"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 14 de março de 2013

EXISTE UMA CURA PARA A DOENÇA BRASILEIRA?

 

Há tempos o Brasil é conhecido como a terra dos contrastes. Hoje em dia, o contraste maior é entre uma economia que exibe pleno emprego e rápida ampliação da classe média, o que gera sensação de bem-estar na população e explica a popularidade do governo e uma outra economia, que padece de baixo crescimento e inflação elevada, o que sugere descontinuidade e crise num futuro não distante. Como romper com esse contraste e colocar o país na rota do desenvolvimento pleno?

No fim da década passada o Brasil parecia haver entrado numa fase de crescimento sustentado com inflação sob controle. Era o que sugeria tanto a trajetória favorável da economia desde 2004 como sua rápida superação da crise mundial de 2008-09. Entretanto, os “pibinhos” e a alta inflação a partir de 2011 nos indicam que a euforia econômica do período 2004-2010 teve caráter temporário, sendo explicada por fatores de natureza cíclica que se teriam esgotado em 2011.

De fato, entre 2004 e 2011, o país foi beneficiado por uma bonança externa de dimensões talvez únicas em nossa experiência histórica. Essa bonança, de quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB), foi gerada por uma explosão dos preços das commodities que exportamos e por um extraordinário influxo de capitais estrangeiros.
Ela não somente gestou mas também financiou um enorme aumento da demanda interna, que se materializou num maior crescimento do investimento e do PIB. Esse crescimento pôde se manifestar sem pressões inflacionárias devido à apreciação do câmbio e à maciça incorporação de mão de obra ao processo produtivo.

Desde 2011, houve um arrefecimento do impulso externo: os preços das commodities pararam de crescer e em alguns casos se reduziram; o influxo de capital externo reduziu-se em função do maior risco do cenário internacional e também das barreiras à entrada criadas pelo governo brasileiro. A disponibilidade de mão de obra diminuiu e o câmbio se depreciou. Voltamos então aos “pibinhos” e à inflação elevada do período anterior a 2004.

Os diagnósticos correntes sobre a doença brasileira de elevada inflação e baixo crescimento enfatizam corretamente o baixo investimento e a alta carga tributária. Menor presença no debate tem tido um terceiro fator tão ou mais importante que esses: a reduzidíssima participação do comércio exterior na atividade econômica do país. Trata-se de uma questão de natureza estatística, pois o Brasil destoa dos demais países do mundo mais nesse quesito do que na taxa de investimento ou na carga tributária. É também uma questão de economia política: uma maior integração do país no comércio internacional induziria uma redução da carga tributária e uma maior taxa de investimento. Consideremos os argumentos a respeito.

Os diagnósticos correntes sobre a doença brasileira de elevada inflação e baixo crescimento enfatizam corretamente o baixo investimento e a alta carga tributária
De acordo com o World FactBook da CIA, o PIB brasileiro em 2012 foi o 8º maior do mundo.

Entretanto, o valor de nossas exportações de mercadorias ocupou apenas a 24ª posição. Essa discrepância entre PIB e exportações é uma anomalia brasileira, pois a Comunidade Europeia ocupou o 1º lugar tanto em termos de PIB como de exportações. Os EUA ocuparam o 2º lugar em termos de PIB e o 3º em exportações.
A China ocupou o 3º lugar em termos de PIB e o 2º em exportações. O 8º maior exportador do mundo é a Coreia do Sul, cujo PIB ocupa a 13ª posição no ranking mundial. Ou seja, países ricos ou bem-sucedidos em fazer a transição para o primeiro mundo são grandes exportadores. O que não acontece com o Brasil.

Quadro igualmente deprimente se revela quando olhamos os valores das importações. Nos dados do Banco Mundial, a parcela das importações de bens e serviços no PIB do Brasil é de apenas 13%, o menor valor entre todos 176 países considerados pelo banco. Na Coreia do Sul, a parcela das importações no PIB é 54%. Na Alemanha, 45%. Na China, 27%. Mesmo os EUA com sua economia gigantesca importa 18% do PIB, quase 40% a mais do que o Brasil.

Ou seja, vivemos no país mais fechado do mundo, embora a Coreia do Norte seja um concorrente. Segundo a CIA, a participação das exportações no PIB da Coreia do Norte é mais ou menos equivalente à do Brasil.

A evidência mundial é contundente: não há caminho para o primeiro mundo que não passe pela integração econômica com o resto da comunidade internacional. Esse é o grande desafio que o país enfrenta. Para ultrapassarmos a armadilha dos países de renda média que fracassaram na travessia para o desenvolvimento pleno (como a Argentina), é imperativo formular uma estratégia para que a indústria brasileira participe das cadeias produtivas globalizadas.

Essa estratégia terá diversas dimensões, inclusive na área dos acordos comerciais. Internamente, a principal medida será o abandono do protecionismo sobre insumos ao processo produtivo, o qual se manifesta em altas tarifas às importações, elevados requisitos de conteúdo nacional e normas técnicas absurdas (como a adoção de um padrão para os vergalhões de aço distinto daquele adotado nos principais países industriais). Trata-se de implantar, de forma pré-anunciada, uma progressiva mas substancial redução das tarifas de importação, dos requisitos de conteúdo nacional e das normas técnicas e burocráticas protecionistas.

O anúncio dessas medidas deverá por em marcha três outros processos. Primeiro, haverá uma antecipação de aumento das importações, o que provocará uma depreciação da taxa de câmbio.
A proteção diferenciada que antes se exercia pelas tarifas às importações e outros mecanismos transformar-se-á numa “proteção cambial” horizontal, beneficiando os setores e atividades com maior vocação exportadora. Em segundo lugar, o governo se verá pressionado a efetivamente reduzir a carga tributária sobre as empresas, de forma a dar-lhes melhores condições de competir com os produtos estrangeiros. Em terceiro lugar, a perspectiva de poder importar bens de capital e insumos mais baratos e de integrar as indústrias brasileiras às cadeias produtivas internacionais levará a uma expansão do investimento privado para adaptar as empresas brasileiras a essa nova realidade econômica.

14 de março de 2013
Edmar Bacha
Fonte: Valor Econômico, 11/03/2013

UMA ENTREVISTA SOBRE "DOSSIÊ GABEIRA" : FAZER JORNALISMO É JOGAR PEDRA NA VIDRAÇA.

O Jornal do Brasil de 13/09/09 publicou, em página inteira do Caderno B, uma entrevista sobre o livro "Dossiê Gabeira : o Filme que Nunca Foi Feito". Eis a íntegra da entrevista ao repórter Bolívar Torres:



Como foi o contato com Gabeira durante as entrevistas? Alguma questão específica provocou mal-estar ou má vontade da parte dele? Qual foi a duração total das entrevistas?

"O projeto era o de gravar uma longa entrevista em regime de esforço concentrado: de preferência, de uma só vez. Assim foi feito. Durante seis horas - somente interrompidas por um breve intervalo para refeição - , bombardeei Fernando Gabeira com as perguntas sobre temas que me pareceram relevantes. A editora alugou por um dia uma suíte de um hotel em Ipanema. Um fotógrafo - Gilvan Barreto - documentou a cena.Dois amigos jornalistas - Ricardo Pereira e Jorge Mansur - gravaram em vídeo. Depois, fiz outras duas entrevistas com Fernando Gabeira, para complementar a apuração. Sou suspeitíssimo para falar, mas garanto que quem mergulhar nas páginas do "Dossiê Gabeira" fará uma viagem pelas últimas décadas da aventura brasileira"

O episódio do sequestro já foi abordada pelo próprio Gabeira em O que é isso, companheiro?, além da adapação para o cinema do livro e do documentário Hércules 56. Por que revisitar esse fato? Havia questões ainda mal-resolvidas? Na sua opinião, qual o peso do sequestro na trajetória de Gabeira? O que representa?


"Respondo sem a menor dúvida: todos,todos os fatos merecem ser revisitados - especialmente pelos jornalistas. Eu diria que é uma obrigação profissional. O jornalista que dá um fato por "encerrado" ou "esgotado" pode estar fazendo qualquer coisa - menos jornalismo. Porque uma das funções básicas do jornalismo é justamente o de remover as camadas que encobrem os acontecimentos. Nem sempre a missão é bem sucedida. Mas o simples fato de tentar já é essência do jornalismo. Há dezenas, centenas de questões a serem discutidas sobre um acontecimento tão importante quanto foi o inédito sequestro de um embaixador estrangeiro no Brasil. Jamais se tinha feito algo parecido. O sequestro foi o mais "espetacular" golpe contra o regime militar, naquele momento. Ou seja: é um fato interessantíssimo. Qualquer jornalista que julga que um fato interessantíssimo pode ficar "velho" ou "superado" ou "esgotado" deveria mudar de profissão, para felicidade geral de leitores, ouvintes e telespectadores".

Por que a opção de dar um recorte cinematográfico à série de entrevistas, com introduções que evocam o roteiro de um filme ainda não realizado? Seria uma espécie de resposta ao fato de Hércules 56 ter ignorado Gabeira?

