"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 19 de outubro de 2011

PGR DIZ QUE GRAVIDADE DAS DENÚNCIAS DE CORRUPÇÃO NO ESPORTE É TAMANHA QUE PRECISA ABRIR INQUÉRITO NO SUPREMO

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou nesta quarta-feira (19) que pedirá que o Supremo Tribunal Federal (STF) abra um inquérito para investigar o envolvimento do ministro do Esporte, Orlando Silva, em suposto desvio de dinheiro público do programa Segundo Tempo, que visa incentivar a prática esportiva de crianças e adolescentes.

De acordo com o procurador, o pedido deve ser encaminhado ao Supremo ainda nesta semana. "A gravidade dos fatos é tamanha que impõe a necessidade de abertura de um inquérito no Supremo", afirmou Gurgel no intervalo da sessão do STF.

Segundo o procurador, só falta examinar quais diligências serão pedidas antes de pedir a abertura do inquérito no Supremo.
Gurgel afirmou ainda que estuda pedir que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) remeta ao Supremo o inquérito que investiga a possibilidade de participação do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, no mesmo suposto esquema de desvios no Ministério do Esporte.

Segundo o procurador, existe uma "relação muito intensa entre os fatos".
"Imagino que o pedido de inquérito deve estar sendo encaminhado ao Supremo ainda esta semana e, ao encaminhar o pedido se for o caso, já pedirei que o Supremo peça ao STJ a remessa do inquérito relacionado ao governador [Agnelo Queiroz]", afirmou o procurador.

Gurgel afirmou que vai analisar o inquérito que investiga Agnelo antes de tomar providências. "Em primeiro lugar, nós temos que verificar a veracidade. Nós não podemos nesse momento considerar os fatos provados apenas em razão das declarações de uma única pessoa. Nós temos que examinar isso com atenção devida, com todo o cuidado, para verificar a sua procedência e, em sendo procedentes, aí sim serem adotadas as providências que o caso requer."

Para Roberto Gurgel, "se verdadeiros esses fatos [relativos a Agnelo] evidentemente seria crime, seria algo extremamente grave".
No momento da declaração do PGR, o ministro do Esporte prestava depoimento em audiência pública no Senado. Ele afirmou que iria "desmascarar farsa" sobre seu suposto envolvimento em esquema de desvio de verbas e que cumpriu com seu dever ao “buscar todos os caminhos institucionais para fazer a defesa” de sua honra.

Inquérito no STJ

O governador do Distrito Federal é um dos investigados em inquérito que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para apurar suposto desvio de verbas no Ministério do Esporte. Agnelo foi ministro da pasta entre janeiro de 2003 e março de 2006.

O processo tramitava na 12ª Vara da Justiça Federal e só foi para o tribunal por conta do foro de Agnelo - pela lei, governadores só podem ser investigados ou processados no STJ. O inquérito, de número 761, chegou ao gabinete do ministro Cesar Asfor Rocha, do STJ, na última terça (11).
A informação foi divulgada na edição desta terça do jornal "Folha de S.Paulo".

O G1 apurou que o motivo pelo qual Agnelo aparece no inquérito é um depoimento à Polícia Federal de uma testemunha, Geraldo Nascimento Andrade, que afirmou ter entregue em 8 de agosto de 2007 a quantia de R$ 250 mil em dinheiro nas mãos do ex-ministro. Na época, Agnelo já havia deixado o Ministério do Esporte. O ex-ministro e atual governador sempre negou a acusação, que chegou a ser explorada por adversários na campanha eleitoral do ano passado.

Por meio de nota divulgada pela assessoria de imprensa do governo do Distrito Federal, o governador Agnelo Queiroz afirma que o inquérito no STJ é "mero instrumento de apuração de fatos" e que "jamais foi considerado réu".

Denúncias

Na edição do último final de semana da revista "Veja", o policial militar João Dias Ferreira afirmou que o atual ministro do Esporte, Orlando Silva, tinha envolvimento em um suposto esquema de desvio de verba pública, nos últimos oito anos, do programa Segundo Tempo. Ferreira disse que Silva teria recebido um pacote de dinheiro na garagem do ministério.

O suposto esquema denunciado por João Dias começou, segundo o policial, durante a gestão de Agnelo Queiroz, quando Orlando Silva era secretário-executivo do ministério. Silva e Queiroz negam as acusações. Do site G1 - portal da Rede Globo

Postado por Aluizio Amorim

CNI / IBOPE: 46% DA POPULAÇÃO É A FAVOR DA PENA DE MORTE


Estudo também revela que 70% se mostraram contrários ao direito ao porte de armas e 75% são a favor da redução da maioridade penal

Portal Terra

A pesquisa "Retratos da Sociedade Brasileira: segurança pública", realizada pela CNI/Ibope e divulgada nesta quarta-feira, aponta que 79% dos entrevistados acreditam que penas mais rigorosas podem reduzir a criminalidade. Entre os entrevistados, 46% defendem a pena de morte (31% defendem totalmente e 15%, em parte). A prisão perpétua é também aceita por 69% dos entrevistados. A pesquisa também aponta que 86% dos entrevistados aceitam a redução da maioridade penal.

Assim como 46% dos entrevistados defendem a pena capital, o mesmo percentual rejeita a prática, o que representa uma divisão clara na sociedade entre os que são a favor ou contra a pena de morte. "Claramente a gente sabe que há uma divisão na pena de morte, isso não é um consenso", disse o gerente-executivo da pesquisa, Renato da Fonseca.

Os principais resultados da pesquisa apontam que mais da metade da população (51%) considera a segurança pública no Brasil "ruim" ou "péssima". Os temas segurança pública e drogas aparecem respectivamente em 2º e 3º lugares entre as maiores preocupações dos brasileiros, atrás apenas da saúde, que é apontada por 52% como mais preocupante.

Armas

Sobre o desarmamento, 70% se mostraram contrários ao direito ao porte de armas. O uso das Forças Armadas no combate à criminalidade é aceito por 79% dos brasileiros. A privatização dos presídios também foi verificada pela pesquisa e 53% se mostraram favoráveis. "Fica muito claro que as pessoas não estão podendo circular livremente pela cidade. Claramente a violência está impactando na vida das pessoas e nos hábitos das pessoas", avaliou o gerente-executivo da pesquisa, Renato da Fonseca.

Maioridade penal

Ao menos quatro entre cinco brasileiros concordam com a redução da maioridade penal para 16 anos, revela a pesquisa "Retratos da Sociedade Brasileira: Segurança Pública" feita pelo Ibope. Mostram-se totalmente a favor da medida 75% dos entrevistados e parcialmente a favor, 11%. Os que são contrários total e parcialmente somam 9%.

"Os crimes praticados por menores são uma preocupação da população, que também demanda ações mais severas nesses casos", afirma o documento. Além disso, os que acham que atribuição da responsabilidade penal somente a partir dos 18 anos incentiva a participação de menores de idade em crimes somam 83%, enquanto os que discordam são 9%.

Ao analisar os brasileiros a favor da redução da maioridade penal sob a perspectiva do nível de instrução, a pesquisa mostra que a concordância com a medida é generalizada - em todos os estratos os índices ficaram entre 73% e 76% que são totalmente a favor. O mesmo acontece na divisão por regiões, em todas a variação foi de 73% a 76%. As diferenças aparecem quando são levadas em consideração a questão da renda familiar e a idade do entrevistado.

Enquanto entre brasileiros com renda familiar de até dez salários mínimos, os que são totalmente a favor da redução da maioridade penal oscilam entre 70% e 77%, já entre aqueles ganham mais do que dez salários mínimos, o índice é de 63%. Na estratificação por idade, o maior porcentual aparece entre aqueles que estão nas faixas etárias de 25 a 29 anos (79%), 30 a 39 anos (também 79%) e de 50 anos ou mais (77%). Já entre os entrevistados que têm de 40 a 49 anos, 71% são totalmente a favor da medida, e entre os com 16 até 24 anos, esse índice é de 69%.

Legalização de drogas

A pesquisa CNI-Ibope informa ainda que 70% dos entrevistados discordam que legalizar a venda e o uso da maconha reduzirá a criminalidade. Já para 23%, essa é uma medida positiva para a segurança pública. No entanto, a maior parte dos consultados (65%) concorda totalmente ou parcialmente que a proibição de venda de bebidas alcoólicas após a meia noite contribui para a queda no número de crimes. Um quarto (25%) tem opinião contrária.

A pesquisa foi realizada entre os dias 28 e 31 de julho com eleitores de 16 anos ou mais. Foram realizadas 2.002 entrevistas em 141 municípios do País. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos.


Postado por Lord

OPOSIÇÃO APROVA CONVITE PARA O POLICIAL QUE ACUSA ORLANDO SILV A, DEPONHA

A base aliada da Câmara abandonou o ministro do Esporte, Orlando Silva, e permitiu à Comissão de Fiscalização e Controle aprovar hoje um convite para que o policial militar João Dias Ferreira e o motorista Célio Soares Pereira apresentem na Casa as acusações contra o ministro.

