Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania.
Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos.
Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...) A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville (1805-1859)
Afronta! Embaixador da Venezuela anuncia que continuará a participar de atos como aquele promovido por Dirceu, diz que isso faz parte de suas atribuições e ataca as oposições brasileiras
Maximilien Sánchez Averláiz, embaixador da Venezuela no Brasil, está confundindo o baguncismo institucional em seu país — uma ditadura — com a institucionalidade brasileira, que ainda é uma democracia. Militante fanático do chavismo, um dos formuladores do “bolivarianismo”, Averláiz se mostra também um cínico. Na prática, ele diz que continuará a desafiar as leis brasileiras e que se insurgirá contra os Poderes Constituídos quando lhe der na telha. Por quê?
Ele emitiu uma nota respondendo às críticas da oposição. Lá está escrito: “Faz parte das atribuições de um embaixador conhecer os acontecimentos políticos do país no qual está alocado (….) Inclusive tenho aceitado e continuarei aceitando qualquer convite que me façam os partidos signatários”. Continue lendo aqui
Abaixo-assinado na web quer apoio de 1,3 milhão de pessoas para enviar lista ao Senado e tirar senador da presidência da Casa
Renan Calheiros (à direita) participa de cerimônia antes do início dos trabalhos da 54ª LegislaturaUESLEI MARCELINO / REUTERS
Um abaixo-assinado criado pela ONG Rio de Paz e pelo Movimento 31 de julho, organizações que combatem a corrupção, alcançou, nesta sexta-feira, 1 milhão de assinaturas a favor do impeachment de Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado. A petição, que está disponível na web, foi publicada na rede antes mesmo da eleição de Renan para o cargo. Quando foi lançada, os manifestantes pediam que o Congresso não elegesse o senador, que pode ser réu por peculato e outros crimes no Supremo Tribunal Federal (STF).
Agora, o objetivo é alcançar o apoio de 1,3 milhão de pessoas. “Vamos conseguir 1.360.000 assinaturas (1% do eleitorado nacional), levar esta petição para o Congresso e exigir que os Senadores escutem a voz do povo que os elegeu. Segundo nossa Contituição. ‘A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles’”, diz o texto.
Nem o mensalão espanhol de Mariano Rajoy conseguirá ser tão divertido quanto o nosso. Os espanhóis andam sem motivos para exercitar seu senso de humor desde que a crise econômica europeia produziu um desemprego de 25% e um tranco no desenvolvimento do país, que florescia embalado pelo renascimento de sua democracia, depois do negra noite franquista. No embalo da crise, os espanhóis trocaram o Partido Socialista de José Luis Zapatero pelo conservador Partido Popular de Mariano Rajoy. Além de não conseguirem nenhuma melhora econômica, levaram de troco uma denúncia de que o partido no poder vem sendo favorecido há 20 anos por doações suspeitas de empreiteiras. Mais do que um tipo de “mensalón”, um clássico Caixa 2, tão ilegal lá quanto aqui, mas que, segundo ensinamento do ex-presidente Lula em famosa entrevista em Paris, nao é tão grave “porque todo mundo faz”. Agora vejamos as diferenças entre as reações lá e aqui: na Espanha, ao que tudo indica, o governo poderá ter que convocar eleições antecipadas e a chance de o Partido Socialista Operário (PSOE) voltar ao poder, segundo indicam as pesquisas, cresce a cada dia.
Aqui, o Supremo Tribunal Federal já julgou os envolvidos e condenou vários deles à prisão, mas eles ainda estão em liberdade e assim ficarão até que se esgotem todos os leguleios jurídicos possíveis. O que acontece? Os políticos julgados e condenados, principalmente aqueles filiados ao partido que comanda o governo, são reverenciados como heróis em festas e homenagens realizados em eventos destinados a mostrar o apreço que os companheiros têm por eles. Gente batuta. O Congresso Nacional, onde alguns dos condenados exercem mandato, ameaça by-passar o Supremo Tribunal Federal e dar a última palavra sobre a cassação ou não de seus mandatos, ensaiando um passa-moleque na Constituição. Criar uma crise e um conflito juridiscional entre poderes? Que nada. Pura bazófia política para, como se diz, “marcar posição”. O Congresso cumprirá seus rituais regimentais para poder dizer que deu a última palavra, que não poderá ser diferente de “sim,senhor”. E, ridículo dos ridículos, se nao fosse humilhante e vexatório: o embaixador da Venezuela participa de ato político contra a decisão do STF, apoiando os condenados. Tolerado inexplicavelmente pelo governo e pelo Itamaraty, ao invés de ser advertido ou até expulso, ainda tem a insolência de soltar uma nota dizendo que participará de outros atos iguais a esse quando houver. Os espanhóis não vêem nenhum motivo para orgulhar-se do seu “mensalão”, enquanto aqui dançamos a zarzuela.
Tárlis Schneider / Acuracia Fotojornalismo / Agência O Globo
O gás cianídrico liberado na queima da espuma, utilizado para melhorar a acústica da casa noturna, intoxicou a maior parte das vítimas, segundo perícia
A tragédia de Santa Maria (RS) trouxe à tona uma série de questões sobre a segurança dos estabelecimentos e também o atendimento a vítimas de grandes incêndios. Uma delas é por que foi preciso trazer dos Estados Unidos uma substância tão simples - uma vitamina B injetável - para atender os pacientes que, segundo exames, foram intoxicados com cianeto?
"É descaso e ignorância", resume o toxicologista Anthony Wong, diretor do Ceatox (Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). Segundo ele, é inadmissível que o país não tenha a substância e que seu uso não seja difundido entre médicos e socorristas, como acontece em outras partes do mundo.
