"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 19 de julho de 2013

DOA A QUEM DOER. CHEGA DE MENTIRAS!!!


                          "A VERDADE NUA E CRUA 
       
Sr. Padilha e Sra Dilma, esta é a minha unidade de saúde UBS Itaipuaçu - Maricá-RJ, há 6 anos governada pelo seu partido. É uma casa adaptada com infiltrações e mofo.


Quando chove, cai água nas salas de atendimento, o arquivo médico inunda e os prontuários....Falta de tudo, luvas, remédios básicos, mas sobra dedicação para um salário bruto de R$ 1.200,00.


Sabe Padilha/Dilma, não falta médico que queira fazer saúde pública, isto é mais uma das mentiras de sua ditadura da informação, onde o governo se apoia na premissa "UMA MENTIRA REPETIDA MIL VEZES TORNA-SE VERDADE".


A minha sala de atendimento não possui ventilador, o de teto é apenas enfeite. O verão de regiõeslitorâneas beira os 42 graus, a água potável é disponibilizada à temperatura ambiente (Itaipuaçu do seu governo não possui rede de água e esgoto). Já prescrevi as medicações em qq tipo de papel por falta de receituário oficial.
Apesar de tudo trabalho e me esforço bastante.

Em Maricá a saúde foi devastada pelo atual governo, o aparelho de RX está quebrado há 1 ano. O ecocardiograma e ultra-som foram roubados (SIC Gestor Público), ECG funciona 1 mês e fica 3-4 meses em manutenção.

Há 8 meses temos a debandada de especialistas, devido ao salário irrisório sem beneficios legais (férias, décimo-terceiro salário, horas extras, insalubridade, etc).

Perdemos endócrino, cárdio, reumato, oftalmo, neuro, nefro, pneumo, ortopedista, etc.

Então Padilha/Dilma, a saúde pública que os Srs. querem oferecer à população mais humilde é esta?
As suas mentiras não vão conseguir se sustentar por tanto tempo...

"Não faltam médicos! Falta governo!"


Sou médico do SUS, não fujo a luta... Mas não faço milagres sem infraestrutura."


19 de julho de 2013

TENTANDO ENTENDER...

Na Alemanha, sòmente a 1a. ministra tem direito a vôo com aviões da força aérea. Nem o marido tem. Ele viaja em aviões de carreira.
 
Aqui, no Brasil, até o ex-marido da Dilma viaja junto. Por isso que este país nunca será do primeiro mundo.

ENTENDA PORQUE VC É POBRE...
 
19 de julho de 2013

ENTENDENDO O FORO DE SÃO PAULO - CAPÍTULO 8 B

O LULA SECRETO - CAPÍTULO 4 - JARBAS PASSARINHO



Da entrevista de Jarbas Passarinho de 2008 na Terra Magazine:

Terra Magazine – As vitórias de FHC e Lula, um intelectual e um operário, podem ser consideradas uma herança de 68?

Jarbas Passarinho – Do Fernando Henrique, sim. Porque, como disse o Delfim (Netto), ele foi auto-exilado. Ele saiu do Brasil como o Delfim dizia: com passaporte e bagagem despachada (risos).


Mas é um julgamento suspeito. FHC e Delfim não se dão bem

Tanto ele como o (José) Serra. Todos os dois depois ficaram meus amigos. Esse (FHC) eu considero um subproduto direto. O Lula, não. Lula pode constar como do Golbery (do Couto e Silva, 1911-1987, general e fundador do SNI).


Golbery, por quê?

Golbery fez tudo para conquistar o Lula. E a mudança de posição do próprio Figueiredo foi quando Lula começou a fazer as greves. Entendia que ele fosse um êmulo de Gandhi, já que ele não tinha lido o (Henry David) Thoreau, mestre da desobediência civil. Ele não leu nada, então é isto. Mas Gandhi ele devia saber… Me lembro quando ele deu uma declaração à TV, não aceitando a decisão do Tribunal do Trabalho de São Paulo sobre a reposição salarial dos trabalhadores. Lula disse: “Não reconheço esse tribunal”. Me lembro bem. Era desobediência civil! Coloco bem diferente do resto, até porque a reação dele já foi quando todas as liberdades fundamentais estavam restabelecidas.

O senhor conversou com Golbery, alguma vez, sobre Lula?

Não. Minhas relações com Golbery foram difíceis. No final, como eu faço muito no meu estilo, quando ele se demitiu do governo, eu era ministro e fui visitá-lo. Aliás, fiquei impressionado porque era um sítio cheio de animais, a esposa dele gostava muito. E as estantes dele eram muito precárias do ponto de vista da madeira. Mas eram enormes, um pavilhão inteiro de livros. Com a vantagem de que eram livros que eu também tinha lido (risos). Ele não comprava a coisa por metro.
 
O governo militar estimulou a liderança de Lula?

Creio que a política sindical é tipicamente isso. Agora, cada vez mais, o líder sindical trabalha sempre pra ter as melhorias imediatas. Aqui e agora. Saiu numa publicação aí de São Paulo que os colegas do Lula ficaram decepcionados com as adesões ao governo. Foi todo mundo pescar na represa Billings (risos). Lula, do ponto de vista original, iludiu demais. E tem esse grupo da esquerda burocrática, ao mesmo tempo uma esquerda suave, como a do intelectual Fernando Henrique, que pediu pra esquecerem o que ele escreveu; porque o mundo mudou. Realmente, mudou muita coisa. O Fernando Henrique, pra chegar ao poder, veio apoiado pelo que hoje é o DEM.
 
19 de julho de 2013

O HUMOR DO NANi

Lula

19 de julho de 2013

PETROBRAS PEDE EMPRÉSTIMO DE US$ 1,5 BI A BANCO JAPONÊS




A Petrobras assinou nesta terça-feira, dois programas de financiamento com o Japan Bank for International Cooperation (JBIC) – banco de fomento japonês – para a oferta de duas linhas de crédito no valor total de até 1,5 bilhão de dólares. O banco agente dos programas será o Mizuho Bank e as linhas de crédito serão financiadas 60% pelo JBIC e 40% por instituições financeiras privadas japonesas, que contarão com seguro do Nippon Export and Investment Insurance (NEXI).

As linhas de crédito terão como lastro as compras, pela Petrobras, de equipamentos e serviços provenientes de empresas japonesas instaladas no Brasil ou no exterior. O contrato tem como base um memorando assinado em outubro de 2012, quando foi estabelecida uma parceria estratégica entre o JBIC e a estatal.

“A Petrobras e o Japan Bank for International Cooperation construíram uma estreita relação de cooperação durante muitos anos, já tendo implementado uma série de operações em conjunto. Os dois programas de financiamento contratados representam uma expansão das possibilidades de captação com estas entidades, uma vez que oferecem novas modalidades de financiamento, e reforçarão ainda mais a relação entre as partes”, informa a empresa em comunicado.
 
 
19 de julho de 2013
graça no país das maravilhas

NO RIO DE JANEIRO, UM GOVERNADOR DE MERDA, COMANDANDO UMA POLÍCIA DE MERDA



É difícil saber quem é o mais incompetente e patético:  o governador Sergio Cabral ou a Polícia do Estado do Rio de Janeiro, seja Civil ou Militar.
Chegamos a uma fase de esculhambação social, por falta de autoridade, já que a Tropa de Choque da PM não consegue impor a ordem nem diante da residência do chefe do governo.

Menino de classe média baixa, criado no subúrbio de Cavalcanti, na Zona Norte, filho do jornalista Sérgio Cabral, meu colega no antigo Diário de Notícias, o atual governador tinha tudo para dar certo. Era estudante de Comunicação, nunca trabalhou em jornal algum.

