"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 21 de junho de 2013

CORRUPÇÃO DA GANGUE DE LULA É PRINCIPAL MOTIVAÇÃO DE MANIFESTANTES - DIZ DATAFOLHA

 


 
Apesar de a principal pauta das manifestações em São Paulo ser a redução das tarifas do transporte público, o principal motivo de participação foi a luta contra a corrupção, de acordo com pesquisa Datafolha realizada durante o protesto da última quinta-feira (20).
 
Metade dos entrevistados citou a corrupção como a principal bandeira. Em seguida aparecem queda na tarifa (32%), contra os políticos (27%), melhora na qualidade do transporte (19%) e contra a PEC 37 (16%) --a soma dá mais de 100% porque puderam citar mais de um motivo.
 
A margem de erro da pesquisa, que entrevistou 551 manifestantes durante toda a manifestação na avenida Paulista, é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos.
 
O perfil dos manifestantes traçado na pesquisa mostra que a maioria é homem (61%), tem nível superior (78%) e não possui nenhum partido de preferência (72%). Outra característica comum era a predominância do transporte público como forma de locomoção. O mais utilizado pelos manifestantes é o metrô (79%), seguido do ônibus (64%), trem (21%) e do carro (20%).
 
Em média, os manifestantes lutavam para que a tarifa fosse de R$ 2 --46% pediram que chegasse no máximo a este valor. A próxima causa do MPL (Movimento Passe Livre), a tarifa zero, foi defendida por apenas 25% das pessoas.

POLÍTICA
 
Quando questionados sobre a posição ideológica em que se encaixa, 32% se apontaram como extremos liberais e 29%, liberais. A participação conversadora, embora minoritária, foi expressiva: 20% se viram desta maneira. 2% se disseram extremos conservadores.
 
No geral, este posicionamento é mais liberal do que a última pesquisa Datafolha que fez esta pergunta em toda a cidade, de outubro do ano passado. Naquela pesquisa, 34% se disseram liberais ou extremos liberais, e 42% como conservadores e extremos conservadores.
 
Quanto à posição política, 36% eram de esquerda ou centro-esquerda e 21%, de direita ou centro-direita. Em toda a cidade, essa proporção praticamente se inverte --é de 24% e 34%, respectivamente. Também rechaçam a volta da ditadura: para 87%, a democracia é sempre melhor do que qualquer outra forma de governo.

21 de junho de 2013
 
FOLHA DE SÃO PAULO
(YGOR SALLES)

JOAQUIM BARBOSA LIDERA CORRIDA PRESIDENCIAL ENTRE MANIFESTANTES, APONTA DATAFOLHA

 
Apesar de não figurar na lista de pré-candidatos ao Palácio do Planalto, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, aparece como o preferido dos manifestantes paulistanos para suceder Dilma Rousseff, mostra pesquisa do Datafolha realizada nessa quinta-feira (20).
 
De acordo com o instituto, Barbosa foi mencionado por 30% dos entrevistados, contra 22% da ex-senadora Marina Silva, que tenta montar a Rede Sustentabilidade para concorrer ao Planalto em 2014. Dilma (PT) aparece em terceiro na lista, com 10% das menções.
 
O levantamento foi realizado durante os protestos de ontem na avenida Paulista, região central da cidade.
 
Corrupção é principal motivação de manifestantes em SP, diz Datafolha
 
 
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), com 5%, e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), com 1%, vêm logo a seguir.
 
A margem de erro da pesquisa, que entrevistou 551 manifestantes, é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos. No limite, Barbosa e Marina poderiam ter 26% das preferências, mas, segundo o Datafolha, a probabilidade de que esse cenário seja real é muito pequena.
 
DESCOMPASSO
 
A última pesquisa nacional do Datafolha para a corrida de 2014 --finalizada no dia 7, antes da onda de manifestações que tomou conta do país-- mostrava Dilma na liderança, com 51% das intenções de voto no cenário mais provável, sete pontos percentuais a menos do verificado no levantamento anterior, de março.
 
Marina (16%) e Aécio (14%) estavam empatados em segundo lugar.
 
No cenário em que o nome do presidente do Supremo aparece, ele tinha 8% (levada em conta só a população da cidade de São Paulo, o ministro atingiria 11%).

Editoria de Arte/Folhapress


Barbosa teve ampliada a sua exposição nacional desde o ano passado devido ao julgamento do mensalão, processo que ele relatou e que resultou na condenação de 25 réus, entre eles a antiga cúpula do PT.
 
Seu nome ganhou força nas redes sociais como possível candidato à sucessão de Dilma. Para isso, ele teria que deixar o STF e se filiar a um partido político até o início de outubro deste ano --um ano antes das eleições.
 
Até agora, Barbosa não tem manifestado intenção de se candidatar à Presidência. Em dezembro, após o Datafolha mostrá-lo com até 10% das intenções de voto para a Presidência, ele reiterou ser um "ser absolutamente alheio a partidos políticos", mas se disse lisonjeado com os números.
 
"A pesquisa me deixou evidentemente lisonjeado. Qual brasileiro não ficaria satisfeito em condições idênticas à minha. Ou seja, pessoa que nunca fez política, nunca militou em partido político, nem mesmo em associações, sempre dedicou a sua vida ao serviço do Estado brasileiro, da sociedade brasileira, espontaneamente se ver contemplado com números tão alvissareiros. Evidente que isso me deixou bastante lisonjeado e agradecido também àqueles que ousaram citar meu nome", afirmou à época.

REJEIÇÃO
 
Além da preferência por Barbosa, que não pertence a um partido político, os números também mostram rejeição dos manifestantes aos nomes colocados até o momento para a disputa. Ao todo, 27% dos entrevistados disseram que não votariam em nenhum dos candidatos.
 
Esse percentual é mais de três vezes superior ao observado na pesquisa nacional do Datafolha do início do mês. Na época, 6% dos eleitores disseram que votariam em branco, nulo ou não manifestaram preferência por nenhum candidato (11% se considerados apenas os eleitores paulistanos).

21 de junho de 2013
FOLHA DE SÃO PAULO
RANIER BRAGON

INDIGNADOS E INDIGNOS


Na praça de Madri, a musica é ruim, o copo de vinho é péssimo, a noite é esplêndida. A praça Puerta del Sol vive em estado de festa permanente e não há vestígios dos protestos que nasceram aqui há dois anos, se espalharam por 58 cidades espanholas e, nos meses seguintes, mobilizaram de 6 a 8 milhões de espanhóis.

Contra quem e o quê? Contra as eleições do dia 22 de maio, contra a proibição de protestos, contra os políticos no poder e fora do poder, contra a austeridade e a corrupção. Enfim, uma indignação contra o estado das coisas. Passagem de ônibus e metro não estavam em jogo. E são caras em Madrid.

