"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 10 de junho de 2013

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    Segurança afegã após atentado suicida nos aredores do aeroporto de Cabul. Dois homens-bomba e cinco rebeldes foram mortos durante combate - Shah Marai/AFP
     
    10 de junho de 2013

    LULA VIROU CAPACHO DE EMEPREITEIROS QUE ANTES ACUSAVA DE LADRÕES

     



    “Fazer lobby é basicamente tentar influir sobre alguém que toma decisões para que uma decisão específica seja a mais favorável possível a uma parte interessada.” (Said Farhat em “Lobby. O que é e como se faz.”).

    Esta atividade profissional é comum nos USA e em outros países da Europa. No Brasil, pelo comportamento dos lobistas, adquiriu conotação pejorativa. Que traduz a verdade tupiniquim.
    A definição inicial aplica-se na totalidade a Lula. E é nisso que os mesmos de sempre se baseiam para tentar dar ares de normalidade a uma imoralidade.

    O que é imoral pode ser normal? Infelizmente, na Era da Mediocridade, a resposta é positiva. É normal no lulopetismo a imoralidade ser aceita. Passou a ser a regra. Nunca a exceção.

    Ainda tentando aplicar a definição precisa de Said Farhat, quem é que tenta influir? Um ex-presidente da República que insiste em se mostrar poderoso e um efetivo copresidente. E em negócios privados. Até com o uso de dinheiro público. Como sempre, o nosso!

    Ele tenta influenciar as decisões da presidente da República. Imaginemos que um lobista tentasse ordenar a Barack Obama que tomasse determinada decisão. Seria colocado a chutes para fora da Casa Branca. E, como atividade de lobista é regulamentada nos USA, certamente teria a licença cassada.

    Lula tem livre acesso a Dilma e faz questão de exibir o poder de mando. É essa a expertise que vende a empresários. Usa a humilhação pública da presidente para valorizar os serviços ofertados.

    E quais são as decisões que Lula busca conseguir de modo mais favorável? Raramente se sabe. São negócios privados. O que sabemos é o resultado. Lula é um lobista de sucesso, sem dúvida. Após circular pela África num jato particular, Dilma seguiu-lhe os passos e anunciou o perdão de quase um bilhão de dólares a diversos ditadores da região. Os mesmos que Lula havia visitado. Estas dívidas impediam que as empresas brasileiras assinassem novos contratos.

    Ou seja, Lula mandou e Dilma executou. A conta cabe a nós todos. Que pagamos impostos, os quais foram transformados em empréstimos e perdoados. Ao fim e ao cabo, doamos parte de nosso trabalho ao ditador do Sudão, condenado internacionalmente. Um dos homens mais ricos da África por roubar um país miserável.

    A estratégia de Lula na vida ─ vide a amante Rose bancada com o nosso dinheiro ─ é repetida na nova atuação profissional. Esta parece ser a única especialidade funcional de Lula. (Ou alguém crê que produza relatórios, análises, planos de negócios ou estratégias? Os clientes devem até mesmo proibir que Lula faça algo nesta linha. Seria o desastre).

    E qual é a parte interessada? Quem paga Lula pelo lobby prestado? Empreiteiras. As mesmas que Lula considerava o “câncer” da economia nacional. Quem mudou? Lula ou as empreiteiras? Nenhum dos dois.

    Lobista, por definição, Lula trabalha em silêncio e quer sempre passar despercebido. Mas também faz questão de dizer que manda e que Dilma obedece.
    Foi o que fez nesta viagem à América Latina paga por empreiteiros que nunca estiveram tão felizes.

    Mas, como otimista incorrigível que sou, consigo enxergar algo positivo.
    Viagem de jatinho intercontinental: R$ 20.000,00 a hora de voo.
    Whisky Johnnie Walker Blue Label: R$ 700,00.
    Acompanhante íntima na viagem: passagem em algum cruzeiro marítimo.

    Ver Lula no papel de capacho de empreiteiros que antes acusava de ladrões, servindo de boi de piranha para negociatas bilionárias, eis aí algo que NÃO TEM PREÇO!

    10 de junho de 2013
    REYNALDO ROCHA

    "O MILITANTE IMAGINÁRIO"

     
    O Brasil está infestado de ‘militantes imaginários’. Mas, o que é um “militante imaginário”? (Ouvi essa expressão do José Arthur Gianotti ─ na mosca. Já escrevi sobre isso e volto). O militante imaginário (MI) é encontrado em universidades, igrejas, conventos, jornais, bares. O militante imaginário é um revolucionário que não faz nada pelo bem do povo; ele se julga em ação, só que não se mexe. A revolução imaginária não tem armas, nem sangue, nem dificuldades estratégicas, nem soldados. Trata-se apenas de um desejo ou de ignorantes ou de pequenos burgueses que sonham com uma vitória sem lutas. É uma florescência romântica, poética que nos espera numa ‘parusia’ (Google, gente boa) ao fim da história.

    O militante imaginário precisa de algo que ilumine sua vida, uma fé, como os evangélicos ─ o ‘bem’ de um futuro, o bem de uma sigla, de um slogan. Pensando assim, tudo lhe é permitido e perdoado. “Sou de esquerda” ─ berra o publicitário, o agiota, o lobista. É tão prático…
    O grande poeta Ferreira Gullar, ex-exilado, perseguido na ditadura, foi dar uma palestra na USP e ficou perplexo com a obviedade ideológica dos jovens, como se estivéssemos ainda na chegada de Fidel a Havana. Tudo comuna. Ser ‘de esquerda’ dá um charme extra a ignorantes de politica. Não há mais esquerda e direita; certo seria falar em ‘progressistas e reacionários’. Com essa dualidade antiga, o PT é ‘de direita’. Mas o MI não quer saber disso ─ continua sonhando com o surgimento mágico de Lula, com seu dedinho cortado.

    A revolução do imaginário militante é uma herança modernista que ficou, desde a coragem de barbudos de Cuba, dos Panteras Negras, dos vietcongues. Nós, no Brasil, amantes do gesto abstrato, inventamos a “revolução cordial”. Preferimos o mundo da teoria. A realidade atrapalha, com suas vielas, esgotos e becos sem saída. Bem ou mal, um militante do PT trabalha, luta por seus ideais delirantes. Mas o militante imaginário é o revolucionário que não gosta de acordar cedo.

    É muito chato ir para a porta da fabrica panfletar. Militantes imaginários espalham-se pelo país torcendo por uma ‘esquerda’ como por um time. Isso garante-lhes um charme de revolta, de serem ‘contra o Sistema’. Os jovens por exemplo preferem o maniqueísmo de uma ‘esquerda’ que desconhecem às complicadas equações para entender o mundo atual. (A propósito, não percam na internet o manifesto a favor da Coreia do Norte no site do PCdoB. É caso de hospício).

    O militante imaginário é uma variante do “patrulheiro ideológico”. Só que o patrulheiro vigia a liberdade dos outros. O militante imaginário só pensa em si ─ para ele, todos somos burgueses, malvados, contra o bem. Ele nem nos dá a esmola de uma crítica. Ele sorri de nossos argumentos, olhando-nos, superior, complacente com nossa ‘alienação’.

    O militante imaginário (MI) tem uma espécie de saudade. Saudade de um mundo que já foi bom. Só que ninguém sabe dizer quando o mundo foi bom. Quando o mundo foi bom? Durante a guerra de 14, no stalinismo, nos anos 40, quando? O MI tem saudade de um tempo quando se achava que o mundo “poderia” ser bom; é a saudade de uma saudade.

    Muitos pensam que são ‘marxistas’. Não são. São restos de um mal entendimento da herança de Hegel, que nos brindou com as “contradições negativas”, ou seja, o erro é apenas o inevitável caminho para uma vitória futura do Espírito. Quanto mais erro houver, mais comprovação de sucesso; quanto mais derrota, mais brilha a solidão da esperança.