O pai se elegeu vereador, com o voto dos sambistas, e Serginho entrou para a política.
Nunca trabalhou. Casou-se com uma sobrinha-neta de Tancredo Neves e seu primeiro emprego foi um cargo público: diretor da TurisRio, onde criou os Albergues da Juventude.

Estruturou sua carreira defendendo os jovens e a Terceira Idade, fazia bailes para idosos, acabou se elegendo deputado estadual pelo PSDB em 1990, usando o nome do pai (seu material de propaganda trazia apenas o nome Sergio Cabral, propositadamente). Era metido a ético, não aceitou o carro oficial, comprou um Voyage e ele mesmo dirigia, falava mal da mordomia dos outros políticos, parecia mesmo ser diferente.

Aí foi candidato a prefeito duas vezes, ficou rico com as sobras de campanha, virou presidente da Assembléia e aderiu definitivamente ao bloco dos corruptos, tornando-se um de seus maiores destaques.

Enriqueceu tão ilicitamente que o ex-governador Marcello Alencar, seu antigo protetor, mandou fazer um dossiê dele, mas acabou não revelando nada, porque Cabral disse que também tinha um dossiê sobre o enriquecimento do filho mais velho de Marcello, Marco Aurélio, e o jogo ficou empatado.

Senador, governador duas vezes, cada vez mais rico, Cabral mostrou ser um mestre em marketing. Suas maiores realizações, as UPAs, unidades de atendimento de saúde, tornaram-se um escândalo de negociatas em parceria com o secretário de Saúde, Sérgio Cortes, também enriquecido ilicitamente, vizinho de Cabral em Mangaratiba e dono de um apartamento triplex na Lagoa, pago em dinheiro vivo.

Outra grande “realização”, a instalação das UPPs nas favelas,  foi fruto de um acordo com os traficantes, que tiveram proteção oficial para continuar vendendo drogas, desde que não houvesse mais balas perdidas, máscaras ninjas nem tiroteios nos morros. E assim foi feito. Nenhum traficante foi preso, nem mesmo na hollywoodiana ocupação do Complexo do Alemão, com a Polícia correndo atrás dos criminosos sem prender nenhum.

Agora, a baderna se instalou diante da residência desse governador de fancaria. Toda autoridade (como o próprio nome indica) precisa ser respeitada. Mas Cabral não tem autoridade nem se dá ao respeito.
É um governador de merda, comandando uma polícia de merda, que também não impõe autoridade.

Uma coisa é permitir manifestações pacíficas. Outra coisa é deixar vândalos e criminosos usarem máscaras, escondendo os rostos, e fazerem o que bem entenderem nesta cidade. Só existe uma ordem a ser dada: “Prendam, para averiguações, todos os que estiverem de rosto encoberto”.
Simples assim. Mas não existe autoridade nesse governo. Só há malfeitores e corruptos.
Uma podridão total.

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA HELIO FERNANDES

Vaccarezza, indicado por Lula, jogou a Reforma Política para 2018. Palocci pode voltar para um dos cargos que já ocupou e demitido desonrosamente. Mantega talvez candidato ao governo de São Paulo. Sergio Cabral culpa Dona Dilma pela insegurança do Rio.




O contraditório presidente da Câmara confirma a vocação da contradição, em duas aparições públicas no mesmo dia.

1 – Defende a “legalidade” de autoridades darem “carona” a amigos nos aviões oficiais (o jeitinho do jatinho, que poderia ter fim, bastaria uma ordem de Dona Dilma ao ministro da Defesa). Eduardo Alves diz que com 1 ou 10 passageiros o jatinho tem o mesmo gasto.

2 – Um dos assuntos mais comentados (mesmo antes do povo nas ruas) politicamente, era e é o exorbitante número de ministros. Não são 39, como dizem, e sim 40, com a criação da pasta da pequena empresa.
Dona Dilma se recusou a reduzir seu ministério. Deve estar convencida de que foi mesmo ultrapassada, por que fazer concessões?

Mas o inacreditável é o presidente da Câmara, altamente vulnerável, aparecer como porta-voz do “menos ministros”. No mesmo dia em que protege os “caronas”, sugere: “Dona Dilma tem que governar no máximo com 25 ministros”.

Mercadante ficou furioso, desalojado da posição de “porta-voz”, triturado e massacrado pelo senador Dornelles.

SÓ SE FALA EM PALOCCI

Demitido duas vezes, de dois dos mais altos cargos da República, e sempre desonrosamente, agora seu nome é badaladíssimo no Planalto. Voltaria para um dos cargos que já ocupou e saiu para dar a impressão (apenas impressão) de defesa da moralidade.
Saiu, nada lhe aconteceu, voltaria com Dona Dilma por imposição de Lula, ou com o próprio Lula. E naturalmente para um dos mesmos cargos, mais alto só a Presidência da República.
Seria novamente chefe da Casa Civil. Dona Hoffmann tem que deixar o cargo até 5 de abril, para se candidatar ao governo do Paraná. Numa emergência poderia sair antes. A entrada e saída de Palocci é sempre uma emergência.

MINISTRO DA FAZENDA

Mantega está em situação difícil, ainda é ministro porque Dona Dilma não quer deflagrar uma revoada dos 40 do ministério. Otimista pela própria necessidade do cargo que ocupa, Mantega não tem obtido bons resultados. Por outro lado, não tem nenhuma disputa eleitoral à vista

CANDIDATO AO GOVERNO DE SP

Seu nome já foi citado como um dos possíveis ou prováveis concorrentes ao governo de São Paulo. Disputar, não tão difícil. Vencer? Aí já chega perto do impossível. Mas outros supostos candidatos do PT não levam muita vantagem sobre ele: Padilha, Mercadante, Dona Marta.

Padilha é um sofrível e submisso ministro da Saúde, ninguém o conhece. Mercadante já perdeu duas vezes para o mesmo cargo, quem o indicaria? Dona Marta, prefeita da capital, uma vez, por acaso, perdeu duas, pela vontade do povo. Uma no cargo, a outra apoiada por Maluf. Candidato, Mantega deixaria de ser ministro, sem precisar de explicação.

O “PASSE LIVRE” ENTROU PARA A HISTÓRIA, É A VEZ DE ANARQUISTAS,
RADICAIS E ATUANTES DE NOVA IGUAÇU


O povo nas ruas, que surpreendeu e empolgou o país a partir de 6 de junho, desapareceu. Aparentemente se dão por satisfeitos, não querem se confundidos com os radicais, seguidamente chamados de vândalos.
Essa é a análise mais redundante, mais consequente, e até mesmo oficial.

Na madrugada de quarta para quinta, não eram muitos. Avaliados em 500 ou 600 (sem contar 50 advogados, espalhados, para poderem concluir com mais exatidão) com duas fases do mesmo grupo. Foram se reunindo a partir de 7 ou 8 horas da noite, pacificamente. Das 10 em diante, se transformaram em radicais de verdade, os sempre identificados como baderneiros ou vândalos.

Em frente ao edifício onde mora o governador, a explicação era esta, encampada até mesmo pela Polícia: quem botou fogo na manifestação foi o pessoal de Nova Iguaçu, que como vinha de longe e com dificuldade de transporte, chegou bem mais tarde.

RADICALISMO

Sergio Cabral chegou em casa cedo, e não saiu mais, nem poderia. Com duas televisões ligadas e recebendo informações do alto comando da Polícia, sabia muito pouco.
As televisões quase não dava cobertura, a partir da manhã de ontem, quinta-feira bem cedo, é que as televisões de reabilitaram profissionalmente.
E ficaram motivadas também pela reunião que começou bem cedo no Guanabara. Com a participação da segurança, com a inexplicável ausência do vice Pezão.

Na verdade, o mais preocupado, desde a véspera, era naturalmente o governador. Pela primeira vez Sergio Cabral “pedia providências, com urgência”. Os que mais falaram: o secretário de Segurança, Beltrame, e a chefe de Polícia, Marta Rocha.