A hidroxicobalamina, que faz parte do complexo B, é usada em altas concentrações como antídoto para o cianeto. O gás,o mesmo que já foi usado no extermínio de judeus nos campos de concentração nazistas, é subproduto da queima de diversos componentes usados na idústria, como o plástico, o acrílico e a espuma de poliuretano.Segundo os peritosque investigam o incêndio em Santa Maria, essa última foi usada no isolamento acústico da boate Kiss.
É de estranhar que existam tantos produtos no mercado capazes de exalar um gás letal ao pegar fogo - da fórmica usada em residências aos colchões de espuma mais baratos. Mas o cianeto também pode ser gerado ao se queimar seda, por exemplo. E a substância (não o gás) também é encontrada naturalmente em caroços de pêssego e sementes de maçã. "Uma das principais formas de intoxicação por cianeto no Brasil é pelo consumo de mandioca brava", comenta Wong, que já atendeu dezenas de casos desse tipo.
Capaz de matar em poucos minutos, o cianeto bloqueia a cadeia respiratória das células, impedindo que o oxigênio chegue aos órgãos e tecidos. Quando usada logo após a exposição, a hidroxicobalamina salva vidas. "O efeito é tão rápido que parece até milagroso", conta Wong. Mas isso não é algo que os médicos aprendem na escola: "São poucas as faculdades que oferecem curso de toxicologia e, nas que têm, a matéria é opcional".
Na França, a hidroxicobalamina é utilizada há decadas pelos socorristas em casos de incêndio, sem que seja necessário comprovar a intoxicação por cianeto com exames, que demoram para ser concluídos. Como os benefícios de administrar a terapia logo superam, e muito, os efeitos colaterais, os socorristas usam o antídoto sem pestanejar.
Nos Estados Unidos, a medida também já faz parte do protocolo de atendimento, segundo o médico Cristiano Franke, presidente regional da Sociedade de Terapia Intensiva do Rio Grande do Sul, que fez um curso desenvolvido pela Sociedade Norte-Americana de Terapia Intensiva voltado para o atendimento de vítimas de desastres e catástrofes.
O toxicologista Anthony Wong diz que a maior parte dos casos de intoxicação por cianeto no Brasil decorre do consumo de mandioca brava
O único laboratório que fabricava a hidroxicobalamina no Brasil abandonou a produção há alguns anos por concluir que o investimento não compensava. Apesar da simplicidade da matéria-prima, trata-se de um kit que precisa ser mantido em temperatura adequada e tem de ser preparado na hora.
Alguns especialistas ouvidos peloUOLponderam que os casos de intoxicação por cianeto não são tão frequentes no Brasil. Na Europa, por exemplo, o veneno é muito utilizado em tentativas de suicídio, o que não acontece aqui. E nos EUA existe uma preocupação maior com armas químicas - o gás é uma delas. Mas, para Wong, o risco de exposição é o mesmo, não só pelo cultivo da mandioca, mas também pela frequência de acidentes em indústrias.
Banco de antídotos
Segundo o médico Carlos Augusto da Silva, do Centro de Informação Toxicológica (CIT) de Porto Alegre, a falta de interesse comercial na produção de hidroxicobalamina não justifica sua falta no país. "Na França, é o governo quem fabrica a substância", diz o especialista. De acordo com Franke, nos EUA a realidade é a mesma.
Silva aponta a necessidade de um banco de antídotos, até porque faltam no país várias outras substâncias usadas para tratar casos específicos de intoxicação. "Essa é uma reivindicação antiga nossa", enfatiza o médico, que já presidiu a Sociedade Brasileira de Toxicologia (SBTox).
O toxicologista Sérgio Graff, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), concorda com a necessidade do banco, mas lembra que o país é grande e algumas regiões seriam prejudicadas pela demora para transportar o antídoto. "Se a intoxicação ocorrer em uma fazenda ou em outro local de difícil acesso, por exemplo, levará horas para a substância chegar ao destino", comenta.
Para os especialistas, o esperado é que a tragédia de Santa Maria faça o governo brasileiro buscar uma solução para essa deficiência. Questionado peloUOL,o Ministério da Saúde informou que já discute a aprovação da hidroxicobalamina na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o protocolo de uso do medicamento no país.
7.fev.2013 - A presidente Dilma Rousseff, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e ministros participam de ato ecumênico em memória das vítimas do incêndio de Santa Maria (RS), na Catedral Metropolitana de Brasília, na noite desta quinta-feira. A tragédia deixou mais de 230 mortos
Vítimas de Santa Maria
A demora na administração da hidroxicobalamina nas vítimas de Santa Maria foi alvo de críticas por parte de muitos especialistas ouvidos pela imprensa nos últimos dias -os kits chegaram no sábado (2), uma semana após o incêndio. O Ministério da Saúde explica que a decisão de submeter os pacientes ao exame que detecta a exposição ao cianeto coube a cada hospital, e dependeu da condição clínica e evolução das vítimas.
Sérgio Baldisserotto, diretor clínico do Hospital São Francisco de Assis e médico intensivista do Hospital Universitário, em Santa Maria, conta que o exame não é feito em Santa Maria e foi preciso acionar um laboratório de Porto Alegre, por isso a detecção ocorreu apenas 80 horas após o incidente. Ele diz que nem todos os pacientes internados apresentaram sintomas típicos de intoxicação por cianeto. Mas a maior parte tinha níveis elevados do veneno no sangue - não em quantidades letais, mas acima do normal.
O antídoto para cianeto - gás tóxico inalado pelas vítimas do incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria - chegou ao Rio Grande do Sul no sábado (2); Questionado pelo UOL, o Ministério da Saúde informou que já discute a aprovação e o protocolo de uso do medicamento no país
Os técnicos do Ministério da Saúde e os médicos envolvidos no atendimentosabiam que não havia garantia de sucesso. Tanto que apenas 30 pacientes receberam a hidroxicobalamina. "Ainda não é possível avaliar se houve alguma melhora especificamente por causa do tratamento", informa Baldisserotto. "Mas é preciso deixar claro que nós sabíamos que o uso do antídoto era tardio. Mesmo assim optamos por usar, como qualquer pessoa de bom senso faria", frisa o médico, que diz não ter queixa alguma em relação ao suporte recebido pelo governo.