O movimento nasceu com vários nomes: "Los Indignados", "Democracia Real Ya", "Tomar la Plaza", " Juventud Sin Futuro", mas acabou conhecido como 15-M ou 15 de maio, dia do nascimento dos protestos que, como no Brasil, não tinham pai. Nem mãe. Nem líderes. Nem herdeiros e, menos ainda, planos a longo prazo.

As conexões e mobilizações, como no Brasil, foram pela mídia social. Houve inspiração nos protestos da Tunísia e do Egito e o movimento chegou a ser chamado de Primavera Espanhola. O nome não pegou, como ainda não pegou no Brasil.


Entre os protestos brasileiros e espanhóis há uma grande diferença. Na indignação deles não apareceram os indignos que corrompem e destroem os valores dos indignados.

Na Espanha, em centenas de protestos não houve violência maior. Nos piores dias, 24 foram presos, nove deles menores de 18 anos. Os "indignados" tinham um esquema de 200 seguranças que continha os indignos.

Os protestos duraram, com maior ou menor intensidade, até o fim de 2011. Houve regurgitações em 2012, como a "Cavalgada dos Indignados", que reuniu 3 mil pessoas em dezembro. Este ano, 100 mil marcharam em Madrid contra as medidas de austeridade. Vale lembrar que os espanhóis não culpam os alemães nem os outros pela própria miséria. Eles reconhecem que gastaram o que não tinham.

Comparada com a economia brasileira, a espanhola vai pior, com o maior índice de desemprego na Europa, de 27%. Entre os jovens, 46%. Desde 2008, 350 mil espanhóis perderam suas casas por falta de pagamento das hipotecas e foram despejados pela Justiça. Só no ano passado, outros 50 mil ficaram sem teto, quatro vezes mais do que em 2008. O numero de suicídios de idosos é recordista.


Faltam crédito para pequenas empresas e pulso para novas reformas. 375 mil empregos públicos foram eliminados, milhares de funcionários demitidos, a idade de aposentadoria subiu de 65 para 67 anos, ficou mais fácil demitir empregados no setor privado, mas a recessão resiste. Há dez vezes mais falências do que antes da crise de 2008. Não há consumo nem investimentos.

O governo não tem força para enxugar mais os benefícios sociais ou baixar o salário mínimo em algumas regiões, como querem os austeros. Os espanhóis não gostam do governo, menos ainda da oposição.

Neste túnel, há pontos iluminados. A Espanha recuperou o crédito e paga pelos seus empréstimos os mesmo juros que pagava antes da crise. O deficit no orçamento caiu de 11% em 2009 para 7% ano passado. A meta é 3%. Em 2012, as exportações espanholas cresceram mais que as de todos os outros países da União Europeia e o deficit na conta corrente saiu de 10% para um superavit.


Em Madrid, naquela vasto centrão, não há sinais de crise. As ruas e os restaurantes estão cheios de turistas e madrilenhos. Depois da meia-noite, jovens andam sozinhas e tiram dinheiro das máquinas sem medo de assalto. Uma cidade segura. E bem iluminada. A prefeitura não economiza na conta de luz das ruas e das preciosas fachadas antigas nem na conta da limpeza.

Nova York, onde eu moro, não é uma cidade suja, mas, perto das ruas centrais de Madrid, é um lixão. Temos o Central Park e dezenas de outros, mas Madrid é a campeã mundial em número de árvores alinhadas e tem 16 metros quadrados de verde por habitante. A recomendação da ONU é de dez metros. Quem mora em Madrid está, no máximo, a 15 minutos de um parque.

Em quatro dias de longas caminhadas, eu e amigos vimos dois mendigos e nenhuma prostituta. Um madrilenho explica que elas não podem ficar nesta área central, mas há milhares delas fora dali e as brasileiras já não são maioria. "Jovens que ganhavam a vida como modelos hoje se vendem aos árabes em países do Oriente Médio", me conta um fotógrafo brasileiro que vive em Barcelona.


E o M-15? O movimento já não mobiliza milhares para seus protestos, mas atua em outras áreas sociais, ele ajuda despejados a ocupar os milhares de apartamentos vazios no país. É impossível medir com precisão as conquistas e derrotas do 15 de maio.

E no Brasil? As passagens de ônibus já foram reduzidas, a emenda PEC 37 deve ser derrubada. E depois? Quem vai pagar a redução nas passagens? De uma forma ou outra, eu e você. Porque não reduzir salários e verbas das mordomias do Executivo, deputados, senadores e vereadores? Os manifestantes condenam a impunidade. Por que nossos indignados não ajudam a policia a prender os indignos?

Última pergunta: quando este nosso Brasil, 6ª economia do mundo, vai ter educação, saúde e infraestrutura espanholas?

Daqui a um século chegamos lá. Sou um otimista.

HUMILDADE VERSUS ARROGÂNCIA


O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), divulgará uma nota na qual diz que “nunca se fez tão necessária” a convocação de uma cadeia nacional por Dilma.
 
“Falta uma palavra direta da presidente de compreensão com os protestos feitos pelos brasileiros”, afirma Aécio em nota antecipada ao GLOBO.
 
O senador também criticou o presidente do PT, Rui Falcão, por ter convocado militantes do seu partido a irem com bandeiras às manifestações:
 
“O PT cometeu uma irresponsabilidade colocando em risco a integridade física dos militantes”, afirmou Aécio. Ele ainda afirmou que quem quiser se apropriar dos protestos, “vai receber o troco, “como o PT recebeu ontem”. “Existe um sentimento reprimido. É preciso ter humildade para entender esse recado. A população quer uma agenda de transformações. Não vou colocar isso nas costas da presidente. É um recado para todos nós”, defendeu Aécio.
 
( O Globo)
 
21 de junho de 2013
in coroneLeaks

DIREITO AO PROTESTO DEVE RESPEITAR OUTROS DIREITOS



 Temos todos assistido — no meu caso, absolutamente surpreso — a uma exultante e incontrastável alegria, sem qualquer concessão crítica, diante dos protestos que varrem o país. A surpresa, no meu caso, decorre, sobretudo, do fato de presenciar órgãos da imprensa, intelectuais e até juristas, que deveriam guardar algum recato e distanciamento reflexivo, sem qualquer pudor, “tomando o lado” dos manifestantes e num clima de oba-oba cívico, só comparável ao final de uma Copa do Mundo, praticamente, pregando a falência — o que implica o fim — da democracia representativa. De fato, não é difícil encontrar nas chamadas redes sociais alguns conhecidos “formadores de opinião”, num verdadeiro porre de cidadania, embriagados pelo clima do politicamente correto, decretando até mesmo a morte do Estado.

