"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 21 de maio de 2013

"O PARADIGMA ESTRUTURAL DO ESTADO HEGEMÔNICO"

 
Quem se afastar do fluxo diário dos fatos políticos da conjuntura, em busca de elementos de maior permanência e maior presença ao longo da nossa História, vai descobrir os componentes estruturais da sociedade brasileira.


Hoje em dia, o que se encontra subjacente à práxis política e governamental é a dinâmica centrípeta em torno do Estado, que os governos do PT instituíram no País. Outra não era a lógica e a dinâmica do governo Sarney, dos governos militares, do governo Jango, dos governos de Vargas, dos governos da Velha República (à exceção de São Paulo), dos governos do Segundo e do Primeiro Impérios, do governo português de 1808, do governo português do período colonial e do Portugal que desembarcou das caravelas em 1500.

Quem chega ao Brasil no início do século 16 não é Portugal, é o Estado português. Não é qualquer Estado. É talvez o mais moderno de sua época. O Portugal que ocupou o Brasil, antes de aqui existir uma sociedade, era representado pelo Estado patrimonialista. Essa definição vincula o fato conjuntural da descoberta a um componente estrutural decisivo (*).

Não deve, pois, surpreender que hoje, já no século 21, questões do nosso dia a dia político como a interferência dos governos na economia, o exacerbado fiscalismo, o arraigado empreguismo, o exagero dos gastos públicos, a corrupção, a tara do adesismo político, a centralização administrativa sejam a reiteração de um padrão que esteve presente em todos os momentos da nossa História.

Do Estado patrimonialista português implantado no Brasil se originou o paradigma do Estado hegemônico, que implicava:

O poder para penetrar os demais setores da vida social e organizá-los de acordo com a lógica de seus princípios, sem ser por eles penetrado em igual medida;

o poder para "metabolizar" as mudanças inevitáveis, adotando-as como a nova forma dos velhos padrões e subvertendo seu impacto transformador, pelo preenchimento do seu conteúdo com as mesmas pautas até então vigentes;

garantindo, por este processo, a sua reprodução nos novos tempos.

Os sinais da hegemonia do Estado em relação às demais dimensões da vida social eram:

No sistema econômico - o poder para a determinação de objetivos não econômicos à atividade econômica e decidir sem constrangimentos "em que e como" aplicar os recursos.

No sistema social - ao manter a tutela da sociedade pela cooptação da cooptação das lideranças sociais.

No sistema político - pela centralização do poder e confusão do patrimônio público com o do governante.

No sistema cultural - mediante a identificação com valores e crenças compatíveis com o paradigma, ainda que dissociados - quando não antagônicos - das exigências de uma sociedade moderna.

Paradigma, para os propósitos dessa análise, é, então, uma configuração estrutural duradoura da sociedade, que se exterioriza em modelos com ele compatíveis e histórica e conjunturalmente determinados.

A mudança de modelos, pois, não produz mudanças de paradigmas estruturais. É nesse sentido que se pode dizer que a nossa História tem sido a história de diferentes modelos de organização política e econômica, gerados por um mesmo paradigma.

A permanência no tempo, por meio de sucessivas reencarnações do paradigma em diferentes modelos políticos, foi coadjuvada poderosamente pelo fato de que movimentos políticos e ideológicos, tanto de direita como de esquerda, conservadores ou revolucionários, compartilharam sempre os princípios básicos do paradigma: o estatismo, a desconfiança com o mercado, o autoritarismo e a inabalável convicção de que somente o Estado pode realizar o bem comum.

Já as mudanças paradigmáticas são precedidas de cataclismos sociais (guerras, revoluções, crises econômicas), que desestabilizam ou destroem as bases da configuração estrutural, vigentes na sociedade e no sistema de valores das pessoas, predispondo-as à mudança não mais de modelo, e, sim, de paradigma.

Nenhuma dessas condições até hoje se fez presente na história política brasileira. Se há uma linha de continuidade histórica identificável no Brasil, é a que registra o aumento do poder do Estado em relação à sociedade.

A contrapartida dessa crescente intervenção do Estado se tem revelado tanto mais insatisfatória em seus resultados quanto maior for o grau da intervenção.

Na realidade, é o paradigma do Estado hegemônico que está enfrentando sua exaustão. A lógica da centralização extremada está conduzindo ao que Tocqueville criticava na centralização política do Ancien Régime: a obstrução das artérias nas extremidades e o enfartamento do centro.

Ressalvadas, então, as óbvias variações conjunturais, há mais semelhanças estruturais entre os modelos políticos da colônia, do Império, da República, do Estado Novo, do regime de 1964 e do governo do PT que diferenças.

O paradigma do Estado hegemônico, que no período Collor, Itamar e Fernando Henrique começou a perder substância e poder - apesar de marcado por inconsistência, transigência e culpa -, recebeu dos governos Lula e Dilma o sopro renovador que o reinstalou mais uma vez na sua histórica posição hegemônica em face da sociedade.

Esse é o verdadeiro conteúdo da política brasileira no seu nível estrutural. No nível conjuntural, no dia a dia da política, outras são as questões que alimentam as controvérsias. O futuro do País depende, entretanto, deste sempre adiado desfecho do conflito estrutural.

(*) Simon Schwartzman, no seu artigo seminal Representação e cooptação política no Brasil, recuperando o insight de Raymundo Faoro (Os Donos do Poder), aplicou o conceito weberiano de patrimonialismo como variável estratégica na compreensão da organização social brasileira.

21 de maio de 2013
Francisco Ferraz, O Estado de São Paulo
PROFESSOR DE CIÊNCIA POLÍTICA NA UFRGS, PÓS-GRADUADO PELA UNIVERSIDADE DE PRINCETON

"SESSÃO DE TERAPIA"

