"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 16 de maio de 2013

MENSALÃO DE DILMA! GOVERNO NEGOCIA CONCESSÕES AO PMDB

Governo negocia concessões ao PMDB para acelerar votação de reforma dos portos 
 
Para tentar acelerar a votação da medida provisória que regulamenta o setor de portos, o governo negocia fazer uma concessão à bancada do PMDB na Câmara.
 
O líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que ainda avalia o que pode ser oferecido, mas há uma tendência de o governo trabalhar pela aprovação de uma das duas sugestões de mudanças no texto principal da medida lançada pelos peemedebistas.
 
O mais provável é que seja aprovada uma medida prevendo que itens não abordados na MP sejam regulados pelas regras antigas, previstas na Lei dos Portos.
 
A ideia é evitar que o PMDB, segunda maior bancada da Casa, adote medidas regimentais protelatórias para dificultar a conclusão da votação da medida provisória. Ainda precisam ser analisadas 12 propostas de modificações no texto principal da medida provisória, aprovado na noite de ontem.
 
"Não se trata de concessão. Tem um item que o Eduardo Cunha vinha negociando com o governo e houve uma aproximação", afirmou.

 Pedro Ladeira/Folhapress 
Eduardo Cunha no plenário da Câmara durante votação da MP dos Portos; sua emenda foi derrotada
Eduardo Cunha no plenário da Câmara durante votação da MP dos Portos; sua emenda foi derrotada

Ontem, o governo negociou pontos da medida provisória com Cunha, apontando como principal opositor do texto da medida, mas não houve entendimento sobre a forma de votação das medidas. Na votação, o governo derrubou a emenda de Cunha, impondo uma derrota ao líder.
 
A manobra, no entanto, fez o governo perder o controle da sessão, sendo que o líder do PMDB passou a obstruir as votações. Por falta de quorum, a sessão foi derrubada após 18 horas. O governo corre para votar o texto que precisa ser concluído na Câmara e ser votado pelo Senado até amanhã, se não, perde a validade.
 
Chinaglia minimizou o desgaste com o PMDB e disse que trabalha por entendimento. "É obvio que depois de uma guerra política, no bom sentido, é minha obrigação tratar com todos os partidos da base", disse.
 
DECRETO
 
O texto da lei que o governo tenta emplacar não agrada completamente Dilma Rousseff, havendo a possibilidade de vetos presidenciais em alguns dos pontos, mas a versão atual é considerada a melhor possível após um debate tão inflamado.
 
O Planalto rejeita a hipótese de deixar a medida caducar em troca do envio de um projeto de lei para tratar do mesmo assunto. "Se fizermos isso, não vamos eliminar a polêmica e perderemos o ano discutindo algo tão importante para a economia do país", disse hoje Ideli.
 
Além do desgaste político, um cenário em que a MP perca a validade contribuiria para inseguranças jurídicas e contratuais. Pela Constituição, uma nova medida provisória sobre o assunto só poderia ser apresentada no ano que vem. O Planalto já sinalizou, entretanto, que se a MP perder a validade, fará as principais mudanças propostas na medida por meio de decretos.

 Editoria de arte/Folhapress 

MUDANÇAS

Após a aprovação do texto-base ontem à noite, apenas uma proposta de alteração no texto da MP teve apoio do governo. Ela permite que, por decreto, o tamanho da área do porto público seja reduzido.

MUDANÇAS REJEITADAS
 
1. Obrigar o governo a prorrogar contratos vigentes de terminais em portos públicos
 
2. Exigir audiência pública para permitir mudança na área dos portos públicos
 
3. Permissão ao governo federal para delegar portos aos estados e municípios
 
4. Autorização para que divergência entre empresa e governo seja resolvidas por arbitragem
 
5. Exigência de que portos privados tenham autorização por até 50 anos
 
6. Exigência que o governo informe ao Congresso sobre autorizações para portos
 
7. Obrigação de portos privados contratarem trabalhadores de portos públicos
 
Essa medida foi apresentada pelo DEM, partido da oposição, e teve apoio do PT e parte de seus aliados. Os partidos contrários à ideia eram PMDB, PR e PSB, todos da base aliada.
 
As mudanças apoiadas pelo PMDB, PSB, PP, PDT e PTB foram todas rejeitadas pelo PT e os outros aliados do governo.
 
Mesmo com apoio de partidos da base, a oposição (PSDB, DEM, MD e PSOL) não conseguiu aprovar a maioria das suas propostas de emenda ao texto da MP.
 
Logo na primeira votação, o governo venceu por 210 votos contra 172 dos opositores com forte apoio do PT, PCdoB, PDT, PSD, PSC, PV e PRB. Os outros partidos da base se dividiram, com apenas o PMDB colocando-se contrário ao governo de forma significativa.
 
Até mesmo a votação da emenda que permitia ao governo delegar a administração de portos aos Estados e municípios foi rejeitada por 174 votos contra 155. Esta era uma reivindicação do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), possível candidato à presidente, que foi pessoalmente ao Congresso numa audiência pública pedir a mudança no texto.
 
Derrotada nas votações, a oposição acabou vitoriosa ao conseguir derrubar a sessão antes que todos os requerimentos fossem votados.
 
O líder do PT na Câmara, José Guimarães (PT-CE) disse que partidos da base ajudaram a obstruir a votação e responsabilizou o PMDB e o PP. Para ele, ainda é possível votar a MP na Câmara a tempo dela ser aprovada no Senado.
 
Principal personagem de oposição à medida, Cunha disse que era uma questão matemática prever que não seria possível votar a MP na Câmara ontem. Questionado se era possível encerrar a votação no Senado, ele respondeu: "Eu não sou senador".

16 de maio de 2013
MÁRCIO FALCÃO e  BRENO COSTA - Folha Online

BRASIL TEM QUE "ACORDAR" PARA O DESAFIO CHINÊS - DIZ ESPECIALISTA

Autor critica falta de estrutura para estudos sobre gigante da Ásia

 
Nas mais de 400 páginas do livro "China Goes Global" (a China se lança no mundo, em tradução livre), de David Shambaugh, um dos únicos pontos de exclamação é usado quando ele descreve o choque provocado pelo despreparo da diplomacia brasileira em lidar com a China.
 
"Quando visitei o Ministério das Relações Exteriores, em 2008, me foi dito que não havia sequer uma pessoa fluente em chinês ou um grupo de especialistas em China em todo o serviço diplomático!", espanta-se ele, um dos mais renomados especialistas em política externa chinesa.
 
O Itamaraty (que Shambaugh grafa como "Itamarichy") agora tenta recuperar o atraso, com um grupo de jovens diplomatas em Pequim exclusivamente dedicados a aprender o idioma chinês.
 