O convite para os acusadores de Orlando aconteceu em uma sessão na qual havia apenas um governista na comissão, o petista José Mentor (PT-SP), que é suplente.
Nem mesmo o líder do PC do B, Osmar Júnior (PI), estava presente, apesar de ser titular no colegiado. A oposição aproveitou a ausência, pediu inversão de pauta e aprovou o convite formulado pelo líder do DEM, ACM Neto (BA), sem discussão.
A falta de interesse dos aliados em proteger o ministro surpreendeu a oposição, que estudava até manobras regimentais para levar o policial ao Congresso de forma oficial.

Depois da votação, o PCdoB tentou minimizar o fato. Osmar afirmou que derrubar o convite era importante, mas não uma “questão de vida ou morte”. “O convite não é correto, mas não temos preocupação com o que vai dizer ou fazer.
Ele já vem falando com a imprensa e a oposição.” O depoimento do policial e do motorista foi marcado para a semana que vem, no dia 26.
Por Eduardo Bresciani e Eugênio Lopes, na Agência Estado

Por Reinaldo Azevedo

CABO ANSELMO, O "JUSTICEIRO"

Ontem, Cabo Anselmo se apresentou, a quem não o conhecia, numa entrevista ao programa Roda Viva.

Nem ele mesmo deve saber direito se era destro ou canhoto, depois de tanto sair da esquerda para a direita, dar meia "volta-volver", virar para o outro lado; de se tornar, um dia, inimigo de seus grandes amigos, amadas e amantes.

***
Histórico de um patriota traidor

Após o golpe, Anselmo foi expulso da Marinha; foi preso; fugiu e se exilou no Uruguai e depois em Cuba, onde teria feito treinamento de guerrilha. Voltou ao Brasil em 70; se ligou ao movimento guerrilheiro. Acabou preso outra vez.

Após a prisão, aceitou trabalhar para o Governo Militar e se infiltrou em grupos de esquerda. Há suspeitas de que antes de 1964, Anselmo já era um agente infiltrado para fornecer informações aos órgãos de repressão do governo, o que foi confirmado pelo ex-diretor do DOPS do Rio de Janeiro. Segundo o ex-diretor do DOPS, ele já possuía treinamento específico para trabalhos de infiltração antes do golpe militar. Há controvérsia sobre sua infiltração nessa ocasião.

Ao agir como agente da repressão, Anselmo forneceu grande quantidade de dados sobre os movimentos de esquerda, provocando a prisão, morte e tortura de vários de seus integrantes, inclusive de sua própria namorada, que estava grávida. Ela não resistiu às torturas e morreu.

Após sua confirmada infiltração nessa ocasião ser descoberta pelos guerrilheiros, Anselmo desapareceu (entre 1972 e 1973). Foi considerado morto até a entrevista à pela Revista Isto É (edição de 28 de março de 1984).

No início dos anos 80, Cabo Anselmo ainda passeava pelo Dops e mantinha uma agência privada de informações. Em l999, foi entrevistado pelo jornalista Percival de Souza. Em 2009, participou do programa Canal Livre, da Rede Bandeirantes de Televisão. Por sua tão dúbia posição, Cabo Anselmo se tornou uma estrela.

Hoje, o Cabo Anselmo pede identidade formal que não tem desde que foi cassado e, ao governo de SP, a mesma indenização que foi doada aos que foram presos e torturados. Reivindica, também, uma aposentadoria de acordo com o posto que ocuparia hoje na Marinha. Segundo ele, a indenização da Comissão de Anistia não deve beneficiar apenas os militantes de esquerda, portanto o pedido de aposentadoria teria a intenção de exigir... justiça.

Cabo Anselmo é um "justiceiro'. Exige que as coisas sejam feitas de maneira muito corretas, até mesmo ao dizer que ajudaria o atual governo na Comissão da Verdade, mas desde que sejam apuradas as verdadeiras ocorrências dos dois lados. O único problema é o Cabo Anselmo se confundir e misturar informações de um lado com o outro.

Você confiaria no Cabo Anselmo,
mesmo que ele dissesse que te ama?

jurema cappelletti

RECADO A EMIR SADER

Recado de João Roberto Gullino em resposta a artigo de Emir Sader
- “É o social, estúpido” no final da página -

Senhores responsáveis pelo jornal “Diário da Manhã” - GO

Como não possuo o endereço do Sr. Emir Sader, estou enviando à V. Sas. para que encaminhem minha resposta ao artigo dele - “É o social, estúpido” - pois, a rigor, como me senti atingido, deveria ter o direito de resposta, mas não vou pedir tanto, pois aqui faço uma observação: - quando os cartunistas Ziraldo e Jaguar foram contemplados com a bolsa-ditadura e criticados, a imprensa divulgou acusação de Ziraldo (que tem a minha idade) de que aqueles que ficaram passivos eram “covardes”, pois ele tinha tido a casa invadida pela polícia. Minha defesa não teve espaço nos jornais pois, se não mancomunei na época, é porque tinha responsabilidade de família já que, enquanto Ziraldo na infância empinava pipa e subia nas goiabeiras da vizinhança lá em MG, eu, no Rio de Janeiro, tinha minha casa invadida pela polícia de Vargas e era humilhado na rua pelo pecado capital de ser filho de italiano – portanto, Ziraldo não sabe nada do que é sofrimento, como talvez este senhor Emir Sader também não saiba nada sobre o que seja, realmente, “problema social” diante de tanta miséria que campeia no país para se desviar milionárias verbas da saúde e da educação, pois, por sua cartilha, a democracia é via de mão única – ou aceita sua opinião ou se é “estúpido”. E se não o classifico igualmente dentro de suas convicções políticas, é porque respeito seu direito a tal e porque recebi educação de família.

Grato pela atenção, João Roberto Gullino
Petrópolis,RJ


SenhorEmir Sader,

Não sei como cópia de seu artigo veio parar na minha caixa postal – talvez pela relação constante no blog “O esquerdopata” onde lá estou à disposição das hienas petralhas - por isto, tenho que me dirigir à sua pessoa como autor do texto. Como ele é endereçado aos opositores de Lula e do PT, pelo tema abordado, julgo-me no direito de me defender já que não me considero estúpido – pelo menos sobre o tal tema pois a palavra “estúpido” – neste caso - não deixa de ser um sinônimo grosseiro de ignorante e, todos nós sempre somos ignorantes em algum segmento.

Já diz uma frase por demais batida de que “uma mentira repetida várias vezes torna-se verdade”, por isto, para início de conversa, martelar sobre um suposto prestígio nacional de Lula de 87% é “samba de uma nota só” pois tal índice foi-lhe outorgado durante seu cargo por órgãos duvidosos e, se assim não fosse, Dilma Rousseff teria vencido no primeiro turno e não depois de dispendiosa campanha, muitas promessas e mentiras, a duras penas. Certamente, por sua formação, deve saber quem foi Disraeli (Lula nem faz idéia) que, já no seu tempo, dizia que “existem mentiras, grandes mentiras e estatísticas” – assim, acredito que tal percentual esteja incluída na faixa das “grandes mentiras” .

Quanto ao prestigio usufruído por Lula no exterior – o povão ignora – foi promovido pelo “quase assassino de embaixador ”Franklin Martins que contratou, a peso de ouro, uma das mais importantes agências estadunidenses de propaganda para providenciar tal projeção. Aqui um parêntese: o curioso neste caso é que o PT tem ojeriza aos EU e no entanto foi lá que encontrou quem com ele se mancomunasse – é a força do dinheiro.

Muito bem. Mas sobre o título de seu artigo ´”É o social, estúpidos!” , gostaria que me explicasse o que o PT entende por social – será que os aposentados do setor privado não estão incluídos nesse segmento? Pois aos 79 anos, aposentado com 8 recebo agora 3 s/m e, acredito, com o reajuste desproporcional para o ano que vem, deverei passar para 2,5 s/m, apesar de ter uma gravação em vídeo de Lula, na campanha, prometendo restaurar as aposentadorias originais e, depois de empossado, veio com a eterna mentira que se tornou verdade até para os grandes economistas de que a Previdência é deficitária. E quem faz tal observação não são minhas elucubrações mas baseado em informação, por escrito, do seu companheiro, senador Paulo Paim. E digo mais – se fosse deficitária, Lula não teria desviado da Previdência mais de 200 bilhões de reais – ainda conforme declaração do senador, na tribuna, em setembro de 2009 de que, até 2008 teriam sido 147 bilhões, portanto, podendo se deduzir com toda a farra aos cofres públicos durante 2009/2010, que deve ter ultrapassado tal cifra.