O ladrão de verbas públicas vai ao divã
“Doutora, eu procurei a psicanálise porque tenho tido pesadelos: sonho que morri assassinado por mim mesmo, que estou preso com traficantes estupradores. Não mereço isso, eu, que sempre assumi minha condição de corrupto ativo e passivo (sem veadagem... claro). Não sou um ladrão de galinhas, mas já roubei galinhas do vizinho e até hoje sinto o cheiro das penosas que eu agarrava. Ha ha ha... Mas hoje em dia, doutora, não roubo mais por necessidade; é prazer mesmo.
Estou muito bem de vida, tenho sete fazendas reais e sete imaginárias, mando em cidades do Nordeste, tenho tudo, mas confesso que sou viciado na adrenalina que me arde no sangue na hora em que a mala preta voa em minha direção, cheia de dólares, vibro quando vejo os olhos covardes do empresário me pagando a propina, suas mãos trêmulas me passando o tutu, delicio-me quando o juiz me dá ganho de causa, ostentando honestidade e finge não perceber minha piscadela marota na hora da liminar comprada (está entre US$ 30 e50 mil hoje).
Como, doutora? Se me sinto ‘superior’ assim? Bem, é verdade... Adoro a sensação de me sentir acima dos otários que me ‘compram’ — eles se humilhando em vez de mim.
Roubar me liberta. Eu explico: roubar me tira do mundo dos ‘obedientes’ e me faz ‘excepcional’ quando embolso uma bolada. Desculpe... A senhora é mulher fina, coisa e tal, mas, adoro sentir o espanto de uma prostituta, quando eu lhe arrojo US$ mil sobre o corpo e vejo sua gratidão acesa, fazendo-a caprichar em carícias. É uma delícia, doutora, rolar, nu, em cima de notas de cem dólares na cama, de madrugada, sozinho, comendo chocolatinhos do frigobar de um hotel vagabundo, em uma cidade onde descolei a propina de um canal de esgoto superfaturado. Gosto da doce volúpia de ostentar seriedade em salões de caretas que me xingam pelas costas, mas que me invejam pela liberdade cínica que imaginam me habitar.
Suas mulheres me olham excitadas, pensando nos brilhantes que poderiam ganhar de mim, viril e sorridente — todo bom ladrão é simpático. A senhora não tem ideia aí, sentada nesta poltrona do Freud, do orgulho que sinto, até quando roubo verbas de remédios para criancinhas, ao dominar a vergonha e transformá-la na bela frieza que constrói o grande homem.
Sei muito bem os gestos rituais da malandragem brasileira: sei fazer imposturas, perfídias, tretas, sei usar falsas virtudes, ostentar dignidade em CPIs, dou beijos de Judas, levo desaforo para casa sim, sei dar abraços de tamanduá e chorar lágrimas de crocodilo...
Eu já declarei de testa alta na Câmara: ‘Não sei nem imagino como esses milhões de dólares apareceram em minha conta na Suíça, apesar desses extratos todos, pois não tenho nem nunca tive conta no exterior!’. Esse grau de mentira é tão íntegro que deixa de ser mentira e vira uma arte.
Doutora, no Brasil há dois tipos de ladrões de colarinho branco: há o ladrão ‘extensivo’ e o ‘intensivo’.
Não tolero os ladrões intensivos, os intempestivos sem classe... Faltam-lhes elegância e ‘finesse’ Roubam por rancor, roubam o que lhes aparece na frente, se acham no direito de se vingar de passadas humilhações, dores de corno, porradas na cara não revidadas, suspiros de mãe lavadeira.
Eu, não. Eu sou cordial, um cavalheiro; tenho paciência e sabedoria, comecei pouco a pouco, como as galinhas que roubei na infância, que de grão em grão enchiam o papo... Eu sou aquele que vai roubando ao longo da vida política e, ao fim de décadas, já tem Renoirs na parede, iates, helicópteros, esposa infeliz (não sei por que, se dou tudo a ela) e infelizmente filhos estroinas... (mandei estudarem na Suíça e não adiantou).
Eu adquiri uma respeitabilidade altaneira que confunde meus inimigos, que ficam na dúvida se me detestam ou admiram. No fundo, eu me acho mesmo especial; não sou comum.
Perto de mim, homens como os mensaleiros amadores foram meros cleptomaníacos... Sou profissional e didático... Considero-me um técnico, um cientista da corrupção nacional...
Olhe para mim, doutora. Eu estou no lugar da verdade. Este país foi feito assim, na vala entre o público e o privado. Há uma grandeza insuspeitada na apropriação indébita, florescem ricos cogumelos na lama das ‘maracutaias’.
Ouso mesmo dizer que estou até defendendo uma cultura! São séculos de hábitos e cacoetes sagrados que formam um país. A senhora sabe o que é a beleza do clientelismo ibérico, onde um amigo vale mais que a dura impessoalidade de uma ética vitoriana?
A amizade é mais importante que esta bobagem de interesse nacional! O que meus inimigos chamam de irresponsabilidade e corrupção do Congresso é a resistência da originalidade brasileira, é a preservação generosa do imaginário nacional!
A bosta não produz flores magníficas? O que vocês chamam de ‘roubalheira’, eu chamo de ‘progresso’. Não o frio progresso anglo-saxônico, mas o doce e lento progresso português que formou nossa tolerância, nossa ambivalência entre o público e o privado.
Eu sempre fui muito feliz... Sempre adorei os jantares nordestinos, cheios de moquecas e sarapatéis, sempre amei as cotoveladas cúmplices quando se liberam verbas, os cálidos abraços de famílias de máfias rurais... A senhora me pergunta por que eu a procurei?
Tudo bem; vou contar. Outro dia, um delegado que comprei me convidou para ver uma execução. Topei, por curiosidade; podia ser uma experiência interessante na minha trajetória existencial. Era um neguinho traficante que levaram para um terreno baldio, até meio pé de chinelo. Ele implorava quando lhe passaram o fio de náilon no pescoço e apertaram devagar até ele cair estrangulado, bem embaixo de uma placa de financiamento público. Na hora, até me excitei; mas quando cheguei em casa, com meus filhos vendo ‘High School Musical’ na TV, fui tomado por este mal-estar que vocês chamam de ‘sentimento de culpa’...
Por isso, doutora, preciso que a senhora me cure logo... Tem muita verba pública aí, muita emenda no orçamento, empreiteiros me ligando sem parar... Tenho de continuar minha missão, doutora...”
 
21 de maio de 2013
Arnaldo Jabor, O Globo
 

GOVERNO DILMA NEGA AO MPF ACESSO À SINDICÂNCIA SOBRE ROSE, AMANTE DE LULA

Governo nega ao MPF acesso à sindicância sobre Rose. Procuradoria da República em São Paulo diz que recusa é 'sério obstáculo ao pleno conhecimento dos ilícitos' praticados por Rose


Rosemary Nóvoa de Noronha: ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo
Rosemary Nóvoa de Noronha: ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo (Jorge Araujo/Folhapress )

A Presidência da República negou ao Ministério Público Federal em São Paulo acesso aos documentos da sindicância instaurada para apurar a participação da Rosemary Noronha nas fraudes reveladas pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal. Ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência em São Paulo, Rosemary foi denunciada em dezembro por falsidade ideológica, tráfico de influência, corrupção passiva e formação de quadrilha.