"Não. Não tive qualquer intenção de responder ao documentário Hércules 56, um filme, aliás, bem realizado. Não sou nem nunca fui assessor de imprensa de ninguém - menos ainda de políticos, por mais respeitáveis que eles sejam. O meu partido é outro. Pertenço ao PPB, o Partido dos Perguntadores do Brasil. As referências "cinematográficas" apenas realçam o tom aventuresco de certas passagens, como, por exemplo, o tiro que Gabeira levou ao tentar, em vão, fugir dos chamados "agentes da repressão" em São Paulo. O livro começa com um tiro. É como se dissesse: o pau vai comer. A história que se vai retratar aqui não é brincadeira"

Você acredita que ainda hoje há uma mitificação em torno de algumas figuras dos anos de chumbo, algum tipo de aura que prejudique sua real compreensão? Ao fazer o livro, ficou com medo de alimentar o "mito Gabeira"?

"Não. Mas é possível distinguir dois momentos diferentes em relação aos guerrilheiros que combateram a ditadura. Num primeiro momento, especialmente depois da volta dos exilados, houve uma (compreensível) glorificação da resistência. Com o passar do tempo, figuras como o próprio Gabeira passaram a desenvolver uma visão crítica sobre a prática da luta armada. Um exemplo bem específico: hoje, Gabeira diz que vê o sequestro com os olhos do refém - não dos sequestradores"

Ainda nessa questão, fica claro no livro que o episódio do sequestro persegue Gabeira, e até hoje - mesmo depois de demonstrar arrependimento - está associado à sua figura. A incursão na ilegalidade, que se estende às aventuras guerrilheiras no exílio, alimentam essa romantização da sua figura?

"Há uma certa aura romântica em torno de guerrilheiros. Aventuras vividas nos anos de chumbo de combate ao regime militar terminam envolvidas por uma névoa de romantismo. Mas, com o tempo, é possível ver que o filme não é nem poderia ter sido tão romântico assim. Houve violência, derramamento de sangue, vidas perdidas, guerras sujas. O Brasil de hoje deve respirar aliviado, porque dificilmente um quadro daquele se repetirá"

Paulo Cesar Pereio disse: "Uma das virtudes medulares do Gabeira é a inteligência. Mas ele é paradoxal". Mas talvez seja justamente este o ponto mais interessante de Gabeira. Pelas entrevistas, fica claro que, desde os tempos da polarização cultural que se estabeleceu no Brasil nos anos 60 e 70, já era um personagem complexo, capaz de questionar as ideias feitas dos dois lados - mesmo estando comprometido com um lado específico. A principal característica de Gabeira, dentro da história da política do Brasil nos últimos 40 anos, seria a de apresentar um alternativa pluralista às radicalizações e certezas que o cercavam?
 
"Minha tendência é a de concordar com esta avaliação. Bem ou mal, com erros e acertos, avanços e recuos, a trajetória de Fernando Gabeira parecve apontar para a defesa de uma pluralidade que é sempre saudável e necessária"

Quando perguntado se se considera um "rebelde fracassado", Gabeira diz que não é mais rebelde, apenas fracassado. Para muitos, Gabeira é a esperança de uma renovação e modernização de uma esquerda mais pragmática no país. Será que esta modernização passa justamente por um reconhecimento do "fracasso", ou seja, de que não há caminhos épicos ou românticos na política moderna? Como este "arrependimento" movimenta, de modo geral, a geração de Gabeira nos dias atuais?
 
"Não saberia falar em nome da geração de Gabeira. Mas eu diria que,independentemente de qualquer coisa, a atualização das visões do mundo é uma tarefa indispensável. Não é fácil. Pode ser um processo doloroso. Por exemplo: não é fácil admitir que as utopias - que provocaram paixões políticas em tantos jovens militantes por tanto tempo - foram, nas palavras de Gabeira, "sanguinárias", porque terminaram justificando um enorme rol de violências. É esta a leitura que ele faz do Século XX, na entrevista que me concedeu: as utopias foram sanguinárias. Isso é dito por um ex-guerrilheiro que se empenhou em implantar uma "utopia" socialista. Posições assim despertam rancores, polêmicas, discussões. Tomara que o "Dossiê Gabeira" possa cumprir este papel: o de provocar um debate sobre a trajetória de uma geração que tentou mudar o Brasil"
 
Por outro lado, para além do pragmatismo, Gabeira também defende a ideia de que política sem esperança é "insuportável". Até que ponto Gabeira se equilibra entre o realismo e o sonho, entre o político e o artista?

"Não é só a política sem esperança que é insuportável. A vida sem esperança pode ser uma sucessão cinzenta de dias. É preciso sonhar com o possível - e o impossível. O fogo que alimenta esses sonhos é que move o mundo para frente. É preciso, apenas, estar atento para não repetir erros do passado. Neste sentido, o depoimento de Gabeira no livro pode ser super-didático. Em resumo, ele diz que, hoje, já não há grandes roteiros de transformação a serem seguidos. Ninguém precisa pedir a bênção a Karl Marx todo dia de manhã. Mas há espaço para sonhos que podem ajudar a melhorar a vida de cada um e de todos. A diferença é que ninguém precisa acreditar, por exemplo, que o Estado deve mandar na vida de todos, como uma parte da esquerda achava nos anos sessenta, setenta e oitenta. Igualmente, não se deve acreditar que o "mercado" é que deve reger nossas vidas. O segredo da sabedoria, hoje, segundo Gabeira diz na entrevista, é saber qual a melhor combinação que pode ser feita entre estado e mercado, em momentos históricos específicos"

Quando você chega à questão recente do uso indevido de passagens aéreas na Câmara, Gabeira diz que se sente mais leve, que perdeu o "figurino de reserva moral". Até que ponto o episódio pode mudar a imagem - e a carreira política - do político e intelectual?

"Fiz perguntas duras sobre o assunto. Perguntei o que qualquer cidadão comum perguntaria, se tivesse a chance de confrontar Gabeira sobre a questão do uso indevido de passagens áeras cedidas aos parlamentares pela Câmara dos Deputados. Gabeira reconheceu o erro, plenamente"

O que Gabeira tem ainda a acrescentar ao desacreditado cenário político brasileiro, com sua ainda - jovem - democracia?


"Só ele poderá responder. Prefiro pensar na contribuição, mínima que seja, que os jornalistas podem dar ao cenário brasileiro. Que contribuição pode ser esta ? Criar memória, por exemplo. Creio que toda profissão, todo profissional precisa de um lema para ir em frente. Escolhi um: "Fazer jornalismo é produzir memória". Há outros. Fazer jornalismo é desconfiar. Fazer jornalismo é ser impertinente. Fazer jornalismo é incomodar. Fazer jornalismo é não dar tapinha nas costas dos outros. Fazer jornalismo é não tratar o entrevistado como amiguinho (é o que a gente vê, lastimavelmente, na esmagadora maioria das entrevistas com celebridades de todos os tipos, em jornais, rádios, TVs, blogs, seja onde for). I´am sorry, mas meu time é outro. Fazer jornalismo é jogar pedra na vidraça. Fazer jornalismo é ter a ilusão de que vale a pena"

14 de março de 2013
in  geneton moraes neto
(13 de setembro de 2009)

SENADORES GOVERNISTAS BLINDAM LULA E IMPEDEM QUE MARCOS VALÉRIO SEJA OUVIDO

 


Senadores da base aliada impediram, esta semana, a convocação do operador do Mensalão, Marcos Valério, para depor na Comissão de Fiscalização Financeira.

Majoritários na comissão, os petistas, aliados com outros parlamentares da base aliada, derrubaram requerimento para Marcos Valério prestar esclarecimentos sobre depoimento dele à Procuradoria-Geral da República em setembro de 2012, no qual liga o ex-presidente Lula ao esquema do Mensalão.

No depoimento, o operador do esquema de fraudes afirmou que o ex-presidente sabia da existência do Mensalão e que recursos movimentados por suas empresas teriam custeado despesas pessoais de Lula.

O pedido dos senadores Randolfe Rodrigues, do PSOL do Amapá, e Aloysio Nunes Ferreira, do PSDB paulista, objetivava que o operador do Mensalão fosse convocado para para detalhar o depoimento que ele prestou na Procuradoria Geral da República .

MOBILIZAÇÃO

Ao perceber que o requerimento seria colocado em votação pelo presidente da Comissão, senador Blairo Maggi, do PR de Mato Grosso, os senadores petistas mobilizaram-se para comparecer à Comissão — esvaziada antes da votação. Contando com maioria, os governistas derrubaram o requerimento e fizeram críticas à tentativa de convocação de Valério.

“Esse senhor não tem autoridade de seguir mentindo Brasil afora. Se ele quisesse falar a verdade, falaria sobre a origem do mensalão, não o do PT, algo que nunca falou”, afirmou o petista Jorge Viana do Acre, referindo-se a esquema semelhante do PSDB em Minas Gerais, que ainda não foi julgado no STF (Supremo Tribunal Federal).

Irritado com os ataques dos petistas, Aloysio reagiu. “Se o Supremo condenar tucanos, não vamos passar a mão na cabeça de ninguém. O que queremos é que esse cidadão venha aqui falar sobre irregularidades que teriam acontecido. Ninguém quer questionar o julgamento do Supremo, dizer que foi midiático, nada disso. Apenas queremos esclarecimentos”.

O senador Aníbal Diniz, do PT do Acre, disse que não há “sentido” em Marcos Valério falar aos senadores. “É um personagem que já foi julgado, condenado e teve toda a oportunidade de dizer o que queria dizer.”

