"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 21 de agosto de 2012

O MENTIROSO VOLTOU...



 
Comercial de Lula para o poste Haddad. Ele é o melhor poste depois da Dilma.
21 de agosto de 2012
in coroneLeaks

O QUE PODE UM PROFESSOR


As duas escolas que conquistaram a segunda e a terceira maiores notas do país no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) ficam na zona rural de Cambuci, um município pobre do Rio de Janeiro. A cerca de 350 quilômetros de Ipanema.


 

Brilharam ao ultrapassar a colocação de colégios grandes e tradicionais como Pedro II, Aplicação da UFRJ e Militar.
Nesse caso, o ranking é o que menos conta. Sobressai a valorização da escola e do professor pelo aluno, pela comunidade; onde o foco não é o vestibular. É formar cidadãos para a vida.
A maior dificuldade dos estudantes de lugares como Cambuci, para cursar o nível superior, está na falta de dinheiro para pagar transporte ou moradia que lhes possibilite frequentar a universidade mais próxima.
Mesmo assim, avaliações pontuais como essas embalam esperanças, apesar de ainda não terem grande significado na Prova Brasil. O país continua lá embaixo no ranking mundial de educação. A lição é a de que nem sempre instalações espetaculares funcionam como garantia para uma boa escola.
A qualidade do ensino continua a depender do essencial: do professor com aptidão, qualificado, motivado. Que goste de ensinar. E que precisa ser reconhecido. Costumo me perguntar em que momento esse professor deixou de ser valorizado, a ponto do antigo prestígio se manter excepcionalmente.
E interrogo-me (absurdamente) se “ensinamentos” de um pastor, padre ou político passaram a ser mais importantes que os de um mestre formado. A autoridade de professor era prioritária, preservada hierarquicamente, mesmo diante de um padre, de uma freira, de um pastor luterano ou de um vereador. Quem ousava desrespeitar uma professora primária?
Agora existem novas crenças. E crendices intolerantes que podem “paralisar” intelectos. Outra coisa. Há uma distorção em considerar o uso de computadores como “avanço no ensino”. Não, os recursos eletrônicos são apenas ferramentas atualizadas para as aulas. Estas, sim, precisam avançar.
Por exemplo. Como ensinar sobre o Sistema Solar sem mencionar o robô Curiosity em Marte? Não, não esqueci. Professor é de carne-e-osso: come, veste-se, reside, tem família, precisa de lazer. E continuar estudando. A interpretação da história muda, a geopolítica se redesenha e a ciência evolui.
Na década de 60, o “rebaixamento” do professor foi por censura nas salas de aula. Hoje haveria risco de patrulha? Um professor tem de estimular o raciocínio lógico do aluno, ensiná-lo a pensar; questionar dogmas...
 21 de agosto de 2012
Ateneia Feijó é jornalista

REFÉNS DA FANTASIA

Se os hoje réus em julgamento no Supremo Tribunal Federal tivessem de fato convicção de que o único crime do PT e companhia fosse a prática do caixa 2 em campanhas eleitorais, natural que tivessem se defendido do delito.

Ao menos na época em que o assunto estava restrito ao campo político, já que depois do oferecimento da denúncia pelo procurador-geral Antonio Fernando de Souza por peculato, corrupção, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, o "núcleo político" precisou recorrer a qualquer recurso para se defender, por mais frouxo que fosse.

Na primeira fase, entre a criação da CPI dos Correios em função da exibição de um vídeo de funcionário da estatal ligado ao PTB recebendo R$ 3 mil de propina, a denúncia de Roberto Jefferson e o deslocamento do foco das investigações para o mensalão, o que se ouviu foram negativas peremptórias sobre quaisquer tipos de acertos financeiros.

Apenas a partir da revelação de dados e fatos impossíveis de serem desmentidos é que os envolvidos saíram do estado de negação para o de adaptação de justificativas.

Até que em meados de julho - quase três meses depois da cena que originou todo o escândalo - adotou-se oficialmente a versão do caixa 2 consolidada na entrevista dada pelo presidente Lula em Paris atribuindo as ações de seu partido aos defeitos do sistema: "Do ponto de vista eleitoral o PT fez o que é sistematicamente feito no Brasil", disse.

Desde então, essa passou a ser a história a que estariam presos os advogados na construção das peças em prol dos clientes. Por partirem do princípio da aceitação de ilícito "menor", assentaram como verdadeira a ocorrência de delitos "maiores".

De onde ficaram prejudicadas, por inverossímeis, as defesas apresentadas no processo procurando mostrar os acusados como homens de bem, vítimas de insidiosa perseguição, porque a medida é uma só: se há culpa assumida, seja de que tamanho for, rompido está o pressuposto da inocência.

Sobre a inconsistência dessa versão, aliás, em 2005 já dava insuspeita notícia o presidente da CPI, o petista Delcídio Amaral: "Tudo indica, pelas movimentações financeiras investigadas pela CPI até agora, que perde força a tese de que os empréstimos de Valério foram feitos apenas para viabilizar caixa 2 de partidos".

Poder alienado. Muito já se falou sobre o erro de cálculo do governo federal sobre o potencial de mobilização das lideranças sindicais do serviço público.

Os analistas da cena da prolongada greve também já abordaram a inação do Executivo na regulamentação da Constituição, tema transitoriamente resolvido pelo STF 2007 com a decisão de submeter essas paralisações às regras vigentes para o setor privado.

Só não se fala da indiferença do Legislativo. Legalmente, a iniciativa cabe ao Executivo, mas isso não obriga nem justifica que o Parlamento se mantenha alheio ao que se passa no País enquanto se recolhe a um extravagante "recesso branco" para cuidar das eleições municipais.

Vale dizer, para tratar da conveniência de deputados e senadores ocupados em fortalecer suas bases nos municípios a fim de assegurar suas sobrevivências políticas.

Nada a ver com a função para a qual foram eleitos pelo público votante e, sobretudo, pagante, que nesse momento certamente gostaria de contar com um Parlamento empenhado em levantar o debate para levar o Planalto a cuidar da regulamentação.

Mas, o Congresso não quer ele próprio deixar sua zona de conforto. Só entra em atrito com o Planalto na retórica, quando o partido é de oposição ou quando a maioria governista se vê ameaçada no atendimento de suas reivindicações específicas.

Por tolerância, ignorância ou descrença, do Poder Legislativo não se cobra a execução do papel de mediador ativo da sociedade, deixando que deputados e senadores acabem por atuar como representantes de si mesmos.

21 de agosto de 2012
Dora Kramer - O Estado de S.Paulo

"NÃO SOU O MENINO MALUFINHO", DIZ RUSSOMANNO


Celso Russomano prometeu entregar os dois primeiros anos do mandato a Lula e os outros dois a Maluf, caso seja eleito. "Tá bom pra vocês?", perguntou.

TÚNEL DA MARTA - Vestindo suspensórios e um bonezinho, o candidato Celso Russomanno, com um pirulitinho colorido na mão, subiu num banquinho e berrou, chorando: "Eu não sou o Menino Malufinho!". "O Maluf é feio!", completou, dando uma lambidinha na guloseima.

A seguir, alegando preocupação com os direitos do consumidor, Russomanno entrou com representação na Justiça Eleitoral pedindo a antecipação das eleições: "Exigimos que seja no próximo domingo. O consumidor tem o direito de ver sua novela em paz. E eu adoro a Mãe Lucinda e prometo tirar aquelas crianças do lixão", disse o candidato, que lidera as pesquisas de intenção de voto em São Paulo.

