"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

AS GUERRAS SECRETAS DOS EUA

 

Os Estados Unidos estão conduzindo uma guerra escondida contra militantes islâmicos usando aviões armados de pequeno porte, teleguiados e sem pilotos, chamado de drones em inglês, para matar pessoas que eles suspeitam de conspirar contra os EUA.
Adotada pela administração de George W. Bush em 2004, após os ataques da al-Qaeda de 11 de setembro de 2001, em Nova York, a frota cresceu rapidamente em numero depois que Barack Obama foi eleito presidente em 2008.

Esse programa de assassinatos planejados não foi publicamente reconhecido, e é controlado pela Central de Inteligência Americana, a CIA.

Por ser controlado por um dos braços clandestinos do governo americano, esse programa de assassinatos à longa distancia nunca teve muita publicidade, e tem se desenrolado num clima de sigilo e muita fumaça.

Por isso, a tarefa de seguir o numero de ataques de drones pelos EUA no Afeganistão, no Iêmen e na Somália, e os números de vitimas, ficou a cargo de jornalistas independentes nos EUA e Inglaterra.

Conforme o site americano The Long War Journal, de 2002 até 2012 foram lançados 57 ataques aéreos contra alvos no Iêmen, matando 299 militantes e 82 civis.

Mas o campeão em números absolutos foi o Paquistão, por causa da ocupação do vizinho Afeganistão por tropas americanas e europeias desde 2002, que viu 331 ataques aéreos americanos de 2004 ate o dia 9 de janeiro 2013.
As mortes no Paquistão também foram surpreendentes: 2.474 militantes do Talibã ou al-Qaeda e 153 civis, de 2006 até janeiro de 2013, segundo estima o Long War Journal.

Na maioria das vezes, nos ataques contra alvos no Paquistão, os americanos defenderam suas ações como preventivas, alegando que esses militantes estavam planejando ataques contra tropas americanas no Afeganistão.

No Iêmen os ataques americanos foram dirigidos contra membros da al-Qaeda da Península Árabe, sediada naquele país, e que tem planejado ataques contra alvos americanos, como o do nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab, que ia explodir um voo para Detroit, nos EUA, no Natal de 2009, e um complô de mandar bombas para os EUA escondidas em pacotes em 2010.

O problema é que nenhum dos acusados tem a chance de se defender, como poderia fazer num tribunal de justiça. Há também o fato de inocentes serem mortos.

Os mísseis são lançados, deve-se notar, por operadores americanos a milhares de quilômetros de distância, vendo o alvo do ataque por câmeras fixadas nos drones, que mandam de volta imagens nem sempre nítidas.

O site britânico Bureau of Investigative Journalism e o jornal “Sunday Times” fizeram uma reportagem conjunta em 2012 em que concluíram que a CIA estava deliberadamente alvejando equipes de resgate e funerais de vítimas de ataques prévios americanos, com novos mísseis lançados por drones no Paquistão.

Relataram que entre 282 e 535 civis foram mortos por drones nos primeiros três anos do primeiro mandato de Obama, incluindo mais de 60 crianças. Depois de uma investigação de três meses, também concluíram que pelo menos 50 civis foram mortos quando ajudavam vítimas de um ataque.

No Iêmen, Obama enfrentou críticas duras depois de autorizar um ataque de drone em setembro 2011 que matou o cidadão americano Anwar al-Awlaki considerado terrorista da al-Qaeda. Foi a primeira vez que um presidente americano admitiu publicamente que tinha autorizado o assassinato de outro cidadão americano, sem dar a ele a chance de se defender num tribunal.

Duas semanas depois, o filho de 16 anos de Anwar, Abdulrahman, também um cidadão americano, foi morto por um míssil americano no Iêmen. Em dezembro 2012, Christiane Amanpour, da rede CNN, entrevistou o avô do garoto, Nasser al-Awlaki, que perguntou: “Por que mataram meu neto, um garoto inocente que somente estava procurando seu pai?”

No Paquistão, os ataques dos drones têm gerado muita raiva contra os EUA entre a população em geral e dirigentes do governo, que sentem que sua soberania está sendo violada.
Não surpreendente, uma sondagem de opinião pública no Paquistão revelou que 83% dos paquistaneses não gostam dos EUA. Nos EUA, outra sondagem revelou que mais de 80% dos americanos apoiam os ataques de drones.

A causa desse apoio popular americano se deve em parte a John Brennan, o atual candidato de Obama para chefiar a CIA, e o idealizador do aumento de uso de drones na guerra contra o terror desde o inicio do primeiro mandato de Obama.

Até o ano passado, segundo o Bureau of Investigative Journalism, Brennan insistia que não havia nenhuma morte de civis inocentes em ataques de drones. Isso se devia ao fato que o governo americano considera como combatente inimigo qualquer homem de idade apta para o servico militar (15 a 60 anos) que esteja numa zona de ataque — e assim um alvo legítimo. Lógica arrogante e falsa.

O apoio doméstico a esse programa de assassinato à distância é talvez compreensível tendo em conta o choque que americanos sentiram depois dos ataques de 11 de setembro.

Mas será que eles realmente apoiariam esses assassinatos se soubessem dos inocentes civis mortos, considerados como “danos colaterais”? O Conselho de Direitos Humanos da ONU pensa diferente, e já disse que vai investigar a morte de civis por drones americanos.

Os EUA continuam sendo um superpoder que acha que pode ir atrás de terroristas em qualquer lugar do mundo, mesmo fora de campos de batalha, e matá-los. O problema com isso é que tira o direito de um acusado se defender, e mata inocentes.

Isso pode dar satisfação momentânea aos americanos, mas no longo prazo vai gerar mais ódio contra os Estados Unidos. Lamentavelmente, com Brennan chefiando a CIA, vamos ver ainda muito mais mortes por drones americanos.

Rasheed Aboualsamh é jornalista, O Globo

PROTESTOS DOS ESTUDANTES CONTRA O GOLPE DE ESTADO CHAVISTA SE ESPALHAM NA VENEZUELA


Clique AQUI para ver mais fotos
 
Pelo segundo dia, estudantes universitários se mobilizam em rechaço ao golpe de Estado chavista. O protesto, segundo esta matéria do site do canal de notícias Globovisión, o protesto estudantil parece se alastrar como um rastilho de pólvora e alcança vários Estados venezuelanos: Monagas, Aragua, Maturín, Maracay, região de Caracas, dentre outros centros universitários que estão aderindo aos protestos.
Não temos medo e vamos seguir na rua. Nos declaramos em resistência nacional", assegurou um dos jovens protestadores vestido com as cores da Venezuela.
Transcrevo no original em espanhol a matéria do canal Globovisión. Acima na legenda da foto há o link para ver mais fotos no Flickr. Leiam:
EN ESPAÑOL - Por segundo día, estudiantes universitarios se movilizan en rechazo a la sentencia del Tribunal Supremo de Justicia (TSJ) que permitirá al presidente Hugo Chávez, convaleciente en Cuba, tomar posesión del mandato 2013-2019 cuando mejore su salud.