O comandante da Polícia Militar, o mais questionado, indireta mas visivelmente, falou pouco. Se examinarmos em profundidade, a conclusão será unânime: ninguém sabia de coisa alguma.

Houve críticas ao governo federal, que segundo alguns, “só está interessado e preocupado com a visita do Papa, parecem não entender que o Papa passará a maior parte do tempo no Estado do Rio”.
Coloquem isso como dito pelos mais altos responsáveis pela segurança do Estado do Rio, e constatarão que a situação tem tudo para ficar mais grave a cada dia, a cada hora, a cada momento.

O GOVERNADOR PEDE PROVIDÊNCIAS

Essa reunião de ontem, que durou de 8 da manhã até o meio-dia, seguida de uma entrevista coletiva, foi a mais agitada, tumultuada e até questionada. Quando acabou, dois grupos defendiam posições diferentes. Sergio Cabral se identificava com o grupo que definia, “assim como está não pode continuar”. Os dois grupos se conciliavam nas críticas a Dona Dilma.

Para terminar: em determinado momento, quando as críticas a Dona Dilma eram as mais duras, alguém sugeriu: “E se apelássemos para o ex-presidente Lula?”. Não houve resposta, mas também ninguém recusou ou protestou. Gravíssimo, disse alguém, importante, ao deixar o Guanabara

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PS – Mais uma vitória de Lula, contra tudo e contra todos. A Reforma Política, importantíssima, pois tem influência em todo o resto, estava fugindo das mãos dele.

PS2 – O relator deveria se o deputado (PT) Henrique Fontana, há anos estudando a questão. Mas foi vetado, não é do grupo do ex-presidente. O presidente da Câmara explicou: “Nessa Comissão cada partido terá um representante”.

PS3 – Lula não se incomodou, telefonou para o presidente da Câmara: “Quero o Candido Vaccarezza para coordenar essa Comissão”. Resposta: “Não posso mudar o representante do PT na Comissão”.

PS4 – Lula, tranquilo: “Não estou pedindo para mudar, quero apenas que o Vaccarezza seja da Comissão, para coordená-la”. Foi indicado.

PS5 – Vaccarezza foi indicado na hora, no dia seguinte já retumbava: “A modificação não servirá para 2014 e só poderá vigorar em 2018”. Então ficou para 2018, com uma ligeira parada-teste em 2016, quando haverá eleição municipal.

PS6 – Há mais de 20 anos existem projetos no Congresso, transformando a situação política para ajustá-la aos interesses do país e do cidadão-contribuinte-eleitor.

PS7 – Mas muito antes disso, há mais de 20 anos, eu já escrevia o óbvio, na Tribuna impressa: “Deputados e senadores não farão nenhuma modificação, abrindo mão dos privilégios”.

Ps8 – Vaccarezza, comandado pelo controle remoto nas mãos de Lula, já comprovou o que eu sempre repeti, e tomou a primeira providência: jogou tudo para 2018. Mais 5 anos para garantir a permanência das mordomias.

19 de julho de 2013
Helio Fernandes

O HUMOR GENIAL DO DUKE

Charge O Tempo 19/07
 
19 de julho de 2013



 

O DESGOVERNADOR SÉRGIO CABRAL


 
As vezes me pego pensando – mau hábito que tenho – se o sistema de freios e contrapesos (checks and balances), pilar do princípio da separação dos poderes, previsto no art. 2º da Constituição, adotado por inspiração dos gregos, que conceberam o seu primeiro modelo, e, depois, pela genialidade de Montesquieu, que o aprimorou, vem sendo utilizado de modo eficaz pelos poderes constituídos, principalmente para refrear práticas evidentes de mau uso do patrimônio público ou, como prefiro chamar, de desgovernança patológica.
 
Este princípio – explico para quem é leigo, em apertada síntese – visa a tripartir as funções dos poderes constituídos (executivo, legislativo e judiciário,) propiciando a fiscalização permanente, por todos, dos atos praticados por qualquer um deles individualmente, de modo a evitar que um deles se sobreponha aos demais, tomando, abruptamente, para si, o controle absoluto dos rumos do governo.

Perdoe-me Alexandre Dumas – que escreveu os Três Mosqueteiros, os quais, na verdade, eram quatro (o que torna mais assemelhado, ainda, o exemplo escolhido, já que a imprensa é considerada por muitos o quarto poder constituído) – pela variação que trago da sua célebre frase; mas, para entender melhor o princípio, é como se pudéssemos bradar, tal qual seus personagens, conquanto diferentemente deles: Um por todos, e todos fiscalizando um!
 
É esta teoria que, em última análise, permite que a Assembléia Legislativa possa aprovar o impeachment do Governador (como aconteceu no Caso do Presidente Fernando Collor de Mello, em virtude da atuação das duas Casas legislativas do Congresso Nacional), ou que o judiciário possa exercer o controle da legalidade dos atos do executivo e do legislativo (como aconteceu no famoso caso Marbury versus Madison, julgado em 1803, pela Suprema Corte do Estados Unidos da América do Norte, que fez escola no nosso STF), decidindo, inclusive, acerca de ações de improbidade administrativas dirigidas contra seus agentes.
 
PRAÇA DE GUERRA
 
No caso específico do Estado do Rio de Janeiro, que se tornou uma praça de guerra, devido às manifestações e protestos do povo, contrariado que está com as mais variadas denúncias de corrupção que circulam nas redes sociais, nos jornais, nos blogs, na televisão, e nos demais veículos de comunicação, acerca do suposto enriquecimento ilícito do Governador do Estado – seja pelas supostas parcerias benevolentes, firmadas com determinados agentes privados, seja pelo suposto deszelo no trato da coisa pública, seja, finalmente, pelos supostos favorecimentos auferidos pela primeira dama; intriga, espanta e admira que os demais poderes constituídos da República nada façam, ou tenham feito, até agora, para refrear os desmandos administrativos e políticos que assombram tantos quantos deles têm notícia.
 
Que o Judiciário ainda não se tenha pronunciado a respeito é justificável, até porque, por princípio, o judiciário não pode se pronunciar de ofício, senão quando provocado (judex ne procedat ex officio - art. 2º do CPC).

Porém, o que não se concebe é que, diante de tão ostensivos indícios de favorecimento, enriquecimento ilícito e corrupção, o legislativo estadual se omita em votar o impeachment do Governador do Estado do Rio de Janeiro (ocasião em que poderá investigar e apurar a veracidade ou falsidade das denúncias midiáticas), bem como a Procuradoria Geral do Estado poste-se inerte, demitindo-se do seu dever de instaurar o inquérito civil que precede à propositura da ação de improbidade administrativa, para fins outros e correlatos, tal como o de obter o ressarcimento civil dos prejuízos causados ao erário, na hipótese de serem comprovadas, na ambiência do inquérito, as denúncias de malversação do patrimônio público levadas ao conhecimento do povo, todos os dias, às escâncaras.
 
Que não haja prova da culpa até se pode admitir, mas que há indícios suficientes a justificar a pronta atuação dos poderes legislativo e judiciário, visando o controle dos atos do executivo estadual, isto há; o que já seria suficiente para legitimar a promoção das medidas antes elencadas e indicadas. 
 
Ou não se pode chamar de indício as nababescas viagens a Paris com fornecedores e prestadores de serviço privados do Estado, todos portando guardanapos na cabeça em frente ao Ritz?
 
Ou não se pode chamar de indício as licitações ganhas sempre por uma mesma construtora, cujo dono viagem a Paris com o Governador?
 
Ou não se pode chamar de indício a utilização de helicópteros de propriedade do Estado para fins particulares?
 
Ou não se pode chamar de indício duas propriedades suntuosas em Angra dos Reis, paraíso dos milionários?
Ou não se pode chamar de indício a existência de cavalos milionários na hípica?
 