Sabe, senhor, pela minha visão, o que Lula fez “pelo social” foram migalhas retiradas dos tapetes palacianos, após lautos jantares com o empresariado e os banqueiros que nunca lucraram tanto como nesses últimos 9 anos. Assim, ele comprou o povão com suas bolsas-migalhas, levando a maioria à ociosidade, comprou a “sociedade” empresarial, comprou o judiciário onde ele sempre limpou seus pés sujos de lama; comprou os partidos políticos que melhor seria denominá-los de facções e tantos outros segmentos – só não conseguiu comprar os cidadãos de bom senso e desinteressados pois, parece que o grande milagre brasileiro é entrar-se na política pobre e sair-se milionário – é curioso, não? Porque eu sou um dos inúmeros “otários” deste país – o pouco valor que dou ao dinheiro é somente aquele que ganho honestamente e minha revolta contra o governo é o desvio dos valores das aposentadorias em beneficio de novas concessões a quem nunca contribuiu – hoje me considero um indigente do INSS pela esmola “social” que recebo, apesar de minhas régias contribuições no passado. E sempre questiono – o que um político faz com 1.800 reais? Se não for muito exigente, como Lula, comprará talvez uma garrafa de vinho.

Sabe, senhor, lamento a visão enviesada que o PT tem sobre os feitos de Lula durante seu governo. Esbanjou cerca de 40 bilhões de reais perdoando e doando para diversos países para se promover junto à ONU enquanto aqui dentro a miséria ainda campeia. Enquanto viajava e fazia doações, milionárias, seus conterrâneos de Alagoas e Pernambuco, atingidos pelas enchentes do ano passado ainda estão morando em tendas; as poucas casas construídas no nordeste pelo bendito PAC se esfarelaram após quatro meses de habite-se. Obras feitas no porto de Manaus desmoronaram como um castelo de cartas e, diante das inúmeras tragédias ocorridas durante seu governo, covardemente se escondeu e só marcou presença uma semana depois, como foi o caso da TAM e das enchentes do nordeste. E, diante de tantas tragédias, tanto ele como Dilma, vão lá fora querer ensinar como se governa, pois aqui “tudo está às mil maravilhas”. E agora ele, dormindo em berço esplêndido, acolchoado com a mentirosa pesquisa de 87%, desafia – lá de fora – as forças armadas, num palavreado baixo, por demais vulgar, pois parece que até elas já estão compradas ou se transformaram em “forças apáticas” que nenhuma defesa mais farão pelo solo pátrio, diante da avassaladora invasão “socialista” que espolia o povo com impostos escorchantes, aumentando cada vez mais. Apesar de J. Scherr que dizia: “Os rebeldes de ontem são sempre os déspotas de hoje” , de minha parte, prefiro definir-los com o fecho de um soneto: “ Somos seres incógnitos no impasse / por sempre se sentirem todos castos / só esquecendo a máscara na face.”

Portanto, senhor, sinceramente não entendi a que “social” se refere e quem seriam os destinatários “estúpidos”.

João Roberto Gullino - Petrópolis, RJ


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É O SOCIAL, ESTÚPIDO / ARTIGO TENDENSIOSO DE EMIR SADER

Coerentemente com sua incapacidade de explicar o prestígio nacional de Lula — 87% depois de ter deixado de ser presidente —, a direita — tanto a partidária, quanto a midiática — não consegue explicar que o prestígio é a mais segura possibilidade de que Cristina Kirchner triunfe nas eleições do próximo domingo, 23 de outubro, reelegendo-se presidente da Argentina e inaugurando — como no Brasil — o terceiro mandato do ciclo atual de governos pós-neoliberais no país vizinho.

Todos os argumentos foram esgrimidos: o luto pela morte de Néstor Kirchner — ocorrida há mais de um ano, insuficiente para dar conta da contínua subida da popularidade de Cristina; a corrupção, que cooptaria grande quantidade de gente incapaz de dar conta de um apoio popular generalizado a Cristina; a conjuntura econômica internacional. Esta volta a se tornar um condicionante negativo, mas a economia argentina continua a ser a que mais cresce no continente. Resta a idiossincrasia argentina, uma espécie de sentimento de autodestruição inato dos argentinos, que adorariam acelerar a suposta decadência do seu país.


Em suma, apelou-se para argumentos infrapolíticos, antropológicos, psicanalíticos, tangueiros, mas não conseguem entender, menos ainda explicar, por que um governo que a mídia brasileira e argentina — irmãs gêmeas (*) — execra conseguirá se reeleger nas eleições do fim deste mês, com mais de 40% de diferença para o segundo colocado. (*) É o caso daquelas irmãs gêmeas em que o DNA é atropelado pela rivalidade.
A razão é que seria uma confissão dramática — e quase suicida para as elites — do óbvio: o Brasil e a Argentina tiveram substancial melhoria nas condições de vida da massa da população e esse é o “segredo” conhecido por todo o povo do sucesso dos seus governos atuais. Enquanto (só para tomar os presidentes depois da restauração da democracia nos dois países) presidentes como Ricardo Alfonsín, José Sarney, Fernando Collor de Mello, Carlos Menem, Fernando Henrique Cardoso e Fernando de la Rúa saíram enxotados e repudiados pelo povo, Lula, Néstor e Cristina Kirchner terminaram ou terminam seus mandatos com majoritário apoio popular, apesar da oposição da velha mídia monopolista. Sarney (mandado tomar no c... no Rock in Rio e maior devorador da União) e Collor (expulso da presidência por impeachament) são suficientes para desmerecer o que escreve o autor do artigo.
A razão do sucesso desses governos — da mesma forma que dos outros governos progressistas da América Latina — reside nas políticas sociais, no ataque à característica mais marcante historicamente dos países do nosso continente: o de ser a região mais desigual do mundo. Aí reside o “segredo” das transformações levadas a cabo por esses governos e que explicam sua popularidade. Uma situação radicalmente contrária à dos governos que os antecederam e que implementaram ou deram continuidade ao modelo neoliberal.

Até mesmo essa direita reconhece que a distribuição de renda melhorou substancialmente desde o início desses governos, que o poder aquisitivo dos salários cresceu ao longo desses mandatos, que os contratos formais de trabalho aumentaram sempre na década passada, revertendo, em parte, as desigualdades e exclusões sociais dos governos que os antecederam.

A dificuldade para que a direita — de lá e de cá — reconheça esse aspecto (o enorme processo de democratização social em curso nos nossos países) significaria automaticamente reconhecer que, quando governaram — com ditadura ou com democracia —, perpetuaram ou até mesmo pioraram a situação da massa da população. A desigualdade histórica que marca o nosso continente é produto dos governos das elites tradicionais. Compreender as razões da popularidade dos governos argentino e brasileiro seria uma confissão das responsabilidades das elites tradicionais — partidos e mídia. Daí que estejam condenados a enganar-se e, assim, à impossibilidade de compreensão do que são nossos países e toda a América Latina hoje. Daí a situação de impotência, desconcerto e divisão que afeta a direita nos dois países e em grande parte do continente.

BODE EXPIATÓRIO

Artigos - Movimento Revolucionário

No caso brasileiro, nem toda a sociologia da USP somada pode ocultar a obviedade de que a manifesta descristianização da sociedade, da educação, da mídia e da cultura, tem algo a ver com o aumento da violência, da crueldade, do egoísmo e da insensibilidade.


Que os brasileiros vêm-se tornando um povo de egoístas cínicos não é nenhuma grande novidade. Mas no Estadão de 9 de outubro o prof. José de Souza Martins explica o fenômeno como reação coletiva à falta de liberdade que a nação sofreu no período militar. Teríamos passado, segundo ele, da repressão à esculhambação. Apelar tão resolutamente à metáfora hidráulica de fluxo e refluxo como princípio explicativo já é, em si, um delito mental que não se deveria perdoar num sociólogo, especialmente quando este vem com o título de "professor emérito".

O prof. Martins não recorreria a esse automatismo pueril se se não lhe desse a oportunidade de cumprir o mandamento número um do Decálogo Uspiano: lançar a culpa de tudo, sempre e invariavelmente, na maldita ditadura.

Infelizmente essa intenção devota esbarra em alguns obstáculos invencíveis. Metade da população brasileira tem menos de 30 anos e não pode ter sofrido nenhuma privação de liberdade num regime que terminou duas décadas e meia atrás. O que essa gente sabe da ditadura é o que lhe foi transmitido por professores, jornalistas e artistas de TV – os "intelectuais" no sentido elástico que Antonio Gramsci dá ao termo. O mau comportamento dos brasileiros não pode portanto ser uma reação direta a experiências de trinta ou quarenta anos atrás, mas o resultado da educação que receberam, das crenças e reações que aprenderam.




Se alguém achou que as incomodidades sofridas no período militar justificavam a permissão para a busca irrefreada de satisfações egoístas como uma espécie de compensação psicológica, foram os "intelectuais", não a população em geral. Esta limitou-se a praticar o que eles lhes ensinaram – e quando o resultado começou a aparecer, com sua feiúra deprimente, logo veio um porta-voz dos "intelectuais" para fazer o que eles costumeiramente fazem: apagar as pistas de suas próprias ações, jogar as culpas nos outros e aproveitar o desastre como oportunidade para reforçar sua autoridade de conselheiros da nação.

Mas também é errado imaginar que dentro do próprio círculo de "intelectuais" uma ética de auto-indulgência viesse como resposta a uma situação local especialmente opressiva. Na década de 60, a onda hedonista brotou simultaneamente em dezenas de países, a maioria dos quais não passou por ditadura militar nenhuma.

