"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 14 de novembro de 2011

E NO "BRASIL MARAVILHA": O QUE NÓS SOMOS, UM PAÍS EMERGENTE OU UM PAÍS RICO?

De relance, a questão parece ociosa.

As transformações em curso no mundo começam a forçar uma resposta.
Parte é por conveniência do mundo rico, que espera ratear com os emergentes, sobretudo China e Brasil, o custo do ajuste da Zona do Euro.

E parte é porque nossa política externa é ambígua, com demandas ora de potência, ora de subdesenvolvido.

Demanda típica de quem se vê muito acima do pelotão de países sem voz ativa nos fóruns internacionais e em pé de igualdade com o que é chamado de potência — basicamente EUA, China, Rússia, Inglaterra e França, únicos com lugar cativo e poder de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas —, é o pleito por uma vaga permanente.
Outra é por maior poder no Fundo Monetário Internacional (FMI).

Sob direção da francesa Christine Lagarde, o FMI deu sinal de que está pronto para atender o desejo, começando pela inclusão do real na cesta de moedas que compõem a divisa escritural do organismo.

É o chamado Direito Especial de Saque, SDR, na sigla em inglês, hoje composto apenas pelo dólar, euro, iene e libra. Em 2015, conforme a agenda do FMI, tais critérios seriam revisados.

Em nota oficial, porém, a direção do Fundo disse sexta-feira que vai antecipá-la.

A mudança viria para flexibilizar os conceitos de moeda como meio de pagamentos e reserva de valor. Hoje, o FMI aceita apenas moedas conversíveis, o que implica ao país emissor manter portas abertas para os fluxos de capitais.

Isso pode ser mitigado.
No contexto da crise global, parece uma mudança sob medida para enquadrar o real e o renminbi, a moeda da China.

Nem um nem outro tem portas 100% escancaradas para o capital estrangeiro.
Na China, há uma fresta.

Não só. O governo chinês mantém o renminbi (ou yuan, como também é conhecido) desvalorizado para alargar a competitividade de suas exportações industriais.

Mas a China tem US$ 3,2 trilhões em caixa como reservas, e o Brasil, US$ 352 bilhões. É nisso que o FMI está de olho? A entidade, sim.

Com maiores aportes, poderá contribuir mais com os planos de resgate de dívida dos países europeus.

Mas o time podre de rico, com caixa gordo e mão fechada, como a Alemanha, na Europa, mas também os EUA, e indiretamente a própria China, anseia por algo maior: novos mercados sem restrições para suas exportações, compensando a estagnação no mundo avançado.

O risco do precedente

Se abrir o precedente, aceitando incluir o real na cesta dos SDR, o governo Dilma Rousseff acabará forçado a novas concessões, como se comprometer com volatilidade baixa do real, maior transparência das regras monetárias e cambiais, talvez não mais impedir o FMI de divulgar o seu relatório anual de auditoria das contas nacionais — o chamado Anexo 4, a que todos os países associados se submetem.

A China também.
Mas lá o FMI checa o que lhe é permitido checar. No fim, tudo isso é bom, ninguém há de criticar. Mas dificilmente o governo poderá maquiar superávit primário, como fez em 2010, apropriando parte da capitalização da Petrobras feita com o aporte do Tesouro como se fosse receita operacional.

O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre o capital externo seria malvisto. No limite, seria crescente a pressão pela conversibilidade do real.

6º maior PIB; IDH, 86º

As ambiguidades se avolumam.
Somos a 6ª maior economia do mundo, por exemplo, pelo Produto Interno Bruto (PIB). Tal medida nos faz um país rico. Pela renda per capita, somos o 102º, segundo ranking do The World Factbook, da CIA, e 86º no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Nações Unidas. Somos pobres em tais listas.

Como tais coisas se encaixam com o pleito por maior poder no FMI e o status que a entidade cogita dar ao real?

Faz nexo com o real depreciado ou cercado para não se apreciar?
O governo poderia por trava na importação de carros, como fez em setembro, ou dizer que atrasará até dezembro a liberação de guias de importação?

Aliás, como uma coisa dessas é anunciada? Não se diz, faz-se somente.

Ambiguidade do crédito

A impressão é que se vai decidindo pontualmente, sem uma visão de conjunto. Vejam a decisão do Banco Central de afrouxar as medidas prudenciais tomadas em dezembro para esfriar o crédito ao consumo e, assim, a inflação.

Foi o que o liberou da neura da Selic. Mas agora, com o governo preocupado com a forte desaceleração do PIB, o BC quer vitaminar o consumo. Como o PIB rateia pela indústria e ela pelas importações, não pelo nível do consumo em baixa, o que pode ocorrer é o oposto do pretendido.

A demanda bombada a crédito vai vazar ainda mais para fora, não ajudando a indústria e o PIB.

A complexidade é maior

A questão mal trabalhada é que a economia, a sociedade, o jogo de poder no mundo, tudo isso já estava complexo demais para um estilo de administração pouco à vontade para discutir as decisões — e com o Congresso alienado, ministros grosseiros.

Onde se viu um deles — Carlos Lupi, do Trabalho — afirmar que, para tirá-lo do cargo, "só abatido à bala", desafiando a presidente.
Depois, intimado a se retratar, ele declarou:
"Eu te amo, peço desculpas todo dia".

Foi baixaria, acentuando a apreensão sobre se setores do governo estão à altura dos desafios do mundo em transformação.

É preciso maior qualidade, quando até velhas verdades da economia não servem mais.
Ambiguidades denotam dúvidas. E voluntarismo só as agrava.

Antônio Machado/Correio Braziliense

PRESIDENTE DA OAB É ACUSADO DE RECEBER R$ 1,5 MI EM SALÁRIO ILEGAL

O presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ophir Filgueiras Cavalcante Júnior, é acusado de receber licença remunerada indevida de R$ 20 mil mensais do Estado do Pará.

A ação civil pública foi proposta na semana passada por dois advogados paraenses em meio a uma crise entre a OAB nacional e a seccional do Pará, que está sob intervenção. Um dos autores da ação, Eduardo Imbiriba de Castro, é conselheiro da seccional.

Segundo os acusadores, Ophir Cavalcante, que é paraense, está em licença remunerada do Estado há 13 anos -o que não seria permitido pela legislação estadual-, mas advoga para clientes privados e empresas estatais.

Eles querem que Cavalcante devolva ao Estado os benefícios acumulados, que somariam cerca de R$ 1,5 milhão. Cavalcante é procurador do Estado do Pará. De acordo com os autores da ação, ele tirou a primeira licença remunerada em fevereiro de 1998 para ser vice-presidente da OAB-PA.

Em 2001, elegeu-se presidente da seccional, e a Procuradoria prorrogou o benefício por mais três anos. Reeleito em 2004, a licença remunerada foi renovada.

O fato se repetiu em 2007, quando Cavalcante se elegeu diretor do Conselho Federal da OAB, e outra vez em 2010, quando se tornou presidente nacional da entidade.
Segundo os autores da ação, a lei autoriza o benefício para mandatos em sindicatos, associações de classe, federações e confederações. Alegam que a OAB não é órgão de representação classista dos procuradores. Além disso, a lei só permitiria uma prorrogação do benefício.

Elvira Lobato, na Folha
Por Reinaldo Azevedo

QUANDO A PORCARIA É BEM FEITA...


Significado de lular, nova palavra incluída no DICIONÁRIO INFORMAL, classificada como verbo totalmente irregular de estranha conjugação:
http://www.dicionarioinformal.com.br/significado/lular/115/

1. Ocultar ou encobrir com astúcia e safadeza; disfarçar com a maior cara de pau e cinismo.

2. Não dar a perceber, apesar de ululantes e genuínas evidências; calar.

3. Fingir, simular inocência angelical.

4. Usar de dissimulação; proceder com fingimento, hipocrisia.

5. Ocultar-se, esconder-se, fugir da responsabilidade.

6. Tirar o ... da reta, atingindo sempre o amigo mais próximo, sem dó nem piedade (antes ele do que eu).

7. Encobrir, disfarçar, negar sem olhar para as câmeras e nos olhos das pessoas.

8. Fraudar, iludir

9. Afirmar coisa que se sabe ser contrária à verdade, acreditar que os fins justificam os meios.

10. Voar com dinheiro alheio.

Possíveis sinônimos: parlamentarizar ou politicar.

Carlos Lupi, Ministro do Trabalho, deve estar comprando armadura para se proteger de algum tiro, depois de mais uma denúncia: teria viajado em avião alugado por representante de uma ONG.

Como safadeza, é apenas mais uma; a continuação da novela será a de sempre. Outros parlamentares meliantes, acostumados a dar a volta por cima sempre que suas trapaças que tornam públicas, se uniram para aplaudir o excelente desempenho do ministro, por ainda acreditarem que seriam capazes de abafar e anular as denúncias feitas. Não foram capazes de tanto e ainda apareceram outras, como o caso do avião alugado por uma ONG.

Ao invés de constranger, ficaram constrangidos. Então, por não terem outro jeito, as novas denúncias obrigaram integrantes do PDT a trocar o acobertamento pela sugestão de uma CPI. Mais uma! Já deviam se sentir envergonhados ao comentar esse tipo de "investigação".

Quanto ao final de mais uma novela chinfrim, é fácil saber qual o final.

casa da mãe joana

ITÁLIA: A ILUSÃO TECNOCRÁTICA

Artigos - Globalismo

Esse é o grande pecado da elite européia, que vive a ilusão de que um governo transnacional – eventualmente um governo mundial – seja a solução para a crise. Não é. Governos transnacionais sacrificam a liberdade e a soberania.

Ontem eu vi o programa Manhattan Connection e o diálogo entre Ricardo Amorim e Diogo Mainardi foi ilustrativo e esclarecedor. O argumento de Ricardo é o meu: se políticos não deram solução para a criseem curso não serão tecnocratas desprovidos de voto que terão a solução. Diogo Mainardi deixou de ser um analista político para ser um torcedor apaixonado. É pura ilusão achar que uma personalidade tem a chave para a solução. Auto-engano terrível.

Eu testemunhei momento assim no Brasil quando o presidente João Figueiredo tirou o ministro Delfim Netto da Agricultura e o pôs no Planejamento. A mística de “milagreiro” de Delfim encantava a todos e gerou uma expectativa que não tinha como ser cumprida. A crise é maior do que seus condutores e exige sacrifício. Intuitivamente os que serão chamados a se sacrificar prendem-se irracionalmente ao fio de esperança sobre a ação de uma pessoa que não tem como gerar atalhos. Os sacrificados serão sacrificados do mesmo modo. Delfim Netto acabou por ser o anti-milagreiro, o algoz de toda gente.

A conversa entre Ricardo Amorim e Diogo Mainardi girou em torno do novo primeiro-ministro italiano Mario Monti. Político que jamais recebeu votos, Monti é um tecnocrata completo, apoiado pela burocracia de Bruxelas Esse apoio ajuda, mas pode também atrapalhar, pois o novo primeiro-ministro poderá ser incentivado a fazer os profundos cortes que a Itália terá que fazer nas suas despesas em velocidade mais acelerada. Será no momento dos cortes que a fraqueza congênita de Mario Monti aparecerá a todos: sua não legitimação nas urnas. Toda ação tecnocrática tende a ignorar as sutilezas do processo democrático e atropelar o real com sua racionalidade fria e pseudo. Ocorre que a racionalidade não submete o real. Bem vimos o que tem havido na Grécia. Os perdedores farão barulho e se rebelarão. A cada anúncio de cortes teremos sucessivas rebeliões dos perdedores.