    Não me esqueço de um debate do grande intelectual liberal José Guilherme Merquior com dois marxistas sérios e sinceros. Eles faziam “autocrítica” de todos os erros sucessivos do socialismo real: 1956 na Hungria foi um erro, 1968 em Praga foi um erro, terrível a matança de Pol Pot no Camboja, na revolução cultural da China, 64 e 68 foram duas subestimações do inimigo. E concluíram: continuaremos tentando, chegaremos lá. Merquior atalhou na hora: “Mas, por que vocês não desistem?”. É isso. Mesmo com todas as evidências de ilusões perdidas, os militantes produzem mais fé ─ como evangélicos. Não são de partido algum, mas com sua torcida ridícula, desinformada, ajudam a eleição dos velhos bolcheviques tropicais.

    O MI não quer a vitória, pois seria o fim do sonho e o inicio de um inferno administrativo. Já pensou? Ter de trabalhar na revolução? O militante imaginário detesta contas, balanços, safras de grãos, estatísticas, tudo que interessa à chamada ‘direita’ concreta. Por isso, ela ganha sempre. A esquerda tem “princípios” e “fins”. Mas a direita tem “meios”; a direita é um fim em si mesma. A esquerda é idealista, franco-alemã. A direita é “materialista histórica”.

    A esquerda sonha com o “futuro”. A direita sonha com o “mercado futuro”.
    A esquerda é contra a social democracia ─ deu em Hitler. A direita é contra a social democracia ─ deu em Hitler.

    Esquerda e direita se unem numa coisa: nunca são culpados e nunca pagam a conta, como os usineiros.

    Estamos vivendo um momento histórico gravíssimo. Estão ameaçadas todas as realizações do governo de FHC, que modernizou institucionalmente o país, enquanto pôde, sob a mais brutal oposição do PT. Seus líderes diziam: “Se o Fernando Henrique for pela ajuda a criancinhas com câncer, temos de ser contra”. As obras do medíocre PAC estão todas atrasadas, as concessões à iniciativa privada são lentas e aleijadas, a inflação está voltando, os gastos públicos subiram 20% e os investimentos caem, o estimulo ao consumo em vez do estimulo à produção vai produzir a catástrofe, e tem muita gente da própria “esquerda” querendo que a Dilma se ferre para a volta do mais nefasto homem do país: o Lula.

    Não É possível que homens inteligentes não vejam este óbvio uivante, ululante.
    Mas qual intelectual ou artista famoso teria coragem, peito, cu, para denunciar isso publicamente? Quem?

    É melhor ficarem quietos e não se comprometerem. O mito da esquerda impede que se pense o país, trava a análise crítica.
    Deus vai castigá-los.

    10 de junho de 2013
    ARNALDO JABOR, Estadão

    DIFÍCIL TRAVESSIA

     

    Pedro Malan
    Em artigo publicado neste espaço (14/3/2010) citei textos escritos por Antonio Palocci e Paulo Bernardo, que registraram seu reconhecimento da herança positiva que o governo Lula havia recebido do governo anterior.

    Segue o parágrafo que, à época, escrevi sobre os dois depoimentos: “O respeito aos fatos, claramente expresso por Bernardo e Palocci, se contasse com o respaldo das vozes mais sensatas de seu partido e do movimento lulista, representaria um avanço considerável em direção a um debate público mais sério e de melhor qualidade sobre o país e seu futuro. Um debate voltado para ‘o que fazer’ com vistas a assegurar a gradual consolidação do muito que já alcançamos como país e, principalmente, como – e com que tipo de lideranças – avançar mais, e melhor, no processo de mudança e de continuidade que nos trouxe até aqui”.

    A presidente Dilma, em seu discurso de posse, também teve um momento de generosidade para com governos anteriores, algo que Lula nunca se permitiu. E escreveu bela carta pública ao presidente FHC por ocasião de seus 80 anos, exatos dois anos atrás.
    Não pretendia mais voltar a este tema após estes gestos.

    Mas o prematuro lançamento da campanha pela reeleição da presidente, com quase dois anos de antecedência, e, ao que tudo indica, o que vem por aí, a julgar pelas comemorações pelos “últimos dez anos”, sugerem que voltarão à tona variantes retóricas do “nunca antes na história deste país”. E, de novo, a tentativa de reescrever a história e estabelecer a data da primeira posse de Lula, em 2003, como o marco zero de uma suposta Nova Era.

    A ideia de que, no mundo da política, o que importa é a versão, e não o fato, tem ampla disseminação entre nós. A aceitação dessa “máxima” tem implicações nada triviais para o debate público, em particular durante períodos eleitorais nos quais, como nas guerras, a verdade figura entre as primeiras vítimas.

    Pois veja o eventual leitor: se o que realmente importa não são tanto os fatos, mas as versões sobre os mesmos, por vezes muito distintas e conflitantes,segue-se que as versões que tendem a predominar – pelo menos no prazo relevante para o calendário eleitoral – são aquelas mais constantemente repetidas, aquelas mais bem financiadas por esquemas profissionais dos departamentos de agitação, propaganda e marquetagem política.

    Há quem diga que tudo isso é apenas efeito do calor da hora, expressão das vastas emoções que fazem parte natural de processos eleitorais em sociedades de massa. Para estes, passadas as eleições, e qualquer que seja o seu resultado, o país continuaria – à nossa pragmática maneira – a avançar em seus complexos processos de continuidade e mudança.

    A ideia de que, no mundo da política, o que importa é a versão, e não o fato, tem ampla disseminação entre nós
     
    A propósito, meu último artigo neste espaço (“Marcados descompassos“) termina expressando a esperança de que o país possa melhorar a qualidade do debate público informado sobre crescimento, emprego e renda, com foco na imperiosa necessidade de aumentar, em muito, a produtividade e a competitividade internacional de suas empresas e a eficiência operacional do governo na gestão da coisa pública – aí incluídos os investimentos em infraestrutura…

    Pois bem, a respeito desta última área, vale reler a longa entrevista concedida a este jornal seis meses atrás (2/1/2013) pelo presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), há muitos e muitos anos o homem-chave e de confiança de nossa presidente neste campo.

    Disse ele: “Se a gente pegar os planos nacionais de logística de transporte e de logística portuária e outros estudos do governo, teremos de investir perto de R$ 400 bilhões em cinco anos. Vamos dizer que tenho de investir outros R$20 bilhões para não gerar novo passivo e ser preventivo. Então a necessidade de investimento seria de R$ 100 bilhões por ano. Resolvendo isso, posso dizer que em cinco anos não teríamos mais problemas de infraestrutura”. Deixo ao leitor avaliar, com base em sua experiência, quão crível é essa última assertiva.

    Perguntado como seriam os próximos passos, disse o presidente da EPL: “Vamos avaliar todos os estudos preparados até agora e quantificar qual o investimento prioritário. A ideia é levar isso para o Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte (Conit), que será formado pelo governo e pela iniciativa privada. Ele vai validar quais as ações prioritárias que faltam ser adotadas.

    A partir da validação do Conit, a EPL vai começar a preparar os projetos para execução. Aí, mais uma vez, voltamos ao Conit, que aprova ou não. Em 2013, também vamos fazer uma ampla pesquisa em todas as rodovias, ferrovias e portos para saber tudo o que é movimentado no País.Vamos simular como a rede se comporta. E aí identificar com mais precisão as prioridades”. Deixo ao leitor avaliar quão eficaz é esse processo.

    O presidente da EPL diz ainda: “A gente está fazendo 10 mil km de ferrovias, duplicando 5 mil km de rodovias, são R$ 50 bilhões para portos. O PAC tem R$ 20 bilhões para mobilidade urbana”. E defende o trem de alta velocidade: “Precisamos resolver todos os problemas e um deles é como as pessoas se deslocam no eixo Rio-São Paulo”.

    Deixo ao leitor avaliar o conjunto dos três últimos parágrafos à luz de sua vivência.
    A entrevista foi concedida a este jornal (“O Estado de S. Paulo”) quase seis meses atrás. Mas não se passaram somente estes meses. Passaram se 10 anos, 5 meses e 10 dias desde que um mesmo governo está no poder, como quer a propaganda eleitoral oficial.