Ou não se pode chamar de indício o noticiado desvio de verbas da saúde pública, dentre tantas outras que não caberiam aqui citar, pois, pelo tamanho, que vai longe, sequer conseguiriam espaço nas finadas listas amarelas?
 
Mais que indícios, tais práticas constituem violenta bofetada na cara do povo do Rio de Janeiro; do qual não se pode exigir limpamente, isentamente, honestamente, que a tudo assista de forma passiva e acovardada.
 
SINAIS DE RIQUEZA
 
O povo tem o direito de saber como um jornalista que morava em Cavalcanti, subúrbio do Rio, e sempre auferiu vencimentos decorrentes do exercício de cargos públicos, pode ostentar tantos sinais aparentes de riqueza.
Portanto, Sr. Governador, o quebra-pau que acontece, insistentemente, na Zona Sul do Rio de Janeiro, não se deve a incitação de outros partidos políticos tentando desestabilizar o seu Governo. Porque, disto, já cuidou o senhor.

Daí a razão do seu esperneio, a olhos vistos, não passar de uma desculpa esfarrapada, que de balela não passa.
 
A mobilização que Vossa Excelência assiste na rua, atônito, todos os dias, na porta da sua casa, tem origem na indignação.

No verdadeiro e justo sentimento de indignação de um povo que cansou de ver o senhor jantar no Antiquarius, em Paris, andar de helicóptero com seu cachorrinho (ou cachorrinha, sei lá) deslocando-se à Angra dos Reis, para descansar em sua mansão no fim de semana, enquanto milhares de pessoas morrem nos hospitais, sem remédios e atendimento, enquanto os bombeiros e professores percebem remuneração de fome, enquanto o cidadão comum não pode andar nas ruas sem ser assaltado.

Quem pode lhe explicar o que está acontecendo Governador é, talvez, a frase do sublime poeta Murilo Mendes: “O cúmulo da miséria moral é explorar a miséria alheia”.
 
Até porque Governador, pelo menos para o senhor, eu não preciso responder à pergunta feita no início deste artigo, já que o senhor sabe, melhor do que ninguém, que o sistema de freios e contrapesos não está sendo utilizado de forma eficaz no Rio de Janeiro.
Trocando em miúdos, o senhor bem sabe que, diante de todos os indícios apontados diuturnamente nos jornais, o senhor não está respondendo a processo de impeachment, perante o legislativo estadual, ou respondendo a ações de improbidade administrativa, perante o Judiciário, pelo simples fato de que a sua bancada possui maioria na Assembléia Legislativa, e de que foi o senhor mesmo quem nomeou o Procurador Geral do Estado, agente do Estado que detém competência funcional para processá-lo – embora devesse, pois ele é procurador do Estado, vale dizer, do povo do Rio de janeiro, e não do Governo, ou seja, do senhor, que, ao menos aparentemente, tem dinheiro suficiente para contratar os melhores advogados do País, enquanto 90% da população que almeja justiça, ao contrário, tem que pegar senha e esperar sua vez para ser atendido na defensoria pública. Por isso, e não por melhor razão, o senhor está blindado, Governador.
 
Na minha opinião, chegou a hora de protestar pela abertura do processo de impeachment, na porta da Assembléia, e pela abertura dos inquéritos tendentes à ensejar a propositura de ações de improbidade administrativa, na porta da Procuradoria Geral do Estado, sob pena de o movimento de indignação vir a se enfraquecer pela ausência de realização de medidas práticas e proficientes.
 
Cabral é um nome cármico da nossa história: um descobriu o Brasil; já o outro, enxovalha o Rio de Janeiro.
 
Aqui me despeço, Desgovernador, e espero que o povo do Rio de Janeiro responda aos seus devaneios e invectivas nas urnas, em 2014.

19 de julho de 2013
Fernando Orotavo Neto é Advogado, Jurista e Professor Universitário.

PSICOLOGIA DAS MULTIDÕES


 
Andei ouvindo, lendo, tentando decifrar tanta teoria de filósofos, teóricos, sociólogos, políticos, advogados, PHDs, mestres de universidades nas mídias do Rio, São Paulo, que pensei: Uai… E nós de Minas, nada?!

Sei que o Rio é global e produz novelas que fantasiam o Brasil.
Que o Galvão Bueno é… Uma tia que no Mineirão sempre vai para aquele lugar.

Sei que São Paulo é um capitalismo selvagem que gera FHC, Lulas e por aí a fora. E Minas? Tem defeitos, mas faz bem feito e infelizmente “em silêncio”.

Talvez por isso as manifestações aqui foram graves, quase inconfidentes, Tiradentes! Então sou psiquiatra, roceiro e deixo minhas observações, não como profissional que trabalha com comportamento, mas como neto do “Zé Cocão”, da sabedoria do sertão mineiro:

1 – Multidão: a consciência se dilui. Uma pessoa quer pular do prédio: Uma pessoa apavorada grita: “Não faça isso!” Dez pessoas pedem que aguarde os bombeiros. Mil pessoas gritam: “Pula, pula!”.
Quando ele pula, todos se entristecem e vão embora Não foi o grito dela pois 999 também gritaram. A culpa diluída não dói a consciência. Assim, multidão segue “boas ou más consciências” que as lidera avenida a fora.

2 – “Oprimido se torna o pior opressor”. Nas plantações de cana do sec. XVIII nos EUA, escolhiam um negro para apanhar todo dia. Ao final de meses, davam o chicote e ele virava capataz e se tornava o mais torturador do próprio povo. Assim aconteceu na Revolução Francesa, na Rússia, com Judeus, com o PT, com os manifestantes contra o PT e ódio contra ódio se sucederá.

3 – “O fracasso da geração X”. Nós, os que tem acima de 40 anos até 70, fracassamos: enfrentamos ditadura, “guerra fria”, fomos hippies – paz e amor. Mas não nos tornamos exemplo, referência, liderança para filhos, netos.
Deixamos políticos corruptos se perpetuarem, fizemos constituinte que é fruto de hobbies, interesse de advogados poderosos, classista, demagogias, executivos como presidentes, governadores, prefeitos que vivem incestuosamente com empresários numa festa de corrupção descarada e impune.
Legislativa? Sem comentários… Pergunto: O último bastião, o PT, que prometia esperança, alegria e honestidade foi a gota d’água de quem decepcionara com o PMDB, PSDB e essa “sopa de letrinhas” que não nos diz nada.

4 – Líderes nascem líderes: não são eleitos! Em todas espécies, machos e fêmeas “alfa” assumem o comando. Pois nasceram com agilidade, astúcia, preparo natural para conduzir o bando (de macaco, elefante, leão, etc) para condições de sobrevivência.
Os outros membros, machos beta, gama, etc, entendem que há uma hierarquia e contribuem para a ordem social do bando.
Se um novo macho acha-se mais qualificado, desafia “olho no olho”, assume a liderança ou derrotado vai para a “rabeira” do bando. O único mamífero que contraria essa lei natural é o ser humano, que criou eleição, nomeação, corrupção para chegar à liderança.

5 – A geração Y: Imatura e perdida. Ok, os nascidos entre 1978 e 2.000 estão à frente da “revolta brasileira”, saíram do invisível universo paralelo virtual e entenderam que o mundo é real!
Pois a geração X só vê o que “ocupa lugar no espaço” e morre de medo dos jovens ainda que “amadurecidos a força”, politicamente sem noção, base, ou morte nessas passeatas do “quero tudo diferente”.
E o que querem? “Não sei”. Pois falta a eles interagir mais com a sabedoria dos pais e avós, e isso é o que vi de mais belo: avô, pai, filho de mãos dadas e interesse por 1968, ditadura, fora Collor, Diretas Já.