Shambaugh teve outra surpresa ao questionar os governos do Brasil e de outros países da América do Sul sobre qual era a estratégia em relação à China. A resposta geralmente foi um silêncio constrangedor, conta Shambaugh.
 
A falta de uma estrutura acadêmica de estudos sobre o maior parceiro comercial do Brasil também impressionou o autor. "É chocante, mas não há um programa de estudos chineses em todo o Brasil", escreveu.
 
O despreparo é explorado pelos chineses em sua expansão silenciosa no continente, afirma o autor. A maioria dos diplomatas chineses na região fala português ou espanhol com fluência.
 
E, apesar de negarem, têm uma estratégia definida, baseada na abertura de mercados e na obtenção de recursos naturais.
 
O desequilíbrio nas relações deveria ser motivo de preocupação, afirma Shambaugh. Segundo um estudo recente da Universidade Columbia (EUA), o Brasil exporta para a China 7,6% de produtos de alta tecnologia, enquanto importa 41,4% de itens desse tipo.
 
"Sim, o Brasil deveria ver a China com preocupação exatamente por isso.", disse ele à Folha, por e-mail.
 
Outros países da América Latina e da África já começam a ter dificuldades no comércio com a China devido a essa atitude, chamada de neo-colonialista, diz ele.
 
"Todos esses países precisam acordar para o tipo de desafio que a China impõe, ser mais duros e deixar a ingenuidade de lado", diz.
 
Diretor do Programa de Política da China da Universidade George Washington, Shambaugh falará hoje no Instituto Fernando Henrique, em São Paulo.
 
China é uma potência parcial, diz especialista
 
16 de maio de 2013
MARCELO NINIO - Folha de São PauloDE PEQUIM

GOOGLE LANÇA PACOTE DE NOVIDADES EM CONFERÊNCIA EM SÃO FRANCISCO

 
Entre os destaques, Galaxy S4 com experiência idêntica aos telefones Nexus e Android puro

O vice-presidente de produto Hugo Barra apresenta o Galaxy S4 Google Edition, com experiência Nexus
Foto: JUSTIN SULLIVAN/AFP
O vice-presidente de produto Hugo Barra apresenta o Galaxy S4 Google Edition, com experiência Nexus JUSTIN SULLIVAN/AFP
 
SAN FRANCISCO, EUA — Conforme as expectativas, não foi dessa vez que a Google lançou um novo telefone Nexus. No entanto, a empresa não deixou os fãs do “Google Phone” sem novidades. A empresa revelou, nesta quarta-feira, uma versão modificada do Samsung Galaxy S4, rodando o Android puro, sem modificações. O aparelho é o primeiro sem a marca Nexus a ser lançado com a versão stock do sistema operacional.

 
O Galaxy S4 será lançado nos EUA no dia 26 de junho, pela Google Play Store, por US$ 649. Ainda não há informações sobre disponibilidade e preços no Brasil. O aparelho conta com suporte a LTE (4G), 16 GB de memória interna. No mais, é o corpo do S4 com a alma de um Nexus.
 
A grande expectativa do evento ainda é o pacote de novidades e anúncios relativos ao Glass, óculos inteligentes do Google. Até a tarde de quarta-feira, não havia novidades sobre o gadget.
 
Mudanças no Google+
 
O Google+ ganhou um remodelagem. A partir desta quarta-feira, a rede social ganha cara nova e 41 novos recursos. Uma das principais novidades afetou o Google Hangouts. Agora, o chat da plataforma servirá como uma central de conversas entre todas as plataformas Google, inclusive o Gtalk.
 
O visual ganhou um toque diferente, lembrando um pouco o Pinterest: o feed de atualizações poderá ser exibido em até três colunas. Segundo Vic Gundotra, executivo da empresa, a atualização chega ainda estar quarta-feira aos usuários.

A empresa também anunciou a funcionalidade de hashtags relacionadas. Agora, quando um usuário postar uma foto, por exemplo, o sistema sugerirá etiquetas relacionadas ao conteúdo compartilhado.
 
Google Play Games revelada
 
Na palestra chave do evento, foi anunciado que a Google Play Store bateu marcas históricas, com 48 bilhões de instalações de aplicativos — pouco menos que a Apple Store, prestes a comemorar a marca de 50 bilhões de downloads.
 
— Foram 2,5 bilhões de novas instalações de aplicativos só no mês de abril na Google Play Store — revelou Hugo Barra, vice-presidente de gerenciamento de produtos do Google.
 
O sistema Android também vem demonstrando contínuo crescimento, com uma expectativa de 900 milhões de ativações até o final de 2013 — mais que o dobro das ativações realizadas em 2012.
 
— Em 2011, tivemos 100 milhões de dispositivos Android ativados. No ano seguinte, foram 400 milhões. Desde então o crescimento tornou-se impressionante — disse Sundar Pichai, chefe de operações de Android e Chrome do Google.

Foram apresentadas outras novidades referentes à Google Play Store. O maior destaque foi o lançamento do Google Play Games, que já havia vazado há alguns dias. Com o novo serviço, será possível salvar o progresso de jogos na nuvem, leaderboards e matchmaking (interações entre jogadores). A plataforma será multiplataforma: os dados fluirão entre web, Android e até o rival iOS. As novas ferramentas permitirão salvar e sincronizar o andamento de games em todos os dispositivos em que o usuários estiver cadastrado.
 
O novo serviço de matchmaking se parece com o do Game Center, da Apple, que põe em contato jogadores remotos que estejam on-line, de modo possam participar conjuntamente de partidas em tempo real ou de games em que cada um tem sua vez para jogar — os chamados “turn-based games”. Segundo o Google, a novidade abrangerá usuários dos sistemas operacionais móveis iOS e Android, sendo que para este último serão contemplados os dispositivos rodando a versão 2.2+ do sistema.
 
Infelizmente, porém, durante a palestra chave de abertura do Google I/O, a demonstração do novo serviço apresentou problemas, recebendo algumas merecidas vaias, as quais a empresa respondeu dizendo que o software funciona sim, mas trabalha melhor em condições menos severas de conexão em rede.

Outras novidades relacionadas a games são os “achievements”, que apresentam as façanhas individuais dos jogadores, e os “leaderboards”, que mostram os escores mais altos de um dado título.
 
Alguns dos primeiros desenvolvedores de games a prestigiar a novidade são as empresas Gameloft, Glu, Ironhide Games e Miniclip.
 