    Desde junho de 2003 tenho o exorbitante privilégio de escrever nesta página, deste excelente jornal, que teve, tem e terá papel histórico no diálogo do país consigo mesmo. A generosidade de seus editores permitiu a publicação de cerca de 100 artigos ao longo destes 10 anos.
    O encorajamento de leitores me faz persistir.

    Mais uma vez devem tentar estabelecer 2003 como marco zero de uma suposta Nova Era.

    10 de junho de 2013
    Pedro Malan
    Fonte: O Estado de S. Paulo

    "ILUMINAR A CENA"

     
    O jornalista Carl Bernstein - famoso no mundo inteiro depois da série de reportagens, escrita com Bob Woodward, que revelou o escândalo Watergate e derrubou o presidente Richard Nixon - não forma com o time dos corporativistas da mídia. Sua crítica, aberta e direta, aos eventuais desvios das reportagens representa excelente contribuição ao jornalismo de qualidade. "O importante é saber escutar", diz Bernstein. "As respostas são sempre mais importantes que as perguntas que você faz. A grande surpresa no jornalismo é descobrir que quase nunca uma história corresponde àquilo que imaginávamos."
     
     
    O comentário é uma estocada nas atitudes de engajamento, arrogância e prejulgamento que corroem e desfiguram a reportagem. "Os jornalistas, hoje, trabalham com um monte de preconceitos", sublinha. "Fazem quatro ou cinco perguntas para provocar alguma polemicazinha de nada, mas evitam iluminar a cena, fazer compreender." Com a autoridade de quem sabe das coisas, Bernstein dá uma lição de profissionalismo.
     
    O bom jornalista ilumina a cena, o repórter manipulador constrói a história. A distorção, no entanto, escapa à perspicácia do leitor médio. Daí a gravidade do dolo. Na verdade, a batalha da isenção enfrenta a sabotagem da manipulação deliberada, da preguiça profissional e da incompetência arrogante. Todos os manuais de redação consagram a necessidade de ouvir os dois lados de um mesmo assunto. Mas alguns procedimentos, próprios de opções ideológicas invencíveis, transformam um princípio irretocável num jogo de aparência.
     
    A apuração de mentira representa uma das mais graves agressões à ética e à qualidade informativa. Matérias previamente decididas em guetos sectários buscam a cumplicidade da imparcialidade aparente. A decisão de ouvir o outro lado não é honesta, não se apoia na busca da verdade, mas num artifício que transmite um simulacro de isenção, uma ficção de imparcialidade. O assalto à verdade culmina com uma estratégia exemplar: repercussão seletiva. O pluralismo de fachada, hermético e dogmático, convoca pretensos especialistas para declarar o que o repórter quer ouvir. Mata-se a notícia. Cria-se a versão.
     
    Certos setores da imprensa, vez por outra, têm caído nessa tentação antijornalística. Trata-se de uma prática que, certamente, acaba arranhando a credibilidade. O leitor não é tonto. A verdade, cedo ou tarde, acaba se impondo. O brilho da pauta construída com os ingredientes da fraude é fogo de artifício. Não é ético e não vale a pena. Ainda não conseguimos, infelizmente, superar a síndrome dos rótulos. Alguns jornalistas não perceberam que o mundo mudou. Insistem, teimosamente, em reduzir a vida à pobreza de quatro clichês: direita, esquerda, conservador, progressista. Tais epítetos, estrategicamente pendurados, têm dupla finalidade: exaltar ou afundar, gerar simpatias exemplares ou antipatias gratuitas.
     
    Sucumbe-se, frequentemente, ao politicamente correto. Certas matérias, algemadas por chavões inconsistentes que há muito deveriam ter sido banidos das redações, mostram o flagrante descompasso entre essas interpretações e a força eloquente dos números e dos fatos. Resultado: a credibilidade, verdadeiro capital de um veículo, se esvai pelo ralo dos preconceitos.
     
    A reportagem de qualidade é sempre substantiva. O adjetivo é o adorno da desinformação, o farrapo que tenta cobrir a nudez da falta da apuração. É importante que os responsáveis pelas redações tomem consciência desta verdade redonda: a imparcialidade (que não é neutralidade) é o melhor investimento.
     
    A precipitação e a falta de rigor são outros vírus que ameaçam a qualidade. A incompetência foge dos bancos de dados. Na falta de pergunta inteligente, a ditadura das aspas ocupa o lugar da informação. O jornalismo de registro, burocrático e insosso, é o resultado acabado de uma perversa patologia: o despreparo de repórteres e a obsessão de editores com o fechamento. Quando editores não formam os seus repórteres, quando a qualidade é expulsa pela ditadura do deadline, quando as pautas não nascem da vida real, mas de pauteiros anestesiados pelo clima rarefeito das redações, é preciso ter a coragem de repensar todos os processos.
     
    Autor do mais famoso livro sobre a história do jornal The New York Times, Gay Talese vê alguns problemas a partir da crise que atingiu um dos jornais mais influentes do mundo. Embora faça uma vibrante defesa do Times, "uma instituição que está no negócio há mais de cem anos", Talese põe o dedo em algumas chagas que, no fundo, não são exclusividade do diário americano. Elas ameaçam, de fato, a credibilidade da própria imprensa. "Não fazemos matéria direito, porque a reportagem se tornou muito tática, confiando em e-mail, telefones, gravações. Não é cara a cara. Quando eu era repórter, nunca usava o telefone. Queria ver o rosto das pessoas. Não se anda na rua, não se pega o metrô ou um ônibus, um avião, não se vê, cara a cara, a pessoa com quem se está conversando", conclui Talese.
     
    A autocrítica interna deve ser acompanhada por um firme propósito de transparência e de retificação. Uma imprensa ética sabe reconhecer os seus erros. As palavras podem informar corretamente, denunciar situações injustas, cobrar soluções. Mas podem também esquartejar reputações, destruir patrimônios, desinformar. Confessar um erro de português ou uma troca de legenda é fácil. Mas admitir a prática de prejulgamento, de engajamento ideológico ou de leviandade noticiosa exige pulso e coragem moral. Reconhecer o erro, limpa e abertamente, é condição da qualidade e, por isso, um dos alicerces da credibilidade.

    10 de junho de 2013
     Carlos Alberto Di Franco, O Estado de São Paulo

    CRISE DA BASE GOVERNISTA NA CÂMARA DOS DEPUTADOS É A PIOR EM 10 ANOS

     
     O Estado de S. Paulo

    Crise da base governista na Câmara é a pior em 10 anos

    GOVERNO DESTINA 17% DO TOTAL AUTORIZADO, E OBRAS FICAM NO PAPEL

    Relatório do Tesouro Nacional mostra que, de janeiro a abril deste ano, a União gastou R$ 22,9 bilhões ou 17,6% do total de R$ 130,4 bilhões autorizados no Orçamento

    
Estradas necessitam de obras de infraestrutura
Foto: FOTO: Custódio Coimbra
    Estradas necessitam de obras de infraestruturaFOTO: CUSTÓDIO COIMBRA
     
    Os investimentos do governo federal não avançaram nos primeiros quatro meses do ano, na contramão do discurso da equipe econômica, que prega o crescimento sustentável do país. Relatório do Tesouro Nacional mostra que, de janeiro a abril deste ano, o governo gastou R$ 22,9 bilhões ou 17,6% do total de R$ 130,4 bilhões autorizados no Orçamento da União. Proporcionalmente, o valor pago foi menor que o despendido no mesmo período do ano passado: R$ 21,1 bilhões ou 22,58% de um total autorizado de R$ 93,4 bilhões. No cenário atual, de um lento avanço no PIB e inflação em alta, a situação é preocupante. E o problema da credibilidade do país, agravado semana passada, depois que a agência de classificação de riscos S&P colocou a nota brasileira em perspectiva negativa, pode piorar a situação, afastando os investimentos privados.
     