En los estados Monagas y Aragua, los jóvenes se movilizaron para exigir "respeto a la Constitución". En Maturín, los universitarios denunciaron una violación a la Carta Magna y aseguraron que se mantedrán en las calles para denunciar la situación institucional del país.
"No tenemos miedo y vamos a seguior en la calle. Nos declaramos en resistencia nacional", aseguró un joven ataviado con el tricolor nacional.
En Maracay, el estudiantado hizo un llamado a la ciudadanía a protestar contra la sentencia de la Sala Constitucional. "Estamos haciendo una protesta cívica pacífica, llamando a los venezolanos a que se incorporen a esta protesta", afirmó Martín López Ríos.
En Caracas, estudiantes de la Universidad Católica Andrés Bello (UCAB) se concentraron desde tempranas horas a las puertas de la casa de estudios para trasladarse a varios puntos de Caracas, entre ellos dos ministerios, a fin de mostrar su rechazo a la situación actual del país.
 
Do site da Globovisión
 
11 de janeiro de 2013
in aluizio amorim

DAS DIFERENÇAS

 

Não existe torturador moderno. A expressão é uma contradição em termos. Todo torturador é medieval, porque só pessoas pertencentes a um tempo de trevas podem acreditar que alguma ordem será defendida com a dor dos outros. Existe jornalista enfático, agressivo, insistente, irritante, bom ou incompetente, mas é só um jornalista. Ele pode ser respondido ou ignorado.

José Genoino chegou com sua filha Mariana ao Congresso na quarta-feira (2/1). (Que moça bonita e que fortes as demonstrações que ela já deu de amor ao pai.) Claro que seria cercado pelos jornalistas, que fariam perguntas. Se eles não as fizessem seriam estranhos, mais ou menos como padeiros que não fazem pães. Isso não significa que todos fizeram as perguntas cabíveis.

Pelo relato do Globo, o repórter, ao qual Genoino respondeu, perguntou como é que ele se sentia por não poder deixar o país, enquanto ele, o repórter, podia. Colocação inadequada.
A leitura da transcrição do diálogo mostra que o jornalista não tentava se informar, tirar uma boa resposta, usar as declarações para esclarecer algum eventual leitor. Ele repetia “eu não fui condenado a nada, o senhor foi” ou “eu posso deixar o país, o senhor não”. Com 40 anos de jornalismo, considero que isso não é uma entrevista. É mau jornalismo.

O problema é que, em outros momentos, e com menos motivos para se irritar, Genoino usou a mesma expressão, dando a entender que considera a imprensa – toda ela – um grupo de “torturadores”.
A palavra é forte e o deputado conhece a perversidade embutida em seu significado. Nenhum problema com as críticas aos jornalistas, mas o que preocupa é o fato de que esse tipo de reação firma a convicção de que bom mesmo é um país sem imprensa, ou com uma imprensa controlada.

Declaração sem sentido

Genoíno, por temperamento, acha que tem que lutar sempre, mesmo quando está em clara desvantagem, como agora. Mas desta vez ele já foi julgado pelo STF, que decidiu que os condenados nessa ação que tiverem mandatos vão perdê-los.

Formalmente, Genoino pode assumir o mandato, mas ele sabe que sua decisão tem o custo de provocar polêmica. Até aí, tudo bem. O que ele não deveria é seguir a estratégia de confrontação com o Supremo que foi insinuada pelo seu colega de partido, deputado Marco Maia.
Não deveria também acreditar que essa prisão – se ele for preso ao fim do processo – será igual à que sofreu durante a ditadura militar. Agora, o país vive o estado de direito, ele teve amplo direito de defesa, o Supremo Tribunal Federal julgou de forma transparente e com base nos autos. Felizmente, ontem, ele disse que acatará a sentença, mesmo discordando.

Ele pode e deve esgotar todos os recursos de defesa, mas seria bom se não confundisse os dois processos a que respondeu. Se o fizer, estará informando à geração mais jovem, que não viu a ditadura, que não existe diferença entre o regime baseado no arbítrio, e aquele que se sustenta no império da Lei. Estará dilapidando um patrimônio importante do país, construído com o sacrifício de tantos, inclusive dele mesmo.

Esse é o ponto mais relevante de toda essa reação dos condenados da Ação Penal 470 e seus apoiadores. Quando o ex-ministro José Dirceu convoca a resistência contra a decisão, quando líderes petistas criticam o Supremo e o chamam de “tribunal de exceção”, quando Marco Maia avisa que dará “asilo” aos deputados condenados, o resultado é o de enfraquecer as instituições, e confundir as mentes dos mais jovens sobre a diferença entre estado de direito e o governo ditatorial.

Muito mais gente do que Genoino supõe lamenta que ele esteja nessa situação. Só que ele não é um perseguido político; ele responde pelos fatos revelados na Ação Penal 470.

Um dos deputados suplentes a assumir o mandato, o ex-líder sindical Paulo Fernando dos Santos, do PT-AL, chegou à sandice de comparar Genoino a Jesus Cristo e a Mandela. “Jesus foi condenado à morte e é referência até hoje. Mandela ficou preso por mais de 30 anos, e virou o líder que virou”.

É apenas uma declaração sem qualquer sentido, mas revela o quanto o PT se afastou do que deveria ter feito desde o início: entender onde foi que errou, para corrigir. O importante, portanto, não é uma briga com um eventual repórter, é que o comportamento dos petistas está enfraquecendo a democracia brasileira.

***

[Miriam Leitão é colunista de O Globo]
Reproduzido de O Globo, 4/1/2012
11 de janeiro de 2013

A ARTE DO TRAMBIQUE E DA ENGANAÇÃO

 

O mundo de hoje pode ser avaliado sem grande esforço ou complicados equipamentos, basta que o internauta examine o conteúdo da sua própria caixa postal. De cada conjunto de dez mensagens de spam, pelo menos três são trambiques. E alguns perigosos. Significa que um terço das mensagens de remetentes desconhecidos é constituído por fraudes ou falsificações, algumas delas disfarçadas em serviço público.
 