Os especialistas também reforçam que o cianeto não pode ser considerado o único vilão do caso de Santa Maria. "Todo incêndio gera um coquetel de gases tóxicos", esclarece o médico do Centro de Informação Toxicológica (CIT) de Porto Alegre. O monóxido de carbono produzido pela queima também pode levar à morte em poucos minutos, já que se liga facilmente à hemoglobina, estrutura do sangue responsável por levar o oxigênio para o corpo inteiro. Além disso, produtos queimados podem gerar amônia e acroleína, entre outros compostos de alta toxicidade.
Treino para catástrofes
Garantir os primeiros socorros, providenciar leitos e ventilação mecânica para todos os pacientes em uma cidade pequena é um desafio até para países desenvolvidos. Mas a verdade é que o Brasil não está preparado para agir em tragédias de grandes proporções. "Uma coisa é atender três ou quatro queimados; já atender 100 ao mesmo tempo requer um preparo específico", ressalta o médico intensivista Ricardo Lima, diretor da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib).
A Amibespera implantar, aqui, o curso americano de catástrofe e desastres, até porque o preparo seria importante para um país prestes a sediar a Copa do Mundo. Para viabilizar a iniciativa em nível nacional, no entanto, a associação espera uma parceria com o Ministério da Saúde.
PSB acha que já é hora: ‘Há um certo esgotamento dessa dicotomia tucano-petista. São 20 anos!’
O deputado gaúcho Beto Albuquerque lidera na Câmara a bancada do emergente PSB. Na noite passada, ele concedeu uma entrevista ao blog.
Falou sobre o projeto de poder de sua legenda com franqueza inusual. Contou que a candidatura presidencial de Eduardo Campos “é um consenso dentro do PSB”. Nas reuniões internas, o governador pernambucano revela-se “entusiasmado.” Para levar seu candidato à vitrine, o partido já prepara um ciclo de viagens –“É uma forma de mostrar o Eduardo ao Brasil”, diz Beto. A essa altura, declara o deputado, já não há espaço para apelos de Lula em favor de Dilma. “O Lula não pode nos impedir de fazer o que ele fez. Ele é o nosso ensinamento, nosso exemplo é o Lula.” E se oferecerem a vaga de vice de Dilma a Eduardo Campos? “O Lula sabe que isso é impossível. O PT engordou de tal forma o PMDB, que esse é um caminho sem volta. Esse casamento não tem recuo.” E quanto ao argumento de que o mandarim do PSB, por jovem, pode aguardar até 2018? “Não é o caso de esperar. O momento é de exercer a oportunidade do protagonismo em 2014.”
Vai abaixo a entrevista:
— É verdade que Eduardo Campos irá correr o país? Dentro das limitações de governador, ele vai andar o Brasil. Vem ao Rio Grande do Sul em 9 de abril. Haverá um evento partidário, em função dos meus 50 anos. Queremos reunir umas 2 mil pessoas. Ele também fará uma palestra no Fórum da Liberdade, organizado pelo Instituto de Estudos Empresariais. É um evento tradicional, está na sua 26a edição. Reúne muita gente. Nesse dia, inclusive, antes do Eduardo, fala a bloqueira cubana [Yoani Sanchez] e, depois, o [Roberto] Setúbal. Ele vai participar também de outro tradicional evento de debates da Federação das Associações Comerciais do Rio Grande. E vai receber uma honraria da Assembléia Legislativa, a Medalha do Mérito Farroupilha –iniciativa de deputados de outros partidos, não do nosso. — Afora essa agenda gaúcha, o governador irá a outros Estados? Devemos ter agendas como essa em outros Estados. Nossa ideia é proporcionar ao Eduardo oportunidades para expor suas ideias sobre política de gastos públicos, planejamento e desenvolvimento. São coisas que ele domina e que vem proporcionando a ele muito reconhecimento. — Eduardo Campos decerto não percorrerá o mapa a passeio. É candidato à Presidência da República? Nosso partido vê com total entusiasmo a possibilidade de ele ser candidato. Há um consenso dentro do PSB, até pelo aprendizado que nós tivemos com o próprio Lula. — Aprendizado? Sim, claro. O Lula não esperou que alguém viesse oferecer para ele a oportunidade. Ele começou a disputar, perdeu três eleições e ganhou as outras. Então, nós temos que enxergar a janela de oportunidade que se abriu diante de nós. Há um certo esgotamento dessa dicotomia tucano-petista. Já são 20 anos. Temos no Eduardo uma liderança testada, aprovada. É bom gestor, é político e é jovem. Não podemos perder essa oportunidade. Essas agendas todas que o partido passa a realizar pelo país é, evidentemente, uma forma de mostrar o Eduardo ao Brasil. — Nas reuniões internas, qual é a reação de Eduardo Campos a esse debate sobre o projeto presidencial do PSB? Ele está entusiasmado. Sabe das dificuldades, não ignora o tamanho do desafio. Nós prezamos muito dois predicados: pé no chão e humildade. Vivemos um momento bom. Mas tem muita coisa para fazer. Partimos de uma base muito boa. O Eduardo tem resolvido bem as questões econômicas e de gestão em Pernambuco. Você vai ao Porto de Suape e vê 50 mil pessoas trabalhando lá. O empreendedor chega em Pernambuco e não encontra dificuldades para se instalar e produzir. — Parte da pujança de Pernambuco decorre dos investimentos federais feitos no Estado na gestão Lula, com quem Eduardo Campos mantém relações de amizade. Se Lula pedir, o governador não troca suas pretensões pelo apoio a Dilma Rousseff? Creio que não. O Lula não pode nos impedir de fazer o que ele fez. Ele é o nosso ensinamento, nosso exemplo é o Lula. Além disso, sem negar nada do que foi feito pelo Lula, há verdades que precisam ser ditas. Peguemos o exemplo da Fiat. Foi o Lula que mandou a Fiat para Pernambuco? Não, a Fiat foi para um Estado que tem um ambiente de