essas heranças. Em qualquer país do mundo, doutores das leis se mobilizariam para preservar obras de arte tombadas, patrimônio cultural da humanidade. No Brasil, alguns deles querem destruí-las.
Sempre resta ao doutor, claro!, afirmar que ele é contra um crucifixo de madeira qualquer, mas favorável a uma obra de arte — hipótese, então, em que os valores fundadores da civilização brasileira teriam, para ele, menos importância do que… escultura.
Proposta covardes e propostas ousadas.
Eu, sinceramente, acho uma covardia retirar os crucifixos dos tribunais em nome da sociedade laica, como quer doutor Damous.
Corajoso como é, ele deveria iniciar um movimento para mudar o preâmbulo da Constituição — afinal, o homem é da OAB.
Está lá:
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
”“Sob a proteção de Deus uma ova! Esta república é leiga!”, há de dizer este laicista. Os ateus nervosos que vieram bater nestas paragens se obrigam a fazer o mesmo! Mas não só. Conto com o presidente da OAB para extinguir todos os feriados religiosos cristãos, a começar do Natal. Ou, como querem alguns (respondo à falsa questão num outro post), que haja feriado nacional para o budismo, o islamismo, o candomblé etc.Não descarto que muitos recuem ao menos no caso do STF: “Pô! A gente é contra mexer numa obra de arte! Nosso objetivo era apenas atacar o cristianismo”.
Ah, bom..
09 de março de 2012
Por Reinaldo Azevedo - Veja Online
OS FASCISTAS DE BICICLETA
Mussoloni, o líder fascista italiano também era adepto da bicicleta. Nesta foto ele passa em revista os seus bate-paus trepados em magrelas.
Hoje em dia chamam-se bikers esses malucos que desejam andar de bicicleta nos centros das grandes cidades.
Os fascistas parece até que eram bem mais educados e diligentes que os bikers da atualidade que acabaram se transformando num tropa intransigente e agressiva.
Já são conhecidos como cicloativistas e invadiram a página do FaceBook do jornalista Reinaldo Azevedo.
Reinaldo tem razão. Três décadas de domínio dos botocudos do PT nas escolas e universidades já formou uma legião de estúpidos e idiotas.
E pior que isso, burros dinâmicos! Ou seja, aqueles tipos falastrões que se comportam como sabichões.
19 de março de 2012
aluzio amorim
PAUSA PARA UM McLANCHE FELIZ!
TURMA DO MST DÁ UMA PAUSA PARA REFAZER ENERGIA NO McDONALD. NA TEM PREÇO VÊ-LOS NESTA FOTO EM FILA ORDEIRA PARA TER SEU McLANCHE FELIZ!
Entre uma e outra agitação, uma pausa para um McLanche Feliz...
Não tem preço ver a turma do MST/PT fazendo fila nesta loja no McDonald, logo o MST que costuma condenar essa extraordinária empresa global norte-americana que em passado recente foi atacada em várias partes do planeta pela bandalha esquerdista.
A foto chegou ao conhecimento do blog via FaceBook da atenta Solange Frota que não perdeu tempo e postou e já caiu em todas as redes sociais.
Com este calor nada como uma Coca-Cola bem gelada, um sundae e, para rebater, um McLanche Feliz... Com a qualidade do McDonald que opera com ingredientes de primeira qualidade e oferece um ótimo atendimento à sua imensa clientela que agora inclui também até mesmo os bate-paus do MST.
Março 09, 2012
aluizio amorim
O TSUNAMI DE DILMA
Artigos - Governo do PT
Com essa política irresponsável, os governos do PT, além de nada investirem em infraestrutura, literalmente permitiram a deterioração de tudo o que já tínhamos construído.
Durante uma cerimônia, a presidente Dilma criticou o "tsunami monetário" provocado pela liberação de recursos promovida pelo Banco Central Europeu que, em sua busca por solucionar a crise financeira da Europa, despejou no mercado mundial praticamente US$ 5 trilhões, com a consequente desvalorização da moeda norte-americana, o que estaria prejudicando outros países, principalmente aqueles em crescimento, os emergentes, como o Brasil.
A presidente Dilma tem razão, isso realmente prejudica as exportações brasileiras e, consequentemente, nossa balança comercial, mas essa foi solução que os europeus encontraram para resolver o problema deles, como todos deveriam fazer. Antes de criticar a sujeira da casa vizinha que atrai insetos e mau cheiro, precisamos cuidar da limpeza da nossa.
Dilma não disse que seu partido, o PT, há dez anos governando o país, para conseguir maior apoio político e acomodar em empregos públicos os companheiros petistas, inflou a estrutura administrativa do país de tal forma que hoje gasta mais com a manutenção da máquina pública do que dispõe para investimentos necessários no país, o que destrói qualquer possibilidade de crescimento.
Com essa política irresponsável, os governos do PT, além de nada investirem em infraestrutura, literalmente permitiram a deterioração de tudo o que já tínhamos construído, principalmente nos anos de governos militares, como as hidrelétricas, rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e redes de distribuição de energia que hoje estão em péssimas condições ou já praticamente destruídas.
Sem recursos, seu governo reduz as verbas orçamentárias aprovadas para a segurança, saúde e educação, mas buscando agradar os companheiros ideológicos empresta dinheiro para Cuba, dos irmãos Castro, aceita rever um contrato vigente com o Paraguai, triplicando o valor pago pela energia produzida por Itaipu, que o Brasil construiu sozinho e aceita passivamente o aumento do custo e do volume obrigatório de consumo do gás boliviano, extraído naquele país por poços que foram por eles expropriados da Petrobrás.
Sem a infraestrutura necessária para fabricar e escoar sua produção, muitas indústrias, como as automotivas, não se instalam aqui, mas em outros países, lá gerando empregos e riquezas. Para "incentivar" sua instalação no Brasil e proteger as já instaladas em nosso território, seu governo optou por um aumento na taxa para a importação de veículos. Com isso, certamente não estamos protegendo as nossas indústrias, mas impedindo que se tornem cada vez mais competitivas e fazendo com que, em pouco tempo estejamos novamente como dizia Collor, "fabricando carroças", ou nem isso, e utilizando somente veículos produzidos há décadas como ocorre em Cuba.
Nos governos do PT os bancos lucram bilhões em um único trimestre, especulando com as elevadas taxas de juros vigentes no país e pagas pelo próprio governo na rolagem de suas dívidas, enquanto o setor produtivo, que gera empregos e riquezas, não recebe estímulos e financiamentos suficientes para investir no aumento e em novas tecnologias de produção.
O PT está, com suas políticas ideológicas radicais e ultrapassadas, como a contrária às privatizações, impedindo um progresso maior do país e atrasando, em décadas, nosso desenvolvimento.
As atitudes adotadas por outros países para defender sua economia são direitos soberanos seus, e não deveriam ser criticadas por quem não faz a própria lição de casa.
Para criticar seria necessário dar o exemplo de como se faz, profissional, ética e moralmente, mas os governos do PT estão longe de serem exemplos em qualquer dessas áreas.
09 de março de 2012
João Bosco Leal é escritor, articulista político e produtor rural.
Com essa política irresponsável, os governos do PT, além de nada investirem em infraestrutura, literalmente permitiram a deterioração de tudo o que já tínhamos construído.
Durante uma cerimônia, a presidente Dilma criticou o "tsunami monetário" provocado pela liberação de recursos promovida pelo Banco Central Europeu que, em sua busca por solucionar a crise financeira da Europa, despejou no mercado mundial praticamente US$ 5 trilhões, com a consequente desvalorização da moeda norte-americana, o que estaria prejudicando outros países, principalmente aqueles em crescimento, os emergentes, como o Brasil.
A presidente Dilma tem razão, isso realmente prejudica as exportações brasileiras e, consequentemente, nossa balança comercial, mas essa foi solução que os europeus encontraram para resolver o problema deles, como todos deveriam fazer. Antes de criticar a sujeira da casa vizinha que atrai insetos e mau cheiro, precisamos cuidar da limpeza da nossa.
Dilma não disse que seu partido, o PT, há dez anos governando o país, para conseguir maior apoio político e acomodar em empregos públicos os companheiros petistas, inflou a estrutura administrativa do país de tal forma que hoje gasta mais com a manutenção da máquina pública do que dispõe para investimentos necessários no país, o que destrói qualquer possibilidade de crescimento.
Com essa política irresponsável, os governos do PT, além de nada investirem em infraestrutura, literalmente permitiram a deterioração de tudo o que já tínhamos construído, principalmente nos anos de governos militares, como as hidrelétricas, rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e redes de distribuição de energia que hoje estão em péssimas condições ou já praticamente destruídas.
Sem recursos, seu governo reduz as verbas orçamentárias aprovadas para a segurança, saúde e educação, mas buscando agradar os companheiros ideológicos empresta dinheiro para Cuba, dos irmãos Castro, aceita rever um contrato vigente com o Paraguai, triplicando o valor pago pela energia produzida por Itaipu, que o Brasil construiu sozinho e aceita passivamente o aumento do custo e do volume obrigatório de consumo do gás boliviano, extraído naquele país por poços que foram por eles expropriados da Petrobrás.
Sem a infraestrutura necessária para fabricar e escoar sua produção, muitas indústrias, como as automotivas, não se instalam aqui, mas em outros países, lá gerando empregos e riquezas. Para "incentivar" sua instalação no Brasil e proteger as já instaladas em nosso território, seu governo optou por um aumento na taxa para a importação de veículos. Com isso, certamente não estamos protegendo as nossas indústrias, mas impedindo que se tornem cada vez mais competitivas e fazendo com que, em pouco tempo estejamos novamente como dizia Collor, "fabricando carroças", ou nem isso, e utilizando somente veículos produzidos há décadas como ocorre em Cuba.
Nos governos do PT os bancos lucram bilhões em um único trimestre, especulando com as elevadas taxas de juros vigentes no país e pagas pelo próprio governo na rolagem de suas dívidas, enquanto o setor produtivo, que gera empregos e riquezas, não recebe estímulos e financiamentos suficientes para investir no aumento e em novas tecnologias de produção.
O PT está, com suas políticas ideológicas radicais e ultrapassadas, como a contrária às privatizações, impedindo um progresso maior do país e atrasando, em décadas, nosso desenvolvimento.
As atitudes adotadas por outros países para defender sua economia são direitos soberanos seus, e não deveriam ser criticadas por quem não faz a própria lição de casa.
Para criticar seria necessário dar o exemplo de como se faz, profissional, ética e moralmente, mas os governos do PT estão longe de serem exemplos em qualquer dessas áreas.
09 de março de 2012
João Bosco Leal é escritor, articulista político e produtor rural.
RETROCESSO NO PLANO DE CARREIRA DO MAGISTÉRIO GAÚCHO EXPÕE ESTELIONATO ELEITORAL DE 2010
A admissão do governo Tarso Genro, PT, de que poderá implantar o piso nacional do magistério, mas apenas no caso de revisão do Plano de Carreira, é a patética confirmação de que houve mesmo estelionato eleitoral em 2010.
É que Tarso e o PT, na campanha, com o apoio explícito do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul,, atacaram selvagemente a então governadora Yeda Crusius, por ter explicitado que só poderia implantar o piso nacional do magistério, mas apenas no caso de revisão do Plano de Carreira.
Uma entrevista da ex-Secretária da Educação, Mariza Abreu, explicou melhor o formato da enorme mentira eleitoral que enganou os eleitores do RS, mas não os dirigentes do Cpers, que agora se fazem de ressentidos e desentendidos.
Embora o governo possa recorrer, a recente decisão da Justiça Federal do RS, que o obriga a pagar o piso com a variação do Fundeb, encorpa o discurso da oposição. Além do efeito legal, a sentença tem fundamentos morais e éticos inatacáveis. É isso que vale.
09 de março de 2012
Políbio Braga
É que Tarso e o PT, na campanha, com o apoio explícito do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul,, atacaram selvagemente a então governadora Yeda Crusius, por ter explicitado que só poderia implantar o piso nacional do magistério, mas apenas no caso de revisão do Plano de Carreira.
Uma entrevista da ex-Secretária da Educação, Mariza Abreu, explicou melhor o formato da enorme mentira eleitoral que enganou os eleitores do RS, mas não os dirigentes do Cpers, que agora se fazem de ressentidos e desentendidos.
Embora o governo possa recorrer, a recente decisão da Justiça Federal do RS, que o obriga a pagar o piso com a variação do Fundeb, encorpa o discurso da oposição. Além do efeito legal, a sentença tem fundamentos morais e éticos inatacáveis. É isso que vale.
09 de março de 2012
Políbio Braga
SÃO PAULO OU "SEU" PAULO?
Artigos - Direito
Qual será o dano ao turismo provocado pela retirada, à moda Taleban, da imensa estátua do Cristo Redentor que ofende os não-católicos que olhem para cima na antiga capital do país?
O Ministério Público Federal (MPF) mandou tirar os crucifixos das repartições do estado de São Paulo, alegando que a sua presença ofenderia os não católicos. Mas... será que não deveríamos, então, falar do estado de “Seu” Paulo? Mais ainda, do estado do inominável, na medida em que São Paulo, em homenagem a quem o estado foi batizado, ops, nomeado, só recebeu esta homenagem por ter sido apóstolo cristão?
Os judeus ortodoxos dão graças a Deus todos os dias por não terem nascido não judeus (“gói”). São Paulo, ou “Seu” Paulo, escreveu que “não há mais judeu nem grego”. A julgar pelo pensamento do MPF do estado Tal, deve haver um monte de suscetibilidades feridas nesta história. Melhor mudar o nome do estado. Ah, Santa Catarina também dança, assim como todas as cidades com nome de santos. O Estado do Amazonas, que recebeu este nome em homenagem a um povo da mitologia grega, também pode ofender quem não acredita nele. O Rio de Janeiro, por trazer no nome do mês (que também teria que mudar) uma referência à divindade romana Janus, o deus de duas caras, também deve provocar comichões e abespinhar suscetibilidades. Ih, qual será o dano ao turismo provocado pela retirada, à moda Taleban, da imensa estátua do Cristo Redentor que ofende os não católicos que olhem para cima na antiga capital do país?
Creio ser bastante evidente, para quem não faz parte de uma minoria ínfima de gente cuja sensibilidade à flor da pele torna a convivência cotidiana um exercício de masoquismo e suscetibilidades feridas, que o MPF pisou na bola. Epa, eu não gosto de futebol. Devo proibir esta expressão? Não. Se eu não gosto de futebol, o problema é meu. Não posso me ofender com a onipresença do jogo e de suas metáforas.
Ainda mais que futebolista, contudo, a nação brasileira é culturalmente católica. Os nomes de santos são os nomes das pessoas, e a própria noção de bem e de mal é definida em moldes católicos; podemos mesmo dizer que o padrão da sociedade é católico.
Para a imensa maior parte dos brasileiros, católicos ou não, um crucifixo é um símbolo da Justiça, do Bem. Ver uma ofensa a outras crenças na presença de um crucifixo implica necessariamente em vê-la nos nomes de estados e cidades, nos nomes próprios das pessoas, na organização social do país, nos dias da semana, nos meses, no preâmbulo da Constituição Federal...