Melhor que a Itália tenha escolhido um nome de consenso com rapidez e que este tenha o apoio internacional necessário. Mas não se pode ter ilusão. A fraqueza do novo governo italiano é mais do que evidente. Na agudização da crise veremos dramas dolorosos. Porque esta crise não é circunstancial e nem de fácil resolução. É uma grande crise, a exigir sacrifícios equivalentes àqueles de tempos de guerra. Será um ajuste geracional, a sacrificar aposentados, funcionários públicos e pagadores de impostos. Teremos a oportunidade de ver a economia política em estágio laboratorial, como em momentos fundadores. A social-democracia morreu e o novo ainda não nasceu. A própria elite não se preparou para a transição.

Esse é o grande pecado da elite européia, que vive a ilusão de que um governo transnacional – eventualmente um governo mundial – seja a solução para a crise. Não é. Governos transnacionais sacrificam a liberdade e a soberania. Terá contra si tenaz resistência. É isso que veremos, a elite tecnocrática remando para alienar a capacidade decisória do Estado italiano e sua população não reconhecendo nela legitimidade para entregar a estrangeiros o poder deliberativo que é inerente aos povos livres. É esse o embate que a guarda a Itália.

aldo Cordeiro, 14 Novembro 2011

O PADRÃO DE MÁ CONDUTA SEXUAL DE DAVID AXELROAD

Internacional - Estados Unidos

Herman Cain nunca viveu em Chicago. Mas você sabe quem morou por lá? David Axelrod! E adivinhe quem morou no mesmíssimo edifício de Axelrod? Acertou de novo: Sharon Bialek, a mais recente acusadora de Cain.


Herman Cain passou a vida morando e trabalhando em todo o país – Indiana, Geórgia, Minnesota, Nebraska, Kansas, Washington, D.C, –, mas jamais em Chicago. Por isso, é curioso que todas as acusações de assédio sexual contra Cain venham de Chicago, lar de David Axelrod, o autômato de Daley e consigliere de Obama.

Já havia suspeitas sobre Sheila O'Grady, alguém próximo de David Axelrod e que passou de chefe de gabinete do ex-prefeito de Chicago Richard M. Daley a presidente do Illinois Restaurant Association (IRA), ser quem desenterrou os registros pessoais de Herman Cain na National Restaurant Association (NRA).


A IRA controlada por Dailey funciona grudada na NRA. E, por estranho que pareça, o breve período de três anos de Cain à frente da NRA é, evidentemente, a única fase de sua carreira de décadas durante as quais ele foi acusado de ter sido um predador sexual.

Após o nome de O'Grady vir à tona relacionado ao milagroso aparecimento de arquivos pessoal de Caim da NRA, ela emitiu um desmentido “clintonesco” de qualquer envolvimento em produzi-los, negando vigorosamente que conhecia Cain quando ele estava na NRA. (Dã!)

E agora, após uma semana de afetação conservadora sobre denúncias vagas e anônimas contra Cain, de repente ficamos sabendo de acusações de agressão sexual bastante específicas vindas de uma acusadora nova em folha de... Chicago.

Herman Cain nunca viveu em Chicago. Mas você sabe quem morou por lá? David Axelrod! E adivinhe quem morou no mesmíssimo edifício de Axelrod? Acertou de novo: Sharon Bialek, a mais recente acusadora de Cain.

As acusações de Bialek foram realmente específicas, mas também demonstraram por que denúncias anônimas são inúteis.

Em vinte e quatro horas após a conferência Bialek para a imprensa, amigos e conhecidos dela começaram a dizer que ela é uma oportunista, que estava constantemente em apuros financeiros – tendo declarado falência pessoal por duas vezes – e, claro, que tinha vivido no apartamento de Axelrod na 505 North Lake Shore Drive, onde, admite ela, conheceu o homem que o New York Times chama de “músculo a soldo” de Obama.

Acrescente um pouco de evasão fiscal federal e ela será a próxima escolha de Obama para o ministério.

A razão de tudo isso ser relevante é que Axelrod Daley têm um histórico de manchar a reputação de adversários políticos desenterrando alegações de má conduta sexual contra eles.

John Brooks, ex-chefe dos bombeiros de Chicago, entrou com uma ação contra Daley há seis meses, alegando que Daley o ameaçou com acusações de assédio sexual caso Brooks não renunciasse. Ele se demitiu, e descobriu-se posteriormente que as acusações de assédio sexual eram totalmente falsas.

Enquanto isso, como amplamente mostrado no meu livro “Guilty: Liberal ‘Victims’ and Their Assault on America”, a única razão pela qual Obama se tornou senador dos EUA – fato que lhe permitiu concorrer à presidência – foi que David Axelrod puxou da cartola registros de divórcio sigiloso contra, primeiramente, o adversário democrata de Obama nas primárias e, posteriormente, contra o adversário republicano de Obama.

Um mês antes das primárias dos Democratas de 2004 para o Senado dos EUA, Obama estava em posição muito desvantajosa nas pesquisas, a ponto de perder para Blair Hull, um empresário multimilionário do setor financeiro.

Eis que então o jornal Chicago Tribune – onde Axelrod trabalhava – começou a publicar alegações de que a segunda ex-esposa de Hull, Brenda Sexton, havia solicitado uma ordem de proteção contra ele durante o processo de divórcio do casal em 1998.

A partir dali e até o dia da eleição, Hull viu-se envolvido na luta contra as acusações de que era um “espancador de esposas”. Ele e sua ex-esposa por fim concordaram em liberar seus registros de divórcio sigilosos. Sua primeira ex-esposa, as filhas e a babá o defenderam em uma conferência de imprensa, jurando que ele nunca fora violento. Durante um debate dos Democratas, Hull foi forçado a explicar que sua mulher o havia chutado e que ele apenas havia feito o mesmo em retribuição.

A substancial vantagem de Hull apenas um mês antes das primárias desabou com a atenção ininterrupta da mídia para os registros de seu divórcio. Obama tomou a frente do pelotão e venceu as primárias. Hull terminou em terceiro, com 10% dos votos.

Felizmente para Axelrod, o adversário de Obama nas eleições gerais também havia se divorciado.

O candidato republicano era Jack Ryan, formado nas faculdades de direito e administração de Dartmouth e de Harvard, que havia abandonado sua lucrativa sociedade na Goldman Sachs para ensinar em uma escola do centro da cidade no South Side de Chicago.

Entretanto, em uma disputa de custódia infantil alguns anos antes, a ex-mulher de Ryan, a ardente atriz de Hollywood Jeri Lynn Ryan, alegara que, enquanto estava casados, Jack a tinha levado para clubes de trocas de casais em Paris e Nova York.

Jack Ryan negou as acusações veementemente. No interesse de proteger seu filho, ele também solicitou que os registros fossem colocados permanentemente sob sigilo.

Os agentes infiltrados de Axelrod no tribunal obtiveram os documentos “sigilosos” e, na mesma hora, estes foram parar nas mãos de todos os investigadores políticos de Chicago. Sabendo perfeitamente bem o que constava nos registros, os advogados do Chicago Tribune voaram para a Califórnia e pediram que o tribunal oficialmente “retirasse o sigilo”, apesar das objeções de Jack e Jeri Ryan.

Excelentíssimo senhor juiz, quem sabe o que pode haver nesses registros?

Um juiz da Califórnia ordenou que os documentos fossem abertos, o que permitiu aos jornais publicar as lascivas alegações, e quatro dias mais tarde Ryan abandonou a disputa, sob pressão de republicanos estúpidos (que deveriam ter sido perseguidos e abatidos).

Com Alan Keyes sendo o substituto de última hora como adversário republicano de Obama, este foi capaz de estabelecer o recorde em uma eleição ao Senado de Illinois, vencendo com uma margem de 43%.

E foi assim que Obama se tornou senador, quatro anos depois de perder uma corrida do Congresso para Bobby Rush. (Por conta de uma série de eventos desastrosos, Rush não era divorciado.)

Axelrod destruiu os dois únicos homens que estavam entre Obama e o Senado com alegações sensacionalistas sobre seus passados obtidas ilicitamente.

Em 2007, muito tempo depois de Obama estar seguramente abrigado no Senado dos EUA, o New York Times informou que “o repórter do Tribune que escreveu a matéria original (sobre os registros sigilosos do divórcio de Hull) posteriormente reconheceu na imprensa que a campanha de Obama havia ‘trabalhado agressivamente nos bastidores’ para que a história fosse publicada”.

Alguns tinham sugerido, continuava o artigo do Times, que Axelrod teve “um papel ainda mais significativo: que ele havia ‘vazado’ a história inicial”.

Desta vez, os pequenos ajudantes de Obama não apenas lançaram uma bomba nas primárias republicanas, mas esperam também destruir o homem que priva os democratas de seu único argumento para 2012: Se você se opõe a Obama, então deve ser racista.

Escrito por Ann Coulter, 14 Novembro 2011
Publicado no WND.
Tradução: Rodrigo Dubal

OBAMA FAZ LIQUIDAÇÃO DA AMÉRICA LATINA PRA COMUNISTAS


Notícias Faltantes - Comunismo


Sem oposição visível da Administração Obama, Ortega roubou a eleição presidencial violando a Constituição da Nicarágua que limita um presidente a dois mandatos. É o método de Hugo Chávez de apreensão e manutenção do poder.

Enquanto a mídia dos EUA continua preocupada com as alegações infundadas de assédio sexual contra Herman Cain, a América está perdendo de novo a Nicarágua para os comunistas. O flagrante roubo nas eleições neste país da América Central tem sido ignorado pelas manchetes na imprensa, proclamando que Daniel Ortega ganhou a reeleição de forma avassaladora. A Administração Obama, que tem incentivado o processo na “Primavera árabe”, o qual resultou em ganhos islâmicos no Oriente Médio, tem se recusado até agora a condenar o roubo da democracia na Nicarágua.

Ortega, um acusado pedófilo (sexual child abuser) e os seus camaradas comunistas do movimento Sandinista, tomaram o poder em 1979 com a ajuda do presidente Democrata dos EUA, Jimmy Carter, o qual declarou que os americanos tinham um medo exagerado do comunismo. Carter cortou a ajuda ao regime pró-americano de Somoza na Nicarágua e, em seguida, propôs ajuda externa para os sandinistas. Carter também perdeu o Irã dos mulás fanáticos no ponto em que adquiririam armas nucleares.

Em 1990, os sandinistas foram forçados a ceder o poder e realizar eleições livres, perdidas por eles, em face de uma revolta militar liderada pelos Contras, combatentes da liberdade da Nicarágua apoiados pelo sucessor de Carter, o presidente republicano Ronald Reagan. Mas Ortega e seus apoiadores nunca desistiram, subvertendo o processo democrático por meio de infiltração, fraude e roubo. Eles têm sido ajudados pela ajuda externa de Hugo Chávez, da Venezuela.

Desta vez, sem oposição visível da Administração Obama, Ortega roubou a eleição presidencial violando a Constituição da Nicarágua que limita um presidente a dois mandatos. É o método de Hugo Chávez de apreensão e manutenção do poder. Os companheiros de Ortega da Corte Suprema da Nicarágua violaram a Constituição e decidiram que ele poderia disputar a presidência novamente.

O New York Times citou Robert Pastor, professor de relações internacionais na American University, que disse que a decisão de Ortega de buscar a reeleição foi um “retrocesso para a democracia na América Central”, mas que ele “não é o revolucionário dos anos 70” [1]. Ele acrescentou que “Seria um grave erro para os Estados Unidos retornar para uma nova era de hostilidade”.

