Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania.
Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos.
Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...) A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville (1805-1859)
Quantos salários você acha que um deputado estadual ganha por ano? O “Fantástico” encontrou parlamentares recebendo 18 salários. Algumas Assembleias Legislativas disponibilizam mais de R$ 1 milhão para cada deputado.
Pois é. Essa senhora podia senta-se de forma mais adequada. As mulheres do Brasil agradecem se o cerimonial do Palácio pudesse orientar a melhorar os modos e a postura corporal para a foto.
Diante da possível nomeação da “vestal do sexo livre” para a embaixada do Brasil naquela nação, como circula na internet, os visceralmente contra os americanos berram de felicidade.
A indigesta dama está amparada no parágrafo único do artigo 41 da Lei 11.440, de 2006 (pelo ano é fácil entender quem sacramentou a boca), que diz, "Excepcionalmente, poderá ser designado para exercer a função de Chefe de Missão Diplomática Permanente brasileiro nato, não pertencente aos quadros do Ministério das Relações Exteriores, maior de 35 (trinta e cinco) anos, de reconhecido mérito e com relevantes serviços prestados ao país."
Podemos acrescentar e, "ao PT", para não atrapalhar a escolha do Haddad à prefeitura de São Paulo, pelo “mais ELE”.
O subterfúgio é usado, muitas vezes, para colocar políticos que perderam eleições, sem nenhuma ligação com o Itamaraty e com pouca vocação diplomática, para assumir embaixadas.
Quanto a nós, menos lascivos, choramos de tristeza e rimos de alegria.
Lastimamos os pobres ianques que dormirão com o inimigo. Quem manda ser democrata. Receberão na proa, na popa, e por todos os lados os virulentos ataques da “dama da sacanagem institucionalizada”.
Escudada na imunidade parlamentar, é inimaginável o que a desabrida e inconveniente aprontará.
Por outro lado, rimos, por antevermos como serão alvissareiros os próximos meses sem a incômoda e inconveniente criatura nestas plagas.
A musa dos LGTS irá saracotear e infernizar ao norte do Rio Grande; ainda bem, pois infernizando por aqui, logo teríamos que enfrentar a cota dos amantes do sexo desabrido em todas as oportunidades de vida. Nas universidades, nos empregos públicos, nas filas do INSS.
A sua indigesta nomeação dá uma pálida ideia do que se passa na cabeça de nossos governantes, pois, mesmo com reconhecidas dificuldades de toda ordem, em especial econômicas, os EUA ainda são uma potência de respeito.
Assim, se outrora ocupar um cargo distinto como embaixador nos EUA significava sinal de excelência, pelo crivo que selecionava o novel representante, ao designarem a loquaz embaixadora, impossível não lamentar o retrocesso.
Poderiam premiá - la com a embaixada no Irã, na Síria, no Iraque, na Jordânia, na Líbia, no Afeganistão, em Antigua e Barbuda, no Azerbaijão, na Eslovênia, no Congo e no Sri Lanka, mas graças a sua desistência à prefeitura de São Paulo, qualificaram – na para perturbar o escroto dos americanos.
Bela escolha aplaudiu o seu amigo Chávez. É a vingança do Brasil pelo embargo econômico, saudou Fidel.
A “majestade metamórfica”, até 2009, criou no seu desgoverno 35 novas embaixadas em países e rincões inimagináveis, em qualquer deles, a nova embaixadora escreveria com M maiúsculo os seus desvios. Mas qual, porcaria pouca é bobagem.
“A nossa líder” já é famosa por sua capacidade de escolher a mulher ou os arremedos, no lugar errado, na hora inconveniente. Por isso, e as pesquisas (?) não nos deixam mentir está lá nos picos.
Ainda veremos outras e muitas coisas de arrepiar. Os militares já estão vendo, mas aguarde, a sua vez chegará.
Brasília, DF, 09 de Abril de 2012 Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira
Nesta terça-feria, 10 de abril, a partir das 18h, será realizada a Vigília pela Vida, em frente ao STF, que na quarta-feira irá julgar a legalidade do aborto de anencéfalos.
Querem institucionalizar a Cultura da Morte no Brasil. Precisamos reagir a isso e impedir que o STF permita que essa ignomínia se transforme em um procedimento padrão plenamente acobertado por nossa legislação.
No dia 3 de agosto de 1941, na catedral de Münster, o então bispo Clemens von Galen denunciou a diretriz Aktion T4, um programa de eutanásia do governo nacional-socialista para matar, via eutanásia, todos aqueles que o governo via como incapazes e improdutivos – doentes mentais, idosos, deficientes físicos e outros. É dessa homilia que retiramos um pequeno e elucidativo trecho, que traduzimos e reproduzimos abaixo: Se você estabelece e aplica o princípio de que você pode matar seres humanos “improdutivos”, ai de nós todos quando nos tornarmos velhos e frágeis! Se a alguém é permitido matar os improdutivos, ai daqueles inválidos que se esgotaram, sacrificaram e perderam sua saúde e sua força no processo produtivo! Se alguém é forçosamente permitido a matar um ser humano improdutivo, ai de nossos soldados leais que voltam para a pátria-mãe seriamente feridos, como aleijados, como inválidos! Se é aceito que as pessoas têm o direito de matar homens “improdutivos” – ainda que, inicialmente, sejam os pobres e indefesos doentes mentais –, então, por questão de princípio, é permitido assassinar todas as pessoas improdutivas, ou, em outras palavras, os doentes incuráveis, aqueles que se tornaram inválidos no trabalho e na guerra, todos nós quando nos tornarmos velhos, frágeis e, portanto, improdutivos.
Assim, só será necessário a algum decreto secreto ordenar que o método desenvolvido para os doentes mentais seja ampliado para outras pessoas “improdutivas”, que deva ser aplicado àqueles que sofrem de alguma doença incurável dos pulmões, aos idosos que estão frágeis ou inválidos, aos soldados seriamente feridos. Então, nenhuma de nossas vidas estará mais segura. Alguma comissão poderá nos colocar na lista dos “improdutivos”, que, em sua opinião, tornaram-se indignos da vida. E nenhuma força policiais nos protegerá, e nenhum tribunal investigará nosso assassinato e dará ao assassino a punição que merece.
Quem continuará confiando em seu médico?
Propaganda nazista a favor da eutanásia. Tradução: 60.000 RM [Reichsmarks] É isso o quanto custa à Comunidade Alemã essa pessoa com defeitos hereditários durante toda sua vida. Amigo cidadão, esse também é seu dinheiro. Leia “Um Novo Povo” A revista mensal do Escritório de Políticas Raciais do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães
Por mais que tenhamos a impressão de que uma situação como essa está longe de acontecer nos dias de hoje, essa impressão está completamente equivocada. E quem nos informa sobre isso é o jornal alemão Deutsche Welle: diversos idosos holandeses têm buscado refúgio em abrigos alemães em virtude da popularização da prática da eutanásia nos Países Baixos. Nos conta a reportagem:
Uma análise feita pela Universidade de Göttingen de sete mil casos de eutanásia praticados na Holanda justifica o medo de idosos de terem a sua vida abreviada a pedido de familiares. Em 41% destes casos, o desejo de antecipar a morte do paciente foi da sua família. 14% das vítimas eram totalmente conscientes e capacitados até para responder por eventuais crimes na Justiça.
Os médicos justificaram como motivo principal de 60% dos casos de morte antecipada a falta de perspectiva de melhora dos pacientes, vindo em segundo lugar a incapacidade dos familiares de lidar com a situação (32%). A eutanásia ativa é a causa da morte de quatro mil pessoas por ano na Holanda.
O evidente paralelismo entre a política de Estado na Holanda e na Alemanha sob o nacional-socialismo é mais do que evidente. O que diferencia esta e aquela situação é que não é mais necessário uma comissão estatal classificar as pessoas: essa classificação é feita de maneira sub-reptícia através da incessante infiltração da Cultura da Morte na civilização ocidental, um dos pontos-chave da agenda globalista. Por mais distante que o Brasil possa parecer estar dos tentáculos pegajosos desse kraken feroz, não nos enganemos pensando assim. Nós também estamos, paulatinamente, sendo devorados por essa cultura de morte.
No dia 11 de abril, quarta-feira próxima, o Supremo Tribunal Federal (STF) irá julgar a legalidade do aborto de bebês anencéfalos. Essas crianças são, assim como o foram os idosos e os dementes nos anos de Hitler, considerados improdutivos, incapazes de sobreviver, condenados inevitavelmente à morte. Ainda que haja diversas histórias que contrariem essa lógica macabra – como a da menina Vitória de Cristo, de 2 anos de idade, que nasceu com uma gravíssima malformação crânio-encefálica –, querem institucionalizar a Cultura da Morte no Brasil. Precisamos reagir a isso e impedir que o STF permita que essa ignomínia se transforme em um procedimento padrão plenamente acobertado por nossa legislação. Inspiremo-nos todos no exemplo de coragem e firmeza do Bem-aventurado Cardeal von Galen, o Leão de Münster, e, juntos, digamos não à Cultura da Morte que se tenta implantar no Brasil. Em tempo: nesta terça, dia 10 de abril, a partir das 18h, será realizada uma vigília em frente ao STF. Compareça!
Leio que o Clube Militar do Rio de Janeiro está processando, por infração ao Estatuto do Idoso, o estudante que cuspiu no rosto do Coronel Juarez Gomez. A reação é justa, mas fraca, inadequada e desproporcional à gravidade da ofensa.
Desde logo, o coronel, como vários de seus colegas que se reuniram no Clube para celebrar o 31 de Março, foi publicamente xingado de "torturador" e "assassino" sem que haja o mínimo indício judicial de que ele tenha cometido, seja os crimes de tortura e homicídio, seja quaisquer outros. Se alguém nas Forças Armadas os cometeu, que seja punido. Mas agarrar inocentes na rua, chacoalhá-los, intimidá-los e cuspir-lhes na cara, pela simples razão de que um dia envergaram a mesma farda dos acusados, ou de que usam do seu direito de achar que estes são inocentes, é coisa que ninguém pode fazer por sincero amor à justiça, e sim pelo desejo mal disfarçado de prostituí-la, de usá-la como pretexto para a perseguição política.