Comunicados da Receita Federal, do Ministério Público, polícias, fóruns judiciais, Detrans e bancos são armadilhas montadas por habilidosos hackers com as piores intenções. Loterias internacionais comunicam fabulosos prêmios, escritórios de advocacia dão notícia de incríveis heranças, entidades filantrópicas pedem contribuições, sheiks e emires querem os préstimos do destinatário, mulheres maravilhosas lhe oferecem suas virtudes – a Spamosfera é um gigantesco conto do vigário, ou lupanar, pronto a agarrar os distraídos, incautos, onanistas e também os espertinhos.
 
A constatação não visa a engrossar qualquer dos partidos, seitas ou irmandades que se digladiam em torno do acesso à internet. Esse é um debate imperecível, interminável, alheio aos marcos regulatórios e aos códigos internacionais, sempre bem-vindos embora sempre insuficientes.
 
As venenosas cartas anônimas de outrora, os abomináveis trotes telefônicos ou os incômodos volantes enfiados debaixo de portas não puderam ser evitados nem extintos. Os pasquins no Renascimento ou os sórdidos panfletos distribuídos antes, durante e depois da Revolução Francesa também não conseguiram ser proibidos. Simplesmente cansaram.
 
Contrafação, bastardia, travestismo e apocrifia existem desde que o ser humano descobriu a liberdade de burlar. Criatividade e enganação são limítrofes, o parentesco é complicado. Marcel Duchamps com o seu famigerado urinol “artístico” teria muito a dizer nesta matéria.
 
Não existem mídias organicamente desonestas; a internet neste momento é a mais vulnerável porque é a mais nova, não desenvolveu os mecanismos de autoimunização e autopreservação. Ao longo de quatro séculos a impressa depurou-se – o processo é lento, seguro e, sobretudo, endógeno. O que não significa o fim da compulsão trapaceira.
 
Quando a Amazon, o poderoso entreposto global de produtos culturais, decidiu moralizar as “resenhas” de livros, CDs e DVDs que publicava em seu site para enganar os trouxas, não o fez obrigada por uma sentença judicial. Nem por uma encíclica do Opus Dei.
O rigor foi voluntário, autoimposto. A produção de resenhas favoráveis ficara tão acintosa que os executivos da empresa moralizaram o processo para preservar a credibilidade do negócio inteiro. Spams, assim como o telemarketing, vão cansar. O efeito bumerangue é inevitável.
 
Onde entram os contágios
 
A depuração e o saneamento da mídia impressa são visíveis, porém até os anos 1960 eram comuns os espaços designados como “A pedidos”, velho truque para disfarçar matérias pagas e republicar insultos originalmente inseridos em boletins de pequena circulação. Hoje, os “informes publicitários” começam a ficar visíveis e os magistrados mais atentos às calúnias.
 
Mas a crise que atormenta a mídia impressa está produzindo efeitos colaterais perniciosos que precisam ser rapidamente corrigidos, sob pena de apressar e tornar irremediável o fim do jornalismo em papel.
 
Num feriadão ou fim de semana prolongado nos Estados Unidos ou na Europa seria impensável a supressão de cadernos por conta da diminuição da circulação nas bancas e a desatenção dos assinantes. No Brasil, com a pletora de feriados no meio da semana e as indefectíveis “pontes”, criou-se o costume de suprimir cadernos. Economiza-se papel, o leitor não tem onde reclamar e fica tudo por isso mesmo.
 
Este Observatório tem protestado contra a agressão aos direitos do consumidor que paga o preço inteiro do produto, porém só recebe parte dele. A Folha de S.Paulo percebeu a procedência da reclamação e, sempre muito inventiva e mais sujeita às tentações, inventou uma emenda – como de costume, pior do que o soneto.
 
Nos esticados feriadões de Natal e Ano Novo, o jornal saiu com um sinete no alto da primeira página – “Edição de Feriado” –, sinal evidente de que o jornal estaria irreconhecível. De sábado a terça (22 a 25/12 e de 28/12 a 1/1) as edições foram massacradas sem piedade: cadernos combinados e esmagados, suplementos suprimidos, uma Folha ersatz (sucedâneo minimizado). Isso não se faz com o leitor que pagou por antecipação e lê o jornal mesmo quando seus acionistas acham que não vale a pena.
 
A publicidade também se impregnou com o Espírito Spam, a enganação massificada: a série de anúncios testemunhais da NET veiculada em alguns dos seus canais é uma aberração. São depoimentos fictícios, repetidos ad nauseam,que o telespectador acaba incorporando como verdadeiros.
O Conar devia proibir esses falsos testemunhos em defesa da credibilidade da propaganda, já que não lhe cabe preocupar-se com a credibilidade dos meios que veiculam a propaganda.
O vírus do trambique merece combate implacável.

Leia também
O tuíte que surgiu do frio para mentir – Juan Cruz (em espanhol)

11 de janeiro de 2013
 Alberto Dines

O FASCISMO CABOCLO NOS ANOS 1930

 

A coluna dominical de Elio Gaspari (Folha de S.Paulo e O Globo) é uma referência no jornalismo – bem informada, pesquisada, uma pauta às vezes indignada, outras espirituosa, sempre instigadora. A verve e o antigo cosmopolitismo carioca, a serviço dos porteiros das redações do país que sequer leem o que sai no seu jornal.

Nos últimos dois domingos (30/12 e 6/1) a coluna tratou de uma fazenda-orfanato no interior de São Paulo, pertencente ao aristocrático clã dos Rocha Miranda e convertida num centro de formação nazista. Tudo começou em 1933, ano em que Hitler tomou o poder e os integralistas brasileiros preparavam-se para imitá-lo. A fonte da matéria é a próxima edição da excelente Revista de História,da Biblioteca Nacional, que circulará nestes dias com um enorme dossiê sobre os flertes da direita brasileira com o nazifascismo.

Na primeira nota, uma ferroada bem aplicada: “O porão dos órfãos numa fazenda chique”. Na segunda, uma errata bem-intencionada porém enganosa (“Injustiça”).

Para não esquecer

Quem chamou a atenção para o episódio, em junho de 2009, foi o semanário alemão Der Spiegel – em reportagem de doze páginas do seu correspondente no Rio, Jens Glusing, e fotos de Thomas Milz (baseado em São Paulo).

Naquele momento, o programa Observatório da Imprensa da TV Brasil preparava uma série para lembrar os 70 anos do início da Segunda Guerra Mundial. A repórter-editora Lilia Diniz foi até Campina de Monte Alegre (a 250 km da capital paulista), entrevistou um dos sobreviventes então com 85 anos, mostrou os tijolos com a suástica e contou a história inteira. Foi ao ar no terceiro episódio da série, “O Brasil na guerra”, em novembro de 2009.