Para o senador Flexa Ribeiro, do PSDB do Pará, os governistas trabalharam com o propósito de “blindar” Lula no Senado, ao correrem para a Comissão. “A base do governo tem que estar presente, não precisa ficar fazendo discursos intermináveis para derrubar o requerimento, dando tempo de outros senadores chegarem”.
14 de março de 2013
José Carlos Werneck

ESTADÃO DIZ QUE MORAL, SEXUALIDADE, PEDOFILIA E O PAPEL DA MULHER DESAFIAM O NOVO PAPA

 


Um dos centros do debate que surgiu entre a renúncia de Bento XVI e a escolha do novo papa era de que o novo pontífice assume uma igreja em crise, com grandes desafios e demandas modernas a serem resolvidos.

Em suma, há uma expectativa de que o substituto de Joseph Ratzinger tenha de definir o que deve e o que pode ser reformado nessa instituição milenar.

Além dos desafios religiosos, como o de reafirmar o rumo teológico da Igreja e destravar nós burocráticos da Cúria Romana, o novo papa terá de lidar com a perda de fiéis pelo mundo e com temas ligados à moral, família e sexualidade.

Outra necessidade é combater de forma eficaz os casos de pedofilia e de corrupção. Tudo para manter a fé católica como uma realidade inteligível em um mundo em transformação, em que a própria transparência do Vaticano tornou-se um tema cada vez mais caro.

A Igreja é sempre cobrada por posicionamentos mais progressistas em torno da moral sexual, família ou homossexualidade. A instituição e suas lideranças são pressionadas por temas como legalização do aborto, uso de preservativos, controle de natalidade, casamento gay e adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo, além do papel da mulher. O modo de vida hedonista moderno e o relativismo cultural também se impõem como desafio ao novo papa.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG - Pelas informações até agora divulgadas sobre a personalidade do Papa Francisco, tudo indica que não haverá qualquer mudança nos conceitos atuais da Igreja sobre celibato do clero, moral, sexualidade, pedofilia, aborto, uso de preservativos. É pena. (C.N.)

14 de março de 2013
(O Estado de S. Paulo)

O CERCO AO BRASIL E O MITO MEXICANO

 

Nos últimos tempos, virou moda no Brasil, e em alguns países da América Latina, fazer comparações entre o nosso país e o México, no que se refere ao desempenho econômico. Elas escoram as críticas que a imprensa econômica internacional faz a um suposto aumento do “intervencionismo” do governo brasileiro na economia.


Parte disso deriva do fim da farra dos bancos e especuladores estrangeiros no Brasil, que aqui ganhavam gigantescas fortunas da noite para o dia, graças ao tripé : maiores juros do mundo; valorização da bolsa e do câmbio, que foi de quase 100% com relação ao dólar nos últimos dez anos.

O outro motivo para essa campanha é manter, de forma permanente, o máximo de pressão midiática contra o governo, dentro e fora do Brasil. O objetivo é obrigar o país a provar que não é a Argentina, a Venezuela, nem a Bolívia, e que aceita a receita neoliberal.

Assim se explicam medidas que vão do financiamento público a multinacionais como a Vivo, a abertura, via concessões do setor de infraestrutura para grupos internacionais, com aportes do Tesouro e 35 anos de prazo e liberdade para a remessa de lucros para o exterior. Enfim, que o Estado não está intervindo na economia.

AUMENTA A PRESSÃO

Como na história do lobo e do cordeiro, no entanto, quanto mais atenção o governo dá a isso, mais a pressão aumenta. É o que explica, por exemplo, o fato de nas últimas semanas o nosso risco-país ter ultrapassado o do México que tem sido citado como principal exemplo de que o Brasil não está “fazendo bem o seu dever de casa”, segundo a pauta das agências de classificação de risco, do Wall Street Journal e dos “analistas” do mercado.

Nessa campanha, tipo gota d´água em pedra dura tanto bate até que fura, o fato de o México ter crescido três e meio por cento contra apenas 0,9% do Brasil no ano passado é o mais lembrado, mas não é o único. O México também seria mais “moderno”, mais “competitivo”, e mais “aberto” ao mundo, em contraponto com o Brasil e o “Mercosul”, símbolos de “atraso e protecionismo” na América Latina.

Antes que essas mentiras se cristalizem como verdade na mente dos mais ingênuos, é preciso esclarecer alguns pontos. Embora o México tenha crescido mais que o Brasil nos últimos dois anos, o Brasil cresceu quase o dobro do México nos últimos dez anos, justamente no Governo Lula, e tem mais potencial do que o México para assim continuar no futuro, segundo afirmou, nesta semana, em entrevista, para citar um nome ao gosto do mercado, o economista Jim O´Neill, o “inventor” do BRICS.
Embora o comércio exterior do México equivalha a quase 50% do PIB, oitenta por cento de suas exportações vão para um único destino, os Estados Unidos. O Brasil exporta, em partes mais ou menos iguais, para a China, os EUA, a União Europeia, a América Latina, e o resto do mundo.

Outro mito difundido é o de que o México seria um grande exportador de manufaturas enquanto o Brasil é um grande exportador de matérias-primas. Nem uma coisa nem outra. O México monta peças recebidas de terceiros e as manda para os Estados Unidos, enquanto o Brasil é, por exemplo, o terceiro maior exportador de aviões do mundo, vendendo para os EUA, principal cliente do México, até aeronaves de guerra, como ocorreu há uma semana.

ABERTURA INDISCRIMINADA

A abertura indiscriminada da economia mexicana também parece não ter produzido muita coisa em termos de inovação. Comparando-se o número de patentes concedidas no mercado internacional, em 2010, o México conseguiu registrar 198, contra 481 do Brasil.

A alardeada “competitividade” do México reside em seus baixos salários. O valor do salário mínimo no Brasil mais do que dobrou, com relação ao dólar, nos últimos 10 anos, enquanto no México esse valor vem diminuindo. A produtividade do trabalhador brasileiro é quase o dobro da produtividade do trabalhador mexicano, que, entre os 34 países da OCDE, ocupa o penúltimo lugar.

O valor de uma hora de trabalho no Brasil era de quase sete dólares em 2011, contra menos de cinco dólares do trabalhador mexicano no mesmo ano, segundo estatística do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos.

Finalmente, a outra falsa afirmação é a de que o México esteja se transformando no “queridinho” dos mercados, enquanto o Brasil – que, com 388 bilhões de dólares em reservas, é o terceiro maior credor individual externo dos Estados Unidos, depois da China e do Japão – seria o pato feio da economia internacional por causa da atuação do governo.

Embora a bolsa mexicana – muitíssimo menor que a Bovespa – tenha se valorizado mais no último ano, o Investimento Externo Direto, aquele realmente produtivo, caiu 31% no México em 2012, para pouco mais de 12 bilhões de dólares, enquanto o IED no Brasil foi de cinco vezes mais, ou 65 bilhões de dólares no ano passado, ou o terceiro maior do mundo.

14 de março de 2013
Mauro Santayana (Carta Maior)

A SENTENÇA DE MORTE DA TIME, A MAIOR REVISTA SEMANAL DE INFORMAÇÕES DO MUNDO


Na quarta-feira, a Time Inc., a maior editora de revistas dos Estados Unidos, ficou do lado errado de uma vala profunda. Sua empresa controladora, a Time Warner, que tem uma ampla e lucrativa gama de ativos de entretenimento, estava fazendo planos para desmembrar boa parte do que sobrou da unidade de mídia impressa em um casamento forçado com a Meredith, companhia do Midwest.


Ao fazer a ruptura com sua divisão de impressão, a Time Warner está seguindo um caminho estabelecido pela News Corporation, que anunciou no ano passado que suas ações de entretenimento e de impressão seriam separadas. As ações atingiram a maior alta em cinco anos quando o plano foi lançado em junho passado, e, em algum momento do próximo verão (no Hemisfério Norte), as duas companhias – Fox Group e News Corporation – permitirão que os ativos de rápido crescimento de cinema e televisão crescerão livres do legado da mídia impressa.

A mídia impressa pode ter perdido seu valor entre consumidores e anunciantes em uma era digital, mas os investidores têm uma motivação mais profunda. Eles vêem pouca possibilidade de que o negócio como um todo se endireite, ainda mais se comparado à televisão a cabo e aos filmes, que estão agora no epicentro do negócio da mídia.

A Time Inc. pode ter batizado a Time Warner, mas há muito tempo perdeu importância. O lucro da Time Inc. caiu 5% no ano passado e sua fatia agora contribui com menos de 12% das vendas totais da empresa.

O edifício da Time & Life, em Midtown, Manhattan, foi muito reverenciado como um totem do negócio editorial. Para as pessoas da indústria que cresceram quando as coisas estavam boas, a Time Inc. era uma lenda, tendo crescido não apenas com a força de seu jornalismo, mas com as histórias de editores com salas do tamanho de quadras de squash e carrinhos de bebidas alcoólicas que espalhavam pela redação alegria e uma aura de privilégio.

DEMISSÕES

Mas a notícia de uma possível venda de sua divisão de revistas veio em um momento em que a Time Inc. está demitindo cerca de 6% de sua força de trabalho global, e muitos dos que permaneceram se perguntam se seus empregos, se continuarem a tê-los, poderão obrigá-los a mudar-se para Des Moines, a sede da Meredith.

Foi um momento um pouco dramático para as pessoas na Time Inc. e para o mercado editorial como um todo. Mesmo que a Time Warner tenha afirmado que vai ficar com Fortune, Time, Sports Illustrated e Money, os lucros desses títulos olímpicos são escassos, menos de 10 por cento da divisão. A Time Warner vai mantê-los, em parte, porque eles podem fazer parte de uma reformulação da rede de televisão CNN e, bem, porque ninguém os queria.