O coronel e seus companheiros de farda foram, com toda a evidência, vítimas de crime de calúnia. Pior: calúnia premeditada, pois o agressor não partiu para os xingamentos numa explosão emocional repentina, mas foi ao local com a intenção deliberada de acusar de torturadores e assassinos todos os militares que ali se encontrassem, pouco importando que não pesasse, contra a maioria deles, ou mesmo contra nenhum dos presentes, nenhuma acusação judicialmente válida de tortura, de homicídio ou de qualquer outro delito.
A manifestação foi organizada precisamente para incriminar a todos indistintamente, ludibriando a opinião pública para que passasse a enxergar como torturador e assassino qualquer militar que, sem jamais ter-se envolvido pessoalmente em atividades criminosas, celebrasse ou aprovasse retroativamente o movimento de 31 de março. Não poderia ser mais claro o intuito de dar ares de crime hediondo a um autêntico “delito de opinião”.
Também não tem o menor cabimento processar o cuspidor individualmente, como se a idéia da inculpação indiscriminada tivesse partido da cabeça dele, só dele, e não dos planejadores, mentores e apoiadores maiores da manifestação, como os srs. Sílvio Tendler e Tarso Genro. Por acaso esses sessentões, ao instigar a juventude para que dissesse o diabo dos militares, a instruíram para que distinguisse entre os acusados de crimes e os meros entusiastas do movimento de 64, dando-lhes tratamento diferenciado para demarcar a fronteira entre o meliante – real ou suposto – e o cidadão honrado de quem se diverge politicamente? Cumpriram essa obrigação elementar de quem tem o mínimo indispensável de senso de justiça? Que nada! Gritaram, xingaram junto com a massa, pouco lhes importando a diferença entre culpados e inocentes.
Como perdoar essa conduta abjeta e criminosa num homem que foi ministro da Justiça? Reduzir o caso a uma infração do Estatuto do Idoso é atenuar a gravidade do delito, além de concentrar num ridículo pau-mandado as culpas que cabem a seus mentores e instigadores, bem como a todas as organizações que participaram do espetáculo.
Pior ainda: descrever o Cel. Juarez apenas como um idoso atacado por jovens é fazer abstração do papel que ele desempenhou no ocorrido: o do inocente ao qual se imputaram, em público, culpas que, se existem, não são dele. A idade da vítima pode ser um agravante, jamais o delito principal.
Há quase duas décadas tenho tentado, em vão, explicar aos nossos militares que suas respostas tímidas ao incessante festival de calúnias contra as Forças Armadas – quando não a tentativa masoquista de aplacar a fúria do adversário mediante condecorações, afagos e outras efusões de delicadeza – só fazem encorajar novos ataques, que em vez de cessar com o tempo vêm crescendo à medida que os acusados envelhecem e se tornam mais frágeis.
"A fraqueza atrai a agressividade", ensinava Donald Rumsfeld. Se, em vez de reagir a calúnias mediante notinhas oficiais patéticas que ninguém lê, as Forças Armadas tivessem processado logo os primeiros cinco acusadores, ninguém se animaria a ser o sexto. A indústria do denuncismo teria falido por falta de mão-de-obra.
09 de abril de 2012 olavo de carvalho Publicado no Diário do Comércio.
Lula vai a uma igreja e se ajoelha na frente de Jesus crucificado, rezando:
Lula: – Jesus, estou totalmente arrependido e gostaria de redimir meus pecados.
Jesus: – Está bem. Que tens feito?
Lula: – Depois de oito anos no governo, deixei meu povo arruinado e na miséria.
Jesus: – Dê graças ao Pai
Lula: – Também traí o povo e meu partido, que me deram apoio e, quando precisaram de mim, dei-lhes as costas. Expulsei do partido os Verdadeiros petistas!
Jesus: – Dê graças ao Pai!
Lula: - Economizei verbas da saúde, educação, moradia, conservação de estradas, científicas, tudo para os cofres do PT. Mandei comprar toalhas e lençóis importados, de linho egípcio, para o Palácio Alvorada e Granja do Torto. Enchi os depósitos do palácio com todos os tipos de bebidas caras.
Jesus: – Dê graças ao Pai!
Lula: - Comprei um avião a jato novo, importado, dando emprego para estrangeiros e não para os brasileiros que trabalham na Embraer. É que, receber mala preta da Embraer ia dar zebra . Protegi as maracutaias do Zé Dirceu, do Waldomiro e do tesoureiro do partido. Comprei votos de Deputados e senadores com liberação de verbas de emendas deles ao orçamento.
Jesus: – Dê graças ao Pai! Lula: Arregacei com os velhinhos, cobrando novamente dos aposentados a contribuição previdenciária, sem qualquer contra prestação do Estado para eles. Comprei o apoio da Rede Globo com liberação de financiamento pelo BNDES, para eles pagarem dívidas vencidas, negocinho de pai para filho com o dinheiro do povo. Coloquei o protetor de marginais Tomás Bastos Como Ministro da Justiça.
Jesus: – Dê graças ao Pai! Lula: Protegi os delinqüentes do MST e dei apoio às invasões do MST para desestabilizar a democracia e tentar dar um golpe e assumir como o Fidel. Agora não sei como fazer para parar aquele bando de bandidos. Dei apoio ao Hugo Chavez, o maior bandido da América Latina.
Jesus: – Dê graças ao Pai!
Lula: – Protegi o Meirelles e o presidente do Banco do Brasil quando a imprensa apurou as realidades sobre as delinqüências dos dois.
Jesus: – Dê graças ao Pai!
Lula: – Mas, Jesus, estou realmente arrependido e a única coisa que o Senhor tem para me dizer é: “dê graças ao Pai”?
Jesus: – Sim, agradeça ao Pai que estou aqui pregado na cruz, porque senão desceria dela para te encher de porrada, seu ignorante, analfabeto, deslumbrado, traidor, ladrão, sem vergonha, mentiroso, golpista, corrupto, aproveitador … Vai trabalhar vagabundo!
NOTA
Quem receber esta corrente tem obrigação ética e cívica de retransmiti-la ao menos para 10 amigos. Se esta corrente não continuar o Lula será eleito, depois do desgoverno de sua “protegida”. Garotinho será novamente governador, o Jader Barbalho vai voltar à presidência do Senado e Marta Suplicy continuará na política. A maioria se esquece que um dia teremos que prestar conta.
Vejam a matéria produzida pelo jornalista chapa-branca Paulo Henrique Amorim, veiculada ontem, na Record, no Programa Domingo Espetacular.
Tenta, simplesmente, transformar José Dirceu em vítima de Carlos Cachoeira e Demóstenes Torres. Este jornalista está sendo processado por racismo, pelo jornalista da Globo, Heraldo Pereira.
A revista Veja também é atacada constantemente pelo apresentador.
Pensem na seguinte teoria da conspiração: para salvarem a própria pele, Cachoeira e Demóstenes livram a cara de José Dirceu.
Os advogados do senador e do chefe da sofisticada organização criminosa do mensalão são os mesmos: Márcio Tomaz Bastos e o Kakay. Faz sentido?
Durante décadas argumentamos na Monthly Review que a estagnação é o estado normal das economias capitalistas-monopolistas maduras. Hoje a realidade da estagnação está a chamar cada vez mais a atenção da própria mídia corporativa.
Assim, o New York Times publicou um artigo em 9 de Fevereiro de 2012 intitulado “In Europe, Stagnation as a Way of Life”, descrevendo as condições econômicas europeias como uma “realidade triturada” aparentemente sem saída. Naturalmente, muito do mesmo podia ser dito hoje das economias estadunidense e japonesa.
Para aqueles habituados a pensar da economia capitalista como ou a crescer rapidamente ou ocasionalmente a cair numa crise grave (da qual ela prontamente salta fora), a estagnação a longo prazo é um fenômeno de entendimento difícil. Como nota Gar Alperovitz (autor de America Beyond Capitalism) numa entrevista a Richard Wolff sobre “Alternativas econômicas ao capitalismo”, o atual período de “estagnação e decadência” econômica significa “um processo permanente, longo e penoso, ao contrário da crise clássica”.
Por outras palavras, a economia nem entra numa crise plena (ou “clássica”), a qual permitiria remover (ou desvalorizar) seu capital super-acumulado, nem é capaz de alcançar uma recuperação plena. Ao invés disso, ela permanece presa numa armadilha da estagnação, a mancar numa baixa taxa de crescimento, com alto desemprego e excesso de capacidade.
Sob tais circunstâncias – e sem a ajuda de algum estímulo externo como uma grande guerra, uma bolha financeira, ou uma inovação que faça época – o processo de acumulação de capital é incapaz de sair do ponto morto.
Sob o capitalismo maduro, a estagnação crônica habitualmente conduz à sistemática redistribuição do rendimento e da riqueza em favor dos ricos, engendrada pelo estado. Para a classe capitalista, a acumulação de riquezas privadas é sempre a cavalgada imperativa.
Se isto não puder ser cumprido apropriando-se do crescimento da riqueza n
a sociedade como um todo, será cumprido pela redistribuição dentro da sociedade. Portanto, os custos do crescimento lento são pagos basicamente por aqueles na base da sociedade – um processo hoje foi institucionalizado sob a forma de uma política permanentemente obstinada de neoliberalismo e dominação financeira.
Povos por toda a parte estão a tornar-se conscientes da necessidade da solidariedade internacional ao resistirem a estas medonhas condições de estagnação, financiarização e neoliberalismo, associadas à era atual do capital monopolista-financeiro.
Portanto, quando o parlamento grego votou em 12 de Fevereiro por um pacote de austeridade bárbaro dirigido pela União Europeia, abolindo efetivamente a negociação coletiva e levando a mais desemprego maciço, a resposta global foi imediata.