6 – Baderneiros! 20% dos seres humanos são naturalmente rebeldes sem causa, violentos, depredadores ou marginais, principalmente os de testosterona aumentada (15 a 30 anos) ou embalados por drogas, anabolizantes. Pitboys tem atrofia cerebral, e nessa falta de limite de pais, escolas, sociedade, o quebra-quebra é aqui, Paris, Egito, Turquia.

Por fim, o mundo global – urbano, tecnológico, engarrafado, consumista e injusto está com seus dias contados! No início preparam para uma guerra tribal, e só depois virá um novo tempo…

19 de julho de 2013
Eduardo Aquino

O POLÍTICO E O ESTADO



A questão mais importante do poder é a de sua legitimidade. Os governos tirânicos usam o argumento de que se legitimam por si mesmos. Foi assim com o golpe de 1964, em seu primeiro ato: “a Revolução se legitima a si mesma”. A ideia foi exposta por Goering, no Tribunal de Nuremberg. Um procurador aliado inquiriu-o sobre a ousadia do regime, em violar os princípios básicos da civilização ocidental, sem pensar nas consequências. Ele respondeu que estavam criando uma nova ordem mundial, e a vitória militar a legitimaria. Nada tinham a ver com o passado.
 
Todas as interpretações de fundo sobre a atualidade brasileira (e mundial) confluem para identificar  grave crise de legitimidade da representação política. Os líderes perderam a confiança dos cidadãos,  única fonte legítima de poder, de direito, nas sociedades humanas.
As manifestações se repetem em todos os países, com maior ou menor intensidade, não só contra a corrupção, mas também contra a ineficiência dos governantes, incapazes de assegurar a justiça social. Agindo como gangsters, os banqueiros invertem a razão: são eles que controlam os governos.
Dois são os eixos sobre os quais se movem as sociedades humanas: o contrato e a lealdade. O contrato político se realiza no ato eleitoral: os cidadãos conferem mandatos temporários a alguns deles, a fim de legislar ou administrar. Em troca, os eleitos assumem, tacitamente, o dever de lealdade para com o Estado.
 
ESTADO DE DIREITO
 
O Estado de Direito deve reger-se pelos princípios imemoriais e éticos, de solidariedade nacional; pela Constituição e pelas leis. Quando o mandatário não cumpre o contrato, deveria perder a confiança do eleitor, e, assim, ter a  delegação cassada.
No Brasil não conseguimos ainda criar um Estado de Direito realmente solidário. Aqui, as nossas constituições têm sido alteradas pelas circunstâncias conjunturais, sob a pressão dos interesses privados e corporativos.
 
As bancadas corporativas sobrepõem-se, no Congresso Nacional, às partidárias. Os partidos já perderam o poder de fechar questão em votações de maior responsabilidade, porque sabem como irão votar seus deputados, obedecendo aos interesses das reais bancadas a que pertençam: dos banqueiros, do agronegócio, dos industriais, das confissões religiosas. Isso explica muitas coisas.
 
Explicam, por exemplo, a absoluta impossibilidade de se obter uma reforma política por via legislativa. E explicam os oitenta e seis deputados federais que se negaram a votar moção de repúdio à espionagem das nossas comunicações pelo telefone e pela internet, pelo governo norte-americano.
 
Esses parlamentares podem estar atendendo à visão de mundo de seus eleitores corporativos, que  só pensam em seus negócios. Mas não são leais com o Estado e a Nação.  Se aceitam essa interferência abjeta em nossa soberania, podemos imaginar como se comportariam diante de uma invasão estrangeira.
 
19 de julho de 2013
Mauro Santayana

LIVRE PENSAR É SÓ PENSAR




19 de julho de 2013
(MILLÔR FERNANDES)

A CRISE E A DÍVIDA PÚBLICA



Desde 2008, quando estourou a crise do capitalismo, os governos afetados fazem das tripas coração para salvar, não a população ameaçada de desemprego (já são 25 milhões de desempregados na Europa), e sim o sistema financeiro. 

Democracia é, hoje, mera expressão retórica. O que temos, de fato, é uma moneycracia.

Segundo o FED (Banco Central estadunidense), o governo de Tio Sam repassou aos bancos privados, como boia de salvação, US$ 16 trilhões.
Como a lista é longa, assinalo aqui a gordura do Papai Noel dos três principais beneficiados nos EUA: Citigroup, US$ 2,5 trilhões; Morgan Stanley, US$ 2,04 trilhões; Merrill Lynch, US$ 1,949 trilhão.

No Brasil, a crise começa a bater à porta. Onde a porca torce o rabo é na dívida pública. Em 2011, juros e amortizações da dívida consumiram 45,05% do orçamento da União, ou seja, R$ 708 bilhões.
Você imagina o quanto se poderia fazer com tamanho recurso? Daria para promover 28 Copas do Mundo! A Copa de 2014 está orçada em R$ 25 bilhões. Para se ter ideia desse dinossauro que sustentamos, no mesmo ano de 2011 a Saúde mereceu 4,07% do orçamento e a Educação 2,99%.

Se os dados acima impressionam, veja os atualizados: de janeiro a fevereiro deste ano a dívida pública subiu mais R$ 26 bilhões, atingindo R$ 1,95 trilhão!
E a previsão é de que alcançará a cifra de R$ 2,24 trilhões até o fim do ano! Isso significa mais R$ 232 bilhões em relação ao montante da dívida em 2012. Os dados são do Plano Anual de Financiamento do Tesouro Nacional, divulgados em março.

GOVERNO NÃO DIVULGA

Você, eu, todos nós pagamos a dívida pública ao receber salário e consumir. E pagamos ou padecemos ao NÃO RECEBER melhores serviços públicos: Saúde, Educação, Segurança, Transporte, Cultura etc.

O governo não divulga o montante dos juros nominais da dívida pública efetivamente pagos. Nem a CPI da Dívida, encerrada em 2010 na Câmara dos Deputados, quebrou o lacre desse segredo. Daí a importância de uma Auditoria Cidadã da dívida pública. Meta que deveria constar da pauta de partidos progressistas, Sindicatos, movimentos sociais e ONGs voltadas à cidadania.

Os sinais de que a marolinha brasileira pode terminar em tsunami estão à vista: privatização das jazidas do pré-sal, de portos, aeroportos e hospitais universitários; menos recursos aos programas sociais; leilões de rodovias; inflação em alta etc.

O modelo desenvolvimentista está esgotado. O resultado dele é nefasto: 1% de habitantes do planeta concentra, em mãos, riqueza equivalente à renda de 57% da população mundial!

Mas quem de fato articula alternativas viáveis? Cadê a esquerda com os pés na base popular e a cabeça na formulação de estratégias a longo prazo? Naquele tempo nós fizemos História; agora vocês fazem política, diz o personagem Rubashov no romance
“O zero e o infinito”, de Arthur Koestler.

19 de julho de 2013
Frei Betto (Boletim Sindical)

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE


 
19 de julho de 2013

NÓ CEGO

Dependência do governo em relação à base aliada inviabiliza política fiscal atrelada ao corte de gastos

O palavrório do governo sobre corte de gastos, medida que auxiliaria no controle da inflação, é conversa fiada. O ainda ministro da Fazenda, Guido Mantega, cancelou sua participação no encontro do G-20 para tratar do assunto, mas sabe-se que tudo não passa de mais um espetáculo pirotécnico do Palácio do Planalto para iludir a opinião pública. Na realidade, o governo de Dilma Vana Rousseff está empenhado cada vez mais na contabilidade criativa, o que tem permitido que as metas fiscais sejam cumpridas, mesmo que na esteira da farsa.

Um governo de coalizão – como insistem em dizer os petistas – com doze partidos políticos não pode falar em corte de gastos. De olho na reeleição, que se torna inviável a cada dia, Dilma será refém da base aliada até a eleição de 2014, caso queira manter seu plano político. Para isso, a presidente terá de atender às cobranças espúrias das legendas desse governo de coalizão, adotando uma política fiscal expansionista.