O PT também recorreu à Justiça Eleitoral para adiar o pleito. "Não podemos deixar que as eleições atrapalhem o julgamento do mensalão. Vamos votar em dezembro, perto do Natal, em clima de paz e amor", disse Lula, vestido de Papai Noel, com Fernando Haddad sentado no colo. A seguir, cochichou no ouvido do candidato: "Haddad, você tá bem pesado, meu filho".

José Serra aproveitou o ensejo e também foi à Justiça Eleitoral. "Precisamos acabar com esse trololó de mandato de quatro anos para prefeito de São Paulo. Não faz sentido numa cidade tão dinâmica. Exigo que seja reduzido para dois anos, sem direito à reeleição", defendeu o tucano. A seguir, disse que vai se dedicar exclusivamente à família a partir de 2014. "Nem penso mais na Presidência. Se você quiser, lá em casa eu assino até um papelzinho", disse a uma jornalista. Este Herald apurou que Serra planeja disputar a presidência do Palmeiras em 2014.

Com o cenário eleitoral tão indefinido, Paulo Maluf resolveu também recorrer à Justiça Eleitoral para registrar sua candidatura a prefeito. E anunciou: "Vamos recriar a Paulipetro. Há sinais claríssimos de que o lago do Ibirapuera tem a maior reserva de petróleo da América Latina".

À tarde, o assessor Adilson Laranjeira soltou uma nota oficial: "Paulo Maluf não tem nem nunca teve lombriga na barriga".


21 de agosto de 2012
The i-Piaui Herald

BRASIL É O 4º PAÍS MAIS DESIGUAL DA AMÉRICA SEGUNDO A ONU

Relatório também indica que há uma desaceleração urbana na região


Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

Manifesto em Copacabana visa combater a desigualdade social, a fome e a miséria
O Brasil é o quarto país mais desigual da América Latina, atrás somente da Guatemala, Honduras e Colômbia, informa o site G1, com base em relatório sobre as cidades latino-americanas feito pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat). Entretanto o país avançou no combate à desigualdade, já que em 1990 era o líder do ranking das nações com pior distribuição de renda.

O estudo também mostra que em 2020, 90% da população brasileira estarão vivendo nas cidades, assim como seus vizinhos do Cone Sul (Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai). Embora seja a menos povoada em relação ao seu território, a região da América Latina e do Caribe é a mais urbanizada do mundo e quase 80% de suas populações vivem hoje nas cidades. Apesar desse panorama, após décadas de êxodo rural, o estudo demonstra que a explosão urbana é coisa do passado e que desde 2000 o crescimento médio anual da população na região tem sido inferior a 2%, crescimento considerado normal, segundo o relatório.

O estudo aponta ainda que a desaceleração populacional na região, iniciada há cerca de 20 anos, deve continuar e que até 2030 o número de habitantes na maioria dos países latino-americanos e caribenhos crescerá menos de 1% ao ano. A atual estabilidade demográfica é muito vantajosa para várias dessas nações, onde a população ativa supera em muito a de crianças e velhos.

A situação privilegiada, porém, não durará mais que 30 anos e as nações devem aproveitá-la para se preparar para um futuro sustentável, com boa estrutura para os idosos que serão maioria em algumas décadas. Para aproveitar esse momento, o estudo sugere uma série de medidas e novo modelo de crescimento diferentes dos atuais, que impulsionem a expansão das periferias, de rodovias, condomínios fechados e veículos individuais.

A proporção de pessoas vivendo em favelas diminuiu nas últimas duas décadas, mas o relatório mostra que cerca de 111 milhões de pessoas ainda vivem nesses espaços, a maioria segregada socialmente e espacialmente, com poucos locais de lazer, pouco transporte público, serviços básicos precários e poucos equipamentos sociais e estruturas produtivas.
Atualmente, 124 milhões de habitantes nas cidades vivem em situação de pobreza, uma em cada quatro pessoas nas áreas urbanas.

A elaboração do relatório foi apoiada pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), a Federação Latino-Americana de Cidades, Municípios e Associações de Governos Locais (Flacma), pelos Ministros e Autoridades Máximas de Habitação e Desenvolvimento Urbano da América Latina e do Caribe (Minurv) e pela Aliança para as Cidades e o Banco de Desenvolvimento na América Latina (CAF).

21 de agosto de 2012
O Globo, com agência Brasil

JÁ NA PRIMEIRA 'FATIA' BARBOSA FULMINA A TESEDE CAIXA DOIS USADA NA DEFESA DA MAIORIA DOS RÉUS


 
No julgamento fatiado do processo do mensalão, o relator Joaquim Barbosa serviu aos réus uma primeira fatia indigesta. Refutou a tese do caixa dois, sustentou que há dinheiro público no escândalo, votou pela condenação de cinco dos 37 réus e sinalizou que, a depender do seu voto, o rol de encrencados será grande.
A exemplo do que fizera em 2007, quando o Supremo converteu a denúncia da Procuradoria em ação penal, Barbosa abriu o seu voto pelo pedaço dos autos que trata do dinheiro. Na semana passada, concluíra que, sob o deputado petista João Paulo Cunha, a Câmara ralizara pagamentos indevidos à SMP&B, agência de Marcos Valério.
Nesta segunda (20), expôs evidências de que a DNA Publicidade, a outra agência de Valério, foi beneficiária de pagamentos ilegais também no Banco do Brasil. Ali, favoreceu-a outro petista: Henrique Pizzolato, ex-diretor de Marketing da instituição. Em cinco horas, Barbosa percorreu dois ralos.
No maior, escorreram R$ 73 milhões. Dinheiro do fundo Visanet, antecipado ilegalmente por Pizzolato a Valério e seus sócios sem que a DNA houvesse comprovado a contraprestatação de serviços de publicidade. No ralo menor, escoaram R$ 2,9 milhões. Verbas originárias de descontos obtidos pela DNA junto a fornecedores e veiculadores de publicidade do BB. Chamados de “bônus de valor”, tais descontos pertenciam, por contrato, ao BB. Mas a DNA apropriou-se deles.
Em troca dos malfeitos, lembrou Barbosa, Pizzolati foi brindado com uma propina de R$ 326 mil da DNA. Dinheiro vivo. Sem meias palavras, o relator informou que a verba desviada do BB abasteceu as arcas do mensalão. Declarou que uma parte foi parar nas mãos de deputados cujos nomes foram indicados a Valério por Delúbio Soares, o ex-gestor da tesouraria do PT.
Barbosa foi além: sustentou que, para dar aparência legal aos repasses ilegais do BB, Valério e os sócios dele avalizaram os supostos empréstimos que o PT diz ter obtido junto ao Banco Rural e ao BMG. Na expressão do relator, esses empréstomos foram “simulados”.
Quer dizer: além de votar pela condenação de João Paulo, Pizzolati, Valério e Cia, Barbosa deixou antever que, nos capítulos seguintes, mandará à grelha os gestores do Rural e do BMG, além dos deputados que beliscaram as valarerianas que seus advogados alegam não ter passado de caixa dois de campanha.
Resta agora saber quantos ministros vão seguir a linha aberta pelo voto do relator. Num colegiado de 11 magistrados, Barbosa precisa da adesão de cinco para prevalecer. Nesta quarta (22), o revisor do processo, Ricardo Lewandowski, lerá o pedaço do seu voto referente à“fatia” já servida pelo relator.
Depois, serão colhidos os votos dos demais, na sequência inversa da antiguidade. Logo, logo a plateia começará a conhecer o humor do STF. Se imperar o ânimo condenatório de Barbosa, as fatias do STF não terão gosto de pizza
 
21 de agosto de 2012
Por Josias de Souza - Uol Notícias

POLÊMICA REGIMENTO INTERNO DO SUPREMO NÃO IMPEDE PELUSO DE ANTECIPAR TODO O VOTO, NÃO!!!