empreendedorismo afirmativo. A refinaria [Abreu e Lima], sim, o Lula ajudou. É importante. Mas por que foi para Pernambuco? Porque havia lá uma atmosfera favorável, com as coisas preparadas, com os imbróglios desatados. — E se for oferecida a Eduardo Campos a posição de vice de Dilma? O Lula sabe que isso é impossível. O PT engordou de tal forma o PMDB, que esse é um caminho sem volta. Esse casamento não tem recuo. O PMDB pode ficar tranquilo conosco. O que nós queremos não é o espaço deles. Queremos outro espaço, o nosso espaço. — E quanto ao argumento de que Eduardo Campos, jovem ainda, pode esperar até 2018? Não é o caso de esperar até 2018. O momento é de exercer a oportunidade do protagonismo em 2014. Qual é a liderança que surge e que está provocando debate agora? Não é o Aécio Neves. É o Eduardo Campos. Esse protagonismo tem muito da nossa vontade. Mas também decorre dos fatos. As coisas estão acontecendo. — Acha que Eduardo Campos desrespeitaria os fatos se deixasse de se candidatar? Seria ignorar os fatos, dar as costas para uma janela de oportunidade que acontece por várias razões. Não é obra apenas da nossa competência, mas de um somatório de coisas. Não se pode negar uma oportunidade dessas. Ainda hoje, no Twitter, uma pessoa do PT me escreveu: ‘Só espero que o Eduardo não seja mais uma candidatura de direita’. Eu respondi: Vocês são engraçados. Para ser vice, o cara é maravilhoso. Se quiser ser candidato, já começa a ficar ruim. Esse tipo de mensagem não funciona. — O PSB cresceu, mas sua estrutura parece frágil para um voo presidencial. Imaginou-se que se juntaria ao PSD. Porém, Gilberto Kassab está se entendendo com Dilma. Não vai faltar palanque e tempo de tevê? Não creio que o diálogo do Kassab conosco esteja esgotado. O que o Kassab vai fazer politicamente? Não vai ser ministro. Não me parece que queira ser deputado. Pode desejar uma candidatura a governador de São Paulo. Bem, com o apoio do PT é que não vai ser. Estamos conversando também com outros partidos –o PDT, o PTB… — E os palanques? Hoje, temos seis governadores e achamos que, em 2014, podemos ter de dez a 12 candidatos. Não queremos candidatos fracos. Preferimos não ter, não há problema nenhum nisso. Além dos palanques que podemos montar, a política brasileira, em razão de as eleiçoes não serem unificadas, tem coisas que só existem no Brasil: podemos ter palanques que recepcionem o Eduardo. Nada impede, por exemplo, que um governador do PMDB recepcione o Eduardo em determinado Estado a despeito do apoio nacional do partido à Dilma. Vamos buscar palanques que nos recepcionem. — Está convencido de que haverá estrutura? Nosso esforço será para obter uma coligação que nos dê um tempo razoável de televisão, suficiente para expor os projetos. Mas a gente já fez esse tipo de reflexão a partir da experiência da Marina Silva na última eleição. Ela não tinha um único candidato a governador dela. Não tinha um partido forte. Não tinha muito tempo de tevê. E fez 20 milhões de votos. Isso não é voto de evangélico nem de ambientalista. É um sentimento de renovação. Um sentimento que vem crescendo. Tem uma parcela da sociedade que não quer o ontem e que já aprovou o hoje, mas avalia que está chegando a um ponto de esgotamento. Tem muita gente pensando em renovação. — Acha que o ideal é ter vários candidatos? Numa eleição em dois turnos, é importante ter vários candidatos. Queremos muito que o Aécio seja candidato. A candidatura da Marina, que nós admiramos, também é importante. Se ela conseguir fundar o seu partido e aproveitar o seu recall, ótimo. Acho que podemos ter uma eleição muito boa do ponto de vista da representação e do debate, com gente muito qualificada. — Não acha que é uma incoerência o PSB manter o controle de dois ministérios, o da Integração Nacional e o dos Portos? Nossa permanência do governo tem prazo, não pode passar desse ano. — Essa demora não pode ser mal compreendida? Não. Se tivermos o Eduardo como candidato, ele não será um candidato anti-PT ou anti-Dilma. Podemos ser a candidatura do pós-PT. Não temos vergonha de ter integrado o governo Lula ou de integrar o governo Dilma. Somos uma candidatura de esquerda e achamos que há espaço para duas candidaturas. Não há nenhuma contradição nisso. — Nas disputas do Congresso, o PSB teve candidato contra Henrique Alves na Câmara e apoiou o rival de Renan Calheiros no Senado. Os senhores se reuniram com Eduardo Campos, na quinta, para avaliar os resultados. O que concluíram? Fizemos essa reunião de avaliação, em Brasília. Achamos que nosso desempenho na Câmara e no Senado foi muito positivo. — Por quê? Em função do nosso protagonismo, da nossa distinção. — Quando fala em distinção se refere ao distanciamento em relação a PT e PMDB? Sim. Mas não foi só. Nós nos distinguimos também do Aécio. Eu até brinquei, dizendo que o Aécio e a Dilma fizeram na Câmara 271 votos [eleitores de Henrique Alves, do PMDB] e o Eduardo Campos fez 165 [votação de Júlio Delgado, do PSB]. O PSDB inteirinho foi com o Henrique. No Senado, o Aécio não fez nem discurso. Disseram que votariam num candidato [Pedro Taques, do PDT] e, no voto secreto, o PSDB foi para o lado do outro candidato [Renan Calheiros]. — Que efeitos esse posicionamento adotado no Congresso pode ter do ponto de vista eleitoral? Mostramos que nós estamos ouvindo mais as vozes das ruas, que querem renovaçao, querem mudança de práticas políticas. Nesse Big Brother em que se transformou a política, tem gente que acha que não está sendo vista nem ouvida. Engano. A observação hoje é maior do que em outras épocas. O voto secreto não esconde mais ninguém.