O jornal esqueceu de observar que Pastor trabalhou para Jimmy Carter, quando os sandinistas tomaram o poder. Ele foi assessor de segurança nacional dos EUA sobre a América Latina e no Caribe neste período. Nos últimos anos ele vem promovendo a “comunidade norte-americana”, que seria mesclar as economias e, talvez, os sistemas sociais e políticos dos EUA, Canadá e México.

A AP no The Washington Post chamou Ortega de “um sandinista revolucionário de outrora” (“one-time Sandinista revolutionary”). Porém, não há nenhuma evidência de que Ortega já deixou de ser um revolucionário.

O site La Voz del Sandinismo destaca os elogios para Ortega, Hugo Chávez, Raúl Castro e para o Partido Comunista Espanhol, entre outros marxistas e anti-americanos de esquerda.

Tivemos que ir a uma fonte de notícias estrangeiras, El País, um jornal diário espanhol, para ler sobre os cabos divulgados pela WikiLeaks que documentam os laços sandinistas com os traficantes de drogas.

A Republicana Ileana Ros-Lehtinen, presidente da Comissão dos Assuntos Externos da Câmara, disse que a nossa mídia deveria ter relatado como o fato - que a eleição de domingo na Nicarágua “foi uma farsa completa”.

Ela explicou: “Segundo a Constituição da Nicarágua, Ortega não era elegível para correr para mais um mandato como presidente. Mas ele forçou seu caminho para a votação através de um esquema corrupto que atropela os mandatos constitucionais da Nicarágua. E uma vez que ele forçou o seu caminho para a votação, Ortega usou de truques para se certificar de que iria ganhar. Ele negou a incontáveis nicaragüenses o direito ao voto, a fim de colocar a votação a seu favor. Ele aprendeu, claramente, com seus amigos ditadores da região, tal como Hugo Chávez, que é um especialista em espezinhar a democracia”.

Ros-Lehtinen disse que ela havia enviado uma carta ao Departamento de Estado pedindo a Administração para “acordar” para o esquema de Ortega de se agarrar ao poder, acrescentando: “Os EUA e outras nações responsáveis não podem reconhecer o resultado desta eleição roubada”.

Ela pediu antes das eleições:

• Quais ações o Departamento de Estado estavam tomando para garantir que a democracia e o Estado de Direito estão defendidos na Nicarágua?

• O Departamento de Estado irá reconhecer a legalidade das eleições em novembro se é permitida a participação de Ortega, em clara violação da Constituição da Nicarágua?

“A Embaixada dos Estados Unidos em Manágua não quis comentar sobre a votação de domingo”, reportou o The New York Times. Na segunda-feira, um porta-voz do Departamento de Estado de nome Victoria Nuland foi citada como questionando se as eleições foram transparentes e livres de violência, intimidação e assédio.

“Há um grande número de relatórios e nós estamos preocupados porque as condições não estavam indo bem”, disse Nuland. “E, francamente, se o governo da Nicarágua não tinha nada a esconder, deveria ter permitido um amplo monitoramento de observadores internacionais”. Nuland concluiu, no entanto, que o Departamento esperaria para o comentário “formal”.

Estes comentários breves e insuficientes vieram no final do briefing de imprensa de segunda-feira do Departamento de Estado.

Um dos adversários de Ortega na eleição, Fabio Gadea, disse que a oposição não aceitará os resultados apresentados pelo Conselho Supremo Eleitoral, porque há motivos para crer que ocorreu “uma fraude de proporções sem precedentes e arranjos”.

The Economist, uma publicação britânica, reconheceu o estado de coisas na Nicarágua, em um editorial intitulado: “Como roubar uma eleição”. Ortega, que ganhou uma eleição presidencial em 2006, contra uma oposição dividida, tem uma aliança com Hugo Chávez e “parece determinado a extinguir a jovem democracia da Nicarágua”. Entre outras coisas, a publicação menciona:

- O regime de Ortega desclassificou da votação dois partidos da oposição.

-Ele enviou a polícia para saquear os escritórios de um importante jornalista investigativo do país, Carlos Fernando Chamorro.

- Foram recusadas credenciais para observadores independentes, locais e estrangeiros para monitorar a eleição.

The Economist chama Ortega de “uma fraude”, observando que nas eleições “locais em 2008 houve fraude amplamente, com a FSLN [sandinistas] recebendo erroneamente cerca de 40 prefeituras. Doadores estrangeiros suspenderam mais de US$ 100 m em protesto. Este ano, os sinais são sinistros. Cartões de voto não foram entregues em algumas áreas, e o credenciamento dos agentes dos partidos de oposição foram lentos. O governo admitiu alguns observadores eleitorais da UE, mas não há observadores independentes nacionais”.

Mas os comunistas estão satisfeitos com os resultados.

Em um comunicado divulgado pela Chancelaria venezuelana, Chávez disse que “Os povos da Nossa Grande Pátria Americana ... com alegria celebram a vitória esmagadora do presidente camarada Comandante Daniel Ortega”.

Marxistas e/ou anti-americanos de esquerda estão no controle dos seguintes países da América Latina: Venezuela, Nicarágua, Equador, Bolívia, Argentina, Peru, Cuba e Brasil.

A administração Obama parece perfeitamente bem com isso, chegando ao ponto de ajudar a uma empresa de energia espanhola, a Repsol, a desenvolver as capacidades cubanas na perfuração offshore de petróleo.

A republicana Ros-Lehtinen acompanhou os representantes Albio Sires (D-NJ), Mario Diaz-Balart (R-FL), e David Rivera (R-FL) no envio de uma carta bipartidária para o presidente Obama protestando sobre essa ajuda. Sua carta diz que a assistência, orientação e assessoria técnica à Repsol do Departamento de Interior viola a Lei - Enemy Act.

Sob Obama, o Departamento de Estado também ampliou viagens e remessas para Cuba, apesar de um refém americano, Alan Gross, estar detido pelo regime de Castro.

Nota:

[1] O professor Robert Pastor, com essa afirmação, ou desconhece ou desinformou propositadamente, pois Daniel Ortega continua o mesmo “revolucionário” de sempre, considerando que seu partido (FSLN) e ele próprio pertencem ao Foro de São Paulo (FSP) e que membros das FARC têm acolhida de irmão em território nicaragüense, além de negócios de armas e drogas com os terroristas colombianos. E tanto é assim que no Encontro do FSP de 2008, ocorrido em maio, em Montevidéu, Ortega enviou sentidas “condolências” à família de Manuel Marulanda “Tirofijo”, no encerramento do Encontro, conforme pode-se ver no vídeo abaixo. E quando Raúl Reyes, o número 2 das FARC foi abatido, em 1º de março, em Sucumbíos, Equador, ele fez duríssimas críticas ao presidente Uribe alegando que o ato foi um “bárbaro assassinato”.



Escrito por Cliff Kincaid, 14 Novembro 2011

CARTA ABERTA AOS HEMATÓFAGOS

“O lugar digno de execração onde o cristianismo chocou seus ovos de basilisco” — escreveu Nietzsche, em O Anti-Cristo — “será completamente arrasado, e este lugar maldito sobre a terra inspirará horror às gerações futuras. Nele serão criadas serpentes venenosas”.
Se interpretamos a frase lato sensu, tomando o Egeu e o Mediterrâneo como focos primeiros de transmissão do cristianismo, estive em uma dessas chocadeiras, mais precisamente Lindos, na ilha de Rodes.

Entra-se na cidade pela baía onde, segundo a tradição, Paulo teria aportado em sua terceira viagem de apostolado, introduzindo os Evangelhos no Ocidente. A entrada da baía é árida e escarpada e fiz a mim mesmo um propósito: vou subir no penhasco mais alto e fazer xixi lá de cima. Não foi preciso nem seria conveniente. Na praia, em vez de serpentes venenosas, miríades de suecas nuas. Pelo menos ali os ovos haviam gorado. Melhor mergulhar daquele barco sem pressa e varar a braço os poucos metros que me separavam do Valhala. Junto com outros apressadinhos que haviam tido a mesma idéia, joguei-me do barco e lá me fui, braço e braço, rumo às suecas, rumo às suecas, nuas, nuas.

Paulo sempre me lembra sangue, perdoem-me os “leitores” da Bíblia que só a carregam sob o sovaco. De maior assassino de cristãos no século de emersão do cristianismo, travestiu-se em maior divulgador do novo monoteísmo. Cansado de derramar o sangue dos primeiros cristãos, passou a vender o sangue de Cristo como elixir da salvação. “O cálice de benção que benzemos” — escreve aos coríntios — não é a comunhão do sangue de Cristo?” Aos efésios, lembra: “Naquele tempo estáveis sem Cristo, sem direito de cidadania de Israel, alheios às alianças, sem esperança da promessa e sem Deus neste mundo. Mas em Jesus Cristo, vós, que antes estáveis longe, agora vos aproximastes pelo seu sangue”.

Na Epístola aos Hebreus, Paulo — ou quem quer que tenha sido seu ghostwriter — nos mostra um Cristo como Sumo Sacerdote dos bens vindouros, penetrando um tabernáculo mais excelente e mais perfeito, não feito por mãos do homem. Não leva consigo o sangue de carneiros ou bezerros, “mas com seu próprio sangue entrou uma só vez no santuário, adquirindo-nos uma redenção eterna. Pois se o sangue de carneiros e de touros e a cinza da novilha, com que se aspergem os impuros, santificam e purificam pelo menos os corpos, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito Eterno ofereceu a si mesmo como vítima sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência das obras mortas para o serviço do Deus vivo?”

Na narrativa bíblica, do Antigo ao Novo Testamento, o sangue é conditio sine qua non da salvação. Moisés inaugura a Antiga Aliança entre Deus e o povo eleito com o sangue dos animais sacrificiais e Cristo sela a Nova Aliança com seu próprio Sangue. Seria possível, mas monótono, enumerar as dezenas de vezes em que os autores bíblicos clamam por sangue para salvar-se.

No Apocalipse, os puros, envoltos em vestes brancas, são salvos pelo sangue do cordeiro: “Esses são os sobreviventes da grande tribulação: lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do cordeiro”. Jeová, ou Adonai ou Eloim, ou como quer que se chame o deus judaico, é deus sedento de sangue, inclusive humano. A Abraão, ordenou que lhe oferecesse o sangue de Isaac. Pode-se objetar que interrompeu a trajetória do punhal do pai de Isaac. Mas sua sede de sangue não fora saciada: Cristo não teve sursis.

Em meio a isso, correu solta a farra-do-boi, nesta Semana Santa, na ilha e no litoral catarinense. Seus defensores — que são legião — alegam tratar-se de uma antiga tradição açoriana e que, como tal, não pode ser proibida ou reprimida. Não demonstram conhecer história, estes senhores. Esta sede de sangue, como vimos, vem de bem mais longe. Esta orgia de sangue e sadismo só pode ser concebida dentro de um caldo cultural cristão. E não é por acaso que a farra atinge seu auge nos dias da Paixão.

Que a farra seja cruenta, isto a mim não espanta. Para se ter uma idéia do que é capaz o ser humano, não precisamos de grandes leituras. Basta um livrinho, e dele estamos falando. A Bíblia toda é um desfile de massacres e torturas, plenamente justificáveis quando feitas em nome — ou por ordem — de Deus. Há quem afirme que o Novo Testamento vem suavizar a Lei Antiga. Os defensores desta idéia certamente esqueceram de trechear, que mais não seja, o último livrinho do Livro. Crueldade não constitui novidade para ninguém. O espantoso em tudo isto é que, tendo a farra existido desde sempre, só agora, nos últimos três anos, venha sendo denunciada.