Segundo a assessoria do MPF, a subchefia de Assuntos Jurídicos da Casa Civil respondeu que "o chefe do gabinete pessoal da Presidência da República não tem competência para prestar a informação requisitada” e que a lei brasileira determina que pedidos enviados à Presidência da República devem ser feitos pelo procurador-geral da República. O ofício do MPF foi endereçado à chefia de gabinete da Presidência.

Após a negativa, o MPF afirmou que "tomará as providências cabíveis" e que a recusa representa "sério obstáculo ao pleno conhecimento dos ilícitos".

Coordenada pela Casa Civil, a apuração desvendou como a ex-funcionária usava a influência e a intimidade que desfrutava com o ex-presidente Lula para se locupletar do poder. Ao fim de dois meses de trabalho, os técnicos reuniram provas que resultaram na abertura de um processo disciplinar contra ela por enriquecimento ilícito.

Porém, conforme revelou VEJA, a Secretaria-Geral da Presidência da República montou um processo paralelo com a falsa intenção de “acompanhar e orientar” a apuração da Casa Civil - mas que não passava de uma tentativa de sabotar o trabalho de investigação.

O MPF argumenta que a lei 8 112/90 obriga o órgão a encaminhar cópia da sindicância quando o relatório "concluir que a infração está capitulada como ilícito penal".

Procurada, a assessoria de imprensa da Casa Civil afirmou que ainda se pronunciará sobre o pedido negado ao MPF.
 
21 de maio de 2013
Veja

CORAGEM E RISCO


Um velho ditado que acabei de inventar afirma que alianças políticas podem ser sólidas durante muito tempo — mas costumam enfrentar sérios riscos quando se aproximam temporadas eleitorais.
Faz sentido: alianças baseadas em parentesco ideológico podem ser sólidas na defesa de projetos e programas de governo em que as ideias e os projetos são comuns, mas correm sérios riscos quando o aliado de ontem ameaça apossar-se dos votos de amanhã.

Por exemplo, no ano que vem teremos eleições — inclusive para presidente da República — o que inevitavelmente produzirá motivos de atrito entre o Palácio do Planalto e seus aliados no Congresso. Isto é, entre o PT e o seu mais forte aliado no Congresso, o PMDB.

Segundo o pessoal que entende de coisas políticas, os peemedebistas começam a sentir um processo de desgaste, sinônimo de uma perda de influência que pode influir bastante — talvez, até decisivamente — nas urnas de 2014.

Em circunstâncias normais, se é que isso existe em Brasília — a mais que provável reeleição da presidente seria motivo suficiente para garantir a fidelidade dos peemedebistas. Mas nada é tão simples assim.

Mas no principal partido da base aliada cresce a desconfiança de que o PT começa a se afastar do PMDB. Outro dia, deputados petistas afirmaram que o presidente da Câmara, o peemedebista Henrique Eduardo Alves, estaria ajudando — não se especificou de que maneira — a oposição.

Isso obviamente ameaçaria a reeleição de um número não especificado de representantes do seu próprio partido; a acusação é, portanto, bastante séria — mesmo que ninguém tenha explicado, nem mesmo como palpite, qual seria o motivo da traição.

Os queixosos têm duas acusações sérias: uma seria de que o governo não tem liberado emendas parlamentares incluídas no Orçamento da União. Como a grande maioria delas é destinada a fortalecer as bases eleitorais de deputados e senadores, entende-se a indignação.

O leitor pode tomar nota desse fato para usá-lo na próxima escolha de seu candidato a uma cadeira no Congresso.

A segunda denúncia é a de que Dilma decidiu estabelecer relações diretas com os municípios, dispensando a intermediação de deputados e senadores. Exceto os do PT. São queixas sérias — e é uma pena que nenhuma delas tenha relação direta com o interesse público.

A rebelião dos aliados é mais forte na Câmara do que no Senado. Uma das razões para isso é o fato de que só um terço da Casa terá de se reeleger no ano que vem. A presidente tem uma decisão a tomar. Ou continua a dar razões de queixa aos deputados, ou recua para garantir apoio parlamentar nas próximas eleições.

É possível, ou quase certo, que a turma que traça estratégias políticas no Palácio do Planalto tenha decidido que é mais importante ir diretamente ao eleitorado para garantir uma vitória no ano que vem.

É bastante provável que, discretamente, tenha realizado pesquisas que assegurem um êxito eleitoral suficiente para não dar ouvidos às queixas e lamentos do Congresso. Se não tomou essa providência, sua coragem merece elogios — mesmo que a estratégia seja bastante perigosa.

21 de maio de 2013
Luiz Garcia, O Globo

FRASE DO DIA

"Nós temos partidos de mentirinha."

Joaquim Barbosa, presidente do STF, ao dizer que a população nao se identifica com os partidos politicos

A GERENTONA ENDOIDOU! DILMA COMEMORA PIOR RESULTADO DE EMPREGO DESDE 2009

Resultado mostra recuo na geração de vagas, apesar de a presidente Dilma Rousseff ter comemorado a geração de 4,139 milhões de novos empregos com carteira assinada durante seu governo. Em abril, país gerou 196 mil novas vagas, pior resultado para o mês desde 2009. Em comparação a abril de 2012, número de vagas criadas recuou 9%. No ano, foram criados 549 mil novos postos de trabalho
A geração de vagas de emprego formal no país caiu em abril, em relação ao mesmo mês de 2012. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) divulgado nesta terça-feira, foram criadas 196.913 vagas em abril, o pior resultado desde 2009, quando foram geradas 106.205 vagas. Na comparação com abril de 2012, a geração de vagas caiu 9,25%, já que naquele mês haviam sido gerados 216.974 postos de trabalho.

Na comparação com março, foi registrado um aumento de 75% na geração de vagas, já que no mês anterior haviam sido criadas 112.450 postos de trabalho.

No ano, segundo dados do Ministério do Trabalho, a geração de vagas acumulada soma 549.064 novas vagas, incluindo as que foram declaradas fora do prazo e incluídas posteriormente aos registros. Em 12 meses, foram geradas 1,087 milhão de vagas no país.