Pouco importa que o casal Malu e Celso da Rocha Miranda, figuras de proa do antigo jet-set carioca, nada tivessem a ver com aquela maluquice caboclo-fascista (aparentemente a iniciativa foi do parente, Luis Rocha Miranda). Importa lembrar que a alta burguesia brasileira, parte da elite urbana e interiorana, intelectuais ingênuos, muitos militares e toda a hierarquia católica tenham se fascinado com as figuras e ideologias de Hitler, Mussolini e do seu ignóbil escudeiro, Plínio Salgado.

Aquele momento da nossa história não pode ser esquecido. Esta deve ter sido a intenção inicial de Elio Gaspari, é também a intenção deste observador ao fazer reparos ao seu trabalho.

11 de janeiro de 2013
Alberto Dines

VAI NESSA, COMPANHEIRO

“A gente precisa convencer a sociedade paulistana de que ela é racista, ela precisa entender que ela é racista, pois a partir do momento que ela se assumir como racista, ela pode trabalhar isso, porque a gente perde economicamente, a gente exclui uma sociedade que pode ajudar muito o país”.


 
Netinho de Paula, vereador reeleito pelo PCdoB, que trocou a vaga na Câmara Municipal pelo cargo de secretário da Promoção da Igualdade Racial do prefeito Fernando Haddad, que ainda não conseguiu convencer-se de que é espancador de mulheres, e precisa entender que é espancador de mulheres, pois a partir do momento em que se assumir como espancador de mulheres pode até criar vergonha, invocar a Lei Maria da Penha e solicitar à Justiça que o condene a alguns anos de cadeia.

11 de janeiro de 2013
Augusto Nunes

UMA IMENSA ARGENTINA?

get8


A Folha de hoje atirou no bicho certo mas exibiu o troféu errado.
A longa entrevista por ela publicada (aqui) com o Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, continha uma revelação importante e um alerta importantíssimo, mas não foi nenhuma dessas duas preciosidades que a equipe encarregada de editá-la destacou.

A revelação importante é a de que, ao se aproximar o prazo para a sua recondução ou não ao cargo de Procurador Geral da Republica, Roberto Gurgel mandou avisar à presidente Dilma que estava terminando a peça acusatória do Mensalão, a ser apresentada dois dias depois da decisão, e que manteria nela todas as acusações que hoje o Brasil inteiro conhece contra os maiorais do PT e, mesmo assim, a presidente o confirmou no cargo.
Já o alerta importantíssimo que a Folha deixou de amplificar, pode ser resumido nestes tres pontos:

1- A luta não está ganha (vejam que manchete atraente para sair sobre uma foto de Gurgel!);

2- Não ha nada no horizonte que indique que vamos ganhá-la, ao contrário.

3- Se não ganharmos agora não haverá segunda chance.

get5

Ok. Foi “um esforço magnífico”, “um marco histórico”, e coisa e tal, “mas isso não basta”. “Nós não acabamos. É preciso dar efetividade a esse julgamento … É preciso que os juízos condenatórios proferidos pelo Supremo tenham as devidas consequências (tanto) na questão dos mandatos parlamentares (quanto) na questão dos mandados de prisão …
Respeito a posição do ministro Joaquim (de recuar de pedir as prisões imediatas)… (mas) Meu temor é assistir cenas como as das fotos recentes do Cachoeira (condenado mas em liberdade) no resort. Isso demonstra a falta de efetividade da Justiça. Essa é a preocupação que o Ministério Público tem. Nosso sistema processual é muito generoso e muito propício a certas manobras da defesa…”

Nenhuma voz tem mais autoridade que a do acusador-chefe de um país sem prisões para nos alertar para a seriedade da ameaça que paira sobre nossas cabeças.

Roberto Gurgel, assim como Dilma, faz parte de uma elite do funcionalismo público que, já nem tão por baixo do pano assim, vem num conflito surdo com a canalha oriunda dessa grande universidade do crime que é o sindicalismo pelêgo que Getúlio Vargas nos legou e vem tomando literalmente de assalto o Estado brasileiro desde o momento em que Lula chegou “”.

get2

Não digo que essa elite seja constituida só de santos nem que não existam diferenças ideológicas ou de comportamento ético a diferenciar os que fazem parte dela. Nem mesmo que ela não se aproveite e componha com a outra quando se trata de preservar seus privilégios.

Mas também é indiscutível que, tomada em seu conjunto, há um verdadeiro abismo moral e, principalmente, cultural entre essa nata do funcionalismo concursado, de carreira, e a escória cevada no sindicalismo que Getúlio plantou aqui precisamente para destruir o Estado e deixar o país inteiro nas suas mãos, segundo a receita de Juan Domingo Perón e suas periguetes de palanque.

E já lá vão 10 anos ao longo dos quais para cada concursado que sai pela porta da aposentadoria são dois ou tres predadores que entram pela das nomeações “políticas“.

A Argentina está aí, descambando desabaladamente ladeira abaixo há quase um século, trágica, irrecuperável, aos trambolhões, a nos gritar que não tem fundo o abismo em que ameaçamos despencar.

get19

Dilma sabe disso. Mas, criatura de “deus” que é, hesita. Balança entre “o pai” e o que lhe diz a sua consciência. O dr. Gurgel mostrou que sabe o que vai pela alma dela…
Quanto às cenas como as das fotos do Cachoeira que tiram o sono do promotor-chefe, elas já estão aí, atiradas nas nossas caras.

A ocupação da tribuna do povo em Brasília pelo chefe da grei dos cuequeiros sob os aplausos da alcatéia dos vendidos num congresso nacional que parece antecipar o nosso destino bolivariano é a repetição, como farsa, do acinte do caudilho dos pampas ao amarrar seus cavalos no obelisco do Senado da Republica da antiga capital federal da Guanabara.

Por quanto tempo ainda os “condenados” do Mensalão poderão andar pelas nossas ruas e praias exibindo o seu sucesso?
No mínimo mais um ano, diz o dr. Gurgel mais em tom de torcida que de afirmação…

get13

O país que acompanhou por quatro meses, ao vivo, as seções solenes do Supremo Tribunal Federal para vê-las desaguar numa hermética “dosimetria” onde tudo faz lembrar o Jogo de Truco, síntese da malandragem brasileira onde nenhuma carta vale o que diz o número estampado nela, fica sabendo, depois desse primeiro balde de água fria, que a “última palavra” da nossa “ultima” corte de justiça, de ultima não têm nada.
Que vai recomeçar a ciranda dos recursos e dos recursos sobre os recursos, agora batizados de “embargo” disso, “agravo” daquilo, enquanto os “condenados” refestalam-se ao sol dos vencedores na Bahia.