Nos focos principais de onde a moda irradiou – a França e os EUA –, os mais extremados apologistas do "prazer" desfrutavam não só de uma liberdade invejável, mas de financiamentos bilionários vindos das altas esferas do establishment (a história de Alfred Kinsey é modelar: v. Judith Reisman, Kinsey: Crimes and Consequences, Institute for Media Education, 3rd. ed., 2003). Não faz sentido atribuir a causas locais um fenômeno de escala universal.

Os "intelectuais" da taba aderiram à ideologia do prazer porque quiseram, porque era a moda internacional, e não porque a isso os forçasse o governo militar. Quando a repassam a jovens e crianças nas escolas, estão apenas formando as novas gerações à sua imagem e semelhança – sempre, é claro, com o cuidado de se isentar preventivamente de qualquer responsabilidade pelas eventuais consequências adversas.

Ademais, a análise do prof. Martins erra também por anacronismo. O culto do prazer a todo preço não surgiu no Brasil após o advento da Nova República, mas já nos anos 60, fomentado não só pela influência das modas culturais importadas, mas por toda uma militância local onde se destacaram importantes órgãos de mídia como Realidade, Nova e Cláudia, sem contar uma infinidade de publicações menores como O Pasquim, Ex, Rolling Stone, Flores do Mal e não sei mais quantas, todas dirigidas por ativistas de esquerda empenhados em destruir o capitalismo por via vaginal, o cristianismo por via anorretal ou ambos por via dupla. Uma coisa não pode ser reação tardia a outra coisa quando ambas acontecem simultaneamente.

Para piorar, o prof. Martins não assinala como sintoma da desordem moral nacional só a busca de satisfações imediatas a todo preço, mas também a cobiça financeira, a sede de bens materiais. Ora, como é possível explicar esse fenômeno como reação de alívio subsequente a uma situação repressiva, e ao mesmo tempo acusar a ditadura de ter fomentado o espírito capitalista, o consumismo, o culto da mercadoria e o império da "lei de Gérson"?

Ou a ditadura incentivou as pessoas a subir na vida por meio do capitalismo ou as inibiu de fazer isso, alimentando nelas um desejo insatisfeito a que só puderam dar vazão na Era Lula. As duas coisas ao mesmo tempo, não pode ser.

Na era Lula, a maior distribuição de renda é vista como inclusão social. No tempo dos militares, do "Brasil Grande", a febre de compras era criticada como consumismo fácil pela esquerda. Falando em Era Lula, também não faz sentido louvar o governo petista por ampliar a participação popular no mercado interno (à custa, diga-se en passant, de um endividamento nacional suicida) e ao mesmo tempo reclamar contra a avidez com que os novos consumidores se lançam à conquista de bens a que antes não tinham acesso. Ninguém sai comprando tudo quanto é bugiganga eletrônica só para se vingar de uma ditadura da qual mal ouviu falar.

Aliás, no tempo dos militares ocorreu ascensão social idêntica (o então chamado "milagre brasileiro"), resultando em idêntica febre de consumo. Mas, na ocasião, os porta-vozes da esquerda não se lembraram de festejar a inclusão social maciça que isso representava (maior, proporcionalmente, do que tudo o que os tão badalados programas sociais do governo Lula viriam a realizar). Ao contrário: concentraram suas baterias no ataque moralista ao "consumismo", como se fosse causa sui e não efeito da melhor distribuição de renda.

Quando o mesmo fenômeno se repete em pleno apogeu do lulismo, como fazer para louvar a distribuição de renda sem culpar o governo pelo consumismo resultante? É fácil: desvincule a causa do efeito e debite este último na conta de um governo de trinta anos atrás.

Se isso é sociologia, eu sou o José de Souza Martins em pessoa. E olhem que, dos sociólogos uspianos, ele não é o pior. Até os exemplos que o emérito escolhe para ilustrar a maldade dos corações brasileiros são erros de perspectiva. Motoristas que atropelam pessoas e só tratam de evadir-se da punição legal, sem a mínima piedade pelas vítimas, são decerto tipos execráveis, mas sua insensibilidade é titica de galinha num país onde de quarenta a cinquenta mil pessoas são assassinadas anualmente com a ajuda de organizações queridinhas do partido governante e não se ouve sequer um debate a respeito.

Nossos "intelectuais" esbravejaram mais contra 25 mil baixas na guerra do Iraque do que contra violência mortífera duplamente maior que se comete contra seus próprios compatriotas a cada 365 dias. Será demasiado concluir que seu ódio aos Estados Unidos é infinitamente mais intenso que seu amor ao povo brasileiro?

E por que raios uma geração de pessoas educadas nessa mentalidade deveria ser um primor de bons sentimentos?

O prof. Martins reclama: "Falta uma bolsa de valores sociais, que meça diariamente quanto perdemos de nós mesmos, de nossa dignidade, de nossa autoestima, da estima e do respeito pelo outro." Tem razão, mas a medição diária é impossível sem uma escala constante do valor que se mede. Ao longo da história brasileira, essa escala foi uma só e a mesma, desde a chegada de Pedro Álvares Cabral até o advento da "Nova República": o cristianismo.

O prof. Martins talvez acredite em moralidade sem religião, mas há de reconhecer que uma civilização integralmente "laica" (termo errado, mas usual) é uma hipótese futura e não realidade historicamente constatável. E, no caso brasileiro, nem toda a sociologia da USP somada pode ocultar a obviedade de que a manifesta descristianização da sociedade, da educação, da mídia e da cultura, tem algo a ver com o aumento da violência, da crueldade, do egoísmo e da insensibilidade.

Para fugir às suas responsabilidades históricas, os "intelectuais" tapam os olhos até às consequências mais óbvias e patentes das escolhas a que se entregam com todo o furor entusiástico da paixão militante.

Numa época em que a mera fantasia sexual é considerada oficialmente mais valiosa, mais digna, mais merecedora da proteção estatal do que o sentimento religioso da população, é ridículo esperar que o senso dos valores não acabe se dissolvendo numa névoa turbulenta e que a confusão resultante não se traduza em atos de maldade cotidiana cada vez mais aceitos como normais e improblemáticos.

E não é preciso nenhuma bolsa de valores para saber de onde vem a perda: o Brasil que escandaliza os sentimentos do prof. Martins é criação exclusiva da sua geração de "intelectuais". Qualquer reclamação que venha dessa fonte é uma mera camuflagem de culpas, é mero sacrifício ritual de um bode expiatório prêt-à-porter.

Olavo de Carvalho, 18 Outubro 2011
Publicado no Diário do Comércio em duas partes

O MASSACRE DO ALSELMO NO RODA VIVA

O tal “Cabo” Anselmo foi massacrado na estreia do formato repaginado do tradicional programa Roda Viva, da TV Cultura. Esperava-se que isto acontecesse. Os jornalistas que o entrevistaram – inclusive eu – fizeram o que tinha de ser feito. Um programa de entrevistas não deve ser perguntinhas acuradas para o entrevistado.

Tentou-se tirar de Anselmo alguma verdade histórica ainda oculta. Um problema fundamental foi que ele próprio caiu em uma armadilha temática e não aproveitou ganchos para esclarecer pontos obscuros da versão histórica sobre ele – plantados pelo ideologismo esquerdista.

Na chamada para o programa, no Jornal da Cultura, já se percebia que Alselmo sofreria um massacre. Antes de anunciar o novo apresentador do Roda Viva, Mário Sérgio Conti (Diretor de Redação da revista Piauí), a repórter apresentou o “Cabo” Anselmo como a esquerda revanchista sempre o apresentou: um monstro, traidor, que foi um colaborador direto do esquema de repressão do governo militar (conhecido, usualmente, como “Ditadura”) contra aqueles que se aventuraram na luta armada (para implantar um regime comunista no Brasil – este detalhe, cuidadosamente, a mídia tradicional sempre omite).

Esquerdistas são pintados como heróis (tendo matado, torturado, assaltado bancos e praticado atos terroristas). O outro pólo (definido como “Direita” ou “extrema direita”) abriga os “inimigos da democracia”, promotores do regime de arbítrio, que mataram, torturaram e perseguiram inimigos ideológicos. Esta dicotomia tacanha entre “esquerda boazinha e idealista” e “direita arbitrária e truculenta é tradicional na abordagem da mídia tupiniquim. É um lugar-comum sempre empregado. Afinal, o discurso que prevalece é dos vencedores ideológicos. A História acaba sempre mal contada, repita-se de passagem, por ambos os lados.

Ontem, no palco branquinho do Roda Viva, não foi diferente. A coisa ficou preta para o Anselmo (porque ele mesmo caiu na armadilha de perguntas sobre assuntos que ele não tem ainda resolvidos em seu consciente e inconsciente). Ele saiu da entrevista com um certo ar de derrota. Pelo menos dois jornalistas que participaram da entrevista – Fausto Macedo e Hugo Studart – avaliaram, em off, que ficou uma impressão de que ele foi “massacrado”. O advogado Luciano Blandy, que advoga praticamente de graça para Anselmo teve a mesma impressão. Uns jovens - colocados para abrilhantar o belíssimo cenário -, alguns que nunca tinham ouvido falar do tal “Cabo”, pelo sorriso, entredentes, após o programa, também festejavam, em seu íntimo, o massacre do cara classificado como um Judas, um Calabar, um Joaquim Silvério dos Reis, enfim, um dos maiores traidores da nossa mal contada História.