O resultado mostra recuo na geração de vagas, apesar de ontem a presidente Dilma Rousseff ter comemorado a geração de 4,139 milhões de novos empregos com carteira assinada durante seu governo. Segundo ela, a marca foi alcançada entre janeiro de 2011 e abril deste ano. Ontem, no programa de rádio Café com a Presidente, Dilma antecipou que em abril foram criadas quase 200 mil vagas com carteira assinada.

21 de maio de 2013
Mônica Tavares e Flávia Pierry - O Globo

A CAMPANHA CONTRA O MINISTÉRIO PÚBLICO É DE UM CINISMO ESPANTOSO



Essa tal PEC 37 (Proposta de Emenda Constitucional) é portadora de um cinismo que causa espanto! Por incrível, as entidades civis, de tantas lutas éticas, calam-se nessa hora em que têm o dever de protestar e cerrar fileiras com a causa do Ministério Público — a instituição que pelo atuar altivo e imparcial tem posto freio aos malfeitos de muitos calhordas.

O Brasil precisa aumentar ao máximo o poder de investigação do Ministério Público, ao invés de restringi-lo. Máxime se tivermos em conta que os integrantes da Polícia não contam com garantias constitucionais para levar avante determinadas investigações de meliantes que tenham a proteção do Executivo. Mesmo se possuíssem tais garantias, faltar-lhes-ia a credibilidade de que desfrutam os membros do Ministério Público.

O aparelho policial tende a desprestigiar-se no conceito público ao defender autoprivilégio jurídico, sabidamente afrontante do instituto da moralidade. O Brasil, em fase de afirmação internacional, se efetivar o grotesco retrocesso, ver-se-á diminuído, reduzindo-se ao plano das republiquetas. O ato, além de infame no respeitante à apuração de ações delinquentes, carrega simbologia reducionista que diminuirá mundo a fora o conceito do País.

MONOPÓLIO DA INVESTIGAÇÃO


A quem aproveita esse pretenso monopólio da investigação? Falar-se em monopólio nesta época de pluralidade significa acinte a princípios éticos.
Quando precisamos de mais órgãos com poder de investigação, querem justamente atingir o principal deles: o Ministério Público, que se afirma dia a dia no conceito da população brasileira. Não se é de acreditar que os senhores parlamentares queiram posicionar-se na contramão do processo histórico. Será um retrocesso grotesco.

O aparelho policial deve lutar não por adquirir monopólio investigatório, mas por cobrir-se de maiores garantias constitucionais. Para que se equipare, no particular, ao Ministério Público e ao Judiciário. País nenhum pode afirmar-se bem estruturado se abrir mão do poder de investigação conferido a órgão da respeitabilidade do Ministério Público.

Urge apoiem ao Ministério Público as entidades civis e todos os que — do fundo da consciência — desejam o aprimoramento das instituições e lutam por um País mais e mais moralizado.

Hugo Gomes de Almeida

Essa tal PEC 37 (Proposta de Emenda Constitucional) é portadora de um cinismo que causa espanto! Por incrível, as entidades civis, de tantas lutas éticas, calam-se nessa hora em que têm o dever de protestar e cerrar fileiras com a causa do Ministério Público — a instituição que pelo atuar altivo e imparcial tem posto freio aos malfeitos de muitos calhordas.

O Brasil precisa aumentar ao máximo o poder de investigação do Ministério Público, ao invés de restringi-lo. Máxime se tivermos em conta que os integrantes da Polícia não contam com garantias constitucionais para levar avante determinadas investigações de meliantes que tenham a proteção do Executivo. Mesmo se possuíssem tais garantias, faltar-lhes-ia a credibilidade de que desfrutam os membros do Ministério Público.

O aparelho policial tende a desprestigiar-se no conceito público ao defender autoprivilégio jurídico, sabidamente afrontante do instituto da moralidade. O Brasil, em fase de afirmação internacional, se efetivar o grotesco retrocesso, ver-se-á diminuído, reduzindo-se ao plano das republiquetas. O ato, além de infame no respeitante à apuração de ações delinquentes, carrega simbologia reducionista que diminuirá mundo a fora o conceito do País.
MONOPÓLIO DA INVESTIGAÇÃO
A quem aproveita esse pretenso monopólio da investigação? Falar-se em monopólio nesta época de pluralidade significa acinte a princípios éticos.
Quando precisamos de mais órgãos com poder de investigação, querem justamente atingir o principal deles: o Ministério Público, que se afirma dia a dia no conceito da população brasileira. Não se é de acreditar que os senhores parlamentares queiram posicionar-se na contramão do processo histórico. Será um retrocesso grotesco.

O aparelho policial deve lutar não por adquirir monopólio investigatório, mas por cobrir-se de maiores garantias constitucionais. Para que se equipare, no particular, ao Ministério Público e ao Judiciário. País nenhum pode afirmar-se bem estruturado se abrir mão do poder de investigação conferido a órgão da respeitabilidade do Ministério Público.

Urge apoiem ao Ministério Público as entidades civis e todos os que — do fundo da consciência — desejam o aprimoramento das instituições e lutam por um País mais e mais moralizado.

21 de maio de 2013
Hugo Gomes de Almeida

BERNANKE (DO FED) É CRIADOR DE BOLHAS?


 
 
Bolhas podem fazer mal à saúde financeira –e à saúde da economia, também. A bolha de internet do final dos anos 90 deixou muitos edifícios desocupados e destruiu muitos sonhos.
Quando a bolha da habitação da década seguinte estourou, o resultado foi a maior crise econômica desde os anos 30 –uma crise da qual ainda não emergimos.

Assim, quando as pessoas falam sobre bolhas, o certo é ouvir atentamente e avaliar suas alegações –e não descartá-las com desdém, exatamente o que muitos dos chamados especialistas fizeram quanto aos alertas sobre a bolha na habitação.

E existe muita discussão sobre bolhas no momento. Boa parte da discussão gira em torno de uma suposta bolha dos títulos públicos, que teoricamente estaria mantendo os preços dos títulos indevidamente altas e suas taxas de juros –que se movimentam na direção oposta– indevidamente baixas. Mas a alta no índice Dow Jones também trouxe o medo de uma bolha nas ações.

Assim, será que temos uma grande bolha de títulos e/ou ações? Quanto aos títulos, eu diria que certamente não. Quanto às ações, diria que provavelmente não, ainda que não esteja tão certo.
O que é uma bolha, afinal? Surpreendentemente, não existe definição padrão. Mas eu definiria como uma situação na qual os preços dos ativos parecem se basear em opiniões implausíveis ou incoerentes sobre o futuro.