Manifestações em massa tiveram lugar em 18 de fevereiro por todas as cidades da Europa e nos Estados Unidos sob a palavra de ordem “Somos todos gregos agora”. Juntamente com o Movimento Occupy e a resposta mundial à Primavera Árabe, a declaração “Somos todos gregos agora” destaca a rápida ascensão ao longo dos últimos dois anos de movimentos de solidariedade global entre trabalhadores.
Embora tais exemplos dramáticos de solidariedade internacional chamem obrigatoriamente a nossa atenção, miríades de lutas populares estão a irromper aos níveis nacional e local. Nos Estados Unidos, os maiores protestos da classe trabalhadora em muitas décadas verificaram-se no ano passado em Wisconsin em consequência de ataques a sindicatos do sector público e de medidas de austeridade inspiradas no Tea Party.
(Editorial da Monthly Review, editada em Nova York desde 1949) 09 de abril de 2012
Conforme noticiamos aqui no Blog, acabou quinta-feira passada o prazo
concedido pela Comissão de Ética Pública da Presidência para que o ministro do
Desenvolvimento, Fernando Pimentel, explicasse o faturamento recebido com
consultorias a empresas e entidades, entre 2009 e 2010.
É interessante constatar que nenhum jornal, revista, emissora de rádio ou
televisão se interessou pelo eletrizante assunto, embora a investigação da
Comissão de Ética seja muito importante, porque as consultorias de Pimentel
podem configurar tráfico de influência, no melhor estilo do também consultor
Antonio Palocci, que perdeu o cargo de ministro e a dignidade, por conta de
consultorias mal explicadas.
A diferença entre os dois casos de tráfico de influência é que Palocci sempre
se recusou terminantemente a revelar quais eram as empresas às quais prestava a
tal consultoria, enquanto Pimentel de pronto liberou essas informações, julgando
que iria se livrar de investigações, mas se enganou redondamente, como se dizia
tempos atrás.
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AS DENÚNCIAS
Vamos relembrar as denúncias. Em dezembro do ano passado, O Globo revelou que
entre 2009 e 2010 Pimentel faturou R$ 2 milhões com consultorias. Metade desse
dinheiro foi pago pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
(Fiemg), por serviços de consultoria na elaboração de projetos na área
tributária e palestras nas dez regionais da entidade. As palestras nunca
ocorreram. Pimentel simplesmente mentiu.
As demais consultorias também jamais foram bem explicadas. Uma delas, que foi
paga por uma fábrica de refrigerantes à beira da falência, é uma verdadeira
comédia de erros. O industrial tentava se livrar da ruína entrando no mercado de
Belo Horizonte e foi então pedir uma consultoria justamente ao ex-prefeito da
cidade. Pimentel tentou, jamais conseguiu explicar realmente o que teria
acontecido.
De lá para cá, o ministro vem fugindo da imprensa para tentar se manter no
cargo, beneficiado por uma inacreditável decisão da presidente Dilma Rousseff,
que na época do escândalo resolveu preservar o amigo e correligionário, alegando
que o governo não teria nada a ver com o procedimento de Pimentel, porque os
“malfeitos” foram cometidos antes dele assumir o ministério, vejam a que ponto
de desfaçatez chegamos.
Assim, tudo aparentemente corria bem para Pimentel, que vive pelo mundo
participando de eventos relacionados ao comércio exterior. Até que na
terça-feira da semana retrasada, surpreendentemente, a Comissão de Ética Pública
da Presidência decidiu não somente investigar o caso de Pimentel, mas também
pedir esclarecimentos diretamente ao ministro, a respeito das consultorias
supostamente prestadas antes dele integrar o governo Dilma Rousseff.
O ministro Pimentel então ganhou dez dias para dar explicações à Comissão, e
o prazo terminou quinta-feira passada. Como era véspera de feriado prolongado na
Semana Santa, ninguém se preocupou em saber se Pimentel apresentou ou não as
explicações à Comissão de Ética. Afinal, quem se interessa por isso?
Carlos Newton
09 de abril de 2012
NOTA DE REPÚDIO
CIRCULA PELA INTERNET UM EMAIL INTITULADO VEJAM O QUE FALAM AGORA ESTES QUE ERAM COMUNISTAS, ASSINADO APENAS Riva, O QUE O TORNA APÓCRIFO. NELE CONSTAM, ALÉM DO NOME DE MIRIAN MACEDO E DO MEU, OS DE FERNANDO GABEIRA, DANIEL AARÃO REIS E JACOB GORENDER.
PROTESTO VEEMENTEMENTE CONTRA VER MEU NOME MISTURADO (E O DE MIRIAN, QUE HÁ POUCO CONHECÍ POR SEUS ARTIGOS) AO DESTES TERRORISTAS QUE NÃO ABANDONARAM UM MILÍMETRO SEQUER SUAS CRENÇAS. PELO CONTRÁRIO, JAMAIS ME ARREPENDI DE TER FEITO O QUE FIZ - NUNCA SEQUESTREI NEM MATEI NEM MANDEI MATAR NINGUÉM! GABEIRA, O SEQUESTRADOR, TROCOU O VERMELHO PELO VERDE, QUE HOJE NÃO MAIS SIGNIFICA O MENOS LETAL INTEGRALISMO, MAS O TERRORISMO AMBIENTALISTA. SE NÃO ACABAM COM A LIBERDADE PELAS ARMAS, TENTAM FAZER O MESMO PELO ESTRANGULAMENTO ENERGÉTICO! MANTENDO A CARTILHA MARXISTA ESCONDIDA, REZAM PELA DE AL GORE, TÃO OU MAIS LETAL!
Parece loucura que a oposição levantada na Síria desde 26 de janeiro de 2011 ainda continue e se desdobre, mais de um ano, sob a forma de luta armada, apesar da dura e sangrenta repressão do governo de Bashar al-Assad. Mas conforme comentou Polônio a respeito do comportamento de Hamlet, “embora seja loucura, há um método nela”.
Não obstante existissem condições objetivas e subjetivas para as sublevações que ocorreram e ocorrem nos países árabes, o cartel das potências industriais do Ocidente, liderado pelos Estados Unidos e seus sócios da União Europeia, armou uma equação, com ampla dimensão econômica, geopolítica e geoestratégica, sobretudo por trás das sublevações na Líbia e na Síria, iniciadas em 2011.
Os Estados Unidos e demais potências ocidentais pretendem assumir o controle do Mediterrâneo e isolar politicamente o Irã, aliado da Síria, bem como restringir a influência da Rússia e da China no Oriente Médio. A Rússia, desde 1971, opera o porto de Tartus, na Síria, e projeta reformá-lo e ampliá-lo, como base naval, em 2012, de modo que possa receber grandes navios de guerra e garantir sua presença no Mediterrâneo. Consta que a Rússia também planeja instalar bases navais na Líbia e no Iêmen.
O financiamento da oposição na Síria desde 2005 visou a desestabilizar e derrubar o regime de al-Assad, que representa um obstáculo, a fim de impedir o aprofundamento de suas relações com a Rússia. A queda do regime sírio após a derrubada de Muammar Kaddafi na Líbia permitiria suprimir a presença da Rússia, onde ela mantém duas bases navais (Tartus e Latakia), cortar as vias de suprimento de armas para as organizações pró-xiitas Hisbollah, no Líbano, e Hamas, na Palestina, conter o avanço da China sobre as fontes de petróleo, isolar completamente e estrangular o Irã, com a conseqüente eliminação do governo de Mahmoud Ahmadinejad.
O resultado da equação, ao mudar completamente o equilíbrio de forças no Oriente Médio, seria o estabelecimento pelos Estados Unidos e seus sócios da União Européia da full-spectrum dominance, ou seja, o pleno domínio territorial, marítimo, aéreo e espacial, bem como apossar-se de todos ativos do Mediterrâneo.
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CONTROLE DO MEDITERRÂNEO
O objetivo de controlar o Mediterrâneo, Washington e Madri manifestaram abertamente com o acordo, anunciado em 5 de outubro de 2011, pelo qual a base naval de Rota (Cádiz), na Espanha, devia albergar quatro destróieres, equipados com antimísseis (BMD) da Marinha dos EUA e operados por 1,1 mil militares e cem civis, como um sistema de defesa da OTAN, a pretexto de prevenir ataques de mísseis balísticos do Irã e da Coréia do Norte, e será acompanhado por outros sistemas, na Romênia, Polônia e Turquia.
E a derrubada do regime de Assad é fundamental para o êxito da equação.Os aliados ocidentais sabem que não podem aplicar à Síria a mesma estratégia da Líbia, através da OTAN, extrapolando criminosamente a resolução do Conselho de Segurança da ONU. O apoio à sublevação na Síria e o sistema antimísseis, implantado a partir da Espanha, indicam que o alvo é realmente a Rússia, ainda percebida pelos Estados Unidos como seu grande rival, razão pela qual Moscou e Beijing vetaram a resolução do Conselho de Segurança contra o regime de al-Assad. Sua derrubada, após a de Kaddafi, completaria o controle do Mediterrâneo…
Isso se os fundamentalistas islâmicos não capturarem os governos na Síria como virtualmente já fizeram na Líbia e provavelmente farão no Egito. A insurgência na Síria envolve interesses de diferentes matizes, tanto políticos quanto religiosos, de países da região (Turquia, Arábia Saudita e Qatar). Tudo indica, porém, que a conquista das fontes de energia no Mediterrâneo seja um dos principais motivos pelos quais os Estados Unidos e seus aliados estejam a encorajar abertamente a mudança do regime.
Embora a produção de petróleo, na Síria, seja modesta, da ordem de 530 mil barris por dia, não se pode descartar, inter alia, esse fator como rationale da sangrenta resistência, concentrada na cidade de Homs. É preciso considerar todos os fatores a determinar o apoio à insurgência, que o Ocidente, por meio de diversos mecanismos, inclusive com a guerra psicológica presente na mídia internacional, e em aliança com as monarquias absolutistas do Oriente Médio.