Dilma recebe ex-ministros e planeja trocas na equipe. Presidente se reuniu com o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi, que comanda o PDT, um dia após receber o também ex-auxiliar Alfredo Nascimento, do PR
O ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi: queda após escândalos e mentiras (Sérgio Lima/Folhapress)
A presidente Dilma Rousseff recebeu nesta sexta-feira o ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi, no Palácio do Planalto. Lupi, que também é presidente do PDT, perdeu o cargo no fim de 2011, depois de uma série de denúncias de corrupção na pasta que comandava. Nesta quinta, a presidente já havia recebido outro ex-ministro defenestrado por acusações de corrupção: Alfredo Nascimento, que comandava os Transportes e caiu também em 2011, após VEJA revelar o uso de recursos desviados do ministério para fazer caixa de campanha do PR - que é presidido por Nascimento. O novo líder da sigla na Câmara dos Deputados, Anthony Garotinho (RJ), também participou do encontro. Tanto em um caso quanto no outro, a intenção de Dilma é manter no campo governista partidos que ameaçaram se desvincular da aliança com o PT. Mirando as eleições de 2014, a presidente tenta mover peças de seu tabuleiro para fazer uma reforma ministerial após o Carnaval. Dilma tem ainda uma "dívida" pelo apoio de Gabriel Chalita, que deverá ganhar um ministério, à eleição de Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo. O PR não possui mais ministérios e almeja recuperar a pasta dos Transportes ou chefiar a Agricultura. Um dos nomes cotados para ganhar um cargo na Esplanada dos Ministérios é o do senador Blairo Maggi, de Mato Grosso. O PDT, representado por Brizola Neto, ainda comanda o Trabalho. Em Minas Gerais, ambos são aliados do tucano Aécio Neves, o principal pré-candidato da oposição à sucessão de Dilma. A reunião com Lupi foi o último compromisso de Dilma antes do Carnaval. Ele deverá chegar à base naval de Aratu, em Salvador, no começo da tarde desta sexta-feira. Lá, descansará pelos próximos cinco dias.
08 de fevereiro de 2013
Gabriel Castro, Veja Online
Ando neste bonde desde junho de 2005, quando botei o pé no
estribo para meu primeiro passeio. Tenho me divertido à grande, me irritado às
vezes e aprendido muito e sempre. Quando o motorneiro tem anos de estrada e é muito competente, pode escolher a
linha de sua preferência e sendo, como o nosso, um ás nos controles, perito nas
curvas e ladeiras mais complicadas, com olhos de lince, o bonde que ele conduz
passa a ser dele. Nosso motorneiro dá a impressão de só estar atento à paisagem, mas nessa eu
não caio mais, não: sei que ele como já foi inspetor, fiscal, condutor e
motorneiro, sabe tudo do bonde e conhece cada trecho da viagem como a palma da
sua mão. E é exigente. Entrei como passageira, mas depois de muitas horas de viagem aprendi a ser
inspetor, fiscal, condutor e até, sendo necessário, amostra de motorneiro, mas
só para cobrir as férias do chefe. Ser motorneiro, mesmo cópia, é uma
responsabilidade tremenda, que me custa por ser muito exaustiva. Gosto da viagem, gosto muito do bonde e do motorneiro e adoro ser o condutor.
Para quem não está familiarizado com a linguagem dos nossos bondes, explico:
condutor não é, como parece óbvio, quem conduz... Quem conduz é o
motorneiro. O condutor é encarregado de controlar o pagamento das passagens, de ver se
todos os passageiros já embarcaram ou desembarcaram e de só então, todos a
postos, dar o sinal para o motorneiro tocar o bonde. Ele não fiscaliza, nem
inspeciona, mas tem que lidar com os passageiros. O bonde, como anda sobre trilhos, não altera o itinerário e obedece às
paradas. Não havendo nenhum contratempo, respeita o horário. Assim, não é de
estranhar que o condutor acabe conhecendo todos os passageiros. E é nesse conhecimento que mora o encanto e também o perigo da viagem. Gosto
de ouvir o papo dos passageiros – ouço coisas do arco da velha! Dou alguns
exemplos: tem os que acham que o motorneiro é o culpado da condição das ruas,
das estradas, das árvores, das calçadas e até do clima! Não lhes ocorre que ele
só tem que cuidar da sua máquina e que a viagem seja a melhor possível. Tem os que odeiam a companhia proprietária do bonde porque odeiam tudo que
não é do Estado. Mas como o Estado não tem competência para organizar e manter
bons bondes em funcionamento, o que é que esses hepatitosos fazem? Não
largam nosso bonde. No Carnaval, enfeitamos o bonde e saudamos Momo com toda a simpatia.