A Igreja sempre se manteve silente sobre o assunto. Cardeais, bispos e padres, sempre tão preocupados em proibir filmes ou ocupar terras, jamais disseram uma palavra ou assinaram uma linha condenando a orgia infame, pelo menos antes da repercussão internacional da farra. Se bem que isto tampouco me espanta. Quem bebe sangue todos os dias, deve ter pego gosto pela coisa. De hematófagos profissionais, nada se pode esperar.

Literatos, intelectuais e artistas em geral, todos cientes da coisa fétida que ocorria sob suas vistas, jamais abriram o bico. Sempre preocupados em definir a identidade ilhoa, em cantar o verde e o azul dos morros e praias não perceberam — ou preferiram deixar de perceber — que o cerne desta identidade é a farra, tanto que persiste desde o povoamento da Ilha de Santa Catarina e até hoje resiste com armas, inclusive, como já ocorreu na praia de Ganchos, a qualquer tentativa de proibição. Verdade que agora começamos a ouvir tímidos chiados, afinal não fica bem compactuar com a ignomínia. Sem falar que, hoje, denunciar a farra já rende prestígio e até mesmo votos.

Na universidade, onde trafeguei pela área de Humanidades, jamais ouvi um pio sequer em torno à farra, o que não deixa de ser coerente. Boa parte dos professores desta área são défroqués ou ex-seminaristas (particularmente nos cursos de Letras) e, apesar de terem largado o hábito ou a batina, continuam cultuando o deus sanguinolento nascido no deserto. Deles, portanto, nada esperar.

Quanto ao governo e demais autoridades, menos chances ainda de qualquer reação. Fornecer bois para a farra rende votos e, o que é mais importante, preserva a incultura do ilhéu e do homem litorâneo, isto é, o mantém sob o jugo. Para perpetuar-se no poder, nada melhor que pequenos currais de eleitores estupidificados pela barbárie.

Mas uma sensibilidade nova parece estar contagiando a ilha nos últimos anos, a idiossincrasia de uma cultura onde o boi, em prosa e verso cantado, sempre foi considerado amigo e companheiro de trabalho. A partir da migração gaúcha rumo a Santa Catarina, forma-se uma massa crítica que permite a denúncia da farra. A internacionalização da denúncia, segundo me consta, foi obra de um gaúcho junto aos grupos antitaurinos em Madri. Para os que, em defesa da farra, brandem o argumento da existência das touradas, é bom lembrar que tanto na Espanha como em toda a Europa, há um movimento organizado e aguerrido lutando pelo fim das “tardes de sangre y de sol”. Com a entrada da Espanha na comunidade européia, tal propósito deixa de ser utópico, pois os demais países-membros podem muito bem optar por sanções econômicas que afetariam duramente a vida dos espanhóis. Mas voltemos à farra.

Os antitaurinos, sem conseguir acreditar na existência de um ritual mais sangrento e estúpido do que a tourada, quiseram ver para crer. Receberam um dossiê com as primeiras e tímidas denúncias da imprensa catarinense e, a partir destas, o escândalo tomou dimensões internacionais. Todo jornalista que, escandalizado com as hecatombes de todas as páscoas, registrou em seu espaço seu protesto, pode orgulhar-se de ter contribuído para esta tentativa de acabar com a farra. Verdade que esta não acabará tão cedo. Mas enquanto existirem, carregaremos a pecha de viver entre bárbaros.

Alegar que a farra é tradição açoriana, inocentando a cultura local, é prático e confortável e parece ser sinônimo de: “se é tradição, nada se pode fazer”. Mas é falso. Porto Alegre e parte do litoral rio-grandense foram colonizados por açorianos e naquelas plagas boi algum é torturado. Por outro lado, mesmo sem conhecer as Açores, não consigo acreditar que nelas se pratiquem tais vilezas. Se nelas a farra existisse, há muito teria sido denunciada pelos milhões de turistas nórdicos, alemães ou franceses que constituem seu suporte econômico.

A tradição, dizia, vem de bem mais longe. Vem do livro que está na base da cultura ocidental e que tanto sangue fez — e ainda faz — correr mundo afora. Não consigo ver como acabar, seja com a farra, seja com as corridas de touros, participando de uma cultura onde milhares de homens, todos os dias, bebem sangue. Não sei se o leitor sabe, mas quando o sacerdote consagra o vinho na missa, o vinho não é mais vinho. É sangue. E muita gente foi queimada e sangrada pela Igreja, por julgar que o vinho continuava sendo vinho, que a consagração era meramente simbólica. E se o leitor duvidar, pode perguntar até para o Leonardo Boff. Por mais avançadinho que se pretenda, aposto que não vai negar que bebe sangue todos os dias. É dogma, e fim de papo.

Enfim, voltando à farra, devo confessar que nela não é exatamente o sofrimento do boi o que mais me preocupa. E sim o que deve existir de hediondo e perverso nos seres que a praticam. Vistos de longe, até parecem gente. A tortura não degrada apenas o torturado, mas também o torturador. Na farra, no fundo, o ilhéu é o boi.

janer cristaldo

FICA, LUPI...

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse que é “osso duro de roer”. Falou como um legítimo representante do trabalhismo.

O trabalhismo, como se sabe, é a arte de se pendurar no cabide estatal e não largar o osso.

De osso, portanto, eles entendem.

E esse deve ser mesmo duro de roer. Foram mais de 500 relatórios de prestação de contas engavetados na gestão Lupi, segundo o Tribunal de Contas da União.

Pode-se imaginar o trabalho que isso deu aos trabalhistas. Haja gaveta.

Nesse festival de convênios a fundo perdido, onde o dinheiro público passeia entre ONGs e entidades companheiras, constroem-se amizades sólidas.

Lupi pode não ter um milhão de amigos, mas tem R$ 1,5 bilhão em convênios, o que dá praticamente no mesmo.

Tudo depende do ponto de vista. O Palácio do Planalto, por exemplo, achou que tinha convênio demais na história. “A gente fez um alerta”, contou o secretário geral da Presidência, Gilberto Carvalho.

O tal alerta do Palácio aconteceu há três meses. Que providência Carlos Lupi tomou?

“Ele assegurou que o que precisava ter sido feito foi feito”, explicou o próprio Carvalho.

Pronto. É por isso que Dilma Rousseff é considerada uma grande gestora. Esse tipo de controle administrativo não falha. O ministro faz um ok com o polegar, e fica tudo bem.

É de fato uma monumental economia de papel, memória digital, tempo e paciência para ficar lendo relatórios. Basta um polegar para cima, e o resto do dia fica livre para o trabalhismo, o empreguismo e demais doutrinas que enchem barriga.

Dizem que os trabalhistas de Lupi andaram cobrando propina das ONGs. Não ficou claro se era para o engavetamento ou para o desengavetamento, mas isso é detalhe. O caixa dois é deles, ninguém tem nada com isso.

O que o Brasil não aguenta mais é ver ministro inocente demitido.

O pessoal das vassouras cenográficas deveria lançar a campanha “Fica, Lupi”. Quem sabe assim as investigações vão até o fim, uma vez na vida.

O osso é duro, a cara também. Então vamos com calma.

O ministro disse que quer ver “até onde vai esse denuncismo”. O país precisa saber até onde vai esse trabalhismo.

guilherme fiuza

HÁ MAIS DE 700 PROCESSOS CONTRA JUÍZES EM TODO O PAÍS

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) revela que existem mais de 700 processos administrativos disciplinares, reclamações disciplinares, representações e pedidos de providências contra juízes de todo o país.

As informações são fornecidas pelas corregedorias gerais dos tribunais de justiça dos estados, como o do Piauí, líder do ranking, com 211 procedimentos contra juízes, seguido por São Paulo, com 134, e Amazonas, com 59.

Transparência

Como os processos trazem apenas as iniciais dos investigados, o CNJ e o Supremo Tribunal Federal (STF), pretendem agora que a população possa acompanhar o trabalho das corregedorias na apuração de faltas cometidas por integrantes do Poder Judiciário.

A decisão de divulgar essas informações foi tomada na reunião do Colégio de Corregedores dos Tribunais de Justiça.

Pelo atual sistema do CNJ, não é possível saber também o número de magistrados investigados, já que um juiz ou desembargador pode ser réu em várias ações. Há juízes que respondem a quase 30 processos.

14 de novembro de 2011
Instituto Millenium
Fonte: O Globo

A INTERLOCUTORES E LEITORES

Senhores Avraham Zajac, André Cardon, Sérgio Kalmus, senhora Marcella Becker e rabinos do Colel Iavne; meu caro Olavo de Carvalho; leitores que me escrevem dos Estados Unidos, Israel e Brasil:
Honrado por receber resposta de tão ilustres interlocutores e de tão digno colegiado.

Espanta-me, no entanto, ser considerado anti-semita. Logo eu, que já fui considerado sionista por condenar Arafat e a intifada, por condenar as pretensões árabes a Jerusalém e por defender, em meus artigos sobre o Oriente Médio, a política de Israel.

Em 1989, fui o único jornalista gaúcho a protestar contra o estande da OLP na 2ª Bienal do Livro no Rio de Janeiro. O estande da OLP – entidade que nada tem a ver com livros e muito tem a ver com fuzis e metralhadoras – tinha mais posters e camisetas de Arafat do que livros, e mantinha um vídeo reproduzindo permanentemente cenas da intifada. O mesmo estande esteve na Bienal do Livro de São Paulo, no ano anterior, e não vi jornalista algum falar em antisemitismo.

Não é justo, senhores, desqualificar-me com a pecha de anti-semita. Ao longo de minha vida errante, cultivei e ainda cultivo não poucas amigas e amigos judeus, pelos quais tenho grande apreço. Diga-se de passagem, admiro duas características na comunidade judia: são pessoas sempre cultas e não fazem proselitismo. Há ainda dois ou três meses, em uma entrevista no Orkut, eu declarava:

A recente retirada dos judeus dos territórios ocupados é uma rara demonstração de bom senso de Israel. Mas de pouco ou nada servirá para conter o ódio muçulmano. Os muçulmanos fundamentalistas têm por objetivo o fim de Israel e jamais cederão em seus propósitos.

O muro que ora está sendo construído me parece ser, infelizmente, outra solução sensata. Tampouco vai resolver o problema, já que os dois povos estão profundamente entremesclados, mas impede em parte os ataques terroristas.

Uma pergunta se impõe: porque os vizinhos árabes, de área bem mais extensa que Israel, não oferecem território aos palestinos? Os palestinos lembram um pouco o MST. Eles não querem apenas terra, querem o poder. Terras, os palestinos já as têm. Por que continuam na miséria? Por que não conseguem a prosperidade de Israel?

Há ódios eternos. Eu suponho que daqui a mil anos os muçulmanos ainda estarão em guerra com Israel. É difícil encarar uma democracia triunfante –a única do Oriente Médio – no pátio do vizinho. Os árabes teriam de chegar ao século XXI para se pensar em algum tipo de paz permanente. Mas eles correm com 400 anos de atraso.

Em 2002, Marilene Felinto, então cronista da Folha de São Paulo, glorificou as palestinas terroristas que se explodiam em Israel: “As mulheres-bombas muçulmanas são a glorificação do suicídio pelo estoicismo, pelo auto-sacrifício - elas agem no intuito de que a justa defesa do bem público prevaleça sobre o direito do agressor ao corpo e à vida”. O único jornalista brasileiro a denunciar a cumplicidade da colunista com o terror fui eu.