Querer proibir a presença do crucifixo implica em querer proibir um dado constitutivo da própria nacionalidade brasileira, importar uma noção a nós estranha do que seja a Justiça, o Bem, o certo e o errado. O Brasil não surgiu nem subsiste em um vácuo; temos uma cultura própria, com base lusitana e católica, que independe até mesmo da própria religião seguida por cada brasileiro.
O brasileiro protestante, o brasileiro espírita, o brasileiro judeu, muçulmano ou ateu é em grande medida culturalmente católico. Cada um deles passou a vida dentro de uma sociedade que define seus padrões de comportamento dentro de uma matriz católica e que não pode ser explicada ou compreendida sem constante referência à catolicidade de sua origem, bem como à língua portuguesa, a costumes africanos e indígenas etc.
Ofender-se com símbolos católicos significa, em última instância, ofender-se com o Brasil, significa negar as origens e a presença da cultura brasileira, com todos os seus matizes. Mais ainda: para desgosto dos católicos mais ortodoxos, a percepção brasileira típica destes símbolos católicos frequentemente é operada em chave sincrética, vendo nos santos orixás africanos ou entidades espíritas.
O que neles não se vê, o que apenas o MPF vê, é um instrumento de proselitismo católico. Um crucifixo não faz de um lugar ou de uma pessoa algo católico, tal como o Rio Amazonas não leva ninguém a tomar como verdade a mitologia grega. As imagens sacras, no Brasil, são percebidas como símbolos do Bem e do Justo, não como afirmações de uma dada fé. Melhor seria se o MPF deixasse de lado esta estranha “cruzada” contra os crucifixos e procurasse fazer o bem e promover a justiça.
Publicado no jornal Gazeta do Povo.
09 de março de 2012
Carlos Ramalhete é professor.
Qual será o dano ao turismo provocado pela retirada, à moda Taleban, da imensa estátua do Cristo Redentor que ofende os não-católicos que olhem para cima na antiga capital do país?
O Ministério Público Federal (MPF) mandou tirar os crucifixos das repartições do estado de São Paulo, alegando que a sua presença ofenderia os não católicos. Mas... será que não deveríamos, então, falar do estado de “Seu” Paulo? Mais ainda, do estado do inominável, na medida em que São Paulo, em homenagem a quem o estado foi batizado, ops, nomeado, só recebeu esta homenagem por ter sido apóstolo cristão?
Os judeus ortodoxos dão graças a Deus todos os dias por não terem nascido não judeus (“gói”). São Paulo, ou “Seu” Paulo, escreveu que “não há mais judeu nem grego”. A julgar pelo pensamento do MPF do estado Tal, deve haver um monte de suscetibilidades feridas nesta história. Melhor mudar o nome do estado. Ah, Santa Catarina também dança, assim como todas as cidades com nome de santos. O Estado do Amazonas, que recebeu este nome em homenagem a um povo da mitologia grega, também pode ofender quem não acredita nele. O Rio de Janeiro, por trazer no nome do mês (que também teria que mudar) uma referência à divindade romana Janus, o deus de duas caras, também deve provocar comichões e abespinhar suscetibilidades. Ih, qual será o dano ao turismo provocado pela retirada, à moda Taleban, da imensa estátua do Cristo Redentor que ofende os não católicos que olhem para cima na antiga capital do país?
Creio ser bastante evidente, para quem não faz parte de uma minoria ínfima de gente cuja sensibilidade à flor da pele torna a convivência cotidiana um exercício de masoquismo e suscetibilidades feridas, que o MPF pisou na bola. Epa, eu não gosto de futebol. Devo proibir esta expressão? Não. Se eu não gosto de futebol, o problema é meu. Não posso me ofender com a onipresença do jogo e de suas metáforas.
Ainda mais que futebolista, contudo, a nação brasileira é culturalmente católica. Os nomes de santos são os nomes das pessoas, e a própria noção de bem e de mal é definida em moldes católicos; podemos mesmo dizer que o padrão da sociedade é católico.
Para a imensa maior parte dos brasileiros, católicos ou não, um crucifixo é um símbolo da Justiça, do Bem. Ver uma ofensa a outras crenças na presença de um crucifixo implica necessariamente em vê-la nos nomes de estados e cidades, nos nomes próprios das pessoas, na organização social do país, nos dias da semana, nos meses, no preâmbulo da Constituição Federal...
Querer proibir a presença do crucifixo implica em querer proibir um dado constitutivo da própria nacionalidade brasileira, importar uma noção a nós estranha do que seja a Justiça, o Bem, o certo e o errado. O Brasil não surgiu nem subsiste em um vácuo; temos uma cultura própria, com base lusitana e católica, que independe até mesmo da própria religião seguida por cada brasileiro.
O brasileiro protestante, o brasileiro espírita, o brasileiro judeu, muçulmano ou ateu é em grande medida culturalmente católico. Cada um deles passou a vida dentro de uma sociedade que define seus padrões de comportamento dentro de uma matriz católica e que não pode ser explicada ou compreendida sem constante referência à catolicidade de sua origem, bem como à língua portuguesa, a costumes africanos e indígenas etc.
Ofender-se com símbolos católicos significa, em última instância, ofender-se com o Brasil, significa negar as origens e a presença da cultura brasileira, com todos os seus matizes. Mais ainda: para desgosto dos católicos mais ortodoxos, a percepção brasileira típica destes símbolos católicos frequentemente é operada em chave sincrética, vendo nos santos orixás africanos ou entidades espíritas.
O que neles não se vê, o que apenas o MPF vê, é um instrumento de proselitismo católico. Um crucifixo não faz de um lugar ou de uma pessoa algo católico, tal como o Rio Amazonas não leva ninguém a tomar como verdade a mitologia grega. As imagens sacras, no Brasil, são percebidas como símbolos do Bem e do Justo, não como afirmações de uma dada fé. Melhor seria se o MPF deixasse de lado esta estranha “cruzada” contra os crucifixos e procurasse fazer o bem e promover a justiça.
Publicado no jornal Gazeta do Povo.
09 de março de 2012
Carlos Ramalhete é professor.
FIM DA PICADA!
Eis o Brasil: ou segue a lei e se torna ingovernável, ou se ignora a lei para governá-lo!
O Supremo Tribunal Federal acabou sendo protagonista ontem — ainda que não lhe restasse outro papel — de um vexame que há de entrar para a história. Um dia depois de ter declarado inconstitucional a MP que criou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, teve de voltar atrás. O que tinha determinado a primeira decisão e o que determinou a segunda? Vamos lá.
Desde a aprovação da Emenda Constituição nº 32, em 2001, o Parágrafo 9º do Artigo 62 da Constituição ganhou esta redação:
§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
O texto poderia ser mais claro? Acho que não! Ocorre que, desde 2001, a Constituição é simplesmente ignorada, e não há comissão mista nenhuma para avaliar as MPs. Se aquela que criou o Instituo Chico Mendes teve uma tramitação inconstitucional e está sem validade, todas as outras que a antecederam, de 2001 a esta data, também - mais de 500. Hoje, há 50 tramitando no Congresso que simplesmente não obedeceram a essa determinação. Restou ao Supremo voltar atrás no caso específico e decidir, então, que o que vai na Carta Magna só vale a partir de agora. As novas Medidas Provisórias precisarão passar pela tal comissão.
Problema resolvido? Não sei! Digam-me aqui: qual é a função de um tribunal constitucional? É fazer valer a Constituição. Existe a possibilidade, mesmo com a decisão de hoje, de o tribunal ser inundado por ações de pessoas, empresas, grupos e entidades que se sentiram lesados por MPs que, a rigor, não valem?? Existe.
O tribunal certamente dará um jeito de encontrar uma saída em nome da paz social, já que é impensável declarar a invalidade de mais de 500 MPs. Corresponderia a jogar o país na anomia. Nos últimos 17 anos, as Medidas Provisórias deram o tom da governança no país. De 2001 para cá, a tramitação de todas elas feriu a Carta. Vejam que coisa: fôssemos seguir a Constituição, todas elas deveriam ser declaradas sem efeito; se forem, o país se torna ingovernável.
Há algo de profundamente errado num país que se tornaria ingovernável caso seguisse a letra da lei. Assim, coube à nossa Corte Constitucional decidir contra a Constituição.
09 de março de 2012
Reinaldo Azevedo
O Supremo Tribunal Federal acabou sendo protagonista ontem — ainda que não lhe restasse outro papel — de um vexame que há de entrar para a história. Um dia depois de ter declarado inconstitucional a MP que criou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, teve de voltar atrás. O que tinha determinado a primeira decisão e o que determinou a segunda? Vamos lá.
Desde a aprovação da Emenda Constituição nº 32, em 2001, o Parágrafo 9º do Artigo 62 da Constituição ganhou esta redação:
§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional.
O texto poderia ser mais claro? Acho que não! Ocorre que, desde 2001, a Constituição é simplesmente ignorada, e não há comissão mista nenhuma para avaliar as MPs. Se aquela que criou o Instituo Chico Mendes teve uma tramitação inconstitucional e está sem validade, todas as outras que a antecederam, de 2001 a esta data, também - mais de 500. Hoje, há 50 tramitando no Congresso que simplesmente não obedeceram a essa determinação. Restou ao Supremo voltar atrás no caso específico e decidir, então, que o que vai na Carta Magna só vale a partir de agora. As novas Medidas Provisórias precisarão passar pela tal comissão.
Problema resolvido? Não sei! Digam-me aqui: qual é a função de um tribunal constitucional? É fazer valer a Constituição. Existe a possibilidade, mesmo com a decisão de hoje, de o tribunal ser inundado por ações de pessoas, empresas, grupos e entidades que se sentiram lesados por MPs que, a rigor, não valem?? Existe.
O tribunal certamente dará um jeito de encontrar uma saída em nome da paz social, já que é impensável declarar a invalidade de mais de 500 MPs. Corresponderia a jogar o país na anomia. Nos últimos 17 anos, as Medidas Provisórias deram o tom da governança no país. De 2001 para cá, a tramitação de todas elas feriu a Carta. Vejam que coisa: fôssemos seguir a Constituição, todas elas deveriam ser declaradas sem efeito; se forem, o país se torna ingovernável.
Há algo de profundamente errado num país que se tornaria ingovernável caso seguisse a letra da lei. Assim, coube à nossa Corte Constitucional decidir contra a Constituição.
09 de março de 2012
Reinaldo Azevedo
NEGÓCIO ILÍCITO DE CACHOEIRA INCLUI GRILAGEM DE TERRAS EM BRASÍLIA E CHEGA PERTO DE SÉRGIO CABRAL
O repórter Vinicius Sassine, do Correio Braziliense, informa que a compra de terras supostamente griladas no Distrito Federal e a regularização dessas áreas por meio de pagamentos ilegais a servidores públicos fazem parte dos negócios ilícitos de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o amigo íntimo do senador Demóstenes Torres (DEM-GO)
Esse estranho negócio de terras é citado no inquérito que embasou a Operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na semana passada. As transações suspeitas no DF são uma sociedade entre Cachoeira, empresário da jogatina, e Cláudio Dias Abreu, diretor da Delta Construções, que também foi investigado.
Como todos sabem, a Delta Construções pertence ao empreiteiro Fernando Cavendish, o amigo do peito do governador Sergio Cabral, em relações tão íntimas e tenebrosas que causaram estarrecimento à opinião pública nacional, quando vieram à tona no acidente com o helicóptero naquele trágico fim de semana em Salvador, lembram?
Na época, Cabral desculpou-se dizendo que até então não sabia direito o que era certo ou errado para um homem público fazer e até criou um Código de Conduta Ética, para passar a nortear seus atos como “homem público”. (Deveria ter sido laureado como o Humorista do Ano, mas foi injustiçado. Acho que preferiram atribuir o título ao Tiririca, que é mais antigo no ramo.)
No caso de Brasília, conforme o inquérito, a grilagem de terras foi possível em razão da “influência, capacidade de cooptação e penetração que possuem no setor público” o bicheiro Cachoeira e o diretor da Delta Construções, vejam que o tal Código de Ética de Cabral não tem servido de nada.
A investigação cita a participação de servidores da Terracap, a companhia imobiliária do governo do DF; do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do DF (Ibram), responsável por licenciamentos ambientais; e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
E la nave va, fellinianamente.
09 de março de 2012
Carlos Newton
Esse estranho negócio de terras é citado no inquérito que embasou a Operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na semana passada. As transações suspeitas no DF são uma sociedade entre Cachoeira, empresário da jogatina, e Cláudio Dias Abreu, diretor da Delta Construções, que também foi investigado.
Como todos sabem, a Delta Construções pertence ao empreiteiro Fernando Cavendish, o amigo do peito do governador Sergio Cabral, em relações tão íntimas e tenebrosas que causaram estarrecimento à opinião pública nacional, quando vieram à tona no acidente com o helicóptero naquele trágico fim de semana em Salvador, lembram?
Na época, Cabral desculpou-se dizendo que até então não sabia direito o que era certo ou errado para um homem público fazer e até criou um Código de Conduta Ética, para passar a nortear seus atos como “homem público”. (Deveria ter sido laureado como o Humorista do Ano, mas foi injustiçado. Acho que preferiram atribuir o título ao Tiririca, que é mais antigo no ramo.)
No caso de Brasília, conforme o inquérito, a grilagem de terras foi possível em razão da “influência, capacidade de cooptação e penetração que possuem no setor público” o bicheiro Cachoeira e o diretor da Delta Construções, vejam que o tal Código de Ética de Cabral não tem servido de nada.
A investigação cita a participação de servidores da Terracap, a companhia imobiliária do governo do DF; do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do DF (Ibram), responsável por licenciamentos ambientais; e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
E la nave va, fellinianamente.
09 de março de 2012
Carlos Newton
A ERA DOS BOÇAIS!
Três décadas de petismo geraram os “fascistas” cheios de “consciência social”, que trazem a ditadura na alma!
A minha página do Facebook foi invadida por “fascisbikers” e “talibikers” tomados de fúria assassina — não é por acaso que eles vivem atropelando pessoas nas calçadas Brasil afora! — e por supostos militantes do ateísmo. As brutalidades, os xingamentos, as boçalidades, as cretinices, o conjunto da obra, em suma, diz bem qual é a utopia desses caras e dá uma pista de como seria o mundo caso eles estivessem no poder.
Ali se vê a capacidade de argumentação, o pensamento largo, o descortino, a delicadeza, a profundidade de argumentos e, acima de tudo, a tolerância! É constatando o que andam fazendo por ali que estou ainda mais convicto de que, de fato, sair pedalando por aí — melhor ainda se for em defesa de uma sociedade laica que destrói até obras de arte com referências cristãs — é lutar por um mundo melhor!
Estão tão certos de sua crença, tão imersos em sua militância, tão dedicados à sua causa que falam abertamente em matar. “Gente como esse Reinaldo não merece viver!”, dizem muitos. Por que não? Porque não defendo o mundo que eles defendem; porque não acredito em suas soluções fáceis e burras para problemas difíceis; porque, em suma, penso de modo diferente.
Sempre lembrando que meu texto inicial criticando os bikers os censurava por paralisar a cidade em nome de sua causa. Os fanáticos acreditam firmemente que têm esse direito. Os bikers bocudos são apenas uns burraldos cuja fineza de pensamento é estimulada pelo selim. Já os que se pretendem ateus militantes — ao menos aquela escória que entrou no Facebook (já que os há decentes e sensatos) — padecem daquela ignorância propositiva que faz a certeza dos estúpidos. Que dias estes!