    Em proporção do PIB, os investimentos do governo federal ficaram estagnados nos quatro primeiros meses. Eles se mantiveram em 1,51% sobre o total de riquezas produzidas no país no período — mesmo índice dos quatro primeiros meses de 2012. Nos três órgãos responsáveis pelas obras de infraestrutura, que permitem à economia crescer sem pressionar os preços de bens e serviços, os investimentos também não deslancham, de acordo com os dados oficiais.
     
    No Ministério dos Transportes, carro-chefe das obras de infraestrutura, caíram de 13,28% para 12,85% da dotação autorizada e ficaram praticamente estáveis em relação ao PIB, passando de 0,17% para 0,18%. Na Integração Nacional, recuaram de 14,03% para 9,69% do valor aprovado pelo Congresso e permaneceram em 0,06% do PIB. No Ministério das Cidades, mesmo com a manobra do governo — que passou a computar, em 2011, os subsídios ao programa Minha Casa, Minha Vida como investimento —, o valor pago caiu de 49,17% para 29,53% do autorizado e de 0,61% para 0,49% do PIB.
    Nas contas do economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria, no acumulado em 12 meses até abril, os investimentos do governo federal estão estagnados em 1,35% do PIB.
     
    — O governo conseguiu conter os gastos no primeiro ano e postergou os reajustes de pessoal para este ano, com impacto de R$ 9 bilhões. Só que toda esta postergação, este espaço fiscal criado, não se transformou em investimento — destacou o especialista.
     
    Ministérios divergem dos dados
    A professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Margarida Gutierrez, especialista no assunto, observa que há uma paralisia no Estado, no que diz respeito à aplicação de recursos em infraestrutura. A seu ver, o governo precisa de mecanismos de controle eficientes para fazer as obras saírem do papel, com profissionais capacitados. Para ela, na iniciativa privada, os programas de concessão devem começar a se refletir nas obras a partir do ano que vem.
     
    — Não espero muito para este ano. Tudo leva tempo. Fazer licitação leva tempo, fazer obra leva tempo — considerou Margarida, que aposta em um crescimento do PIB entre 2,5% e 3% em 2013.
     
    Para o diretor-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luís Afonso Lima, não deve melhorar a trajetória de desembolsos do governo. Já no setor privado, os empresários devem ficar mais otimistas.
     
    — O programa de concessões talvez seja o que o governo pode fazer de mais positivo para abrir frente para investimentos privados — avaliou.
     
    Em nota, o Ministério do Planejamento ressaltou que, em termos nominais (sem descontar a inflação), o valor empenhado (contratado) cresceu 10% de janeiro a abril — de R$ 11,6 bilhões para R$ 12,8 bilhões —, na comparação com o primeiro quadrimestre do ano passado. E o valor pago cresceu 8,8% (de R$ 21 bilhões para R$ 22,9 bilhões) na mesma comparação.
     
    O órgão atribuiu o atraso na programação de novos empenhos à demora na aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA), que ocorreu só em abril. Mas observou que não houve “prejuízos à execução, liquidação e pagamento de investimentos plurianuais em andamento”. A pasta disse ainda que, em conjunto com o programa de concessões de aeroportos, rodovias, ferrovias e portos, o governo continuará ampliando investimentos em infraestrutura.
     
    O Ministério das Cidades também atribuiu a queda na execução dos investimentos ao atraso na aprovação da LOA. “Nos próximos quadrimestres, a tendência é que o fluxo de pagamentos dos investimentos do ministério alcance nível equivalente ou superior ao de 2012”, disse.
     
    O Ministério dos Transportes alegou que a dotação orçamentária para o ano inclui um crédito extraordinário de R$ 5,7 bilhões, que deveria, em sua avaliação, ser excluído das contas, uma vez que a Medida Provisória 598/12, que criou o adicional, perdeu a validade. “Na verdade, foram executados R$ 2,8 bilhões de um total de R$ 16,1 bilhões, o que resulta em uma proporção de 17,4%, superior, portanto, aos 13,9% verificados em 2012”, afirmou o órgão. A exclusão, porém, não foi feita no relatório do Tesouro.
     
    Integração promete dobrar investimentos
    A pasta dos Transportes informou que, no acumulado deste ano até o mês de maio (ainda não disponível no relatório do Tesouro Nacional), o percentual dessas despesas chegará a 23,43% do orçamento autorizado, enquanto no mesmo período do ano passado ficou em 18,6%. A projeção da pasta é que a execução de investimentos no ano seja quase 30% superior à de 2012.
     
    O Ministério da Integração Nacional também propôs subtrair da dotação o valor fixado na MP 598/12. Com isso, o índice de pagamentos totais chegaria a 12,9%, próximo ao apurado no mesmo período do ano passado. O Ministério ressaltou que, no resultado registrado até maio, há crescimento de 13,7% para 14,4% na execução orçamentária e de 0,02% do PIB para 0,03% do PIB, “não caracterizando uma estagnação”. “Destaque-se que o valor de dotação total do ministério para este ano, já descontada a MP 598, é de R$ 7,8 bilhões ante R$ 6,7 bilhões em 2012, representando um crescimento de 15,6%“, disse, em nota. O ministério promete dobrar o valor dos investimentos neste ano.
     
    10 de junho de 2013
    Cristiane Bonfanti - O Globo

    PROCURADORIA PEDE A DILMA DOCUMENTOS SOBRE "ROSE", QUADRILHEIRA DE LULA

    Ex-chefe de gabinete da Presidência foi denunciada durante a Operação Porto Seguro
     
     

    O Ministério Público Federal pediu à presidente Dilma Rousseff informações sobre sindicância de Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete do Escritório da Presidência da República em São Paulo, denunciada pela Operação Porto Seguro - - investigação conjunta da Procuradoria da República e da Polícia Federal que desarticulou organização criminosa para compra de pareceres de órgãos públicos federais. O Ministério Público Federal também tenta obter acesso aos documentos por meio da Controladoria Geral da União. 
     
    O Ministério Público Federal havia solicitado a documentação inicialmente à Chefia de Gabinete da Presidência, mas o pedido foi negado. Diante da negativa da Casa Civil ao pedido de informações sobre o processo administrativo de Rose o MPF enviou a requisição diretamente à Dilma Rousseff, por intermédio do procurador geral da República.
     
    Rose foi chefe do Gabinete Regional da Presidência da República em São Paulo e já está sendo processada na esfera criminal pela prática dos crimes de tráfico de influência, falsidade ideológica, corrupção passiva e formação de quadrilha. A ex-servidora agora é alvo de um inquérito civil público para apurar suas responsabilidades também na área cível, pelos fatos investigados na Operação Porto Seguro.
     
    Para a Procuradoria, o acesso ao processo administrativo de Rose pode contribuir com as investigações.
     
    No ofício à presidenta, datado de 22 de maio, o procurador da República José Roberto Pimenta Oliveira volta a requisitar a cópia integral do processo administrativo - sindicância e/ou processo disciplinar - instaurado para apurar os ilícitos funcionais atribuídos a Rose.
     
    Pimenta Oliveira destaca que o primeiro pedido de informações, feito em 22 de maio, foi negado pela Subchefia de Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República sob o argumento de que a Chefia de Gabinete da Presidência da República não tem competência para prestar a informação e que a requisição deve ser direcionada à Presidência da República pela Procuradoria-Geral da República.
     
    "Independentemente do mérito da alegação da Subsecretaria para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, o importante é o acesso mais célere possível aos autos do processo", ressalta o procurador. No ofício à Dilma, o procurador escreveu. "Serve o presente para requisitar a Vossa Excelência, nos termos da Lei Complementar nº 75/1993, cópia integral do(s) processo(s) administrativo(s) instaurados para apuração de ilícitos funcionais (sindicâncias ou processos administrativos disciplinares) atribuídos à sra. Rosemary Novoa de Noronha que estejam em curso na administração pública federal."
     