Os preços das ações de Internet em 1999 só faziam sentido se você acreditasse que muitas companhias se tornariam novas Microsofts. Os preços da habitação em 2006 só faziam sentido se você acreditasse que eles continuariam subindo muito mais rápido que a renda dos compradores, por muitos anos.

Há algo de comparável acontecendo no mercado de títulos atual? Bem, a taxa de juros sobre os títulos de longo prazo depende principalmente do desempenho antecipado para os juros de curto prazo, que são controlados pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos).

Você não deve comprar um título de dez anos com juros inferiores a 2%, o índice atual, se acredita que o Fed vai elevar as taxas de juros de curto prazo para os 4% a 5% em um futuro não muito distante.

Mas por que exatamente você acreditaria em uma coisa dessas? O Fed normalmente cortas as taxas de juros quando o desemprego é alto e a inflação é baixa –exatamente a situação atual.

É verdade que o banco central não pode cortar ainda mais os juros porque eles já estão perto do zero e não há como baixá-los. (De outra forma os investidores prefeririam reter o dinheiro em lugar de investi-lo.)

Mas é difícil ver por que o Fed elevaria as taxas de juros até que o desemprego caia muito e/ou a inflação dispare, e não há indício, nos dados recentes, de que qualquer das duas coisas deva acontecer, e por muitos anos.

Por que, então, tanta conversa sobre uma bolha? Em parte isso reflete a observação, correta, de que as taxas de juros estão muito baixas, pelos padrões históricos.

O que é preciso ter em mente, porém, é que a economia também está em péssima forma, pelos padrões históricos –vive a sua pior situação em três gerações. As regras usuais sobre o que constitui nível razoável para a taxa de juros não se aplicam, hoje.

Também é preciso dizer que esse rumor de bolha é até certo ponto a expressão de um desejo.
Por qualquer que seja o motivo, muita gente no setor financeiro desenvolveu um ódio profundo por Ben Bernanke, o chairman do Fed, e por tudo que ele faz; querem que suas políticas de dinheiro fácil sejam abandonadas, e também desejam que elas fracassem de alguma maneira espetacular.

No entanto, a falta de apreço por professores barbudos da Universidade de Princeton não provou ser uma base confiável para uma estratégia de investimento.

E não deveríamos esquecer o exemplo do Japão, onde as apostas contra os títulos do governo –justificadas por mais ou menos os mesmos argumentos hoje usados para embasar alegações sobre uma suposta bolha nos títulos norte-americanos– terminaram em desastre com tanta frequência que esse mercado veio a ganhar o apelido de “fazedor de viúvas”.

Hoje, a dívida pública japonesa é bem mais que duas vezes maior do que o PIB (Produto Interno Bruto) do país, o deficit orçamentário continua grande e a taxa de juros sobre os títulos públicos japoneses de 10 anos é de 0,6%. Não, não errei a vírgula.

Bem, e quanto às ações? Os grandes índices de ações estão mais altos hoje do que no final dos anos 90, e isso pode parecer ameaçador. Mas a ameaça parece bem menos séria, no entanto, quando você descobre que os lucros das empresas –e é neles, afinal, que uma ação representa participação– são mais de duas vezes e meia superiores ao que eram quando do estouro da bolha dos anos 90.

Além disso, com rendimentos tão baixos para os títulos públicos, é de esperar que os investidores transfiram dinheiro às ações, o que gera aumento de seus preços.

No geral, os argumentos quanto a bolhas significativas nas ações ou, especialmente, títulos públicos são bastante fracos. E essa conclusão importa para a política, e não só para o investimento.
Pois um importante subtexto da retórica recente quanto a uma bolha é a exigência de que Bernanke e seus colegas desistam de seus esforços para estimular a economia, sob pena de consequências catastróficas.

Na realidade, porém, não existem argumentos para acreditar que estamos enfrentando um grande problema de bolhas, e muito menos para que a preocupação sobre bolhas hipotéticas sobrepuje a tarefa de recriar empregos para os norte-americanos. Bernanke deveria deixar de lado os barões babões das bolhas e continuar fazendo seu trabalho. (transcrito da Folha)

Paul Krugman
21 de maio de 2013
 

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA HÉLIO FERNANDES

Dona Dilma deveria dar o pontapé da CPI dos Estádios. Teria apoio do doutor Renan, doutor mesmo. O ministro de Campos não está contra ele, os irmãos Ciro e Cid, sim. Michel Temer não gostou de perder. Os canalhas também morrem, epitáfio para Videla, Pinochet e Ustra

Disforme e sem uniforme, Dona Dilma deu o pontapé no estádio Mané Garrincha. Já fizera o mesmo no Maracanã, Minas, Ceará e ontem repetiu em Pernambuco. Não escolhe nem as companhias, ficou abraçada com o governador Agnelo Queiroz, que soterrou uma CPI para se livrar da punição pelas acusações, das quais não se defendeu e ninguém o defendeu.

É bem verdade que os governadores Sergio Cabral e Marcone Pirillo pegaram carona nessa operação. (A palavra soterrou fica muito bem, pois como sempre existiam empreiteiras construtoras riquíssimas envolvidas).

Esse pontapé foi repetido na televisão, tiveram o cuidado de editar sem a foto do governador, suspeitíssimo. Na verdade, foram 17 pontapés no cidadão-contribuinte-eleitor, que está pagando a construção superfaturada de todos esses estádios, que serão usados circunstancialmente.

Como não tem conselheiros ou assessores com autoridade e independência, e ela mesma é lenta na análise. Dona Dilma ainda nem percebeu o conteúdo de marquetismo que está jogando fora. Poderia dar o pontapé para uma CPI que fizesse o levantamento dos custos desses "elefantes bancos". Desculpem o lugar comum, não há como fugir).

Começaria pelo próprio Mané Garrincha, orçado em 680 milhões, ainda não está pronto, no final custará mais de 1 bilhão e 500 milhões. Daria um pulo ao Estádio do Rio, quase a mesma coisa. Iria custar perto de 800 milhões, vai chegar a quase 1 bilhão e meio, e terá que ser reformado para a Olimpíada. Mas 288 milhões.

PS– Não teria o menor problema para criar a CPI. Poderia ser do Senado, teria mais pompa e liturgia. Está aí mesmo à disposição o prestimoso, o doutor Renan Calheiros.