A Internet é uma maravilha! Nestes cinco anos e pouco de blog, tenho entrado em contato — por meio dos comentários e quando, eventualmente, faço uma palestra ou outra por aí — com pessoas muito especiais, com gente que escreve bem, que tem uma cultura sólida, que se dedica à leitura e à pesquisa.
Mas há também o lado tenebroso da coisa. Rematados idiotas, cujo pensamento não seria externado antes nem para os familiares, cujas opiniões seriam ignoradas até pelos amigos, ganham voz. É inequívoco que a rede ajuda a reunir a inteligência. Mas também torna a boçalidade visível como nunca antes na história deste mundo.
E não há escapatória: quanto mais cretina e desinformada é a opinião, mais convicto e intolerante é o sujeito com o contra-argumento. Não está interessado em ouvir, mas apenas em sentenciar. Se alguém lhe dá uma referência bibliográfica que conteste a sua convicção, o bruto fica zangado e acha que estão tentando enganá-lo.
Duas frases costumam preparar o terreno para a cusparada vertida como opinião: “Não venha me dizer que…” ou “Então quer dizer que…”. Invariavelmente, a oração que ele usa como complemento é algo que ele próprio acusa o outro de dizer, mas que jamais foi dito.
Há dias escrevi aqui um texto lembrando que as mulheres foram as primeiras a aderir ao cristianismo no mundo helênico porque a interdição do aborto as protegia da morte. E citei um livro com um sólido estudo a respeito: “The Rise of Christianity: a Sociologist Reconsiders History”, do americano Rodney Stark.
“Ah, então quer dizer que não morrem mulheres por abortos malfeitos no Brasil?” Heeeinnn??? Ontem, escrevi um post demonstrando a conta falaciosa dos tais “milhões de mortos” da Santa Inquisição. E lá veio: “Não venha me dizer agora que a Inquisição não matou ninguém!” Heeeinnn??? É uma coisa muito impressionante!
Trinta anos de petização das escolas — públicas e privadas, em todos os níveis — criaram esses idiotas cheios de opinião, incapazes de refletir dois minutos sobre um argumento. No caso da retirada dos crucifixos, confundem-se abertamente herança e formação cultural com proselitismo religioso; entende-se o estado laico como sinônimo de um estado que deva promover o ateísmo.
Os mais radicais não têm dúvida: Wadih Damous, presidente da OAB-RJ, está certo, e duas obras de arte devem, sim, ser violadas no Supremo para arrancar de lá aquele crucifixo. Não são capazes de dizer por que, então, não devemos revogar outras heranças do cristianismo, aa começar do feriado do Natal.
Na espetacular entrevista concedida ao jornal português “Público”, Josph Weiler, o advogado judeu que defendeu na Corte Européia o direito de as escolas italianas exibirem crucifixos, fez uma brilhante síntese do pensamento tolerante:
“Não podemos permitir que a liberdade de [ter ou não] religião ponha em causa a liberdade religiosa. Temos que descobrir a via média. E essa é dizer “não” se alguém quiser forçar outro a beijar ou a genuflectir perante a cruz. Mas, se houver uma cruz na parede, direi aos meus filhos que vivemos num país cristão. Somos acolhidos, não somos discriminados. A Dinamarca tem uma cruz na bandeira, a Inglaterra e a Grécia igual. Vamos pedir que, por causa da liberdade religiosa, tirem a cruz das bandeiras? Absurdo!…”
Minha religião?
Alguns tontos sustentam que só me atenho a essa questão porque sou católico! Voltaram a me acusar de ser membro do Opus Dei! Se fosse, não haveria nada de ilegal nisso.
Feio é paralisar avenidas, ameaçar pessoas, propor a destruição do patrimônio… Mas não sou” Olhem aqui: talvez eu tenha lá minhas contradições — nada do que é humano é estranho a mim… —, mas é difícil me pegar em certas coisas porque penso segundo princípios, o que me livra de ficar me perguntando a toda hora:
“O que é mesmo que eu acho disso?” No dia 23 de junho de 2009, escrevi um texto criticando a proibição do véu islâmico nas escolas francesas. Não só do véu.
É proibido também exibir um crucifixo no pescoço. O modo francês — e não é por acaso que a Marselhesa é aquele banho de sangue em forma hino! — de garantir a liberdade religiosa é proibindo a expressão de qualquer religiosidade. Acho que isso não só invade direitos individuais como comete o crime cultural de igualar véu e crucifixo — para a França, são coisas muito distintas, não?
Mas estes são os tempos. Os valores universais estão em baixa. Em seu lugar, entram as vozes das tais minorias organizadas, dos grupos de pressão, que impõem a sua pauta, os seus valores, porque dispõem dos canais de expressão.
E ai daquele que reivindicar aquela coisa besta, como o direito de ir e vir, ou que lembrar que a história não pode ser submetida a uma espécie de revisão permanente, como se só pudéssemos viver num presente eterno. É claro que boçais não são todos os ciclistas, mas os que pretendem fazer terrorismo sobre duas rodas. É evidente que há ateus e agnósticos que compreendem a democracia. Boçais são os que não compreendem
Ainda estou lhes devendo o texto em que prometi voltar àquela questão do infanticídio. Foi espantosa a quantidade de pessoas que condescenderam com a idéia porque, disseram, há mesmo muita gente no planeta, e a Terra está correndo riscos. Acho que entendi a utopia deles: um planeta lindo, vagando nas esferas, sem a presença pestilenta do homem, com a natureza intacta. Não haveria nem mesmo um Stanley Kubrick para filmá-lo…
09 de março de 2012
Reinaldo Azevedo
A minha página do Facebook foi invadida por “fascisbikers” e “talibikers” tomados de fúria assassina — não é por acaso que eles vivem atropelando pessoas nas calçadas Brasil afora! — e por supostos militantes do ateísmo. As brutalidades, os xingamentos, as boçalidades, as cretinices, o conjunto da obra, em suma, diz bem qual é a utopia desses caras e dá uma pista de como seria o mundo caso eles estivessem no poder.
Ali se vê a capacidade de argumentação, o pensamento largo, o descortino, a delicadeza, a profundidade de argumentos e, acima de tudo, a tolerância! É constatando o que andam fazendo por ali que estou ainda mais convicto de que, de fato, sair pedalando por aí — melhor ainda se for em defesa de uma sociedade laica que destrói até obras de arte com referências cristãs — é lutar por um mundo melhor!
Estão tão certos de sua crença, tão imersos em sua militância, tão dedicados à sua causa que falam abertamente em matar. “Gente como esse Reinaldo não merece viver!”, dizem muitos. Por que não? Porque não defendo o mundo que eles defendem; porque não acredito em suas soluções fáceis e burras para problemas difíceis; porque, em suma, penso de modo diferente.
Sempre lembrando que meu texto inicial criticando os bikers os censurava por paralisar a cidade em nome de sua causa. Os fanáticos acreditam firmemente que têm esse direito. Os bikers bocudos são apenas uns burraldos cuja fineza de pensamento é estimulada pelo selim. Já os que se pretendem ateus militantes — ao menos aquela escória que entrou no Facebook (já que os há decentes e sensatos) — padecem daquela ignorância propositiva que faz a certeza dos estúpidos. Que dias estes!
A Internet é uma maravilha! Nestes cinco anos e pouco de blog, tenho entrado em contato — por meio dos comentários e quando, eventualmente, faço uma palestra ou outra por aí — com pessoas muito especiais, com gente que escreve bem, que tem uma cultura sólida, que se dedica à leitura e à pesquisa.
Mas há também o lado tenebroso da coisa. Rematados idiotas, cujo pensamento não seria externado antes nem para os familiares, cujas opiniões seriam ignoradas até pelos amigos, ganham voz. É inequívoco que a rede ajuda a reunir a inteligência. Mas também torna a boçalidade visível como nunca antes na história deste mundo.
E não há escapatória: quanto mais cretina e desinformada é a opinião, mais convicto e intolerante é o sujeito com o contra-argumento. Não está interessado em ouvir, mas apenas em sentenciar. Se alguém lhe dá uma referência bibliográfica que conteste a sua convicção, o bruto fica zangado e acha que estão tentando enganá-lo.
Duas frases costumam preparar o terreno para a cusparada vertida como opinião: “Não venha me dizer que…” ou “Então quer dizer que…”. Invariavelmente, a oração que ele usa como complemento é algo que ele próprio acusa o outro de dizer, mas que jamais foi dito.
Há dias escrevi aqui um texto lembrando que as mulheres foram as primeiras a aderir ao cristianismo no mundo helênico porque a interdição do aborto as protegia da morte. E citei um livro com um sólido estudo a respeito: “The Rise of Christianity: a Sociologist Reconsiders History”, do americano Rodney Stark.
“Ah, então quer dizer que não morrem mulheres por abortos malfeitos no Brasil?” Heeeinnn??? Ontem, escrevi um post demonstrando a conta falaciosa dos tais “milhões de mortos” da Santa Inquisição. E lá veio: “Não venha me dizer agora que a Inquisição não matou ninguém!” Heeeinnn??? É uma coisa muito impressionante!
Trinta anos de petização das escolas — públicas e privadas, em todos os níveis — criaram esses idiotas cheios de opinião, incapazes de refletir dois minutos sobre um argumento. No caso da retirada dos crucifixos, confundem-se abertamente herança e formação cultural com proselitismo religioso; entende-se o estado laico como sinônimo de um estado que deva promover o ateísmo.
Os mais radicais não têm dúvida: Wadih Damous, presidente da OAB-RJ, está certo, e duas obras de arte devem, sim, ser violadas no Supremo para arrancar de lá aquele crucifixo. Não são capazes de dizer por que, então, não devemos revogar outras heranças do cristianismo, aa começar do feriado do Natal.
Na espetacular entrevista concedida ao jornal português “Público”, Josph Weiler, o advogado judeu que defendeu na Corte Européia o direito de as escolas italianas exibirem crucifixos, fez uma brilhante síntese do pensamento tolerante:
“Não podemos permitir que a liberdade de [ter ou não] religião ponha em causa a liberdade religiosa. Temos que descobrir a via média. E essa é dizer “não” se alguém quiser forçar outro a beijar ou a genuflectir perante a cruz. Mas, se houver uma cruz na parede, direi aos meus filhos que vivemos num país cristão. Somos acolhidos, não somos discriminados. A Dinamarca tem uma cruz na bandeira, a Inglaterra e a Grécia igual. Vamos pedir que, por causa da liberdade religiosa, tirem a cruz das bandeiras? Absurdo!…”
Minha religião?
Alguns tontos sustentam que só me atenho a essa questão porque sou católico! Voltaram a me acusar de ser membro do Opus Dei! Se fosse, não haveria nada de ilegal nisso.
Feio é paralisar avenidas, ameaçar pessoas, propor a destruição do patrimônio… Mas não sou” Olhem aqui: talvez eu tenha lá minhas contradições — nada do que é humano é estranho a mim… —, mas é difícil me pegar em certas coisas porque penso segundo princípios, o que me livra de ficar me perguntando a toda hora:
“O que é mesmo que eu acho disso?” No dia 23 de junho de 2009, escrevi um texto criticando a proibição do véu islâmico nas escolas francesas. Não só do véu.
É proibido também exibir um crucifixo no pescoço. O modo francês — e não é por acaso que a Marselhesa é aquele banho de sangue em forma hino! — de garantir a liberdade religiosa é proibindo a expressão de qualquer religiosidade. Acho que isso não só invade direitos individuais como comete o crime cultural de igualar véu e crucifixo — para a França, são coisas muito distintas, não?
Mas estes são os tempos. Os valores universais estão em baixa. Em seu lugar, entram as vozes das tais minorias organizadas, dos grupos de pressão, que impõem a sua pauta, os seus valores, porque dispõem dos canais de expressão.
E ai daquele que reivindicar aquela coisa besta, como o direito de ir e vir, ou que lembrar que a história não pode ser submetida a uma espécie de revisão permanente, como se só pudéssemos viver num presente eterno. É claro que boçais não são todos os ciclistas, mas os que pretendem fazer terrorismo sobre duas rodas. É evidente que há ateus e agnósticos que compreendem a democracia. Boçais são os que não compreendem
Ainda estou lhes devendo o texto em que prometi voltar àquela questão do infanticídio. Foi espantosa a quantidade de pessoas que condescenderam com a idéia porque, disseram, há mesmo muita gente no planeta, e a Terra está correndo riscos. Acho que entendi a utopia deles: um planeta lindo, vagando nas esferas, sem a presença pestilenta do homem, com a natureza intacta. Não haveria nem mesmo um Stanley Kubrick para filmá-lo…
09 de março de 2012
Reinaldo Azevedo
ONU: RÚSSIA ACUSA A LÍBIA DE ESTAR TREINANDO REBELDES SÍRIOS
As agências de notícias registram que o embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, acusou a Líbia de treinar e armar rebeldes sírios na luta contra o governo do presidente Bashar al-Assad. O diplomata russo fez essa acusação em reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, esta semana.
“Temos informação de que na Líbia, com apoio das autoridades, há um centro especial de treinamento para rebeldes sírios, e grupos são mandados de lá à Síria, para atacar o governo legal” – disse Churkin, acrescentando: “É completamente inaceitável. Essa prática está minando a estabilidade no Oriente Médio.”
A acusação aparece depois que documento recém-publicado pelo website Wikileaks revelou que há operações clandestinas em andamento, de forças dos EUA e OTAN, dentro da Síria, contra o governo.
Na mensagem confidencial agora divulgada, um analista, a serviço da empresa texana Stratfor, diz que, em dezembro do ano passado, participou de reunião no Pentágono na qual ouviu que soldados de EUA/OTAN já estavam em território sírio, dando treinamento a rebeldes armados. E na 3ª-feira, o presidente Assad disse que tropas estrangeiras tentavam enfraquecer o governo sírio.
Desde meados de março de 2011, a Síria enfrenta violência, que já resultou em centenas de mortos, entre os quais muitos soldados e agentes de segurança. Damasco culpa “mercenários, sabotadores e grupos terroristas armados” pela agressão, que, para o governo sírio, está sendo orquestrada do exterior.
Os EUA e vários países ocidentais, entre os quais Grã-Bretanha e França, além de Arábia Saudita, Qatar e Turquia, tentam aprovar medidas contra o governo sírio na ONU, que são impedidas pela Rússia e pela China.
09 de março de 2012
Sergio Caldieri
“Temos informação de que na Líbia, com apoio das autoridades, há um centro especial de treinamento para rebeldes sírios, e grupos são mandados de lá à Síria, para atacar o governo legal” – disse Churkin, acrescentando: “É completamente inaceitável. Essa prática está minando a estabilidade no Oriente Médio.”
A acusação aparece depois que documento recém-publicado pelo website Wikileaks revelou que há operações clandestinas em andamento, de forças dos EUA e OTAN, dentro da Síria, contra o governo.
Na mensagem confidencial agora divulgada, um analista, a serviço da empresa texana Stratfor, diz que, em dezembro do ano passado, participou de reunião no Pentágono na qual ouviu que soldados de EUA/OTAN já estavam em território sírio, dando treinamento a rebeldes armados. E na 3ª-feira, o presidente Assad disse que tropas estrangeiras tentavam enfraquecer o governo sírio.