Em meu artigo, “Terror explode Ventres”, publicado em 05/04/2002, escrevi:
“Gerar mortes, ao longo da história, sempre foi ofício masculino. Gerar vida, por natureza e definição, é atributo feminino. Os terroristas palestinos, em sua insânia, passaram a usar ventres como bombas. Até aí, nada de espantar. Terror não tem ética nem limites. O que causa espécie, em um jornal que se pretende defensor dos direitos humanos, é ouvir uma
jornalista glorificando o terror. Logo agora que o terror passou a explodir mulheres”.

Isso sem falar no artigo citado pelos senhores e publicado no De Olho na Mídia, onde manifesto minha condenação ao terrorismo palestino que fustiga Israel. Causa espécie a meus interlocutores que o mesmo articulista que escreveu “Mídia canoniza Nobel terrorista”, a propósito de Arafat, tenha escrito a crônica “Sobre Maimônides”. Posso assegurar-lhes, senhores, que o articulista é o mesmo. Continua condenando o terrorismo de Arafat, ao mesmo tempo em que não aceita as proposições de Maimônides. Ou da Torá,
como quisermos.

Deixo os ataques pessoais de lado e vou ao cerne da questão, os hábitos da comunidade judaica de Higienópolis e os preceitos de Maimônides. Escrevem meus contestadores: “O articulista do Mídia critica os judeus por não apertarem botões aos sábados, e por andarem de capas de chuva “vagabundas”, ao invés de guarda-chuvas.
Se sente incomodado por eles não darem mãos a mulheres em público e por andarem de tênis no dia mais santo judaico, o Dia do Perdão, o Yom Kipur”. (...) “Agora são apontados e menosprezados por usarem ‘capas de chuva vagabundas’ e ‘tênis em lugar de sapato’”

Ora, em momento algum critiquei os judeus por não apertarem botões nem declarei sentirme incomodado por não darem as mãos às suas mulheres. Em momento algum menosprezei alguém por usar capas de chuva ou tênis. Tênis é calçado que uso quase diariamente. Como cidadão do Ocidente, apenas manifestei minha estranheza em relação a tais comportamentos (por exemplo, usar tênis com terno e gravata), e nada mais que isso.

Considerei-os obsoletos, e não me parece que considerar obsoletas determinadas práticas possa constituir anti-semitismo. Considero estratégia mesquinha colocar palavras ou intenções na boca de um interlocutor para melhor atacá-lo. “Um homem, mesmo tendo 100% de certeza de que uma mulher não está menstruada – escrevem meus contestadores – e ainda que seja sua esposa; mesmo assim, pelas leis mais estritas judaicas, não pode cumprimentá-la em público. E porque? Por questão de recato.
Para preservar carinhos e troca de afagos para os momentos íntimos e particulares com a sua amada”.

Ora, não vejo nenhuma falta ao recato em dar a mão a uma mulher. Assim fosse, todos os cristãos deste país seriam despudorados irremediáveis. Meus interlocutores parecem não ter lido a Torá.
Lá está, em Levítico 15:19-24: “E mulher, quando tiver fluxo, e o fluxo da sua carne for de cor sangüínea, sete dias ficará separada na sua impureza; e todo aquele que tocar nela será impuro até a tarde.
E tudo sobre o que se deitar na sua impureza será impuro, e tudo sobre o que ela se sentar será impuro. E todo que tocar no seu leito, lavará suas vestes, se banhará em água e será impuro até a tarde. E quem tocar sobre o leito ou sobre o objeto em que ela está sentada, tocando neles, será impuro até a tarde. E se um homem deitar com ela, a sua impureza passará sobre ele, e ficará impuro sete dias; e toda cama em que ele se deitar, se fará impura”. Ora, para mim, cidadão ocidental e vivendo neste século, soa muito estranho considerar impura uma mulher em seus dias de menstruação.

Como não quero estender-me em uma discussão que já se arrasta por demasiado tempo, vou ater-me apenas a dois tópicos mais. Segundo meus interlocutores, não mencionei que a “cidade apóstata era um local onde o assassinato e o roubo eram institucionalizados, e onde 100% dos habitantes eram idólatras, que faziam sacrifícios humanos, de crianças e virgens
para seus deuses?”.

Logo após afirmam: “o Talmud diz que nunca houve uma cidade apóstata no mundo, onde 100% das pessoas eram idólatras, ficando o preceito válido apenas como norma dissuasória, e não para aplicação na prática”. Assim sendo, o preceito 186 era ocioso e não precisava ter sido escrito.
Para concluir, meus interlocutores afirmam: “Curioso é notar, que na verdade, os ataques do articulista não são contra o rabino, como ele faz parecer. São contra a bíblia em si, já que tudo que Maimônides fez foi compilar estas leis”. Bingo! Descobriram a América. Ora, desde meus 17 anos venho expondo minhas objeções à Bíblia e, neste nosso mundo ocidental, por enquanto pelo menos, não é crime tecer críticas à Bíblia.

Afinal, não vivemos em sociedades como a islâmica, onde a menor crítica ao Corão é respondida com uma fatwa. E já que da Bíblia se trata, quero transcrever este momento que encontro em minha Torá, em Deut. 7:1-5: "Quando te levar o Eterno, teu Deus, à terra à qual tu vais para herdála, e lançar fora muitas nações de diante de ti: o Hiteu, o Guirgasheu, o Emoreu, o Cananeu, o Periseu, o Hiveu e Jebuseu - sete nações numerosas e mais fortes do que tu -, e as dará o Eterno, teu Deus, diante de ti e tu as ferirás; tu as destruirás totalmente, não farás aliança alguma com elas e não lhes darás pousada na terra. (...) Mas assim fareis com elas: seus altares derrubareis, suas Matsevot quebrareis, suas árvores idolatradas cortareis e seus ídolos queimareis no fogo".

Minha pergunta: por que destruir as cidades dos heteus, dos gergeseus, dos amorreus, dos cananeus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus? Por que derrubar seus altares, quebrar suas Matsevot, cortar suas árvores idolatradas e queimar seus ídolos?

Há alguma diferença entre este propósito e as declarações do presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad, do dia 26 de outubro passado: “O Estado sionista ocupante de Jerusalém deve ser varrido do mapa”?
Pelas mesmas razões que não aceito os propósitos de Ahmadinejad não posso aceitar estas prescrições da Torá.
Last but not least, em seu último artigo, Olavo de Carvalho escreve: “nós aqui assumimos a plena responsabilidade moral do que publicamos, e não nos sentimos isentos de culpa pelo que Janer Cristaldo escreveu.
Ao contrário, assumimos essa culpa”. Ora, caro editor, não precisa assumir. Ao pé de cada artigo do MSM está escrito: “Os artigos publicados com assinaturas no MSM são de responsabilidade exclusiva de seus autores”.

janer cristaldo
10 de janeiro de 2006

SOBRE MAINÔNIDES

Vivo em Higienópolis, bairro judeu, cujos costumes e rituais me soam bastante estranhos.

Aos sábados, quando chove, senhores e senhoras elegantes se cobrem com capinhas vagabundas de plástico, dessas que se compra a cinco reais nas bancas de revista. Casais nunca se dão as mãos. Em um determinado dia do ano, homens engravatados e bem postos não usam sapatos, apenas tênis. Aos poucos, comecei a descobrir as firulas da ortodoxia judaica. Usam capas no sábado, porque no sábado um judeu não pode portar um guardachuva.

A rigor, não pode nem apertar um botão de elevador. O que faz com que
apartamentos de primeiro andar sejam muito valorizados. Há inclusive no bairro um prédio com um elevador casher: aos sábados, ele pára em todos os andares sem que nenhum botão precise ser acionado.

Judeu não dá a mão a uma mulher porque ela pode estar impura, isto é, menstruada. Neste sentido, no ano passado, quando ainda prefeita, Marta Suplicy pagou uma gafe monumental. Num encontro com rabinos, foi logo estendendo a mão. Que restou inútil, balançando no ar. Henry Sobel, mais diplomático, ousou responder ao gesto da pustulenta.

Quanto ao uso de tênis, ocorre no Yom Kipur, quando um judeu não pode usar sapatos de couro.
Com essa moda de espalhar vacas em fibra de vidro pela cidade, uma delas esteve plantada frente à praça Buenos Aires, tendo no corpo o desenho dos cortes casher da carne.
Olhando-a mais detidamente, vi que nela não existiam filé nem picanha. Consultei amiga entendida nesta estranha gastronomia, que rejeita o melhor do boi. Não pode, me disse ela.
São carnes que ficam perto do nervo ciático. Como palavra puxa palavra, fiquei sabendo ainda que judeu não come crustáceos. Nada de lagosta, camarão, ostras ou mexilhões. Nem mesmo polvos. Vá lá se entender por quê. À ortodoxia, o bem bom sempre soa como pecaminoso.

Vivendo e aprendendo. Estes senhores hebreus, que parecem tão modernos e civilizados, no fundo não se distinguem muito, em suas práticas, de seus primos muçulmanos e obsoletos.

Enfim, para entender a estirpe, consultei amiga judia. Que me recomendou ler Maimônides, um dos rabinos e teóricos mais prestigiados da história do judaísmo. Médico sefardita, conhecido entre os muçulmanos como Abu Imram Musa ben Maimun Ibn Abdala, Maimônides nasceu em Córdoba, em 1135 e morreu em 1204. Também conhecido como

Rambam, escreveu vários ensaios, médicos e religiosos, desde um tratado sobre as hemorróidas até o que é considerado sua obra maior, o Guia dos Perplexos. Mas um de seus livros me atraiu de cara: Os 613 Mandamentos. Só o título já intriga. Se lembrar dez já é às vezes difícil para muito cristão, imagine lembrar 613.

São 248 preceitos positivos e 365 negativos. Suponho que o judeu temente ao Enaltecido deve andar sempre com um no bolso, para consultar o que pode ou não pode fazer. Colho algumas pérolas entre as 365, para deleite dos leitores goyin.

Começo pelos preceitos positivos.

185 - Destruir todo tipo de idolatria na terra de Israel
Por este preceito somos ordenados a destruir todo tipo de idolatria e seus templos por todas as maneiras possíveis de destruição e aniquilação: quebrar, queimar, demolir e rasgar, usando, para cada objeto, o meio apropriado para que a destruição seja feita o mais completa e rapidamente possível, pois a intenção é que não reste nem traço dele. Isso está
expresso em Suas palavras, enaltecido seja Ele, "Certamente destruíreis dos lugares"
(Deuteronômio, 12:2), em "Mas assim fareis com elas: seus altares derrubareis etc." (Ibid. 7:5) e novamente em "Porém seus altares derrubareis" (Êxodo, 34:13).

186 - A lei da Cidade Apóstata
Por este preceito somos ordenados a matar todos os habitantes de uma Cidade Apóstata e a queimá-la com tudo que houver nela. Esta é a Lei da Cidade Apóstata, e ela está expressa em Suas palavras, enaltecido seja Ele, "E queimarás no fogo, a cidade e todo o seu despojo, inteiramente" (Deuteronômio, 13:17). As normas deste preceito estão explicadas no Tratado Sanhedrin.

187 - A guerra contra as Sete Nações hereges
Por este preceito somos ordenados a exterminar as Sete Nações que habitavam a terra de Canaã, porque eles constituíram a raiz e primeiro fundamento da idolatria. Este preceito
está expresso em Suas palavras, Enaltecido seja Ele, "Mas destrui-los-ás". (Deuteronômio 20:17). Está explicado em vários textos que o objetivo disso era evitar que imitássemos sua heresia. Há vários trechos nas Escrituras que nos incitam e insistem veementemente para que os exterminemos, e a guerra contra eles é obrigatória.