Que país sairá dessa travessia? O que terá restado em pé?

É preciso um esforço de união nacional aberta e francamente apoiado na única dicotomia real que, pelo mundo afora, sobreviveu à entrada do Terceiro Milênio – mocinhos x bandidos; ladrões x roubados – como a derradeira tentativa de incentivar os brasileiros honestos de todas as antigas cores que nos separavam no século passado a se unirem para gritar que “Não, nós não somos todos a mesma merda que Lula quer que sejamos”, ou seremos nós a próxima e imensa Argentina.

get0

11 de janeiro de 2013
in vespeiro

CAI NA REAL, BRASIL!

brt


Presidente da República inaugurar linha de ônibus em véspera de eleição e ser ovacionado pela graça concedida é coisa que se você contar por aí afora ninguém acredita.
E, no entanto, é assim que é neste país de cachorros chutados que abanam o rabo, coitados, pra qualquer osso que se lhes atire.

Aos seis dias do mês de junho do ano da graça de 2012, nas vésperas da reeleição do prefeito que o presidente mais popular da história deste país foi apontar para “o povo pobre do Rio de Janeiro” como a melhor garantia de que “o bife que hoje você pode comer todo dia não venha a lhe ser arrancado do prato”, uniram-se em triunfo para dar lições aos grandes do mundo e apresentar à patuléia agradecida a resposta “histórica” da parceria entre o governo do Estado patrocinador de Fernando Cavendish, o ininvestigável proprietário da “inidônea” Delta Construções que segue sendo a campeã do PAC filho da Dilma, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e o governo federal da “sexta economia do mundo” às exigências de um mínimo de “mobilidade urbana” feitas pelo COI à cidade que vai receber a próxima Olimpíada.

brt00

A saber, 56 kms de blocos de cimento enfileirados – da Barra até à base aérea de Santa Cruz – constituindo uma “guia” ou “meifii” com preferem dizer os cariocas, a separar da própria o acostamento de uma estrada velha, por onde passaria a trafegar o “Ligeirão”, um reles ônibus articulado de nariz rebaixado, gambiarra com que se quer fazer lembrar os trens de alta velocidade ou os metros que já nos cobraram cem mil vezes mas nunca entregaram, e mais um túnel (fechado também, ameaçando desabar, quatro dias depois da 1a publicação deste artigo).

Passados seis meses, mesmo esse tanto pouco está nas condições registradas na foto aí em cima…
Agora dispare este vídeo. Vale a pena ver de novo!

E olhe outra vez para estas fotos quando Lula disser que, até que ele viesse nos salvar, “político só lembrava de pobre em época de eleição”; que “a gente não gosta de comprar coisa de segunda”; que ele está aí “para resgatar a dignidade de um povo” e, principalmente, que “cuidar dos pobres é a coisa mais barata do mundo”.

11 de janeiro de 2013in vespeiro

INCOMPETÊNCIA DO GOVERNO LEVA O SETOR DE ENERGIA A PREJUÍZOS BILIONÁRIOS EM APENAS QUATRO MESES

 

(Foto: Carlos Barria - Reuters)

Faca amolada – Reduzir a tarifa de energia elétrica parece que é a única arma que o governo da presidente Dilma Vana Rousseff encontrou para tentar reverter a economia brasileira, que enfrenta grave crise e registra crescimento pífio.

Mesmo com os baixos níveis de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas, em consequência da falta de chuva, e tendo que acionar as termelétricas, o governo insiste na redução da tarifa de energia e procura uma forma de não transferir ao consumidor o custo pelo uso desse modal de geração, que é muito mais custoso. Não prejudicar o consumidor na conta de luz significa usar o dinheiro do contribuinte para cobrir o gasto com as usinas termelétricas, quase todas movidas a gás.
 
O projeto populista de reduzir a tarifa de energia foi ancorado na decisão da presidente Dilma de antecipar a renovação das concessões das usinas hidrelétricas, que teriam prejuízos milionários com o desrespeito aos contratuais que ainda estão em vigência.
Dilma só conseguiu emplacar seu projeto em parte das usinas, mas as hidrelétricas de Minas Gerais, Paraná e São Paulo não aceitaram a proposta, porque os contratos que têm em mãos ainda valem e abrigam cláusula de renovação automática, por igual período e nas mesmas condições.
 
Com essa decisão oportunista e radical, o governo do PT conseguiu corroer o valor das empresas de energia elétrica. De acordo com a consultoria Economatica, o valor de mercado de 34 empresas de capital aberto brasileiras do setor de energia elétrica teve queda de 18,03% (R$ 37,23 bilhões) do dia 6 de setembro de 2012, quando o governo anunciou a redução das tarifas de energia em 2013, até a quinta-feira, 10 de janeiro. O valor passou de R$ 206,40 bilhões para R$ 169,17 bilhões.
 
A empresa que registrou a maior perda nominal de valor de mercado foi a Cemig, que não aceitou a proposta palaciana. Em setembro, o valor de mercado da companhia era de R$ 28,42 bilhões e, em 10 de janeiro, de R$ 18,56 bilhões. Ou seja, uma perda de valor de 34,67%.
 
Segundo a Economatica, a Eletrobras foi a empresa de energia que registrou a maior perda percentual de valor no período analisado, passando de R$ 19,22 bilhões para R$ 9,90 bilhões em janeiro, o que representa queda de 48,46%.
 
Das 34 empresas analisadas, dez têm valor de mercado inferior ao seu patrimônio liquido. “A Eletrobras é a empresa que tem a menor relação, o valor de mercado da empresa em 10 de janeiro de 2012 é de R$ 9,90 bilhões contra patrimônio liquido de R$ 79,58 bilhões”, disse a Economatica, em nota.
 
O PT palaciano tenta compensar a própria incompetência causando prejuízos bilionários às empresas privadas e aos contribuintes, pois esses são os verdadeiros donos das estatais.
 
Há dez anos que o Partido dos Trabalhadores insiste em governar o Brasil como se fosse um boteco chinfrim de porta de fábrica, muito parecido aos que Lula frequentava nos tempos de sindicalismo. Governar um país como o Brasil, assim como qualquer outro, exige não apenas competência de sobra, mas vastos conhecimentos de planejamento. Não será com populismo barato, pirotecnia oficial, mudando os nomes de programas inócuos e sem planejamento que a economia brasileira se recuperará de forma sustentável.
 