Repito, mil vezes. O massacre era esperado. A começar pelo tratamento, nos créditos do programa, ao entrevistado: “Cabo Anselmo – ex-militar”. Ainda tentei um parêntesis, no programa, para chamar a atenção, educadamente, de que aquilo não correspondia a tal verdade objetiva que nosso jornalismo tanto prega, mas pouco pratica, de verdade. O “Cabo Anselmo” é uma grande mentira histórica. Primeiro, nunca foi “Cabo”. Nunca passou de “Marinheiro de 1ª Classe”. Segundo, ele não é ex-militar, mas, sim, militar cassado. Foi o centésimo sujeito detonado politicamente pelo Ato Institucional número 1, de 1964.

Não importa se Anselmo aderiu espontaneamente ou se foi forçado, por risco de morte e tortura, a aderir à repressão à luta armada. Foi promulgada uma Lei de Anistia, em 1979, que o Supremo Tribunal Federal afirma valer para “TODOS” os agentes do Estado ou personagens envolvidos em episódios pós-1964. O problema, gravíssimo, é que este perdão só não valeu, até agora, para o José Anselmo dos Santos. Ele tem até um pedido, formulado desde 2004, na Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, para anistia e indenização. Por puro revanchismo, o processo nº 2004.01.42025 adormece na burocracia federal.

Isso é, no mínimo, covardia ideológica. Aliás, ideologia é ferramenta de otário. Bronca, também. A ira contra Anselmo – justa ou injusta – não pode submetê-lo à permanente “tortura psicológica”. Absurdo dos absurdos, em um regime que se pretende democrático, é negar a Anselmo o direito a ter uma Carteira de Identidade. Lamentável é que a turma dos direitos humanos (que mais parece “direito dos manos”) é conivente com o holocausto documental contra José Anselmo dos Santos. É vergonhoso apelar à lentíssima Justiça Brasileira para ter uma identidade, depois que o regime para o qual colaborou deu um sumiço providencial em sua Certidão de Nascimento, no cartório da cidadezinha sergipana de Arraial D´Ajuda.

No Roda Viva de ontem, faltou mostrar o lado humano de Anselmo. Como sempre acontece, não deu tempo. Ele fica refém de explicações que nunca deu direito – por culpa dele próprio ou por alguma falha dos programas que o entrevistaram. José Anselmo dos Santos vive hoje de artesanato. Sobrevive com a pequena ajuda financeira de amigos e de desconhecidos que não concordam com sua situação de “torturado psicológico” (pelos erros dele do passado e pela eficiente máquina ideológica que fabrica heróis e inimigos – conforme as conveniências).

Já escrevi e repito um milhão de vezes. O tal do Cabo Anselmo é um cadáver insepulto da História do Brasil. Reverter sua imagem negativa é praticamente missão impossível. Mas ainda existe espaço para que ele conte sua história por ele sem interferência de terceiros. Se vão acreditar ou não na versão dele, é outro problema. Temos um livro pronto e um documentário em fase de finalização sobre “O Homem que não existe”. Vamos lançar ambos, brevemente.

Embora pareça o contrário, a experiência do Roda Viva de ontem, para Anselmo, foi positiva. Abriu-se um espaço livre para ele falar. Se não aproveitou como deveria, paciência! Ficou evidente, para ele mesmo, que precisa se libertar de fantasmas do passado que o assombram. Correr o risco de revelar algumas verdades, como nunca fez até agora, fará bem ao septuagenário. Como digo no vídeo lá em cima, sou amigo do José Anselmo dos Santos. E tenho certeza de que o tal de “Cabo Anselmo” precisa ser sepultado, sem honras militares. “Cabo Anselmo” não tem salvação.

José Anselmo dos Santos depende dele. E da Justiça! Tomara que ela seja feita, o quanto antes. Para ele e tantos outros injustiçados no Brasil. Além disso, jornalistas e os segmentos esclarecidos da sociedade brasileira (ainda não deformados pelos conceitos errados e preconceitos impostos pela Nova Ordem Mundial) têm o dever de propor e debater mecanismos para que não tenhamos ditaduras no Brasil, no futuro próximo ou distante.

Nosso grave problema – comentei isto nos bastidores do Roda Viva com Mônica Bérgamo, Fausto Macedo e Hugo Studart – é não tirar e aplicar lições de erros ou acertos do passado. Aqui, temos a mania (sem trocadilho infame) de reinventar a roda viva da História. O caso absurdo e extremo de Anselmo é uma grande chance de se olhar para frente, assumindo um compromisso verdadeiramente democrático com o Brasil – cada vez mais solapado por ideologias fora do lugar e pela ação institucional do crime organizado.

Graças ao Roda Viva, o morto assunto “Cabo Anselmo” figurou entre o terceiro mais citado trend topic do Twitter, na noite de segunda-feira, no Brasil. Em resumo da ópera, o massacre jornalístico de ontem não foi em vão.

PS – Na edição desta quarta-feira, o Alerta Total publica a Carta Aberta de Anselmo a Dilma Rousseff.


Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.
18 de outubro de 2011










TÁTICAS DA GESTAPO CONTRA IGREJAS DOS EUA

Notícias Faltantes - Perseguição Anticristã

Comentário de Julio Severo: As igrejas americanas têm condição de isenção de imposto de renda diante da Receita Federal dos EUA, contanto que mantenham total neutralidade sobre candidatos. Pela lei, elas são proibidas de pregar contra ou a favor de determinado candidato. Se, por exemplo, algum candidato é explicitamente anticristão, as igrejas são proibidas de citar o nome dele, sob castigo de perderem sua isenção de impostos.

Num artigo anterior no GodfatherPolitics, destaquei que grupos de esquerda estão atacando igrejas que lidam com questões sociais próximas e caras aos esquerdistas. Esses grupos monitoram programas de rádio e TV, websites e sermões de líderes cristãos que abordam qualquer assunto que critique algum ponto da agenda da esquerda. Temos visto esses tipos de táticas na Europa, Inglaterra e Canadá. Essas táticas estão chegando aos Estados Unidos, muito embora tenhamos um conjunto de liberdades inequívocas na Primeira Emenda da Constituição dos EUA. Mas se o Supremo Tribunal é capaz de encontrar um direito de matar bebês que ainda não nasceram nas “sombras” da Constituição, nenhuma liberdade está a salvo.

O registro histórico de intimidação aos religiosos é longo. A utilização da Alemanha nazista como exemplo para qualquer coisa atualmente costuma ser algo visto como extremismo. Mesmo assim, as comparações estão aí, e não precisamos ter medo de fazê-las quando as virmos.

Quando o teólogo alemão luterano e anti-nazista Martin Niemöller (1892-1084) usou seu púlpito para desmascarar as políticas radicais de Adolf Hitler, “ele sabia que cada palavra dita seria delatada pelos espiões e agentes secretos nazistas”. (1) Leo Stein descreve em seu livro “I Was in Hell with Niemöller” (Estive no Inferno com Niemöller) como a Gestapo coletava evidências contra Niemöller:

Assim sendo, a acusação contra Niemöller era baseada inteiramente em seus sermões, que os agentes da Gestapo haviam registrado por estenografia. Mas em nenhuma de suas pregações o pastor Niemöller incentivou sua congregação a derrubar o regime nazista. Ele apenas ergueu a voz contra algumas políticas nazistas, particularmente as medidas dirigidas contra a Igreja. Ele até havia se contido na hora de criticar o próprio governo nazista, ou qualquer um de seus funcionários. Sob o governo anterior, seus sermões eram compreendidos apenas como um exercício do direito à livre expressão. Agora, porém, as leis escritas, não importando que sua redação fosse totalmente explícita, estavam sujeitas à interpretação dos juízes.

Num sermão de 27 de jundo de 1937, Niemöller deixou claro aos presentes que tinha o dever sagrado de denunciar os males do regime nazista, pouco importando quais fossem as conseqüências. “Os apóstolos do passado não tinham a menor intenção de usar suas próprias forças para escapar do braço das autoridades; assim somos nós. Não mais estamos dispostos a permanecer calados sob ordem dos homens quando Deus nos ordena a falar. Pois a situação é que temos de obedecer mais a Deus do que aos homens”.(3) Poucos dias depois, ele foi preso. Seu crime? “Cometeu abuso de cima do púlpito.”