Muitos querem saber o que isso significa para as revistas atuais e ninguém sabe a resposta. Fortune, Time, Sports Illustrated e Money, todas para um público masculino, deveriam ficar com a marca-mãe. As pessoas são particularmente interessadas ​​na Time por causa de seu duradouro status cultural, sua capacidade de lembrar eventos ou tendências com suas capas, e seu papel ocasionalmente grande na cobertura das notícias. Agora ela será parte menos importante de uma divisão de notícias com a CNN.

(Transcrito do Diário do Centro do Mundo)

14 de março de 2013
David Carr (The New York Times)

NO CASO DO PAPA FRANCISCO, A VIDA IMITA A ARTE?

 

Em 1999, a Editora Record publicou uma obra do escritor Morris West, “A Eminência”. O livro trata de um cardeal argentino, Luca Rossini, que vem a se tornar Papa.

A EMINENCIA
West descreve que, no início do terceiro milênio, a morte do Papa e abertura do processo sucessório no Vatinano obrigam a Igreja a refletir sobre seu passado e a redefinir seus rumos.

E a obra é a história de um jesuíta argentino que foi acusado de haver abandonado irmãos nas mãos da ditadura militar quando, em realidade, ele era a vítima. No final da profética obra, o religioso é eleito Papa.

Nas mãos de Helio Fernandes, sei que tal tema se tornará uma obra de arte do jornalismo.

14 de narço de 2013
Carlos Galeão

SAIBA O QUE O NOVO PAPA PENSA DE CELIBATO, ABORTO, CASAMENTO GAY ETC.

 

O cardeal argentino Jose Mario Bergoglio, agora Papa Francisco, tem opiniões que podem ser consideradas conservadoras sobre temas sensíveis à igreja, como aborto e casamento gay.

O papa Francisco (Associated Press)
Veja a seguir algumas das opiniões do novo Papa:

CASAMENTO GAY
“Não sejamos ingênuos, não estamos falando de uma simples luta política; é uma pretensão destrutiva contra o plano de Deus. Não estamos falando de uma simples lei, mas de uma maquinação do pai da mentira, que busca confundir e enganar os filhos de Deus.”

ABORTO
“Percebe-se mais uma vez que se avança deliberadamente para limitar e eliminar o valor supremo da vida e ignorar os direitos das crianças que nascerão. Quando falamos de uma mãe grávida, falamos de duas vidas, ambas devem ser preservadas e respeitadas, porque a vida tem valor absoluto.”
“Uma mulher grávida não leva no ventre uma escova de dentes, tampouco um tumor. A ciência ensina que, desde o momento da concepção, o novo ser tem todo o código genético.”

CELIBATO E PEDOFILIA
“Estamos falando de perversões de tipo psicológico anteriores à opção celibatária. Se existe um padre pedófilo, é porque ele tem a perversão desde antes de sua ordenação. E o celibato também não cura essa perversão. Ou a pessoa a tem ou a pessoa não tem.”

JUSTIÇA SOCIAL
“Vivemos na região mais desigual do mundo, a que menos reduziu a miséria. A distribuição injusta de bens persiste, criando uma situação de pecado social que grita aos céus e limita as possibilidades de vida mais plena para muitos de nossos irmãos.”

CELIBATO
“O celibato é uma opção de vida como seria, por exemplo, viver na pobreza”, disse Bergoglio no livro ‘El Jesuita’ de Sergio Rubín e Francesca Abrogetti.
“Há momentos em que pode-se tornar crítica [a opção] se o padre conhece uma mulher na paróquia e acredita que está enamorado.”
“Escutei certa vez um sacerdote dizer que [poder casar] lhe permitiria não ficar mais sozinho e ter uma mulher, mas, por outro lado, também acabaria arrumando uma sogra.”

IGREJA COM O MUNDO
“Temos de evitar a doença espiritual de uma igreja autorreferente. É verdade que, quando saímos às ruas, assim como acontece com todo homem e mulher, acidentes podem acontecer. Mas, se a igreja permanecer fechada em si mesma, autorreferencial, ela envelhece.”

PECADO E MISERICÓRDIA
“Apenas quem encontrou a misericórdia está feliz na presença do Senhor. Imploro aos teólogos presentes que não me entreguem à Inquisição, mas, forçando um pouco as coisas, ouso dizer que o local privilegiado desse encontro é a carícia da misericórdia de Jesus Cristo pelo meu pecado.”

JUDEUS E CATÓLICOS
Que nos coloquemos na presença de Deus com o desejo de caminhar e o compromisso de nos tornarmos irrepreensíveis, ajudando-nos mutuamente a alcançar essa meta.

14 de março de 2013
(Folha de S. Paulo)

CONHECIMENTO DE HISTÓRIA: O RAIO X DOS MAIAS


Eles já haviam entrado em declínio quando os espanhóis chegaram.
Hoje, os arqueólogos se esforçam para criar um retrato fiel da
civilização que, por sete séculos, foi uma das mais desenvolvidas
do Ocidente



 
Em 1511, um navio espanhol com 15 homens e duas mulheres naufragou no norte da península de Yucatán, perto da atual cidade mexicana de Cancún. Seus tripulantes, que pretendiam ir para Cuba, foram capturados pelos misteriosos moradores da região. Acabaram distribuídos como escravos entre os vários chefes locais – muitos foram sacrificados aos deuses. Seis anos depois, o explorador espanhol Francisco Hernández de Córdoba chegou à mesma região, que ele acreditava ser uma ilha. Chegou ali com 110 homens, em três navios.

As comunidades pelas quais passou a expedição de Hernández faziam parte do que restava de uma complexa sociedade que, durante 700 anos, dominara a América Central. Os maias haviam criado gigantescas cidades, com pirâmides e observatórios astronômicos. Em algumas áreas do conhecimento, chegaram a avançar muito mais que os europeus. Apesar de ter impressionado tanto os espanhóis, entretanto, os maias do século 16 não formavam mais, nem de longe, a civilização grandiosa de outrora. Uma amostra dessa decadência pode ser vista no filme Apocalypto, de Mel Gibson. O filme foi produzido nas regiões mexicanas de Catemaco e Vera Cruz e é falado em um dos dialetos maias. Em vez de continuar formando um sistema de cidades integradas, os maias viraram habitantes de povoados dispersos – e, muitas vezes, conflituosos.

Para entender a ascensão e o declínio do povo maia é preciso voltar no tempo. É o que alguns dos grandes arqueólogos do mundo estão fazendo hoje, escavando no México e na América Central. Antes, acreditava-se que os maias haviam surgido por volta de 700 a.C. Graças a descobertas feitas em 2004 na Guatemala pela equipe do arqueólogo Arthur Demarest, da Vanderbilt University, sabe-se que, por volta de 1500 a.C., grupos maias já tinham criado estátuas de 5 metros de altura por 3 de largura. Até o ano 200, construíram centros cerimoniais como Uaxactún e Tikal, onde os agricultores se encontravam nos períodos de celebrações religiosas. Nos sete séculos seguintes, eles viveram seu período de maior exuberância, chamado de “clássico” pelos pesquisadores. Levantaram El Petén, ainda na Guatemala, e se expandiram para o oeste, o sudoeste e o norte. Surgiram Palenque, Copán e Piedras Negras, entre outras 40 cidades – boa parte delas no atual território mexicano. O território alcançava os atuais México, Belize e El Salvador e chegou a ter 325 mil quilômetros quadrados de área.

Estruturadas em torno de praças, as cidades tinham ruas de calçadas largas e abrigavam pirâmides de até 45 metros, templos religiosos com abóbadas, palácios com grandes espaços internos, casas de banho e espaços para a prática de esportes. As casas normalmente tinham três quartos seguidos, com a luz entrando apenas pela porta da frente, e a cozinha ao fundo. A água vinha de poços, graças a um sistema intrincado de irrigação.

Em novembro de 2006, o pesquisador japonês Takeshi Inomata divulgou a tese de que os maias usavam suas praças centrais como grandes anfiteatros, onde eram apresentados espetáculos que tratavam das divindades e reforçavam o poder da elite local. Apesar de nunca terem formado um império unificado, as grandes cidades maias mantinham uma organização política parecida: a maior autoridade em cada vila era o halach vinic, que governava em nome de um dos deuses. Seu cargo era hereditário, e cabia a ele escolher, entre os membros da nobreza, os homens responsáveis por comandar os soldados e fiscalizar o pagamento de impostos e a aplicação das leis. Além dos governantes, havia sacerdotes, responsáveis pelos templos, pelas pesquisas astronômicas, pelos tratamentos médicos e pelo ensino. Abaixo deles vinham os guerreiros, os artesãos e os pequenos comerciantes. A base da pirâmide populacional era formada pelos camponeses e pelas pessoas que trabalhavam nas construções. Eram eles que sustentavam a elite.

Nenhuma cidade tinha controle sobre a outra, mas as maiores e mais poderosas usavam o poder militar para conseguir os melhores acordos comerciais. “Os reis podiam se aliar uns aos outros por períodos que podiam variar de um a 200 anos. Essa era uma organização política muito frágil e pouco estável. É por isso que, apesar de terem em comum a língua, os hábitos e a religião, eles nunca foram um único império”, diz o americano Marcello Canuto, professor de Arqueologia da Universidade de Yale.