    Pimenta Oliveira também solicita à Presidenta que, caso haja documentação sigilosa, "Vossa Excelência indique a referida documentação, e a abrangência do eventual sigilo decretado, à luz da Lei nº 12.527/2011 e da Lei nº 8.112/1990".
     
    O procurador da República José Roberto Pimenta Oliveira também encaminhou ofício ao chefe da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage Sobrinho, por meio do qual requisita informações sobre "todos os processos administrativos em curso (sindicâncias e processo administrativos disciplinar), no âmbito da CGU, tendo como referência fatos vinculados à denominada 'Operação Porto Seguro', com a remessa integral da documentação existente (impressa ou eletrônica), instruindo a resposta com demonstrativo sintético das principais informações dos procedimentos, como identificação do objeto, número, servidores públicos investigados e situação atual".

    10 de junho de 2013
    Fausto Macedo e Ricardo Chapola - O Estado de S. Paulo

    O ENSINO MUITO ALÉM DOS RANKINGS

    Teste avaliará 50 mil alunos do Rio em habilidades como o autocontrole emocional, motivação e colaboração
     

    Autoconfiança. Alunos da Escola Estadual Chico Anysio, no Andaraí, praticam esgrima. Objetivo é usar o esporte para desenvolver habilidades como a concentração e autocontrole Foto: Gustavo Stephan
    Autoconfiança. Alunos da Escola Estadual Chico Anysio, no Andaraí, praticam esgrima. Objetivo é usar o esporte para desenvolver habilidades como a concentração e autocontroleGUSTAVO STEPHAN
     
    Num tempo em que as escolas são cada vez mais avaliadas por rankings, um outro aspecto do ensino vem sendo revalorizado por educadores mundo afora: o desenvolvimento das chamadas habilidades não cognitivas. São competências como autocontrole, motivação, organização e capacidade de trabalhar em grupo. Apesar de não serem mensuradas em testes como os da Prova Brasil ou Enem, estudos vêm comprovando que elas são tão ou mais importantes para o sucesso pessoal e profissional quanto o aprendizado em português, matemática ou outras disciplinas tradicionais.
     
    O grande desafio, no caso das habilidades não cognitivas, é que elas são mais complexas de serem avaliadas. No Brasil, o primeiro teste piloto aplicado em larga escala para medir essas competências será realizado em agosto, com 50 mil estudantes da rede pública de ensino do Rio. O projeto é uma parceria do Instituto Ayrton Senna com a Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE) e das secretarias de Educação do estado e município. O objetivo principal é formar um retrato socioemocioal desses alunos.
     
    — Essa é uma discussão mundial. Já sabemos que o desenvolvimento de habilidades não cognitivas é tão importante quanto estudar matemática e português. Avaliar esse processo é uma experiência inovadora no país — explica o pesquisador da USP de Ribeirão Preto, Daniel Santos, consultor do Instituto Ayrton Senna para o projeto.
     
    A formulação dos testes contará com o apoio de 12 especialistas, entre eles economistas da OCDE. Até o momento foram desenvolvidos oito modelos de provas de múltipla escolha que serão aplicadas aos alunos dos ensinos fundamental e médio. O questionário varia de acordo com a idade do aluno e as escolas serão escolhidas por sorteio:
     
    — Algumas questões são bem simples. Perguntamos, por exemplo, se o aluno está feliz na escola, com quem ele fica em casa, se lê livros. Outras já são mais elaboradas e trabalham características como extroversão, responsabilidade, cooperação, disciplina e sociabilidade. Tenho certeza de que os alunos vão ter prazer em responder, os nomes não serão identificados— diz o pesquisador.
     
    Responsável pela área de avaliação do Instituto Ayrton Senna, Tatiana Filgueiras afirma que medir essas competências é identificar quais são as habilidades não cognitivas e quais as que mais impactam, de maneira positiva, no aprendizado na escola:
     
    — Já temos algumas pistas: a capacidade de aprender com o erro (persistência, resiliência), de se comunicar de maneira eficaz e de trabalhar em grupo (colaboração) fazem parte delas. O objetivo é medir essas competências para que as políticas de desenvolvimento possam ser desenhadas e implementadas.
    Um dos desafios, segundo ela, é como desenvolver essas habilidades nas escolas, sobretudo nos colégios tradicionais:
     
    — Pesquisas nos mostram que aumentar o tempo de exposição do aluno à escola, sem alterar a forma pela qual o processo de ensino aprendizagem se dá, não é uma ação efetiva para a melhoria da qualidade da aprendizagem. Acreditamos que o caminho não seja o de criar mais disciplinas. O desafio está em fazer com que elas permeiem, intencionalmente, a relação entre alunos e professores, estando presente ao longo de todo o currículo e de todas as oportunidades educativas.
     
    Para a secretária municipal de Educação Claudia Costin, é dever da escola desenvolver essas competências ligadas à inteligência emocional e que a “prova é para saber se esses jovens estão prontos para a vida”.
     
    — Temos casos de alunos muito inteligentes, mas que não tem perseverança, muitas vezes abandonam os estudos e correm para os supletivos só para obterem o diploma. Desenvolver essas habilidades é muito importante para que alcancem seus objetivos na vida. Não basta dizer que sonha em ser jogador do Flamengo, é preciso saber o que o qualifica para isso — explica.
     
    Desde que o assunto passou a ser discutido mundialmente, algumas escolas incluíram disciplinas nada convencionais nas escolas. São discussões que falam sobre o futuro profissional e a felicidade.
     
    No Colégio Estadual José Leite Lopes, na Tijuca, na Zona Norte do Rio, que faz parte do Núcleo Avançado em Educação (Nave), foi criado o Plano Vida, que é direcionado ao aperfeiçoamento pessoal e que “incentiva o jovem a percorrer seu próprio caminho”.
     
    Pelo programa, o aluno que acaba de ingressar no ensino médio grava um vídeo dizendo o que ele sonha para o futuro. Após a gravação, o material fica armazenado no Laboratório de Mídia Educação e volta a ser assistido ao final do curso.
     
    — Queremos que eles acreditem que podem ser diferentes de suas famílias. É o que chamamos de protagonismo juvenil, que incentiva o jovem a aprender a gerir a sua vida, a começar a entender o impacto de seus atos no futuro. Não adianta um líder ter conhecimento se ele não consegue inspirar sua equipe — diz Paola Scampini, diretora da Educação do Oi Futuro.
     
    No Colégio Estadual Chico Anysio, no Andaraí, na Zona Norte do Rio, o “Projeto de Vida” faz parte da grade curricular. Uma vez por semana os alunos se reúnem em times para discutir temas atuais.
     
    — É uma reflexão da vida do aluno, uma avaliação dos fatos anteriores, é pensar criticamente sobre suas escolhas e consequências. Para isso, o professor utiliza situações que estão nos jornais ou pode ser até uma cena de novela — diz Maria Aparecida Freitas, coordenadora do programa Dupla Escola do governo estado — Há muitos alunos que fazem escolhas oníricas, que estão completamente fora da realidade deles sem planejamento.
     
    Aulas de esgrima e luta olímpica, que são modalidades que exigem concentração, autoconhecimento e disciplina, também foram inseridas no programa.
     
    — Esses esportes trabalham justamente essas habilidades não cognitivas, que ajudam o jovem a ter autonomia, autoestima e a trabalhar em grupo — explica o subsecretário de Gestão da Rede de Ensino da Secretaria de Educação do estado, Antônio Vieira Neto.
     
    Aos 13 anos, a estudante Lívia de Paula entrou no primeiro semestre no Colégio Chico Anysio.
     
    — Eu não queria vir, mas acabei me inscrevendo no edital porque meus pais gastavam R$ 400 por mês numa escola particular. Era caro. Chorei quando soube que tinha passado, mas minha mãe disse que, se tinha que fazer prova para passar, é porque a escola era boa — lembra ela, que é moradora de Madureira — Quando cheguei adorei o espaço, fiz amigos e não quero mais sair.
     