PS2 – Doutor, mesmo, foi até ministro da Justiça da base, só que comparada (nada a ver com comprada) à era do PSDB e de FHC, qual a diferença?

PS3 – De qualquer maneira, Dona Dilma estaria iluminada (?) por uma de suas seduções: o holofote.

MINISTRO DE CAMPOS
NÃO ESTÁ CONTRA ELE

Foi noticiado que Fernando Bezerra, da Integração Nacional, indicado pelo governador de Pernambuco) apoiaria Dilma. Já escrevi sobre isso há 10 dias, com os fatos verdadeiros.

O ministro quer ser governador, com apoio de Campos. Se não for, aí sim, pode apoiar Dona Dilma. Ela é apenas trampolim, estão em campanha para a candidatura. Todos, inclusive Dona Dilma. No PSB, contra Campos, só mesmo os irmãos Cid e Ciro.

QUEM PERDE MAIS:
PMDB OU MICHEL TEMER

É difícil, quase impossível fazer levantamento sobre o rescaldo, ainda não apagado da soturna "madrugadada" dos portos. Todos foram atingidos, ninguém ancorou em boas condições, muitos bastante avariados. Michel Temer passa recibo na derrota, deixa "vazar" quebra de relacionamento.

Vencedores mesmo, Daniel Dantas, Libra, Eike, Odebrecht. Perdedor único: o interesse nacional. Os portos estatais naufragaram.

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PS – Resta esperar a CPI apregoada, anunciada e retumbada pelo deputado-delegado Protogenes. Virá mesmo? Se não vier, significa a palavra dele.

PS2 – Por que não viria? Proclamada da forma como foi, com a Câmara quase completa e audiência de televisão recorde para aquela hora, não teria sentido. Além do mais, até agora Protogenes tem crédito acumulado. O que não acontece com seu partido, o PCdoB.

EPITÁFIO PARA
UM TORTURADOR

Adequadamente, na campa do túmulo do coronel Ustra: "Os canalhas também morrem". Como epitáfios servem mais para mortos, podem ser usados para Videla e Pinochet. Embora Ustra não esteja longe deles.

FILHA DE RAÚL CASTRO FAZ
ACORDO COM O PAI E O TIO

Mariela Castro é uma espécie de porta-voz dos gays de Cuba. Eles quiseram fazer passeata em Havana, não conseguiram nem chegar perto da autorização. Falaram com ela, que antes de conversar com o pai, procurou o tio. Fidel lhe disse: "Deixa eu falar com ele, mas têm que fazer concessão".

Fidel falou com o irmão, que de cara, vetou: "Passeata gay, você está de acordo?" Fidel disse, "não estou de acordo, mas eles confiam nela, pode valer mais tarde".

Raúl perguntou como fariam, Fidel mandou esperar. No dia seguinte, Mariela veio com a proposta, logo aceita. Cartazes com duas frases: "Homofobia, NÃO. Socialismo, SIM". Houve a passeata, um sucesso para todos.

CABRAL GANHA NO TJ, VAI
PERDER NO STJ E NO STF

A luta de Cabral contra os donos da cadeiras do Maracanã, chamadas de "cativas" ou "perpétuas", é uma vergonha. Essas cadeiras começaram a ser vendidas em 1948, financiaram uma parte da construção do estádio. Agora esquecem tudo e um dos secretários de Cabral diz esta barbaridade: "Quem comprou essas cadeiras queria apenas ver a Copa de 50".

Como ele soube se nem era nascido? Agora, a chamada "guerra das nucleares" se transformou em luta coletiva. No STJ e no STF, quem ganhar ganhou, quem perder perdeu, coletivamente. Só que esses dois tribunais não podem votar contra o direito adquirido.

TV CULTURA TEVE
CANDIDATO ÚNICO

Há mais de um mês, informei aqui: o ex-ministro João Sayad está querendo continuar como presidente da Fundação Padre Anchieta, que mantém a TV Cultura. Ainda perguntei: por que alguém trabalha tanto para presidir uma televisão sem audiência? E acrescentei: contra o governador Alckmin, não tem a menor chance.

Ainda não havia surgido o nome de Marcos Mendonça (nome do mais famoso goleiro do Fluminense, aristocrata e tricampeão) e a exigência do governador que ele fosse candidato único. Se a reeleição fosse tão fácil assim, que maravilha viver.

SERRA, SEMPRE SERRA,
A GRANDE ATRAÇÃO

O ex-governador pelo menos conseguiu uma grande atuação na convenção do PSDB. Foi a grande atração. Acima de um ex-presidente da República, de um governador no cargo, do próprio duas vezes presidenciável, Aecio Neves.

Este pretendia a presidência do partido, sem concorrentes. E a presidência da República, com todas as restrições internas. O porta-voz dessas restrições, José Serra, se colocou habilmente nessa posição. Por isso, a ansiedade em relação à sua fala, quando a "fala do trono" devia vir de Aecio.

Serra cumpriu o que ele mesmo programara. Não chegou com FHC e Alckmin, como acreditavam. Não citou o nome de Aecio uma só vez. Confundiu deliberadamente os "intérpretes". Nenhum analista, por mais serviçal que seja, pode afirmar que Serra não será candidato em 2014, ao Planalto, ou numa opção, a voltar ao Bandeirantes.

E nessa opção deixa em aberto a possibilidade de disputar a Presidência pela terceira vez em 2018, com 76 anos. O ex-prefeito, ex-ministro várias vezes, senador (praticamente sem exercer o mandato) e governador representa Carlos Drummond de Andrade, é a pedra no meio do caminho do PSDB.

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PS – As chapas (únicas) dos quatro primeiros presidentes da República eram chamadas de "café com leite". E os três primeiros eram de São Paulo: Prudente, Campos Salles, Rodrigues Alves.


PS2 – O quarto, Afonso Pena, era uma reivindicação de Minas, para o seu governador. Mas o que valeu mesmo é que se não fosse ele, seria Rui Barbosa, pânico dos políticos. Poucos sabem disso.

PS3 – A morte de Afonso Pena, deixando 17 meses para o vice Nilo Peçanha, acabou com o "café com leite" obrigatório.

PS4 – Volta agora, Aecio pela primeira vez tem uma certeza: sem São Paulo não ganha, nem sequer chega ao segundo turno.