O Supremo tem de decidir agora, e não mais tarde, a situação do ministro Cezar Peluso no julgamento do mensalão. Nesta terça, Ayres Britto, presidente do tribunal, disse que cabe a Peluso decidir se pede ou não para antecipar o voto, já que deixa o tribunal no dia 3 de setembro, quando completa 70 anos. O Artigo 135 do Regimento Interno do Supremo trata do assunto. Acho que o caso em questão sugere que sua redação deva ser alterada. Vamos ver o que está lá.

Art. 135 – Concluído o debate oral, o Presidente tomará os votos do Relator, do Revisor, se houver, e dos outros Ministros, na ordem inversa da antiguidade.

 § 1º Os Ministros poderão antecipar o voto se o Presidente autorizar.
§ 2º Encerrada a votação, o Presidente proclamará a decisão.
§ 3º Se o Relator for vencido, ficará designado o Revisor para redigir o acórdão.
§ 4º Se não houver Revisor, ou se este também tiver sido vencido, será designado para redigir o acórdão o Ministro que houver proferido o primeiro voto prevalecente.

Voltei

O Capítulo 1º diz que “os ministros poderão antecipar o voto se o presidente autorizar”. Quais ministros e se antecipar a quem? O regimento não diz. Em razão das circunstâncias, poderia se antecipar ao voto do próprio relator e do próprio revisor? Segundo o regimento, “sim”, já que não está evidenciado ali um “não”. Ficaria a critério do presidente. Observem que não está escrito ali que a antecipação só pode se dar entre os nove membros da corte que não estão nem com a relatoria nem com a revisão.

Mais: a antecipação de voto é uma prática corriqueira no próprio tribunal. Muitas vezes, no debate entre os ministros, isso acaba acontecendo. A rigor, é uma questão mais de etiqueta do que de regimento. Mas não estou propondo, não, trocar uma coisa por outra. Insisto que o Artigo 135 não impede nenhuma antecipação. E só depende da vontade do presidente.

Caso Peluso venha a fazê-lo, duvido que Britto tome essa decisão sozinho. Vai querer submetê-la a seus pares. A palavra, como quer o regimento, é sua, mas ele fará o que decidir a maioria.

Deve ou não?

Não havendo um óbice regimental — e entendo que não há — e considerando que Peluso participou de todo o processo, conhece-o a fundo e, A EXEMPLO DE TODOS OS MINISTROS ALI, JÁ TEM SEU VOTO REDIGIDO, é evidente que defendo que ele o antecipe.

Caso Peluso venha a fazê-lo, haverá algum barulho. No próprio tribunal, haverá ministros que se oporão à antecipação. Alguns advogados de defesa certamente voltarão à tese do julgamento de exceção etc. Bem, julgamento de exceção é aquele que se dá à margem da lei, na pura discricionariedade. É evidente que não seria o caso.

Encerrando
O mais importante é que se tome uma decisão, qualquer que seja ela. A esta altura, ruim mesmo é a indefinição.

21 de agosto de 2012
Por Reinaldo Azevedo

OTÁRIOS AINDA PENSAM QUE CARRO É SINAL DE STATUS


Há muitos e muitos anos faço uma indagação: - Como é que um sujeito pode pagar por um carro comum o preço de um apartamento?
 
Jamais me entrou nesta vasta cabeça um absurdo desses. Por mais caro que seja o condomínio é mais barato do que seguro, IPVA, garagem, etc.
 
As vezes converso isso com o Gustavo, mi hijo, quase formado em Economia, que se nega a comprar carro - pelo menos por enquanto. Ele acredita - assim como eu - que o cara tem que ter necessidade de um veículo, seja qual for. Jamais será um investimento. O vendedor do "veículo de passeio", como dizem os repórteres de rádio, sempre perde dinheiro na troca.
Aí ontem ele me passou dois artigos.
 
Um, da Revista Forbes, assinado pelo jornalista Kenneth Rapoza, mostra, em resumo, como os brasileitos são otários.
 
O outro, do UOL Carros, mostra, de forma claríssima, que o lucro, e não imposto, faz brasileiro pagar o carro mais caro.
Vamos a eles?
 
Rapoza, que morou no Brasil, afirma que o Dodge Durango, que será apresentado no Brasil em outubro no Salão do Automóvel de São Paulo, será vendido no Brasil por 190 mil reais, valor que daria para comprar três modelos do carro em Miami. Ele diz que não há status em comprar um Toyota Corolla, Honda Civic, Jeep Cherokee ou Dodge Durango. "Um professor de escola primária do Bronx pode comprar facilmente um Grand Cherokee pouco rodado", comenta. Hahahaha!!
 
Chamou esse tipo de brasileiro, que acha que é status ter um carro de 200, 300 mil, de quê, mesmo?
Acompanhe o início do outro artigo:
 
O Brasil tem o carro mais caro do mundo. Por quê? Os principais argumentos das montadoras para justificar o alto preço do automóvel vendido no Brasil são a alta carga tributária e a baixa escala de produção. Outro vilão seria o “alto valor da mão de obra”, mas os fabricantes não revelam quanto os salários – e os benefícios sociais - representam no preço final do carro. Muito menos os custos de produção, um segredo protegido por lei.
 
A explicação dos fabricantes para vender no Brasil o carro mais caro do mundo é o chamado Custo Brasil, isto é, a alta carga tributária somada ao custo do capital, que onera a produção. Mas as histórias que você verá a seguir vão mostrar que o grande vilão dos preços é, sim, o Lucro Brasil. Em nenhum país do mundo onde a indústria automobilística tem um peso importante no PIB, o carro custa tão caro para o consumidor.
 
A indústria culpa também o que chama de Terceira Folha pelo aumento do custo de produção: gastos com funcionários, que deveriam ser papel do Estado, mas que as empresas acabam tendo que assumir, como condução, assistência médica e outros benefícios trabalhistas.
 
Com um mercado interno de um milhão de unidades em 1978, as fábricas argumentavam que seria impossível produzir um carro barato. Era preciso aumentar a escala de produção para, assim, baratear os custos dos fornecedores e chegar a um preço final no nível dos demais países produtores.
Pois bem: o Brasil fechou 2010 como o quinto maior produtor de veículos do mundo e como o quarto maior mercado consumidor, com 3,5 milhões de unidades vendidas no mercado interno e uma produção de 3,638 milhões de unidades.
 
Três milhões e meio de carros não seria um volume suficiente para baratear o produto? Quanto será preciso produzir para que o consumidor brasileiro possa comprar um carro com preço equivalente ao dos demais países?
 