Contudo, mesmo diante de um cenário que deixa a economia de pernas para o ar, a presidente Dilma Rousseff se recusa a demitir o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que só teve êxito no comando da economia quando os ventos sopravam a favor. Enfim…

11 de janeiro de 2013
ucho.info

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE

http://www.sponholz.arq.br/charges/grd/charge_grd_003.jpg



11 de janeiro de 2013

O NEGÓCIO DAS SUPLÊNCIAS E DAS ILHAS DOS TESOUROS

 

O peixe de maior tamanho enroscado na Operação Porto Seguro é um “senador” que jamais teve um voto e, no entanto, ocupou por três vezes um assento em nossa Câmara Alta. Este mago da política chama-se Gilberto Miranda: começou como massagista do então presidente-ditador João Figueiredo, foi sócio nos negócios de Orestes Quércia, é amigo de Paulo Maluf, era próximo de Celso Pitta, seu padrinho de casamento é José Sarney e, além disso, esteve envolvido diretamente em escândalos de altíssimo quilate como o Caso Sivam e o Dossiê Cayman.



O “senador” Gilberto Miranda agora mudou de ramo: tornou-se expert em Ilhas do Tesouro. Tem duas, a poucos quilômetros de distância uma da outra, no litoral de S. Paulo. Na ilha das Cabras, propriedade da União, perto de Ilhabela, construiu um paradisíaco resort privado com heliporto e outras facilidades para entreter amigos e sócios.

Insatisfeito, o novo Robinson Crusoe apossou-se da Ilha dos Bagres, no porto de Santos, onde pretendia construir um complexo portuário para o qual obteve um financiamento de dois bilhões de reais graças às relações com José Weber Holanda, ex-advogado-geral-adjunto da União, agora indiciado pela Polícia Federal.

O negócio de Ilhas do Tesouro resolve-se pela via judicial com relativa facilidade. Mas o negócio das suplências, uma das maiores aberrações da Carta Magna de 1988, só se resolve com uma Emenda Constitucional.

Gilberto Miranda Batista — Mirandinha para os íntimos – embora paulista sempre fascinou-se com as riquezas do Amazonas: pagou dois milhões em 1987 para obter a suplência de Carlos Alberto Di Carli o que lhe permitiu freqüentar o Senado durante seis meses e lustrou a sua folha-corrida com o título de Senador.

Em 1990 negociou uma suplência com Amazonino Mendes: pagou quatro milhões que lhe garantiram seis anos no Senado da República. Em 1998 pagou outros cinco milhões ao xará, Gilberto Mestrinho por uma segunda suplência e, em seguida, uma vilegiatura de outros seis anos no Senado. Uma pechincha.
ZONA FRANCA

No período em que representou o Estado do Amazonas o empreendedor Gilberto Miranda desenvolveu outro negócio: a liberação de projetos de financiamento na Zona Franca de Manaus. Bateu um recorde: emplacou 250.

No modelo presidencialista e bicameral dos EUA inexiste a figura do suplente de senador. É ilegítima. O representante de um estado da Federação precisa ser eleito pelo voto direto. O parlamentar que se afasta, morre ou é impedido pelos pares, será substituído por outro, eleito nominalmente no pleito seguinte.

O negócio de suplências no Senado é indecente, feudal e antidemocrático. Já produziu situações altamente vexatórias com aquela protagonizada pelo ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi, então suplente do senador Saturnino Braga (PDT-Rio) que exigiu o afastamento de um brilhante parlamentar por conta de um execrável “acordo político” que lesou o eleitor, o partido e o próprio sistema eleitoral.

A Operação Porto Seguro foi iniciada pela Polícia Federal, as primeiras punições partiram do Executivo, os indiciados serão levados ao Judiciário. O Legislativo — por enquanto ileso — poderia participar do saneamento com uma PEC que acabaria com o rendoso negócio das suplências. E das ilhas dos tesouros.

(Artigo enviado por Mário Assis)

11 de janeiro de 2013
Alberto Dines (Observatório da Imprensa)

BRICS AUMENTAM CONTRIBUIÇÕES PARA A ONU E FAZEM REUNIÃO SOBRE SEGURANÇA EM NOVA DELHI

 

Enquanto a grande imprensa ocidental (The Wall Stret Journal fez mais uma matéria negativa na semana passada) tenta solapar a imagem e desvalorizar o grupo, os BRICS continuam, discreta mas coordenadamente, a mexer as suas peças (e, porque não dizer, seus pauzinhos) no longo jogo de xadrez que disputam com o Ocidente.



 No final do ano, para aumentar sua influência na ONU, China, Rússia, Índia e Brasil, aumentaram suas contribuições financeiras para o orçamento das Nações Unidas.

A República Popular da China incrementou sua contribuição em 61%, passando de 3,2% para 5,1% do orçamento total da Organização, a Rússia, que já contribuía mais que os chineses, aumentou em 52% seu aporte, os indianos em 24%, e o Brasil aumentou a sua parcela em expressivos 81%, melhorando o seu cacife na disputa por um posto permanente no Conselho de Segurança.

Em Nova Delhi, as cinco nações (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) iniciaram inaugurarão rodada de negociação dos Altos Representantes do BRICS para a Área de Segurança, coordenada pelo Secretário de Segurança Nacional indiano, Shivshankar Menon.
No mesmo dia, e na mesma cidade, aconteceu outro encontro, ministerial, da área de saúde.

(do Blog do Santayana)

11 de janeiro de 2013
Mauro Santayana

TAXA REDUZIDA DE NATALIDADE É UM PERIGO PARA AS NAÇÕES

 
A Grécia já está condenada. A cada 25 anos perde um terço de sua população e o que sobra envelhece cada vez mais.
É o resultado da taxa de natalidade de um filho por casal. Se, de agora em diante, cada casal em idade fértil decidir ter cinco filhos, aquele infeliz país ainda levaria cem anos para recuperar a população atual.
Neste meio tempo terá tão poucos jovens trabalhando que não terá como investir nem como sustentar sua massa crescente de idosos.



Agora chegam notícias do Japão: Desde 2007, a população japonesa não para de diminuir. Em um ano o país perdeu 212 mil pessoas. Nesse ritmo, em três gerações os japoneses, hoje 128 milhões, estariam reduzidos a 86 milhões.
Hoje vendem-se lá mais fraldas geriátricas do que fraldas para crianças. Breve também não terão nem como sustentar sua massa crescente de idosos.

Que isto sirva de alerta para o nosso País. Uma boa medida foi o programa Brasil Carinhoso, por mais corrupção e vagabundagem que possa gerar, mas só ele não basta.
São necessárias creches. Também são necessários estímulos morais: – condecorações ás mães, homenagens, apoio às normas religiosas que valorizem a natalidade e o que mais for possível. Isto se queremos ao menos conservar o nosso território.