Desde meados de março de 2011, a Síria enfrenta violência, que já resultou em centenas de mortos, entre os quais muitos soldados e agentes de segurança. Damasco culpa “mercenários, sabotadores e grupos terroristas armados” pela agressão, que, para o governo sírio, está sendo orquestrada do exterior.
Os EUA e vários países ocidentais, entre os quais Grã-Bretanha e França, além de Arábia Saudita, Qatar e Turquia, tentam aprovar medidas contra o governo sírio na ONU, que são impedidas pela Rússia e pela China.
09 de março de 2012
Sergio Caldieri
A NOVELA CHEGA AOS ÚLTIMOS CAPÍTULOS
Ricardo Teixeira se afasta da CBF por 'problemas de saúde'
Os sites do Estadão e dos outros jornais e revistas informa que Ricardo Teixeira pediu nesta quinta-feira licença do cargo de presidente da CBF e do Comitê Organizador Local (COL0) da Copa de 2014. Motivo: problemas médicos, conforme se divulgou semana passada.
O afastamento será de no máximo de 60 dias, prazo estabelecido pelo estatuto da própria entidade. A CBF ainda não oficializou a saída do dirigente.
Em seu lugar assume, também como era previsto, José Maria Marin, vice escolhido pelo próprio Teixeira em comunidado enviado aos presidentes das federações estaduais.
A decisão de deixar o cargo provisoriamente neste começo de ano havia sido ventilada na última reunião que Teixeira fez com seus pares do futebol, quando existia também a possibilidade de o dirigente, no cargo desde 1989, pedir afastamento em definitivo.
Marin é o vice mais velho da CBF. Pelo estatuto da entidade, ele é que comandaria o futebol brasileiro na ausência de Teixeira. Mas os presidentes de federações estaduais exigem que haja rodízio de vice-presidentes,
Agora só faltam os capítulos finais…
Carlos Newton
09 de março de 2012
Os sites do Estadão e dos outros jornais e revistas informa que Ricardo Teixeira pediu nesta quinta-feira licença do cargo de presidente da CBF e do Comitê Organizador Local (COL0) da Copa de 2014. Motivo: problemas médicos, conforme se divulgou semana passada.
O afastamento será de no máximo de 60 dias, prazo estabelecido pelo estatuto da própria entidade. A CBF ainda não oficializou a saída do dirigente.
Em seu lugar assume, também como era previsto, José Maria Marin, vice escolhido pelo próprio Teixeira em comunidado enviado aos presidentes das federações estaduais.
A decisão de deixar o cargo provisoriamente neste começo de ano havia sido ventilada na última reunião que Teixeira fez com seus pares do futebol, quando existia também a possibilidade de o dirigente, no cargo desde 1989, pedir afastamento em definitivo.
Marin é o vice mais velho da CBF. Pelo estatuto da entidade, ele é que comandaria o futebol brasileiro na ausência de Teixeira. Mas os presidentes de federações estaduais exigem que haja rodízio de vice-presidentes,
Agora só faltam os capítulos finais…
Carlos Newton
09 de março de 2012
VALEC UM TREM (BALA) DESGOVERNADO: ITÁLIA BLOQUEIA CONTAS DO PAÍS POR TREM-BALA
A Justiça da Itália condenou o governo brasileiro a pagar 15,7 milhões (R$ 36,4 milhões) e bloqueou contas bancárias que servem ao Itamaraty no país, a última na quarta-feira, para cobrir o rombo de um suposto calote aplicado pela Valec - estatal que cuida das ferrovias - em empresa italiana que elaborou projetos para o trem-bala Rio-São Paulo.
A condenação, numa ação judicial que discute um débito de 261,7 milhões (R$ 607,8 milhões), partiu do Tribunal de Arezzo, na Toscana, e impede o uso de recursos pela Embaixada do Brasil em Roma e seus consulados, o que impõe restrições ao pagamento de pessoal e despesas de custeio.
Segundo os autos, o Brasil não apresentou defesa à sentença que lhe impôs o débito, em setembro do ano passado, o que poderia ter revertido a decisão. Como não pagou o valor em 60 dias após a notificação, a Justiça expediu mandato de bloqueio e penhora dos recursos, o que vem ocorrendo desde janeiro.
Diante do problema de repercussões diplomáticas, o Itamaraty preferiu não pressionar politicamente o governo italiano. A reportagem apurou que, devido ao desgaste do caso Cesare Battisti, a opção, por ora, foi por fazer apenas gestões para resolver o assunto no âmbito da Justiça.
Sediada em Terranuova Bracciolini, a Italplan Engineering alega nos autos que recebeu da Valec em 2005, após processo de seleção, a tarefa de elaborar o projeto básico, o estudo de avaliação econômico-financeira e o projeto ambiental para o trem de alta velocidade.
Processo
Nos autos, obtidos pela reportagem, a empresa apresenta atos do Ministério dos Transportes publicados no Diário Oficial da União e ofícios da Valec supostamente comprobatórios da requisição dos serviços.
Seus advogados alegam que um escritório foi montado em Brasília e que as equipes italianas foram postas quase que integralmente a serviço do trem-bala, mas, ao ser apresentada a conta, em 2009, a Valec havia desistido de usar os projetos e se negou a pagar por eles.
Em sentença de 23 de setembro do ano passado, o Tribunal de Arezzo ordena o pagamento de 15,7 milhões para cobrir apenas as despesas imediatas da empresa, sem prejuízo de impor futuros débitos ao governo.
O Estado brasileiro foi condenado solidariamente por deter 100% dos ativos da Valec. A notificação endereçada ao Palácio do Planalto e à Advocacia-Geral da União (AGU) foi entregue em 13 de outubro à Embaixada em Roma, mas não houve questionamento à condenação.
Questionado, o Ministério das Relações Exteriores confirmou o bloqueio das contas, mas minimizou o caso, dizendo se tratar apenas de uma questão jurídica, que não prejudica as relações com a Itália. Segundo o Itamaraty, a interposição de um recurso ainda está em estudo pela sua assessoria jurídica, em conjunto com a AGU.
Em nota, a presidente da Italplan, Roberta Peccini, informou que o projeto do trem-bala foi analisado e aprovado não só pela Valec, mas o Ministério dos Transportes e o Tribunal de Contas da União (TCU). Valec não respondeu aos telefonemas e a e-mail enviado à assessoria de imprensa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
09 de março de 2012
LUZ, CÂMERA, AÇÃO
Alfredo Guarischi
Sou médico e não cineasta, mas se estivesse em Brasília, nesta terça ou em outra cidade, a falta de energia elétrica no hospital deixaria qualquer um sem ação. Não estava em Brasília mas no Rio vive-se algumas situações semelhantes.
Um hospital não é um hotel mas com estrutura parecida, pois nossos hóspedes são pessoas doentes que precisam, como os do hotel, de comer, de roupas de cama e banho lavadas e ainda podem assistir televisão e falar ao telefone. Só que desta infraestrutura, no lugar de concièrges, recepcionistas e camareiras, fazem parte os profissionais de saúde. São muitos e com diversas formações.
Os médicos e os enfermeiros interagem com fisioterapeutas, assistentes sociais, técnicos de radiologia, laboratório, psicólogos, nutricionistas, farmacêuticos e outros não menos importantes. Todos precisam de energia para ajudar os pacientes e de aparelhos que, por sua vez, são movidos por energia que chega através de cabos, fios, geradores e no-breakes.
Um hospital é um porta-avião que funciona 24 horas por dia, sem direito a intervalos de descanso. A legislação obriga que os hospitais tenham geradores que entrem em ação imediatamente em casos de interrupção de energia. Alguns aparelhos têm baterias especiais para que em determinadas situações como a retirada involuntária de tomadas, permaneçam funcionando por algum tempo. Está na lei.
Não faltam leis nem normas. O mundo do papel não é perfeito, pois além de destruir árvores são esquecidos em prateleiras ou envelhecem precocemente.
Um blecaute como este último engarrafou o trânsito, prendeu gente em elevadores, estragou comida, pode ter “queimado” aparelhos. Espero que todos os hospitais tenham geradores funcionando adequadamente e no-breakes nos aparelhos críticos. Os hospitais têm que contar com um exército de engenheiros especialistas em aparelhos hospitalares, técnicos adestrados em exercício de simulação para casos semelhantes e profissionais de saúde treinados para agir nestas situações. Quem está ao lado do paciente, muitas vezes, é apenas um aparelho com seus alarmes ligados e calibrados, um fio e uma tomada elétrica.
Os jornais não mostraram os sinais apagados dentro dos hospitais. Daqui a alguns dias seria importante saber se houve “queima” de aparelhos, se a mortalidade hospitalar aumentou, se cirurgias foram suspensas. Se nada disto tiver ocorrido, os hospitais merecem elogio. Mas se aconteceram falhas, é importante saber o porquê e como.
Não há sistema à prova de falhas, mas se não houver transparência, as câmeras continuarão registrando que faltou alguma ação.
09 de março de 2012
Alfredo Guarischi
Sou médico e não cineasta, mas se estivesse em Brasília, nesta terça ou em outra cidade, a falta de energia elétrica no hospital deixaria qualquer um sem ação. Não estava em Brasília mas no Rio vive-se algumas situações semelhantes.
Um hospital não é um hotel mas com estrutura parecida, pois nossos hóspedes são pessoas doentes que precisam, como os do hotel, de comer, de roupas de cama e banho lavadas e ainda podem assistir televisão e falar ao telefone. Só que desta infraestrutura, no lugar de concièrges, recepcionistas e camareiras, fazem parte os profissionais de saúde. São muitos e com diversas formações.
Os médicos e os enfermeiros interagem com fisioterapeutas, assistentes sociais, técnicos de radiologia, laboratório, psicólogos, nutricionistas, farmacêuticos e outros não menos importantes. Todos precisam de energia para ajudar os pacientes e de aparelhos que, por sua vez, são movidos por energia que chega através de cabos, fios, geradores e no-breakes.
Um hospital é um porta-avião que funciona 24 horas por dia, sem direito a intervalos de descanso. A legislação obriga que os hospitais tenham geradores que entrem em ação imediatamente em casos de interrupção de energia. Alguns aparelhos têm baterias especiais para que em determinadas situações como a retirada involuntária de tomadas, permaneçam funcionando por algum tempo. Está na lei.
Não faltam leis nem normas. O mundo do papel não é perfeito, pois além de destruir árvores são esquecidos em prateleiras ou envelhecem precocemente.
Um blecaute como este último engarrafou o trânsito, prendeu gente em elevadores, estragou comida, pode ter “queimado” aparelhos. Espero que todos os hospitais tenham geradores funcionando adequadamente e no-breakes nos aparelhos críticos. Os hospitais têm que contar com um exército de engenheiros especialistas em aparelhos hospitalares, técnicos adestrados em exercício de simulação para casos semelhantes e profissionais de saúde treinados para agir nestas situações. Quem está ao lado do paciente, muitas vezes, é apenas um aparelho com seus alarmes ligados e calibrados, um fio e uma tomada elétrica.
Os jornais não mostraram os sinais apagados dentro dos hospitais. Daqui a alguns dias seria importante saber se houve “queima” de aparelhos, se a mortalidade hospitalar aumentou, se cirurgias foram suspensas. Se nada disto tiver ocorrido, os hospitais merecem elogio. Mas se aconteceram falhas, é importante saber o porquê e como.
Não há sistema à prova de falhas, mas se não houver transparência, as câmeras continuarão registrando que faltou alguma ação.
09 de março de 2012
Alfredo Guarischi
ALERTA À NAÇÃO: ELES QUE... GENERAL QUE ESCREVEU MANIFESTO NÃO TEME SER PUNIDO POR AMORIM
Autor do manifesto que inflamou a relação entre militares, Ministério da Defesa e a presidente Dilma Rousseff, o general Marco Antonio Felicio diz não temer ser punido pelo que escreveu, por entender que não há base legal para tal.
Ele evoca lei aprovada pelo ex-presidente José Sarney que garantiria aos militares da reserva o direito de se expressar sem que fossem punidos. Ex-analista do Centro de Informações do Exército (CIE), Felicio receia que agentes do Estado sejam execrados pela Comissão da Verdade e ainda duvida ter havido tortura ou execução de presos políticos, apesar de admitir ter havido excessos "em ambos os lados combatentes" na guerra contra atos da "subversão marxista-leninista".
Ele aceitou dar entrevista ao GLOBO desde que ela fosse por e-mail.
Perguntou ao repórter se ele era patriota.
Ao ser questionado se respeitava a autoridade do ministro da Defesa Celso Amorim e da presidente Dilma, respondeu:
"Tanto quanto eles respeitam a minha".
O GLOBO:
A presidente Dilma Rousseff ameaçou prender pelo menos um militar da reserva como reação ao manifesto com críticas ao ministro Celso Amorim e à Comissão da Verdade. Como autor do documento redigido, o senhor temeu que fosse o senhor?
GENERAL MARCO FELICIO:
Não temi e não temo, pois, usei do direito que a lei me faculta. A liberdade de expressão com responsabilidade. A verdade e somente a verdade.
O senhor já foi informado oficialmente sobre alguma punição ao senhor ou a colega militar em função do manifesto?
FELICIO:
Não, pois, creio firmemente que não haja base legal para tal.
O manifesto menciona o ministro Celso Amorim como alguém sem autoridade ou legitimidade para pedir a retirada de outra nota do site do Clube Militar, com críticas a Dilma e duas ministras. O que o senhor quis dizer com isso?
FELICIO:
Reafirmo o que escrevi.
O Clube Militar é uma associação de caráter civil e pela lei em vigor não é passível de qualquer tipo de ingerência por parte do Ministro da Defesa. Isto significa não ter ele autoridade ou legitimidade para tal. Qualquer um que leu o documento compreenderá o sentido do que lá está escrito.
No texto, há a seguinte frase:
"O manifesto supracitado reconhece na aprovação da Comissão da Verdade ato inconsequente de revanchismo explícito e de afronta à lei da Anistia com o beneplácito, inaceitável, do atual governo". A Comissão da Verdade não tem poder de punir judicialmente qualquer militar. Por qual motivo, então, os senhores a consideram uma afronta à Lei da Anistia?
FELICIO:
Não é esta a motivação expressa quase que diariamente por pessoas do governo e a ele ligadas. Querem a partir da Comissão da Verdade encontrar caminhos para a punição dos agentes de Estado. E o que fazer com os agentes da subversão marxista que mataram, roubaram, assaltaram, sequestraram e justiçaram os próprios companheiros além de lutarem pela implantação de uma ditadura comunista no Brasil? Porque execrar somente os agentes de Estado que exerciam ações legais?
Hoje o governo federal reconhece casos em que presos políticos foram submetidos a tortura por agentes de Estado. Alguns deles estão até hoje desaparecidos e provavelmente foram mortos. O senhor considera estes episódios específicos como "ações legais"?
FELICIO:
Quem comprova tais denúncias?