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RESERVAS DE PETRÓLEO
As reservas de petróleo na Síria são estimadas em 2,5 bilhões de barris, situadas principalmente na parte oriental do país, próxima à fronteira com o Iraque, ao longo do Eufrates, havendo apenas um pequeno número de campos, na região central. Sua localização é estratégica em termos de segurança e de rota de transporte de energia, cuja integração se esperava aumentar com a inauguração, em 2008, do Arab Gas Pipeline, e a inclusão no gasoduto da Turquia, Iraque e Irã.
E a Síria construiu um sistema de oleodutos e gasodutos controlados pela empresa estatal Syrian Company for Oil Transportation (SCOT) a fim de transportar óleo cru e refinado para os portos Baniyas, situados 55 quilômetros ao sul de Latakia e 34 ao norte de Tartus, onde se encontram as duas bases navais da Rússia. Em fevereiro de 2012, os terroristas da al-Qaeda atacaram e explodiram a maior refinaria de Síria, localizada em Bab Amro, distrito 7 quilômetros a oeste do centro de Homs (também chamada Hims), cidade em que se concentra a oposição ao regime de Assad. A refinaria se liga, através de um oleoduto inaugurado em 2010, aos campos de petróleo no leste da Síria, à estação de Tel Adas e ao porto de Tartus.
O interesse das potências ocidentais aponta, sobretudo, para os ativos petrolíferos no mar da região. Segundo o ministro do Petróleo e Recursos Naturais da Síria, Sufian Allaw, os estudos científicos modernos indicaram a existência de enorme reserva de gás natural, calculada em 122 trilhões de pés cúbicos, e petróleo, da ordem de 107 bilhões de barris, ao longo da plataforma marítima da Síria.
Diversas companhias anunciaram recentemente terem descoberto importantes reservas de gás e petróleo, mas a exploração é complicada devido às tensões entre os países da região. As reservas, em águas profundas, nas camadas sub-sal, a leste do Mediterrâneo, próxima à Bacia Levantina, estendem-se ao longo dos 193 quilômetros da costa da Síria até o Líbano e Israel. Desde 2010 esses dados são conhecidos.
A Síria é uma arena onde as rivalidades não são apenas políticas, geopolíticas, mas também religiosas. Essa particularidade está no transfondo da luta armada contra o regime de Bashar al-Assad, sustentado pela Rússia e pelo Irã. Aí estão no Great Game os interesses hegemônicos da Turquia, na região, bem como dos Estados Unidos, França, Reino Unido e seus aliados da Liga Árabe.
E não existe mais a menor dúvida de que a insurgência contra o regime de Bashar al-Assad é sustentada com armas e dinheiro pelas potências ocidentais e pelos seus aliados do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), as seis monarquias mais retrógradas e absolutistas do Oriente Médio, entre quais a tirania teocrática wahhabista do rei Abdallah bin Abdul Aziz Al-Saud, da Arábia Saudita, e do seu aliado, o emir de Qatar, o xeque Hamad bin Khalifa Al Thani.
30 de março de 2012
Luiz Alberto Moniz Bandeira
Transcrito do blog Pátria Latina
Cada partido tem um dono, é praticamente assim que funciona a política brasileira. Em alguns partidos o dono manda muito, em outros manda menos. Mas esse panorama agora começa a mudar, de uma forma ou outra, em função da realidade de cada eleição municipal nas grandes cidades.
Como todos sabem, Lula é o dono e ditador do PT, Serra domina mais ou menos o PSDB, Roberto Freire é o dono e ditador do PPS, Michel Temer controla mais ou menos o PMDB, Francisco Dornelles é o dono e ditador do PP, Eduardo Campos domina mais ou menos o PSB, Carlos Lupi é o dono e ditador do PDT, e por aí em diante.
Com toda certeza, as eleições municipais estão a desmoralizar essas ditaduras e esses líderes que tentam subjugar o partidos. Basta conferir o que aconteceu domingo passado, no encontro que Lula manteve com o presidente nacional do PSB, o governador pernambucano Eduardo Campos.
Estavam em pauta as coalizões PT-PSB nas eleições municipais. Os dois líderes chegaram a ficar três horas negociando, na mais longa reunião de Lula desde que ficou doente, mas não conseguiram chegar a um acordo. Nada, nada, nada.
A pauta principal eram as prefeituras de Belo Horizonte, São Paulo, Recife e Campinas. Só problemas, nenhuma solução. Aliás, a confusão é geral. Basta dizer que em Belo Horizonte o candidato do PSB Marcio Lacerda está tendo apoio do PSDB e do PT, ao mesmo tempo.
Apesar de o PT de BH ter aprovado no seu encontro municipal tese em que diz não querer na aliança partidos que nacionalmente fazem oposição ao governo Dilma Rousseff, isso foi só para constar, porque o documento aprovado por 53,2% deixa a decisão para Lacerda resolver, vejam só quanto liberalidade…
Ao mesmo tempo, os diretórios municipal e estadual do PSB em São Paulo estão dispostos a apoiar José Serra, porque já participam do governo tucano de Alckmin e sabem que Serra não perde de jeito nenhum para o petista Fernando Haddad, queira Lula ou não.
Já no Paraná, a sólida aliança entre o governador tucano Beto Richa e o prefeito Luciano Ducci (PSB) dobrou o PSDB e “expulsou” do partido o ex-deputado federal Gustavo Fruet, que queria sair candidato em Curitiba. Para concorrer, Fruet foi para o PDT, vejam só que troca-troca.
Diante desse quadro surrealista, o máximo que Eduardo Campos conseguiu foi dizer a Lula que a decisão do PSB sobre a coalizão em São Paulo ficará para junho. E no dia seguinte, segunda-feira, em entrevista a rádios de Recife, Campos resumiu da seguinte forma a conversa com o dono do PT:
“Em São Paulo, eu disse a ele (Lula) que não há decisão antes de junho. O debate vai passar pela (direção) municipal, pela direção estadual e vai chegar até a nacional porque não há consenso”.
Mas acontece que os diretórios municipais são soberanos para definir candidaturas e coalizões. Os diretórios estadual e nacional só podem atuar se fizerem intervenção nos diretórios municipais, através de um ato ditatorial que ninguém aceita e arrebenta com a unidade do partido.
Traduzindo tudo isso: em junho, as candidaturas municipais de PT, PSB, PSDB etc. já estarão mais do que consolidadas, nem Eduardo Campos nem Lula conseguirão fazer qualquer mudança consensual. Esta é a realidade. Os partidos têm donos, mas àz vezes ficam rebeldes.
O promotor militar Otávio Bravo conseguiu reabrir, em fevereiro de 2010, 29 casos de desaparecimentos forçados praticados no Rio de Janeiro e Espírito Santo durante a ditadura. “Eu tenho curiosidade de saber como o STF vai julgar a tese que define desaparecimentos políticos na ditadura brasileira como sequestros. Essa tese o Supremo não avaliou ainda”, salienta.
Ao equiparar o crime de desaparecimento forçado ao crime de sequestro, o promotor encontrou um novo caminho para investigar estes crimes cometidos durante a ditadura e reanimou o debate sobre a validade da Lei da Anistia. Confira esta entrevista exclusiva que ele deu ao site Sul21.
Vinte e nove casos de desaparecimentos forçados foram reabertos pela Procuradoria da Justiça Militar. Quero que o senhor comece explicando a tese utilizada para reabrir esses casos.
Otávio Bravo – Foram três fatos determinantes. O primeiro foi a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) sobre o caso Araguaia, a qual determinou que o Brasil tem obrigação genérica de investigar os casos de desaparecimentos forçados, não só os que ocorreram no Araguaia, mas em geral. O segundo foi o fato do Brasil ter ratificado no final de 2010 a “Convenção Internacional contra o Desaparecimento Forçado” da Organização das Nações Unidas (ONU). E a tese jurídica que permitiu a abertura dos processos veio do próprio Supremo Tribunal Federal (STF), de dois casos de extradição julgados em 2009 e 2011 de pessoas que teriam participado de crimes durante o estado de exceção na Argentina. Existe uma figura jurídica que só permite ao Estado a extradição de uma pessoa quando o crime não está prescrito no país da extradição, ou seja, o Brasil só pode extraditar pessoas se o crime não está prescrito na lei brasileira. Ao tratar das várias acusações contra essas duas pessoas, o STF até negou a extradição para uma série de atos que eram imputados a estes militares, mas entendeu que os desaparecimentos forçados equivaliam ao crime de sequestro que é considerado no Brasil um crime permanente.
O que é exatamente um crime permanente? Que mudança esse entendimento trouxe para a investigação de desaparecimentos forçados?
Otávio Bravo – É crime permanente aquele crime cujo final não se comprova. Portanto, presume-se que ele ainda está acontecendo até que se tenha certeza que acabou. De modo que o prazo de prescrição destes crimes permanentes é quando o sequestro chega ao final. A minha iniciativa foi apenas transportar essa tese utilizada nas extradições para os casos de desaparecimentos forçados no Brasil que também equivaleriam a sequestro pois não se sabe quando terminaram, não estão prescritos e logo não são cobertos pela Lei da Anistia que vai até 1979. Isso tudo deu embasamento jurídico para iniciar as investigações. Não significa dizer que todos os casos levarão militares ao banco dos réus já que as investigações podem levar a conclusão de que desaparecidos podem ter morrido antes de 1979 e os casos estarão prescritos e anistiados. A ocultação de cadáver também é permanente é só é considerado prescrito quando o cadáver aparece. Aí eu teria uma opinião para remeter para o Ministério Público Federal, a Procuradoria da República, porque o crime de ocultação de cadáver não é de competência da Justiça Militar, é da Justiça Federal. A base jurídica, em resumo, é essa.