    Para Lívia, o Projeto Vida serve como momento de reflexão.
     
    — É a hora que a gente analisa a relação com a escola, com as pessoas ao redor, e contamos situações vividas em casa.
     
    10 de junho de 2013
    FERNANDA PONTES - O Globo

    VAMOS MUDAR TUDO ISSO QUE ESTÁ AÍ!

     

    Em 3 de janeiro de 2003, um mineiro nascido em Passa Quatro, ex-líder estudantil e ex-militante de esquerda perseguido pela ditadura militar se tornava o segundo homem mais importante da República. José Dirceu de Oliveira e Silva havia sido nomeado ministro-chefe da Casa Civil do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o operário que chegou ao Palácio do Planalto.
     
    José Dirceu
    José Dirceu
     
    Juntos, esses dois homens de biografia extraordinária prometiam mudar o Brasil, como ele mesmos disse: “Vamos mudar tudo isso que está aí."
     
    Na primeira mudança logo mostrou ao que vinha. Dirceu assinou algo bem menos grandioso que o dito, mas revelador de seu caráter. Era uma portaria que mudava a ordem de entrada dos ministros nas solenidades do palácio.
     
    Historicamente, depois do presidente da República, vinha o titular do Ministério da Justiça, por ter sido a primeira pasta a ser criada. Dirceu transferiu a prerrogativa para si: quem apareceria caminhando logo atrás do presidente seria ele, o chefe da Casa Civil – que, a partir de então, teria também a primazia no uso de carros oficiais e de aviões da Força Aérea Brasileira.

    Mas Dirceu, em tudo que fez,  revelou-se de incompetência impar,  desde o XXX Congresso da UNE, em Ibiúna (SP), onde  foi responsável pela prisão de 700 participantes, até o mensalão que levou à condenação seus companheiros de partido.
     
    Não estará de todo errado imaginar que  percebendo  poder meter a mão grande sem  cerimônias, ao abrir o cofre público, num momento de arroubo ao ver o que tinha dentro,  gritou aos seus asseclas: “Vamu cume putada!”
     
    10 de junho de 2013
    Giulio Sanmartini

    CLAREZA E HONESTIDADE

     

     
    Apenas a satisfação de divulgar as merdas. Sem inventar nada, só com as notícias que saem em outros periódicos. Pena que não temos grande alcance. O país caminha para o fundo do poço com esse elenco estelar de picaretas.
    Países razoavelmente bem administrados tem ido para o buraco, imaginem o que vai acontecer com o nosso, pessimamente administrado.
    O único risco de nossos textos seria o senhor editor ser processado pelo governo brasileiro.
     
    Mas não vai adiantar porra nenhuma, porque, pós caso “Pettisti”, nunca a Itália se atreveria sequer pensar em extraditar um cidadão italiano para o Brasil, por interesse do governo brasileiro.
    Dito isto, gostaria de mostrar aos leitores uma charge estadunidense que o Ralph me mandou, cujo divulgador, num lance de gênio, criou uma frase fantástica e realista, sobre o que acontece aos países em crise econômica.
    Não vou remover o texto em inglês, porque ele exige o significado das palavras naquela língua.
     
    steve jobs
     
    A legenda é frase de Júlio César: Eu vim, vi e conquistei.
     
    E o texto que me interessa, sobre Steve Jobs, da Apple; Bob Hope, humorista e Johnny Cash, cantor de country music. Os três faleceram.

    Dez anos atrás os Estados Unidos tinha Steve Jobs, Bob Hope e Johnny Cash…Agora não tem Jobs (empregos), nem Hope (esperança), nem Cash (dinheiro).
     
    10 de junho de 2013
    Magu

    A VOLTA DO NEOBOBISMO


    A velha esquerda muito acusou o presidente Fernando Henrique de neoliberal. Numa das vezes, em 1997, FHC reagiu. “Só quem não tem nada na cabeça é que fica repetindo que o governo é neoliberal isso é neobobismo.” Agora, o neobobismo ressurge para fanfarronar as administrações do PT, no livro 10 anos de Governos Pós-Neoliberais no Brasil: Lula e Dilma organizado por Emir Sader (Editora Boitempo).

    O neoliberalismo, corrente nascida nos anos 1930, se opunha à intervenção estatal adotada na Europa e nos Estados Unidos para enfrentar a Grande Depressão. Nos anos 1970 defendia a reforma do estado intervencionista ao qual atribuía a perda de dinamismo e o surto inflacionário de então nos países ricos. A esquerda passou a usar o termo em tom pejorativo.

    Na América Latina, os mesmos problemas decorriam também das políticas de substituição de importações, que ficaram insustentáveis com as crises do petróleo (1973 e 1979) mas foram mantidas mediante elevação da dívida externa. O modelo ruiu de vez com a moratória mexicana de 1982, que fez secar a fonte de recursos do exterior. A inflação evoluiu para hiperinflação em muitos países.


    No Brasil, chegara a hora de rever o modelo, que havia legado uma industrialização ineficiente e uma inaceitável concentração de renda. As bases do modelo eram o fechamento da economia o desregramento orçamentário, a tolerância com a inflação, a concessão de subsídios e favores fiscais a certos segmentos, e a escolha de vencedores pela burocracia.

    Era preciso superar a hiperinflação, abrir a economia, redefinir o papel do estado, privatizar estatais ineficientes — inclusive para assegurar o acesso da população a serviços básicos como o das telecomunicações — e construir moderna regulação econômica e de defesa da concorrência. A redistribuição de renda viria com o fim da corrosão inflacionária da renda dos trabalhadores e com programas sociais focalizados nos mais pobres. A universalização do ensino fundamental e novos investimentos em educação eram parte da grande empreitada.

    Tais mudanças ciclópicas — "neoliberais" para a velha esquerda — atingiram o auge com FHC. A velha esquerda nunca entendeu a realidade. Manteve suas convicções estatistas mesmo depois da queda do Muro de Berlim. Não percebeu que o fracasso da substituição de importações e também do comunismo tinha a mesma origem, isto é a ausência de incentivos à inovação.

    O governo Lula foi o maior herdeiro dessas transformações. O crescimento foi impulsionado pelos correspondentes ganhos de produtividade e pela emergência da China como nosso principal parceiro comercial. Havia, ainda, disponibilidade de mão de obra para incorporar ao processo produtivo. Foi possível, por tudo isso, ampliar os programas sociais, agora unificados no Bolsa Família. Mas o êxito dificilmente viria se o presidente não houvesse abandonado as ideias erradas do PT sobre política econômica.


    Isso aconteceu com sua Carta ao Povo Brasileiro (2002). O objetivo era afastar temores de uma ruptura desastrosa, caso o PT ganhasse as eleições presidenciais. Lula jurou cumprir contratos e se comprometeu com o superávit primário do setor público, um dos ícones do que a esquerda via como neoliberalismo. No governo, manteve as privatizações, ampliou o superávit primário e reforçou a autonomia operacional do Banco Central. Lula também seria um neoliberal? Infelizmente, ele abandonou as reformas, o que em grande parte explica a recente queda da produtividade.

    Quem mudou rumos foi a presidente Dilma. Ela por certo agrada a neobobos com a ação política sobre o Banco Central, a reinstituição do controle de preços, o protecionismo e outras políticas típicas da era do intervencionismo excessivo e da substituição de importações. Colhe inflação alta e PIB baixo.

    O artigo de Sader no livro é uma ode à alienação. Numa de suas pérolas, afirma que a Carta ao Povo Brasileiro contribuiu para a crise política iniciada em 2005, a do mensalão. A origem do maior escândalo político da história seriam a continuidade da política econômica e a oposição, “dirigida por uma mídia privada e refugiada nas denúncias de corrupção contra o governo”. Neobobismo puro.
    10 de junho de 2013
    mailson da nobrega, Veja

    A CHAVE ERRADA


    Os governos do PT perseguem, há mais de dez anos, duas coisas que não existem e por isso, precisamente, nunca conseguirão encontrar nenhuma das duas. A primeira é a fantasia segundo a qual a imprensa livre, que vive expondo seus desastres e conta com a admiração da maior parte do público que acompanha o noticiário, perceba um dia que tem pelo menos três obrigações.