21 de maio de 2013
hélio fernandes

 

OLIGARQUIA GLOBALITÁRIA PATROCINA ONDA DE ATAQUE À CORRUPÇÃO PARA TROCAR PETRALHAS POR AGENTE DE CONFIANÇA



 

O esperado esquema de ações psicológicas para desestabilizar a petralhada ganhou extrema velocidade nos últimos dias. Ninguém duvide que a bem orquestrada onda de boatos mentirosos sobre o fim do Bolsa Família é apenas a parte mais visivel do processo de guerra assimétrica contra um governo que é gerencialmente lento, ineficiente e corrupto.

Psicossocialmente, os interessados reais em tirar o PT do poder vão investir em uma campanha anticorrupção parecida, porém em maior insentidade e efeitos judiciais, que aquela que ajudou a eleger Fernando Collor de Mello Presidente em 1989. Em vez da caça aos marajás do passado, agora a temporada é de caça aos corruptos e, sem trocadilho, incomPTentes.

Um dos pontas de lança da guerra total ao PT é o Presidente do Supremo Tribunal Federal. Claramente Joaquim Barbosa reage às pesadas ameaças que vem recebendo da petralhada nos bastidores. O fato de atacar o Congresso e pregar que os partidos são de mentirinha (verdade que todo mundo já sabe) faz parte da ação anticorrupção que tem foco direto na futura derrocada eleitoral petista.

Também faz parte da mesma tática o duríssimo e surpreendente discurso do governador paulista Geraldo Alckmin, no último dia 8 de maio, que agora ganha repercussão tardia na internet. Candidato à reeleição – preparando-se para os violentos ataques que sofrerá do PT -,Alckmin criticou o Executivo, o Legislativo e o Judiciário – claramente nem poupando a máquina estadual que administra.

Alckmin detonou: "O povo não sabe de um décimo do que se passa contra ele. Se não, ia faltar guilhotina para a Bastilha, para cortar a cabeça de tanta gente que explora esse sofrido povo brasileiro, O sujeito fica rico, bilionário, com fazenda, indústria, patrimônio e não acontece nada. E o coitado do honesto é execrado. É desolador. A corrupção, o paraíso é o Judiciário. Todo mundo diz: ´Na hora que for para Justiça vai resolver...´Vai levar 20 anos..."

O esquema de ataque ao PT já deixa bem claro que não representa apenas uma ação daquele que seria, em tese, o principal partido de oposição. O PSDB é apenas um dos instrumentos do ataque. Joaquim Barbosa também cumpre o mesmo papel. Até as Organizações Globo já abrem espaço impresso (em O Globo, na Época e no Valor Econômico) para críticas diretas de militares, e começa até a questionar a Comissão da Meia-Verdade (ou a Omissão da Verdade).

Ninguém duvide que a temporada de trégua a Luiz Inácio Lula da Silva já acabou. Os inimigos do PT e seus agentes têm como prioridade impedir que Lula seja bem sucedido no plano (ainda não exposto publicamente) de conquistar uma vaga no Senado pelo Estado de São Paulo, em 2014. É para inviabilizar (ou atrapalhar muito) Lula que já se cogita na candidatura de José Serra – também ao Senado. No mínimo, Serra tira a facilidade de uma vitória de Lula – que também deseja eleger sua amiga Rosemary Noronha deputada federal. Tudo, claro, em nome do amor à impunidade.

Por isso, vale repetir e deixar bem claro. Na sucessão presidencial, tudo vai depender da vontade da Oligarquia Financeira Transnacional que controla os negócios no Brasil. Lula, Dilma e companhia devem se preparar para uma temporada monumental de desgaste pessoal e político, com pressão pessoal insuportável nos bastidores e um festival de denúncias de escândalos na mídia. Dilma, que estava com a sucessão tranquila, agora tem motivos para rezar muito.


A confusão pode até abrir espaço para um perigoso vácuo institucional. Se isto ocorrer, os controladores globalitários devem investir no Poder Judiciário como o “solucionador do caos”,punindo os agora inimigos (que serão popularmente chamados de “corruptos”. A Oligarquia global também pode até apelar para a velha fórmula do passado, investindo nos militares para legitimar o suposto processo de “depuração institucional”.

Uma coisa é absolutamente certa. Uma intervenção como 1964 – na visão da Oligarquia Globalitária – está descartada. Naquela época, eles não tinham o domínio completo do Brasil. Por isso precisaram dos militares para assumir o poder e instalar, na máquina estatal, os tecnocratas que implantaram a “Nova Ordem Mundial” na economia brasileira. Quando a Oligarquia percebeu que os militares tentavam dar uma linha nacionalista ao projeto econômico, rapidamente, os tiraram do poder pela garagem do Palácio do Planalto.

Desde 1985, os governos que sucederem à nada “Nova República” – como foi chamado o golpe de azar e de maquiavelismo institucional que levou José Sarney à Presidência) seguem a cartilha da Oligarquia Financeira Transnacional. Até as privatizações da Era FHC, que pareciam um “desmonte neoliberal do Estado”, na verdade, com o sistema de agências reguladoras, foi um mero ato capimunista.

O governo Lula habilmente se aproveitou do esquema e aprofundou o capimunismo. Usando a aparelhagem do partido sobre os fundos de pensão de estatais, para influir diretamente nas empresas pretensamente desestatizadas, a petralhada abriu caminho para os novos negócios petistas – em que seus dirigentes, amigos e parceiros têm participações de menos de 4% do capital social dos maiores empreendimentos do País (geralmente financiados pelo BNDES).

Na visão da Oligarquia Financeira Transnacional, o PT cometeu excessos. A corrupção, que antes viabilizou todos os negócios pós-regime militar, saiu do controle e ameaça os maiores negócios. Eis o motivo pelo qual a banca globalitária fará todo o investimento necessário para substituir Dilma Rousseff. O que precisa ficar bem claro é que a troca será de seis por uma meia dúzia menos abertamente corrupta que a petralhada.

Na essência, a sucessão de 2014 deve mudar apenas quem senta no trono de Presidente. O novo ocupante do Palácio do Planalto obedecerá aos mesmos patrões de sempre. Hoje, a preferência da Oligarquia recai sobre Aécio Neves. O nome dele é cotado desde a famosa festinha na mansão Spencer House, casa dos banqueiros londrinos Rotschild, em 17 de junho de 2004, quando Aécio foi citado como “Futuro presidente do Brasil”.