Antigamente, a festa durava três dias de folia... Hoje em dia, dura uma semana e
para alguns passageiros que vêm da capital, dura muito mais. O pobre do condutor tem trabalho dobrado: é sua responsabilidade não deixar
os passageiros viajarem em pé no estribo. Pois sim! Vejam aí pela foto se o
coitado tem como impedir essa fuzarca:
Lama, 5 anos, torturada e morta pelo pai, por Rasheed Aboualsamh
Apesar das dezenas de mortes ocorrendo diariamente na guerra civil na Síria, e de uma onda de violência deflagrada pela policia egípcia contra manifestantes insatisfeitos com a governança do presidente islamista Mohammed Mursi, várias notícias vindas da Arábia Saudita chamam a atenção e uma delas é a aparente absolvição de um clérigo saudita que espancou a sua própria filha à morte. O xeque Fayan al-Ghamdi foi casado com uma egípcia com quem teve uma filha, Lama. Quando se divorciou da mulher, Fayan ficou com a guarda da filha. Não deixava a mãe visitá-la. Ela somente podia falar com Lama pelo telefone, por poucos minutos cada vez.
Até aqui é uma história comum em todas as partes do mundo onde pais separados brigam pela guarda de filhos. Mas Fayan foi grotescamente além, espancando a menina com fio elétrico e cabos de metal, e estuprando-a.
A tortura da Lama durou meses, até que o pai precisou levá-la para um hospital para tratamento de suas feridas. Ela ficou na UTI do hospital por oito meses. Morreu em outubro 2012, em consequência dos ferimentos. Tinha apenas cinco anos.
Fayan foi preso e passou somente quatro meses na prisão. Foi solto na semana passada, depois que um juiz determinou que não podia aplicar-lhe a pena de morte por causa de sua interpretação de um Hadith (ensinamentos do profeta Maomé),que diz que pais não podem ser mortos por matarem seus próprios filhos.
O juiz estipulou o pagamento de apenas US$ 50.000 (R$ 99.415) em indenização para a mãe da Lama. Na Arábia Saudita, a lei permite o pagamento de dinheiro de um assassino condenado para a família da vítima, para se livrar da pena de morte.
Essa denegação de justiça provocou um clamor para a sentença ser revista. Duas ativistas sauditas, Manal al-Sharif, que liderou uma campanha para deixar mulheres dirigir carros no reino, e Aziza al-Yousef, lançaram um petição pública pedindo um novo julgamento de Fayan, com punição mais severa, e revogação da lei de tutela que deixa toda mulher saudita na posição de menor perante a lei, e sujeitas aos cuidados do seu parente masculino mais próximo, seja ele o seu pai, irmão, esposo ou filho homem.
Infelizmente, acho pouco provável uma reavaliação judicial do caso. Ele mostra de forma gritante as muitas deficiências no sistema de justiça no reino. O maior deles é que o país ainda não tem uma codificação de decisões judiciais, que deixa cada juiz com uma vasta fronteira para interpretar a lei e decidir as punições como quiser.
Por isso, há uma variação enorme nas decisões legais, deixando fatores subjetivos, como por exemplo o jeito de um juiz perceber um réu como sendo religioso ou não, influenciar na sua decisão. O governo saudita anunciou uma reforma judicial faz anos agora, mas está encontrando muita resistência por parte dos juízes, que vêm de um fundo religioso conservador.
Outra notícia que chamou a atenção foi o anúncio do vice-presidente das Filipinas, Jejomar Binay, na semana passada, de que o filipino condenado à morte na Arábia Saudita, Rodelio “Dondon“ Lanuza (preso em 2000 por matar um saudita), ia poder voltar para casa vivo depois que o governo saudita aceitou pagar US$ 614.000 para a família da vítima em indenização, fora os US$ 860.000 já arrecadados pela família de Lanuza.
Constata-se que essa forma de indenizar as famílias de vítimas virou uma verdadeira indústria de extorquir dinheiro dos condenados. Binay notou no mesmo dia que outro filipino, também aguardando execução na Arábia Saudita por ter assassinado um homem, talvez não pudesse ser salvo da morte porque a família dele tinha fracassado em arrecadar US$ 1,8 milhão exigidos pela família de sua vítima. Mesmo depois que a família da vítima reduziu a quantia exigida, estava muito longe de conseguir juntar a quantia.
Muitos devem pensar: mas onde estão os grupos que defendem os direitos humanos? O governo saudita formou a Sociedade Nacional de Direitos Humanos em 2004 para executar os acordos internacionais de direitos humanos assinados pelo reino, e para monitorar os direitos de mulheres, dos idosos, crianças e trabalhadores estrangeiros no país.
Na época parecia um passo revolucionário para um país tão conservador, e até aquele momento aparentemente despreocupado com direitos humanos. A sociedade desde então tem feito trabalhos importantes como visitar as 21 prisões do país inteiro para averiguar o tratamento adequado dos presos; fez visitas a asilos para idosos e tratou de centenas de casos de problemas de famílias envolvendo esposas e crianças maltratadas.
Um dos maiores problemas em termos de abuso de direitos humanos no reino é justamente na área da vida familiar, onde mulheres e crianças são as mais prejudicadas. O sistema de tutela masculina, ao qual todas as mulheres são sujeitas, as deixa vulneráveis a inúmeros abusos, e isso, juntamente com um sistema judiciário formado exclusivamente por homens, as deixa mal amparadas e muitas vezes à mercê dos seus torturadores.
A blogueira saudita Eman Nafjan explicou recentemente no site dela que, quando uma mulher abusada vai à delegacia policial para prestar queixa contra um pai ou marido abusivo, a polícia chama seu guardião masculino — que geralmente é seu atormentador — e a polícia religiosa para tentar convencê-la a retirar a queixa e voltar para casa, onde provavelmente sofrerá mais abusos. Somente se a mulher insistir em não retirar a queixa por quatro horas é que as assistentes sociais são chamadas para dar assistência e abrigo para a mulher!
Deixar um monstro como Fayan se livrar do abuso horroroso e letal que ele praticou contra sua filha é uma vergonha da qual nenhum saudita pode se sentir orgulhoso.
O governo saudita e a sociedade não podem deixar assim, aceitando que alguns juízes mal informados se baseiem em Hadiths pouco confiáveis. Uma Arábia Saudita moderna e digna demanda muito mais do que isso.