Mário Lago já orientava, em seu tempo, que todos os presos saíssem da prisão afirmando que tinham sido torturados barbaramente, mesmo que tivessem sido bem tratados. De quando em quando aparece um desaparecido. Logicamente que uma guerra não se faz com flores e em ambos os lados combatentes há sempre excessos. Por qual razão, aqui, apurar-se tais ditos excessos somente cometidos por um lado? Não tenho conhecimento de torturas. Tenho conhecimento de operações de combate, cumprindo-se ordens superiores e dentro da lei então vigente.
O senhor pede que sejam apurados excessos cometidos por combatentes. Mas não foi justamente isso que ocorreu durante o governo militar, quando militantes de esquerda foram presos e condenados à prisão?
FELICIO:
E quantos outros não o foram?
Qual a razão de não serem apurados os fatos correlacionados com estes?
Os excessos cometidos por agentes de Estado tiveram como consequência o desaparecimento e provável morte de presos políticos. Não seria razoável que hoje representantes das Forças Armadas ajudassem o governo federal a encontrar esses corpos? Mesmo nas guerras, não é direito de um povo enterrar seus mortos?
FELICIO:
Sem dúvida, todos querem enterrar seus mortos.
Muitos anos se passaram, o que torna a tarefa muito difícil. Já foram realizadas buscas orientadas pelo Ministério da Defesa, inclusive com o auxilio de militares, e nada foi encontrado.
Para o ministro Celso Amorim, os signatários do documento não respeitam a "autoridade civil". O senhor concorda com o que disse o ministro?
FELICIO:
Gostaria de saber de que argumentos concretos o ministro se vale para tal afirmação. Ele deve saber que o autor, e não autores dos documentos, é profissional com mais de 45 anos de bons serviços prestados à nação, tendo frequentado todos os cursos do exército e alguns civis, conforme atesta a sua folha de alterações onde estão os depoimentos de seus ex-comandantes e as ações que desempenhou no combate aos atos violentos da subversão marxista-leninista.
O senhor poderia detalhar exatamente que ações desempenhou? Por quais órgãos o senhor passou, qual era a sua função neles e quais são os feitos que, ainda hoje, são motivo de orgulho para o senhor?
FELICIO:
Fui oficial de informações de unidade e trabalhei como analista do Centro de Informações do Exército (CIE). Orgulho-me de ter contribuído com o meu trabalho, que julgo dedicado e eficiente, na erradicação da subversão marxista-leninista e das violentas ações da guerrilha urbana e rural, causadoras de ações terroristas e das mortes de tantos inocentes, evitando que o povo brasileiro fosse privado de sua liberdade.
Como militar da reserva, o senhor respeita a autoridade do ministro da defesa Celso Amorim e da presidente Dilma Rousseff?
FELICIO:
Tanto quanto eles respeitam a minha.
Na vida militar o respeito é recíproco.
Não há militares da ativa entre os signatários do documento.
Eles temem sofrer algum tipo de punição caso assinem o documento?
FELICIO:
Não, eles cumprem apenas a lei, como é da formação dos mesmos.
Os militares da reserva e reformados tem livre manifestação de suas opiniões, incluso as de caráter político. Isso não ocorre com os oficiais da ativa.
O senhor acredita que, se pudessem, os militares da ativa assinariam o documento?
FELICIO:
Creio que sim, pois, o exército de hoje, quanto aos seus valores, não é diferente do exército de ontem.
Quais são os valores do exército de ontem que permanecem no exército de hoje?
FELÍCIO:
As manifestações essenciais dos valores militares são:
patriotismo,
civismo,
fé na missão do exército,
amor à profissão,
espírito de corpo e o aprimoramento técnico-profissional.
Por tal razão estamos coesos e unidos para acorrermos a qualquer chamamento da nação. E isto está presente na história pátria em todos os momentos de gravidade e de inflexão da mesma. Não será diferente no presente e no futuro.
O que o governo deveria ter feito para evitar este desentendimento com os militares da reserva?
FELÍCIO:
Não governar pelo retrovisor, respeitar a dignidade dos militares e dar o devido valor às suas Forças Armadas.
Na nossa conversa pelo telefone, o senhor me perguntou se eu era um jornalista patriota. Para o senhor, o que é ser patriota?
FELÍCIO:
Há coisas na vida que foram feitas mais para serem mais sentidas do que explicadas ou entendidas.
Assim também é ser patriota.
Ë um sentimento de amor e orgulho pela nossa pátria.
É servir e defender o nosso povo, o nosso território, mesmo que se tivermos de dar a nossa vida para isso.
09 de março de 2012
HISTÓRIAS DO SEBASTIÃO NERY
Com o narigão de Cleópatra
Ela veio da grega Macedônia, filha mais velha do rei Ptolomeu Aulete. Morrendo, o pai passou o poder para o filho Ptolomeu Dionysos, de 9 anos, com a condição de que ele se casasse com a irmã Cleópatra, de 17. Culta, falava grego, latim, as línguas da Síria. Mas era feia.
Tinha um nariz horroroso, protuberante. Segundo Plutarco, “seu espírito fascinava mais que sua beleza”. Até o sábio Pascal se assustava:
– “Se o nariz de Cleópatra tivesse sido mais curto, toda a face da terra teria mudado”.
O futuro reizinho não topou casar com a irmã. Mandou prendê-la. Ela se asilou na Síria. E apareceu Julio Cesar, que não queria nariz mas o poder e as carnes de Cleópatra. Depois de derrotar Pompeu, Cesar instalou-se em Alexandria e tentou impedir a guerra entre os dois irmãos, que já havia incendiado a biblioteca de Alexandria.
###
CESARES
Na briga, o reizinho naufragou, Cleópatra assumiu o trono e, para cumprir a promessa ao pai, casou-se com o irmão mais novo, de seis anos, Ptolomeu II, que ficou de enfeite. E ela deu a Julio Cesar um filho, Cesarion, que, assassinado Julio Cesar, Cesar Augusto mandou matar.
Dividido o Império Romano em dois (o Ocidente com Cesar Augusto e o Oriente com Marco Antonio), Cleópatra teve três filhos de Marco Antonio, que foi acusado por Cesar Augusto de querer desmembrar o Império e dar Roma a Cleópatra. E mandou invadir o Egito. Derrotados, Marco Antonio e Cleópatra suicidam-se em Alexandria. Ela, com uma cobra.
E Hollywood faz de Cleópatra uma mulher eterna, atrás dos fulminantes olhos azuis de Elisabeth Taylor.
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MUBARAK
É só olhar para a cara de Mubarak. Nem mil Pitanguys conseguiriam transformá-lo numa Cleópatra. E certamente um Butantã inteiro não teria nem cobra nem veneno para dar um jeito nele.
Mas o Egito, país-museu, é um dos mais magníficos pedaços da história da humanidade. O que o ditador e sua trupe estavam fazendo com ele, depois de mais de 30 anos de cruel ditadura, é um atentado ao mundo inteiro. Que direito tem um usurpador de fazer de um altar universal um bordel para si?
Não bastava o mundo protestar, indignar-se. É preciso fazer algo e logo. Quando deixaram o povo falar nas praças, ele já deu o caminho. O Egito precisa encontrar urgente uma via para substituir o ditador. Nem que seja chamando a Cleópatra.
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EUA E ISRAEL
O terrível é que o Mubarak não existe, é um fantoche, financiado, teudo e manteudo pelos Estados Unidos e por Israel, que é um apêndice dos Estados Unidos. Os dois é que há mais de 30 anos garantiam a ditadura de Mubarak. O povo egípcio sabe que só se libertará quando os Estados Unidos e Israel pararem de doar bilhões de dólares ao governo egípcio.
Estão esperando o quê? Que o Egito seja lavado por um banho de sangue? Ou que Cleópatra saia do túmulo para vingar seu povo?
09 de março de 2012
Sebastião Nery
Ela veio da grega Macedônia, filha mais velha do rei Ptolomeu Aulete. Morrendo, o pai passou o poder para o filho Ptolomeu Dionysos, de 9 anos, com a condição de que ele se casasse com a irmã Cleópatra, de 17. Culta, falava grego, latim, as línguas da Síria. Mas era feia.
Tinha um nariz horroroso, protuberante. Segundo Plutarco, “seu espírito fascinava mais que sua beleza”. Até o sábio Pascal se assustava:
– “Se o nariz de Cleópatra tivesse sido mais curto, toda a face da terra teria mudado”.
O futuro reizinho não topou casar com a irmã. Mandou prendê-la. Ela se asilou na Síria. E apareceu Julio Cesar, que não queria nariz mas o poder e as carnes de Cleópatra. Depois de derrotar Pompeu, Cesar instalou-se em Alexandria e tentou impedir a guerra entre os dois irmãos, que já havia incendiado a biblioteca de Alexandria.
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CESARES
Na briga, o reizinho naufragou, Cleópatra assumiu o trono e, para cumprir a promessa ao pai, casou-se com o irmão mais novo, de seis anos, Ptolomeu II, que ficou de enfeite. E ela deu a Julio Cesar um filho, Cesarion, que, assassinado Julio Cesar, Cesar Augusto mandou matar.
Dividido o Império Romano em dois (o Ocidente com Cesar Augusto e o Oriente com Marco Antonio), Cleópatra teve três filhos de Marco Antonio, que foi acusado por Cesar Augusto de querer desmembrar o Império e dar Roma a Cleópatra. E mandou invadir o Egito. Derrotados, Marco Antonio e Cleópatra suicidam-se em Alexandria. Ela, com uma cobra.
E Hollywood faz de Cleópatra uma mulher eterna, atrás dos fulminantes olhos azuis de Elisabeth Taylor.
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MUBARAK
É só olhar para a cara de Mubarak. Nem mil Pitanguys conseguiriam transformá-lo numa Cleópatra. E certamente um Butantã inteiro não teria nem cobra nem veneno para dar um jeito nele.
Mas o Egito, país-museu, é um dos mais magníficos pedaços da história da humanidade. O que o ditador e sua trupe estavam fazendo com ele, depois de mais de 30 anos de cruel ditadura, é um atentado ao mundo inteiro. Que direito tem um usurpador de fazer de um altar universal um bordel para si?
Não bastava o mundo protestar, indignar-se. É preciso fazer algo e logo. Quando deixaram o povo falar nas praças, ele já deu o caminho. O Egito precisa encontrar urgente uma via para substituir o ditador. Nem que seja chamando a Cleópatra.
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EUA E ISRAEL
O terrível é que o Mubarak não existe, é um fantoche, financiado, teudo e manteudo pelos Estados Unidos e por Israel, que é um apêndice dos Estados Unidos. Os dois é que há mais de 30 anos garantiam a ditadura de Mubarak. O povo egípcio sabe que só se libertará quando os Estados Unidos e Israel pararem de doar bilhões de dólares ao governo egípcio.
Estão esperando o quê? Que o Egito seja lavado por um banho de sangue? Ou que Cleópatra saia do túmulo para vingar seu povo?
09 de março de 2012
Sebastião Nery
ESTÃO CHUTANDO O NOSSO TRASEIRO
Em termos da Lei da Copa está o governo Dilma Rousseff pendurado no pincel, sem escada. Obriga-se a presidente a sancionar o texto a ser em breve aprovado no Congresso, quase todo de acordo com as imposições da Fifa. Vetos não são previstos, apesar de possíveis, por razão muito simples: foi tudo aprovado pelo Lula, quando no poder, depois de explosões de euforia pela escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo de Futebol.
Naquela manhã festiva, na Suíça, nenhum assessor lembrou-se de alertar o presidente da República para as exigências descabidas constantes do protocolo por ele assinado.
Agora, salvo milagre, bebidas alcóolicas estão liberadas nos estádios: uísque nas áreas VIPS, cerveja para a plebe discriminada, com o agravante de que apenas uma marca poderá ser comprada nas arquibancadas, por coincidência aquela que patrocina a entidade internacional.
Da mesma forma, nas ruas e avenidas que demandam os estádios, os estabelecimentos comerciais ficam proibidos de expor em suas vitrinas e de fazer propaganda de produtos concorrentes aos apresentados pelos patrocinadores da Copa. Não só de bebidas, mas de material esportivo e até de alimentos.
Tem mais: o governo brasileiro compromete-se a rasgar a Constituição e a proibir greves e paralisações nas capitais onde se realizarão os jogos, desconsiderando o inalienável direito do trabalhador. A meia entrada estará proibida para os estudantes, assim como o tesouro nacional compromete-se a indenizar eventuais prejuízos causados às bilheterias da Fifa, até por fenômenos da natureza.
Estamos ou não sendo chutados no traseiro? A Fifa sabe muito bem que os estádios em obras ficarão prontos até o início do certame, constituindo-se em balão de ensaio as críticas a respeito do atraso. A pressão se faz, mesmo, para a aprovação pelo Congresso das regras draconianas em péssimo momento aceitas pelo Lula. Como depois dos deputados, cabe aos senadores pronunciar-se, e à presidente Dilma sancionar ou vetar a lei, convém aguardar…
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CARTAS NA MESA
O vice-presidente Michel Temer não está brincando quando apóia o manifesto dos deputados do PMDB, protestando contra o tratamento preferencial que o governo dá ao PT, na máquina pública.
Também não brinca ao confirmar que Gabriel Chalita vai até o fim como candidato do partido à prefeitura de São Paulo, afastando a hipótese do apoio a Fernando Haddad, do PT. Como o governo precisa tanto ou mais do PMDB do que o PMDB do governo, vale aguardar os próximos lances, mas erra quem supuser rompimento entre eles. Só resultados inusitados das eleições municipais de outubro poderão alterar o atual equilíbrio.
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RUSSOMANO INSISTE
O ex-deputado Celso Russomano insiste em que continua candidato a prefeito e festeja a pesquisa mais recente, quando permanece em segundo lugar, perdendo apenas para José Serra. Consultado por um lider do PT se não poderia aceitar a candidatura a vice-prefeito na chapa de Fernando Haddad, devolveu a proposta: que tal o ex-ministro da Educação vir a ser o seu vice?
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TIRIRICA E O POVO
De bobo ele não tem nada. Fala-se do Tiririca, que acaba de responder à indagação sobre sua candidatura, dizendo depender ela do povo. Do povo e do PR, que se não receber de volta o ministério dos Transportes poderá lançar o deputado. De quem ele tomaria votos? Não será de José Serra…
Carlos Chagas
09 de março de 2012
Naquela manhã festiva, na Suíça, nenhum assessor lembrou-se de alertar o presidente da República para as exigências descabidas constantes do protocolo por ele assinado.
Agora, salvo milagre, bebidas alcóolicas estão liberadas nos estádios: uísque nas áreas VIPS, cerveja para a plebe discriminada, com o agravante de que apenas uma marca poderá ser comprada nas arquibancadas, por coincidência aquela que patrocina a entidade internacional.
Da mesma forma, nas ruas e avenidas que demandam os estádios, os estabelecimentos comerciais ficam proibidos de expor em suas vitrinas e de fazer propaganda de produtos concorrentes aos apresentados pelos patrocinadores da Copa. Não só de bebidas, mas de material esportivo e até de alimentos.
Tem mais: o governo brasileiro compromete-se a rasgar a Constituição e a proibir greves e paralisações nas capitais onde se realizarão os jogos, desconsiderando o inalienável direito do trabalhador. A meia entrada estará proibida para os estudantes, assim como o tesouro nacional compromete-se a indenizar eventuais prejuízos causados às bilheterias da Fifa, até por fenômenos da natureza.