Os “Tribunais Especiais” montados pelos nazistas apresentavam queixas contra pastores que se pronunciavam contra as políticas de Hitler. Niemöller não foi o único alvo da Gestapo. “Uns 807 outros pastores e líderes leigos da ‘Igreja Confessional’ foram presos em 1937, e centenas mais nos dois anos seguintes”. (4) Um grupo de Igrejas Confessionais da Alemanhã, fundado pelo pastor Niemöller e outros pastores protestantes, elaborou uma declaração para confrontar as mudanças políticas que estavam ocorrendo na Alemanha que ameaçavam o povo “com perigo mortal: O perigo está numa nova religião”, dizia a declaração. “A igreja tem ordens de seu Mestre para cuidar para que em nosso povo Cristo receba a honra a que é devida ao Juíz do mundo… O Primeiro Mandamento diz: “Não haverá outros deuses diante de Mim”. A nova religião rejeita o Primeiro Mandamento.” (5) Quinhentos pastores que leram a declaração em seus púlpitos foram presos.

A Primeira Emenda da Constituição dos EUA protege pastores que se manifestam livremente acerca de questões morais atuais. “O Congresso não legislará no sentido de estabelecer uma religião, nem proibirá o livre exercício dela”. As outras quatro liberdades — de expressão, de imprensa, de reunião e de fazer petições — não podem ser separadas da primeira liberdade. Essa emenda é tão clara em sua linguagem, lógica e história que grupos como Americans United for Separation of Church and State (Americanos Unidos pela Separação entre Igreja e Estado) e American Civil Liberties Union (ACLU — União Americana pelas Liberdades Civis) frequentemente deturpam ou ignoram sua linguagem precisa e facilmente compreensível. Se igrejas em número suficiente se mantiverem firmes nessas liberdades e expuserem o blefe dessas organizações não se deixando intimidar e desafiando-as a resolverem tudo nos tribunais, as táticas de bullying da Receita Federal fracassariam.

Em sua “Carta da Prisão de Birmingham”, de 1963, Martin Luther King Jr., um ídolo esquerdista para muitos na esquerda política, baseava sua recusa em seguir certas leis feitas por homens na alegação de que tais leis violavam a natureza eterna da lei moral. Além disso, ele sustentou seu argumento apelando para a Constituição, para a Declaração de Independência e para a Bíblia:

“Aguardamos mais de trezentos e quarenta anos para obter nossos direitos constitucionais e nossos direitos dados por Deus.

Uma lei justa é um código feito pelos homens que está de acordo com a lei moral ou a lei de Deus. Uma lei injusta é um código que está em desarmonia com a lei moral. Para explicar nos termos de São Tomás de Áquino, uma lei injusta é uma lei humana que não está enraizada na lei eterna e natural.

É claro que não há nada de novo acerca desse tipo de desobediência civil, que foi vista sublimemente na recusa de Sadraque, Mesaque e Abednego de obedecer às leis de Nabucodonosor pelo fato de que uma lei moral mais elevada estava envolvida. Foi praticada de forma admirável pelos primeiros cristãos que estavam dispostos a encarar leões famintos e a dor martirizante dos matadouros, antes de se submeterem a certas leis injustas do império romano.

Sou grato a Deus que, por meio da igreja negra, a dimensão da não-violência entrou em nossa luta.”

Foi “por meio da igreja negra” que a luta dos direitos civis se tornou uma realidade. Como podem erros morais sempre se tornarem corretos se muitas pessoas que protestam contra tais males estão de boca fechada devido às leis escritas, que estão sendo implementadas por burocratas não-eleitos? David L. Lewis, na sua biografia sobre King resume o argumento:

“Por fim, (King) lembrou a seus colegas pastores que as leis do Reich de Hitler estavam dentro da ‘legalidade’. (6) Se as autoridades da Receita Federal fossem aplicar as táticas da Gestapo retroativamente, teríamos divulgado um comunicado à imprensa elogiando os “Tribunais Especiais” na Alemanha por entrarem com ação contra os pastores que usaram seus púlpitos para “fins políticos”.

William Shirer pinta um quadro deprimente sobre o estado da igreja cristã em 1938. “Não foram muitos os alemães que perderam o sono com as prisões de alguns milhares de pastores e padres”.

A hora de deter as intimidações é agora, antes que sejamos silenciados para sempre!

Notas:

1. Basil Miller, Martin Niemoeller: Hero of the Concentration Camp, 5th ed. (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1942), 112. [↩]

2. Leo Stein, I Was in Hell with Niemoeller (New York: Fleming H. Revell, 1942), 175. [↩]

3. Quoted in William L. Shirer, The Rise and Fall of the Third Reich (New York: Simon and Schuster, 1960), 239. [↩]

4. Shirer, The Rise and Fall of the Third Reich, 239. [↩]

5. Quoted in Eugene Davidson, The Trials of the Germans: An Account of the Twenty-Two Defendants before the International Military Tribunal at Nuremberg (Columbia, MO: University of Missouri Press, [1966] 1997), 275. [↩]

6. David L. Lewis, King: A Critical Biography (Baltimore, MD: Penguin Books, 1970), 190. [↩]

7. Shirer, The Rise and Fall of the Third Reich, 240. [↩]

Escrito por GodfatherPolitics.com 19 Outubro 2011
Artigo indicado por Olavo de Carvalho.

NOVA INVESTIDA TOTALITÁRIA

Artigos - Governo do PT

Não é difícil compreender que para poder avançar mais facilmente, convém ao projeto autoritário petista restringir – ou até eliminar – o debate público e o livre exercício da opinião. Por esse motivo, a liberdade de imprensa incomoda, apesar de muito jornalismo oficialista que campeia nas redações dos órgãos de imprensa.

Para o “homem da rua”, os oito anos de permanência do PT no poder – com os dois mandatos presidenciais de Lula e a continuidade do governo Dilma Rousseff – podem ser resumidos em breves conclusões, do ponto de vista da vida política.

O outrora ético Partido dos Trabalhadores, uma vez alçado ao poder, teria abandonado seu idealismo e sucumbido aos interesses, vaidades e vantagens que o exercício do mando traz habitualmente consigo; formado por políticos profissionais, o PT teria passado a comportar-se de modo semelhante a “todos os que aí estavam”, não escapando sequer aos mecanismos da corrupção que atinge uma parte bastante considerável da classe política.

Nessa visão, Lula seria o símbolo vivo dessa trajetória político-partidária, um idealista que se teria deixado embair pelas benesses da vida burguesa, se deslumbrado com o poder e abandonado seus desígnios ideológicos.

Ilusão perigosa

É compreensível que o grande público, que colhe a respeito da realidade política informações esparsas, sobretudo através da televisão, possa formar no seu espírito essa idéia, compartilhada tantas vezes até por opositores do PT. Porém, essa visão parece-me simplista, pouco objetiva e até ilusória. E nesta nota ilusória reside um perigo.

Analisado com objetividade (em seus escritos, nas decisões de seus Congressos, nas orientações dadas à sua militância, na elaboração de suas políticas públicas) o PT demonstra um caráter ideológico definido.

Dos princípios filosóficos que aceita, deduz seu programa político, social e econômico. Seu objetivo é um projeto de poder totalitário, que visa controlar a cultura e a ciência, reeducar o homem, dotando-o de nova mentalidade, redefinir a natureza em seus conceitos e finalidades.

A democracia representativa é aceita como uma etapa para alcançar o poder e a partir daí instrumentalizar os órgãos do Estado, em todos os níveis, condicionando a sociedade nos campos econômico e social, jurídico-institucional, educacional e até mesmo dos costumes.

Gradualidade tática

Sendo um partido minoritário, que só consegue alcançar o poder com amplas coligações – está aí a eleição da Presidente Dilma Rousseff para o comprovar de sobejo – precisa o PT utilizar-se da dissimulação, da manipulação gradual das circunstâncias, das adaptações transitórias, que lhe possibilitem alcançar seu fim último.

Uma das adaptações (dissimulações) mais características, a meu ver, foi a renúncia às teses radicais no campo econômico e a adesão (tática) ao modelo da economia de mercado. Mas, como fez questão de lembrar José Dirceu, logo no ato de posse do governo Lula em 2002, a todos aqueles (especialmente aos empresários) que tinham compactuado o recuo tático do lulo-petismo em matéria econômica, a finalidade última do PT e do governo continua a ser o socialismo.

As alianças espúrias, o enfraquecimento das instituições, a desmoralização da política, a neutralização da oposição (misteriosamente sempre disposta a colaborar ou a mostrar-se “inepta”), a disseminação da corrupção como instrumento de poder, fazem parte de uma tática e estão muito longe de ser o “desvirtuamento” do Partido dos Trabalhadores, como tantos são levados ingenuamente a pensar.

O “mensalão” é disso exemplo arquetípico. Para muitos desavisados, trata-se de “simples” corrupção voltada para a satisfação da cupidez pessoal. Entretanto, em sua acusação, o Procurador Geral da República, denunciou “uma sofisticada organização criminosa” instalada no Governo Federal e no Partido dos Trabalhadores, que estabeleceu “um engenhoso esquema de desvio de recursos de órgãos públicos e de empresas estatais” com o objetivo de “garantir a continuidade do projeto de poder do Partido dos Trabalhadores, mediante a compra de suporte político de outros Partidos Políticos”.