Em nome dos deuses

Até cerca de duas décadas atrás, os maias eram vistos como um povo pacato. Mas a arqueologia acabou descobrindo que eles faziam sacrifícios sangrentos, com direito a cerimônias em que as vítimas eram arremessadas vivas dentro de poços. Achou cruel? Bem, as alternativas não eram lá muito melhores: era comum que o sacerdote arrancasse o coração das pessoas ainda batendo ou as esfolasse para vestir sua pele. Toda essa carnificina tinha uma explicação simbólica: os maias acreditavam que o homem faz parte de uma terceira geração de seres humanos, feita a partir do milho. As duas anteriores, construídas com barro e depois com madeira, teriam sido destruídas por dilúvios, um de água e outro de lava. Para evitar destino parecido, era preciso agradar os deuses constantemente com oferendas valiosas – e nada era mais valioso que o sangue humano.

Os maias acreditavam em 13 deuses que habitariam 13 diferentes camadas celestes. Haveria ainda outros nove deuses, moradores de nove mundos subterrâneos. Essas divindades não eram exclusivamente boas ou más, mas algumas ajudavam mais os seres humanos que outras. Ah Puch, por exemplo, é o temível deus da morte, e Camazotz, com sua forma de morcego, é um de seus demônios. No lado mais amistoso do panteão, Chaac é o responsável pelas chuvas, e o deus em forma de cobra Gucumatz é responsável pela criação de novos seres.

Mas a relação dos maias com os deuses ia além dos cerimoniais violentos. Essa devoção acabou dando impulso para que uma ciência se desenvolvesse: a astronomia, usada para entender melhor o ciclo da vida, criado e mantido pelas divindades. Um dos observatórios mais importantes, o de Caracol, nas ruínas de Chichén Itzá, ainda está em ótimo estado. A observação dos astros levou os maias a criar um calendário dividido em 18 meses de 20 dias e mais um mês curto, de 5 dias. A cada 52 anos era celebrado um mês extra de 13 dias e a cada 3172 anos havia um ano 25 dias mais curto. Pode soar muito complicado, mas, na ponta do lápis, essa organização fazia com que o ano maia tivesse 365,242129 dias. Isso é incrivelmente próximo do calendário astronômico, que possui 365,242198 dias. Até 1582, a Europa usava um calendário bem menos preciso, de 365,25 dias.

Os maias ainda conheciam bem os ciclos da Lua e estimavam que o ciclo de Vênus tinha 584 dias de duração (um dado muito próximo do hoje considerado real: 583,92 dias). Para sustentar o conhecimento da astronomia, eles desenvolveram a matemática, que incluía o conceito de zero já no ano 325 – os europeus só passariam a adotá-lo em suas contas a partir do século 12. O sistema de numeração maia tinha base 20 e era representado por pontos e barras.

Ao lado de toda essa matemática, os maias desenvolveram a linguagem escrita mais completa de toda a América pré-colombiana. Ela era composta por mil diferentes caracteres, representando sons e símbolos. Além de ser entalhados em pedra, os textos eram pintados sobre cerâmica ou códices (placas feitas de fibras vegetais, recobertas de resina e cal – dobradas, ficavam com uma forma parecida com a de nossos livros). Nos últimos cinco anos, conforme novas inscrições vêm sendo encontradas, o número de caracteres traduzidos saltou de 180 para 500.

Em 2001, a equipe de Arthur Demarest descobriu novos degraus da pirâmide de Dos Pilas, na Guatemala. Eles estavam soterrados, mas apareceram graças à destruição causada por um furacão. Nos degraus, estavam gravados hieroglifos que contam a história de uma guerra entre duas cidades-estado, Tikal e Calakmul. Esses textos forneceram uma nova informação: o rio Usumacinta, que nasce na Guatemala e desemboca no golfo do México, facilitou o comércio entre os maias e possibilitou o surgimento de várias cidades. Mas, afinal, por que elas teriam entrado em decadência?

Apocalipse na América

Embora ainda haja muitas perguntas a ser respondidas, a estrutura política centralizada em torno de uma pequena aristocracia improdutiva pode ter acelerado a decadência dos maias. Os achados arqueológicos indicam que, a partir do ano 900, suas principais cidades foram abandonadas. Sabe-se que a área foi assolada por longos períodos de seca. De acordo com o geólogo David Hodell, da Universidade da Flórida, entre os anos 700 e 900, a região dos maias experimentou as maiores estiagens em 7 mil anos. Mas não há sinais de que a seca tenha provocado mortes em massa. O mais provável é que os camponeses tenham abandonado as cidades e se retirado para regiões mais isoladas, onde viveriam do que plantavam, sem prestar contas a reis nem sustentá-los. Vários indícios, como templos inacabados e tronos queimados, sugerem que, antes de deixar os municípios, os colonos teriam promovido rebeliões.

Em seu livro Colapso, o biólogo americano Jared Diamond argumenta que a falta de visão de futuro e a ausência de cuidado com o meio ambiente é que teriam provocado o declínio da civilização maia. O antropólogo americano Marcello Canuto pensa de modo parecido. “Os governantes estavam ocupados demais na construção de obras grandiosas e não foram capazes de lidar com as necessidades do povo”, diz o professor da Universidade de Yale. “Em 800 eles estavam fazendo exatamente o mesmo tipo de agricultura do ano 200, mas a população tinha aumentado. Não havia como produzir mais comida para mais pessoas, no mesmo pedaço de terra, sem degradar o ambiente.”

Entre os séculos 10 e 12, os maias registraram um período de renascimento, concentrado na região de Yucatán. Por trás dessa nova fase estava a influência dos toltecas, um povo que viveu entre a península e o território dos astecas. Além de tornar mais sangrentos os rituais religiosos, os toltecas levaram os maias a intensificar o comércio e o intercâmbio com outros povos. Nessa fase, que os estudiosos chamam de “pós-clássica”, a liga de Mayapán, formada por Mayapán, Uxmal e Chichén Itzá, passou a liderar as principais cidades da região. Mas, a partir de 1441, a união se tornou instável e novos conflitos provocaram a dissolução da liga. Quando os espanhóis desembarcaram na península, os maiores centros maias estavam abandonados e as populações sobreviventes estavam constantemente em pé de guerra.

Conquista e resistência

Em plena crise interna, os maias tiveram de encarar a invasão espanhola. Depois da malfadada expedição de Francisco Hernández de Córdoba, em 1517, a Espanha voltou à carga contra os maias. O explorador Juan de Grijalva viajou para Yucatán no ano seguinte, mas recebeu informações a respeito de um outro império a leste, muito mais poderoso – e, principalmente, mais rico em ouro. Eram os astecas. Isso mudou totalmente a estratégia de conquista dos espanhóis: os maias, mais pobres e mais desorganizados, foram relegados a segundo plano – sequer valia a pena investir tempo e pessoal em uma guerra contra eles. Enquanto isso, os vizinhos sofriam as conseqüências.

Em 1521, apenas dois anos depois de sair para sua missão de conquista, Hernán Cortés derrotou os astecas, destituiu e torturou pessoalmente o imperador Cuauhtémoc e arrasou a capital Tenochtitlán, onde começou a surgir a Cidade do México. Garantido o controle sobre o território e as riquezas astecas, os espanhóis não tiveram pressa em voltar à carga contra os maias. Ironicamente, a falta de ouro e a desorganização política garantiram a eles longevidade muito maior – como não existia um império unificado, as cidades maias tinham que ser derrotadas praticamente uma a uma.

A primeira grande iniciativa de conquista dos maias ocorreu em 1527, liderada por Francisco de Montejo. Depois de massacrar 1200 nativos na cidade de Chauca, suas tropas acabaram expulsas de Yucatán no ano seguinte. Uma nova invasão ocorreu em 1531, mas também acabou em fuga espanhola. Em 1540, Francisco Montejo Filho, que herdara a missão do pai, chegou à península com um grande exército. Seis anos depois, apoiado por alguns chefes locais, declarou vitória na região de Yucatán. Mais ao sul, entretanto, os maias seguiram livres. Tayasal, na atual Guatemala, foi o último foco de resistência. Só caiu em 1697.

Os maias foram conquistados, mas não exterminados. “Em uma luta paciente e silenciosa, a cultura maia sobrevive a todas as conquistas e se mantém preservada nos trajes, nas comidas, nas lendas, nas músicas e nas danças”, afirma Mariluci Guberman, do Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Hoje, 6 milhões de pessoas que vivem em Yucatán e na Guatemala são consideradas maias. Eles falam 25 dialetos diferentes e, em sua maioria, vivem exatamente da mesma forma que seus antepassados: espalhados pela zona rural, vivendo da agricultura e visitando o centro da vila apenas em ocasiões festivas. Acordam às 4 da manhã para trabalhar no plantio, voltam para casa às 19h e dormem às 21h.

As mulheres maias mantêm as roupas tradicionais, com vestidos longos e véus. Produzem tecidos com padrões seculares, herdeiros diretos dos que eram feitos antes da chegada dos espanhóis. A religiosidade politeísta também é mantida, ainda que disfarçada sob os conceitos e santos católicos. Entre as maiores personalidades maias de nosso tempo estão o Subcomandante Marcos, líder do grupo rebelde zapatista da região mexicana de Chiapas, e dois guatemaltecos vencedores do Prêmio Nobel. O primeiro foi Miguel Ángel Asturias, o escritor mais importante da história de seu país, que venceu na categoria Literatura em 1967 (e morreu em 1974). A segunda foi Rigoberta Menchú, que ganhou o Nobel da Paz em 1992 por sua luta pelos direitos dos povos indígenas da América. Ela é um claro exemplo de que, com 4500 anos de história, os maias são muito mais que um grande povo do passado.