Por que estes crimes permanentes são de competência da Justiça Militar? Otávio Bravo – Esses casos particulares são de competência da Justiça Militar porque envolvem sequestros ocorridos dentro de unidades militares, pessoas desapareceram dentro de unidades militares com militares exercendo função. Isso faz, pela legislação brasileira, que seja competência da Justiça Militar. É verdade que em determinado momento eu pretendo abrir mão dessa investigação com base na recomendação expressa da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) de que casos de desaparecimentos forçados não devem ser julgados pela Justiça Militar.
Qual é a alegação da Corte?
Otávio Bravo – Seria um contrassenso usar o argumento de uma decisão da corte e no final levar um caso desses para a Justiça militar. Embora eu seja da Justiça militar, sou um promotor civil. Eu entendo a posição da corte, eu milito na área dos direitos humanos, eu entendo, mas eu acho até um pouco injusta essa recomendação da corte porque a Justiça militar que nós temos no Brasil faz parte do Judiciário e ela não tem uma série de vícios que a Justiça militar de outros países tem. O fato é que a corte determinou isso: que casos de desaparecimentos forçados praticado por agentes militares não sejam julgados pela justiça militar. Então eu devo encaminhar para o Ministério Público Federal.
Quais foram os relatores do STF que abriram essa brecha para que pelo menos os crimes de sequestro fossem investigados?
Otávio Bravo – Foram reabertos em fevereiro de 2010. A extradição de 2009 foi relatada pelo ministro Ricardo Lewandowki e a outra foi relatada pela ministra Carmem Lúcia. As duas extradições foram pedidas pela Argentina. Eu tenho curiosidades de como o STF vai dizer que isso não se aplica a desaparecimentos forçados no Brasil.
O senhor está investigando o caso do ex-deputado Rubens Paiva que desapareceu em 1971 nas dependências do Doi-Codi no Rio. Como está sendo essa apuração?
Otávio Bravo – Na apuração do caso do ex-deputado Rubens Paiva já cheguei a algumas coisas interessantes: a filha dele — que nunca tinha sido ouvida e que tinha quinze anos na época do desaparecimento — prestou depoimento. A verdade é que não havia investigação até agora do caso, houve um inquérito que acabou arquivado. A cópia deste inquérito está desaparecida, uma coisa meio estranha. Está em algum lugar incerto.
Outro caso emblemático dos anos de exceção é o caso do Stuart Angel, filho de Zuzu Angel, que teria sido espancado e arrastado por um carro com a boca no cano de escape. O senhor poderia contar como está sendo a investigação?
Otávio Bravo – Ainda não iniciei esta investigação. 29 casos foram abertos mas apenas 3 investigações estão em curso.
Qual sua opinião sobre as investigações que serão realizadas pela Comissão da Verdade? Que impacto os relatórios produzidos pela comissão poderão ter?
Otávio Bravo – Eu não sei. Depende muito da extensão que a Comissão da Verdade possa ter. Eu ainda não tenho nada que possa me assegurar qual será o impacto político da comissão. Necessariamente acho que uma comissão que tenha amplos poderes para investigar o que passou e que tenha acesso a documentos poderá ser ótima. Não sei se será mais um palco político do que propriamente um espaço de investigação, mas qualquer iniciativa para apurar o que aconteceu naquele período eu acho importante. Agora, não tenho realmente como fazer juízo de valor porque ainda não está funcionando.
Mas o senhor conhece bem a dificuldade de acesso a dados sobre este período da história brasileira.
Otávio Bravo - Eu tentei várias vezes ter acesso a dados nas Forças Armadas, mas foram negados; dizem que todos foram destruídos. Criam situações até meio ridículas, situações burocráticas que não têm sentido. Por exemplo, uma vez encaminhei uma requisição e eles alegaram que teria que ser encaminhada pelo procurador geral. Criam dificuldades, falta vontade de contribuir. Ao mesmo tempo há umas surpresas desagradáveis, a seccional da OAB no Rio de Janeiro, por exemplo, é uma vergonha. Diversas vezes mandei ofício pedindo informações e nunca me responderam. Eles têm uma campanha contra tortura e pelos desaparecidos políticos que, para mim, não tem valor nenhum. Se existe um órgão que está investigando o assunto e eles não encaminham informações é bastante estranho. Mas também tenho que ressaltar o apoio que tive da Secretaria de Direitos Humanos, da qual não tenho do que me queixar.
O ministro e presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Orestes Dalazen, reconheceu publicamente que de cada grupo de 100 pessoas que ganham causas na Justiça Trabalhista, apenas 31 recebem o crédito, por absoluta ineficiência do processo de execução.
O quadro debilitado da especializada, não tem influência na parte processual e sim na material, de pessoal, e a sociedade já percebeu, e dá sua resposta.
Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em parceria com o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), revelou que percepção negativa do Poder Judiciário de 80% é alta.
Recentemente o secretário-geral da OAB-DF, Lincoln de Oliveira, defendeu a implantação do Cadastro Nacional de Prerrogativas. Segundo o secretário-geral, será criado um banco de dados em cada uma das Seccionais, onde ficarão registrados todos os casos de violação aos direitos dos advogados no exercício da profissão.
Essa é uma questão que afeta advogados e clientes, e a iniciativa visa orientar a política de defesa do exercício profissional, que ao ser impedido de acesso aos autos, não ser recebido pelo juiz, e a precarização dos serviços de serventia, não consegue exercer o direito do cliente.
Sem dúvida a magistratura exige alta capacitação e deve ser bem remunerada, mas isso não pode servir para formar uma casta de privilegiados. Os problemas enfrentados hoje no Judiciário devem-se muito mais à má gestão administrativa dos tribunais.
Temos na verdade, um servidor elitizado que ainda julga situar-se acima dos cidadãos comuns, ao passo que a modernidade exige dos juízes, a postura de agentes prestadores de serviços, relevantes, nada mais além.
Porque guardo silêncio, há demasiado tempo, sobre o que é manifesto e
se utilizava em jogos de guerra em que no fim, nós sobreviventes, acabamos
como meras notas de rodapé.
É o suposto direito a um ataque preventivo, que poderá exterminar o povo
iraniano, conduzido ao júbilo e organizado por um fanfarrão, porque na
sua jurisdição se suspeita do fabrico de uma bomba atómica.
Mas por que me proibiram de falar sobre esse outro país [Israel] onde há
anos – ainda que mantido em segredo – se dispõe de um crescente potencial
nuclear, que não está sujeito a qualquer controle, já que é inacessível a
qualquer inspecção?
O silêncio geral sobre esse fato, a que se sujeitou o meu próprio
silêncio, sinto-o como uma gravosa mentira e coacção que ameaça
castigar quando não é respeitada: “antissemitismo” se chama a
condenação.
Agora, contudo, porque o meu país, acusado uma e outra vez,
rotineiramente, de crimes muito próprios, sem quaisquer
precedentes, vai entregar a Israel outro submarino cuja especialidade é
dirigir ogivas aniquiladoras para onde não ficou provada a existência de
uma única bomba, se bem que se queira instituir o medo como prova… digo o
que há a dizer.
Por que me calei até agora? Porque acreditava que a minha
origem, marcada por um estigma inapagável, me impedia de atribuir esse
fato, como evidente, ao país de Israel, ao qual estou unido e quero
continuar a estar.
Por que motivo só agora digo, já velho e com a minha última tinta, que
Israel, potência nuclear, coloca em perigo uma paz mundial já de si
frágil?
Porque há que dizer o que amanhã poderá ser demasiado tarde, e porque –
já suficientemente incriminados como alemães – poderíamos ser cúmplices de um
crime que é previsível, pelo que a nossa cota-parte de culpa não
poderia extinguir-se com nenhuma das desculpas habituais.
Admito-o: não vou continuar a calar-me porque estou farto da hipocrisia
do Ocidente; é de esperar, além disso, que muitos se libertem do
silêncio, exijam ao causador desse perigo visível que renuncie ao uso da
força e insistam também para que os governos de ambos os países
permitam o controle permanente e sem entraves, por parte de uma instância
internacional, do potencial nuclear israelense e das instalações nucleares
iranianas.
Só assim poderemos ajudar todos, israelenses e palestinos, mas também
todos os seres humanos que nessa região ocupada pela demência vivem em
conflito lado a lado, odiando-se mutuamente, e decididamente ajudar-nos
também.
Günter Grass é Prémio Nobel de Literatura,
autor de “O tambor e a ratazana”. O original foi publicado no diário Süddeutsche
Zeitung , assim como em The New York Times e no jornal italiano La Reppublica. A
tradução para português encontra-se em Jornal de Negócios. Este poema
encontra-se em http://resistir.info.
Em 2014, com a Copa, o Brasil receberá milhares turistas. Na África do Sul, contados um a um, foram 309.554, dos quais 32% eram africanos, 24% europeus e 13% americanos. Bem menos do que os 2 milhões de visitantes que foram assistir os jogos na Alemanha e um pouco menos do que os 400 mil que, em 1994, viajaram para os Estados Unidos. Embora em proporções distantes daquelas em que se alinham as euforias políticas, deve-se reconhecer que haverá, sim, expressivo fluxo de turistas. Todos devem ser bem recebidos e levar daqui boa impressão. Para eles e para isso vêm aí as tais obras, que são, de fato, o que mais nos interessa.
Estamos faceiros com elas e reconhecemos, quase unanimemente, ser indispensável atender quaisquer exigências que a Fifa nos faça. Menos pela Copa, repito, e mais, muito mais, pelas obras da Copa. Estamos votando, inclusive, uma lei federal dizendo que durante o período dos jogos, certos preceitos da nossa legislação terão vigência sustada para que prevaleça a soberania da Fifa. Tudo pelas obras. Tenho bem presente o pânico que fazia fremir o Rio Grande toda vez que, nos arremates para acertar a empreitada do estádio do Inter, a bola batia na trave. Um gelo de fazer fumaça corria pela espinha dorsal das autoridades. Aquele pé no traseiro sugerido por um desaforado francês da Fifa poderia chutar para longe de nós os benditos empreendimentos. Enfim, desse risco parece que nos livramos.