Esse cenário caminha na contramão do que defende o Banco Central, que com o agravamento da crise econômica retomou sua independência, antes atropelada pela diplomacia de borracheiro da presidente Dilma. O BC, como autoridade monetária nacional, tem a incumbência de agir para controlar a inflação e tentar levar o mais temido fantasma da economia para o centro da meta fixado pelo governo, que é de 4,5%.

Para que isso seja viável, mesmo que em sonhos dourados, de nada adiantará subir a taxa básica de juro (Selic) para neutralizar o impacto da alta do dólar na inflação. O Banco Central terá de cobrar do governo uma política fiscal baseada na contenção de despesas, medida que compromete sobremaneira o projeto totalitarista de poder do PT. Isso leva a concluir que o corte de gastos deve se transformar em falta de investimentos.

A situação tende a se agravar, até porque a obediência da base aliada só existe mediante contrapartidas imediatas por parte do governo. Esse negócio de vender para receber depois não existe no governo. Caso não faça a sua parte, Dilma deve começar a arrumar as malas e contratar o caminhão de mudança, porque a folia de ser presidente entra em seu capítulo derradeiro.

19 de julho de 2013
 ucho.info

ENCURRALADO PELA CRISE, SÉRGIO CABRAL CRIA FACTÓIDE PARA MINIMIZAR ESTRAGO GERADO POR PROTESTOS

 

Inventando moda – Alguns políticos perdem a chance de entrar para a história por causa do próprio silêncio. É o caso do governador Sérgio Cabral Filho, do Rio de Janeiro, que creditou a organizações internacionais a responsabilidade pelos atos de vandalismo registrados na capital fluminense nos últimos dias.

Em entrevista coletiva concedida na tarde desta sexta-feira (19) no Palácio Guanabara, se do Executivo estadual, Cabral Filho anunciou a criação, por decreto, da Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas.

“Essas manifestações têm um caráter diverso, de enfrentamento com a polícia. Antes não tínhamos as redes sociais no passado. Sabemos que através delas, há organizações internacionais que estimulam o vandalismo”, disse o governador, destacando que a criação da comissão tem o objetivo de centralizar e dar celeridade às investigações contra os vândalos e baderneiros, o que facilitará o trabalho da polícia e da Justiça.

Sérgio Cabral revelou que a presidente Dilma Rousseff telefonou na noite de quinta-feira (18) para oferecer ajuda para o policiamento dos eventos da Jornada Mundial da Juventude, que acontece na cidade de 22 a 28 deste mês. O governador agradeceu a oferta, dispensou a ajuda e confirmou o evento para o papa Francisco no Palácio Guanabara.

“A visita do papa ao Palácio Guanabara está confirmada. Assim como a presença da presidente Dilma, do vice-presidente Michel Temer e de pelo menos oito governadores. O papa vai ser recepcionado com todo amor, respeito e dignidade no Rio, mesmo por seguidores de outras religiões, ateus e agnósticos. Ele vai ser recebido de braços abertos, como o Cristo Redentor. O clima será de fraternidade, amor e carinho”, disse o governador.

A presença de políticos nesse evento é garantia de protestos, os quais certamente serão combatidos com violência pelas tropas policiais que estarão na cidade do Rio de Janeiro. Essas autoridades oportunistas que se preparem, pois o papa deve criticar qualquer ação violenta contra os manifestantes, provocando situação de constrangimento. O político experimentado e com um mínimo telhado de vidro deve pensar duas vezes antes de comparecer ao evento.

Antes de criar a tal comissão, Sérgio Cabral Filho deveria explicar aos brasileiros a sua ligação mais que suspeita com o empresário Fernando Cavendish, dono da polêmica Delta Construção. Nada existisse de errado nessa estranha e interesseira amizade, a tropa de choque do PMDB não teria atuado com veemência para evitar a convocação de Cabral pela CPI do Cachoeira.

19 de julho de 2013
ucho.info

CARTA ABERTA

De: Ucho Haddad

Para: Lula

Assunto: imbecilidade, canalhice boçalidade


Lula, finalmente você reapareceu, apesar de continuar fugindo da imprensa. A sua estratégia de marketing foi interessante, pois um histriônico confesso quando desaparece o faz porque a necessidade de estar em evidência, mesmo que na condição de fugitivo, é muito maior do que se imagina.

Esse tipo de comportamento muitos psicólogos são capazes de resolver, mas às vezes é caso de psiquiatra, com direito a medicamento “tarja preta”.
Ainda bem que não existe remédio para mitomania, pois do contrário você seria ainda mais insuportável. Pense, Lula, num lobista mentiroso e estabanado que acredita ser deus imaginando que fala a verdade. Por certo Messias, o original, já estaria desempregado.

Depois de suas incursões pela África, para onde seguiu a bordo de um refinado jatinho de empreiteira – afinal ninguém é de ferro –, você ressurge do nada e barra a imprensa falada e escrita em uma das suas ufanistas palestras.
Compreendo essa atitude, pois se registram tudo o que você fala a sua fama de parente de Aladim vai pelos ares. Na verdade, quem acredita nessa sua genialidade só pode ser tão boçal quanto você.

Sabe, Lula, depois de quase 55 anos uso pela primeira vez a palavra boçal. E também pela primeira vez não me sinto incomodado, apesar de não ser dado às deselegâncias. Não que jamais tenha encontrado nas estradas da vida pessoas parecidas com você, mas é que aprendi a respeitar o próximo.
Como tudo na vida um dia muda, você me mostrou nos últimos dez anos que não merece respeito. Se enquanto você estava presidente eu o tolerava por imposição da visão míope de parte do eleitorado, imagine agora que é nada.

Na sua mais recente palestra, que somente jovens incautos e pouco experimentados foram capazes de assistir, em Santo André, você chamou de canalhas e imbecis os que inventaram notícias a respeito da sua saúde. Meu finado pai, Lula, me ensinou que antes de mandar é preciso saber fazer, pois se não a ordem perde sua força e essência.
E meu pai foi ainda mais longe. Disse-me que também é necessário saber a fundo sobre determinado fato antes de qualquer afirmação. Sendo assim, creio que você tem conhecimento sobre o que é canalhice e imbecilidade.

Lula, quando começou a circular a notícia de que você estava frequentando o Sírio-Libanês de madrugada para se submeter a um escondido e misterioso tratamento quimioterápico, de chofre afirmei que se tratava de mentira, de armação barata.
E fui além, Lula. Disse que todo ser humano deve torcer pelo bem do próximo, inclusive do inimigo, do adversário. Sou obrigado a concordar com você que mentira é uma imbecilidade. Dependendo da extensão e da gravidade, é uma canalhice.
Eu torço por você, Lula, pois sem a sua presença a palhaçada em que se transformou a política nacional perde a graça. Pense numa enorme lona cobrindo um picadeiro sem palhaço. Que coisa sonsa!

Apesar de não lhe tirar a razão nesse caso específico, você precisa saber os motivos que levam as pessoas a essas notícias esculpidas com o cinzel da inverdade. Você é uma pessoa tão espetacular e adorada, Lula, que as pessoas querem vê-lo morto.
E desejam que a morte ocorra da pior forma possível, como merece todo político que engana o povo. Não fosse você esse salvador da pátria amada e idolatrada chamada Brasil, o boato sobre a recidiva do câncer não teria o Sírio-Libanês como destino das suas escapadas noturnas e secretas, mas, sim, aquele hospital de Havana em que seu concorrente, agora finado, Hugo Chávez escafedeu-se.
Na mesma Cuba de onde a sua companheira Dilma, a “gerentona inoperante”, quer importar seis mil agentes da ditadura castrista disfarçados de médicos.