Para não confundir

Entenda as diferenças entre maias, astecas e incas

Eles foram uma civilização muito avançada, mas acabaram sendo dizimados pelos espanhóis. Essa definição serviria tanto para maias quanto para astecas e incas, é verdade. Mas há distinções fundamentais entre esses três povos, muitas vezes confundidos entre si. Os mais próximos são os maias e astecas, habitantes da América Central e do atual México. Eles foram precedidos e influenciados pelos olmecas, que viveram nessas regiões até 400 a.C. Os olmecas tinham cidades de até 2 500 habitantes e escreveram o primeiro texto da América, datado de 650 a.C. Eram politeístas, faziam sacrifícios humanos, construíam pirâmides e jogavam futebol com bolas de borracha. Todos esses traços foram herdados por maias e astecas, que chegaram a ser contemporâneos. Os astecas surgiram em 1200, mais de 2 mil anos depois dos maias. Construíram um império cuja capital, Tenochtitlán, tinha 300 mil habitantes no século 16 (era maior do que todas as cidades européias da época, à exceção de Constantinopla). Já os incas são outro departamento. Viveram 5 mil quilômetros ao sul de maias e astecas, na região dos Andes. Dominavam a metalurgia, tinham sofisticadas técnicas agrícolas e usavam a lhama como animal de tração. Surgiram pouco depois dos astecas, em 1300. Como eles, também montaram um império com poder centralizado.

No fim das contas, incas e astecas eram mais organizados e capazes de dominar a tecnologia. Os maias, em compensação, eram muito cultos. “Ao contrário de todos os outros povos da região, eles desenvolveram um sistema completo de escrita”, diz antropólogo americano Marcello Canuto, da Universidade de Yale. “Nosso mundo se apóia na escrita. Por isso, temos um grande fascínio por eles. Não é à toa que Mel Gibson escolheu os maias, e não os astecas ou os incas, para fazer um filme.”

Nativo adotivo

O espanhol que escolheu lutar ao lado dos maias

Membros do grupo que encontrou acidentalmente os maias em 1511, no norte da península de Yucatán, o padre Gonzalo Guerrero e o frei franciscano Gerónimo de Aguilar tiveram a sorte de não serem mortos ou escravizados. Em 1519, o conquistador Hernán Cortés descobriu que ambos estavam vivos, presos em Chetumal, e negociou até conseguir a liberação deles. Só Gerónimo aceitou. Gonzalo quis ficar. “Casei-me aqui, tenho três filhos e sou um cacique maia. Os espanhóis jamais me aceitariam”, teria dito ao ex-colega de cativeiro. Até morrer, em 1531, Gerónimo se tornou intérprete dos espanhóis e ajudou na violenta conquista do México. Já Gonzalo liderou a resistência maia contra os espanhóis em Chetumal até ser morto no campo de batalha, em 1536. Seus filhos com a índia Zazil são considerados os primeiros mexicanos.

Cientistas letrados

Os pontos altos da civilização maia eram a astronomia, a matemática e o alfabeto

De olho no céu
O observatório de Caracol, na cidade de Chichén Itzá, foi construído por volta do ano 1050. O seu nome vem do formato da escada interna que leva ao posto de observação no topo do edifício.

Um dia após o outro
Em superfícies de pedra como esta, os maias usavam símbolos matemáticos para contar a passagem dos dias. O calendário maia era mais preciso que o dos europeus.

Escrituras
Placa de jade feita no século 5 mostra alguns dos mil caracteres do alfabeto maia, o mais completo existente entre os povos da América pré-colombiana.

Mestres das obras

Os suntuosos palácios e as grandes pirâmides maias eram ricamente ornamentados

A cobra que ri
Detalhe de um dos edifícios de Chichén Itzá mostra a cabeça da serpente emplumada, animal mítico que adorna muitas construções da cidade.

Selva de pedra
Palenque é uma das mais belas e monumentais cidades maias. A construção maior era um palácio, terminado no século 8. E a pirâmide foi o túmulo do líder Pacal, morto em 683.

Megacalendário
A pirâmide de Kukulcan, a mais famosa de Chichén Itzá, tem 25 metros de altura e quatro escadarias que, no total, possuem 364 degraus. Somados à cúpula, eles representariam os dias do ano.

Parece que foi ontem

Os maias eram hábeis artesãos e cultivavam hábitos que ainda são comuns na América

Craques na pelota
Assim como os astecas e olmecas, os maias também jogavam futebol, usando bolas de borracha. O artefato abaixo, do ano 590, é uma espécie de placar.

Pausa para o lanche
Algumas comidas típicas do México e da América Central nasceram com os maias. O curioso disco acima, por exemplo, era usado para fazer tortillas. Foi achado em Belize.

Reflexo particular
Encontrados na Guatemala, estes fragmentos compunham um espelho, feito de pirita. Provavelmente era usado por um rei para impressionar súditos.

Beleza real
Esculpida em jade, esta jóia foi achada no túmulo de uma rainha maia. A peça provavelmente era usada como adorno de cabeça, presa a uma coroa ou uma faixa.

Para assistir sem legenda

Expressões em maia-yucateco, o dialeto usado em Apocalypto

Ahau: deus.
Ah kin: sacerdote supremo.
Balam: jaguar.
Balché: vinho.
Chen: poço.
Chi: boca.
Chicle: borracha natural de mascar.
Copal: incenso.
Halach Uinic: rei.
Kin: sol.
Huipil: o vestido das mulheres.
Milpa: milho.
Nacom: comandante militar.
Pok-a-tok: futebol maia.
Quetzal: ave selvagem sagrada.
Sacbe: pedra usada nas construções.
Tulum: cerca.
Uinal: mês de 20 dias.
Xibalba: o submundo, para onde vão os mortos.
 
14 de março de 2013
O fascinante universo da história

LIÇÕES DO CONCLAVE A UM MUNDO MATERIALISTA

       
          Artigos - Cultura 
franciscoI
A existência de tantas regras limitando as possibilidades humanas de ação é o reconhecimento formal de que as esperanças do homem não devem residir em si mesmo, mas em Deus.

Há pouco mais de um mês, o então Papa Bento XVI pegou o mundo inteiro de surpresa ao anunciar a sua renúncia. Um número exíguo de pessoas conjeturava seriamente essa possibilidade, e um número ainda menor sabia que Bento XVI tinha essa intenção. Em seu anúncio, Bento XVI disse que no dia 28 de fevereiro, às 20h00, a Sé ficaria vacante oficialmente.

Após o choque inicial causado pelo anúncio, começou a corrida da imprensa internacional em especular os “reais motivos” da renúncia de Bento XVI – como se houvesse algum motivo razoável para se duvidar dos motivos elencados pelo Papa Emérito – e cobrir os preparativos para o Conclave que deveria escolher o novo Sumo Pontífice da Igreja Católica. Tivemos a oportunidade de ver uma enxurrada de “especialistas” – muitos deles não pisam numa paróquia há décadas, mas isso parece mero detalhe – sendo entrevistados diariamente pelos mais variados veículos de informação, que buscavam alguma espécie de pista, dica ou evidência do que poderia acontecer na eleição do Papa. Supostos favoritos foram eleitos pela mídia no Brasil e alhures, como os cardeais D. Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, e D. Angelo Scola, arcebispo de Milão. Falou-se muito em “partidos”, arranjos, conversas ao pé do ouvido, enfim, uma série de coisas que estamos acostumados a ver em eleições políticas ao redor do mundo. Um desfile de asneiras e sandices, a bem da verdade. No entanto, a cobertura do Conclave – e sobretudo o próprio – ensinaram muitas coisas preciosas.

Um Conclave não é um evento meramente humano, ao contrário do que se pensa. A comparação sub-reptícia e generalizada com eleições políticas comuns, comparação que se deu pela própria maneira como a reunião dos cardeais foi coberta, foi equivocada por não levar em consideração algumas características bastante especiais do Conclave: não há possibilidade de candidatura ao posto de Sumo Pontífice, ou seja, todos podem ser eleitos; a eleição é anulada se o cardeal eleito tiver votado em si mesmo; o resultado das votações é sempre secreto – o acesso aos nomes dos cardeais votados e ao quantitativo de votos é proibido, e quem divulgá-lo está automaticamente excomungado. As regras foram definidas pela
Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, do Papa João Paulo II. Para qualquer um que não esteja familiarizado com assuntos eclesiásticos – que é o caso da quase totalidade dos jornais e revistas do mundo, pelo visto, especialmente do jornal O Estado de S. Paulo –, isso tudo pode parecer muito, muito estranho. Afinal, por que tanto segredo? Por que tantas regras? E é aí que reside a grande lição do Conclave.

Vivemos em um mundo em que somos levados a crer que, de alguma forma, somos os senhores supremos de nossas vidas. Podemos ter o controle total de nossas existências, e, se não o temos, é porque alguém o tirou de nós. Todas as doutrinas materialistas que vicejam em nossos dias possuem esse núcleo, e todas elas já se encontram devidamente diluídas em nosso cotidiano, de modo que é difícil identificá-las. Segundo elas, o homem é o senhor de si mesmo e de seu destino, e qualquer crença em contrário tem o objetivo torpe de dominação e manipulação.