Penso que estes serão dias em que muitos, rapidamente, se arrependerão pelo que andam dizendo. Lembrando o nosso eterno “Stanislaw Ponte Preta” (Sérgio Porto), no seu impagável Febeapá (Festival de Besteira que Assola o País) será “difícil ao historiador precisar o dia em que o Festival de Besteira começou a assolar o País.”

Na terça-feira (18/6), todos os comentaristas da televisão — aberta e fechada — exigiam do prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) que, em aberta desconsideração às mais comezinhas regras de prudência e responsabilidade, violando normas de licitações e de contratos administrativos eventualmente existentes, sem reflexão e tempo necessário — o que só existe, como se sabe, com o respeito ao devido processo legal —, decidisse, ali mesmo, no joelho, pela imediata redução de tarifas públicas. Como se sabe, a menos que também isso tenha sido revogado pelos revolucionários das redes sociais, no Brasil, conforme expressos dispositivos constitucionais: 1) ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; 2) aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; e 3) a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

Não que eu morra de amores por empresários de transporte coletivo (especialmente, morando em Brasília), mas quero crer que, em todas as capitais, especialmente, numa cidade como São Paulo, existam contratos e atos administrativos, decorrentes de longos processos licitatórios, mediante os quais foram concedidos os serviços de transporte urbano a esses empresários e de onde nasceram direitos e obrigações.

Quero deixar bem claro que não estou a afirmar que alguma redução de tarifas públicas não seja possível. Mas, a menos que joguemos fora todos os manuais de Direito Constitucional e de Direito Administrativo, não percebo como isso seja legítima e juridicamente realizável, como disse, no joelho do administrador, sem devido processo legal, e mais do que isso, como querem os militantes do “Movimento Passe Livre”, sob influxo irrefletido de passeatas ou de assembleias públicas (pacíficas ou não).

À vista do noticiário do dia 18 de junho, se não me falha a inteligência, o mais nefasto efeito desse comportamento da mídia e de alguns intelectuais consiste, precisamente, em insuflar e dar razão (ainda que o negando) a um bando de criminosos que – diante de um Estado e de governantes acuados e inertes – encontraram solo propício para desenvolver, a céu aberto e sob a vista de todos, os mais descontrolados atos de vandalismo e crimes contra o patrimônio público e privado, acompanhados de ameaça e agressão à vida e à integridade física de particulares e agentes do Estado. De fato, como costumo dizer a meus alunos, no Brasil o impossível é apenas uma alternativa.

Ao deslegitimar a decisão do prefeito e do governador de São Paulo, em não cederem naquele momento — “sem mais” e de inopino — à reivindicação dos manifestantes, a imprensa nacional, ainda que, buscando distinguir a maioria pacífica da minoria de vândalos, em ato inédito no mundo, legitimou — ainda que não o quisesse — toda e qualquer ação contra o poder público. Para ficar num exemplo emblemático, assim como vários outros comentadores, uma famosa jornalista brasileira, abertamente, atribuiu ao prefeito de São Paulo os atos de vandalismo que praticaram contra o prédio da Prefeitura.

Contudo, não é só isso. O comportamento da mídia é absolutamente infausto em outro sentido, pois deseduca a cidadania. Um conhecido âncora da televisão brasileira, depois de elogiar os protestos coletivos “pacíficos”, enquanto criticava sem qualquer concessão a ação do poder público, deslegitimando-o, foi surpreendido com duas pesquisas de opinião, promovidas simultaneamente, no seu programa, em que se perguntava aos telespectadores se concordavam com “protestos com baderna”.

Para a surpresa do afamado “formador de opinião”, que criticava as manifestações violentas, mas apenas depois de deslegitimar com sua fala o Estado e os poderes públicos, a resposta foi positiva, com mais de 3 mil pessoas respondendo “sim” aos “protestos com baderna”, contra menos de “900” prudentes cidadãos, que conseguiram superar a deslegitimação do Estado, diária e permanentemente promovida pela mídia, e responderam não.

Agora, o que se assiste país afora são autoridades e órgãos de segurança pública receosos de agir, mesmo diante dos mais escandalosos casos de barbárie coletiva. Diante de tudo isso, sobretudo diante da inércia do poder público, paralisando a ação da polícia, mesmo diante dos mais desabridos atos de vandalismo e criminalidade bandoleira a que fomos submetidos (depredação, selvageria, agressão, baderna e arruaça), a pergunta que devemos nos colocar é a seguinte: existe mesmo — como querem os românticos — a possibilidade de liberdade e de cidadania sem a segurança e presença do Estado? Ou, de outro modo: podemos mesmo, sem maior consequência, deslegitimar os poderes públicos?

Pois bem. Não importa a forma de concebermos a relação existente entre liberdade e segurança, ninguém racionalmente poderá negar que a segurança é um pressuposto da liberdade. De fato, como se sabe, toda a filosofia que inspirou as teorias contratualistas (Locke, Hobbes, Rousseau) encontrava seu eixo na premissa de que o Estado justificava a sua existência, precisamente, na necessidade de proteger e assegurar a liberdade e o patrimônio de seus cidadãos. Sendo certo que por patrimônio a maior parte dos contratualistas (como Hobbes e Locke) entendia não apenas a propriedade em estrita consideração, mas tudo o que o indivíduo tem “como seu” (vida, liberdade, propriedade etc).

Não é preciso ameaçar ninguém com a “guerra de todos contra todos”, que Hobbes enxergava na ausência do Estado, para entender que, pelo menos na atual evolução do homem e da sociedade, o Estado é absolutamente imprescindível para, mediante a segurança pública e seus poderes, resguardar a liberdade dos cidadãos. Quem conspira contra os poderes legítimos do Estado deve estocar comida e armas para sua autodefesa e proteção. (...)


21 de junho de 2013
Néviton Guedes

DILMA CONTINUA SEM ENTENDER OS PROTESTOS, MAS O BRASIL ESTÁ A PROCURA DE UM GOVERNO DE FATO

 

Caras de pau – Não poderia se esperar posição diferente do governo de Dilma Rousseff, que não a de incompreensão diante dos protestos que chacoalham o Brasil.

Os palacianos alegam que ainda não entenderam, os jornalistas da mídia amestrada repetem a cantilena e os poucos partidos políticos que se debruçaram na janela das manifestações fizeram o mesmo.

Para endossar a incompreensão de um governo cujos integrantes jamais sabem de qualquer fato, principalmente quando se trata de escândalos, intelectuais se reuniram na Universidade de São Paulo nesta sexta-feira (21) para decifrar o enigma.
Como se a realidade não fosse evidente, clara e cristalina. Esse encontro de ditos intelectuais serve para fazer sobra à presidente Dilma Rousseff, que não sabe como reagir à onda de protestos.