Serviço de música concorrente do Spotfy
 
Para usuários dos EUA, a Google lançou um serviço de música que permite ouvir um número ilimitado de faixas pagando US$ 9,99 por mês, ameaçando concorrentes como Pandora e Spotify no mercado de música via streaming.
 
Com o novo serviço, a empresa adota o modelo de negócios de música por streaming antes de sua rival Apple, que foi a pioneira nas vendas de músicas on-line, com sua loja iTunes.
 
O serviço da Google permite ao usuário customizar sua seleção de músicas e ouvir por streaming playlists individuais, ou então ouvir uma lista selecionada de faixas, tal como numa rádio. O lançamento se dará primeiro nos EUA, espalhando-se depois por outros países.

16 de maio de 2013
O Globo 

CIENTISTAS AMERICANOS CONSEGUEM CLONAR EMBRIÕES HUMANOS

 
Trabalho é o primeiro a obter êxito em humanos com a técnica que deu origem à ovelha Dolly. Autores dizem que não se trata de fazer clones humanos, mas sim avançar apenas até a fase de blastocisto para obter as células-tronco. Em 2004 sul-coreano anunciou o mesmo feito mas foi desmentido um ano depois

Clone de embrião obtido no estudo
Foto: Divulgação
Clone de embrião obtido no estudo Divulgação

OREGON - Um grupo de cientistas americanos conseguiu, pela primeira vez, clonar embriões humanos e obter deles células tronco embrionárias. O trabalho é o primeiro a obter êxito em humanos com a técnica que deu origem à ovelha Dolly - e, depois, a diversos outros animais -, mas os autores insistem que não se trata de obter clones humanos, mas sim avançar apenas até a fase de blastocisto do embrião (cinco ou seis dias de desenvolvimento) para obter as células-tronco.
 
Teoricamente, elas poderiam diferenciar-se em tecidos dos quais o paciente precisasse para um autotransplante. Como teriam o mesmo material genético, não haveria chance de rejeição. O trabalho, coordenado por Shoukhrat Mitalipov, da Universidade de Ciência e SAúde de Oregon, nos EUA, foi publicado na revista “Cell”.
 
A técnica utilizada é de transferência nuclear. Um óvulo obtido de uma doadora é esvaziado de seu núcleo (material genético). Em seu lugar, se coloca uma célula adulta do futuro receptor. Logo, o óvulo se ativa e começa a se dividir, nos primeiros passos do desenvolvimento embrionário. Ao chegar a fase de blastocisto, as células-tronco embrionárias ( que dão origem a todos os tecidos do corpo) são obtidas e o embrião destruido. O grupo garante que o desenvolvimento da técnica tem como único objetivo desenvolver terapias. Mas, o fato é que, se abre caminho para a clonagem de pessoas.
 
Em 2004, o grupo do sul-coreano Hwang Woo-suk, anunciou que tinha conseguido criar embriões humanos. Mas sua pesquisa foi desmentida um ano depois. Ele mesmo acabou admitindo a fraude.

16 de maio de 2013
O Globo

"CINCO ANOS PERDIDOS" (EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS)

 
O governo pode celebrar o bom resultado obtido no leilão de blocos para exploração de petróleo e gás, um sucesso de público e de renda, mas os brasileiros têm motivos ainda mais fortes para lamentar a perda de cinco anos desde a última licitação. Com arrecadação de R$ 2,82 bilhões - recorde em termos nominais - e participação de 12 empresas nacionais e 18 estrangeiras, a rodada comprovou a disposição de grandes empresas multinacionais, como a Exxon Mobil, a BP e a Total, de investir no Brasil.
 
Foram arrematados em dois dias 142 dos 289 blocos licitados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Com enorme atraso, o governo acabou reconhecendo, na prática, o erro cometido quando resolveu, a partir de 2009, condicionar a participação estrangeira no setor de petróleo a critérios tão míopes quanto ineficazes.
 
Guiado por uma desastrosa mistura de nacionalismo, estatismo e centralismo administrativo, o governo tentou atribuir à Petrobrás um papel superior às suas possibilidades na estratégia de exploração e produção de petróleo e gás. Errou de forma infantil, ao subestimar os custos desse programa. Bastaria levar em conta as dificuldades excepcionais da exploração do pré-sal para renunciar àquela pretensão.
 
Além disso, o Palácio do Planalto, o centro real de comando da Petrobrás, tentou impor à empresa um conjunto absurdo de obrigações. A estatal teria de contribuir para o controle da inflação, operando com preços contidos. Teria de servir às fantasias geopolíticas do presidente Luiz Inácio da Silva, participando de empreendimentos com a PDVSA do caudilho bolivariano Hugo Chávez. Deveria operar como instrumento de uma política industrial anacrônica, suportando custos excessivos para beneficiar fornecedores nacionais de insumos e equipamentos. Nenhuma dessas políticas funcionou.
 
Uma das consequências foi a estagnação da produção. Em 2009 a empresa produziu por dia, em média, 2,29 milhões de barris equivalentes de petróleo. Em 2011 o resultado foi apenas 3,85% maior, 2,38 milhões. Em 2012 diminuiu 2%, recuando para 2,35 milhões.
 
Neste ano, segundo projeção apresentada em relatório oficial, a produção dificilmente será maior que a do ano passado. No caso da extração de óleo e LGN, o retrocesso foi de 2 milhões de barris/dia em 2010 para 1,98 milhão no ano passado, número quase igual ao de 2009, 1,97 milhão.
 
Enquanto isso, a demanda de combustíveis e lubrificantes cresceu no mercado interno. O desequilíbrio entre oferta e procura foi acentuado pelos problemas da produção de etanol, prejudicada pela contenção dos preços da gasolina.
 
A Petrobrás converteu-se rapidamente em grande importadora, passando a pressionar perigosamente a balança comercial. Com a máxima discrição, o governo enrolou e escondeu a bandeira da autossuficiência, agitada com entusiasmo pela cúpula petista durante um breve período.
 
O plano de negócios da Petrobrás, apresentado em março deste ano, prevê investimentos de US$ 236,7 bilhões entre 2013 e 2017. O documento inclui - para repetir sua linguagem - alguns dos pressupostos da "financiabilidade" do plano: manutenção do grau de investimento da empresa, convergência com os preços internacionais de derivados e desinvestimentos no Brasil e, principalmente, no exterior.
 
Dirigentes da estatal comemoraram nos últimos dias a captação de US$ 11 bilhões no mercado financeiro internacional. Foi uma operação de proporções respeitáveis, mas falta muito, sem dúvida, para a cobertura das necessidades da empresa.
 