Contudo, no catálogo das promessas, no instigante saco de Papai Noel da Copa, há um detalhe que me incomoda como etiqueta áspera no cangote. Por que só agora aparecem recursos para essas melhorias em nossa infraestrutura, muitas das quais previstas e necessárias há longo tempo à mobilidade urbana de Porto Alegre? Só por causa da Fifa e seus turistas? Como se entende isso? Afinal, não há um dólar furado de origem externa a financiá-las. A Fifa só arrecada. Não põe um pila no negócio. Todas as obras serão feitas com dinheiro nosso, verde-amarelo, federal, do contribuinte brasileiro. Dinheiro que por algum motivo sinistro e malevolente não sairia do Tesouro Nacional nem dos cofres do BNDES pelo bem de Porto Alegre nem do Rio Grande do Sul.
Dinheiro que não veria o pôr de sol do Guaíba se fosse para atender o povo daqui. Dinheiro que só deu as caras por causa dos turistas que aparecerão atraídos pelo evento. Estou apontando uma evidência, tipo - "Olha aí, oh!". Aliás, ninguém se deu o trabalho de disfarçar. Não são para nós. São para a Copa.
E então? Não é um insulto? Graças à Fifa e aos visitantes estrangeiros conquistamos um pacote de regalias que sem essa motivação não mereceríamos e não teríamos. É nisso que dá havermos permitido que a centralização de tudo nas mãos União relegasse Estados e municípios à situação atual. Não será preciso piorar muito para nos tornarmos meras colônias de uma metrópole localizada no Planalto Central.
Estão nessa situação praticamente todas as unidades federadas, com exceção das amigas da corte. Não há separatismo nessa analogia que faço. Bem ao contrário, se estou reclamando é exatamente porque muito antes de ser gaúcho sou brasileiro e rejeito o que estão fazendo com a Federação sonhada por nossos ancestrais.
A cantora lança um novo álbum – e responde indiretamente, numa das faixas, às críticas que recebeu quando foi autorizada a captar R$ 1,3 milhão para um blog
Martha Mendonça
Há exatamente um ano, a cantora Maria Bethânia viu seu nome envolvido numa polêmica sobre o uso de recursos públicos em cultura. Um blog que traria a artista declamando poesias em 365 vídeos, dirigido pelo cineasta Andrucha Waddington, recebeu autorização do Ministério da Cultura para captar R$ 1,3 milhão.
Os patrocinadores, de acordo com a Lei Rouanet, seriam beneficiados com descontos nos impostos. As críticas repercutiram forte e negativamente nas redes sociais. Na ocasião, Bethânia preferiu se calar – e acabou desistindo do projeto.
Agora, ao divulgar o 50º álbum de sua carreira, Oásis de Bethânia, ela fala sobre o assunto. Em um texto incluído numa das faixas do CD, parece dar uma resposta às críticas. Eu não provo do teu fel, eu não piso no teu chão, e pra onde você for, não leva o meu nome, não.
Pela primeira vez, ela assina a criação geral de um trabalho, dividido com o baixista Jorge Helder. Aos 65 anos, diz que, apesar de estar o tempo todo escrevendo, não gostaria de se dedicar à literatura, como o amigo Chico Buarque, nem a textos de opinião, como o irmão, Caetano Veloso. Bethânia recebeu ÉPOCA na gravadora Biscoito Fino, numa bela casa no bairro do Humaitá, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
ÉPOCA – Em seu novo disco, há uma letra que diz: Não mexe comigo, que eu não ando só/Não ando no breu, não ando na treva/Eu não provo do teu fel, eu não piso no teu chão, e pra onde você for, não leva o meu nome, não. O que isso tem a ver com as críticas ao projeto de seu blog de poesias no ano passado? Maria Bethânia – Você quer saber se é uma resposta? Olhe, tenho 65 anos de idade e 47 de carreira. Desde que estreei, meus trabalhos foram elogiados ou pelo menos respeitados. Nasci em família humilde em que a ética era a chave de nossa educação, de nossa vida. Um dia devem ter pensado: que saco, essa mulher não pisa na bola! E acharam que era uma oportunidade. Esse texto da canção “Carta de amor” escrevi num momento de solidão, na época em que aconteceram esse massacre e essa grosseria. O ano passado foi difícil também pela morte de minha irmã. Então o texto saiu assim. Não sei se é uma resposta, mas, quem quiser vestir a carapuça, está aí.
ÉPOCA – Você sabia das cifras de captação do blog, R$ 1,3 milhão? Maria Bethânia – Recebi um convite e aceitei. Optaram por um blog porque queriam a agilidade e o alcance que o meio permite. Mas, apesar de ser um blog, não era algo simples. Eram 365 vídeos, um para cada dia do ano, num projeto que envolvia teatro, equipamentos, músicos, edição, luz, uma artista, direitos autorais. Botaram no papel e, de alguma forma, chegaram a isso. Não sou eu que vou dizer se é muito ou pouco. Entraria declamando a poesia. Mas certamente, se não fosse meu nome envolvido, ninguém falaria tanto.
ÉPOCA – Você se assustou quando viu a repercussão? Maria Bethânia – Na verdade, não vi, porque não sou ligada em internet, nada disso. As pessoas me contaram. Não estou acostumada a lidar com a estupidez. Meu trabalho é muito delicado para ser, assim, espezinhado. Cantar é muito delicado, a corda vocal é mais fina que um fio de cabelo. Mas a verdade é que hoje nem falo sobre o que aconteceu com seriedade, com um tom de gravidade. O assunto não merece.
ÉPOCA – Você não usa a internet? Maria Bethânia – Não gosto, uso muito pouco. Sou careta, antiga, fora de moda. Tenho um e-mail, só para trabalho mesmo, em que respondo “sim”, “não”, “talvez”. Inclusive a gravadora me sugeriu fazer a divulgação do disco só pela internet, como fizeram Chico Buarque e outros. Eu disse que não. Não sei fazer isso. O que sei é conversar com as pessoas, responder ao que me perguntam ali, cara a cara. E me dá prazer falar de algo de que gosto.
ÉPOCA – Acabou de ser lançado um aplicativo para smartphone com sua obra... Maria Bethânia – Por favor, não me pergunte nada disso. Não sei de nada, não olho. Gosto de ter as coisas. De cheirar a capa dos livros, de manusear os encartes dos discos. Acho horrorosa a coisa virtual.
ÉPOCA – Você está lançando o 50º disco. Qual é a sensação de um trabalho tão longevo? Maria Bethânia – Não fico fazendo contas, não sou nem um pouco ligada nos números. Acho engraçado. Isso também é porque lanço muitos discos ao vivo, dos shows, que adoro. Brinco que sigo cuidando dessa personagem, a cantora. Alimento a cantora, dou banho na cantora, cuido da voz da cantora, da mãe da cantora...
Sou careta, antiga, fora de moda. Uso pouco a internet, não gosto. Tenho um e-mail, só para trabalho mesmo, em que respondo ‘sim’, ‘não’, ‘talvez’ "
ÉPOCA – Você diz que no último ano se sentiu muito sozinha. Por isso também produziu seu próprio disco? Maria Bethânia – Meu impulso foi, desta vez, fazer sozinha, recriar uma situação de deserto, sertão, aridez. Mas também de autoconhecimento, testar meus limites e minha fé. Então não quis muitos músicos, banda, produtor, diretor musical. O Jorge Helder, meu baixista, baixista do Chico, assina comigo porque me deu o amparo de que eu precisava. Ele é um ótimo professor e, por ser baixista, está acostumado a, até musicalmente, acompanhar, mais que estar à frente. Queria voz e um instrumento.
ÉPOCA – O disco é muito eclético, tem Djavan, Paulo César Pinheiro, Dalva de Oliveira. Maria Bethânia – Djavan não escrevia uma canção para mim desde 1978! Pedi a ele que fizesse algo, do jeito que preferisse, e ele me mandou essa coisa linda, que se chama “Vive”. Dalva de Oliveira faz parte do meu repertório pessoal. Uma intérprete maravilhosa, admirável. Tem também “Lágrima”, do repertório de Orlando Silva, a quem tive o prazer de ver cantar, já velhinho. São coisas que canto desde sempre, em casa, que fazem parte do repertório do meu dia a dia, embora nem sempre grave. Paulo César é um grande poeta e um grande amigo. E colocou a música em “Carta de amor”, entremeada com meu texto, de uma forma perfeita.
ÉPOCA – Você diz que está sempre escrevendo. Nunca pensou em se arriscar na literatura, como Chico Buarque e seu irmão Caetano? Maria Bethânia – Não. Por favor, não me dê ideias! Ferreira Gullar diz que a arte existe porque a vida não basta. Chico e Caetano, além da vida e da arte, escrevem além da canção porque não cabem apenas no compositor. Eu não. Estou cabendo muito bem na cantora. Quando éramos jovens, Caetano sempre me dizia que eu nunca parasse de escrever. E nunca parei. Agora mesmo rabisquei várias coisas aqui (mostra um caderninho). Mas o que escrevo não é para muita gente ver. Isso aqui são meus silêncios.
ÉPOCA – Quando não está trabalhando, você some, leva uma vida discreta. Onde descansa? Maria Bethânia – Em casa, em Salvador, em Santo Amaro, vários lugares. Mas adoro o Rio de Janeiro. Assim que a divulgação do disco acabar, vou tomar uma cerveja no restaurante Pérgula, do hotel Copacabana Palace. Acho lindo aquilo lá. Lembra o tempo em que vim as primeiras vezes para o Rio e me apaixonei por aquele bairro. Mas gosto de ser discreta. A vitrine me cansa demais. Tenho horror a exposição. Às vezes, no avião, vejo essas revistas de famosos e estremeço. É todo mundo o tempo todo. É muito. Não sei como não dá cansaço. Em quem vê e em quem aparece.