Beira o inaceitável o fato de pessoas que têm raciocínio acima da média não conseguirem compreender o recado das roucas vozes que emanam das ruas. Uma coisa é o movimento ser horizontal e não ter liderança única, outra é alguns oportunistas conhecidos se fazerem de tolos.

Se Dilma e seus estafetas não compreendem a razão dos protestos, o ucho.info desce às raias das minúcias para explicar. O povo cansou da inoperância de um governo marcado pela incompetência.

Não mais suporta a onda de desmandos e a enxurrada de casos de corrupção. Não quer mais ouvir falar do imundo balcão de negócios que une o Congresso Nacional ao Palácio do Planalto, conexão espúria e criminosa que privilegia uma minoria e sedimenta o caminho para um regime totalitário de esquerda.

A população não quer mais morrer nas filas dos hospitais, assim como não aceita a farsa que se montou na educação pública. Está exausta com as promessas não cumpridas de melhoria da segurança pública, enquanto o Planalto, por questões ideológicas que passam pelo Foro de São Paulo, fecha os olhos para as ações criminosas das Farc na fronteira com o Brasil.

Os brasileiros querem um Estado livre e democrático, sem a contínua e nefasta interferência da corrupção. Buscam os cidadãos, decretar o fim da ingerência abusada e ilegal do lobista-fugitivo Lula nas decisões da nação, transformada em quintal de um bandoleiro político que ousa se comparar a Jesus Cristo.

A sociedade quer ver o legado que a Copa do Mundo deixará, segundo os palacianos, depois de R$ 33 bilhões do dinheiro público arremessados no ralo. Busca, essa mesma sociedade, impor o fim do banditismo político e das negociatas sem fim que infestam o País do Oiapoque ao Chuí.

O Brasil está nas mãos de um conluio criminoso de quadrilhas, que agem deliberadamente e ao arrepio da lei como verdadeiras organizações mafiosas, fazendo inveja aos mais experientes e velhacos integrantes da Camorra, ‘Ndreghetta e outras facções do crime organizado que reina na Itália.

Querem os brasileiros de bem ver a conclusão do julgamento da Ação Penal 470 (Mensalão do PT) e a prisão dos condenados, pois a impunidade de uma minoria privilegiada e protegida pelo poder central tem fomentado a onda de violência que assola o País.

Os cidadãos exigem explicações sobre escândalos de corrupção, como o Mensalão do PT, que foi parcialmente investigado, o Rosegate, que foi abafado porque a protagonista é a filial amorosa de Lula. É preciso explicar ao povo as razões do retorno da inflação e o constante aumento de preços dos alimentos. Faz-se necessário encontrar solução para um salário mínimo que não seja pouco para quem recebe e muito para quem paga.

Não se pode aceitar que a absurda carga tributária represente 35% da riqueza produzida no País, sem que os contribuintes tenham a mais rasa contrapartida. O governo precisa explicar aos brasileiros por qual motivo insistiu para que a Copa de 2014 acontecesse no Brasil, enquanto o País desmonta nos bastidores.

Se mesmo assim os ignaros que estão no poder e seus idênticos aduladores não conseguem compreender a indignação das ruas, a resposta resumida é simples e curta. O Brasil está à procura de um governo de fato. Está de bom tamanho ou é preciso desenhar?

21 de junho de 2013
ucho.info

REFÉM DO DESESPERO

Dilma retarda solução e decide conversar com Henrique Alves, Renan e Sarney

Desespero total – O imobilismo político de Dilma Rousseff como chefe de Estado e de governo é de tal modo impressionante, que a petista decidiu conversar, ainda nesta sexta-feira (21), com os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Henrique Eduardo Alves e Renan Calheiros, respectivamente, e com o senador José Sarney, caudilho que domina com mão de ferro, há cinco décadas, o mais miserável estado brasileiro, o vilipendiado Maranhão.
Da conversa participará também o vice-presidente Michel Temer.

Essa postura que denota extrema insegurança evidencia o descontrole político que ronda o País, terreno fértil para golpes totalitários e ações de extremistas.

É inconcebível que Dilma Rousseff precise se aconselhar com os dirigentes do Legislativo federal, que na última década foi vexatoriamente atropelado pelo Executivo no embalo do som surdo da negociata.

A situação do País torna-se cada vez mais preocupante à medida que se prolonga o silêncio covarde e irresponsável de Dilma Rousseff, que nos bastidores está enfrentando a sordidez que sempre se faz presente nos momentos de crise.

Abrir frentes de diálogo com políticos que estão na pauta dos protestos – e frequentam as críticas diuturnas da população – servirá para incendiar de vez o movimento que por enquanto é passível de ser controlado com ações efetivas e sem discursos populistas. Por questões óbvias, até porque o governo é fraco e sem comando, os manifestantes têm encontrado o caminho livre para recrudescer os protestos.

Mais algumas horas e a situação pode se tornar irreversível, o que não é bom para a democracia, uma vez que pode entrar em cena uma alternativa indesejável e que fere de morte o Estado Democrático de Direito.

21 de junho de 2013
ucho.info

REINALDO AZEVEDO, O "REI DA VERDADE" ATOLA-SE EM SUA TEIMOSIA, MAS INSISTE EM UMA VITÓRIA QUE NÃO EXISTE


Continuo rolando de rir com Reinaldo Azevedo insistindo que essa movimentação toda não passa de um movimento orquestrado pelo PT. Para tal, ele faz tantos exercícios de retórica, mas tantos, que deve estar extenuado, a se considerar que ele agora se limita a criticar os vândalos - parte numericamente insignificante de todo o processo - para tentar fazer com que suas críticas façam um mínimo de sentido, e isso é profundamente desonesto, além de ser uma das coisas pelas quais Reinaldo sempre se bateu contra, ou seja, tomar uma parte como o todo, desde que os protagonistas sejam seus “inimigos”, é claro.
 
Hoje, Reinaldo em seu blog, jacta-se de ter tido 300 mil visitas ontem, só que ele não diz quantos comentários censurou, já que ele tem esse péssimo hábito que eu já denunciei aqui várias vezes: discordou do “tio Rei” - como o trata seu séquito de baba-ovos - é lixo. Uma vírgula em um lugar que ele não concorde é motivo para censura.
 
Eu mesmo já tentei comentar no blog várias vezes e pude constatar que uma discordância com suas ideias, por mais banal que seja, não será publicada.
Assim é fácil gabar-se por 300 mil visitas. Para tal, bastaria eu dizer que Jesus Cristo é um grande filho da puta, esperar o resultado e computar como visitas quem me desancou.
 