Segundo Cledorvino Belini, presidente da Anfavea, “é verdade que a produção aumentou, mas agora ela está distribuída em mais de 20 empresas, de modo que a escala continua baixa”. Ele elegeu um novo patamar para que o volume possa propiciar uma redução do preço final: cinco milhões de carros.
Mais essa:
 
A carga tributária caiu e o preço do carro subiu
 
O imposto, o eterno vilão, caiu nos últimos anos. Em 1997, o carro 1.0 pagava 26,2% de impostos, o carro com motor até 100cv recolhia 34,8% (gasolina) e 32,5% (álcool). Para motores mais potentes o imposto era de 36,9% para gasolina e 34,8% a álcool.
 
Hoje – com os critérios alterados – o carro 1.0 recolhe 27,1%, a faixa de 1.0 a 2.0 paga 30,4% para motor a gasolina e 29,2% para motor a álcool. E na faixa superior, acima de 2.0, o imposto é de 36,4% para carro a gasolina e 33,8% a álcool.
 
Quer dizer: o carro popular teve um acréscimo de 0,9 ponto percentual na carga tributária, enquanto nas demais categorias o imposto diminuiu: o carro médio a gasolina paga 4,4 pontos percentuais a menos. O imposto da versão álcool/flex caiu de 32,5% para 29,2%. No segmento de luxo, o imposto também caiu: 0,5 ponto no carro a gasolina (de 36.9% para 36,4%) e 1 ponto percentual no álcool/flex.
 
Enquanto a carga tributária total do País, conforme o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, cresceu de 30,03% no ano 2000 para 35,04% em 2010, o imposto sobre veículo não acompanhou esse aumento.
 
Isso sem contar as ações do governo, que baixaram o IPI (retirou, no caso dos carros 1.0) durante a crise econômica. A política de incentivos durou de dezembro de 2008 a abril de 2010, reduzindo o preço do carro em mais de 5% sem que esse benefício fosse totalmente repassado para o consumidor.
 
As montadoras têm uma margem de lucro muito maior no Brasil do que em outros países. Uma pesquisa feita pelo banco de investimento Morgan Stanley, da Inglaterra, mostrou que algumas montadoras instaladas no Brasil são responsáveis por boa parte do lucro mundial das suas matrizes e que grande parte desse lucro vem da venda dos carros com aparência fora-de-estrada. Derivados de carros de passeio comuns, esses carros ganham uma maquiagem e um estilo aventureiro. Alguns têm suspensão elevada, pneus de uso misto, estribos laterais. Outros têm faróis de milha e, alguns, o estepe na traseira, o que confere uma aparência mais esportiva.
Para encerrar:
 
A margem de lucro é três vezes maior que em outros países
 
O Banco Morgan concluiu que esses carros são altamente lucrativos, têm uma margem muito maior do que a dos carros dos quais são derivados. Os técnicos da instituição calcularam que o custo de produção desses carros, como o CrossFox, da Volks, e o Palio Adventure, da Fiat, é 5 a 7% acima do custo de produção dos modelos dos quais derivam: Fox e Palio Weekend. Mas são vendidos por 10% a 15% a mais.
 
O Palio Adventure (que tem motor 1.8 e sistema locker), custa R$ 52,5 mil e a versão normal R$ 40,9 mil (motor 1.4), uma diferença de 28,5%. No caso do Doblò (que tem a mesma configuração), a versão Adventure custa 9,3% a mais.
 
O analista Adam Jonas, responsável pela pesquisa, concluiu que, no geral, a margem de lucro das montadoras no Brasil chega a ser três vezes maior que a de outros países.
O Honda City é um bom exemplo do que ocorre com o preço do carro no Brasil. Fabricado em Sumaré, no interior de São Paulo, ele é vendido no México por R$ 25,8 mil (versão LX). Neste preço está incluído o frete, de R$ 3,5 mil, e a margem de lucro da revenda, em torno de R$ 2 mil. Restam, portanto R$ 20,3 mil.
 
Adicionando os custos de impostos e distribuição aos R$ 20,3 mil, teremos R$ 16.413,32 de carga tributária (de 29,2%) e R$ 3.979,66 de margem de lucro das concessionárias (10%). A soma dá R$ 40.692,00. Considerando que nos R$ 20,3 mil faturados para o México a montadora já tem a sua margem de lucro, o “Lucro Brasil” (adicional) é de R$ 15.518,00: R$ 56.210,00 (preço vendido no Brasil) menos R$ 40.692,00.
 
Isso sem considerar que o carro que vai para o México tem mais equipamentos de série: freios a disco nas quatro rodas com ABS e EBD, airbag duplo, ar-condicionado, vidros, travas e retrovisores elétricos. O motor é o mesmo: 1.5 de 116cv.
Será possível que a montadora tenha um lucro adicional de R$ 15,5 mil num carro desses? O que a Honda fala sobre isso? Nada. Consultada, a montadora apenas diz que a empresa “não fala sobre o assunto”.
 
Na Argentina, a versão básica, a LX com câmbio manual, airbag duplo e rodas de liga leve de 15 polegadas, custa a partir de US$ 20.100 (R$ 35.600), segundo o Auto Blog.
Já o Hyundai ix35 é vendido na Argentina com o nome de Novo Tucson 2011 por R$ 56 mil, 37% a menos do que o consumidor brasileiro paga por ele: R$ 88 mil.
 
Uma pequena historinha.
Há poucos anos fui entrevistar o dono de concessionárias de veículos de Porto Alegre. Um grande papo.
No final, perguntei pra ele: - Vale a pena comprar um carro zero?
E ele, me olhando espantado: - Claro que não!! Isso é coisa de trouxa. Mas não publica!!
 
21 de agosto de 2012
José Luiz Prévidi
 

BRASIL MARAVILHA UMA CAIXA DE PANDORA?

 

 
Agora que os principais bancos divulgaram seus balanços do primeiro semestre de 2012, podemos fazer uma análise melhor dos rumos do setor. O que vemos em relação à expansão creditícia, especialmente nos bancos estatais, é inquietante.

Não é trivial dizer se há ou não uma bolha de crédito no Brasil.
Mas, se o governo seguir na tendência atual, isso claramente será um risco concreto.
A Caixa Econômica Federal expandiu em 45% sua carteira de crédito em apenas 12 meses. Trata-se de um crescimento espantoso, boa parte voltada para o programa "Minha Casa, Minha Vida". O Banco do Brasil, por sua vez, aumentou em 20% a carteira no mesmo período.

Juntos, esses dois bancos possuem uma carteira acima de R$ 750 bilhões!

Os bancos privados seguem em mão contrária, reduzindo o ritmo de crescimento. Itaú Unibanco e Bradesco expandiram, na média, em apenas 12% a carteira de crédito nos últimos 12 meses. A inadimplência em alta acendeu o sinal de alerta, e os banqueiros decidiram pisar no freio, apesar da pressão do governo.
O grau de alavancagem dos bancos públicos é bem maior.
O Banco do Brasil e a Caixa possuem, somados, mais de R$ 1,6 trilhão em ativos, para míseros R$ 83 bilhões de patrimônio líquido.
Ou seja, uma alavancagem de quase 20 vezes!
Por outro lado, os três maiores bancos privados possuem, juntos, alavancagem de 10,5 vezes.