08 de fevereiro de 2013
Rasheed Aboualsamh, é jornalista. O Globo
Esclarecida a questão da perda de mandatos dos quatro parlamentares que tiveram seus direitos políticos cassados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), não resta mais nenhum recurso aos reclamantes que tentar protelar ao máximo os trâmites burocráticos dentro da Câmara. O presidente Henrique Alves esclareceu que quando afirmava que a questão seria finalizada na Câmara, se referia justamente a esses passos que têm que ser dados antes de declarar vagas as cadeiras e convocar os respectivos suplentes.
Esse processo pode ser rápido, como promete o novo presidente da Casa, ou pode vir a demorar se houver no caminho quem se disponha a retardá-lo com o objetivo de permitir que os deputados João Paulo Cunha (PT-SP), José Genoino (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT) estiquem suas permanências no cargo.
De acordo com o artigo 55 da Constituição, perderá o mandato o Deputado ou Senador, entre outros casos, “que perder ou tiver suspensos os direitos políticos”. Foi justamente o caso dos condenados no processo do mensalão, descrito no inciso IV do artigo. No parágrafo 3º do mesmo artigo 55 está dito que “nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa”.
Além da perda ou suspensão dos direitos políticos, perde também o mandato o deputado ou senador “que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada” ou “quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição”.
A partir das experiências com deputados que perderam o mandato por decisão do TSE podemos ter uma ideia sobre o que poderá acontecer na tramitação dos casos atuais pela Câmara. O ex-deputado Ronivon Santiago, por exemplo, levou nada menos que um ano para ter a perda de seu mandato decretada, o mesmo acontecendo com o senador João Capiberibe, que conseguiu até mesmo uma liminar na justiça comum para não perder o mandato. Só um ano depois teve que deixar o Senado, mas pode se candidatar novamente e se elegeu. Os quatro condenados, pelo menos, não poderão voltar a se candidatar tão cedo, pois já estão enquadrados na Lei do Ficha Limpa.
O processo interno na Câmara tem várias etapas. Depois que o julgamento é considerado concluído pelo Supremo, o STF comunica à Câmara a perda dos direitos políticos dos deputados. O assunto tem que ser levado para a Corregedoria, que faz um relatório sobre o processo, e deve terminar na Mesa da Câmara, que declara a vacância do cargo. Ou pode mandar o caso diretamente para a Comissão de Ética ou para o plenário, que debateriam o mérito da decisão do Supremo. Pelo que disse o presidente da Câmara, deputado Henrique Alves, o mérito da decisão não estará em questão na Câmara, mas apenas aspectos formais, como se o direito de defesa dos condenados foi obedecido.
É claro que nesse meio tempo, os condenados poderão fazer diversos recursos à mesa da Câmara ou ao Conselho de Ética, e é por isso que o PT está querendo presidi-lo. Se ficar caracterizada uma protelação indevida para evitar o cumprimento da lei, somente a pressão da opinião pública poderá denunciá-la. No texto que escrevi para o meu livro “Mensalão”, da Editora Record, que já está nas livrarias (a noite de autógrafos será no dia 26 na Livraria da Travessa do Shopping Leblon), ressaltei o histórico voto do ministro Celso de Mello que definiu a dimensão da decisão, que sacramentou com seu voto, pela cassação dos mandatos dos parlamentares condenados no processo como consequência da perda de direitos políticos.
Celso de Mello chamou a atenção para o fato de que seria “inadmissível o comportamento de quem, demonstrando não possuir necessário senso de institucionalidade, proclama que não cumprirá uma decisão transitada em julgado emanada do órgão judiciário que, incumbido pela Assembleia Constituinte de atuar como guardião da ordem constitucional, tem o monopólio da última palavra em matéria de interpretação da Constituição”.
(Bom Carnaval a todos. A coluna voltará a ser publicada na quinta-feira dia 14)
Assisti na TV ao programa que gosto muito, em canal fechado, chamado de “Painel”, e que tratou sobre o incêndio da Boate em Santa Maria. Três intelectuais debateram sobre o assunto, sendo eles, Roberto Romano, Luiz Felipe Pondé e Oscar Melo (foto).
Discutiram e procuraram explicar as causas do desastre no Rio Grande do Sul.
Luiz Felipe, Roberto Romano e Carlos Melo
Enumeraram as causas que segundo eles foram: corrupção, Leis e fiscais, ignorância e desvalorização da vida. Ora, a nossa cultura é tão autoritária (ainda que disfarçada) que é comum vermos aquelas frases chavões: “você sabe com quem está falando?”.
A nossa ética cultural na verdade nos obriga a estacionar o carro em lugar proibido, principalmente se for em vagas de deficiente físico, a furar fila, em suma, o que buscamos e ser feliz por não cumprirmos a lei e é por isso no Brasil tem lei que pega e tem (muito mais) as que não pegam.
Para ser franco, diria mesmo que a nossa alma autoritária não nos deixa sermos um povo que pensa no próximo e por isso apesar de vivermos sob a lei, sempre a contrariamos. Claro que nesse episodio da Boate Kiss, podemos perceber que só um idiota pode acender um fósforo em lugar fechado, mas contra idiota não há legislação.
Bom, mas o certo é que os itens que causaram o desastre poderiam ter sido evitados, se o Brasil fosse um país que valorizasse melhor a vida dos outros.
Podemos pensar também que quando a corrupção chega a níveis que chegaram cabe perguntar se os nossos aviões tem manutenção adequada, se os remédios em suas bulas tem realmente a quantidade certa, ou seja, vivemos em um país que tudo tem o jeitinho brasileiro como forma de se dar bem, enganando os trouxas, nós, os contribuintes.