Não nego que Reinaldo tenha lá seu valor quando usa exclusivamente a sua inteligência, mas se depender de caráter, a coisa fica feia para ele.
 
21 de junho de 2013

MANIFESTAÇÕES: UMA OPINIÃO DE ALGUÉM QUE CONTINUA COÇANDO A CABEÇA COMO EU



1. este movimento tem características que, sinceramente, não encontro paralelo no que li e estudei;

2. sendo assim, avaliações e perspectivas são traçadas ao calor da hora e modificadas dependendo do que acontece. Isto pode parecer óbvio mas não é;

3. conversei com muita gente. A ampla maioria é favorável aos manifestantes;

4. os atos de vandalismo não representam o que pensa (e exprime) a maioria dos manifestantes;

5. há um claro sentimento de exaustão, de saco cheio com tudo o que está ocorrendo;

6. a liderança não lidera nada, o que é ótimo;

7. vi relatos de pessoas – que, sinceramente nunca imaginaria que iriam a um ato, por mais banal que fosse – que foram satisfeitíssimas às passeatas;

8. temos não algo novo mas uma manifestação nova, uma forma de se manifestar que não segue os padrões clássicos;

9. os partidos tradicionais não dão conta da complexidade da moderna sociedade brasileira. Na verdade, ninguém dos políticos tradicionais consegue sequer entender o que está acontecendo (queria ver um deles – qualquer um – no meio dos manifestantes);

10. pode ser que o movimento acabe como surgiu. Na verdade, não é um movimento. É um ajuntamento de pessoas que querem dizer que não aguentam mais;

11. o PT perdeu quando quis usar o movimento;

12. o que estamos vendo é uma maioria irritada com tudo (corrupção, mensalão, gastos com a Copa, etc, etc) e uns grupelhos oportunistas ultra esquerdistas que querem tirar algum proveito do que está ocorrendo;

13. o que vai acontecer amanhã? Não tenho a mínima ideia. Mas o Brasil, hoje, é melhor do que era antes das manifestações.
 
21 de junho de 2013

DISCURSOS DE LIDERANÇAS PETISTAS APÓS PROTESTOS APONTAM NA DIREÇÃO DE UMA DITADURA SOCIALISTA

 

Pé no freio – É preciso estar atento aos movimentos do PT enquanto a presidente Dilma Rousseff permanece em silêncio e decide se faz algum pronunciamento à população.

Os protestos que ganharam as ruas do País são democráticos e legítimos. Com o desembarque do Movimento Passe Livre, que agiu a mando de ala mais radical da esquerda verde-loura, as manifestações tornaram-se ainda mais necessárias, pois o Brasil não pode curvar diante da criminosa letargia patrocinada pelos palacianos.

Alijado da reunião de emergência que aconteceu na manhã desta sexta-feira (21) no Palácio do Planalto, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, criticou o apartidarismo defendido pela maioria dos manifestantes que participaram dos protestos. “Sem partido, no fundo, é ditadura”, disse Carvalho.

Diferentemente do que afirma o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, ditadura é exatamente o que uma minoria tentou impor nas manifestações e que a parcela pacífica e pensante da sociedade rechaçou.

Se o temor de Gilberto Carvalho repousa em um eventual retorno da ditadura, que ele mude de partido com urgência, pois tudo o que o PT mais sonha é finalizar seu projeto totalitarista de poder, que só não foi consumado porque o derradeiro capítulo ainda está longe de ser encenado. E se depender dos paulistas, dificilmente acontecerá.

Em outra ponta do desespero petista diante das manifestações surgiu o governador da Bahia, Jaques Wagner, com mais uma ameaça velada à democracia. Disse o mandatário baiano que os protestos “vão atrapalhar a democracia”.

No afã de reforçar a tolice de ocasião dos palacianos, que fingem não entender os motivos das manifestações, Wagner disparou: “A classe política tem que saber para onde esse rio está correndo. E, na minha opinião, não corre para um caminho bom, da forma como está correndo”.

O Partido dos Trabalhadores, sob o comando do lobista Luiz Inácio da Silva, tenta sufocar as vozes roucas das ruas, como se a legenda, enquanto governo, tivesse atuado com decência e competência.

O que não se pode permitir é que lideranças radicais – não importa se de esquerda ou de direita – assumam o comando de um movimento legítimo, necessário e essencialmente pacífico.
Os atos de vandalismo que têm marcado os protestos acontecem por ordem de um grupo criminoso que, para se manter no poder, tenta inviabilizar o clamor da população.

21 de junho de 2013
ucho.info

PRA DEIXAR BEM CLARO QUEM É QUE NÃO MANDA NESTA MERDA!

b3

O PT não está entendendo nada.
Não é que ficou pra trás. Ele é a âncora que o país inteiro arrasta quando tenta andar pra frente.
Agora tá morrendo de saudade das manifestações “proprietárias”. Aquelas com dono, com carro de som, com pauta definida “por quem entende” e com leão de chácara pra manter todo mundo na linha e onde massa mesmo, que é bom, era só a “de manobra”.

Aí o dono sentava na mesa com o outro lado e dizia quanto ele estava cobrando para “restabelecer a paz social”.

O modelo Lula com as multinacionais automobilísticas. “O jogo do pacau”, como dizia o Jânio, aquele em que nós todos entrávamos com a bunda e eles com o pau.

ESPECIAL PET FABIOLA REIPERT - SP

No fim eles saíam com o salário aumentado, o trabalho encurtado e mais próximos do poder, e nós ficávamos com as carroças, a inflação e o desemprego que o acerto invariavelmente feito em torno de protecionismo e distribuição de tetas custava.

Educação e produtividade nunca fez parte do vocabulário deles.
O editorial do Estadão de hoje sobre a natureza dessas manifestações e o PT caindo das nuvens está brilhante (aqui).

Os ruis falcões e os zés dirceus podem espernear e chorar lágrimas de sangue; o Lula a Dilma e o João Santana podem ficar lá espetando o seu vudu; os militantes profissionais com a sua fé cega na intimidação fascista (e no dinheirinho do governo no fim do mês) podem até tentar partir pra violência, mas não vai adiantar nada.

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Agora a coisa mudou. Agora a coisa é horizontal. É a primeiríssima vez que alguma coisa no Brasil acontece de baixo pra cima. E isso finca raízes profundas e i-nar-ran-cáveis.
É algo que eu já tinha desistido de esperar pra esta encarnação.
Sem partidos. Sem violência.

Vamos, afinal, deixar bem claro quem é que manda nessa merda. Ou, se não tudo isso porque ainda vai demorar pra traduzir esse urro que sai calmamente das entranhas do Brasil em algo que se possa por na mesa, ao menos pra deixar bem claro quem é que não manda nessa merda.
É um excelente começo!