Estamos ou não sendo chutados no traseiro? A Fifa sabe muito bem que os estádios em obras ficarão prontos até o início do certame, constituindo-se em balão de ensaio as críticas a respeito do atraso. A pressão se faz, mesmo, para a aprovação pelo Congresso das regras draconianas em péssimo momento aceitas pelo Lula. Como depois dos deputados, cabe aos senadores pronunciar-se, e à presidente Dilma sancionar ou vetar a lei, convém aguardar…
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CARTAS NA MESA
O vice-presidente Michel Temer não está brincando quando apóia o manifesto dos deputados do PMDB, protestando contra o tratamento preferencial que o governo dá ao PT, na máquina pública.
Também não brinca ao confirmar que Gabriel Chalita vai até o fim como candidato do partido à prefeitura de São Paulo, afastando a hipótese do apoio a Fernando Haddad, do PT. Como o governo precisa tanto ou mais do PMDB do que o PMDB do governo, vale aguardar os próximos lances, mas erra quem supuser rompimento entre eles. Só resultados inusitados das eleições municipais de outubro poderão alterar o atual equilíbrio.
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RUSSOMANO INSISTE
O ex-deputado Celso Russomano insiste em que continua candidato a prefeito e festeja a pesquisa mais recente, quando permanece em segundo lugar, perdendo apenas para José Serra. Consultado por um lider do PT se não poderia aceitar a candidatura a vice-prefeito na chapa de Fernando Haddad, devolveu a proposta: que tal o ex-ministro da Educação vir a ser o seu vice?
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TIRIRICA E O POVO
De bobo ele não tem nada. Fala-se do Tiririca, que acaba de responder à indagação sobre sua candidatura, dizendo depender ela do povo. Do povo e do PR, que se não receber de volta o ministério dos Transportes poderá lançar o deputado. De quem ele tomaria votos? Não será de José Serra…
Carlos Chagas
09 de março de 2012
NUNCA HOUVE UMA VORACIDADE POLÍTICA COMO A DO PMDB
Dois títulos de filmes famosos que marcaram época quando exibidos aqui: Nunca Houve Uma Mulher Como Gilda, com Rita Hayworth: e Nunca Houve Uma Primeira Dama Como Eva Perón, com Madona no papel. Agora, como estamos em ano eleitoral, e diante do manifesto firmado por 53 dos 76 deputados da bancada do PMDB, podemos acrescentar: nunca houve uma voracidade política como a do PMDB 2012.
Leio na reportagem de Gerson Camaroti, Luiza Damé e Isabel Braga, O Globo dia 7, que o partido que foi de Ulisses Guimarães e Tancredo Neves expõe ao público agora sua face fisiológica. O documento, entregue ao vice presidente Michel Temer, presidente do partido, não visa nenhum projeto político construtivo, projeto algum de desenvolvimento econômico e social. Nada disso. Tem como objetivo ocupação ainda maior de cargos públicos. A foto que acompanha a matéria é de Givaldo Barbosa.
O poder pelo poder, descompromissado da verdadeira essência da política que é a melhoria das condições de vida da população, o progresso do país, o fortalecimento do regime democrático, além da maior participação da sociedade em todo processo. O manifesto é por mais cargos, mais participação nas decisões que implicam mobilização de verbas.
O vice Michel Temer recebeu o documento, como não poderia deixar de fazer, porém esquivou-se de dar curso à pressão arquitetada creio que principalmente pelo líder da legenda, Henrique Eduardo Alves. Temer afirmou, na ocasião, que o PMDB encontra-se livre para fazer alianças regionais nos 5 mil e 600 municípios brasileiros sem obrigação de neles se alinhar com o PT. Foi hábil. Desviou o tema. Saiu pela tangente.
O documento tangencia o absurdo. Curioso é que a reportagem de O Globo acentua que assessores do Palácio do Planalto, leia-se da presidente Dilma Rousseff, identificaram o ex-deputado Geddel Vieira Lima, um dos vice-presidentes da Caixa Econômica Federal, como entre os principais inspiradores e articuladores do texto incrível.
Será possível? Geddel Vieira exerce um cargo administrativo do qual pode ser exonerado a qualquer momento. Seria o redator menos indicado para a tarefa de elaborar o manuscrito passadista. Algo que não deveria caber nos dias de hoje. Não faz sentido. O que o governo necessita, isso sim, é de um projeto de economia política que se vincule ao plano social, através de uma ponte com as inevitáveis reivindicações trabalhistas que surgem e se multiplicam a cada semana.
De fato tais movimentos são legítimos. Afinal de contas os salários não podem perder para a inflação do IBGE. Mas para isso é indispensável um aumento da produção e da produtividade, sem o que nada poderá dar certo. Não só no Brasil. Mas em qualquer país do mundo.
Acordos políticos exigem metas claras e precisas. Como ocorreu no governo JK, os anos dourados de Janeiro de 56 a Janeiro de 61. Um projeto político que entusiasme e faça com que a sociedade sinta-se representada no esquema de poder. A sociedade deve participar do processo, não só como espectadores, mas como coadjuvante do progresso.
O documento do PMDB significa um retorno à República Velha, como é chamado pelos historiadores o período que vai da proclamação de 1889, vejam só, até 1930. Era o tempo do café com leite. São Paulo e Minas Gerais dominavam tudo. O povo não tinha vez. Os movimentos sindicais eram um caso de polícia, disse certa vez o presidente Washington Luis. A maioria da bancada do PMDB deseja viver em 1927. É o que parece. Triste episódio ela oferece ao país.
09 de março de 2012
Pedro do Coutto
Leio na reportagem de Gerson Camaroti, Luiza Damé e Isabel Braga, O Globo dia 7, que o partido que foi de Ulisses Guimarães e Tancredo Neves expõe ao público agora sua face fisiológica. O documento, entregue ao vice presidente Michel Temer, presidente do partido, não visa nenhum projeto político construtivo, projeto algum de desenvolvimento econômico e social. Nada disso. Tem como objetivo ocupação ainda maior de cargos públicos. A foto que acompanha a matéria é de Givaldo Barbosa.
O poder pelo poder, descompromissado da verdadeira essência da política que é a melhoria das condições de vida da população, o progresso do país, o fortalecimento do regime democrático, além da maior participação da sociedade em todo processo. O manifesto é por mais cargos, mais participação nas decisões que implicam mobilização de verbas.
O vice Michel Temer recebeu o documento, como não poderia deixar de fazer, porém esquivou-se de dar curso à pressão arquitetada creio que principalmente pelo líder da legenda, Henrique Eduardo Alves. Temer afirmou, na ocasião, que o PMDB encontra-se livre para fazer alianças regionais nos 5 mil e 600 municípios brasileiros sem obrigação de neles se alinhar com o PT. Foi hábil. Desviou o tema. Saiu pela tangente.
O documento tangencia o absurdo. Curioso é que a reportagem de O Globo acentua que assessores do Palácio do Planalto, leia-se da presidente Dilma Rousseff, identificaram o ex-deputado Geddel Vieira Lima, um dos vice-presidentes da Caixa Econômica Federal, como entre os principais inspiradores e articuladores do texto incrível.
Será possível? Geddel Vieira exerce um cargo administrativo do qual pode ser exonerado a qualquer momento. Seria o redator menos indicado para a tarefa de elaborar o manuscrito passadista. Algo que não deveria caber nos dias de hoje. Não faz sentido. O que o governo necessita, isso sim, é de um projeto de economia política que se vincule ao plano social, através de uma ponte com as inevitáveis reivindicações trabalhistas que surgem e se multiplicam a cada semana.
De fato tais movimentos são legítimos. Afinal de contas os salários não podem perder para a inflação do IBGE. Mas para isso é indispensável um aumento da produção e da produtividade, sem o que nada poderá dar certo. Não só no Brasil. Mas em qualquer país do mundo.
Acordos políticos exigem metas claras e precisas. Como ocorreu no governo JK, os anos dourados de Janeiro de 56 a Janeiro de 61. Um projeto político que entusiasme e faça com que a sociedade sinta-se representada no esquema de poder. A sociedade deve participar do processo, não só como espectadores, mas como coadjuvante do progresso.
O documento do PMDB significa um retorno à República Velha, como é chamado pelos historiadores o período que vai da proclamação de 1889, vejam só, até 1930. Era o tempo do café com leite. São Paulo e Minas Gerais dominavam tudo. O povo não tinha vez. Os movimentos sindicais eram um caso de polícia, disse certa vez o presidente Washington Luis. A maioria da bancada do PMDB deseja viver em 1927. É o que parece. Triste episódio ela oferece ao país.
09 de março de 2012
Pedro do Coutto
APÓS DENÚNCIA DO CORREIO BRAZILIENSE, RECEITA FEDERAL VAI INVESTIGAR SONEGAÇÃO DOS SENADORES
Reportagem de João Valadares mostra a importância da imprensa livre. A matéria informa que o Senado Federal está na mira do Leão, porque a Receita Federal abriu procedimento investigatório para acabar com a sonegação dos senadores ao receberem o 14º e o 15º salários, pois declaravam ilegalmente essa remuneração como se fosse “verba indenizatória do exercício parlamentar”, não-tributável.
A decisão da Receita foi tomada com base nas matérias publicadas pelo Correio. A farra das remunerações extras com dinheiro do contribuinte e, ainda por cima, o não pagamento do Imposto de Renda sobre o montante fazem com que a Receita deixe de arrecadar R$ 8,4 milhões, considerando os oito anos de mandato de cada senador.
Os deputados distritais, que resolveram abolir a benesse após a denúncia do Correio, também estão no foco. O delegado Regional da Receita no Distrito Federal, Joel Miyazaqui, assegurou que o Senado Federal e a Câmara Legislativa vão ser intimados para apresentar toda documentação referente ao caso.
Após a conclusão das investigações, a Receita deve lançar, por meio de um auto de infração, os descontos referentes ao Imposto de Renda nos rendimentos extras recebidos há até cinco anos. Por ano, cada senador deixa de pagar ao Fisco R$ 12,94 mil. No fim do mandato, o parlamentar embolsa R$ 103,58 mil.
No entendimento do subsecretário de Tributação e Contencioso da Receita Federal, Sandro Serpa, as duas remunerações extras devem ser tributadas: “Esses rendimentos recebidos a título de salários extras não se enquadram no conceito de verba indenizatória do exercício parlamentar”.
E ainda existe quem tencione limitar a liberdade de imprensa. Imaginem aonde a corrupção iria chegar se não houvesse a vigilância dos jornalistas. Nossos três poderes estão realmente apodrecidos.
09 de março de 2012
Carlos Newton
A decisão da Receita foi tomada com base nas matérias publicadas pelo Correio. A farra das remunerações extras com dinheiro do contribuinte e, ainda por cima, o não pagamento do Imposto de Renda sobre o montante fazem com que a Receita deixe de arrecadar R$ 8,4 milhões, considerando os oito anos de mandato de cada senador.
Os deputados distritais, que resolveram abolir a benesse após a denúncia do Correio, também estão no foco. O delegado Regional da Receita no Distrito Federal, Joel Miyazaqui, assegurou que o Senado Federal e a Câmara Legislativa vão ser intimados para apresentar toda documentação referente ao caso.
Após a conclusão das investigações, a Receita deve lançar, por meio de um auto de infração, os descontos referentes ao Imposto de Renda nos rendimentos extras recebidos há até cinco anos. Por ano, cada senador deixa de pagar ao Fisco R$ 12,94 mil. No fim do mandato, o parlamentar embolsa R$ 103,58 mil.
No entendimento do subsecretário de Tributação e Contencioso da Receita Federal, Sandro Serpa, as duas remunerações extras devem ser tributadas: “Esses rendimentos recebidos a título de salários extras não se enquadram no conceito de verba indenizatória do exercício parlamentar”.
E ainda existe quem tencione limitar a liberdade de imprensa. Imaginem aonde a corrupção iria chegar se não houvesse a vigilância dos jornalistas. Nossos três poderes estão realmente apodrecidos.
09 de março de 2012
Carlos Newton
TIPICAR MILÍCIAS COMO CRIME PRECISA SER URGENTE
A tipificação das milícias como crime é “uma medida acertada e urgente”, afirma o presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, porque elas se constituem em verdadeiro flagelo no Rio de Janeiro. “As milícias oprimem as populações das áreas pobres do estado, mediante extorsões, violência e assassinatos”.
Para Damous, as milícias podem ser consideradas piores do que o tráfico de drogas armado porque são integradas por agentes públicos e até parlamentares. “Toleradas – e até mesmo defendidas – por certas autoridades na época em que surgiram, as milícias são grave ameaça à democracia”.
A proposta de tipificação do crime de milícia, segundo o secretário de segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Benincá Beltrame, é importante porque dará maior rapidez no andamento de processos administrativos disciplinares, facilitando a punição, inclusive com expulsão, de policiais com desvio de conduta.
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ORIGEM
As milícias existem no Rio de Janeiro desde a década de 1970, controlando algumas favelas da cidade. Um dos primeiros casos conhecidos foi o da favela de Rio das Pedras, na região de Jacarepaguá, onde comerciantes locais se organizaram para pagar policiais para que não permitissem que a comunidade fosse tomada por traficantes ou outros tipos de criminosos, em 1979.
A princípio com a intenção de garantir a segurança contra traficantes, os milicianos passaram a intimidar e extorquir moradores e comerciantes, cobrando taxa de proteção. Através do controle armado, esses grupos também controlam o fornecimento de muitos serviços aos moradores. São atividades como o transporte alternativo (que serve aos bairros da periferia), a distribuição de gás, a instalação de ligações clandestinas de TV a cabo.
No início do século XXI, estes grupos parapoliciais começaram a competir pelas áreas controladas pelas facções do tráfico de drogas. Em dezembro de 2006, segundo relatos, as milícias controlavam 92 das mais de 1000 favelas cariocas.
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EXPANSÃO
Os primeiros relatos sobre a expansão repentina das forças milicianas descreviam a milícia como uma forma de segurança alternativa, por oferecer às favelas a oportunidade de se livrar da dominação das facções do tráfico.
A ação das milícias começou a ser relatada na imprensa brasileira em 2005, quando o jornal O Globo denunciou grupos que cobravam pela segurança, marcando símbolos de trevos de quatro folhas, pinheiros, entre outros, nas casas dos clientes, de forma a demonstrar quais destas moradias estariam protegidas por cada grupo. Ainda hoje, este tipo de marcação ocorre nas favelas controladas por milicianos, cujo serviço prestado, teoricamente, deveria ser oferecido de graça pelo estado.
De início, muitas pessoas das favelas, deram o seu apoio, chegando a eleger líderes de milícias a importantes cargos políticos, como os de vereador e deputado. Alguns meios de comunicação, políticos e até o então prefeito da cidade, César Maia, também apoiaram aos grupos de milícias. César Maia, inclusive, chegou a chamá-las de “autodefesas comunitárias” e um “mal menor que o tráfico”.
Entretanto, não tardaria para que emergissem histórias nas favelas mudando essa imagem positiva. As milícias acabaram tomando conta dos lugares com violência e depois sustentavam sua presença através da exigência de pagamentos semanais dos moradores para manter a segurança.