Enquanto a Petrobrás derrapava na execução de seus planos e perdia dinheiro para atender às fantasias, tolices ideológicas e objetivos políticos do grupo no poder, o cenário internacional mudava.
 
Uma das novidades mais notáveis ocorreu nos Estados Unidos, com a drástica redução dos custos de exploração do gás de xisto. Segundo alguns especialistas, pode-se falar de uma revolução no setor energético, iniciada há cerca de cinco anos. Nesse período, a política brasileira de petróleo hibernou, como se o "resto" do mundo pudesse ficar parado à espera do Brasil.

16 de maio de 2013
Editorial do Estadão

"BRASIL - A VISÃO DE UM NOBEL DE ECONOMIA"

 
Passou pelo Brasil o economista americano Christopher Sims, um dos agraciados com o Nobel de Economia de 2011. Veio para uma conferência e falou ao jornal Valor de 9/5, quando foi indagado sobre a conjuntura macroeconômica brasileira. Foi correto ao responder falando da experiência de seu país e do inter-relacionamento de causas e efeitos subjacentes, assuntos que domina.
 
Cabe aos brasileiros interpretar o que disse relativamente ao atual quadro macroeconômico nacional. Suas opiniões referendam as predominantes entre economistas brasileiros fora do governo. Mas mesmo nele dissensões foram identificadas, pois um dos principais membros da equipe econômica, Nelson Barbosa, secretário executivo do Ministério da Fazenda, está de saída. Segundo o noticiário, por discordar de aspectos da atual política econômica.
 
Sims não disse nenhuma novidade, mas como é Prêmio Nobel, e o Brasil sempre gostou de celebridades e do que vem de fora, inclusive opiniões, vale a pena divulgar mais o que disse na esperança de que receba maior atenção.
 
Afirmou que aqui a situação macroeconômica é a pior possível para quem lida com política econômica. Como se sabe, a economia voltou a dar sinais de estar de novo grávida de uma nova taxinha para seu "Pibão" (recuso-me a me a usar o termo pibinho, pois o nosso PIB é enorme, ainda que não o per capita). Ao mesmo tempo, e isso foi o que atraiu sua atenção, enfrenta desemprego baixo e uma inflação preocupante que vem batendo no teto da meta governamental. E é um teto de hall de entrada, de 6,5% ao ano, bem mais alto que o de países mais preocupados com a inflação, cerca da metade disso.
 
Períodos de baixo crescimento são usualmente acompanhados de inflação moderada e de desemprego maior. Mas aqui o mercado de trabalho está pressionado por uma oferta que se expande com menor intensidade que no passado. Além disso, a expansão do emprego, que pressiona os salários e a inflação, é mais forte no setor de serviços, no qual a produtividade é mais baixa e cresce muito pouco. Isso pressiona salários e preços não só nesse setor, como em outros. Na indústria esse quadro é outro fator a prejudicar sua fraca competitividade internacional.
Sims assinalou que nos anos 1970 os Estados Unidos enfrentaram situação
parecida, pois a inflação era alta e o desemprego, baixo. Mas a preocupação com a inflação preponderou e a opção foi pelo caminho de aceitar momentaneamente o desemprego para controlá-la. Nas suas palavras: "Um ponto que precisamos aceitar é que controlar a inflação pode significar desemprego mais alto temporariamente".
 
E o que foi feito? Sims argumentou que, embora os juros mais altos tenham influência amortecedora sobre os preços, "(...) essa influência só será duradoura e saudável se combinada com uma política fiscal que assegure o controle do déficit governamental no longo prazo". A ênfase é minha, e note-se que ele não fala do superávit primário, conceito tupiniquim que, entre outros males, aqui serve para esconder o déficit fiscal ou final. Também disse que antes de o governo optar pelo efetivo controle da inflação na década de 70, e também na de 80, houve episódios que reduziram a inflação, mas não de forma sustentável. E assinalou: "Acho que a experiência pode ser explicada, em parte, porque a situação fiscal dos EUA estava em desordem". E mais: "(...) a política monetária pode trazer a inflação para baixo no curto prazo, mas se não há política fiscal apoiando não funciona permanentemente. (...) sem o controle do déficit fiscal no longo prazo, a desconfiança acaba se instalando. (...) se os mercados começarem a duvidar, a política monetária pode criar apenas um alívio temporário da inflação".
 
Ora, aqui, no Brasil, a ação do governo em matéria de economia só aproveitou a primeira letra desse termo e daí tomou o rumo da eleição de 2014. O efetivo combate à inflação não é prioritário, a taxa de juros teve só um aumentozinho, e talvez tenha outros. Falar de algum impacto negativo, mesmo que transitório, no desemprego é pecado político, pois a transição que interessa é a da eleição. À área fiscal se aplica no presente a avaliação dada por Sims à dos EUA no período que analisou, uma desordem. É de fato um termo apropriado à natureza da política fiscal brasileira: continua expansionista, pois, além de gastar mais e não ajudar a política de juros, é mal administrada e não consegue ampliar os tão necessários investimentos. Essa desordem também inibe investimentos privados, pois gera desconfiança entre quem pensa em realizá-los.
 
Para concluir, sintetizo minha visão diante do quadro macroeconômico atual. Usando a imagem do tripé macroeconômico - política de metas de inflação centrada na taxa básica de juros, câmbio flutuante e meta de "superávit primário" -, esta última haste claramente ruiu em face da desordem apontada. Carece de substituição por outra com metas de menor déficit fiscal ou final, e de contenção do custeio e ampliação dos investimentos. Sem isso um dos méritos do governo, o de enfrentar a alta taxa básica de juros e os altos "spreads" bancários, não terá sustentação, o mesmo acontecendo com o controle da inflação a juros módicos.
 
Além disso, a esse tripé precisa ser acoplado um zoom que contemple a visão de uma economia maior no médio prazo, de modo a definir uma estratégia claramente voltada para esse objetivo, e bem articulada nas suas táticas, e não nesse andante e desconexo mexe-mexe setorial de parcos resultados.
 
O conhecimento acumulado da análise econômica não pode ser ignorado mediante improvisações na montagem desse tripé com zoom. Christopher Sims já se foi, mas que suas lições fiquem e frutifiquem entre os incrédulos nos ensinamentos da teoria e da boa prática da política econômica.