190 – A lei da guerra não obrigatória
Por este preceito somos ordenados quanto a guerras não obrigatórias contra nações. Caso entremos em guerra contra eles, somos obrigados a fazer um acordo com eles para poupar suas vidas se eles fizerem as pazes conosco e nos entregarem suas terras, e nesse caso eles deverão nos pagar tributos e ser nossos súditos. Este preceito está expresso em Suas palavras, enaltecido seja Ele, “Te será tributário ou te servirá” (Deuteronômio 20:11).
A esse respeito, diz o Sifrei: “Se eles disserem ‘nós concordamos com os tributos mas recusamos a servidão’, ou ‘concordamos com a servidão, mas nos recusamos a pagar os tributos’, não devemos concordar: eles devem aceitar as duas condições” (...) Contudo, se eles não fizerem a paz conosco, somos ordenados a matar toda a população masculina, jovens e velhos, e a tomar tudo que lhes pertence, inclusive suas mulheres. Este preceito está expresso em Suas palavras, enaltecido seja Ele.

235 – A lei sobre o escravo cananeu
Por este preceito somos ordenados quanto à lei sobre um escravo cananeu; ela diz que ele deve ser escravo para sempre e que não pode adquirir sua liberdade a não ser por causa de um dente ou um olho (se o dono do escravo lhe causar a perda de um dente ou de um olho), ou por causa de qualquer outro órgão do corpo que não torne a crescer, de acordo com a interpretação tradicional. Este preceito está expresso em Suas palavras “Perpetuamente vos farei servir deles” (Levítico 25:46) e, “E quando ferir um homem o olho de seu escravo etc.” (Êxodo 21:26).

Vejamos alguns preceitos negativos.

49 - Não poupar a vida de um homem das Sete Nações Idólatras
Por esta proibição somos proibidos de poupar a vida de qualquer homem que pertença a uma das Sete Nações para evitar que eles corrompam as pessoas e as levem para o caminho errôneo da idolatria. Esta proibição está expressa em Suas palavras, enaltecido seja Ele, "Não deixarás com vida todo que tiver alma" (Deuteronômio, 20:16). Matá-los constitui um preceito positivo, como explicamos ao tratar do preceito positivo 187.

Todo aquele que transgredir esta proibição, deixando de matar todo aquele que ele poderia ter morto estará infringindo um preceito negativo.

257 – Não utilizar um servo hebreu para executar tarefas degradantes
Por esta proibição somos proibidos de utilizar um escravo hebreu para executar tarefas domésticas degradantes, como as que são executadas pelos escravos cananeus. Ela está expressa em Suas palavras, enaltecido seja Ele, “Não o farás servir com serviço de escravo”
(Levítico 25:39).

Curiosamente, mais adiante lemos:

289 – Não matar um ser humano
Por esta proibição somos proibidos de matar-nos uns aos outros. Ela está expressa em Suas Palavra “Não matarás” (Êxodo 20:13), e todo aquele que violar este preceito negativo será decapitado. O Enaltecido diz: “Do meu altar o tirarás, para que morra” (Ibid., 21:14)
O sábio rabino parecia ser curto de memória. Vejamos outro preceito, logo adiante:

310 – Não deixar viver um feiticeiro
Por esta proibição somos proibidos de permitir que um feiticeiro viva. Ela está expressa em Suas palavras “Feiticeira não deixarás viver” (Êxodo 22:17), Permiti-lo é quebrar um preceito negativo, e não somente um preceito positivo, como no caso de perdoar um malfeitor que esteja sujeito à morte por sentença judicial.

E por aí vai. Grande humanista, o santo e sábio Maimônides. Que o Enaltecido o tenha em sua glória. Verdade que não é muito original. Estes preceitos sanguinolentos emanam dos livros da Torá, sempre citada pelo magnânimo rabino. E depois os judeus se queixam de ser uma raça perseguida.

janer cristaldo
12 de dezembro de 2005

A NOVA ORDEM MUNDIAL ESTÁ SE DESINTEGRANDO


A Nova Ordem Mundial está em apuros. A subdivisão europeia está visivelmente em processo de desintegração.

É fácil perceber quando um importante arranjo da NOM entrou em crise. Os representantes da grande mídia perguntam repetidamente aos porta-vozes do alto escalão: "Os atuais eventos ameaçam seus planos?" E eles respondem: "Não, trata-se apenas de uma anormalidade temporária". E esse mantra é repetido incessantemente. Enquanto isso, os eventos que geraram a pergunta seguem irreprimíveis, tornando-se cada vez mais ameaçadores.
Outro sinal de que há uma verdadeira crise é quando os líderes políticos mundiais fazem sucessivas reuniões em um curto espaço de tempo, algo chamado 'reunião de cúpula' ou 'encontro de líderes'.

Uma cúpula significa "o topo do monte". Os burocratas do mais alto escalão se encontram em privado, mas a reunião é visível para toda a mídia.
Os jornalistas adoram uma reunião de cúpula porque tais encontros sempre ocorrem em hotéis elegantes e em localidades pomposas. Afinal, quem levaria a sério uma reunião ocorrida em, sei lá, Hoboken, Nova Jersey? Ninguém. Por isso, os líderes se encontram apenas em locais extremamente caros e sofisticados. Os jornalistas designados para cobrir o evento se deliciam às expensas de seus jornais. E todos os envolvidos se divertem bastante.

O problema com essa estratégia é que sempre aparecem alguns manifestantes, e eles quase nunca são importunados. Eles não se hospedam no mesmo hotel luxuoso. A mídia jamais relata onde exatamente eles se hospedam. De alguma forma um tanto estranha, milhares deles possuem dinheiro sobrando para gastar com passagens aéreas. Eles provavelmente encontram abrigo em algum subsolo de alguma loja a preços camaradas. E então eles saem para se manifestar em frente ao hotel, carregando cartazes e fazendo muita balbúrdia. "Chega disso! Chega daquilo! Chega disso! Chega daquilo!". Alguns até carregam um cartaz escrito "Libertem Mumia!". E tudo segue inalterado até o fim do encontro.

Algumas vezes, as coisas ficam um pouco violentas, e alguns manifestantes são presos.
Os membros da cúpula nunca se manifestam publicamente sobre os protestos. E a mídia educadamente jamais faz perguntas a respeito.
Findado o encontro, os líderes soltam um comunicado à imprensa assegurando ao mundo que a reunião foi repleta de discussões francas. E que novas discussões francas serão mantidas por membros de um comitê permanente que foi criado com a missão de examinar as questões com mais profundidade. Os participantes então se reúnem para uma foto do grupo. E assim termina o encontro.

E Mumia continua preso.
Reuniões seguidas

Quando o grupo se reúne novamente em menos de dois meses para analisar O Problema, podemos ter a certeza de que as pessoas do topo do monte — e aqui me refiro ao topo verdadeiro, aos poderosos que jamais aparecem na mídia, e não aos seus meros representantes eleitos — estão com sérios problemas. O encontro anterior de seus porta-vozes não acalmou a situação. A crise só fez piorar.
Assim, uma ordem é emitida do Alto Escalão para os Líderes Oficiais: é melhor agendar outra reunião de cúpula. O comunicado à imprensa emitido pela última reunião não funcionou.
Ato contínuo, os Líderes Oficiais pedem às suas assistentes para agendarem uma reserva em outro hotel garboso. Eles fazem as malas, juntam seu séquito, acionam as turbinas de seus jatos exclusivos para Líderes Oficiais, e voam para outra cidade de prestígio, onde será realizado o próximo encontro.
Eles se reúnem em privado, mas desta vez permitem que os fotógrafos da mídia adentrem o recinto para tirar algumas fotos, as quais devem retratar uma ostentosa discussão franca entre os dois mais proeminentes Líderes Oficiais — uma alemã e um francês (ou, o que é mais raro, os três principais, ao qual se inclui um italiano). A fotografia mostra os Líderes sentados em cadeiras de $2.500 e com um semblante de muita preocupação.

E então o grupo solta outro comunicado à imprensa anunciando a criação de uma estrutura permanente para futuras discussões sobre O Problema.
As bolsas de valores ao redor do mundo sobem acentuadamente por um dia. E então, no dia seguinte, elas caem de volta para o nível em que estavam no dia anterior ao comunicado à imprensa.

Eis uma regra inquebrável: se houver uma terceira reunião de cúpula em um período de três meses, é porque o sistema bancário está realmente com sérios problemas. Se, entre a segunda e a terceira reunião, houver algumas falências de bancos ou de corretoras dos quais o público jamais ouviu falar, mas os quais revelaram possuir ativos de dezenas de bilhões de dólares, então o pessoal do topo do monte estará em pânico.

Eles estarão se perguntando, "Quem será o próximo?" Cada um deles irá pensar, "Talvez seja o meu banco". Mas é claro que eles irão mencionar entre si apenas algum grande banco que vem tentando há anos entrar nesse círculo de privilegiados, mas que ainda não logrou êxito.
Múltiplas e seguidas reuniões de cúpula que discutem exatamente o mesmo problema são um sinal de que se trata de um problema que eles não estão conseguindo resolver. O problema só faz piorar.

Reuniões de fim de semana

Uma reunião de cúpula sempre começa em uma sexta-feira e acaba no domingo. O encontro sempre começa após as bolsas de valores localizadas no mesmo fuso horário do hotel elegante já terem encerrado o pregão do dia. Desta forma, o mercado de ações dessa região não irá despencar, o que mandaria um sinal negativo para os outros mercados ainda em funcionamento nas outras zonas horárias.

A reunião de sábado é aquela na qual os líderes decidem quais questões serão abrangidas pelo comunicado à imprensa de domingo. As principais áreas de discussão são as seguintes:

Qual a quantia de dinheiro de impostos o comunicado à imprensa irá mencionar?

Quais países ou quais organizações internacionais mais perderão com esse arranjo coletivo? Em que quantia?

Quanto tempo irá levar para se conseguir o dinheiro emprestado, e de quem?
Quanto tempo até que a quantia necessária de dinheiro seja coletada?

Quem irá telefonar para o primeiro-ministro chinês implorando por novas rodadas de compra de títulos?

As discussões são muito francas. "Nem pensem em jogar esse problema pra mim! Quantas vezes vocês acham que eu posso ir aos meus eleitores pedindo compreensão? Minha coalizão já está prestes a se esfacelar!" "Como vamos convencer os eleitores de que não estamos jogando o dinheiro deles no esgoto?" "Qual país cujos três maiores bancos irão necessitar de uma nova rodada de injeção de fundos?" "Qual país cujos bancos poderão vir ao nosso auxílio fornecendo os empréstimos necessários caso ofereçamos algumas garantias?" E por aí vai.

E então chega o domingo. Ninguém da reunião vai à igreja. Como eles não participam de cultos religiosos em seu país natal, qualquer indicação de que estão necessitados de intervenção divina poderia mandar um sinal errado para os mercados na segunda-feira.

No domingo à tarde, eles emitem o comunicado à imprensa.
Se eles esperarem até o final da tarde de domingo, os mercados abrirão na segunda com uma queda de 1%.
Se eles não anunciarem nenhuma decisão, os mercados irão abrir em queda de 3%.

O comunicado à imprensa deve passar a impressão de que está dizendo alguma coisa nova. Haverá um novo arcabouço para as futuras discussões. O grupo prometeu um total de [X] bilhões de euros, a ser pago ao governo de [Y]. Isso significa que os bancos que emprestaram 4X euros a Y não irão à bancarrota. Por enquanto.

O problema enfrentado pela reunião de cúpula deveria ser óbvio. Dado que os grandes bancos fizeram empréstimos estúpidos — baseando-se em informações contábeis falsas fornecidas pelo último governo do país em questão —, ninguém sabe ao certo quais bancos possuem a classificação de crédito e o capital líquido suficiente para fazer os empréstimos prometidos à agência intereuropeia de resgate.