No entanto, a lição do Conclave – e da própria Igreja – é diametralmente diferente: o homem não é o senhor supremo de sua própria vida. O homem só alcança a verdadeira plenitude quando seus atos não são empecilho para a ação divina. A existência de tantas regras limitando as possibilidades humanas de ação é o reconhecimento formal de que as esperanças do homem não devem residir em si mesmo, mas em Deus; é a aceitação da imperfeição humana e da perfeição divina; é a manifestação da humildade da criatura diante do Criador, dos filhos diante do Pai. Quando o homem se assume senhor de si mesmo, ele está muito, muito longe da Verdade.

Providencialmente, a própria cobertura da mídia acerca da eleição do novo Sumo Pontífice é prova desse precioso ensinamento. O cardeal D. Jorge Mario Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires, um nome que sequer foi aventado pela esmagadora maioria dos meios de comunicação, foi eleito Papa hoje, 13 de março, escolhendo para si o nome de Francisco. Assim como a renúncia de Bento XVI, esse resultado pegou a todos de surpresa. Por quê? A resposta é, a um só tempo, simples e profunda: o homem só pode compreender a verdade das coisas quando deixa de olhar para si mesmo e põe seus olhos em Deus. E essa lição é especialmente preciosa nos tempos malucos em que vivemos.

 
14 de março de 2013
Felipe Melo

ESPONTANEIDADE FABRICADA

    
          Artigos - Movimento Revolucionário 
       
Um cidadão comum, moralmente conservador, sofre atualmente, a pressão ininterrupta de ter sua posição contestada e reprovada por uma falsa opinião pública fabricada nas salas dos engenheiros sociais.
 

É notório que as técnicas de manipulação psicológica das massas estão bem avançadas. Lançando mão das experiências de Pavlov, das intuições de Milton Erickson e de outras experiências desenvolvidas por experts no comportamento humano, institutos travestidos de beneficentes arrancaram a Psicologia dos laboratórios e clínicas e a conduziram para os centros de estudo, onde o objetivo tem sido desenvolver métodos de controle e direcionamento coletivos, aplicando-os desavergonhadamente na população.


Obviamente, o indivíduo ordinário, normalmente alheio às questões desse nível, sequer faz ideia de que seus gostos e escolhas podem não ser tão livres quanto ele imagina. É provável que seja mesmo completamente dirigido e sequer desconfie que isso aconteça.

Se obervarmos, por exemplo, a mudança de opinião que vem ocorrendo na sociedade, em relação a comportamentos que antes eram tidos universalmente como reprováveis, como é o caso do homossexualismo, do divórcio, do aborto etc., é difícil acreditar que tais mudanças aconteceram espontaneamente, e não como reações provocadas por um meticuloso trabalho de engenharia social.
Ilustrativamente, o exemplo dos estudos de Leon Festinger mostram uma das formas possíveis dessa manipulação. Em suas experiências, o professor concluiu que uma pessoa, ao fazer uma escolha, se expõe aos elementos cognitivos contrários a essa escolha, os quais, dependendo de sua relevância, podem causar maior ou menor pressão psicológica, o que ele denomina dissonância cognitiva, e reclamam invariavelmente por alívio. Para diminuir essa pressão, o indivíduo buscará elementos cognitivos apropriados que corroborem sua opção e, assim, diminuindo a força dos dados contrários, diminua consequentemente a dissonância.

Compreendendo o resultado desses estudos e observando o comportamento da sociedade, considerando, também, a constância da propaganda em favor das bandeiras libertinas, a qual todas as pessoas têm sido expostas há vários anos, não é difícil imaginar a intensidade da dissonância provocada, já que a convicção original da imoralidade dessas condutas situa-se exatamente na posição contrária do que é divulgado ininterruptamente pelos meios de comunicação em massa. A opção por uma posição moralmente conservadora é confrontada, ininterruptamente, com a ideia de que essa posição é errada, passível inclusive de reprimenda. Um cidadão comum, moralmente conservador, sofre todo o tempo, em nossa sociedade contemporânea, a pressão de ter sua posição contestada e reprovada por uma falsa opinião pública fabricada nas salas dos engenheiros sociais.

O sr. Festinger, porém, foi além em suas experiências e ainda detectou algo mais interessante. Quando alguém é exposto, por meio de ameaças ou promessas, à imperiosidade de publicamente acatar uma ideia, o que ele chama de condescendência forçada, mantendo, no entanto, uma opinião privada que seja conflitante com a declaração pública, isso gera invariavelmente também uma dissonância, que, obviamente, reclama por solução. Ocorre que, concluiu o pesquisador - e aqui está o dado surpreendente -, forçar um indivíduo a argumentar abertamente em favor de uma opinião contribuirá, muitas vezes, não para que a dissonância se torne mais forte, mas para que haja uma mudança da opinião privada em favor dessa mesma opinião pública, como forma de aliviar a pressão existente.
 
Assim, não é difícil entender a manipulação que está sendo empreendida na sociedade contemporânea. Obrigando a pessoa que originalmente defendia uma posição conservadora em relação aos temas morais, por meio de ameaças, como o de receber o estigma de intolerante, “homofóbico”, retrógrado e até criminoso, a publicamente acatar a ideia da normalidade e até dignidade de tais condutas, a engenharia social aplicada impõe sobre ela uma pressão psicológica que clama por alívio. Porém, ao impeli-la a agir constantemente em favor dessa condescendência forçada, a solução encontrada pela pessoa, muitas vezes, não será o conflito aberto contra aquilo que está contra suas convicções íntimas, mas, pelo contrário, como a experiência descrita demonstrou, sua adesão àquilo que lhe era contrário. Forçá-la a não criticar condutas tidas por ela como reprováveis, fazendo com que seja obrigada a, quando instada a falar sobre os tema, sempre ter que fazer ressalvas que diminuem a crítica, quando não invertem-na para um elogio, como vimos, pode conduzi-la a acatar exatamente a ideia que antes criticava.
 
Por isso, quando observamos a sociedade aderindo, em massa, à aprovação de todo o tipo de conduta que antes era tida simplesmente por imoral e reprovável, sabemos que isso não se dá porque essa mesma sociedade, por meio da reflexão, do debate e da razão chegou a essa conclusão, mas, unicamente, porque foi conduzida, como um gado pelo pasto, pelos peões comprometidos com a criação de uma sociedade segundo suas próprias dementes utopias.

14 de março de 2013
Fabio Blanco é advogado e teólogo.

PARCERIA NADA CELESTIAL: ALIANÇA EVANGÉLICA DECIDE APOIAR GOVERNO DO PT


          Artigos - Religião 
Gilberto Carvalho e Ariovaldo Ramos firmam parceria abominável entre governo e evangélicos.