16 de maio de 2013
 Roberto Macedo, O Estado de São Paulo

REFORMA DO JUDICIÁRIO É A NOVA PAUTA DO PT, AO LADO DE CENSURA

 

Mais 50 tons de fascismo – Rui Falcão ataca num mesmo evento o Judiciário e a imprensa…

Ah, eles estão descontrolados!
Naquele evento dos 10 anos do PT em Belo Horizonte, anteontem, Rui Falcão, presidente do PT, pregou o controle da imprensa e disse que não é possível “aprofundar a democracia com os conceitos dos proprietários e dos acionistas dos jornais”
 
 
Logo, a gente entende que este notável pensador quer uma democracia aprofundada, mas sem… os donos dos jornais. Mais ou menos como Cristina Kirchner tenta fazer na Argentina. Ontem, num outro evento do partido, ele voltou a atacar a imprensa e pregou também a reforma do Judiciário.
 
Reforma do Judiciário??? Huuummm… Critiquei ontem aqui um artigo publicado na Folha, assinado a quatro mãos por José Eduardo Cardozo, o Garboso, e Márcio Thomaz Bastos. E do que tratavam os dois valentes? Bingo! Reforma do Judiciário! Agora é a nova pauta do PT, junto com o “controle da mídia”.
Será que Falcão quer uma Judiciário mais célere? Não! Ele quer juízes mais “progressistas” — vale dizer, mais petistas. Segundo informa a Folha, ele afirmou, depois de tachar o Supremo de “conservador”: “[O tribunal] Diz que dá a última palavra em tudo. Quem dá a última palavra é o soberano, e o soberano é o povo”.
Logo, na democracia de Falcão, o povo é soberano até para rasgar a Constituição, certo? Se decidir que é hora de linchamento, então linchamento! Se decidir que é hora de cortar a mão direita de criminosos, então que se cortem as mãos. Soberania.
Sobre a imprensa, ele considerou ainda: “(…) a mídia conservadora já não influi tanto nas eleições. Ela nos acossa. Ela nos ataca. Mas cada vez mais pessoas acreditam no nosso projeto”. Se é assim, por que Falcão quer tanto controlar uma “mídia que já não influi?” Vai ver é porque quer falar sozinho!
Para encerrar
O que seria um STF “progressista” na aguda visão de Falcão? Talvez um que condescendesse com corruptores passivos, ativos, peculadores, quadrilheiros, lavadores de dinheiro… Esses patriotas todos que formaram um bando para “mudar o Brasil”.
 
16 de maio de 2013
Por Reinaldo Azevedo - Veja

"NÃO TEM NADA DE MAIS..."

 
Um político com o passado e a ideologia de Afif se integra ao governo petista de Dilma que, anteontem, esculhambou a direita liberal, as elites e os velhos políticos


A gente já sabia que isso de programa e doutrina não era exatamente uma preocupação dos políticos brasileiros, mas Guilherme Afif Domingos conseguiu levar essa postura, digamos assim, a um nível máximo.

Para ele, não tem nada de mais ser ministro do governo Dilma e vice-governador de São Paulo, Estado administrado por um tucano de primeira linha, Geraldo Alckmin.
 
Para falar a verdade, o ministro/vice admite que haverá um probleminha. Quando Alckmin precisar deixar o governo - para uma viagem ao exterior, por exemplo - ele, Afif, teria que assumir o governo estadual. Aí sim, admite, seria incompatível acumular com o ministério.
 
Por razões doutrinárias? Porque seria impossível combinar a gestão de governos liderados pelo PT e pelo PSDB? Nada disso. É por uma questão prática.
 
Ocorre que o vice-governador não faz nada, observa Afif. Assim, se não faz nada como vice, pode prestar um bom serviço como ministro. Por outro lado, se precisar assumir como governador, que faz alguma coisa, não conseguirá tocar o serviço de ministro. Ou inversamente.
 
Solução? Simples. Quando precisar assumir o governo, ele vai se exonerar do cargo de ministro. Mas só um pouquinho. Será uma "exoneração temporária", como explicou. Quando voltar a fazer nada em São Paulo, retorna ao batente em Brasília. Tudo dentro do "espírito da lei", garantiu.
 
Afif, é verdade, nunca foi tucano. Pertence hoje ao Partido Social Democrático, fundado por Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo, para ser uma agremiação assumidamente nem de direita, nem de esquerda, nem de centro. Mas os dois foram dos partidos Liberal e, depois, do Democratas, de uma longa aliança com o PSDB desde o governo FHC. Afif, em especial, apresenta-se como militante da livre iniciativa.
 
Ficamos assim, então: um político com esse passado e essa ideologia se integra ao governo petista de Dilma que, ainda anteontem, em festa partidária em Porto Alegre, esculhambou a direita liberal, as elites, os velhos políticos.
 
Não tem nada de mais, não é mesmo?
 
E por falar nisso: se vice-governador não faz nada mesmo, por que não eliminar essa boquinha? Pelo menos se economizariam uns trocados com a eliminação dos salários do vice e dos funcionários de seu gabinte, que o assessoram a não fazer nada.
 
Legalidade
 
Já o governador do Acre, Tião Viana, declarou ser contra a corrupção e pela transparência, em nota da útima sexta-feira, quando soube que secretários e funcionários de de seu governo haviam sido presos na Operação G7 da Polícia Federal, juntos com empresários que trabalham para sua administração.
 
São todos acusados de fraudar licitações e, assim, desviar dinheiro público. O governador sugeriu que não há provas e que ele não tem nada com isso.
 
Mas a história seguiu e apareceram transcrições de grampos, nos quais Tião Viana diz a um empresário - agora preso - que o Banco do Estado do Sergipe tinha uma linha especial de crédito para empreiteiras, "sem amarras" e sem necessidade de garantia de obras. E que ele, Viana, faria a mediação entre empresários e banco.
 
Não prova nada, assegurou o secretário de Comunicação do Acre, Leonildo Rosas. E se Afif recorreu ao "espírito da lei", Rosas, baseou-se na "legalidade" para defender seu governador.
 
É verdade que Tião Viana não é alvo da investigação. Mas o que deve dizer um governador quando nove homens de confiança vão em cana? Reparem: não é uma investigação qualquer, mas uma operação da PF, como autorização e mandados de prisão assinados por juízes.
 
Não tem nada de mais, parece.
 
E a conversa sobre o crédito do banco? Não tem nada de mais, o governador apenas buscava recursos para o Estado.
 
E quer saber? Tião Viana tem até razão quando sugere que os financiamentos bancários normais têm "amarras" e exigem muitas garantias. Deve ser mesmo possível agilizar os processos, mas de que jeito? Aliás, a diretoria do Banco de Sergipe apressou-se a dizer que lá não tem moleza e que exige garantias, sim.
 
E tem mais. A PF diz que o governo acreano é "leniente com o referido cartel".
 
E daí? Por enquanto, não tem nada de mais, tal é o sentido da resposta do governador e seus assessores, os que não estão detidos.
 