Toda a estrutura do sistema bancário está à beira do abismo. Se dois ou três bancos anunciarem que estão quebrados, como aconteceu recentemente com o MF Global e com o Dexia, haverá uma corrida em manada dos hedge funds para realocar seus fundos remanescentes para aqueles bancos que todos julgam ainda estarem saudáveis. Quais bancos seriam esses? Ninguém sabe. "Façam suas apostas. O guichê já vai fechar."

As reuniões anuais do G-20

O G-20 é uma organização especializada em soltar comunicados anuais à imprensa dizendo que as condições financeiras mundiais estão sempre melhores do que estavam quando da ocasião imediatamente anterior à última reunião. O último encontro agendado ocorreu na França, nos dias 14 e 15 de outubro. Houve uma reunião de emergência na semana passada.
Nunca é demais analisar o website oficial de qualquer organização do alto escalão da Nova Ordem Mundial. Tal tarefa requer uma tradução à parte, para desemaranhar todo aquele palavreado aparentemente inócuo.

O G-20 foi estabelecido em 1999, logo após a Crise Financeira Asiática de 1997, para reunir as principais economias desenvolvidas e emergentes em um esforço de estabilizar o mercado financeiro global. Desde sua criação, o G20 realiza encontros anuais entre ministros das finanças e presidentes de bancos centrais para discutir medidas de promoção da estabilidade financeira mundial e de desenvolvimento e crescimento econômico sustentável.

Tradução: O G-20 foi criado para lidar com a primeira grande ameaça aos planos da Nova Ordem Mundial de lançar o euro em 2000, medida essa que representa o primeiro passo para a criação de uma moeda gerenciável em nível mundial.

Para atacar a crise financeira e econômica que se alastrou por todo o globo em 2008, os membros do G-20 foram chamados a fortalecer ainda mais a cooperação internacional. Consequentemente, as reuniões de cúpula do G-20 ocorreram em Washington em 2008, em Londres e Pittsburgh em 2009, e em Toronto e Seul em 2010.

Tradução: o socorro à Ásia em 1998 manteve o sistema funcionando como deveria, principalmente porque os asiáticos estavam vivenciando um crescimento econômico. Isso tirou os bancos do buraco. Porém, em 2008, uma cepa diferente do vírus da "gripe asiática" contaminou o Ocidente. Isso vem exigindo encontros anuais para tentar manter contidos os eminentes sinais de um colapso.

As ações coordenadas e decisivas do G-20, com sua equilibrada participação de países desenvolvidos e em desenvolvimento, ajudou o mundo a lidar de maneira eficaz com a crise financeira e econômica, de modo que o G-20 já apresentou um número de resultados concretos e significativos:
Tradução: quando uma reunião — da qual participam chefes de estado que entram e saem de seus respectivos cargos em formato de rodízio (no Japão, vários em apenas um ano) — diz solucionar os problemas financeiros mundiais em um encontro de fim-de-semana que ocorre apenas uma vez a cada ano, e do qual só se produz um comunicado à imprensa, pode estar certo de que há várias coisas ocorrendo por trás dos panos entre um encontro e outro.
Dentre as quais:
Primeiro, o escopo da regulamentação financeira tem sido enormemente ampliado, e a supervisão e regulamentação prudencial dos bancos tem sido intensificada. Houve também um enorme progresso na coordenação política graças à criação de um arcabouço que permite um crescimento robusto, sustentável e equilibrado, criado para aprimorar a cooperação macroeconômica entre os membros do G-20 e, por conseguinte, mitigar o impacto da crise.

Finalmente, a governança global tem sido dramaticamente aprimorada para levar em consideração com mais eficiência o papel e as necessidades de países em desenvolvimento, especialmente por meio de reformas ambiciosas da governança do FMI e do Banco Mundial.

Tradução: a automática solução keynesiana para todos os problemas é uma só: mais regulamentações. Em outros círculos, isso é conhecido como trancar a porta do estábulo após o cavalo já ter fugido.
O G-20 possui um arcabouço para um crescimento equilibrado, cuja oferta tem sido escassa desde 2008. O FMI, por sua vez, se endividou pesadamente para poder conceder empréstimos vultosos a ditadores do Terceiro Mundo, os quais utilizaram esse dinheiro para aditivar suas contas bancárias na Suíça.

Baseando-se nos resultados destes importantes progressos, o G-20 tem agora de se adaptar a um novo ambiente econômico. Ele deve comprovar ser capaz de coordenar as políticas econômicas das principais economias mundiais, de modo contínuo.

Tradução: o novo ambiente econômico é este: todo o sistema bancário de reservas fracionárias está se esfacelando, e será necessário um pouco mais do que meros comunicados à imprensa para mantê-lo operante. Por trás do pano, cada governante está tentando jogar as responsabilidades para os outros governantes. "Nossos bancos estão em piores condições do que os seus bancos!"

2011 será a ocasião para se aproveitar os recentes sucessos do G-20 e assegurar uma ativa continuação dos processos já iniciados. Será também o momento para abordar outras questões essenciais que são cruciais para a estabilidade global, como a reforma do sistema monetário internacional e a volatilidade dos preços das commodities.

Tradução: "Estamos penando para conseguir manter o sistema coeso em decorrência de inúmeras quebras. Isso é o máximo de sucesso que podemos apresentar no momento. Enquanto isso, os mercados estão tão voláteis que estão chamando a atenção para o fato de que a combinação de inflação e recessão está se tornando visivelmente perturbadora."

Realmente acreditamos que os principais desafios econômicos da atualidade requerem uma ação coletiva e ambiciosa, a qual o G-20 é capaz de impulsionar.
Tradução: não sei o que "capaz de impulsionar" significa. Desculpe.

Volatilidade revela instabilidade

As bolsas de valores este ano refletiram a presença de pessimismos relacionados (1) à iminente saída da Grécia da zona do euro, (2) à crescente probabilidade da Grécia dar um calote em suas dívidas baseadas em euro, (3) aos prejuízos de centenas de bilhões de euros sofridos pelos grandes bancos europeus, (4) à ameaça de quebras bancárias na Itália após o governo grego dar seu calote, (5) às trôpegas condições dos bancos portugueses e espanhóis, (6) à crescente probabilidade de uma recessão mundial em 2012, e (7) ao medo de um evento 'cisne preto' resultante de algum colapso à la Dexia.

As bolsas de valores também refletiram otimismos relacionados (1) ao poder relaxante dos comunicados à imprensa emitidos pelas reuniões de cúpula, (2) à esperança de que o banco central da China ainda continuará inflacionando sua moeda para poder comprar títulos lastreados em euro (com isso mantendo sua moeda desvalorizada e estimulando as exportações), (3) à esperança de que o Federal Reserve irá fazer algo novo que, de alguma maneira, irá reverter as coisas, (4) à esperança de que empresas com dinheiro em caixa irão anunciar programas de recompra de ações com o intuito de fazer com que as compras de opções sejam lucrativas para seus altos executivos.

As bolsas de valores hoje estão mais voláteis do que jamais estiveram em épocas recentes. Quem aplica em bolsa já sentiu: ninguém sabe o que está acontecendo. Para o cidadão comum, as coisas não estão melhorando. As girações das bolsas de valores são apenas ruídos. Ele está preocupado com seu emprego — e por uma boa razão.

Conclusão

Os Detentores do Poder estão enfrentando problemas que não desaparecerão. O núcleo do controle deles é o sistema bancário de reservas fracionárias e o mercado para títulos governamentais (dívida soberana). Ambos estão sob enorme pressão. Ambos estão mostrando sinais inéditos de vulnerabilidade.
As reuniões de cúpula do euro estão se transformando em reality shows.

Qual time será o dos Sobreviventes? Merkel-Sarkozy? Papandreou-Berlusconi?

Enquanto isso, a Estônia é a única nação no Ocidente que não está com problemas fiscais.
E há também a Islândia.
A Islândia, cujos bancos deram um calote de $85 bilhões em 2008, completou em agosto um programa de 33 meses do Fundo Monetário Internacional. O Fundo projeta que a economia da Islândia irá crescer mais do que a média da zona do euro neste ano e no ano seguinte. De acordo com o mercado de derivativos da dívida, é mais barato fazer seguro contra um calote islandês do que fazer hedge contra um evento qualquer no bloco monetário único europeu.

Islândia e Estônia nunca foram convidadas para as reuniões de cúpula europeias. Ambas não estão no G-20. Há uma lição aí.


IMB
Postado por Stenio Guilherme Vernasque da Silva

POR QUE DILMA TEME TANTO O PDT?

O PDT tem apenas 26 deputados federais. Isso é menos de 5% da Câmara Federal. Entre eles, no mínimo 10 gostariam de ver Carlos Lupi voar do Ministério do Trabalho. Dos mais coroados da legenda, desde um Miro Teixeira, passando por um Reguffe, chegando ao Brizola Neto, um notório puxa-saco de Dilma e do PT, que sonha em ocupar a pasta do demitido, baseado no sobrenome e na sua atuação na esgotosfera. No Senado, também não haverá problema.
Dos 5 senadores, ao que parece nenhum come pela mão de Lupi, sendo que três deles só terão que renovar mandato em 2019. Portanto, basta que Dilma negocie com as bancadas na Câmara e no Senado a indicação do substituto de Lupi e estará tudo resolvido.
O único problema é o tempo de TV do PDT em 2012 e 2014. Mas com corruptos é só acertar o preço, na hora certa. Por isso, considerando-se a matéria abaixo publicada hoje no Estadão (clique para ampliar e ler) deve haver algum outro motivo para que Dilma tema o PDT, de onde veio. Qual será?
coroneLeaks

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DIREITA VERSUS ESQUERDA


- Quando uma pessoa de direita não gosta de armas, não as compra.

- Quando uma pessoa de esquerda não gosta das armas, proíbe que você as possua.

- Quando uma pessoa de direita é vegetariana, não come carne.

- Quando uma pessoa de esquerda é vegetariana, faz campanha contra os produtos à base de proteínas animais.

- Quando uma pessoa de direita é homossexual, vive tranquilamente a sua vida como tal.

- Quando uma pessoa de esquerda é homossexual, faz um movimento com alarde para que todos também se tornem homossexuais e os respeitem.

- Quando uma pessoa de direita é prejudicada no trabalho, reflete sobre a forma de sair dessa situação e age em conformidade.

- Quando uma pessoa de esquerda é prejudicada no trabalho, levanta uma queixa contra a discriminação de que foi alvo e vai à Justiça do Trabalho pedir indenização por dano moral (e o pior: ganha!).

- Quando uma pessoa de direita não gosta de um debate transmitido pela televisão, desliga a televisão ou muda de canal.

- Quando uma pessoa de esquerda não gosta de um debate transmitido pela televisão, quer entrar na justiça contra os sacanas que dizem essas sandices. Se for o caso disso, uma pequena queixa por difamação será bem-vinda.

- Quando uma pessoa de direita é ateu, não vai à igreja, nem à sinagoga e nem à mesquita.

- Quando uma pessoa de esquerda é ateu, quer que nenhuma alusão a Deus ou a uma religião seja feita na esfera pública, exceto para o Islã (com medo de retaliações provavelmente).

- Quando uma pessoa de direita, mesmo sem dinheiro disponível, tem necessidade de cuidados médicos, vai ver o seu médico e, a seguir, compra os medicamentos receitados.

- Quando uma pessoa de esquerda tem necessidade de cuidados médicos, recorre à solidariedade nacional.