O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, participou de importante reunião promovida pela Aliança Evangélica (AE) em 28 de fevereiro na Igreja Presbiteriana de Brasília, DF. Recebido por cerca de 70 líderes evangélicos, Carvalho ouviu de Ariovaldo Ramos, representante da AE, o compromisso de apoio. “Vamos apoiar as ações do Governo que favorecem o pequeno, o pobre… Queremos ser um instrumento de parceria”, disse Ariovaldo, que também declarou que irá fazer “cobranças” quando o governo se desviar do direcionamento socialista em suas políticas.
Ah, “ajudar” o pobre! É exatamente isso o que o socialismo faz: se torna o deus dos pobres, comprando a eles e seu voto mediante uma variedade de bolsas-esmolas que são verdadeiras armadilhas para a alma.
gilbertoaript
Gilberto Carvalho na reunião da Aliança Evangélica
Gilberto Carvalho agradeceu as palavras de Ariovaldo e confirmou o desejo do governo de caminhar em diálogo e parceria com a AE. “Ai das igrejas que perdem o caráter de profecia. Ai do governo que se fecha”, afirmou ele, em palavras que em muito recordaram Robinson Cavalcanti, que igualmente atrelava o caráter profético das igrejas ao ativismo socialista.
Encontro de “irmãos”
Carvalho, que também foi seminarista católico, confessou sentir-se dividido naquele momento: se falava como representante do governo ou como um irmão e companheiro da caminhada. “Agradeço do fundo do coração o convite. Somos companheiros de caminhada. Ouvir vocês foi um bálsamo, um oásis no deserto”.
Essa identificação de “irmãos” não é de forma alguma surpresa. Carvalho tem um histórico de engajamento nas comunidades eclesiais de base da Igreja Católica. Essas comunidades eram vespeiros da marxista Teologia da Libertação.
Gilberto Carvalho e Ariovaldo Ramos
Por sua vez, Ariovaldo Ramos é louvado pelos evangélicos progressistas como um dos principais “profetas” da Teologia da Missão Integral — que, segundo o próprio Ariovaldo, é a versão protestante da Teologia da Libertação. Ariovaldo se identifica como cristão reformado, de linha calvinista.
“O problema são os neopentecostais”
Contudo, algo mais os une. No evento na Igreja Presbiteriana de Brasília, Ariovaldo mais uma vez se queixou das igrejas neopentecostais, especialmente seus televangelistas — queixa amplamente compartilhada por toda a esquerda evangélica, desde Caio Fábio até o assassinado bispo marxista Robinson Cavalcanti.
Essa queixa também encontra eco nos resmungos políticos de Gilberto Carvalho. No ano passado, ele disse que o PT precisava fazer uma disputa ideológica com os televangelistas neopentecostais, que estão minando as campanhas do PT de doutrinação pró-aborto e pró-homossexualismo da população.
O PT quer, na visão de Carvalho, tirar da influência neopentecostal suas vastas multidões que têm sido ensinadas a rejeitar a agenda abortista e homossexualista do governo.
Mudez diante do histórico de Carvalho envolvendo assassinatos
Carvalho, atuante homem forte no governo de Lula e Dilma Rousseff, foi o principal articulador do PT nos eventos posteriores ao assassinato de Celso Daniel, o prefeito petista de Santo André que “sabia demais”. Várias pessoas que foram testemunhas do assassinato foram depois também assassinadas. O caso envolvia grandalhões.
Carvalho era braço-direito do prefeito e, conforme denunciaram os irmãos do prefeito assassinado que hoje encontram-se exilados em outro país por ameaças de morte, o PT tinha um grande esquema de corrupção em Santo André, onde enormes somas de dinheiro eram levadas à cúpula do PT — no caso, para José Dirceu.
Com a força sinistra de Carvalho, o caso foi abafado, com todos os seus escândalos e sangue derramado. Está fácil para o PT agir como se dominasse tudo. Afinal, como declarou o colunista Reinaldo Azevedo: “Os petistas, embora não o digam em público, consideram que a oposição está liquidada”.
Televangelistas: única oposição que sobrou contra a agenda socialista de aborto e sodomia
De fato, o PT não tem oposição política ou midiática secular nenhuma. O PSDB, que é pintado como “oposição”, nada mais faz do que imitar o PT, como comprova a insana lei anti-“homofobia” do Estado de São Paulo, a qual saiu diretamente das entranhas do PSDB.
Na eleição de 2010, o Brasil inteiro viu como o PT estremeceu quando as denúncias de sites e blogs evangélicos contra o aborto e o homossexualismo colocaram em risco a eleição de Dilma Rousseff, que precisou mentir para ganhar o público evangélico. O PT continua com medo dos evangélicos.
De modo geral, a mídia evangélica se abstém de tocar em assuntos que incomodam o governo, como aborto e homossexualismo. Às vezes, quando falam, acabam recuando, como aconteceu com a Universidade Presbiteriana Mackenzie, que tinha um manifesto contra o PLC 122, mas prontamente o retirou quando os ativistas gays ameaçaram.
Entretanto, na televisão, a voz mais forte e vigorosa contra a agenda gay tem sido a de Silas Malafaia, seguida de algumas outras poucas vozes de líderes neopentecostais.
Essas vozes poderiam ser mais fortes, mas foram cooptadas pelo PT mediante o trabalho satânico de evangélicos petistas. No início da década de 1990, a revista Ultimato, de linha calvinista esquerdista, se revoltava contra a oposição neopentecostal feroz ao PT. Paul Freston, que era membro de carteirinha do PT e articulista da Ultimato, se queixava de que as igrejas neopentecostais usavam suas redes de televisão para mostrar oposição sólida ao PT, e questionava como levá-las aos currais petistas.
Graças à lábia macia de Caio Fábio, que era então colunista da revista Ultimato e o maior pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, essas igrejas acabaram se unindo a muitas igrejas históricas no apoio ao PT, embora muitas delas ainda usem, ainda que timidamente, seus canais de televisão para condenar a legalização do aborto e da sodomia.
Denúncias “proféticas” contra Marcos Feliciano, mas não contra Carvalho e o PT
Para Gilberto Carvalho, o apoio dos neopentecostais é inconfiável. Um dos exemplos é Marcos Feliciano, que em 2010 militava pela eleição de Dilma Rousseff. Mas ele nunca deixou de expressar publicamente sua oposição ao aborto e ao homossexualismo, gerando incomodo e mal-estar no PT.
Em contraste, evangélicos progressistas como Ariovaldo Ramos e seus colegas da Aliança Evangélica preferem fazer outros tipos de cobrança do governo: maiores intervenções estatais na economia pretensamente para ajudar os pobres, maior estatização da educação e saúde, etc. Enfim, a proposta deles, conscientemente ou não, coloca o governo como o Grande Deus Pai de todos, gerando plena satisfação no PT e outros partidos socialistas.
Embora a AE também tenha algumas declarações que parecem apontar para um posicionamento pró-vida e pró-família, essas não são suas preocupações principais. Além disso, a AE nunca mostrou nenhum sussurro “profético” contra os constantes esforços do governo de avançar a legalização do aborto e do homossexualismo.
Enquanto o governo socialista de Dilma Rousseff despeja propaganda atrás de propaganda a favor do aborto e do homossexualismo, tudo o que a AE faz é bocejar. Mas o que ficou muito mais vergonhoso é que vários líderes da AE, inclusive o próprio Ariovaldo Ramos, assinaram documento de repúdio à nomeação do Pr. Marcos Feliciano à presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Eles preferiram se unir ao fundamentalismo socialista do PT, que promove descaradamente a cultura da morte, nos ataques a Feliciano — que, mesmo tendo apoiado o PT no passado, não abre mão de denunciar profeticamente a agenda de aborto e homossexualismo do governo.
Esse tipo de denúncia profética, que é bíblica, a AE nunca fez, e diante dos chefões do PT, não a faz. Mas ataca furiosamente os que a fazem.
AE: Nada de denunciar a obsessão estatal de aborto e sodomia
O próprio Ariovaldo, um dos chefões da AE, não cobrou de Carvalho a obsessão dele e do governo petista envolvendo o aborto e o homossexualismo. Aliás, Ariovaldo nem quis mencionar o sinistro papel do ministro antes, durante e depois dos assassinatos em Santo André. Pelo contrário, os dois se abraçaram como irmãos.
Entretanto, para Feliciano, nada de abraços. Só condenações. Muito diferente de Carvalho, Feliciano, por mais imperfeito que seja, não tem histórico de envolvimento com assassinatos, nem com aborto, nem com homossexualismo. Mas em vez de assinar um documento público contra Carvalho, Ariovaldo e seus capangas da AE assinaram um documento contra Feliciano.
Quer deixar o diabo, o inferno e o PT felizes? Chame um evangélico progressista para fazer as coisas. De acordo com o Dicionário Aurélio, “progressista” significa: “Diz-se de quem, não pertencendo a um partido socialista ou comunista, aceita e/ou apóia, no entanto, os princípios socialistas ou marxistas”.
Como todos os membros da AE, Feliciano também já cometeu o erro de apoiar o PT. Mas ele foi “infiel” ao não abrir mão de denunciar o aborto e o homossexualismo. Agora, ele está sofrendo as consequências: a ira do PT, do movimento gay, da esquerda secular e… da esquerda evangélica, muito bem representada pela AE.
“Denúncias” para ajudar o governo a manter os pobres brasileiros no curral socialista
Como fiel adepta da esquerda, a AE nunca incomodará Carvalho e o PT sobre assassinatos, aborto e homossexualismo. A única denúncia “profética” que poderia vir da AE contra o governo é se o governo se desviar de seu chamado socialista de Grande Deus Pai de todos.
Se o governo deixar de dar bolsas-esmolas, comprando assim o voto e alma dos pobres brasileiros, aí sim a voz da AE, através de Ariovaldo Ramos e outros representantes, falará com sua típica estridência “profética” inspirada em Karl Marx. Esse é o tipo de voz que Gilberto Carvalho e o PT adoram ouvir.
Afinidade e irmandade
Carvalho vê afinidade e esperança nesse tipo de evangélico. Os dois lados querem o governo como Grande Deus Pai de todos e os dois veem as igrejas neopentecostais com muita preocupação e obstáculo para suas ambições.
Nada mais justo do que os dois caminharem juntos como irmãos, ainda mais que as eleições presidenciais de 2014 estão chegando.
Por isso, não é de estranhar que os irmãos tenham celebrado uma parceria dentro de um templo da IPB em Brasília.
Nada mais justo Ariovaldo Ramos representar a Aliança Evangélica e Gilberto Carvalho representar o governo. Aliança perfeita! Parceria perfeita!
Contudo, será que todos os presbiterianos do Brasil concordam que um templo da IPB tenha sido usado para essa aliança nada celestial?
A reunião da AE com a presença do ministro Gilberto Carvalho na Igreja Presbiteriana de Brasília firmou os passos numa parceria estratégica que, de acordo com os idealizadores, vai até 2015.
A reunião foi feita no mesmo dia (28 de fevereiro) em que o supremacista gay Jean Wyllys foi ovacionado na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Eu poderia dar para a AE este versículo:
“Jamais vos coloqueis em jugo desigual com os descrentes. Pois o que há de comum entre a justiça e a injustiça? Ou que comunhão pode ter a luz com as trevas?”
(2 Coríntios 6:14 KJA)
Mas como o calvinista Ariovaldo Ramos e o católico Gilberto Carvalho conhecem a Bíblia e, ainda assim, preferem caminhos socialistas, só posso perguntar: O que há de incomum entre um socialista calvinista e um socialista católico? Ou que desunião e descomunhão poderiam haver entre a Aliança Evangélica e o governo socialista de Dilma Rousseff?
Trevas combinam com as trevas. Evangélicos esquerdistas combinam com católicos esquerdistas. E evangélicos esquerdistas combinam com governo esquerdista.
Nada, pois, poderá atrapalhar a parceria deles — a não ser alguns neopentecostais!

14 de março de 2013
Julio Severo
Com informações da revista Ultimato e site da Aliança Evangélica