III Manifestação: Que se Lixe a Troika! Queremos as nossas Vidas! - Portimão

O DISCURSO INARTICULADO DAS MASSAS

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Não se trata de corrigir pequenos desvios; trata-se de fundar, finalmente, a democracia brasileira.

Tudo bem que faz 20 anos que ninguém diz nada e o primeiro grito sobe mesmo meio descontrolado.
Tudo bem, também, que todo tipo de gente acabou indo pra rua e é natural que haja urgências diferentes na visão de cada um.
 
Mas eu volto praquela minha velha tese do país todo fatiadinho pela navalha dos “direitos adquiridos” dos esquartejadores do corporativismo que nos faz em pedaços como sociedade.

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Esse negócio de cada cabeça uma sentença, cada manifestante um cartaz, cada cartaz uma reivindicação diferente não remete também a essa nossa realidade estilhaçada?
 
Não é isso que propicia que cada partido no “horário gratuito”, rápido como o raio, saque o seu dinheiro para tratar de se apropriar das manifestações que, se têm uma nota que todo mundo toca afinado, é a da rejeição aos partidos e à insuportável folga com que eles sacam o nosso dinheiro?
 
Não é isso que abre o espaço pra que cada político, da dona Dilma Vaiada para baixo, faça uma cara de “eu não tenho nada com isso” e saia por aí elogiando as manifestações e os manifestantes e dizendo que é contra desde pequenininho?
 
Que todos eles, do Senado do Sarney ao Haddad do PT, com o Alkmin ao lado, saiam correndo pra ver no de quem vão enfiar aqueles 20 centavos pra que a patuléia pare de encher o saco?

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A coisa vai parar a troco de R$ 0,20?
Ou, pior ainda, vai degenerar em baderna desenfreada ou ser catequizada por profissionais?
Duvido.
 
Seria a prova definitiva do quanto nos afundou na Babel conceitual a conspiração que tomou nossas escolas de assalto e, se cospe nas ruas, a cada safra, 60-70% de analfabetos funcionais, garante que sejamos quase 100% de analfabetos em noções de democracia desadjetivada.
E o resto daqueles cartazes todos, como é que fica?
 
Como sintetizá-los numa reivindicação que possa ser posta numa mesa de negociação – “Sim ou Não?” – e seja capaz de mudar alguma coisa de fato?

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Sim, isso é possível!
Na dúvida, back to the basics, diz a regra universal. De volta aos fundamentos.
Que fundamentos?
Os da democracia, é claro. Aqueles que nunca, jamais, foram plantados neste solo de cujos filhos és mãe gentil: 1 homem, 1 voto; igualdade perante a lei; identificação clara entre representantes e representados; nenhum imposto sem consultar quem vai pagá-lo…
Não se trata de corrigir pequenos desvios, ó desavisados! Trata-se de fundar, finalmente, a democracia brasileira.

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21 de junho de 2013
vespeiro

O POVO COM A PALAVRA

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21 de junho de 2013
Foto editorial enviado por Cecília Thompson

O CUIDADO NO ARREFECIMENTO


O momento mais decisivo e arriscado para aqueles que participam dos recentes protestos políticos pelo Brasil começa agora.
Se até aqui a batalha foi dura e repleta de obstáculos, incluindo aqueles colocados pela forças policiais e pela ação mais violenta de alguns grupos, a situação, a partir de agora, é outra.

O natural é que se inicie um processo de arrefecimento do movimento. Há um desgaste e um cansaço naturais que, quase sempre, são acompanhados de uma dispersão. Entretanto, é quando isso acontece que há uma disputa política pela apropriação do movimento. Quase sempre esse duelo é travado pelas lideranças e pelos partidos já estabelecidos.

Portanto, é importante que os manifestantes tenham o cuidado de impedir que a espontaneidade e a legitimidade dos protestos sejam utilizados de forma indevida e com fins eleitoreiros. Não é uma missão fácil, mas é necessária para quem pretende tornar o país mais justo e democrático.

Na verdade, ainda que esse movimento seja extremamente difuso e, efetivamente, não tenha um foco determinado, a autenticidade dele é louvável e pode contribuir para o aperfeiçoamento da democracia brasileira.

Repetindo uma frase que um dos rapazes envolvidos nas manifestações disse ao ouvir que o movimento não tinha líderes nem bandeiras definidas – bandeiras são muitas, e líderes serão criados –, seria muito salutar que desse movimento surgissem novas lideranças, aptas a manter a capacidade de articulação e mobilização agora demonstrada.

E, mais importante do que isso, que sejam capazes também de identificar um caminho de atuação que ultrapasse o protesto e que busque a identificação com as instituições democráticas.

Essa geração que ocupa as ruas tem todo o direito de rejeitar a atual representação política. Mas, certamente, não tem o direito de desconhecer a importância das instituições para a democracia. Nas décadas de 60, 70 e 80, muitos jovens foram torturados e morreram para impedir que o Congresso Nacional fosse fechado e para que o povo tivesse o direito de escolher os seus governantes. São os Poderes instituídos e a Constituição que garantem a democracia.

Portanto, é mais do que compreensível que haja um grande descontentamento com os atuais parlamentares e governantes. Sendo assim, que a juventude crie novas lideranças em consonância com os seus anseios e as elejam, evitando a recondução ao poder daqueles que não estejam comprometidos com a sociedade brasileira. Importante é que esse processo aconteça dentro do jogo democrático, com respeito às instituições.

Derrotar os maus políticos sim, mas jogar por terra os partidos e os Poderes é o mesmo que tirar o sofá da sala.

21 de junho de 2013
Carla Kreefft (O Tempo)

CLASSE MÉDIA DESPERTA. O QUE DIZ A CNN SOBRE OS PROTESTOS NO BRASIL

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Brasileiros estão revoltados com a falta de infraestrutura, diz rede americana (Reprodução/CNN)

Maior rede mundial de jornalismo relaciona manifestações no país ao amplo colapso da infraestrutura brasileira
     
A CNN, maior rede mundial de jornalismo, fez uma reportagem especial sobre os verdadeiros motivos por trás dos protestos ocorridos em várias cidades do Brasil.

Em tradução, o texto, intitulado "O Que Realmente Está Por Trás dos Protestos Brasileiros?", lê:

"Os protestos que estão acontecendo no Brasil vão muito além do aumento de 20 centavos no transporte público.

O Brasil está vivenciando atualmente um amplo colapso de sua infraestrutura. Há problemas com portos, aeroportos, transporte público, saúde e educação. O Brasil não é um país pobre e os impostos são extremamente altos. Os brasileiros não veem motivo para terem uma infraestrutura tão ruim quando há tanta riqueza e tantos impostos altos. Nas capitais estaduais as pessoas chegam a gastar 4 horas por dia no tráfego, seja em seus carros ou em transportes públicos lotados e de má qualidade.