Em outras palavras, os bancos públicos apresentam o dobro de risco. A Caixa é o mais agressivo de todos, com quase R$ 600 bilhões em ativos para singelos R$ 21,4 bilhões de patrimônio. Uma alavancagem assustadora de quase 28 vezes! Para explicar de outra forma, basta uma perda de 4% nos ativos para reduzir todo o patrimônio da Caixa a pó.
Ciente do enorme risco, o governo já fala em injetar mais capital no banco. Isso significa, em linguagem clara, que os "contribuintes" serão chamados para pagar pela farra de crédito dos mais endividados. A prudência é punida, enquanto o comportamento de cigarra irresponsável é premiado.
O show precisa continuar.
Quando observamos esses dados, a incômoda pergunta feita séculos atrás pelo poeta romano Juvenal vem à tona:
Quis custodiet ipsos custodes?
Traduzindo:
quem vigia os vigias?

Se o próprio governo deve cuidar da saúde do sistema financeiro, como garantir que ele não será o grande responsável pela criação de bolhas com foco no curto prazo?
Muitos culpam a desregulamentação pela crise americana recente.
Ignoram que o epicentro da crise estava justamente em um setor bastante regulamentado: o de hipotecas.
Dois gigantes do setor, empresas semiestatais, bancaram verdadeira orgia de crédito imobiliário, principalmente para as classes mais baixas, com os famosos "subprimes".
Tanto a Fannie Mae como a Freddie Mac sofreram intensa pressão de Washington para expandir a carteira de crédito voltada para os mais pobres.
É muito popular o governante que ajuda no sonho da casa própria, independentemente da capacidade futura de pagamento.
Essas empresas, atreladas até a alma ao governo, contavam com um órgão regulador exclusivo, cuja única missão era assegurar sua saúde financeira.
Isso não impediu que seu grau de alavancagem chegasse a 50 vezes!

O resultado agora é conhecido:
os pagadores de impostos foram obrigados a cobrir o rombo bilionário.


É muito tentador para um governante usar bancos públicos para financiar uma farra de crédito sem lastro. Ele colhe os louros no curto prazo, com mais crescimento econômico, enquanto os problemas só aparecem lá na frente, no mandato de outro.

Estamos cansados de saber disso com os históricos fracassos do BNH,
Banco do Brasil,
Banerj,
Banespa, etc.
O brasileiro já se encontra bastante endividado.
O modelo de consumo calcado em crédito se esgotou.
A economia não cresce e a inflação segue elevada.
O inverno chegou para as cigarras.
Os bancos privados percebem isso, mas sofrem forte pressão do governo para expandirem ainda mais o crédito.

Os bancos públicos assumem a iniciativa, roubando mercado de forma irresponsável. Já correspondem a quase metade do total de crédito do país, lembrando que Marx e Engels defendiam o controle estatal do crédito como instrumento para a revolução comunista.
Quando Pandora abriu a caixa que ganhara de presente, contra todos os alertas, ela espalhou pelo mundo vários males. Sobrou na caixa a esperança, a última que morre. Espera-se que o governo saiba parar com essa política inflacionária a tempo.

Caso contrário, teremos muito sofrimento depois.
Assim diz Cassandra, cuja maldição era prever o futuro, mas não ser escutada
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Rodrigo Constantino O Globo
21 de agostgo de 2012

O MOMENTO É DE LUTAR PELO VOTO NULO

 

Por quê o voto nulo? Simplesmente porque é a melhor maneira do povo brasileiro manifestar-se contra a bandalheira da política oficial no Brasil. É melhor maneira de nós, o povo, mostrarmos que estamos contra a falsa (e farsante) democracia eleitoreira que confunde cidadania com submissão aos princípios do sistema que nos explora.

É importante que cada um de nós, o povo brasileiro, tenha consciência da importância desta atitude! Se estiver de acordo, espalhe esta ideia. A propaganda boca a boca, ou melhor ainda, computador a computador, já nos deu a Primavera Árabe e pode nos proporcionar um protesto expressivo nas eleições que vêm por aí…

Vejo isso nas ruas, nas manifestações das pessoas quando saio com a camiseta da campanha e distribuo os panfletos do voto nulo.
No link abaixo mais detalhes da campanha que realizo:

http://www.avaaz.org/po/petition/mobilizacao_popular_pelo_VOTO_NULO/?fAoacbb&pv=4

PENSAMENTO DO DIA

 

Livre pensar é só pensar (Millôr Fernandes)

O MAIS NOVO CAPÍTULO DA OBSCENA PERSEGUIÇÃO A JULIAN ASSANGE

O mais novo capítulo da obscena perseguição a Julian Assange


Tenho escrito, aqui e ali, sobre as crenças fundamentais do Diário. Vou compilá-las, em breve.Tenho personificado nossas crenças. Pessoas são a melhor maneira de explicá-las. Quando fiz o elogio das bicicletas e dos ciclismos, a imagem usada foi a da medalhista de ouro britânica Vicky Pendleton. Com sua beleza vitoriosa, Vicky tem sido uma inspiração para os ingleses. Ela fez e faz muitos deles trocarem o carro pela bicicleta ao se locomover, para o bem da saúde deles e do planeta. (Um vídeo que vi hoje sobre o caos no trânsito do Cairo reforça minha convicção de que as metrópoles são tanto mais avançadas quanto mais bicicletas circulam nelas).


Pois hoje declaro outro crença fundamental do diário: a transparência, aliada à liberdade de expressão. Não há ninguém que simboliza melhor isso que o australiano Julian Assange, 41 anos, fundador do Wikileaks.

Assange combate o bom combate com seu jornalismo inovador e transformador. As revelações do Wikileaks mostraram ao mundo, espetacularmente, a natureza cuidadosamente escondida das guerras que os Estados Unidos vêm travando no Oriente Médio.

A imagem da garotinha vietnamita correndo nua depois de ter sido alcançada e queimada pelo napalm americano foi o retrato definitivo da Guerra do Vietnã, nos anos 60. O vídeo em que civis são mortos em Bagdá por soldados americanos em helicópteros Apache – publicado pelo Wikileaks – passará para a história como o retrato definitivo da Guerra do Iraque, no início dos anos 2 000.

Assange precipitou a Primavera Árabe quando o Wikileaks expôs detalhes da corrupção abjeta de ditadores encastelados fazia décadas no poder em países como a Tunísia e o Egito. O Wikileaks fez mais pelo jornalismo investigativo, em seus poucos anos de existência, que todas as marcas tradicionais – do NY Times ao Washington Post – em décadas.
A recompensa para Assange tem sido, paradoxalmente, o tormento, na forma de uma perseguição sem tréguas.

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DENÚNCIAS SEXUAIS

O pretexto – não existe palavra melhor – foram denúncias sexuais de duas mulheres suecas que dormiram, por vontade própria, com ele. Uma soube da outra, e o que seria um caso banal de ciúme acabou se transformando num pesadelo jurídico para Assange, por força da absurda legislação sueca. Um homem pode ser acusado de estupro na Suécia se, por insistência, convencer uma mulher a dormir com ele. Ou se a camisinha se romper. Ou se, no meio da madrugada, apalpar a mulher com quem ele fez sexo algumas horas antes. Parece mentira, mas é verdade.
Assange já estava fora da Suécia – em Londres — quando as duas mulheres foram à justiça.

Mulherengo ele pode ser, mas bobo não: Assange logo percebeu o risco enorme de ser extraditado da Suécia para os Estados Unidos. Lá, o aguardaria uma lei reservada a espiões, a mesma utilizada para matar o casal Rosenberg na Guerra Fria, sob a alegação de que passavam informações para os russos.