Mas, se não for Aécio, será qualquer um. Podem obrigar até o Joaquim Barbosa a entrar na dança, embora ele negue ter qualquer vontade de sair da aparente comodidade do Poder Judiciário para uma desgastante gestão da política no Executivo. Barbosa seria agora um plano B, tendo Aécio como a opção A. No entanto, se ação dos controladores globalitários contra a petralhada depender muito do Judiciário, Barbosa pode ser colocado no páreo, como franco favorito, graças à popularidade angariada pela atuação no julgamento do Mensalão.

E, sem nenhuma surpresa, sustentado e patrocinado pela Oligarquia Financeira Transnacional, o fator Barbosa terá o apoio do braço forte e da mão amiga dos militares – que querem fazer alguma coisa para mudar a República, mas ainda sofrem do desgaste psicológico pós-1964. Hoje, a preferência deles seria atuar nas sombras do poder – e não com generais-presidentes, que não roubaram, mas não sabiam quem era o real inimigo que os manipulava politicamente.

Tais verdades são muito duras –principalmente para os membros do Poder Fardado. Mas tudo se encaminha para um apoio deles ao Poder Togado. Ou, se tal radicalização institucional não for necessária, todos vão dar suporte à operação de aparente limpeza da petralhada corrupta a ser feita pelo neto de Tancredo Neves. Isto ocorrendo, o cachorro amestrado da história tupiniquim volta à cena, como sempre correndo atrás do próprio rabo e metendo sempre o rabo entre as penas para obedecer aos desígnios da Oligarquia Financeira Transnacional.

Em resumo, só por milagre o Brasil deixará de ser aquela velha e rica colônia de exploração mantida sob controle do Poder Real da Nova Ordem Mundial.

Conspiração Coreana


Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.
 
21 de maio de 2013
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

ESTRATEGISTAS DO PT JÁ TEMEM PROBLEMAS NA DISPUTA ENTRE LULA E JOSÉ SERRA POR UMA VAGA AO SENADO EM SP



A petralhada tem fortes motivos para temer o ano de 2014. Não que o maior risco seja perder a reeleição presidencial. O perigo mais concreto é não conseguir eleger Luiz Inácio Lula da Silva ao Senado por São Paulo. Estrategistas do PT já trabalham com a grande chance de que José Serra também tende disputar a vaga pelo PSDB. O fator Serra acaba com a barbada que seria a conquista da imunidade parlamentar para Lula, por oito anos.

A segunda prioridade de Lula para o ano que vem é reeleger Dilma Rousseff. A primeira é eleger a si mesmo Senador e também conseguir um mandato de deputada federal para a amiga Rosemary Noronha. Lula sabe que o “foro privilegiado” é taticamente essencial para ambos. Aliás, a coitadinha da Rose foi a única que perdeu o empregão de chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, por causa das acusações da Polícia Federal na Operação Porto Seguro.

Lula também gostaria muito de tirar o PSDB do Palácio dos Bandeirantes. Pode não ser missão tão fácil porque o governador Geraldo Alckmin ainda tem o domínio da máquina política na maioria dos municípios do interior paulista. Apesar do desgaste de muitos anos no poder– e do crescimento da violência em São Paulo, gerando descontentamento da opinião pública -, Alckmin ainda conta com muito poder político e econômico para se reeleger.

Se avaliar que a chance é concreta de desaninhar os tucanos, Lula investirá pesado na candidatura de Luiz Marinho – prefeito de São Bernardo do Campo que, a muitos amigos, aponta como seu grande herdeiro político. Caso pressinta que a conjuntura é mais complicada, Lula tem duas opções. Ou deixa o ministro da Saúde Alexandre Padilha se aventurar, ou aposta em uma aliança com o PMDB em favor de alguma candidatura. Como a de Gabriel Chalita, que conta com a bênção do vice-Presidente da República Michel Temer (outro que luta para manter o lugar na chapa da Dilma).

Na sucessão presidencial, tudo vai depender do fator econômico. Não tanto da conjuntura de inflação em alta, risco de desemprego ou de crescente endividamento da classe média. Mas sim da vontade de quem realmente manda na economia brasileira. A Oligarquia Financeira Transnacional há quase uma década já cogita um apoio a uma candidatura presidencial de Aécio Neves. Todos se lembram da festinha na mansão Spencer House, casa dos banqueiros londrinos Rotschild, em 17 de junho de 2004, quando Aécio foi citado como “Futuro presidente do Brasil”.

Se a banca transnacional decidir que o candidato é Aécio, com certeza, ele será eleito. Se tal decisão for sacramentada, Lula, Dilma e companhia devem se preparar para uma temporada monumental de desgaste pessoal e político. Nos bastidores a pressão será insuportável. Na mídia amestrada vão explodir denúncias de escândalos com consequências imprevisíveis. Até o projeto de Lula para o Senado pode ser ameaçado.

O bicho já começa a pegar com os desdobramentos da Ação Penal 470 (o Mensalão). Lula que se cuide – e muito. Embora ele seja hoje um dos mais poderosos e bem informados sobre tudo no Brasil, nada custa lembrar que a araruta tem sempre seu dia de mingau.

Joga Pedra no Dudu

Um grande mistério da sucessão presidencial precipitada:

O que Lula fez que conseguiu dar uma freada tão grande na agora quase morta aventura presidencial do governador pernambucano Eduardo Campos?

O certo é que Eduardo deve ter levado, nos bastidores políticos, mais pedrada que a Geni do Chico Buarque (com quem o neto de Miguel Arraes tem grande semelhança física).

 
Guerra nada Santa

A batalha nada santificada entre os cardeais peemedebistas Michel Temer e Eduardo Cunha promete grandes estragos.

Temer avalia que Cunha lhe causou grandes prejuízos com a novela da votação da MP dos Portos.

O maçom inglês Temer já está doido para dar uma bola preta no Eduardo – só não sabe como, ainda...

Ecoproblema Paraguaio


Do jornalista Marco Acuña recebemos um vídeo sobre a agonia do belíssimo Lago Ypacaray, que fica a 48 km da capital do Paraguai.

Bem parecido– só que em escala maior e mais desastrosa – com o que acontece com as Lagoas na Barra da Tijuca e Jacaepaguá, no Rio de Janeiro.

Excesso de cianobactérias, que sujam a água de verde e roubam o oxigênio dos peixes, geralmente facilitadas por poluição industrial e falta de tratamento de esgotos e rejeitos tóxicos – bem no estilo terceiro-imundista...

Elogio ao Apedeuta


Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.
21 de maio de 2013
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.