Além disso, como as facções do tráfico, os milicianos começaram a impor toques de recolher e regras rígidas nas comunidades, sob pena de castigos violentos em caso de descumprimento e atuando com as próprias regras e julgamentos.
09 de março de 2012
Paulo Peres
Para Damous, as milícias podem ser consideradas piores do que o tráfico de drogas armado porque são integradas por agentes públicos e até parlamentares. “Toleradas – e até mesmo defendidas – por certas autoridades na época em que surgiram, as milícias são grave ameaça à democracia”.
A proposta de tipificação do crime de milícia, segundo o secretário de segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Benincá Beltrame, é importante porque dará maior rapidez no andamento de processos administrativos disciplinares, facilitando a punição, inclusive com expulsão, de policiais com desvio de conduta.
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ORIGEM
As milícias existem no Rio de Janeiro desde a década de 1970, controlando algumas favelas da cidade. Um dos primeiros casos conhecidos foi o da favela de Rio das Pedras, na região de Jacarepaguá, onde comerciantes locais se organizaram para pagar policiais para que não permitissem que a comunidade fosse tomada por traficantes ou outros tipos de criminosos, em 1979.
A princípio com a intenção de garantir a segurança contra traficantes, os milicianos passaram a intimidar e extorquir moradores e comerciantes, cobrando taxa de proteção. Através do controle armado, esses grupos também controlam o fornecimento de muitos serviços aos moradores. São atividades como o transporte alternativo (que serve aos bairros da periferia), a distribuição de gás, a instalação de ligações clandestinas de TV a cabo.
No início do século XXI, estes grupos parapoliciais começaram a competir pelas áreas controladas pelas facções do tráfico de drogas. Em dezembro de 2006, segundo relatos, as milícias controlavam 92 das mais de 1000 favelas cariocas.
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EXPANSÃO
Os primeiros relatos sobre a expansão repentina das forças milicianas descreviam a milícia como uma forma de segurança alternativa, por oferecer às favelas a oportunidade de se livrar da dominação das facções do tráfico.
A ação das milícias começou a ser relatada na imprensa brasileira em 2005, quando o jornal O Globo denunciou grupos que cobravam pela segurança, marcando símbolos de trevos de quatro folhas, pinheiros, entre outros, nas casas dos clientes, de forma a demonstrar quais destas moradias estariam protegidas por cada grupo. Ainda hoje, este tipo de marcação ocorre nas favelas controladas por milicianos, cujo serviço prestado, teoricamente, deveria ser oferecido de graça pelo estado.
De início, muitas pessoas das favelas, deram o seu apoio, chegando a eleger líderes de milícias a importantes cargos políticos, como os de vereador e deputado. Alguns meios de comunicação, políticos e até o então prefeito da cidade, César Maia, também apoiaram aos grupos de milícias. César Maia, inclusive, chegou a chamá-las de “autodefesas comunitárias” e um “mal menor que o tráfico”.
Entretanto, não tardaria para que emergissem histórias nas favelas mudando essa imagem positiva. As milícias acabaram tomando conta dos lugares com violência e depois sustentavam sua presença através da exigência de pagamentos semanais dos moradores para manter a segurança.
Além disso, como as facções do tráfico, os milicianos começaram a impor toques de recolher e regras rígidas nas comunidades, sob pena de castigos violentos em caso de descumprimento e atuando com as próprias regras e julgamentos.
09 de março de 2012
Paulo Peres
NA HISTÓRIA DE JOINVILLE, O EXEMPLO DA SOLIDARIEDADE DO POVO BRASILEIRO
Joinville, “submarinamente fundeada” em 1851 e por isso, à mercê de chuvas e trovoadas, comemora hoje 161 anos. Nesse dia, gostaria que fossem lembrados seus ribeirinhos e primeiros residentes, valorosos e desassombrados caiçaras, moradores do que se constituía e eu designo como o “fundo de quintal” de São Francisco do Sul, fundada em 1504 onde fica hoje o Estado de Santa Catarina.
Quando os imigrantes europeus aqui chegaram, tiveram todo o apoio logístico daqueles que por aqui, há 347 anos, dominavam toda a área a ser desbravada, pois tinham instalados seus engenhos de farinha e de cana e seus derivados, como também de outros produtos de suas lavouras e pescarias. E deram o apoio para a abertura de picadas e rumos, na oferta de pousadas e no auxílio para a construção das primeiras moradias dos imigrantes.
Quando era vereador em 1999, apresentei proposição indicando que, nas comemorações do Projeto “Brasil 500 anos”, fosse enaltecido o resgate dessa memória caiçara de Joinville. Esse sentimento de solidariedade do povo brasileiro precisa ser lembrado e enaltecido, para sempre.
09 de março de 2012
José Guilherme Schossland
Quando os imigrantes europeus aqui chegaram, tiveram todo o apoio logístico daqueles que por aqui, há 347 anos, dominavam toda a área a ser desbravada, pois tinham instalados seus engenhos de farinha e de cana e seus derivados, como também de outros produtos de suas lavouras e pescarias. E deram o apoio para a abertura de picadas e rumos, na oferta de pousadas e no auxílio para a construção das primeiras moradias dos imigrantes.
Quando era vereador em 1999, apresentei proposição indicando que, nas comemorações do Projeto “Brasil 500 anos”, fosse enaltecido o resgate dessa memória caiçara de Joinville. Esse sentimento de solidariedade do povo brasileiro precisa ser lembrado e enaltecido, para sempre.
09 de março de 2012
José Guilherme Schossland
AFINAL, O QUE QUEREM AS MULHERES?
Era uma manhã quente em Munique no início da primavera. Eu resolvera que se tratava de um esforço demasiadamente largo vencer as barreiras que o aprendizado da língua tedesca me impunha no Brasil e corri para estudar alemão na Baviera. Eis que no primeiro dia de aula, com o constrangimento inerente a todos os inícios, eu observo um par de olhos pretos me observando curiosamente e percebi que estava diante da mágica e da beleza de uma amizade. Ela era islâmica e vestia o chador. Eu, brasileiríssima, com toda a espontaneidade de uma nordestina tagarela. As diferenças eram evidentes e relacionadas a tudo. Mas algo mais forte nos unia e dispensava explicação.
Havia uma troca de gentilezas diuturna: a cada intervalo, um chocolate, um mimo. Um dia ela recusou: começara o Ramadã. Eu, inconformada, mas compreensiva, acompanhei aquela abnegação. Finalmente, um mês depois, o jejum chegou ao fim. E eu, repleta de ignorância: “ufa, agora posso voltar a lanchar contigo!”
A lição que aprendi naquele dia marcou minha vida de tal forma que passei a enxergar o mundo com outros olhos. Ela carinhosamente me explicou: “Vocês, mulheres ocidentais, acham que são livres, feministas e independentes. Mas veja bem. Dificilmente vocês saem de casa sem se preocupar com a aparência. Escravizam-se a partir da imagem. E produzem a autoestima como reflexo da opinião dos outros. Eu, ao me cobrir, revelo qualidades, como capacidade, sensibilidade e inteligência”. E completou: “O Ramadã é o período mais especial para mim. É quando desenvolvo a minha generosidade e me esforço para ser uma pessoa melhor”.
A questão me levou a reflexões sobre o papel da mulher na sociedade e sobre as condições da mulher ocidental. O problema acontece quando algumas feministas se arvoram no papel de ditar o que é “certo”. A tentação da racionalidade parece ser mais forte do que a expressão e a busca da felicidade de todas nós. Por que precisamos elaborar julgamentos morais acerca do outro e da opção de vida que tomou? Ao pretender determinar o “caminho a ser seguido” por todas as mulheres – carreira, sucesso profissional, ausência de valorização do corpo, negação da própria sensualidade, questionamentos quanto à devoção aos filhos, o apego à família e à vaidade – o feminismo de algumas nos impede de sermos verdadeiramente livres e nos amarra a um modelo de “verdade” que talvez não seja aquele que nos faça efetivamente felizes.
Não ouso diminuir a importância das conquistas realizadas ao longo dos séculos. Foi sacrificante chegar onde estamos e eu escrevo na condição de representante dessas vitórias.
A excentricidade das pioneiras decorreu justamente da falta de enquadramento nos papéis a elas relegados por uma sociedade machista e misógina. Entretanto, é chegada a hora de sermos livres, a partir de um novo olhar sobre o feminismo, de maneira a criar um discurso de valorização da mulher sem que ela se traia em sua intimidade e gostos pessoais em nome de um discurso de “verdade” abstrato e descontextualizado.
Sem negar a importância do passado, mas conscientes da necessidade de remover as distinções que nos engessam. Louvar os progressos obtidos, mas reconhecer que precisamos de causas mais sofisticadas e esclarecidas agora.
Enfim, queremos a liberdade para podermos ser quem somos, ainda que haja a ruptura com o discurso sexista e feminista que algumas teimam em reproduzir.
8 de março de 2012
Roberta Fragoso Kaufmann
Havia uma troca de gentilezas diuturna: a cada intervalo, um chocolate, um mimo. Um dia ela recusou: começara o Ramadã. Eu, inconformada, mas compreensiva, acompanhei aquela abnegação. Finalmente, um mês depois, o jejum chegou ao fim. E eu, repleta de ignorância: “ufa, agora posso voltar a lanchar contigo!”
A lição que aprendi naquele dia marcou minha vida de tal forma que passei a enxergar o mundo com outros olhos. Ela carinhosamente me explicou: “Vocês, mulheres ocidentais, acham que são livres, feministas e independentes. Mas veja bem. Dificilmente vocês saem de casa sem se preocupar com a aparência. Escravizam-se a partir da imagem. E produzem a autoestima como reflexo da opinião dos outros. Eu, ao me cobrir, revelo qualidades, como capacidade, sensibilidade e inteligência”. E completou: “O Ramadã é o período mais especial para mim. É quando desenvolvo a minha generosidade e me esforço para ser uma pessoa melhor”.
A questão me levou a reflexões sobre o papel da mulher na sociedade e sobre as condições da mulher ocidental. O problema acontece quando algumas feministas se arvoram no papel de ditar o que é “certo”. A tentação da racionalidade parece ser mais forte do que a expressão e a busca da felicidade de todas nós. Por que precisamos elaborar julgamentos morais acerca do outro e da opção de vida que tomou? Ao pretender determinar o “caminho a ser seguido” por todas as mulheres – carreira, sucesso profissional, ausência de valorização do corpo, negação da própria sensualidade, questionamentos quanto à devoção aos filhos, o apego à família e à vaidade – o feminismo de algumas nos impede de sermos verdadeiramente livres e nos amarra a um modelo de “verdade” que talvez não seja aquele que nos faça efetivamente felizes.
Não ouso diminuir a importância das conquistas realizadas ao longo dos séculos. Foi sacrificante chegar onde estamos e eu escrevo na condição de representante dessas vitórias.
A excentricidade das pioneiras decorreu justamente da falta de enquadramento nos papéis a elas relegados por uma sociedade machista e misógina. Entretanto, é chegada a hora de sermos livres, a partir de um novo olhar sobre o feminismo, de maneira a criar um discurso de valorização da mulher sem que ela se traia em sua intimidade e gostos pessoais em nome de um discurso de “verdade” abstrato e descontextualizado.
Sem negar a importância do passado, mas conscientes da necessidade de remover as distinções que nos engessam. Louvar os progressos obtidos, mas reconhecer que precisamos de causas mais sofisticadas e esclarecidas agora.
Enfim, queremos a liberdade para podermos ser quem somos, ainda que haja a ruptura com o discurso sexista e feminista que algumas teimam em reproduzir.
8 de março de 2012
Roberta Fragoso Kaufmann
O BRASIL ESTÁ ENTRE OS 25 PAÍSES COM MAIOR TAXA DE ASSASSINATOS DE MULHERES
Quatorze países da América Latina – incluindo o Brasil – e Caribe estão entre os 25 Estados com maior taxa de feminicídios, segundo um relatório da organização Small Arms Survey que aponta El Salvador como o país com mais homicídios de mulheres.
Entre as regiões com um índice de feminicídios de mais de seis por cada 100 mil mulheres – considerado muito alto – estão El Salvador, Jamaica, Guatemala, África do Sul, Rússia, Guiana, Honduras, Azerbaijão, Antilhas, Colômbia, Bolívia e Bahamas.
Por outro lado, Brasil, Lituânia, Belarus, Venezuela, Letônia, Belize, Cazaquistão, Moldávia, Quirguistão, Ucrânia, Equador, República Dominicana e Estônia estão no grupo dos países com uma alta taxa de homicídios de mulheres, de entre três e seis para cada 100 mil mulheres.
Segundo o estudo da Small Arms Survey, em torno de 66 mil mulheres são assassinadas a cada ano, 17% das quais são vítimas de homicídios intencionais.
O relatório ‘Feminicídio: Um Problema Global’ analisou os dados de assassinatos de mulheres em nível mundial de 2004 a 2009 e concluiu que a porcentagem de feminicídios é ‘significativamente maior nos territórios com altos níveis de homicídios’.
Apesar de em geral existir uma relação entre o número total de homicídios e a porcentagem de mulheres assassinadas, no caso do Leste Europeu e da Rússia esta tendência não se cumpre, já que estas regiões apresentam taxas de feminicídio ‘desproporcionalmente altas’ em relação aos homicídios em geral.
Um terço dos crimes contra as mulheres são cometidos com armas de fogo. Em países como Brasil, Colômbia, El Salvador, Guatemala e Honduras, 60% dos assassinos de mulheres utilizam armas de fogo, uma taxa que chega a 80% no caso de Ciudad Juárez (México).
Fonte: “Veja”
8 de março de 2012
Entre as regiões com um índice de feminicídios de mais de seis por cada 100 mil mulheres – considerado muito alto – estão El Salvador, Jamaica, Guatemala, África do Sul, Rússia, Guiana, Honduras, Azerbaijão, Antilhas, Colômbia, Bolívia e Bahamas.
Por outro lado, Brasil, Lituânia, Belarus, Venezuela, Letônia, Belize, Cazaquistão, Moldávia, Quirguistão, Ucrânia, Equador, República Dominicana e Estônia estão no grupo dos países com uma alta taxa de homicídios de mulheres, de entre três e seis para cada 100 mil mulheres.
Segundo o estudo da Small Arms Survey, em torno de 66 mil mulheres são assassinadas a cada ano, 17% das quais são vítimas de homicídios intencionais.
O relatório ‘Feminicídio: Um Problema Global’ analisou os dados de assassinatos de mulheres em nível mundial de 2004 a 2009 e concluiu que a porcentagem de feminicídios é ‘significativamente maior nos territórios com altos níveis de homicídios’.
Apesar de em geral existir uma relação entre o número total de homicídios e a porcentagem de mulheres assassinadas, no caso do Leste Europeu e da Rússia esta tendência não se cumpre, já que estas regiões apresentam taxas de feminicídio ‘desproporcionalmente altas’ em relação aos homicídios em geral.
Um terço dos crimes contra as mulheres são cometidos com armas de fogo. Em países como Brasil, Colômbia, El Salvador, Guatemala e Honduras, 60% dos assassinos de mulheres utilizam armas de fogo, uma taxa que chega a 80% no caso de Ciudad Juárez (México).
Fonte: “Veja”
8 de março de 2012
LIBERDADE!