Os suecos pediram sua extradição, e enquanto a justiça britânica decidia ele ficou em prisão domiciliar, na casa de campo de um simpatizante.

Quando ele achou que o risco de ir para a Suécia, e de lá para os Estados Unidos, era grande, se refugiou na embaixada do Equador em Londres.
O presidente do Equador, Rafael Correa, é um admirador de Assange e tem muitas restrições à conhecida política americana na América Latina, tratada por décadas como um quintal.

Isso faz quarenta dias. Agora as coisas se precipitaram. No momento em que o governo do Equador se preparava para anunciar o pedido de asilo, o governo britânico reagiu. Ao velho modo: longe dos holofotes. Avisou que, mediante uma legislação que virtualmente ninguém conhecia, poderia prender Assange em plena embaixada equatoriana.

A resposta do Equador foi desconcertante: publicou uma carta que o governo britânico definitivamente não gostaria de ver sob os olhos do mundo. Fez um trabalho de vazamento ao estilo do Wikileaks. “Não somos uma colônia britânica”, afirmou o governo no Equador, num gesto de bravura épica.

O Diário acredita na transparência e na livre expressão. E saúda Assange por sua cruzada inspiradora pelo bem da humanidade – ao mesmo tempo que torce intensamente para que ele possa, em Quito ou onde for, retomar o trabalho que só faz mal a quem faz muito mal.

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE



NO RIO DE JANEIRO, SURGE A OAB DO PT, ENVERGONHANDO OS ADVOGADOS

 

É estarrecedor, inconcebível, inimaginável, impensável – faltam-me adjetivos – mas é verdade: a historicamente apartidária OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) está sendo administrada a serviço do PT.

O vídeo, que corre no You Tube e pode ser visto clicando-se no link ao lado (www.youtube.com/watch?v=C6qAP3QX-V8), mostra o Presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, com botton da OAB na lapela e tudo, pedindo votos para o candidato a vereador pelo PT, Siron. Incrível, mas o Presidente da OAB-RJ transformou-se em cabo eleitoral do PT.

A Seccional da OAB no Rio de Janeiro, sempre comprometida com as questões sociais, em luta pela ética na política, partícipe de grandes iniciativas sociais como “A ação da cidadania contra a fome, a miséria e pela Vida”, capitaneada pelo inesquecível Betinho, a mesma OAB que defendeu os direitos humanos na chacina da Candelária, agora está a serviço do Partido dos Trabalhadores.

Sua atuação, antes independente, passou a depender de “se o PT vai deixar ou querer”. Assim, ao invés de se preocupar com as prerrogativas profissionais dos advogados e com o engrandecimento do Estado Democrático de Direito, a OAB agora é palco para dirigentes que não escondem o seu interesse nefando de utilizá-la para catapultar suas carreiras políticas.

O candidato de Wadih Damous à presidência da OAB, Felipe Santa Cruz, depois de tentar se eleger vereador pelo Estado do Rio de Janeiro – sem êxito, diga-se de passagem – também reza a mesma cartilha e, seguindo os passos de seu mentor, confessa ser “militante político”, em entrevista que circula, também, no You Tube (www.youtube.com/watch?v=AIgpnyGtPw).

E os advogados, que assistem pacificamente a essa usurpação? Perderam a honra? Perderam a vergonha? Cadê a OAB Nacional que nada faz a respeito? Cadê os advogados que não gritam contra essa indecência e não pedem o impeachment dessa gente? Vão ficar impassíveis vendo a OAB-RJ se transformar no quintal de um partido político, seja PT, PSDB, PTB ou qualquer outro?

A OAB é um patrimônio nacional, como a ABI (Associação Brasileira de Imprensa), o Clube de Engenharia e a SBPC (Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência). São entidades que precisam se manter apartidárias, acima de questões político-ideológicas. Mas a verdade, infelizmente, é que a OAB não é mais a Casa dos Advogados. Agora é a Casa do PT. OAB do PT….

O JULGAMENTO DE AGOSTO

 

 O mundo não acabará neste agosto, nem o Brasil entrará em crise, qualquer que venha a ser o resultado do julgamento a que se dedicará o STF no mês que se inicia quarta-feira. Tampouco se esperam grandes surpresas. Ainda que mantenham a necessária discrição – e se registre, que neste caso, não conhecemos ainda manifestações intempestivas de alguns julgadores – é plausível supor que os magistrados já estejam com seu veredicto em mente.

O relatório é deles conhecido, e o texto do revisor foi distribuído, houve bastante tempo, até mesmo para redigir os votos. O que vai ocorrer, nas demoradas sessões do julgamento, é o necessário rito, para que se cumpra o devido processo legal. Apesar disso, não é de se desprezar a hipótese de que surjam novas provas e contraprovas, em benefício, ou desfavor, dos réus.

 

A importância maior desse julgamento está nas reflexões políticas e jurídicas que ele provocará. Admitamos, como é provável, que os argumentos maiores da defesa – de que se tratava de um financiamento, a posteriori de campanha eleitoral – venham a ser admitidos pela alta corte, o que reduziria bastante a punição dos responsáveis. O sistema eleitoral nas democracias modernas – e não só no Brasil, mas no mundo inteiro – é deformado pela influência notória do poder econômico.

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VÁRIOS MERCADOS

Há um mercado do voto, como há um mercado da fé, e um mercado da informação. Uma campanha eleitoral é empreendimento complexo, que exige a presença de ideólogos e profissionais de propaganda; de ativistas pagos; de impressos e da produção de programas de rádio e televisão; de logística de transporte e de distribuição de recursos e de pessoal. Em resumo: é preciso dinheiro, e muito dinheiro.

Esse é um dos paradoxos da democracia moderna: sem dinheiro, não há o exercício do voto; com ele, e no volume exigido, a legitimidade do sufrágio é posta em dúvida. Esse é um dos argumentos de filosofia política contra o sistema capitalista, em que o poder do Estado é visto como um bem de mercado, que pode ser ocupado pelos que pagam mais. E não só os indivíduos os que adquirem esse poder: mais do que eles são os grupos de interesse comum, como os banqueiros, os grandes proprietários rurais, as confissões religiosas, as poderosas corporações econômicas, nacionais e multinacionais. Isso, quando não há a interferência direta de governos estrangeiros, como sempre ocorre e ocorreu despudoradamente com a ação do IBAD, nas eleições de 1960 e 1962.

Sempre houve o financiamento privado das campanhas, mas, nesse problema, como em todos os outros, funcionam as leis dialéticas: a quantidade altera a qualidade. No passado, a maior parte dos políticos se valia dos recursos privados de terceiros com alguma discrição, e, alguns casos com constrangimento e pudor. É certo que desonestos sempre houve, corruptos nunca faltaram, desde o governo de Tomé de Sousa até os tempos recentes. Mas, com notável diferença, os candidatos, em sua imensa maioria, quase nunca usavam dinheiro de campanha para seu proveito pessoal.