Isso é de uma verdade tão presente que o usuário de qualquer boate nos país pode enxergar um extintor e deveria ficar seguro, mas em sua maioria, é provável que os extintores estejam descarregados ou vencidos. Por outro lado, há também como causa a falta de estrutura dos bombeiros que demoram muito tempo para conceder os alvarás de licença para que as empresas funcionem e como demoram as empresas terminam tendo que funcionar antes da autorização.
Aliás, quero registrar que logo após o acidente, eu fui um dos que disseram que o grande culpado da tragédia em Santa Maria eram os bombeiros. Muitos acharam que eu estava exagerando. Pois bem, semana passada vi pela internet o laudo do Crea do Rio Grande do Sul dizendo exatamente isso.
Bom, mas voltando ao programa “Painel”, chamou minha atenção a informação dada por um dos debatedores, o Roberto Romano, que o viaduto do chá em São Paulo tem rachaduras tão velhas e profundas que já nasceram árvores e que já estão até frondosas e o prefeito de São Paulo ainda não viu. Pode isso? Quanto absurdo! Não é à toa que tivemos que ouvir do novo presidente do senado, Renan Calheiros dizer em alto e bom som, que “no Brasil a ética não deve ser um fim”.
Mas (rezemos para que não) se o viaduto do chá vier a cair um dia, será apenas mais uma catástrofe anunciada.
08 de fevereiro de 2013
Adauto Medeiros. Engenheiro civil e empresário
Este vídeo mostra que o tirano Fidel Castro, o mais antigo ditador do mundo, está no finzinho. Os seres humanos são finitos e desaparecem. A não ser que consigam o sósia e espalhem aos quatro ventos que Fidel melhorou e terá vida eterna terrena. Comunistas sempre foram mistificadores, mentirosos e trapaceiros. E pior, assassinos, como Fidel Castro e seu sequazes. Os comunistas do século XXI em nada diferem de seus antecessores. Apenas mudaram a estratégia para se eternizar no poder. O cinismo é sua arma. Vade retro!
A Presidenta Dilma Rousseff liberou o Comitê de Política Monetária do
Banco Central para aumentar a taxa básica de juros em fevereiro. As declarações
ontem de Alexandre Tombini, Presidente do BC do B, em entrevista a Miriam
Leitão, alegando que “a situação não era confortável”, foi apenas a senha para a
subidinha na Selic, depois de seguidas quedas.
O problema de o Copom
subir os juros em sua próxima reunião é o efeito psicológico que isto gera no
sempre nervoso e volátil mercado – uma entidade comparável, no Brasil, a um
menino mimado que reage sempre mal quando mamãe economia dá qualquer desandada.
O azar de Dilma é que o pirão ameaça desandar justamente na véspera do ano
reeleitoral, quando o governo precisa abrir os cofres para investimentos que
rendam votos.
“Traidor”
É assim que Renan Calheiros
começa a ser tratado pela cúpula petista. O problema maior é que a recíproca
também é verdadeira. O senador peemedebista, recém-alvejado com quatro milhões e
500 mil emails contra sua candidatura à Presidência do Senado, também se sente
traído pelo Partido dos Trabalhadores. O mesmo xingamento recíproco acontece
entre Henrique Alves e a petralhada. No que vai dar tanta tensão política
ninguém sabe. Ainda mais em véspera de crise econômica.
A guerra tem dois
motivos: os acordos mutuamente descumpridos após as disputas pelo comando do
Congresso Nacional e a antecipação da sucessão presidencial de 2014. O comando
do PMDB não aceita que Dilma cogite disputar a eleição em parceria outro que não
seja Michel Temer. O atual Vice-presidente não aceita ser trocado por Eduardo
Campos (PSB), na manobra para evitar que o neto de Miguel Arraes seja uma
candidatura própria de esquerda contra Dilma.
Nas fofocas palacianas,
volta a rolar com intensidade a versão de que Dilma e Temer estariam
estremecidos. Por enquanto, tal conflito não é abertamente confirmado. Mas tudo
mundo sabe que sempre existiu uma antipatia recíproca entre a Presidenta e o
vice. No momento em que começa a enfrentar problemas econômicos, Dilma não tem a
menor condição de bater de frente com o PMDB – que domina o Congresso. Assim, se
Dilma vier à reeleição (conforme já programado), será obrigada a manter o
casamento com Temer.
O PT, no entanto, age segundo o próprio interesse de
sua cúpula. Hoje, a moeda de troca com o PMDB para negociar com Temer é a
candidatura ao governo de São Paulo. Por isso, Lula já lançou o factóide de uma
inviável candidatura Guido Mantega – o ministro da Fazenda em fase de
derretimento.
Rui Falcão, presidente do PT, solta no ar outro factóide: uma
candidatura de Michel Temer ao Palácio dos Bandeirantes – coisa que Temer não
quer. No final das contas, quem deve enfrentar Geraldo Alckmin é o ex-queridinho
dele, Gabriel Chalita – apadrinhado por Temer que agora tenta colocá-lo no
ministério da Ciência e Tecnologia.
O problema é o desgaste interno no PT
para aceitar abrir mão da cabeça de chapa em São Paulo. Ainda mais que os
petistas apostam na reedição de um milagre como o que conseguiu eleger Fernando
Haddad para a Prefeitura da Capital. Uma eventual decisão de apoiar Chalita (em
troca da vaga de vice-presidente da República, da qual Temer não pretende abrir
mão) aprofundaria uma crise interna no PT de São Paulo. Aloísio Mercadante
Oliva, atual ministro da Educação, sonha em ser governador em 2014. Marta
Suplicy, atualmente fazendo turismo no ministério, alimenta a mesma embição. Se
forem tirados da jogada, vão causar problemas.
Só não vão causar mais
confusão que a crise econômica em curso...
Vida que segue... Ave
atque Vale! Fiquem com Deus.
08 de fevereiro de 2013 Jorge Serrão é Jornalista,
Radialista, Publicitário e Professor