ÉPOCA – Com 65 anos, você chegou à terceira idade. Como se cuida? Maria Bethânia – Eu e meus irmãos demos sorte. Os Viana Velosos têm esse corpinho seco, esguio, saudável. Como de tudo um pouco, sem exageros. Gosto de comida caseira, não muito sofisticada. No mais, tenho outra sorte: não gosto de doce.
ÉPOCA – Sua mãe, Dona Canô, está com 104 anos. Você pensa em chegar lá? Maria Bethânia – Não chego, não. Minha mãe teve outra vida, em outro lugar. Teve uma trajetória linda, casou-se com um homem lindo, foram apaixonados, tiveram oito filhos amados. Nem tenho o desejo de chegar tão longe. E minha mãe tem outra coisa: ela adora viver. Já eu... Minha mãe sempre repete para mim: ‘Você vive essa vida de cantora, quieta, triste’. É essa a ideia que ela tem. Minha mãe tem um temperamento de muita conversa, de casa cheia. Talvez vivesse mais se fosse como Caetano, mais suave. Mas não sou. Se falo baixo e devagar, tem alguma coisa errada. Sou de Iansã. Eu grito.
Quem me acompanha sabe que desde há muito não
freqüento teatro nem cinema nacionais. Desde há muito quer dizer há mais de
trinta anos. E teatro exige uma ressalva. Não é que não vá a teatro nacional.
Não vou a teatro, seja qual for. Me sinto mal vendo atores representando. Certo,
no cinema também representam. Mas pelo menos não vejo o ator representando, e
sim a imagem do ator, o que é diferente. Mesmo assim, não gosto muito do cinema
francês, que em geral é teatro filmado.
Entre outras razões para não ver
cinema nacional, é que o contribuinte acaba financiando os filmes. Ora, se já
paguei pela produção do filme, não pretendo pagar de novo para vê-lo. Só se me
convidarem e vierem buscar-me de limusine em casa. E olhe lá.
Em meio a
isso, o governo brasileiro quer tornar o vinho importado mais caro ou retirá-lo
da prateleira como forma de proteger a indústria nacional. Cogita-se em aumento
do Imposto de Importação de 20% para 55%, ou a criação de cotas - a imposição de
um limite na quantidade de garrafas importadas. O foco principal são os vinhos
portugueses, italianos e chilenos. Os europeus, segundo os produtores
brasileiros, tornaram-se mais baratos com a crise financeira internacional. "Na
esteira do desenfreado crescimento das importações, motivado por excesso de
oferta, os preços caíram, obrigando os intermediários locais, a fim de evitarem
estocagem, a desovarem seus produtos importados a preços mais reduzidos ainda",
diz o texto apresentado pela indústria ao governo.
O que constitui grossa
falácia. Não é a crise financeira internacional que coloca aqui o vinho
estrangeiro a menor preço. É a incompetência nacional – ou a alta tributação,
como quisermos – que torna o vinho europeu mais barato. Onde se lê “pela
indústria’”, leia-se pelos vinicultores gaúchos, que querem ganhar a
concorrência no tapetão.
Não posso falar de vinhos nacionais. Salvo algum
presente de alguma vinícola, não costumo consumi-los. E isso há umas boas quatro
décadas, quando descobri na Europa os franceses, italianos, espanhóis e
portugueses. E, mais recentemente, os vinhos da Cordilheira. Que me desculpem os
produtores nacionais: não há comparação. Que mais não seja, não se pode comparar
o cultivo milenar de vinhos com o cultivo de apenas algumas décadas. Savoir
faire não é para amadores.
Não vou afirmar que não haja bons vinhos
nacionais. Consultei um connaisseur de escol. Me disse que sim, que há bons
vinhos nacionais. O problema é o preço. Pelo preço de um, compra-se dois ou três
bons vinhos chilenos ou argentinos. Ninguém gosta de jogar dinheiro fora. Viva
então Collor de Mello. Escreve Silvia Cintra Franco, enófila e sócia da
Associação Brasileira de Sommeliers:
- Menina ainda, eu não tinha idéia
de que existissem carros melhores do que os oferecidos no mercado, mas já sabia
que os vinhos franceses eram superiores aos nossos, porque meus tios mais
abastados os traziam da Europa, naquela época em que se ia e voltava da Europa
de navio e se fazia uma festa grande de “bota fora”. Entretanto, com a segunda
abertura dos portos realizada pelo governo Collor (de má fama, mas por esta
abertura há de ser sempre lembrado), todos nós oriundos das classes menos
abastadas passamos a ter acesso a carros que não são carroças e a vinhos de
todas as procedências. Aperfeiçoamos nosso paladar e grau de exigência através
do contato com os produtos de fora.
Este produto de fora está incomodando
os produtores gaúchos. A intenção destes é fazer com que o Planalto estabeleça
cotas mínimas de importação por país, com exceção da Argentina e do Uruguai, que
são beneficiados pelo tratado de livre comércio do Mercosul. No que a mim diz
respeito, que há muito troquei os franceses pelos vinhos de nuestros vecinos,
tanto faz como tanto fez. Mas a iniciativa dos vinicultores gaúchos é um insulto
ao consumidor. Incompetentes para exercer uma concorrência honesta, apelam ao
Estado para protegerem seus lucros.
A reação dos chefs, restauradores e
sommeliers do centro do país foi imediata. Leio na Folha de São Paulo que uma corrente de
retaliação está promovendo um boicote ao rótulos nacionais nos restaurantes e
nas lojas, uma grande marca tirou seu nome da disputa e a controvérsia ganhou
dimensão internacional. No Rio, a chef Roberta Sudbrack retirou do cardápio os
rótulos brasileiros de vinícolas ligadas à petição. É um gesto simbólico, diz
ela, e uma maneira de se posicionar sobre um assunto que "pode colocar em risco
o crescimento da gastronomia e do país".
O restaurante Tasca da Esquina e
a loja de bebidas Rei dos Whisky's & Vinhos - das maiores redes varejistas -
estão dispostos a fazer o mesmo. Thiago Locatelli, sommelier do Varanda Grill,
diz que a salvaguarda é "um tiro no pé", que os "consumidores estão revoltados"
e que o "mercado brasileiro será inundado por vinhos argentinos e
chilenos".
Que o bom deus dos sedentos o ouça. A petição dos produtores
gaúchos é saudades da reserva de mercado, vontade de comunismo e de controle
estatal. A decisão do governo será tomada em setembro próximo. Consta que Dona
Dilma é simpática à medida.
Como disse o sommelier, será um tiro no pé.
Porque quem degustou o melhor e mais barato, jamais voltará ao pior e mais caro.
Mesmo que tenha de pagar mais.
CHÁVEZ, EL PRE-DIFUNTO, AHORA EN PLAN DE BARRABÁS ARREPENTIDO.
Hugo Chávez en nueva cena midiática: lágrimas
Lo que sigue es los párrafos iniciales del artículo por Alberto Franceschini, publicado en el sitio Reportero24, de Venezuela. Al final el enlace para completar la lectura:
Chávez busca merecer no la salvación, sino quedar vivo para seguir mandando y jodiendo. Ello indica, que como solo quiere un trueque, hará nugatorio su ruego ante el más allá y el reloj de la biología celular regresiva seguirá implacable, marcando el plazo del Doctor Salvador Navarrete desde su exilio mexicano: 24 menos 11 = 13 meses. Y ahora con morfina omnipresente, con efecto de absoluta evasión de la realidad.
Perdonen la sordidez, pero es que la prédica del viajante convoca es al diluvio llegada su ausencia… “genio y figura hasta su sepultura”. Quiere pólvora de balas que disimulen las de los cohetes del jubileo por su partida.
Los imitadores de pacotilla de grandes ejecutantes de la historia, prefieren la fanfarria al prudente mutis en silencio. Es que el tipo no se resigna a irse como mortal…sus impúdicos jalamecates nos echaron la vaina que se crea destinado al Olimpo.
Pero vayamos a nuestros asuntos terrenales. Es hora de empezar a preguntarse sin dilaciones: ¿De Cuantos Grados Es El Viraje Que Viene?
Lo que aquí planteo, propongo o avizoro, todavía tardará un poco en concretarse como realidad política de la etapa que transitamos, por cuanto aún subsiste el poder inercial del soldado Chávez, entregado a sus rezos y a sus protectores chulos, beneficiarios de su muerte lenta en la Habana.
Si el país no hubiera perdido la chaveta, ya sobraron motivos para exigir la renuncia del pre-difunto. ¿Es que no basta la certeza que el país está al garete?.
La omisión desde “nuestro bando” para exigir o proponer una salida inmediata, desnuda demasiadas carencias o innombrables complicidades.Ler TODO artículo
Enquanto a Dilma faz discurso paparicando empresários brasileiros nos Estados Unidos, os bate-paus do MST enviaram destacamento para protestar contra tudo que o Brasil necessita: usinas hidrelétricas, Código Florestal, investimentos e tecnologia.
E as coisas funcionam assim: Dilma faz de conta que é estadista e defende aproximação com os Estados Unidos. Mas, para manter de pé o slogan que prega um "outro mundo é possível" seu partido, o PT, que comanda o MST e demais tarados ideológicos dos ditos movimentos sociais, incluindo os milenaristas ecochatos, concorre para que um bando de desocupados e tungadores de dinheiro público via ONGs viajem aos Estados Unidos para promover uma palhaçada, chamada de "protesto".
Não há dúvida. Essa turma de baderneiros profissionais está viajando a custa do erário, via famigeradas ONGs, ditas organizações não-governamentais mas que vivem de dinheiro público.
Vi há pouco uma matéria no site do Diário Catarinense, em que os conhecidos empresários sabujos do PT, que viviam lambendo o saco do Lula agora rasgam seda para a Dilma e censuram o Apedeuta pela sua política anti-americana.
É claro que os empresários têm razão de defender uma parceria com os Estados Unidos, só que permaneceram mudos enquanto Lula reinava absoluto e além disso contribuiram generosamente para sua reeleição.