Compreendo perfeitamente esse desapontamento com os que inventaram a boataria sobre a sua saúde. Até, porque Lula, no caso foi o câncer que lutou para se livrar de você. Sem fugir do assunto, explico as razões que me permitem compreender a sua decepção.
Certa vez, Lula, ainda jovem, ouvi falar de um comunista de boteco, desses que ficam dependurados à porta das fábricas ou à beira da linha do trem. Do nada esse especialista em água que passarinho não bebe começou a ganhar espaço na mídia – afinal a imprensa canhestra sempre precisa de um fato novo, mesmo que seja uma farsa – e a ser incensado como se fosse a versão sindicalista de Sassá Mutema.

Tão boçal quanto você, Lula, esse sujeito, sempre abusado, passou a acreditar que era a derradeira solução do planeta. Diante de uma vastíssima plateia de ignaros, esse imbecil logo foi aclamado como líder dos trabalhadores e dos pobres. Trabalho que é bom o sujeito nunca soube o que é e pobreza ele já não lembra o que significa. Até porque, Lula, uma pessoa que compra um relógio Cartier, em Nova York, com o dinheiro do povo não sabe o que é pobreza. No máximo sabe o que é banditismo consentido.

Voltando ao assunto… O tal comunista de botequim, cachaceiro convicto e conhecido, um dia resolve ser presidente. Chega ao poder e começa a rasgar o discurso de décadas e a mentir continuadamente para o povo.
Pois bem, Lula, você há de concordar comigo que esse sujeito abusado é um canalha, um imbecil. Fosse pouco o fato de encarnar um Messias de araque, o tal comunista de boteco começou a patrocinar a corrupção. Quando o escândalo vinha à tona, o malandro dizia que de nada sabia. Paciência, porque dizem por aí que cada povo tem o governante que merece.

Para cair nas graças do povo, o tal cachaceiro-presidente começou a distribuir esmolas oficiais. Como se não bastasse tamanho absurdo, o comunista de camelô arremessou 40 milhões de desavisados cidadãos na vala do consumismo. Constatada a tragédia, o espertalhão surgiu com um discurso novo, apesar de ter espetado um pesado carnê nas costas de cada um.

Disse o malandro que os endividados integravam a nova classe média. Pense, Lula, na ousadia e na irresponsabilidade desse alarife com mandato. O sujeito é ou não um canalha? Mas Lula, veja como existem imbecis no planeta. O comuna do boteco que virou presidente conseguiu enganar uma legião de gente letrada e arrebatou mais de uma dúzia de títulos de “doutor honoris causa”, apenas porque enganou o povo e destruiu o próprio país.

Deixemos esse imbecil de lado, Lula, e retomemos a sua insana verborragia. A extensa maioria da imprensa brasileira, para a sua sorte, tem dificuldades para pensar ou passa com frequência pelo caixa do desgoverno que se instalou no Palácio do Planalto.
Você dedicou adjetivos ácidos aos que criaram o boato sobre a sua saúde, mas os jornalistas não tiveram a capacidade de interpretar o seu discurso nas entrelinhas. Se diante de uma mentira você esperneou, o seu silêncio em relação a determinadas polêmicas as transformam em verdade.

Veja só, Lula! A Rosemary Noronha, que você deve conhecer, disse que era – não sei se ainda é – sua namorada. E fez essa afirmação enquanto protagonista de um escândalo de corrupção. A polícia desmontou o esquema comandado pela Marquesa de Garanhuns e você se viu obrigado a sair de circulação.
Tudo absolutamente natural em se tratando de um covarde. Mas em nenhum momento você disse que a Rose é mentirosa, canalha, imbecil. Possivelmente porque as declarações dela não são boatos.

Esse caso sobre o seu namoro com a Rose é assunto para resolver em casa, com a esposa, os filhos, os netos. Vocês são vermelhos e que se entendam. Apenas dê uma explicação ao povo brasileiro sobre o esquema criminoso que surgiu no vácuo de uma traição conjugal.
E cá pra nós, Lula, você tem um péssimo gosto para mulher ou é um azarado no assunto. Mas gosto e preferências não são passiveis de discussões. De tal modo, sejam todos felizes.

Agora pinço mais uma das aberrações que levam a sua digital. Lula, sou adepto da teoria longínqua de que sabe escrever aquele que lê com frequência. Como você mesmo disse ser avesso à leitura, escrever por certo não faz parte das suas maiores predileções.
Mesmo assim, a reboque de um escriba qualquer de aluguel, que como sempre rascunha as bobagens do contratante, você se transforma em colunista do “The New York Times”. Se isso tivesse acontecido com aquele comunista do boteco, diria que ele é um imbecil canalha.
Mas não é o seu caso, porque você é um homem justo, verdadeiro, cumpridor da palavra dada, um verdadeiro Don Quixote a lutar contra a corrupção e que jamais traiu a confiança da população.

Mas Lula, pense bem no teor da sua primeira coluna no NYT. Se o seu escriba de aluguel não lhe aplicou uma troça, você deveria estar transtornado quando afirmou que os recentes protestos que tomaram as ruas de várias cidades brasileiras representam a satisfação do povo, que depois das conquistas alcançadas durante o seu desgoverno querem mais.
Lula, em qualquer país minimamente sério você já teria sido apedrejado. Então, Lula, quer dizer que as últimas pesquisas de opinião que apontam o calvário político de Dilma refletem a satisfação do povo? Veja só, mestre (sic) Lula, pensava eu, no topo da minha ingenuidade, que fosse o contrário, que aquelas pessoas gritando nas ruas estavam enfurecidas com o seu magnífico legado e a competência do governo da “companheira” Dilma. Não sei o que seria de mim e dessas pessoas ingratas que protestam se você não existisse, Lula.

Apesar de você ser essa pessoa magnânima e celestial, sinto-me na obrigação de lhe passar uma carraspana. Você disse, ao criticar os criadores do boato sobre sua saúde: “Graças a Deus não tenho mais câncer, e não é correto que algum canalha, imbecil fique pela internet contando mentiras”. Se é que compreendi de fato sua declaração, Lula, canalha e imbecil é aquele que conta mentira na internet. Fora da rede mundial de computadores o mentiroso é divindade. É isso ou estou enganado?

Não contente, você abusou em seu discurso eivado pela ira. “Não tenho câncer, não quero ter câncer, não vou ter câncer e não gosto de quem tem câncer”. Lula, fico feliz por você ter se livrado do câncer. Sei o quanto é difícil essa batalha, mas a alta médica não significa que você está curado. Isso só será possível afirmar dentro de mais alguns anos. E garanto que torço para que esse dia chegue o quanto antes, pois o quero vivo e com energia para ser criticado como merece.

Sei da sua vocação para divindade, mas não querer ter câncer ou afirmar que não terá câncer não é assunto da sua competência. Quem decide isso é o Criador, que já deve ter reservado a lição que lhe cabe. Se em algum momento você tem lapsos de consciência, certamente deve imaginar o que vem pela frente.
O pior foi você ter afirmado que “não gosta de quem tem câncer”. Lula, você é metido a deus e deveria saber que pensamentos desse naipe não coadunam com divindades. Mas é preciso reconhecer que o céu também tem seus embusteiros de plantão. Eu gosto do ser humano incondicionalmente, com ou sem câncer, e torço pelo bem do próximo. Atitude pequena para alguém da sua grandeza.

Lula, para finalizar e não tomar o seu precioso tempo, pois sei que agenda de lobista e palestrante é muito concorrida, preciso revelar a conclusão a que cheguei depois de uma década convivendo com os seus desvarios.
Você é, pelo menos por enquanto, o tumor maior do Brasil, que pela peçonha da própria existência colocou no comando do País a sua metástase.
Para mim, Lula, você é apenas um boçal que acredita ser gênio, mas se na sua opinião aquele que mente é canalha e imbecil, o problema é seu.