Na verdade, nessa história, tem uma coisa dentro da estrita legalidade: a investigação da PF.

16 de maio de 2013
Carlos Alberto Sardenberg, O Globo

MIRO TEIXEIRA: "HÁ UMA DISPUTA DE PODER NA BASE"

 
Miro Teixeira (PDT-RJ), um dos deputados mais experimentados da Câmara, atribui aos partidos governistas, não à oposição, o fiasco que marca a votação da medida provisória dos portos. Após dois dias e duas noites –uma jornada de quase 40 horas— a Câmara ainda não conseguiu concluir a apreciação da proposta. Falta quórum. Abaixo a entrevista que Miro concedeu ao blog:
— Por que o bloco do governo entrou em curto-circuito? Estamos vivendo um momento muito interessante politicamente. Nada a ver com a medida provisória dos Portos. É disputa de poder dentro da base do governo. É um desafio dentro da base. Fui líder por dez anos. Não sou mais. Cansei. Mas ouso afirmar que vamos viver momentos muito interessantes a partir da semana que vem. Tem muita coisa misturada nisso: sucessão, ocupação de espaço dentro da base, disputa por influência política. É só olhar o painel e fazer a conta. Vamos ver quantos estão faltando da base. Peguei a marcação de presença.
— O que essa marcação revela? Pedi à assessoria que verificasse quem tinha marcado presença e não estava aqui, às quatro horas da madrugada.
— O maior problema é o PMDB? Houve um momento em que faltavam 50 deputados deles no plenário. Do PT faltavam 20. Quem olha uma coisa dessas se pergunta: que diabo é isso? É luta política, não há dúvida. É gostoso de observar. Sobretudo quando os outros não sabem que você está sabendo quem está travando a luta política. Isso é encantador.
— Acha que a oposição fez o papel dela? Com a generosa colaboração do presidente da Câmara. Só a sessão ternura do [Ronaldo] Caiado com o [Anthony] Garotinho durou mais de 20 minutos. Um dizendo que não disse, outro dizendo que gostaria de não ter dito. Fui líder de oposição durante muitos anos. Nunca tive moleza. Era duro. Aqui, a oposição teve o tempo que quis, falou as vezes que quis, botou em votação os requerimentos que quis. Enfim, obstruiu do jeito que quis. Mas eles foram eleitos para isso. Fui oposição a vida toda. Jamais diria que eles não podem fazer.
— A divisão do governismo ajudou? Claro. A medida provisória teve apenas quatro alterações.
— Quando a Casa estava cheia, o governo prevaleceu… Diria que o governo prevaleceu até o momento em que tudo se tornou decisivo [risos]. Podia ter começado essa votação na semana passada. O PMDB fez obstrução pesada. Depois, o PMDB fez um mundo de emendas e destaques de emendas. A oposição fez o papel dela. A base do governo, nem sempre. Às três da madrugada, o quórum sumiu. Houve problemas em muitas bancadas. Mas o PMDB e o PT tinham que estar aqui na primeira fila o tempo todo. Tem um jogo aí que passa por dentro do PT. E é espetacular o jogo que está ocorrendo no PMDB. É um balé muito bonito.
— Quanto há de portos nisso? Não há nada de portos. É óbvio que há um desacerto político
— Quais serão os reflexos para a presidente da República? Nenhum presidente gosta de perder votações ou passar aperto no Congresso. Creio que, no ambiente da política, essas coisas causam abalos. Na política de alianças da campanha presidencial, por exemplo.
— Chega a esse ponto? O pessoal para e diz: ôpa, se os deputados, que fazem campanha junto com a campanha de presidente, estão dizendo ‘dane-se’ para algo tão importante para a presidente, preciso ver o que está se passando. Essa é a realidade da vida.
16 de maio de 2013
 Blog Josias  de Souza
 

CÂMARA APROVA MP DOS PORTOS E TEXTO SEGUE PARA O SENADO

Câmara tenta concluir votação da MP dos Portos há mais de 22 horas

Mais cedo, a sessão foi interrompida por não haver quórum necessário para a aprovação do texto final

 
Há mais de 22 horas discutindo as propostas da MP dos Portos (MP 595/12), os deputados já estão reunidos nesta manhã mais uma vez para tentar votar a aprovação do texto final da medida. Por volta das 8 horas, a Câmara dos Deputados atingiu o quórum necessário para ter a votação, de 257 deputados, e o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves, iniciou a Ordem do Dia da 10ª sessão extraordinária destinada à MP dos Portos.
A proposta ainda precisa ser analisada e aprovada hoje pelo Senado, sem alterações, caso contrário perderá a validade. O texto que está sendo discutido estabelece novas regras para as concessões de portos públicos e autorizações de terminais privados. O objetivo é tentar modernizar os portos brasileiros, melhorando a logística e a competitividade.
O Plenário rejeitou, por 255 votos a 4, e 1 abstenção, o requerimento do PSDB que pretendia retirar de pauta a Medida Provisória dos Portos. Líderes partidários se revezam na tribuna com argumentos a favor e contra a proposta. A oposição ainda mantém o processo de obstrução, apresentando uma sequência de requerimentos para tentar impedir a conclusão das votações.
Parlamentares disputam comida armazenada em tachos e servida em pratos descataveis no cafezinho do plenario da Câmara.
Os deputados já aprovaram o texto principal da MP, na forma do projeto de lei de conversão proposto pela comissão mista que analisou o tema, assim como concluíram a votação de todas as emendas e destaques apresentados. Mas falta ainda a aprovação da redação final.
Madrugada
Durante a madrugada, a reunião ocorreu até às 2 da manhã, foi retomada às 5 horas, mas por volta das 7h20, o presidente da Câmara encerrou a sessão extraordinária para tentar concluir a votação da MP dos Portos, por no momento não haver quórum. Apenas 250 deputados registraram o voto, 7 a menos dos 257 votos necessários. Alves convocou uma nova sessão, com início imediato. Henrique Alves disse que a nova sessão é "um último esforço" para tentar votar a MP.
Segundo informações da GloboNews, por volta das 5h10 havia quórum suficiente, mas parte dos deputados, cansados com a demora, acabaram indo embora.
Os deputados conseguiram, ao longo da quarta-feira, 15, e do início da madrugada desta quinta-feira, votar todos os destaques apresentados ao texto da MP, mas não conseguiram votar a redação final por conta do esvaziamento da sessão. Assim, venceu a obstrução do DEM, do PPS e do PSDB que, durante todo o dia e a madrugada, lançaram mão de manobras regimentais para tentar adiar a votação da MP.
Votação
O Plenário da Câmara dos Deputados já está reunido há mais de 22 horas para discutir a MP dos Portos. Todas as discussões de mérito da proposta foram superadas, em mais de dez votações sob forte obstrução, mas falta aprovar a redação final.
Os trabalhos foram iniciados às 11h desta quarta-feira. A MP precisa ser votada até a meia-noite de hoje pela Câmara e pelo Senado para manter a vigência.
"Só vivi isso (mais de 18 horas de sessão) na Constituinte. Parabéns aos parlamentares", declarou o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves.
16 de maio de 2013
O Estado de S. Paulo
Com informações da Agência Câmara.