O governo brasileiro tomou medidas para controlar a inflação cortando taxas e ainda não se deu conta que o paradigma deve mudar para uma abordagem focada na infraestrutura do país. Ao mesmo tempo o governo brasileiro está reproduzindo em menor escala o que a Argentina fez anos atrás: evitando austeridade fiscal e prevenindo o aumento dos juros, o que está levando a uma alta inflação e baixo crescimento.

Além do problema de infraestrutura, há vários escândalos de corrupção que permanecem sem julgamento, e os casos que são julgados tendem a terminar com a absolvição dos réus. O maior escândalo de corrupção na história brasileira finalmente terminou com a condenação dos réus e agora o governo está tentando reverter essa condenação ao usar manobras inacreditavelmente inconstitucionais, como a PEC 37, que vai tirar o poder investigativo dos promotores do ministério público, delegando a responsabilidade da investigação unicamente para a polícia federal. Além disso, outra proposta tenta sujeitar as decisões da Suprema Corte Brasileira ao Congresso – uma completa violação dos três poderes.

Estas são, de fato, as revoltas dos brasileiros.

Os protestos não são meramente isolados, não são movimentos da extrema esquerda, como algumas fontes da mídia brasileira afirmam. Não é uma rebelião adolescente. É o levante da parte mais intelectualizada da sociedade que quer por um fim a essas questões brasileiras. A jovem classe média que sempre esteve insatisfeita com o obscurecimento político agora "desperta".

21 de junho de 2013
Fontes: CNN - What's REALLY behind the Brazilian riots?
 

SOBRAM MOTIVOS PARA PROTESTAR

A indignação das ruas reflete um descontentamento que se traduz em números, como os revelados pela mais recente pesquisa feita pelo Ibope. O levantamento divulgado ontem confirma o declínio do prestígio de Dilma Rousseff e mostra que a multidão tem muito mais motivos além dos centavos agora retirados das tarifas de ônibus para continuar a protestar.
 
A queda captada pelo Ibope é da mesma magnitude daquela que o Datafolha aferiu há duas semanas: oito pontos percentuais. Agora, 55% consideram ótima ou boa a gestão da presidente da República, ante os 63% de três meses atrás. Além disso, agora 25% também desaprovam a maneira de Dilma governar e 28% dizem não confiar na presidente.
 
Há na pesquisa mais um dado especialmente significativo: enquanto no Datafolha a avaliação negativa da presidente apenas variara dentro da margem de erro (de 7% para 9%), no Ibope o índice dos que classificam seu governo como ruim ou péssimo quase dobrou, passando de 7% para 13%. Para 32%, a atual gestão é regular.
 
O prestígio da presidente cai em todas as faixas de renda, em todas as regiões e estratos sociais. Entre quem ganha acima de dez salários mínimos, a queda dos que aprovam a gestão dela foi a mais significativa: 27 pontos, de 77% para 50%. Mas também alcançou os de renda intermediária (dois a cinco mínimos), com redução de 78% para 69%. No Sudeste, caiu 13 pontos.
 
Dilma até teve sorte, porque os pesquisadores do Ibope foram a campo entre 8 e 11 de junho, antes do estouro dos protestos pelo país. Fosse feita hoje, é possível que muito mais brasileiros associariam o aflorar dos descontentamentos à inapetência da presidente para bem governar. Saindo da avaliação geral para a de áreas específicas, a desaprovação à atual gestão é ampla, geral e quase irrestrita.
 
Das nove áreas de atuação do governo avaliadas, seis são desaprovadas pela maioria da população: segurança pública, saúde, impostos, combate à inflação, taxa de juros e educação. Numa das outras três em que Dilma ainda consegue mais aprovação do que rejeição (a do combate ao desemprego), a tendência é de forte declínio: a diferença positiva era de 17 pontos há três meses e agora é de apenas sete.
 
Merece destaque a avaliação que os brasileiros fazem da atuação do governo de Dilma no combate à inflação. Três meses atrás, segundo o Ibope o país dividia-se igualmente entre os que a aprovavam e os que a reprovavam. Agora, a desaprovação subiu dez pontos, para 57%, e nunca foi tão alta nesta gestão. A aprovação caiu o mesmo tanto, para 38%.
 
Dilma também detém enormes saldos negativos quanto a suas políticas de segurança pública (67% desaprovam e apenas 31% aprovam, na pior de todas as avaliações), saúde (66% a 32%) e impostos (64% a 31%). Na política de juros, o placar desfavorável é de 54% a 39% e na educação, de 51% a 47%.
 
Levantamentos como este servem para dar contornos mais nítidos aos motivos pelos quais milhares - talvez já sejam milhões - de brasileiros por todo o país decidiram deixar a tranquilidade dos seus lares para ir para as ruas reclamar. Claro está que as passagens de ônibus foram apenas o estopim da revolta.
 
Poderia haver alguma esperança se Dilma viesse demonstrando maior desenvoltura e preparo para ocupar o cargo para o qual foi eleita há quase três anos. Mas o que tem acontecido é justamente o contrário: uma presidente que, de maneira recorrente, se apequena na função, foge dos problemas e parece mais preocupada com seu futuro político do que com o presente do país.
 
Uma presidente que, ao menor sinal de apuro, recorre a quem está de prontidão para dar conselhos à sua pupila - provavelmente, poucos deles úteis - ou para tentar encontrar, por meio do marketing, uma forma de distorcer a realidade de maneira a fazê-la caber nas artimanhas eleitoreiras de seu projeto presidencial.
 
"Ela, que tanto intimida a sua equipe com seus modos autoritários e a certeza de ser a dona da verdade, tornou a demonstrar que, na hora H, não é ninguém sem dois conselheiros. Um é o marqueteiro-residente do Planalto, João Santana. O outro, claro, é o seu progenitor político Luiz Inácio Lula da Silva", resume O Estado de S.Paulo em editorial em sua edição de hoje.
Dilma Rousseff vai conseguindo descontentar a tudo e a todos.

Até os seus já não lhe suportam. Os sindicalistas não lhe querem e preferem tratar com quem continua mandando de fato. Os empresários sonham em vê-la pelas costas. E o povo, nas ruas, transforma o que antes era dissimulado em rugido ensurdecedor. Como mostra o Ibope, todos têm razões de sobras para estarem descontentes e para protestar.

21 de junho de 2013
instituto teotonio vilela

OBESIDADE COM O DINHEIRO PÚBLICO

 



Se o governo está pagando pela sua comida, tem direito de dizer o que você vai comer? É papel do governo determinar se sua escolha alimentar é saudável ou não?