A amiga islâmica disse: “Vocês, mulheres ocidentais, escravizam-se a partir da imagem”
Era uma manhã quente em Munique no início da primavera. Eu resolvera que se tratava de um esforço demasiadamente largo vencer as barreiras que o aprendizado da língua tedesca me impunha no Brasil e corri para estudar alemão na Baviera.
Eis que no primeiro dia de aula, com o constrangimento inerente a todos os inícios, eu observo um par de olhos pretos me observando curiosamente e percebi que estava diante da mágica e da beleza de uma amizade. Ela era islâmica e vestia o chador. Eu, brasileiríssima, com toda a espontaneidade de uma nordestina tagarela. As diferenças eram evidentes e relacionadas a tudo. Mas algo mais forte nos unia e dispensava explicação.
Havia uma troca de gentilezas diuturna: a cada intervalo, um chocolate, um mimo. Um dia, ela recusou: começara o
Ramadã. Eu, inconformada, mas compreensiva, acompanhei aquela abnegação. Finalmente, um mês depois, o jejum chegou ao fim. E eu, repleta de ignorância: “Ufa, agora posso voltar a lanchar contigo!”
A lição que aprendi naquele dia marcou minha vida de tal forma que passei a enxergar o mundo com outros olhos. Ela carinhosamente me explicou: “Vocês, mulheres ocidentais, acham que são livres, feministas e independentes.
Mas veja bem. Dificilmente vocês saem de casa sem se preocupar com a aparência. Escravizamse a partir da imagem. E produzem a autoestima como reflexo da opinião dos outros. Eu, ao me cobrir, revelo qualidades, como capacidade, sensibilidade e inteligência.” E completou: “O Ramadã é o período mais especial para mim. É quando desenvolvo a minha generosidade e me esforço para ser uma pessoa melhor.”
A questão me levou a reflexões sobre o papel da mulher na sociedade e sobre as condições da mulher ocidental. O problema acontece quando algumas feministas se arvoram no papel de ditar o que é “certo”.
A tentação da racionalidade parece ser mais forte do que a expressão e a busca da felicidade de todas nós. Por que precisamos elaborar julgamentos morais acerca do outro e da opção de vida que tomou? Ao pretender determinar o “caminho a ser seguido” por todas as mulheres — carreira, sucesso profissional, ausência de valorização do corpo, negação da própria sensualidade, questionamentos quanto à devoção aos filhos, o apego à família e à vaidade —, o feminismo de algumas nos impede de sermos verdadeiramente livres e nos amarra a um modelo de “verdade” que talvez não seja aquele que nos faça efetivamente felizes.
Não ouso diminuir a importância das conquistas realizadas ao longo dos séculos. Foi sacrificante chegar onde estamos e eu escrevo na condição de representante dessas vitórias. A excentricidade das pioneiras decorreu justamente da falta de enquadramento nos papéis a elas relegados por uma sociedade machista e misógina.
Entretanto, é chegada a hora de sermos livres, a partir de um novo olhar sobre o feminismo, de maneira a criar um discurso de valorização da mulher sem que ela se traia em sua intimidade e gostos pessoais em nome de um discurso de “verdade” abstrato e descontextualizado. Sem negar a importância do passado, mas conscientes da necessidade de remover as distinções que nos engessam. Louvar os progressos obtidos, mas reconhecer que precisamos de causas mais sofisticadas e esclarecidas agora. Enfim, queremos a liberdade para podermos ser quem somos, ainda que haja a ruptura com o discurso sexista e feminista que algumas teimam em reproduzir.
9 de março de 2012
Roberta Fragoso Kaufmann
Fonte: O Globo, 08/03/2012
Era uma manhã quente em Munique no início da primavera. Eu resolvera que se tratava de um esforço demasiadamente largo vencer as barreiras que o aprendizado da língua tedesca me impunha no Brasil e corri para estudar alemão na Baviera.
Eis que no primeiro dia de aula, com o constrangimento inerente a todos os inícios, eu observo um par de olhos pretos me observando curiosamente e percebi que estava diante da mágica e da beleza de uma amizade. Ela era islâmica e vestia o chador. Eu, brasileiríssima, com toda a espontaneidade de uma nordestina tagarela. As diferenças eram evidentes e relacionadas a tudo. Mas algo mais forte nos unia e dispensava explicação.
Havia uma troca de gentilezas diuturna: a cada intervalo, um chocolate, um mimo. Um dia, ela recusou: começara o
Ramadã. Eu, inconformada, mas compreensiva, acompanhei aquela abnegação. Finalmente, um mês depois, o jejum chegou ao fim. E eu, repleta de ignorância: “Ufa, agora posso voltar a lanchar contigo!”
A lição que aprendi naquele dia marcou minha vida de tal forma que passei a enxergar o mundo com outros olhos. Ela carinhosamente me explicou: “Vocês, mulheres ocidentais, acham que são livres, feministas e independentes.
Mas veja bem. Dificilmente vocês saem de casa sem se preocupar com a aparência. Escravizamse a partir da imagem. E produzem a autoestima como reflexo da opinião dos outros. Eu, ao me cobrir, revelo qualidades, como capacidade, sensibilidade e inteligência.” E completou: “O Ramadã é o período mais especial para mim. É quando desenvolvo a minha generosidade e me esforço para ser uma pessoa melhor.”
A questão me levou a reflexões sobre o papel da mulher na sociedade e sobre as condições da mulher ocidental. O problema acontece quando algumas feministas se arvoram no papel de ditar o que é “certo”.
A tentação da racionalidade parece ser mais forte do que a expressão e a busca da felicidade de todas nós. Por que precisamos elaborar julgamentos morais acerca do outro e da opção de vida que tomou? Ao pretender determinar o “caminho a ser seguido” por todas as mulheres — carreira, sucesso profissional, ausência de valorização do corpo, negação da própria sensualidade, questionamentos quanto à devoção aos filhos, o apego à família e à vaidade —, o feminismo de algumas nos impede de sermos verdadeiramente livres e nos amarra a um modelo de “verdade” que talvez não seja aquele que nos faça efetivamente felizes.
Não ouso diminuir a importância das conquistas realizadas ao longo dos séculos. Foi sacrificante chegar onde estamos e eu escrevo na condição de representante dessas vitórias. A excentricidade das pioneiras decorreu justamente da falta de enquadramento nos papéis a elas relegados por uma sociedade machista e misógina.
Entretanto, é chegada a hora de sermos livres, a partir de um novo olhar sobre o feminismo, de maneira a criar um discurso de valorização da mulher sem que ela se traia em sua intimidade e gostos pessoais em nome de um discurso de “verdade” abstrato e descontextualizado. Sem negar a importância do passado, mas conscientes da necessidade de remover as distinções que nos engessam. Louvar os progressos obtidos, mas reconhecer que precisamos de causas mais sofisticadas e esclarecidas agora. Enfim, queremos a liberdade para podermos ser quem somos, ainda que haja a ruptura com o discurso sexista e feminista que algumas teimam em reproduzir.
9 de março de 2012
Roberta Fragoso Kaufmann
Fonte: O Globo, 08/03/2012
UMA REFLEXÃO PARA O DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Comemora-se neste dia 8 de março mais um Dia Internacional da Mulher. A data evoca sempre um sabor acridoce. Ao mesmo tempo em que recorda as vitórias já conquistadas pela luta feminina, a própria existência do Dia Internacional da Mulher – e a pertinência de tal espécie de comemoração continuar a existir – lança luz sobre o fato de que, em 2012, o gênero ainda é um fator determinante de muitos problemas que atingem as mulheres. Mas não é o caso de permitir que a melancolia domine os festejos. Muito já foi feito por aquelas que vieram antes de nós, e ainda há muito a fazer. Assim, gostaria de compartilhar apenas uma reflexão para este dia, sobre o tema da construção da autoestima da mulher na sociedade brasileira contemporânea. Embora não se trate de uma questão exclusivamente feminina, ela recebe um impacto específico dos problemas de gênero nos dias que correm.
8 de março de 2012
Ana Paula de Barcelos
A Lei Maria da Penha tem sido celebrada, com razão, como um mecanismo importante na luta contra a violência doméstica e familiar dirigida à mulher. Essa violência, nos termos da própria lei, pode assumir várias formas: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. A luta contra a violência doméstica e familiar tem, no mínimo, dois fronts. O primeiro é o front dos agressores. A lei visa a intimidar os potenciais agressores, punir os agressores efetivos e impedir a reincidência. O segundo front, porém, é o das vítimas. O legislador bem percebeu a complexidade do problema ao identificar que a violência contra a mulher não causa apenas danos físicos ou financeiros: muitas vezes ela causa um “dano emocional e diminuição da autoestima” que prejudica “o pleno desenvolvimento” e a “autodeterminação” da mulher. Essa espécie de dano, embora mensurável por instrumentos diversos daqueles classicamente utilizados pelo direito, não é, por isso, menos relevante. Ao contrário: o dano psicológico e emocional muitas vezes acompanhará a mulher por toda vida, limitando-a em seu desenvolvimento pessoal.
A lei, ciente das limitações do direito para lidar com essa espécie de dano, prevê a figura da equipe multidisciplinar, composta por profissionais especializados nas áreas psicossocial e de saúde, além de profissionais da área jurídica. Por mais difícil que seja trabalhar com essa espécie de fenômeno, ele existe, é muitíssimo relevante e não pode ser ignorado. A humildade do direito – no sentido de reconhecer os seus limites e interagir com outros campos do conhecimento (como, e.g., a psicologia e a medicina) – potencializa enormemente sua capacidade de transformação. O problema da construção da autoestima da mulher, no entanto, envolve muitos outros aspectos.
De acordo com o conhecimento já consolidado na psicologia, o período mais relevante para a construção da autoestima de um ser humano é a infância. A internalização, pelo indivíduo, da compreensão de que ele é importante e valioso em si mesmo, independentemente do que ele faça ou de como ele seja tratado por outras pessoas, depende em boa medida de ele haver recebido, quando criança, essa espécie de mensagem afetiva dos adultos que estavam ao seu redor. Se uma criança recebe constantemente a mensagem de que só é querida e valiosa se e quando se comporta de determinada maneira, sua autoestima sofrerá danos importantes. Ocorre que adultos, no mais das vezes, reproduzem os padrões sociais nas suas relações, inclusive com as crianças que estão em sua área de influência. E, no caso das meninas-mulheres, esses padrões têm sido particularmente cruéis.
Socialmente, o valor intrínseco de uma mulher – e é apenas natural que essa mensagem seja transmitida às meninas – continua profundamente vinculado a elementos externos a ela. Como regra, uma mulher é considerada valiosa por conta do que faz, por sua performance, e não em si mesma. Assim, mulheres são valorizadas se forem boas filhas, boas companheiras, boas mães, boas gestoras domésticas, boas profissionais e, ainda, se forem lindas e magras. Tudo isso junto e ao mesmo tempo. Para as meninas, aplica-se uma adaptação desses padrões: elas valem se forem boas filhas, se tiverem coisas (mochilas, tênis, roupas, celulares), se forem lindas e magras, se forem queridas pelos outros, se tirarem boas notas na escola. As exigências que esses padrões sociais formulam para atribuir algum valor a uma mulher são tão grandes que o fracasso é certo.
O problema é gigantesco e assustador, mas esse é um dos desafios da nossa geração: contribuir para a construção de novos padrões sociais, de acordo com os quais o valor intrínseco de uma mulher – aliás, o valor intrínseco de qualquer pessoa – não dependa das funções que ela desempenhe socialmente, da sua performance ou das escolhas que ela faça. Pessoas são valiosas em si mesmas e mulheres são pessoas.
8 de março de 2012
Ana Paula de Barcelos
A Lei Maria da Penha tem sido celebrada, com razão, como um mecanismo importante na luta contra a violência doméstica e familiar dirigida à mulher. Essa violência, nos termos da própria lei, pode assumir várias formas: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. A luta contra a violência doméstica e familiar tem, no mínimo, dois fronts. O primeiro é o front dos agressores. A lei visa a intimidar os potenciais agressores, punir os agressores efetivos e impedir a reincidência. O segundo front, porém, é o das vítimas. O legislador bem percebeu a complexidade do problema ao identificar que a violência contra a mulher não causa apenas danos físicos ou financeiros: muitas vezes ela causa um “dano emocional e diminuição da autoestima” que prejudica “o pleno desenvolvimento” e a “autodeterminação” da mulher. Essa espécie de dano, embora mensurável por instrumentos diversos daqueles classicamente utilizados pelo direito, não é, por isso, menos relevante. Ao contrário: o dano psicológico e emocional muitas vezes acompanhará a mulher por toda vida, limitando-a em seu desenvolvimento pessoal.
A lei, ciente das limitações do direito para lidar com essa espécie de dano, prevê a figura da equipe multidisciplinar, composta por profissionais especializados nas áreas psicossocial e de saúde, além de profissionais da área jurídica. Por mais difícil que seja trabalhar com essa espécie de fenômeno, ele existe, é muitíssimo relevante e não pode ser ignorado. A humildade do direito – no sentido de reconhecer os seus limites e interagir com outros campos do conhecimento (como, e.g., a psicologia e a medicina) – potencializa enormemente sua capacidade de transformação. O problema da construção da autoestima da mulher, no entanto, envolve muitos outros aspectos.
De acordo com o conhecimento já consolidado na psicologia, o período mais relevante para a construção da autoestima de um ser humano é a infância. A internalização, pelo indivíduo, da compreensão de que ele é importante e valioso em si mesmo, independentemente do que ele faça ou de como ele seja tratado por outras pessoas, depende em boa medida de ele haver recebido, quando criança, essa espécie de mensagem afetiva dos adultos que estavam ao seu redor. Se uma criança recebe constantemente a mensagem de que só é querida e valiosa se e quando se comporta de determinada maneira, sua autoestima sofrerá danos importantes. Ocorre que adultos, no mais das vezes, reproduzem os padrões sociais nas suas relações, inclusive com as crianças que estão em sua área de influência. E, no caso das meninas-mulheres, esses padrões têm sido particularmente cruéis.
Socialmente, o valor intrínseco de uma mulher – e é apenas natural que essa mensagem seja transmitida às meninas – continua profundamente vinculado a elementos externos a ela. Como regra, uma mulher é considerada valiosa por conta do que faz, por sua performance, e não em si mesma. Assim, mulheres são valorizadas se forem boas filhas, boas companheiras, boas mães, boas gestoras domésticas, boas profissionais e, ainda, se forem lindas e magras. Tudo isso junto e ao mesmo tempo. Para as meninas, aplica-se uma adaptação desses padrões: elas valem se forem boas filhas, se tiverem coisas (mochilas, tênis, roupas, celulares), se forem lindas e magras, se forem queridas pelos outros, se tirarem boas notas na escola. As exigências que esses padrões sociais formulam para atribuir algum valor a uma mulher são tão grandes que o fracasso é certo.
O problema é gigantesco e assustador, mas esse é um dos desafios da nossa geração: contribuir para a construção de novos padrões sociais, de acordo com os quais o valor intrínseco de uma mulher – aliás, o valor intrínseco de qualquer pessoa – não dependa das funções que ela desempenhe socialmente, da sua performance ou das escolhas que ela faça. Pessoas são valiosas em si mesmas e mulheres são pessoas.
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