Subjugar a liberdade de opinião

A gradualidade adotada pelo PT na instauração de seu projeto de poder, deve ser acelerada sempre que as circunstâncias pareçam comportar. Foi o que pudemos observar nestes últimos oito anos. Por diversas vezes o PT arreganhou os dentes de sua carantonha autoritária. É verdade que a reação sadia da sociedade o fez recuar, em várias ocasiões, mas o DNA totalitário do partido – na expressão já consagrada – permaneceu.

Não é difícil compreender que para poder avançar mais facilmente, convém ao projeto autoritário petista restringir – ou até eliminar – o debate público e o livre exercício da opinião. Por esse motivo, a liberdade de imprensa incomoda, apesar de muito jornalismo oficialista que campeia nas redações dos órgãos de imprensa; como incomoda o debate livre e o exercício de oposição, inerente ao regime democrático, nos meios eletrônicos (redes sociais, blogs, sites, etc.).

“Com a democracia e com imprensa livre, as autoridades não podem mais se esconder atrás de um ‘nada a declarar’ quando confrontadas com alguma denúncia ou crítica. Na verdade, na era da internet e das redes sociais, mesmo as ditaduras são constrangidas a dar explicações”, observou muito a propósito Carlos Alberto Sardenberg em artigo para a imprensa (Melhor que fiquem quietos, O Estado de S. Paulo, 10.out.2011).

Por isso o PT volta à carga e pretende “regular” a mídia e a Internet.

Desculpas suspeitas
Informa o jornal Valor (7-9.set.2011) que a executiva nacional do PT decidiu que o partido deve promover, no próximo mês de novembro, um seminário para discutir a regulação da mídia no país. O secretário de comunicação do partido, deputado André Vargas (PT-PR) acha que é necessário abrir a discussão. E logo acrescenta que “não deve haver medo desse debate; ninguém aqui quer falar em controle do conteúdo”; “confiamos que a mídia não vá interpretar errado esse seminário”. As ressalvas e desculpas de Vargas, fazem lembrar o indivíduo que ao entrar num salão de festas, cheio de convivas, logo começa a desculpar-se e a dizer que não pretende roubar ninguém. Sua preventiva acaba por denunciá-lo.

Mas prossigamos. A data escolhida pelo PT não parece ser ocasional. Ainda segundo o noticiário do jornal Valor, assinado por Caio Junqueira, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, ressaltou que a data escolhida coincide com a primeira consulta pública que o governo federal deverá fazer sobre o novo marco regulatório dos meios de comunicação. Ou seja, na tática revolucionária, o debate promovido pelo PT com minorias, como os ditos “movimentos sociais” (a famosa “sociedade civil organizada”), funcionará como manifestação genuína da sociedade (cfr. PT promoverá debate sobre regulação da mídia).

Sai “controle”, entra “democratização”
Convido os leitores a ler as 'Notas & Informações' do jornal O Estado de S. Paulo (13.out.2011), sob o título ‘Democratização’, não controle, em que a tática sedutora utilizada pelo PT neste lance está bem descrita:

"O PT já percebeu que pega mal falar de "controle social da mídia". Agora, o que reivindicam os petistas é a "democratização dos meios de comunicação". Claro, o termo "controle" tem uma desagradável conotação autoritária. É melhor defender a mesma ideia usando uma expressão mais simpática, sedutora. Afinal, não se pode ser contra a "democratização", seja lá do que for. Portanto, sai "controle", entra "democratização". Por exemplo, o presidente nacional do PT, Ruy Falcão, em entrevista à imprensa dias atrás, anunciou a realização, no âmbito dos debates sobre o marco regulatório da comunicação eletrônica, um seminário que deverá reunir em São Paulo "todas as entidades, organismos e parlamentares interessados na democratização dos meios de comunicação". Da comunicação eletrônica? Não, dos meios de comunicação, tout court.

O esperto floreio de linguagem apenas camufla a irreprimível vocação autoritária do PT, que na verdade não admite uma imprensa livre criticando seus programas e seu governo e por isso quer "democratizar" os veículos de comunicação. Uma clara demonstração do uso que o partido faria da "democratização" dos meios de comunicação que preconiza são as recentes tentativas da ministra da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres, Iriny Lopes, de interferir numa peça publicitária protagonizada pela modelo Gisele Bündchen e no enredo da novela "Fina Estampa", da TV Globo, sob a alegação de que em ambos os casos a condição feminina estaria sendo colocada numa posição de "subalternidade". Seria o Estado decidindo o que constitui ou não a dignidade da condição feminina.

É notável também a insistência do PT em colocar num mesmo balaio duas questões absolutamente distintas, na tentativa de se valer da confusão para impor sua visão autoritária a respeito do controle da mídia. Uma coisa é o problema da atualização do marco regulatório da comunicação eletrônica, necessária em razão da enorme defasagem da legislação vigente em relação aos avanços tecnológicos na área. Outra coisa é a tentativa de regulação - censura, em português claro - dos conteúdos veiculados por todas as mídias, inclusive a impressa. E é isso que se tentará colocar em pauta no seminário anunciado pelo presidente petista.

Esse seminário, quem sabe, poderá lançar luzes sobre o verdadeiro significado de "democratizar" a mídia. Se a grande imprensa brasileira não é democrática, como acusa o PT, isso significa o quê? Que falsifica a realidade em benefício de interesses escusos, por exemplo, quando denuncia escândalos que obrigam a presidente a demitir ministros? Ou quando participa do debate político e das campanhas eleitorais, criticando os excessos do PT?

Se é isso que pensa o PT, está em clara divergência com a presidente Dilma Rousseff. Em primeiro lugar, pela razão óbvia de que ela foi eleita, apesar de não ter contado com o apoio da grande mídia. Mais do que isso, porém, porque Dilma, desde a campanha eleitoral do ano passado, jamais deixou de expressar, de maneira absolutamente cristalina, seu repúdio a qualquer tentativa de controle da mídia e a sua confiança na imprensa livre que existe hoje no País.

Quando era candidata à Presidência, em outubro do ano passado, Dilma Rousseff declarou: "A imprensa pode falar o que bem entender. Eu, o máximo que vou fazer, quando achar que devo, é protestar dizendo: está errado o que disseram por isso, por isso e por isso. Usando uma coisa fundamental que é o argumento". Em seu discurso de posse, proclamou: "Prefiro o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras. As críticas do jornalismo livre ajudam ao País e são essenciais aos governos democráticos, apontando erros e trazendo o necessário contraditório". Em setembro, em visita aos Estados Unidos, ao assinar uma parceria com o governo norte-americano pela transparência e pela fiscalização das ações dos poderes públicos, garantiu: "Conta-se também com a positiva ação vigilante da imprensa brasileira, não submetida a qualquer constrangimento governamental".

"Dilma e o PT que se entendam. "

Fica no ar uma pergunta: Dilma e o PT precisam mesmo entender-se, ou o entendimento é perfeito e cada um joga o seu papel? O PT faz a tentativa de lançar o controle da mídia (aliás é o governo, pois o novo marco regulatório está sendo elaborado pelo Ministério das Comunicações) e Dilma Rousseff finge não ver. Caso a reação seja grande, ela voltará a fazer uma declaração ditirâmbica a favor da liberdade de imprensa e seu espírito “democrático” será atestado por todos os ingênuos de plantão.

José Carlos Sepúlveda da Fonseca, 19 Outubro 2011

CUBA DOMINADA PELO COMUNISMO: PODRIDÃO, CRIME E INFÂMIA

Notícias Faltantes - Foro de São Paulo

Ouso enviar um recado a Santos e a Garzón: a “causa da paz” que os ditadores cubanos defendem, é aquela dos cemitérios, sobretudo com os defuntos sepultados sem nome, para que nunca mais seus parentes possam encontrá-los e pranteá-los dignamente!

Na semana que passou três acontecimentos graves relacionados a Cuba merecem ser analisados, sobretudo porque as notícias veiculadas foram apenas informações, com exceção ao fato ocorrido na Venezuela. Antes, porém, quero informar aos meus leitores que na próxima semana o Notalatina vai estrear uma nova modalidade de publicação, com uma entrevista em áudio feita por mim ao Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido, meu dileto amigo do glorioso Exército Colombiano, de quem sou tradutora oficial no Brasil, graças aos bons ofícios informáticos do Alex Brum Machado, meu amigo “Cavaleiro do Templo”, que teve a idéia do podcast e me assessora neste mister.

No princípio da noite da sexta-feira 14 de outubro, faleceu em Havana a líder e fundadora do grupo “Damas de Branco”, Laura Pollán, uma mulher valente, destemida e que levou grande parte de sua vida a defender a liberdade em Cuba. Laura era esposa do ex-preso político Héctor Maseda, um dos 75 do que ficou conhecido como “A Primavera Negra” de Cuba, em 2003, quando decidiu fundar este movimento pacífico pedindo a liberdade dos seus maridos, irmãos e pais.

Laura Pollán: silenciada definitivamente pelos Castro?

A última manifestação a que Laura participou foi no dia 24 de setembro, quando uma turba da polícia política do regime castro-comunista agrediu várias destas senhoras, e muito particularmente a Laura em sua própria casa. Os verdadeiros opositores ao regime contam que até esse momento Laura, apesar de ser diabética, estava bem de saúde. Horas depois começou a passar mal quando foi levada ao Hospital Calixto García, vindo a falecer às 7:50 da noite do dia 14 de outubro.