19 de julho de 2013
Ucho Haddad é jornalista político e investigativo, analista e cometarista político, cronista esportivo, escritor e poeta.

DILMA E MARINA NO SEGUNDO TURNO OU LULA NO PRIMEIRO?

Que tal uma injeção no olho, sem anestesia?

Ou: Os pobres ainda não apareceram para falar


Uma pausa nas minhas férias para comentar pesquisa Estadão-Ibope de intenção de votos para a Presidência da República. Vocês encontram mais detalhes do portal do jornal. Destaco aqui alguns dados que me parecem relevantes.
 
Também este levantamento, a exemplo de outros que o antecederam, registra a monumental despencada de Dilma Rousseff (PT), que caiu de 58% em março para 30% – no cenário em que aparecem Marina Silva (Rede), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).
 
Com esses mesmos nomes, Lula obteria 41% e se elegeria no primeiro turno. Em qualquer dos casos, quem mais ganhou eleitores entre o levantamento de março e o de agora é Marina: com Dilma na disputa, ela salta de 12% para 22%, Aécio passa de 9% para 13%, e Campos, de 3% para 5%.
 
Quando o nome do PT é Lula, a ex-ministra do Meio Ambiente fica com 18%, e o senador tucano, com 12%. Em qualquer cenário, a ex-senadora petista fica em segundo lugar. Num eventual segundo turno entre as duas, há empate: 35% para Dilma contra 34% para Marina.
 
É claro que eu não gosto do resultado, mas ele traduz, sim, o espírito das manifestações de rua, que, sabem vocês, nunca foi do meu agrado. Os números apontam para duas perspectivas para mim horripilantes: a que garantiria a vitória de Lula no primeiro turno e a que permitiria uma disputa, em segundo, entre Dilma e Marina Silva.
 
Nesse caso, ocorreria o que chamo de choque de obscurantismos – o deste mundo (Dilma) contra o do outro mundo (Marina).
Sei que ainda não há campanha na TV; que a petista tende a ter um latifúndio de tempo, contra alguns segundos da sua eventual adversária e coisa e tal… A diferença pode fazer diferença no primeiro turno; no segundo, tudo se iguala.
 
Uma Marina Silva falando contra a política tradicional, emprestando-se ares de Davi contra a Golias da Maldade, do “tostão contra o milhão”… Ah, meus caros, a chance de um desastre dessas proporções de realizar é imensa!
 
E há, como se constata, a chance de Lula entrar na jogada. E cumpre não descartar essa possibilidade. Em palestra para estudantes da Universidade Federal do ABC, ele reiterou que sua candidata é Dilma e coisa e tal, mas avisou: não está doente coisa nenhuma!
Sendo ele quem é, não é o tipo de desmentido que se deva ignorar. “Ah, ele só está corrigindo uma informação…”.
 
Não quando se é Lula e quando vemos o patrimônio eleitoral do PT se desmanchar. É uma tolice supor que ele possa mesmo estar fora da jogada.
 
É preciso ignorar a natureza do petismo para supor que o partido caminharia para uma derrota eleitoral certa ou para uma disputa de máximo risco.
Se preciso, Lula volta à cena, sim, senhores!, pouco importa o seu real estado de saúde. Se puder fazer uma campanha mínima, isso basta.
 
Não, não… O resultado eleitoral das ruas buliçosas não é nada bom. No cenário em que Lula (38%) é candidato e em que aparecem Joaquim Barbosa (6%) e Marina Silva (17%), a soma desses três nomes alcança 61%.
Nesse caso, o tucano Aécio Neves obtém apenas 12% – índice que se repete em dois outros; o máximo que atingiu foi 13%. Isso significa que o único nome identificado com a oposição obteve bem pouco ganho com a derrocada de Dilma.
 
Como se explica? O movimento das ruas, ainda que assentado, às vezes, em causas as mais meritórias, é, infelizmente, contra a política. E Marina Silva é muito mais eficiente do que todos os seus adversários na arte de fingir de que faz outra coisa que não… política!
 
E os pobres?

 Tomei aqui algumas pancadas porque escrevi que, até agora, os pobres não foram às ruas. Pancadas, acho eu, injustas porque eu não estava desqualificando nada. Fazia um registro para entender a realidade e não alimentar falsas ilusões.
 
A pesquisa Ibope evidencia que a minha observação era pertinente. O movimento das ruas fez quase dobrar o índice de Marina.
Agora vejam este número: Marina tem 44% das intenções de votos de quem ganha mais de 10 mínimos, contra apenas 19% de Dilma – em março, era o contrário: 43% a 18% em favor da petista. Já entre os que ganham até um mínimo, a presidente alcança 43%, contra apenas 13% da ex-ministra.
 
Os números estão aí. Reproduzo na íntegra, título incluído, um post que publiquei no dia 28 de junho. E volto aos dias de hoje para encerrar:
 
Não tem pobre na rua mesmo, ué! Por que a braveza? Ou: Existe um jeito de combater a esquerda que só a fortalece
 
No fim do debate de ontem da VEJA.com (assista ao vídeo), afirmei que “não há pobres nas ruas”. Algumas pessoas ficaram bravas. É possível que tenham entendido tudo errado. Disse isso no contexto em que sustentei que Lula é um dos vitoriosos dessa jornada infeliz porque voltou ao jogo sucessório. E não precisou fazer muita coisa para isso. Sua candidatura em 2014 é debatida a céu aberto no PT.
 
Fazer o quê? As pesquisas estão aí. Os miseráveis e os muito pobres não estão nas ruas. Lula fala com eles melhor do que qualquer grupo portando cartolinas. E já se articula freneticamente para fazer o que mais sabe: jogar brasileiros contra brasileiros. Os 52 milhões que são tocados, de algum modo, pelo Bolsa Família estão cantando e andando para o Passe Livre ou para protestos como “Hospitais Padrão Fifa”.
 
Alguns bobos acham — justo eu??? — que estou colaborando com o petismo quando faço essa crítica. Bobagem! Eu estou fazendo um alerta. Há motivos, sim, para protestos, mas não para esses ensaios meio grotescos de insurreição popular. “Ah, mas se tudo andasse às mil maravilhas…”
 
Olhem aqui: com o processo de demonização da polícia a que assistimos, esse desdobramento era óbvio e cheguei a antevê-lo aqui. Pura lógica. Há mais causas contingentes do que de fundo. A economia vai mal, mas a ruindade ainda não chegou às ruas com esse força. Reconhecer a realidade ajuda a gente a não errar…
 
É claro que o PT mobilizará seus aparelhos ou para fazer frente a essa onda ou, como é mais provável, para surfar nela. Afinal, é o que estão fazendo hoje parlamentares, o governo federal e até ministros do Supremo. Quando a equação incluir os pobres, aí vamos ver. A torção à esquerda da política já se deu. Uma coisa é certa: enquanto o incentivo ao vandalismo (ver post anterior) for chamado de “movimento pacífico infiltrado por baderneiros”, os baderneiros continuarão a serviço do suposto “movimento pacífico”.
 
Será que eu “petizei”? Não é isso, não! Nunca esses caras me provocaram mais repulsa! É que existe um modo de combatê-los que os enfraquece, e existe um modo de combatê-los que os fortalece. Os métodos até agora empregados e incensados atuam contra a racionalidade administrativa, o estado democrático e a sociedade de direito. E quem conhece essa praia são as esquerdas, antes e depois do Facebook.
 
Encerro

 Marina é de esquerda, ainda que modernosa. E é do pior tipo. Finge ser vegetariana, ou herbívora, para que possa ser mais eficientemente carnívora.
Pronto! Agora volto à minha viagem ao século 15, antes que o Brasil retorne ao… 19!
 
19 de julho de 2013
Reinaldo Azevedo