Nesses dias vamos ter que aturar o jornalismo pena alugada da Rede Globo e dos jornalões com suas reportagens da viagem da Dilma, sem que haja uma só análise consequente, enquanto abrirão espaço para focalizar meia dúzia de brasileiros idiotas falseando a verdade para vergonha daqueles que não babam a baba da idiotice esquerdista.
Escrevi ontem um post um texto de Elio Gaspari, publicado na Folha e no Globo, em que, recorrendo à ironia, o autor imagina um Brasil de 2015 governado pelo senador Demóstenes Torres. Em sua prefiguração — a não ser cumprida porque os fatos do presente, obviamente, a inviabilizam —, Demóstenes é a encarnação de uma suposta “agenda da direita”.
Gaspari faz, então, uma caricatura de algumas críticas fundamentadas, sim, que poderiam e podem ser feitas aos governos petistas. O leitor deve entender que elas todas têm um vício de origem: estariam comprometidas pelo conservadorismo, que teria sido desmascarado. Logo, e a conclusão é inescapável, qualquer resistência ao petismo que nasça no campo conservador é, necessariamente, desonesta. Porque, no fundo, desonesto seria o próprio conservadorismo.
Eis os amantes da democracia que estão se criando no Brasil: aceita-se, sim, a divergência como apanágio do regime democrático, desde, é claro!, que sejam divergências de um lado só. Apenas os ditos “progressistas” teriam legitimidade para contestar… “progressistas”.
Aí está a essência do pensamento totalitário — de qualquer totalitarismo, seja de esquerda, seja de direita. Tanto o socialismo como os vários fascismos, no século passado, submeteram o direito de dissentir ao crivo judicioso das intenções. Num caso, era preciso verificar se o pensamento desviante não feria princípios do partido; no outro, se não transgredia regras do estado. Aferida a boa intenção do crítico, então ele poderia ser admitido no mundo dos vivos. No caso do stalinismo, também o passado era uma realidade criativa e móvel. Estrelas do regime, depois de anos, poderiam ter seu passado recontado à luz das necessidades — e da loucura — do chefe. Poderosos caíam em desgraça da noite para o dia. Notórios colaboradores de Stálin, que o ajudaram a eliminar os “inimigos” nos Processos de Moscou, foram executados mais tarde.
Não pensem que essa é uma realidade muito estranha ao nosso tempo. A China, a segunda economia do mundo, acaba de tirar de circulação — literalmente — Bo Xilai, ex-chefe do Partido Comunista de Chongqing. Era um dos candidatos mais fortes a integrar o “grupo dos nove” que, de fato, governa o país: o Comitê Permanente do Politiburo. A máquina de propaganda chinesa trabalhou bem. Há tempos ele vinha sendo caracterizado como excessivamente populista, com traços de regressão maoista. Estaria mesmo disposto a incentivar uma nova “Revolução Cultural” no país, numa sugestão de que era uma liderança mais hostil ao Ocidente.
A China é uma tirania. Ninguém jamais saberá se Bo Xilai era aquilo mesmo. Se não morrer, vai passar alguns anos na cadeia. Talvez algum dia saia de lá e seja reabilitado, como aconteceu com Deng Xiaoping. De todo modo, esse é um assunto que diz respeito ao grupo dirigente, àqueles que exercem divergências de um lado só — até certo ponto, como se nota. Inexistem oposição vigilante, crítica, debate, confronto de ideias. Há, sem dúvida, pessoas sonhando com uma “modelo chinês” no Brasil, certamente adaptado aos trópicos. Elio Gaspari poderia ser o seu teórico.
Acuse o adversário de agressivo e não debata Sim, contestei o texto de Gaspari ponto por ponto. Algumas reações, que vêm numa corrente, chegam a ser engraçadas. Acusam-me, por exemplo, de ser “agressivo”. É só uma forma de pular fora do debate, de fugir, de sair correndo. Não há uma só agressão a Gaspari, nada. O gracejo “Aiatoelio”, como o chamo, é só uma alusão à sua vocação oracular. É dado a escrever como quem, assentado no promontório do mundo, olhasse a realidade mesquinha dos homens, livre de paixões, evocando, então, leis imemoriais da boa conduta. Escolhas comprometidas seriam sempre as alheias; as suas nunca! Pois é…
O apelido também deriva — e isto não é necessariamente responsabilidade sua — de certo comportamento reverencial que lhe devota boa parte do colunismo político, como se ele fosse descendente direto do Profeta. E ele não é. No caso em questão, o seu texto nada mais faz do que estimular, incitando mesmo, a intolerância. Reclamam ainda que lembrei a sua antiga simpatia pelo regime militar. Fazer o quê? É verdade! Apenas isso.
Não! Não fui agressivo, não! Na verdade, raramente o sou. Essa acusação integra parte da mitologia da rede, geralmente evocada por covardes. Vejam o caso de José Eduardo Dutra, o petista diretor da Petrobras que recomendou à oposição o famoso “enfia o dedo e rasga”. Eu o critiquei duramente aqui. Ao reagir, ele me chamou de “blogueiro especialista em baixarias”. Basta cotejar a sua fala com a minha para verificar onde está a baixaria. Mas volto.
Retomando o caso Gaspari O colunista da Folha e do Globo resolveu construir, então, uma distopia, e o país que estaria sendo governado por aquele hipotético Demóstenes estaria caminhando, entende-se, para o autoritarismo. Pois é… Ocorre, meus queridos, que Aiatoelio não precisa fantasiar para colher sinais de que há algo errado com a democracia que há está aí. Ele não precisa lucubrar sobre o que não virá quando o que já veio lhe fornece elementos de sobra para questionar a qualidade das nossas instituições e da nossa cultura democrática. Vamos ver?
Pensem que futuro teria um país que, para realizar um torneio internacional de futebol, criasse uma legislação especial, paralela, para contratar obras que torram alguns bilhões de dinheiro público. Pensem com seria vexatório que esse país tivesse de criar leis ad hoc até para regular o álcool nos estádios. Pois esse país existe; é de verdade. E não é uma criação “da direita” — não, ao menos, do que Gaspari chama “direita”.
Pensem que futuro teria um país em que o presidente da República arbitrasse pessoalmente, contra a lei, a venda de uma operadora de telefonia à outra, mandando liberar recursos de um banco público de fomento. Efetivado o negócio, esse presidente, então, determinaria a adaptação da lei à transação feita. A empresa compradora seria a mesma que teria feito do filho desse presidente, um ex-monitor de jardim zoológico, um próspero empresário. Pois esse país existe; é de verdade. E não é uma criação “da direita” — não, ao menos, do que Gaspari chama “direita”.
Pensem que futuro teria um país em que criminosos confessassem que a campanha eleitoral do presidente da República foi financiada com dinheiro ilegal e paga, em dólares, no exterior, numa conta secreta. Descobrir-se-ia, depois, que essa operação seria parte da mais formidável tramoia política do período republicano. Nesse país, o chefe da quadrilha continuaria muito influente, mandando e desmandando na República, e alguns dos vigaristas que se envolveram na sujeira estariam eleitos. Um deles conseguiria até presidir o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Pois esse país existe; é de verdade. E não é uma criação “da direita” — não, ao menos, do que Gaspari chama “direita”.
Pensem que futuro teria um país em que a “presidenta” da República se vê obrigada a demitir seis ministros sob suspeita de corrupção em cinco meses — nomes que ela própria teria escolhido. Agora pensem num pais em que a evidência, pois, de desmandos se tornasse um ativo da governanta, uma prova de que ela realmente não condescende com o “malfeito” — um eufemismo arranjado por vigaristas para nomear a corrupção. Pois esse país existe; é de verdade. E não é uma criação “da direita” — não, ao menos, do que Gaspari chama “direita”.
Pensem, numa outra esfera, esta mais simbólica, que futuro teria um país em que a mãe de um presidente da República se tornasse nome de um parque público apenas porque… mãe do presidente. Esta teria sido a sua grande glória e seu grande feito para a humanidade: dar à luz o líder. Nesse país, como ridicularia pouca seria bobagem, também a sogra do Grande Líder seria nome de prédio público, batizando uma escola. Pois esse país existe; é de verdade. E não é uma criação “da direita” — não, ao menos, do que Gaspari chama “direita”.
Caminhando para o encerramento Vocês sabem que daria para passar a noite escrevendo a respeito desse país. Fosse Elio Gaspari só um bobalhão, um sem-leitura, uma dessas tristes figuras que hoje escrevem sobre política sem jamais ter lido nem sequer uma obra de referência, vá lá… Puxam o saco por necessidade, ainda que não fosse por gosto. Mas ele não é! Sabe muito bem o que está escrevendo. Não acuso a sua ignorância, mas o seu cinismo; não aponto o seu desconhecimento da realidade, mas justamente o contrário! Não! O Brasil não tem conservadores demais, não! Tem é conservadores de menos. Precisamos é de mais gente para vigiar o poder, não de menos. Não havia nada de errado com os valores que Demóstenes Torres traiu ao operar junto com Carlinhos Cachoeira — e não só o senador, é bom que fique claro. O bicheiro, definitivamente, é tão ecumênico quanto a corrupção.
Eis aí. Tanto essa como a outra são refutações educadas a uma baixaria — a dele, sim! — de Elio Gaspari. Tentou fazer de milhões de pessoas que acreditam nos fundamentos de que ele faz blague coparticipes de lambanças. E elas não são, não! Já disse e repito: os eleitores de Demóstenes vão abandona-lo porque acreditam nos valores que ele vocalizava. E os eleitores de José Dirceu estão doidos para votar nele porque também acreditam nos valores que ele encarna. Entenderam a diferença?
Baixaria é tentar reduzir ao banditismo pensamentos, convicções e crenças de gente decente, que vive uma vida honesta, que não aceita o cabresto, enquanto se faz silêncio sobre a obra de notórios… bandidos! Baixaria é tentar cassar a voz e a vontade de quem diverge. Aqui não vai.