- Quando a economia vai mal, a pessoa de direita diz que é necessário arregaçar as mangas e trabalhar mais.

- Quando a economia vai mal, a pessoa de esquerda diz que os sacanas dos proprietários são os responsáveis e punem o país.

Fonte : LIBERTATUM

QUEM SÃO E O QUE PENSAM OS JOVENS MILITANTES DE DIREITA


Eles são monarquistas, anticomunistas, contrários ao aborto e à homossexualidade, defensores do porte de arma - e alunos de mesma universidade, famosa pela sua militância de esquerda. Conheça a União Conservadora Cristã (UCC), o lado direitista da USP VIDA URBANA

POR IGOR RIBEIRO

Alto, magro, de olhos claros e cabelos cacheados, Arthur Pittarello poderia se orgulhar de sua juventude. Mas o estudante de ciências sociais da USP parece não ligar para a própria idade. “Aí você me pegou. Tenho 22 ou 23…”, diz. Sua hesitação é reveladora: Pittarello é um cara tradicional.
Monarquista e religioso, é presidente da União Conservadora Cristã (UCC). A entidade nasceu num ambiente naturalmente hostil: entre os estudantes da USP, famosos por sua histórica militância de esquerda.
Mais curioso é que ele sobreviva sem o apadrinhamento de nenhum partido político de centro ou de direita. Mesmo assim, cerca de 20 jovens como ­Pittarello (23 anos confirmados) integram o UCC.

A entidade surgiu há dois anos para disputar o Diretório Central dos Estudantes da USP. Conseguiu o apoio de 217 pessoas e ficou em sexto lugar.
Sem chance de vencer, a chapa chamou a atenção. Em maio, voltou a ser notícia ao participar da Contra-­Marcha da Maconha, questionando os argumentos pró-legalização da droga. O episódio rendeu à UCC a pecha de extremadireita, prontamente recusada.

Por saber que defendem ideias controvertidas no âmbito acadêmico, seus integrantes costumam ser avessos à exposição. Relutaram em falar com a reportagem de Época SÃO PAULO.
Alguns não quiseram fornecer seus nomes reais e apenas um quis mostrar o rosto: o rapaz em primeiro plano na foto à direita, Saulo Mega ­Soares, de 21 anos. “Eu era trotskista quando cheguei à faculdade”, diz ele, hoje no quarto ano de Direito.
“Estudei e debati muito até perceber que a filosofia marxista é equivocada. O século XX foi a completa negação de tudo o que Marx previu.” Além de ser articulado e denotar erudição, Soares joga futebol e vai à academia. “Além da leitura, gosto muito da atividade física.”

Cada um tem suas razões para estar na entidade. Catarina (nome fictício), de 20 anos, cresceu numa família católica do interior paulista. Tímida, retraída e claudicante nas palavras, ela diz que sempre cultivou um sentimento anticomunista.
“A busca pela verdade é o que me move”, afirma ela, que também estuda na faculdade do Largo São Francisco. Seu colega, Pedro Henrique Barreto, de 21 anos, entrou em depressão ao procurar respostas sobre a questão do aborto – diz que a reflexão político-religiosa o salvou.
“Somos movidos pela castidade. Deus nos mandou ser assim”, diz o estudante, que namora uma conservadora como ele. Sexo, só depois do casamento.
Barreto gosta de jazz, música clássica e do filme Cidadão Kane, o clássico de Orson Welles. Catarina prefere rock, como AC/DC e Titãs. Um de seus filmes preferidos é Tropa de elite, o mesmo de Soares, que ouve Skank e Jota Quest.

De gostos diferentes, se irmanam na ideologia. São todos monarquistas, reprovam o aborto e a homossexualidade – e defendem o porte de arma. Para o filósofo Renato Janine Ribeiro, eles preenchem uma lacuna real na militância universitária.
“Os grupos de esquerda atuais não defendem mais objetivos ideológicos, como justiça social”, diz o professor de ética e filosofia política da USP. Isso favoreceria a defesa de causas opostas.
“Acho saudável que exista alguma reação como a UCC”, diz o filósofo Olavo de Carvalho. Espécie de guru do conservadorismo brasileiro, ele lamenta a ausência de oposição ao que chama de “hegemonia da esquerda”.
Mas acha que a militância jovem não terá força fora das universidades. “Politicamente, não vai dar em nada”, diz. Segundo Carvalho, figuras como o falecido doutor Enéas Carneiro e o deputado Jair Bolsonaro são expoentes “patológicos e excêntricos”. Para ele, não existe uma direita intelectualmente respeitável no Brasil.

Pittarello concorda: “A situação política de hoje não dá espaço a um conservador. Não temos um projeto de poder”. É nesse vazio que a UCC se mobiliza para estudar, discutir e promover eventos sobre os temas que defende, seja na USP, seja na Unicamp, onde também conta com adeptos. “Não vamos nos reduzir à mera divulgação política”, diz Barreto. “A gente também quer estudar, quer saber, quer aprender.”

AS BASES DE UM CONSERVADOR

O filósofo Olavo de Carvalho elaborou a lista ao lado para ajudar a diferenciar conservadores de revolucionários

TRADIÇÃO

O conservador preza a experiência passada como forma de pensar o presente, em contra-ponto ao revolucionário, que entende o presente com base num futuro hipotético

PROVIDÊNCIA

O povo não deve sofrer os efeitos das escolhas de gerações anteriores. Os políticos têm o direito de experimentar e aprender com a experiência, mas não o de testar práticas ­arriscadas de longo prazo

REFORMA

Governos não têm o direito de fazer algo que os seguintes não possam desfazer. Ne­nhuma ordem social do passado foi tão ruim a ponto de bloquear a mera possibilidade de uma nova ordem

DEMOCRACIA

A revogabilidade das medidas de governo é um princípio democrático essencial, mas propostas revolucionárias tendem a concentrar o poder e a excluir para sempre as propostas alternativas

EQUILÍBRIO

A mentalidade revolucionária não é um traço permanente da natureza humana e deve ser erradicada como condição essencial para a sobrevivência da liberdade no mundo.

IGOR RIBEIRO, Época

PAÍSES AFRICANOS ANTI-HOMOSSEXUALIDADE


“Que eles cortem toda assistência”: países africanos se revoltam contra ameaça da Inglaterra de cortar assistência por causa da homossexualidade.
Peter Baklinski

África, 8 de novembro de 2011 (Notícias Pró-Família) — O presidente de Gana está liderando a investida enquanto vários países africanos estão assumindo posturas contra a ameaça da Inglaterra para que eles legalizem os atos homossexuais ou sejam excluídos de receber assistência financeira.
John Evans Atta Mills, presidente de Gana
“Eu, como presidente desta nação, nunca iniciarei nem apoiarei tentativa alguma de legalizar a homossexualidade em Gana”, disse o presidente John Evans Atta Mills numa declaração oficial para o governo da Inglaterra sob o primeiro-ministro David Cameron na quarta-feira passada.
Na Reunião de Chefes de Governo da Comunidade Britânica de Nações em Perth, Austrália no final de outubro, na qual o primeiro-ministro Cameron esteve presente, a questão da homossexualidade nos países em desenvolvimento foi levantada num relatório interno que recomendava que todos os países da Comunidade eliminassem as leis que proibiam a atividade homossexual, conforme disse uma reportagem da BBC.
Cameron, falando no programa de televisão The Andrew Marr Show em Perth durante sua estada na Austrália, disse: “A assistência britânica deveria ter mais obrigações específicas”.
“A Inglaterra é agora uma das nações que mais dão assistência no mundo. Queremos ver os países que recebem nossa assistência respeitando direitos humanos específicos, e isso inclui o modo como as pessoas tratam os indivíduos gays e lésbicos”, continuou Cameron.
“Estamos dizendo que esta é uma das coisas que determinarão nossa política de assistência”, disse ele, acrescentando que “esses países [africanos] estão todos num percurso [para superar a discriminação] e cabe a nós ajudá-los ao longo desse percurso”.
Entretanto, o presidente Mills respondeu rapidamente que a Inglaterra não tem o direito de decretar ou anular os valores culturais e morais de Gana.
“Ninguém pode negar ao primeiro-ministro Cameron seu direito de fazer políticas, adotar iniciativas ou fazer declarações que reflitam as normas e ideais de sua sociedade. Mas, ele não tem o direito de dirigir outras nações soberanas quanto ao que devem fazer, principalmente em áreas em que as normas e ideais de suas sociedades são diferentes das normas e ideais que existem na sociedade do primeiro-ministro Cameron”.
“Embora agradeçamos toda a assistência financeira e toda a ajuda que nos foi dada por nossos parceiros de desenvolvimento, não aceitaremos nenhuma assistência que venha acompanhada de ‘imposição de condições’ se essa ajuda não beneficiar nossos interesses, ou se a implementação — ou a utilização — dessa ajuda com condições impostas particularmente piorasse nossa difícil situação como nação, ou destruísse a própria sociedade onde queremos usar o dinheiro para trazer melhorias”.
Malaui
Antes das declarações de Mills, Patricia Kaliati, porta-voz do governo de Malaui, disse que era “deplorável” que a Inglaterra estivesse considerando “condições pró-homossexualismo” para dar assistência, acrescentando que os atos homossexuais são ilegais em Malaui. Ela comentou que tais leis são um legado do governo britânico, conforme disse reportagem do jornal Nyasa Times.
Uganda
Igualmente em 31 de outubro, John Nagenda, conselheiro presidencial de Uganda, fez uma declaração forte para a BBC, dizendo que os ugandenses estavam “cansados desses sermões” e não deveriam ser tratados “como crianças”, acrescentando que a “mentalidade de truculência” de Cameron é “muito errada”.
“Uganda, se você recorda, é um Estado soberano e estamos cansados de pessoas que nos passam esses sermões”.
“Se eles querem levar seu dinheiro, que assim seja”, concluiu ele.
Tanzânia
Depois das declarações de Mill, a Tanzânia se adicionou à crescente lista de países africanos que estão dizendo que não farão concessões com seus valores culturais e morais, ainda que isso signifique perder o apoio financeiro da Inglaterra.
“A Tanzânia jamais aceitará a proposta de Cameron porque temos nossos próprios valores morais. A homossexualidade não é parte da nossa cultura e jamais a legalizaremos”, disse Bernard Membe, ministro das relações exteriores, de acordo com o jornal Guardian da Tanzânia.
“A Tanzânia está pronta para terminar suas relações diplomáticas com a Inglaterra se o governo inglês impuser condições na assistência que dá para pressionar em favor da aceitação de leis que reconhecem a homossexualidade”.
“Somos guiados por nossa tradição. Temos famílias compostas por uma mãe, um pai e filhos. O que Cameron está fazendo pode levar ao colapso da Comunidade Britânica de Nações”.
Zanzibar
Zanzibar, o arquipélago semiautônomo da Tanzânia, também se manifestou publicamente contra a assistência britânica acompanhada de condições impostas.
“Temos uma forte cultura zanzibar e islâmica que detesta as atividades gays e lésbicas, e para qualquer um que nos disser que a assistência de desenvolvimento está ligada à aceitação da homossexualidade, vamos dizer ‘não”, disse Ali Mohamed Shein, presidente do Zanzibar, para jornalistas na última sexta-feira.
“Não podemos fazer concessões desonrosas com relação à nossa cultura profundamente enraizada nem permitir algo que é completamente contra nossa religião. Que eles cortem sua assistência [para nós]”.
Os atos homossexuais são ilegais, em maior ou menor grau, em 40 dos 53 países africanos, de acordo com um levantamento feito pela Associação Internacional de Gays e Lésbicas.

Julio Severo