    Para começo de conversa, precisa admitir “controles sociais”, aceitando algum tipo de supervisão, ainda não definido, sobre o que escreve, fala ou mostra em imagens, por parte da “sociedade”. Além disso, teria de levar em consideração, por respeito à vontade do eleitorado, os méritos de governos colocados na Presidência da República há três eleições seguidas.

    Enfim, deveria desistir do tiroteio que faz em suas informações e opiniões a respeito da inépcia, da corrupção e da burrice da administração, em reconhecimento aos fenomenais índices de “popularidade” tanto do ex-presidente Lula como da presidente Dilma Rousseff.


    A segunda quimera é que gastando dinheiro público para criar e sustentar uma imprensa “a favor", pelos mais variados truques à sua disposição, conseguirá anular a voz dos meios de comunicação independentes e levar o jogo, pelo menos a um honroso empate. Essa busca, como no samba Ronda, é inútil, mas o PT, Lula e a sua tropa não desistem: ao contrário, insistem em encontrar a chave capaz de abrir uma solução definitiva para seus problemas com a “mídia”, como gostam de dizer. Mas perderam essa chave no quintal, e estão procurando no jardim. Não vão achar.

    Não há registro na história de imprensa que tenha mudado de hábitos ou de conduta por causa de discursos, “audiências públicas”, passeatas de estudantes e sindicalistas pagos pelo governo, ou, para resumir, “pressões da sociedade”. Também não se conhecem casos de autocrítica, arrependimento ou remorso que tivessem levado algum meio de comunicação, por sua própria vontade, a mudar de linha na seleção do noticiário que publica ou em suas opiniões.


    Órgãos de imprensa só mudam pela aplicação da força bruta, o que exige a montagem de uma ditadura, ou em troca de dinheiro, caso em que deixam de ter o valor que tinham e passam a não servir para nada.

    Nada disso é um dos três segredos de Fátima. Políticos em primeiro mandato já sabem que a imprensa não se incomoda com ataques verbais, barulho de “setores populares” ou mesmo com o bom e velho empastelamento das máquinas, que hoje se transformou em opção inválida — vá alguém tentar quebrar, no braço, uma impressora Cerutti 7, ou uma Frankenthal-KBA Commander CL, para ver o que acontece. Ninguém está ligando, também, para os 101% de popularidade de Lula e Dilma ou para os boletins do TSE com os resultados das últimas eleições.

    Veículos da imprensa livre só têm medo, de verdade, de uma coisa: censura prévia. Por via de conseqüência, como gostava de dizer o ex-vice-presidente Aureliano Chaves, o PT tem uma única pergunta a se fazer: dá ou não dá para instalar censura prévia à imprensa, televisão e rádio no Brasil de hoje, sem falar na internet? Se chegarem à conclusão de que não dá, deveriam desistir de ficar procurando a chave no lugar errado e sair atrás de alguma outra coisa para fazer.
     
    10 de junho de 2013
    J.R.Guzzo, Veja

    CALA A BOCA, BRASIL!



     
    Do país do futebol para o país da piada pronta foi um salto quase quântico. O surto de cultura fútil em todas as camadas da sociedade brasileira, mal recheadas por programas de auditórios de péssimo gosto e suas celebridades ocas, está ferrando a nação.

    O povo – e aqui se inclui pobres e ricos – avança no rumo de uma imbecilidade coletiva sem fim. Coincidência histórica ou não, a era da sociologia jeca com o PT no poder estabeleceu uma queda acentuada no nível de bom senso. Só tá faltando o Rondon.

    No país em que um operário espertalhão constrói um império da indústria ideológica aos moldes de Hugo Chávez e ainda convence parte das elites de que seu “case” é diferente, o grosso da população segue seu mantra de dispensar a prática da leitura.

    Fazemos uma História ao avesso cultuando quem ironiza o conhecimento e combatendo quem acumulou cultura. No ambiente esquerdopata das universidades nacionais, a referência é Lula, a indiferença é FHC, nada mais endêmico, pra não dizer acadêmico.


    Não por coincidência, esse movimento oportunista de falsear o processo histórico cabe bem na nomenclatura “história de trancoso”, adaptada no Brasil Colônia que levou a sério os “contos e histórias de exemplo”, do português Gonçalo Fernandes Trancoso.

    Melhor trocar os adjetivos dos textos ufanos e meter um imbecil no lugar de varonil, caindo melhor na realidade de um país que optou pela ilusão da quantidade em detrimento do valor da qualidade. Quem dita a regra são as estatísticas das pesquisas.

    Por que Michel Teló é melhor do que Lenine? Porque vende mais e enche palcos. Por que Ivete é melhor que Roberta Sá? Porque junta multidões no carnaval e frequenta a TV aberta. Por que o governo é bom? Perguntem aos quantificados pelas esmolas.

    Dada a incapacidade econômica e cultural de se acabarem os valores e conceitos capitalistas, o Brasil petista alcançou o socialismo cognitivo, onde todas as classes pensam semelhante e agem com a mesma futilidade evacuando sua incultura diária.


    O advento das redes sociais na Internet aproximou o que os bairros caros e as lojas chiques separavam. Uma navegada no Instagram ou Facebook e percebemos que a diferença entre uma dondoca e uma doméstica está só no vestido ou na maquiagem.

    Nas postagens sobre as tramas e personagens de novelas no Twitter, elas também deixam expostas a similitude das frescuras. Não se distinguem pelo risoto de lagosta e a pizza gigante, mas se assemelham – e como – no exibicionismo que busca notoriedade.

    Já a ignorância masculina fica mais evidente nas transmissões de futebol narradas por Galvão Bueno ou pelos caras do canal Esporte Interativo. O primeiro, o mais legítimo símbolo do pachequismo idiota; os outros, candidatos diletos ao legado do próprio.


    Na voz do locutor, a TV Globo exercita sua sanha de pontos no Ibope construindo desesperadamente mitos e heróis populares, forjados quase sempre em pseudoglórias momentâneas, como na eternidade besta de noventa minutos num jogo de futebol.

    No domingo passado, emissora e locutor colocaram em prática pela enésima vez a dramaturgia narrativa que buscou numa pelada amistosa da seleção brasileira uma falsificada epifania nacional. No picadeiro do Grêmio, uma ópera bufa em dois atos.

    Um amontoado de reservas franceses, e dois ou três titulares exaustos, como coadjuvantes de uma comédia rococó dos trópicos. Um joguinho caça-níquel que o Bueno vendeu como vingança épica por derrotas brasileiras seguidas em três Copas.

    E não é que o povaréu (pobres e ricos) acreditou na farsa, mesmo vendo o futebol minguado da seleção e a vaia sonora tomada por Neymar, o herói da hora? Chamaram de vitória maiúscula para “apagar” os três vexames impostos pela França desde 1986.


    Vejam que o consciente coletivo do país é a ampliação da baboseira do Galvão; onde já se viu conformar-se com uma vitória em amistoso e aceitá-la como troco a três derrotas dentro das copas. Parece a visão enviesada de Lula menosprezando os livros de FHC.

    Coitado do jogador Hernanes, caiu na esparrela plantada pelos repórteres em missão especial de patriotada e se assumiu escriba de uma história reescrita. Ajudou a incutir na idiotice geral que os 3 x 0 de ontem foram tão importantes quanto a final de 1998.

    Espelhos do ufanismo, jornais dizem hoje que com a goleada o Brasil está pronto para uma retomada. Faço minhas as palavras do jornalista Juca Kfouri, na Folha de S. Paulo: “Pronto? Pronto uma pinoia”. Ainda faltam um futebol culto, um país criativo e um povo bom de jogo.
     