"FISIOLOGISMO COBRA SEU PREÇO NA MP DOS PORTOS"

Como a eclética base parlamentar, com representantes da esquerda a talibãs, foi constituída no toma lá dá cá, não há espaço para discutir a importância estratégica da reforma
 
 
Há incontáveis exemplos do estrago causado nas finanças públicas — seja em desvios de dinheiro ou gastos feitos de forma incompetente — pelo método fisiológico de montagem de equipes de governo.
 
Vários casos surgiram na fase de “faxina” do início do governo Dilma, quando ministros foram defenestrados por má conduta ética. O exemplo mais recente vem do Ministério da Pesca, doado a Marcelo Crivella e partido, PRB. E administrado, revelou O GLOBO, como se fosse uma extensão dos interesses exclusivos do ministro, sem faltar evidências de mau uso — para usar um termo elegante — do orçamento da Pasta.
 
A quase rocambolesca votação da MP dos Portos dá uma outra dimensão à metástase que o fisiologismo deflagra na condução dos negócios públicos. O sinal mais gritante de muita coisa fora do lugar é a demonstração de quase absoluta falta de liderança do governo sobre a sua base parlamentar.
 
Se na ponta do lápis o Planalto tem no Congresso maioria para governar sem susto, a depender do tema em pauta este apoio vira fumaça. Isso é resultado de uma costura, por meio do toma lá dá cá fisiológico, de uma eclética frente partidário-ideológica, onde convivem da esquerda a talibãs.
 
Como nenhum projeto de governo os une, apenas o compartilhamento do poder e respectivas benesses, em momentos-chave em que o apoio ao Planalto precisa se transformar em votos no Congresso, pesam mais os interesses de grupos, de lobbies. (No início do governo Lula, arquitetaram o mensalão, para tentar resolver o problema. Não deu certo, terminou em condenações à prisão.)
 
Os termos do tiroteio verbal entre Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Anthony Garotinho (PP-RJ) são exemplares dos obscuros interesses que se movem no subsolo da tramitação da MP. Idem para os xingamentos trocados por Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Garotinho. Até o líder do PMDB, segundo partido da "base", Eduardo Cunha, tem bancada própria e se movimenta contra o Planalto de forma mais efetiva que a oposição.
 
O governo não tem maioria real. Trata-se, em boa medida, de um bando que se move em função de vantagens, hoje voltado apenas ao projeto da reeleição da presidente Dilma, quando espera continuar alojado nas tetas do Tesouro que lhe couberam. Nada surpreende, porém, o Palácio, pois a própria presidente já admitiu que se faz “o diabo” em período eleitoral.
 
Mas o preço pago pelo país é elevado. Grupos sindicais e de empresários se mobilizam preocupados apenas em defender seus interesses e buscam no Congresso políticos para ajudá-los. Enquanto isso, falta autoridade ao governo para convencer a base de que é crucial ampliar a estrutura portuária em novas bases. Porém, não há espaço no fisiologismo para este tipo de preocupação.

16 de maio de 2013
Editorial de O Globo

SENADO APROVA CRIAÇÃO DE QUASE 7 MIL CARGOS PÚBLICOS NO GOVERNO

Entre os cargos estão 500 de analista em tecnologia da informação e 120 de engenheiro agrônomo
 
 O plenário do Senado aprovou, nesta quarta-feira, a criação de cerca de 7 mil cargos públicos federais efetivos, a serem preenchidos por concurso público. O Projeto de Lei da Câmara (PLC 126/2012), de autoria da Presidência da República, altera o Plano Geral de Cargos do Poder Executivo. O projeto segue agora para sanção da presidente Dilma Rousseff.
 
O projeto cria cargos de analista em tecnologia da informação, administrador, agente administrativo, analista técnico-administrativo, contador, economista, engenheiro agrimensor, engenheiro agrônomo, engenheiro civil, engenheiro florestal, estatístico e médico-veterinário. Entre os cargos a serem criados, 500 são de analista em tecnologia da informação e 120 de engenheiro agrônomo.
 
Em seu relatório favorável à aprovação do projeto na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), o senador Gim Argello (PTB-DF) considera louvável a iniciativa da criação dos cargos em razão de viabilizarem, em sua análise, a implementação de políticas públicas relevantes para o país.
 
“A despeito de críticas infundadas sobre um suposto inchaço do aparelho estatal, a relação servidor público/população no Brasil é uma das menores se comparada à de países com o mesmo ou superior grau de desenvolvimento”, diz Gim Argello em seu relatório.
 
Durante a discussão da proposição na CCJ, o autor do pedido de análise urgente, senador José Pimentel (PT-CE), afirmou que a medida será fundamental para estruturar a máquina pública federal.

16 de maio de 2013
Agência Senado

"UMA JORNADA DE CÃO"

 
Vamos ao fato: não foi a oposição, mas o principal parceiro do PT no governo, partido do vice-presidente da República, quem realmente impediu a conclusão da votação da MP dos Portos na madrugada de quarta-feira a tempo de seguir no mesmo dia para o Senado.
 
Enquanto os oposicionistas com seus 90 soldados - insignificantes ante o exército de 423 deputados governistas - faziam obstrução regimental, o PMDB sob comando do líder Eduardo Cunha obstruía de forma dissimulada.
 
Por expedientes da Mesa, que aceitou emendas de conteúdo repetido, ou pela negativa de registro de presença em plenário. Pouco antes das 5 da manhã a sessão foi suspensa por falta de quorum. Seria necessária a presença de 257 parlamentares, coisa pouca diante do tamanho da base aliada. O PT assistiu à cena ensaiando queixa, mas sem poder abrir confronto.
 
Tudo muito bem urdido, disfarçado em disposição de votar, de esgotar todos os recursos na celebração do ato de estarem ali como representantes do povo desde as 11 horas do dia anterior no trabalho árduo de tentar aprovar medida "necessária à modernização" do sistema portuário do País.
 
Discursavam como heróis de uma jornada que de heroica não teve nada. Foi, antes, o retrato da desorganização das forças governistas que tinham 72 horas para aprovar na Câmara e no Senado a regulamentação de um setor estratégico na infraestrutura do Brasil.
 