A baixa taxa de natalidade atinge também aos EUA, mas eles tem se beneficiado da imigração ibero-americana, cristã e facilmente assimilável. Isto pode até mudar a composição étnica deles, mas não os ameaça como nação, ao contrário da Europa, cujos imigrantes são islâmicos inassimiláveis que, antes mesmo de se tornarem maioria, tendem a criar Estados próprios.

11 de janeiro de 2013
Gelio Fregapani

LIVRE PENSAR É SÓ PENSAR (MILLÔR FERNANDES)

 


Enquanto isso, no estábulo do Alvorada…
- Não espalha não, mas a malhadinha recobrou o juizo.
 
11 de janeiro de 2013

O DINHEIRO DO BNDES E O DESENVOLVIMENTO NACIONAL

 

Como vimos no ano passado, o maior desafio que o Brasil irá enfrentar nos próximos anos será o de elevar o crescimento médio do PIB ao menos para nível comparável aos outros países da América Latina. Embora o câmbio seja frequentemente citado como um problema — multiplicamos o crédito para o mercado interno, mas as importações já representam 20% da aquisição de bens de consumo no Brasil — não é só a valorização do real que está afetando o nosso crescimento.
O problema mais grave é o da taxa de investimentos com relação ao PIB, extremamente baixa com relação aos outros países do BRICS, e uma das menores do mundo.



No grupo de 20 países “emergentes”, classificados pela Standard & Poors, o Brasil só investe mais que o Egito e as Filipinas. Na América do Sul, países como o Chile, o Peru e a Colômbia alcançam taxas de investimento próximas de 25%, e, nos BRICS, China e Índia investiram aproximadamente 47% e 32% de seus respectivos PIBs em 2010, enquanto nós só investimos 19,5% naquele ano, número que caiu para 18,4% em 2012.

A China e a Índia, além da iniciativa privada, contam com o Estado como investidor direto na economia, enquanto o Brasil entregou à iniciativa privada a responsabilidade pela expansão da atividade produtiva.

Aqui, o Estado não pode, como se faz na China e na Índia, investir diretamente em meios de produção. A presença do Estado na produção, em nosso país, é assunto tabu.
E boa parte da mídia propaga e defende o dogma de que o Estado é, naturalmente, perdulário e ineficiente, que ele já é em nosso país intervencionista em excesso, e que a “mão invisível” do mercado é que cria a riqueza e possibilita o desenvolvimento.

CHINA E ÍNDIA

Ao contrário do bordão, a China e a Índia crescem, todos os anos, com os índices mais altos do mundo, porque ali o Estado está presente em todas as áreas da economia e reinveste diretamente parte de seus recursos em atividades produtivas, distribuidoras e multiplicadoras. É assim que a China se prepara para ser a maior economia do planeta.

Essa estratégia não é exclusiva de países como a Índia e a China — que já compraram grandes indústrias estrangeiras, como a Volvo e a Land Rover. Na Europa, grandes conglomerados estatais dominam a economia, com participação acionária direta em áreas que incluem a indústria aeroespacial, naval, de administração de aeroportos e ferrovias.

Nos Estados Unidos, onde o Exército controla a geração hidrelétrica, também ocorre o mesmo, como é o caso do transporte ferroviário de passageiros, a cargo da estatal federal AMTRAK, que administra mais de 220 mil quilômetros de linhas. Podem contra-argumentar que a empresa, criada pelo republicano Nixon, é deficitária, e seu prejuízo é coberto pela União. Mas a sua importância para a economia norte-americana como um todo compensa, com vantagens, o subsídio do Tesouro.

Enquanto isso ocorre nesses grandes países, no Brasil, o dinheiro público é usado para financiar empresas teoricamente “privadas” — muitas delas multinacionais estatais controladas por governos estrangeiros — em vez de obrigá-las a buscar dinheiro fora para investir efetivamente aqui dentro.

ERROS DO BNDES

O BNDES vem aplicando bilhões de reais na “expansão” de empresas como a Vivo, que, além de não trazer dinheiro, remete seus lucros para o exterior, drenando da economia nacional recursos que poderiam ser empregados na expansão do nível de investimento.
Melhor seria que o BNDES entrasse diretamente no mercado, em associação com empresas privadas nacionais, obrigando as empresas de fora a trazer recursos efetivos de suas respectivas matrizes do que agir como mero agente financiador de “investimentos” alheios.
Se todo mundo — inclusive os estrangeiros — montar prioritariamente com os recursos do tesouro, via BNDES, recursos que não são elásticos, seu negócio no Brasil, nunca sairemos do nível medíocre de investimento em que estamos patinando agora.

O Brasil, com o seu imenso mercado interno, não pode continuar se submetendo à chantagem de certos setores da “iniciativa privada”, exercida mediante grandes meios de comunicação nacionais e internacionais, como The Economist, e dos “analistas” e “colunistas” do “mercado”.

Enquanto China e Índia cobram caro a entrada de capital estrangeiro em seus mercados (a Argélia, por exemplo, acaba de exigir participação de 51% na nova fábrica da Renault que está se instalando em seu território), o governo brasileiro cede a pressões imperativas de estatais estrangeiras na concessão de aeroportos e ainda financia sua entrada e expansão em nosso mercado interno a juros subsidiados.

PIBINHO…

O PIB aqui não cresce, porque o governo delegou apenas à iniciativa “privada” a iniciativa de expandir o investimento. Esse investimento tem sido praticamente nulo em muitos grandes negócios, nos quais não entra dinheiro novo, já que os recursos para novas montadoras de automóveis, rodovias, ferrovias, portos, estaleiros, indústria de defesa, acabam saindo, majoritariamente, do de financiamento público nacional.

É fácil, aos estrangeiros, fazer cortesia com o chapéu alheio e posar de grandes investidores, com a cumplicidade dos grandes meios de comunicação, quando, em muitos casos, de cada dez reais, oito estão saindo do bolso do contribuinte.

Dessa forma, dificilmente atingiremos a modesta meta de alcançar 25% do PIB em investimentos em 2016. O governo precisa entrar diretamente no jogo, transformando o BNDES em investidor direto na economia, — como fazem a Alemanha, a Espanha e a França, com suas grandes holdings estatais.

Com os recursos das reservas internacionais, do Tesouro, e do próprio BNDES, bem administrados, se poderia estabelecer a meta de investir, apenas por parte do Estado, ao menos 15% do PIB, para daqui a uma década, patamar que se poderia complementar, a partir desse nível, pelas aplicações da iniciativa privada.