    10 de junho de 2013
    alex medeiros
    PORTALnoar

    SEJA FELIZ! TORNE-SE, VOCÊ TAMBÉM, UM IMBECIL!

     

     


    O vídeo é a sugestão da leitora Varlice para que você deixe de sofrer e se integre à maioria que pensa do modo como Angeli descreve na charge aí embaixo
    foto

    NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA HELIO FERNANDES

    AS CONTRADIÇÕES DE BARROSO, AINDA MINISTRO SEM TOGA.
    A sinceridade de Chinaglia, revelando os que não votam com o governo. Cabral insiste em ser embaixador, antes da reeleição. Dona Dilma na televisão, só falta aparecer nas novelas.
     
    A sabatina de Luís Roberto Barroso no Senado teve enorme repercussão entre os ministros. Até os que saudaram a indicação dele fizeram restrições às suas afirmações.
    A palavra mais ousada foi a que utilizei aqui na sexta-feira: arrogância. Sua suficiência, até mesmo em tom de bravata, não cabe no plenário do Supremo, não deixa o ministro confortável, na toga que ainda vai usar.

    Três pontos comentados, em tom negativo: 1 – “Vou participar do julgamento do mensalão, ninguém vai me impedir”. Análise geral: ninguém vai impedi-lo. Se a Constituição e consequentemente o Regimento Interno determinarem, ele vota.

    2 – Criticou o próprio plenário do Supremo: “Não deveria votar matéria penal, apenas constitucional”. Isso seria o ideal e o sonho geral, mas ninguém consegue. O Supremo já julgou milhares e milhares de processo penais, só não lembro se algum deles tinha Luiz Roberto Barroso como defensor.

    (O Supremo sempre julgou ação penal. Este repórter foi apresentado preso ao Supremo. Fui julgado por ação penal. Enquadrado na Lei de Segurança Nacional por ter publicado um documento “sigiloso e confidencial”, pediram 15 anos de prisão para mim. Isso foi antes do golpe.
    Preso em 24 de julho de 1963, julgado e absolvido em 31 desse mesmo julho. Meus advogados Sobral Pinto, Adauto Cardoso, Prado Kelly e Prudente de Moraes neto, grandes defensores. Enquanto existirem cidadão com foro privilegiado, o Supremo tem que julgá-los).

    3 – “O julgamento do Supremo fez uma curva”. Não explicou se essa curva era ascendente ou descendente. Pelo menos este repórter esperava que Luís Roberto Barroso fizesse um libelo contra o julgamento SEM PROVAS. Estas, indispensáveis e irrecuperáveis, foram substituídas pelo DOMÍNIO do FATO, nenhuma palavra dele comentando o que aconteceu.

    Poderia ter se baseado no julgamento do ex-presidente Collor. Foi “absolvido por falta de provas”. Se naquela época já se condenasse ou se absolvesse com base no “domínio do fato”, diferente.
    Barroso, em 7 horas de sabatina, usou inúmeras vezes a palavra mensalão.
     Ora, esse julgamento começou como “mensalão”. A pedido dos advogados, passou a Ação 470. A partir daí não existiu mais “mensalão”, agora ressuscitado por um advogado.

    A PRESSÃO DEPOIS DO VOTO

    De qualquer maneira, vote como votar (“não sofro pressão da imprensa, do governo, da opinião pública, de ninguém”) terá que conviver com a essência e a jurisprudência do próprio voto. Que logicamente provocará concordância e discordância.

    Finalmente, por hoje, com suas declarações audaciosas, contraditórias e desnecessárias, abriu caminho para o próximo procurador-geral, substituto de Roberto Gurgel. Já disse aqui: o mandato do procurador termina em agosto. Ficarei totalmente surpreso se o julgamento da Ação 470 terminar este ano. Sem contar o recesso de todo o mês de julho.

    A SINCERIDADE DE CHINAGLIA

    Líder do governo na Câmara, ninguém perguntou, mas ele resolveu responder em entrevista à Folha: “Só 150 deputados dos 381 da base são fieis ao governo”. Rigorosamente verdadeiro e todos sabem disso.

    HENRIQUE EDUARDO ALVES,
    PRESIDENTE DA REPÚBLICA


    O vice Michel Temer está articulando esse “mimo” ao presidente da Câmara. Renan já assumiu por um dia, Alves ficará dois ou três. Na viagem de Dona Dilma, Temer também viaja, seria a vez do Rio Grande do Norte ter um presidente.

    ATO PATRIÓTICO

    Serve para tudo, desde o combate ao terrorismo (ou o que os governos chamam de terrorismo), passando pelas torturas em Guantánamo e agora pela vigilância a milhões de americanos.

    Esses milhões de “vigiados” não saberiam de nada, não fossem as denúncias do jornal britânico The Guardian. O secretário de Justiça de Obama “admitiu”, mas não explicou o absurdo.

    Quem condenou o fato foi Al Gore, que nunca se livrou de não ter sido presidente. Vice de Clinton, ganhou no voto popular, mas foi derrotado pelo governador da Flórida, Jeb Bush, irmão de George W. Bush.

    NINGUÉM APOIA CESAR MAIA

    Os partidos fora da base não querem nada com ele. Estão certos, não tem a menor chance. Só ganha no município, no estado perdeu para governador e senador. Existem apenas dois candidatos, Lindbergh e Garotinho. Se Cabral renunciasse (desincompatibilização), Pezão assumiria, teria possibilidades remotas.

    Cabral só passaria o cargo a Pezão, se fosse nomeado embaixador na França. Mas aí o PT é que gritaria, Lindbergh poderia ser prejudicado. Mas Cabral quer ser nomeado antes da reeleição. E se Dona Dilma perder?

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    PS – Impressionante e até assustador, o número de vezes que Dona Dilma aparece na televisão d-i-a-r-i-a-m-e-n-t-e. E não é horário eleitoral. É por vontade própria e “colaboração” dos canais.

    PS2 – Todos os atos, decretos, vetos, medidas provisórias têm que sair no Diário Oficial, saem mesmo. Mas antes, sem o menor charme ou atração, ela desvenda e revela pela televisão. Nunca vi presença assídua e igual de um presidente.

    PS3 – Enquanto isso, depois de uma exposição violenta e também diária, Eduardo Campos desapareceu. Deve ter compreendido ou alguém analisou para ele, que estava se desgastando à toa. Sumiu.

    PS4 – Alexandre Schwartsman (ex-diretor do Banco Central) foi taxativo e fulminante na TV (Conta Corrente, Globonews) sobre a inflação: “O Banco Central vem fazendo barbeiragem em cima de barbeiragem. Descobriu muito tarde que a inflação estava subindo”.

    PS5 – Continuando: “E o pior é que esse remédio não é mais adequado”. Finalizando: “E ainda haverá mais elevação de juros em 2013”. Quem vai responder a um nome que esteve no próprio BC?

    PS6 – Laco Silva, Getulio ia muito no Jóquei Clube, até uma vez em que foi vaiado. Não voltou mais. Na época falavam que saindo das corridas, mudava o trajeto, passava pela casa da vedete Virginia Lane.

    PS7 – Quanto a Jurema, Ministro das Justiça, gostava muito de ir, à tarde, a bares de intelectuais, existiam muitos no Centro. Do Pardelas ao Amabassador, no hotel do pai do Marcio Moreira Alves.

    PS8 – Um dia, criticado, respondeu: “Vou encontrar com amigos. Nunca vi uma grande amizade que nascesse ou crescesse numa leiteira”.

    PS9 – O jornalista Renato Mauricio Prado estreou segunda-feira (na Fox Sports) um programa de entrevistas intitulado “A Última Palavra”. Maravilhoso. Não sei qual será o entrevistado de hoje. Mas se não tiver a versatilidade e a sinceridade e não souber expor e se expor como o entrevistado do primeiro programa, o segundo não terá a mesmo sucesso.

    PS10 – O personagem da semana passada foi o goleiro (da seleção) e técnico de muitos clubes, Leão. Que capacidade, quem poderá igualá-lo?