Chama a atenção alguns fatos denunciados pela jornalista cubana Angélica Mora em seu artigo “Antecedentes”, onde ela relata que outras mulheres pertencentes às Damas de Branco afirmam terem sido “injetadas” nas manifestações por agentes da polícia política, com alguma substância que as teria feito passar mal em seguida. No artigo “Desperta inquietudes o caso de Laura Pollán”, Angélica nos conta que durante o ataque sofrido para impedi-las de ir à igreja no dia de Virgen de la Merced no dia 24 de setembro, Laura foi arranhada. Teriam os agentes castristas nessa ocasião inoculado algum vírus na pacífica guerreira e que levou-a ao óbito?

No hospital Laura foi diagnosticada com o Vírus Respiratório Sincitial (VRS), entretanto, esse diagnóstico veio tarde demais e apenas a deixaram no soro e oxigênio, sendo feita uma traqueostomia um dia antes de seu falecimento mas absolutamente NADA de medicação para combater o tal vírus lhe foi ministrado.

Quem conhece bem o regime cubano sabe que em matéria de virologia eles estão bem avançados, inclusive criam vírus para uma provável guerra bacteriológica contra os Estados Unidos. Então, aí fica a pergunta que não quer calar: se a medicina cubana é este “assombro” que se propaga, por que não identificaram o mal que a afetava e a trataram devidamente, em vez de deixá-la morrer aos poucos sem medicação adequada? Se ela foi inoculada com um vírus letal JAMAIS se saberá, posto que, mesmo que algum médico tenha descoberto o crime que se cometia, com certeza esse será um segredo que ele levará para o túmulo, pois é a sua própria vida que está em jogo. Ademais, em quem confiar para fazer uma necrópsia fidedigna se tudo está sob o controle férreo dos ditadores? O que podemos fazer, nós que a admirávamos de longe, é rogar a Deus que a acolha em Seu Reino e que um dia toda a verdade destes crimes comunistas seja julgado com o peso da Sua Justiça. Que em paz descanse, Laura!

Quando em julho passado escrevi o artigo “Cubazuela ou Venecuba, uma amarga realidade”, já demonstrava ali que os verdadeiros donos do poder na Venezuela não eram o seu povo, mas sim os cubanos, comandados pelos ditadores Castro. Na semana passada outro fato impensável, demonstrando o domínio e controle desta gente em todos os seguimentos da vida nacional venezuelana, escandalizou mesmo aqueles que estão fartos de saber e denunciar a ingerência dos ditadores na soberania de seu país.

No Forte Paramacay, a bandeira de Cuba era içada ANTES da venezuelana.

Desde a segunda-feira passada pôde-se ver na parte interna das instalações do Forte Paramacay, subordinado à 41ª Brigada Blindada, no estado Carabobo, a bandeira de Cuba içada ao lado da bandeira venezuelana. Segundo denunciou o secretário da Universidade de Carabobo, Pablo Aure, ele recebeu a informação de que a bandeira cubana era içada às seis da manhã, ANTES de ser içada a venezuelana. “Hastear a bandeira de um país estrangeiro em instalações militares não pode ter uma interpretação distinta à da submissão militar aos desígnios desse país. Poderíamos dizer que os chefes militares venezuelanos estão a mercê de Cuba e depois da Venezuela”, afirmou Aure, acrescentando que “desde há algum tempo se vem afirmando que os cubanos dão ordens em nossos quartéis”.

Agora, a gravidade deste fato absurdo se amplia quando se toma conhecimento de que um forte desta natureza proíbe, em muitas ocasiões, a entrada de civis venezuelanos, por ser considerado “zona de segurança”, inclusive restringe-se a presença de estrangeiros. Como, então, a bandeira cubana tremulava impávida ao lado da venezuelana, sem que isto se considere uma ingerência ou uma insolência e cumplicidade do Estado venezuelano na perda de sua soberania nacional? Para o vice-almirante (r) Rafael Huizi Clavier, presidente da “Frente Institucional Militar”, “isto só pode ser uma espécie de provocação para que os que não estão de acordo reajam, e assim fazer uma nova ‘purificação’ do corpo castrense, onde ficarão os mais leais, porque isto é inaceitável!”.

Então, aí está a foto para quem duvide da aberração. Muitos leitores da matéria comentaram ter testemunhado o fato e, diante das críticas dos jornais, cobrando uma explicação, a bandeira foi retirada na sexta-feira com a desculpa patética do General/D Clíver Alcalá Cordones, comandante da IV Divisão Blindada e Guarnição de Maracay, a quem o forte está subordinado, alegando que a bandeira fora içada como “gesto de cortesia” com militares cubanos que visitavam o forte. Ora, mas como os cubanos podem e os próprios venezuelanos não podem sequer visitar essas instalações? Lembro que há alguns anos (não quantos, com exatidão), três soldados que se encontravam presos no Forte Tiuna, onde também funciona o Ministério de Defesa da Venezuela, foram incendiados por um militar cubano que tinha um alto posto ali, onde dois deles faleceram e o sobrevivente foi silenciado, com a promessa de aumento substancial no soldo, viagens, casa, etc. O Notalatina denunciou isto na ocasião, e quem quiser se aventurar a pesquisar, vai encontrar no blog.

E, finalmente, o fato mais asqueroso e indignante foi protagonizado pelo Vice-presidente da Colômbia, o sindicalista Angelino Garzón, que esteve por dois dias em Cuba firmando acordos comerciais. O governo de Juan Manuel Santos já havia dado mostras de seu esquerdismo desde a posse, quando um dia apenas de haver-se tornado presidente da Colômbia, já estava aos beijos e abraços com Chávez, a quem passou a chamar de “meu mais novo melhor amigo”. Desta vez, entretanto, Santos e seu repugnante vice escancaram suas preferências, fazendo rapapés a tiranos assassinos que são responsáveis pelas mortes de milhares de seus compatriotas, através do apoio que dão às FARC, ao ELN e a quanto narcoterrorista exista naquele país.

Segundo leio no site “La Hora de la Verdad”, “da parte do mandatário Juan Manuel Santos, Garzón enviou uma saudação fraternal ao Governo e povo de Cuba, e de maneira especial ao presidente Raúl Castro e também nossa saudação a quem consideramos um grande amigo da causa da paz na Colômbia, o comandante Fidel Castro”. E no site semi-oficial da ditadura castrista, outra pérola: “Admiramos como ponto de referência de Cuba a importância que se lhe concede aos seres humanos”, expressou Garzón.

O que me chamou a atenção e envergonhou, foi um fato dessa magnitude e crueldade para com a memória das milhares de vítimas desses bandos terroristas homiziados e apadrinhados pelos assassinos ditadores cubanos, é que na grande imprensa colombiana nem uma mísera palavra de repúdio tenha sido pronunciada! Nada se disse, nada se comentou, ninguém se sentiu aviltado nem com o mais leve incômodo. Somente - como sempre e que ocorre também no Brasil - os jornalistas e escritores independentes, geralmente de blogs e sites, condenaram tais aberrantes afirmações.

Então, ouso enviar um recado a Santos e a Garzón: a “causa da paz” que os ditadores cubanos defendem, é aquela dos cemitérios, sobretudo com os defuntos sepultados sem nome, para que nunca mais seus parentes possam encontrá-los e pranteá-los dignamente! A “importância” que este velho abutre assassino “concede aos seres humanos”, seu Angelino, é ainda pior àquela que se dispensa a um cão sarnento de rua, pois se assim não fosse, não teria fuzilado tantos inocentes, nem teria calado o grito daqueles que reclamam por direito à dignidade humana, ou matado de fome e desnutrição a tantos inocentes, com a falsa desculpa do “bloqueio” norte-americano. Tampouco teria adotado como norma de Estado o aborto de cem mil bebês por nascer ao ano, para que a substância negra fetal sirva de medicamento para curar os males dos “capitalistas burgueses” que enchem suas arcas pessoais com dólares e euros, que é sistematicamente negado aos cubanos a pé!

Santos e Garzón “se esquecem”, muito providencialmente, que estes abutres velhos treinaram, apoiaram e acoitaram na ilha terroristas das FARC. Ou já se esqueceram para onde foi levado “Rodrigo Granda”, depois da lamentável falha de Uribe para atender o pedido do presidente Sarkozy? Já esqueceram também que as FARC, que dizima com requintes de violência milhares de seus compatriotas, é sócia dos inumanos ditadores Castro no Foro de São Paulo?

Não, não é possível calar diante de tanta ignomínia, de tanta traição à Pátria em troca de “acordos” que não vão beneficiar o pobre povo cubano, tampouco o colombiano, mas apenas enriquecer ainda mais os verdugos Castro.

Onde está a dignidade dos colombianos que não se levanta em bloco e condena tamanho escárnio e traição à pátria? Fiquem com Deus e até a próxima!

Graça Salgueiro, 19 Outubro 2011