Quem não tiver competência — e recursos — que não se estabeleça no mercado nacional. Dinheiro, lá fora, existe. Só a China conta com 4 trilhões de dólares em reservas internacionais e em seu fundo soberano.
A diferença entre investir 47% do PIB ao ano ou 18%, é deixar que o Estado trabalhe livre e planejadamente para cumprir, ao lado dos outros agentes, o seu papel na expansão da atividade econômica.
O que ele não pode fazer, como está fazendo cada vez mais em nosso país, é bancar, praticamente, a maior parte dos novos grandes investimentos sozinho.

(do Blog do Santayana)
 
11 de janeiro de 2013
Mauro Santayana

ERA SÓ O QUE FALTAVA: CESARE BATTISTI GANHA EMPREGO NA CUT

 

O terrorista italiano Cesare Battisti será contratado como assessor intenacional da CUT. O acerto foi feito pelo notório advogado petista Luiz Eduardo Greenhalgh e pelo bucólico senador Eduardo Suplicy.


Boa vida no Brasil…

O terrorista reside atualmente no agradável bairro dos Jardins, em São Paulo. Ná Itália está condenado à prisão perpétua por quatro assassinatos. Sua permanência solto no Brasil foi obra do Lula, no apagar – último dia – de seu governo(?). O meliante comunista frequenta salões e palácios petistas com galhardia. É uma figura de respeito no meio petista.

(enviado por Delmiro Gouveia)

11 de janeiro de 2013
Do Blog Trem Azul

PRÉDIO QUE HADDAD VAI COMPRAR EM SÃO PAULO, POR COINCIDÊNCIA, PERTENCE AO FILHO DE MALUF

 

Armação ilimitada – o anúncio de que a prefeitura paulistana pode comprar o prédio que abrigava o Cine Belas Artes e transformá-lo em um espaço cultural é o primeiro truque da administração do petista Fernando Haddad, apresentado por Lula como a “fulanização” do novo.



No caso de o projeto prosperar, um aliado de última hora de Haddad será o maior beneficiado. O prédio em que funcionava o Cine Belas Artes, alvo de inúmeras polêmicas e também de disputas judiciais, inclusive com ameaça de tombamento, pertence a Flávio Maluf, filho do deputado federal Paulo Salim Maluf, que em sua casa selou acordo com Lula para apoiar o então candidato do PT à prefeitura da maior cidade brasileira.

Essa manobra mostra que Fernando Haddad de novo só tem a idade, pois seu plano é fruto do velho jeito de se fazer política no Brasil, algo que só os velhacos conseguem ensinar seus pupilos. Enquanto a capital dos paulistas naufraga nas enchentes e os motoristas que circulam pela cidade precisam de habilidade extra para escapar da infinidade de buracos e crateras no asfalto, Fernando Haddad quer facilitar a vida de Maluf.

Essa convivência espúria entre Maluf e petistas, que até pouco tempo eram críticos ácidos do ex-prefeito, provoca náuseas, pois o “bom-mocismo” que tomou conta dos palanques desapareceu e cedeu lugar para a politicagem barata e criminosa.

(do Blog do Ucho)

11 de janeiro de 2013

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE

 

 



11 de janeiro de 2013

DIRIGENTES DO BANCO DO BRASIL ERAM OS PRINCIPAIS INTERLOCUTORES DE ROSEMARY EM SÃO PAULO

 

Reportagem de Paulo Gama e Mario Cesar Carvalho, da Folha de S. Paulo, revela que executivos de alto escalão do Banco do Brasil eram os interlocutores mais frequentes de Rosemary Noronha, ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo, segundo a agenda dela, obtida pelos jornalistas por meio da Lei de Acesso à Informação.

Dos executivos do BB, Ricardo Oliveira, que foi vice-presidente até maio de 2012, é o visitante mais frequente – aparece em 17 reuniões. Também são citados encontros com Ricardo Flores, José Luís Salinas, Paulo Oshiro e Alencar Ferreira, todos do Banco do Brasil.


Rose, a musa do BB

Como se sabe, Rose, amiga íntima do ex-presidente Lula por 19 anos e sua companheira em viagens internacionais a 32 países, foi indiciada pela Polícia Federal sob suspeita de formação de quadrilha e tráfico de influência na Operação Porto Seguro.

Entre 2007 e 2012, a agenda de Rose registra 39 reuniões com executivos do BB, sobretudo vice-presidentes. Os irmãos Paulo, Rubens e Marcelo Vieira, também indiciados na operação, aparecem em segundo lugar em número de citações na agenda, com 35 reuniões – 29 delas no escritório da Presidência, o que demonstra que eles a procuravam.

Oliveira alegou à Folha que Rose apenas agendava encontros com o então presidente Lula, mas acontece que nenhum presidente da República recebe em audiência vice-presidente de instituições estatais. Mas Oliveira diz que era recebido e um dos assuntos que tratou com o ex-presidente foi a compra da Nossa Caixa, em novembro de 2008, por R$ 5,38 bilhões.

DOSSIÊ CONTRA MANTEGA

A reportagem da Folha destaca que Alencar Ferreira, que foi da Companhia de Seguros Aliança, coligada do BB, é citado na agenda de Rose em uma reunião de julho de 2010. Ferreira era acusado à época de ter produzido um dossiê contra Marina Mantega, filha do ministro da Fazenda, Guido Mantega.

No documento apócrifo, Marina é acusada de fazer lobby a favor de empresários usando a sede paulista do BB, e o escritório da Presidência onde Rose despachava fica no mesmo prédio.

O dossiê foi interpretado no governo como uma chantagem contra o ministro por causa das disputas para nomear o presidente da Previ, o fundo de previdência do BB, que à época administrava recursos de R$ 150 bilhões.

Segundo a Folha, havia no a suspeita de que Rose teria ajudado a produzir o dossiê junto com sindicalistas bancários porque tinha acesso às câmeras de segurança do prédio.

FAVORES DO BB

Com toda certeza, Rose conseguiu alguns favores do BB. Em 2010, a Cobra, braço tecnológico do banco, contratou sem licitação a empreiteira do atual marido dela, João Vasconcelos, por R$ 1,12 milhão para reformar um prédio.

A Cobra era uma área de influência de Salinas, vice-presidente de tecnologia do BB até junho de 2010, recebido por Rose seis vezes. Ele também foi afastado do cargo por causa do dossiê.

Rose também conseguiu que seu ex-marido, José Claudio, fosse nomeado suplente do conselho da empresa de previdência privada do BB. E para tomar posse, ele teve de apresentar um diploma falso de curso superior, validado pelo Ministério da Educação.

Segundo a Folha, a agenda registra ainda encontros de Rose com sindicalistas, empresários e representantes de veículos de comunicação.

11 de janeiro de 2013
Carlos Newton