Sob o argumento de prevenir o crescimento da obesidade no país, o prefeito de Seattle e de mais 17 cidades dos Estados Unidos estão querendo limitar ainda mais o uso do vale-alimentação federal daqui, apelidado de food stamp, para impedir a compra de refrigerantes e outras bebidas artificiais com alto teor de açúcar.

Esta seria uma tentativa de frear o desenvolvimento de doenças relacionadas a má alimentação entre os participantes do programa.

Os beneficiários incluem pessoas sem renda ou de baixa renda que recebem uma média de US$ 135 por mês como auxílio para suplemento nutricional. Ora, se o programa é baseado em nutrição, claramente refrigerante não é o melhor item na cesta de compras.

O benefício já não pode ser usado para comprar bebida alcoólica, cigarros, comida quente (como em lanchonetes) e outros itens que não são considerados saudáveis.

A proposta dos prefeitos coincide com a decisão da Associação de Medicina dos Estados Unidos, a American Medical Association, de enquadrar a obesidade como uma doença. Isso dá um novo peso à necessidade de tratamento e prevenção. Obesidade é, mais do que nunca, problema de saúde pública.




Os críticos à mudança nos food stamps estão colocando esta iniciativa no mesmo rol da decisão da prefeitura de Nova Iorque de limitar o tamanho do copo de refrigerante vendido na cidade. A diferença é que, então, Michael Bloomberg estava metendo o dedo no direito individual do cidadão de fazer o que quiser com o seu dinheiro, mesmo que impacte negativamente sua saúde.

No caso dos food stamps, trata-se de dinheiro do contribuinte que pode estar sendo usado para potencialmente contribuir para um estilo de vida não saudável.

Cerca de 50 milhões de pessoas são beneficiárias do programa e a obesidade já atinge 100 milhões dos americanos adultos. Ou seja, um terço da população. Isso gera cerca de US$ 147 bilhões de custos com despesas médicas.

É ou não é pra se preocupar?

21 de junho de 2013
Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido

INDIGNADOS

 

 
“O Brasil indignado rebela-se contra o futebol. Os de SP passaram a noite entre 2ª e 3ª feira defronte o Palácio dos Bandeirantes. Confronto durante longas horas. De manhã, tomaram seu café preto e forte, oferecendo a quem passasse por lá, antes de começar mais um dia de protestos e confrontos.
 
brasile
 
Dilma Roussef, do grupo guerrilheiro da década de 1970, que embalava seu rifle contra a ditadura militar e agora é o oposto, uma vez que se senta no trono do Planalto. Escolhendo bem as palavras, diz, enquanto toma seu cafezinho:
 
“Hoje, o Brasil acordou Mais Forte. Os eventos testemunham o poder da nossa democracia e a força que pode ter a voz das ruas, a civilização do nosso povo. Infelizmente, tem havido casos isolados de violência destrutiva, certamente condenáveis “.
 
Mas o Brasil inteiro está em crise. As manifestações ocorrem, mais ou menos pacificamente, em 26 cidades. Uma inesquecível 2ª feira. Cem mil em marcha no Rio, vestidos de branco, com intenções Ghandianas mas, alguns selvagens  e outros anarquistas ateiam fogo em lojas e escritórios públicos.

A polícia usa balas de borracha e alguns atiram balas reais para cima. Em Brasília milhares demonstram seu protesto na frente do Palácio do Planalto, até que sobem na cobertura do Congresso Nacional. Em Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, Belém, Curitiba. Mais de 250 mil brasileiros na praça, no meio da Copa das Confederações e um ano antes da Copa do Mundo. Não vimos tantos desde 1992, quando o povo se levantou contra o presidente Collor. E a ONU quer investigação sobre os abusos cometidos pela polícia brasileira.

 E dizer que tudo começou como uma questão de vinte centavos de real (cerca de 7 centavos de Euro). Em SP, decidiu-se reduzir a tarifa de ônibus. Mas o povo estava furioso. Porque o transporte público é uma vergonha, com muitos levando 4 horas para chegar em casa pelo tráfego assustador. Começou na 5ª feira 13.
De repente a faísca tornou-se uma chama, e depois uma fogueira. Manifestantes queimaram dezenas de pneus em frente ao estádio de Brasília, o Mané Garrincha. Explode o desconforto reprimido nesses anos de grande crescimento econômico.
Mas os problemas para os pobres e classe média continuam ombro a ombro, com a crise chegando com a inflação atingindo níveis perigosos. Isso disseram os manifestantes em Brasília, com o gasto absurdo em estádios. 2 bilhões de Euro que poderiam ser investidos em escolas e serviços de saúde, ou para resolver o problema da violência nos subúrbios. Pedem o fim da corrupção massiva nos meios políticos.

 No começo da copa, sábado 15, Dilma Roussef foi vaiada 3 vezes no estádio de Brasilia. É o sinal apreendido em todo o Brasil e explode nos distúrbios de 2ª feira, 17. O futebol é, de certa forma o fulcro da história, porque os olhos do mundo estão no Brasil e é a ocasião perfeita.
 
Uma frase coletada,  não queremos ser apenas uma terra de sol e bom futebol. Não nos interessa mais. Queremos ser um país moderno, em sintonia com o resto do mundo. Queremos mais direitos, educação, civilização“.
 
Parece totalmente espontânea, como se uma represa se rompesse de repente. Não há um lider identificável. Se juntam a eles sindicatos, partidos de esquerda, anarquistas e o grupo de meninos negros, para os quais a destruição de bens materiais é reação legítima à repressão da polícia.

 Mas 80% dos manifestantes se declaram alheios a partidos. “Nenhum partido” é o slogan favorito. Há também “desculpas pelo transtorno, estamos mudando o país”. E desde o início Dilma os chama de vândalos. E dizia, poucos meses atrás, “que eramos eleitores; agora somos vândalos”.

Dilma diz “estamos ouvindo o país”, garante. Enquanto isso, voa para SP para ouvir os conselhos do ex-presidente Lula.
 
Pois é, comento: Humpf! Temos uma “presidenta” descarada. Os petralhas enfiaram os pés e as mãos no lodo. Secou, e agora não podem tirar. E a coisa parece que vai ficar mais feia para os quadrúpedes. Estou me lembrando, não sei porque, dos corpos de Benito Mussolini e Clara Petacci, capturados e executados perto do Lago de Como, depois pendurados de cabeça para baixo em um posto de gasolina em Milão, no final de Abril de 1945para que os italianos tivessem certeza que estavam mortos.
 
Como dizem que a História pode se repetir, agora, provavelmente, ela vai chamar as Forças Armadas para controlar o povo. O rabo pegou fogo…
 
21 de junho de 2013
Magu