Em muitos casos, feita a contabilidade final do pleito, destinavam as poucas sobras a instituições de caridade, e, em caso contrário, arcavam com os saldos a pagar, sacrificando os bens de família. Hoje, como frequentemente se denuncia, uma campanha eleitoral pode ser um meio de enriquecimento, como qualquer outro. Essa situação perverte todos os setores do Estado, com o superfaturamento das obras públicas, a corrupção de servidores de todos os escalões. Os cidadãos, no entanto, já demonstram sua reação contra essa perversão da vida social, como revelam movimentos vitoriosos, entre eles a iniciativa da Lei da Ficha Limpa.

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FINANCIAMENTO PÚBLICO

A inteligência política é convocada a encontrar sistema de financiamento público de campanha, de forma justa e democrática, a fim de que todos os candidatos tenham a mesma oportunidade de dizer o que pretendem e pedir o voto dos cidadãos. Não é fácil impedir a distorção do processo eleitoral, mas é preciso construir legislação que reduza, se não for possível elimina-la, a influência do poder econômico no processo político.

Estamos em um mundo que se encasula no desencanto e na angústia com relação ao futuro. Há, porém, uma promessa de justiça, na articulação de movimentos de protesto, no mundo inteiro, contra a ditadura mundial do sistema financeiro que, de acordo com a confissão de alguns culpados, se tornou uma quadrilha mundial de gangsters, ou de “banksters”.

Esse termo preciso foi criado para identificar os banqueiros responsáveis pela Depressão dos anos 30, e está sendo reutilizado agora. Não podemos esmorecer na reação dos oprimidos contra essa nova tentativa de ditadura mundial.
(Do Blog do Santayana)

21 de agosto de 2012
Mauro Santayana

LULA, LULINHA, DINHEIRO PÚBLICO E PIMBA NA GORDUCHINHA

brasil e a concorrência entre bandidos

O grande Osmar Santos já dizia quando narrava um gol ou uma bela jogada: “Pimba na Gorduchinha!”

Nenhum frase pode definir melhor a ascensão meteórica e inexplicável da família Lula do que esta. Afinal de contas, o pai (o ex-presidente Lula) é dono de uma vultosa fortuna estimada em mais de dois bilhões de reais sem ter exercido qualquer atividade profissional desde os anos de 1980 sem ser a política. O filho mais velho (conhecido como Lulinha) foi comparado a Ronaldinho Gaúcho pelo próprio pai ao sair de um cargo de estagiário numa área obscura do Instituto Butantã para dono de uma das maiores fortunas do Brasil, durante o mandato do pai na Presidência da República.

A sensacional habilidade financeira proporcionada pela genética da Família Lula causou furor na militância petista e provocou suspiros de inveja em muita gente boa da oposição. Pois, o “operário analfabeto” (como adora se definir o ex-presidente) é hoje um homem muito rico e, mesmo assim, mantém a “fantasia de pobre” sempre a mão para enganar os mais incautos com suas frases feitas e bobagens ditas, aqui e ali, de maneira calculada para evitar explicar a inacreditável mágica de enriquecer tanto sem trabalhar e ganhando apenas seu salário de político.

Seu filho, expoente maior dessa incrível habilidade financeira, parece ter perdido o amor pela bola – exatamente como o Ronaldinho – e já não demonstra o mesmo talento de antes no trato do dinheiro ou na extrema habilidade de ganhá-lo.

A empresa que, durante o mandato de seu pai, o retirou do obscurantismo profissional e financeiro e o lançou no estrelato dos milionários tupiniquins vai mal das pernas. As más línguas diriam que o fim da presidência de Lula foi o responsável pelo súbito desinteresse do dinheiro em aparecer pelo caixa da empresa de Lulinha. Outros, mais sarcásticos, diriam que a atual situação falimentar da empresa reflete apenas um final comum para empresas que são montadas, supostamente, com a única finalidade de lavar dinheiro e fazer verbas inconfessáveis terem ares mais palatáveis ao gosto das leis brasileiras.

Seja lá como for, uma grande verdade da vida pode ser vista refletida nessa empresa como um enorme raio de sol: “Quem tem padrinho não more pagão”. Só mesmo o ditado tão antigo como sábio pode ser usado para explicar o uso de dinheiro público, através do Banco do Brasil, como forma de adiar a inadiável falência da empresa de Lulinha e a prestação das necessárias explicações, aos credores e a lei, sobre a origem dos capitais ali empregados, suas atividades e sobre o patrimônio de seus diretores.

Isso, é claro, se até a falência o fantástico tino comercial da família não livrar Lulinha de dar essas explicações que interessariam tanto a seus credores quanto a toda a nação brasileira.
Talvez, pai e filho, afinal expliquem de uma vez por todas que o grande segredo para o quase inacreditável sucesso financeiro de ambos seja o bom e velho dinheiro público.

21 de agosto de 2012
Arthurius Maximus



LEWANDOWSKI DESAFIA JOAQUIM BARBOSA NO PAR OU ÍMPAR


Lewandowski desafia Joaquim Barbosa no par ou ímpar

Na modalidade esgrima, analistas jurídico-esportivos consultados pelo piauí Herald dão vitória certa para Barbosa. “Ele é bom nisso. Se resolver fatiar o Lewandowski como fatiou o seu voto no julgamento, sai de baixo.”

ESTÁDIO MANÉ GARRINCHA – Depois do ouro olímpico, o pentatlo – essa prova que incendeia a plateia no Brasil – começa a viver momentos de glória em Brasília. A capital federal amanheceu em clima de forte expectativa pelo enfrentamento entre o revisor e o relator do julgamento do mensalão no STF. Desafiado por Ricardo Lewandowski para um duelo de par ou ímpar, a ser decidido numa melhor de sete, Joaquim Barbosa reagiu com virulência, dizendo que a proposta lhe causava espécie. Reivindicou que os dois medissem suas forças em modalidades "menos arbitrárias, como convém a um juiz do Supremo". "Mas salto com vara não dá. Tem muito vento", explicou Barbosa, fazendo careta de dor com a mão nas cadeiras.

Seguindo a contraproposta do relator, aprovada por unanimidade pelo STF, os ministros se enfrentarão no sumô, na ginástica artística, na bolinha de gude, no truco e na amarelinha. "Eu preferia um vale-tudo, sem hipocrisia, mas o cinismo venceu mais uma vez", desabafou Gilmar Mendes.

José Serra soltou uma nota: "Esse pentlato é uma manobra olímpico-diversionista para desviar a atenção do mensalão".

Lula, por sua vez, também reclamou: "De truco ninguém entende mais neste país. Deviam fazer um logo um torneio com convidados no STF. Eu ia engolir todos eles", disse.

Perguntada sobre a disputa, a presidente Dilma respondeu com uma única frase: "Imagina só na Olimpíada".



A modalidade que encerra o supremo desafio – o duelo à moda do faroeste – é considerada a grande incógnita pelos especialistas. “Barbosa é conhecido por atirar em todas as direções, mas nem sempre prima pela pontaria”, avaliou um jurista. Mas o campeão do STF nessa modalidade é outro. “Nessa prova ninguém ganha do Gilmar Mendes”.

21 de agosto de 2012
The i-Piaui Herald

BRASIL LIDERA O RANKING DAS RODOVIAS COM PEDÁGIOS NO MUNDO

Com novas concessões, número deve ser o dobro da Alemanha; na malha total do País, porém, só 12% são asfaltadas

SÃO PAULO - O Brasil já tem a maior malha de rodovias pedagiadas do mundo. Quando concluir a licitação dos 7.500 quilômetros (km) previstos no pacote de concessão, lançado semana passada pelo governo federal, terá 22.973 km de estradas nas mãos da iniciativa privada - quase o dobro da segunda colocada, que é a Alemanha, com 12.788 km. Nos Estados Unidos, que detêm a maior malha rodoviária do mundo, a quantidade de rodovias com pedágios é de 8.430 km.