A certa altura da madrugada estabeleceu-se um debate sobre os 114 anos de existência de clube de futebol da Bahia, enquanto se anunciava no plenário que ministros estavam sendo acordados para telefonar a deputados pedindo-lhes para voltarem à Câmara a fim de garantir quorum para validar votações de cujas discussões não haviam participado.
 
Patético. Todo o conjunto da obra: a obscuridade do conflito de interesses, a pressa, a falta de compromisso com o conteúdo de uma medida editada com o intuito de atrair investimentos e incrementar o comércio exterior do País.
 
Um assunto dessa complexidade e alcance sob qualquer ângulo que se examine com um mínimo de seriedade não poderia ser tratado na base do improviso. Sob a espada da premência do tempo, contaminado por suspeições mal explicadas, troca de insultos, tendo como pano de fundo uma queda de braço entre a Presidência da República e o líder da bancada do PMDB.
 
O deputado Eduardo Cunha não é bicho que se crie em casa, disso o governo estava cansado de saber. A cúpula do partido também. Ainda assim a bancada o escolheu para líder, o que leva à conclusão de que não está sozinho na briga.
 
São 80 deputados. Se a totalidade não o segue cegamente, a maior parte o vê como uma solução. Tanto que atenderam à orientação de negar quorum na fase de votação das emendas ao texto principal. Comentou-se logo ao fim da sessão que o vice-presidente Michel Temer estaria acompanhando tudo do Palácio do Jaburu, furioso com Eduardo Cunha.
 
Ora, Temer é presidente de fato do PMDB. Sabe, assim como se imagina que esteja ciente a presidente da República, que o líder foi escolhido justamente pela capacidade de manter um clima de tensão permanente com o Planalto. Esse seu principal atributo, junto com a habilidade de dissimular como fez em discurso defensivo na tarde de ontem.
 
Portanto, nesse aspecto a cigana não enganou ninguém. Talvez tenham subestimado sua ousadia e/ou não avaliado direito o tamanho do descontentamento em gestação há tempos na bancada pemedebista. Agora fazer o que, destituí-lo? Difícil. Desmoralizá-lo? Provável que tentem.
 
Mas o embate dos portos não foi o último. Haverá outros e se o governo não organizar suas forças acabará se fragilizando como nenhum outro no Congresso.

16 de maio de 2013
Dora Kramer, O Estado de São Paulo

"A INFLAÇÃO ATINGE OS POBRES, MOSTRA A PESQUISA DO IBGE"

 
Em março, o volume de vendas do comércio varejista caiu 0,1% sobre fevereiro, em bases dessazonalizadas, mas cresceu 4,5% sobre março de 2012, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ou seja, numa perspectiva de prazo mais longo o consumo cresce com base na vitalidade do mercado de trabalho e na oferta de vagas. Mas, nos supermercados, as vendas perdem vigor, indício de que as faixas de menor renda já estão sujeitas à diminuição do poder aquisitivo.
 
 
No comércio varejista restrito, pesou mais, em março, o item hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,1%), que já caíra em fevereiro (-1,4%). E declinaram os artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-5,2%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-2,9%). O recuo não foi maior por causa de tecidos, vestuário e calçados (+3,9%) e combustíveis e lubrificantes (+2,4%). No comércio ampliado, houve alta em veículos, motos, partes e peças (+1,9%) e material de construção (+0,7%).
 
Números mais fracos eram esperados pelos especialistas. Estes ainda são otimistas com a pesquisa de abril, que será divulgada em meados de junho. No entanto, a maioria das consultorias revê para baixo as expectativas para 2013.
 
Ficam para trás anos auspiciosos do consumo (em 2007 e 2010, por exemplo, o varejo crescia 10% ao ano), enquanto aumenta a importância de datas-chave, como Dia das Mães (maio), dos Namorados (junho), dos Pais (agosto), da Criança (outubro), até o Natal, o mais esperado pelas empresas.
 
Nos últimos 12 meses, até março, o volume de vendas do varejo ainda cresceu 6,8% - um porcentual elevado. Mas, comparando os primeiros trimestres de 2012 e 2013, o resultado do varejo restrito foi positivo em apenas 3,5%, a menor alta desde o quarto trimestre de 2003, segundo a consultoria LCA. No comércio ampliado, as vendas ainda são "salvas" por veículos. Mas num setor como o de materiais de construção, em que o crescimento em 12 meses chegou a 15%, em 2011, hoje as vendas crescem cerca de 6% - indicando o fim de um tempo de euforia.
 
Como notou o ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni a Sérgio Lamucci, do jornal Valor, a inflação de 6% ao ano pode ameaçar "o processo virtuoso de mobilidade social, marcado pela ascensão da nova classe média e a distribuição de renda". É o que o governo deve entender, evitando a frouxidão monetária/fiscal.

16 de maio de 2013
Editorial do Estadão

AGORA LULA COBRA CARO PARA DAR PALESTRAS ATÉ MESMO PARA OPERÁRIOS


Lula, como ele mesmo disse, vende caro as suas palestras. A afirmação é ampla, pois o valor pode ser caro para o contratante, mas principalmente para o país, tendo em vista os interesses nada republicanos do ex-presidente.
 
Lula acaba de dar uma destas caras palestras no Porto de Rio Grande, com cachê não revelado e proibição da presença da imprensa. O inusitado era o público convidado para ouvir as caras palavras do presidente lobista: 5 mil operários que trabalham nas obras do porto gaúcho.  A palestra de Lula foi paga pelo consórcio, que reúne as empreiteiras Queiroz Galvão, Iesa Óleo e Gás e UTC Engenharia.
 
O valor destinado ao ex-presidente não foi fornecido pela empresa. Segundo a assessoria de imprensa da Quip, o sigilo fazia parte do contrato com Lula. Outra cláusula impedia o acesso de jornalistas ao canteiro de obras e condicionava qualquer informação sobre o evento à aprovação prévia do Instituto Lula.
 
O consórcio tem interesse na pressão que Lula pode exercer sobre o governo porque está participando da licitação das plataformas P-75 e P-77, realizadas pela Petrobras.
 
No governo gaúcho, é dada como certa a vitória da Quip em pelo menos uma das licitações. O valor dos contratos é de quase R$ 2 bilhões. O consórcio também pode receber de outras empresas contratos já existentes de sondas de perfuração que estão atrasadas. A Petrobras não quis comentar as declarações de Lula.
 
(Com informações de O Globo)
 
15 de maio de 2013
in coroneLeaks