Apesar da liderança no ranking, o Brasil ainda deixa muito a desejar no quesito qualidade. Da malha total do País, apenas 12% é pavimentada. Boa parte, no entanto, em condições delicadas, conforme a última pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT). No ano passado, a associação avaliou 92.747 km de rodovias asfaltadas e detectou que mais da metade estava em condição regular, ruim ou péssima.

Com a crise no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), deflagrada no ano passado e que paralisou quase todas as licitações para manutenção das estradas no País inteiro, a tendência é que os números piorem ainda mais este ano. "Estamos muito mal. Não temos estradas, ferrovias e hidrovias", lamenta o presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Moacyr Servilha Duarte.

Na avaliação dele, o pacote do governo federal é emergencial, para melhorar uma infraestrutura já existente. Em alguns países, destaca o executivo, toda a malha rodoviária é pavimentada. Nos Estados Unidos, 67% das rodovias são asfaltadas. Na Índia, a malha pavimentada é equivalente a toda a malha brasileira, de 1,7 milhão de km.

O consultor Geraldo Vianna, diretor da CNT e ex-presidente da NTC&Logística, compartilha da mesma opinião de Duarte. Segundo ele, embora seja a sexta economia do mundo e tenha a maior malha pedagiada, o País ocupa a 20ª posição no ranking malha rodoviária ponderada pela extensão territorial e população. "Dificilmente conseguiremos consertar em poucos anos um abandono de três décadas. Neste momento, precisamos ter calma e objetivos claros para, talvez, conseguir corrigir em 15 anos o que estragamos em 30."

Para ele, mais importante do que os R$ 133 bilhões (ou R$ 80 bilhões nos primeiros cinco anos) do pacote é a mudança institucional e organizacional da área de transportes e logística. "O valor em si não representa muita coisa, já que está distante das necessidades do País e bem abaixo dos investimentos de nossos concorrentes China e Índia."

‘Ordem inversa’. Na opinião do professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, para aumentar o volume de estradas pavimentadas e reduzir a desigualdade no Brasil, o governo terá de fazer uma discussão muito mais profunda do que a atual. Os projetos atuais são decorrentes de uma demanda provocada pelo desenvolvimento regional, tem viabilidade econômica. "O resto tem lógica inversa: o projeto é que vai trazer o desenvolvimento regional para uma determinada região e, a partir daí, trazer o tráfego de veículo. Quem sabe um dia poderia ser concedida para a iniciativa privada."

Hoje, completa o professor, a demanda está concentrada em cerca de 50 mil km de estrada, que respondem por 80% da movimentação de carga do País. Um exemplo de Resende é a cidade de Juína, um município do Mato Grosso que fica na divisa com Rondônia. A carga agrícola produzida no local poderia ser levada para Porto Velho, a cerca de 300 km, e seguir via hidrovia. Mas a ligação entre as duas cidades é intransitável. "Toda produção tem de percorrer 3.150 km até o Porto de Paranaguá, no Paraná, para ser exportada. "O governo tem de selecionar corredores com potencial e trabalhar em cima. Isso cria um circulo virtuoso de longo prazo."

21 de agosto de 2012
Renée Pereira, de O Estado de S.Paulo

BARBOSA DEIXA A ACUSAÇÃO CONTRA DIRCEU PARA O FIM DE SEU VOTO

Ao modificar a ordem da denúncia, relator deve deixar Peluso fora da decisão


O relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, divulgou nesta segunda-feira a ordem em que apresentará seu voto, deixando claro que ficará para o fim a acusação de formação de quadrilha, em que o ex-ministro José Dirceu é apontado como “o chefe da organização criminosa”.

Se o relator realmente deixar Dirceu para a conclusão do voto, é provável que o ministro Cezar Peluso fique de fora dessa decisão. Ele completa 70 anos em 3 de setembro e, com isso, será obrigatoriamente aposentado. Os longos votos prometidos pelo relator e pelo revisor, ministro Ricardo Lewandowski, devem provocar a demora do julgamento.
Mesmo que os colegas sejam rápidos, a participação de Peluso até o fim é quase impossível. As sessões plenárias ocorrerão às segundas, quartas e quintas-feiras.

Barbosa revelou ter estruturado seu voto de acordo com as práticas criminosas atribuídas aos réus. Escolheu começar com o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), ex-presidente da Câmara, como revelou na primeira parte de seu voto, na quinta-feira. A ordem é diferente da escolhida por ele em 2007, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou a denúncia do Ministério Público Federal e abriu a ação penal.

Há cinco anos, Barbosa começou analisando a gestão fraudulenta atribuída à diretoria do Banco Rural. Agora, focou nos desvios de dinheiro público da Câmara e do Banco do Brasil (BB), que estão descritos no item 3 da denúncia do Ministério Público.
Nesse capítulo, concluído ontem, o relator analisou a denúncia contra o ex-diretor do BB Henrique Pizzolato por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato. Também falou de corrupção ativa e peculato, atribuídos a Marcos Valério e seus ex-sócios.

O próximo capítulo analisado será o quinto. Nele está descrito o crime de gestão fraudulenta, que abriu o julgamento de 2007. José Roberto Salgado, Ayanna Tenório, Vinicius Samarane e Kátia Rabello, do Rural, serão julgados por empréstimos concedidos ao PT e à SMP&B. O grupo é acusado de pertencer ao núcleo financeiro do esquema.

O capítulo seguinte será o quarto da denúncia, sobre os saques realizados no Rural. Estarão em jogo os réus do núcleo financeiro, acusados de lavagem de dinheiro. Nesse capítulo, Valério, ex-sócios da SMP&B e funcionários também respondem por lavagem de dinheiro.

Depois, Barbosa analisará o item seis. Nele, detalham-se os saques realizados por políticos no Rural — o suposto mensalão. Serão julgados integrantes do PP, PL, PTB e PMDB, além de integrantes dos núcleos políticos, publicitário e financeiro, acusados de corrupção ativa em relação à compra de votos. Entre eles José Dirceu e Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT.

Em seguida, virá o capítulo sete, sobre saques feitos no Rural por petistas e pelo ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto. O penúltimo capítulo, o oitavo, é dedicado à evasão de divisas e lavagem de dinheiro atribuídas aos publicitários Duda Mendonça e Zilmar Fernandes, que também respondem por evasão de divisas.

A suposta formação de quadrilha, descrita no capítulo dois, será deixada para o fim. Serão traçados os destinos de Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino, ex-presidente do partido. Também são acusados de formar quadrilha os integrantes dos núcleos financeiro e publicitário.

— Meu voto foi proferido com base no que foi apurado nos autos nos quatro anos de instrução penal. A estrutura é essa: a acusação disse isso, a defesa disse isso. Vem o relator e diz o que ele entende com base com o que está nos autos — explicou Joaquim Barbosa.

Perguntado se condenará todos os réus, como dizem os advogados, o relator reagiu:
— Essa é a opinião deles. Eu não falei com nenhum deles.

21 de agosto de 2012
Carolina Brígido