Frases famosas de Oscar Wilde
Oscar Wilde foi um dramaturgo, escritor e poeta irlandês. Expoente da literatura inglesa durante o período vitoriano, foi preso e humilhado perante a sociedade. Aproveitando esse recesso carnavalesco reproduzo aqui algumas de suas frases mais conhecidas:
“Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.
Para ser popular é indispensável ser medíocre.
A vida é muito importante para ser levada a sério.
Pouca sinceridade é uma coisa perigosa, e muita sinceridade é absolutamente fatal.
Devem-se escolher os amigos pela beleza, os conhecidos pelo caráter e os inimigos pela inteligência.
As mulheres existem para que as amemos, e não para que as compreendamos.
A melhor maneira de começar uma amizade é com uma boa gargalhada. De terminar com ela, também.
Se soubéssemos quantas e quantas vezes as nossas palavras são mal interpretadas, haveria muito mais silêncio neste mundo.
Ah! Não me diga que concorda comigo! Quando as pessoas concordam comigo, tenho sempre a impressão de que estou errado.
Não deixe de perdoar os seus inimigos – nada os aborrece tanto.
Quando eu era jovem, pensava que o dinheiro era a coisa mais importante do mundo. Hoje, tenho certeza.
Aqueles que não fazem nada estão sempre dispostos a criticar os que fazem algo.
O pessimista é uma pessoa que, podendo escolher entre dois males, prefere ambos.
Um homem pode viver feliz com qualquer mulher desde que não a ame.
A ambição é o último recurso do fracassado.
Posso resistir a tudo, menos à tentação.
Do site do Alvaro Dias
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
EM PRISÃO DOMICILIAR POR CAUSA DO CARNAVAL
Ipanema não chega aos 50 mil habitantes e tem 1,4 km2 o que dá 36 mil habitantes por km2. Ontem, o bloco “Simpatia é Quase Amor” desfilou pela rua da praia com 150 mil pessoas. Supondo-se que 20 mil residentes tenham viajado no Carnaval, Ipanema ficou com 180 mil pessoas, ou seja, 128 mil pessoas por km2.
Ora, um bairro cuja infraestrutura já não é suficiente para os seus 50 mil habitantes – engarrafamentos, vazamentos de esgoto, metrô cheio já são normais em dias normais – imaginem o caos com, de repente, três vezes isso, e nas ruas, onde mal cabem os carros.
Se os que vêm para cá ainda fossem educados, se a prefeitura desse estrutura logística e sanitária e se a Comlurb fizesse seu serviço a contento ainda seria pouco. O fato é que Ipanema não comporta isso. Quem paga o IPTU mais caro do Rio não merece esse tipo de tratamento, nem que seja por quatro ou cinco dias.
O resultado é uma fedentina de dar dó, uma sujeira digna dos piores lixões, um inferno de de barulho, mendigos, ladrões e catadores de lata a se confundir na porta dos nossos prédios, gente aos montes acampada na praia defecando por todo canto e, last, but not least, uma orgia de viados a fazerem sexo a céu aberto para quem quiser ver.
Aos que acham que sou preconceituoso com gente de baixo nível e com viados, eu convido que venham para cá, não só para pular nos blocos, mas para presenciar também o “final de feira” onde bêbados urinam e vomitam por todo lado e as bonecas, também bêbadas que, além de urinar e vomitar, satisfazem-se sexualmente como cadelas vira-latas no cio: na rua. E, é claro, viver o day after de quem quer dar um mergulho e acaba dando um “merdulho”, de tanto lixo que tem na rua.
Com todo o respeito: Eduardo Paes, vá à merda! Ou melhor, venha aqui em Ipanema.
20 de fevereiro de 2012
Por Ricardo Froes
Ora, um bairro cuja infraestrutura já não é suficiente para os seus 50 mil habitantes – engarrafamentos, vazamentos de esgoto, metrô cheio já são normais em dias normais – imaginem o caos com, de repente, três vezes isso, e nas ruas, onde mal cabem os carros.
Se os que vêm para cá ainda fossem educados, se a prefeitura desse estrutura logística e sanitária e se a Comlurb fizesse seu serviço a contento ainda seria pouco. O fato é que Ipanema não comporta isso. Quem paga o IPTU mais caro do Rio não merece esse tipo de tratamento, nem que seja por quatro ou cinco dias.
O resultado é uma fedentina de dar dó, uma sujeira digna dos piores lixões, um inferno de de barulho, mendigos, ladrões e catadores de lata a se confundir na porta dos nossos prédios, gente aos montes acampada na praia defecando por todo canto e, last, but not least, uma orgia de viados a fazerem sexo a céu aberto para quem quiser ver.
Aos que acham que sou preconceituoso com gente de baixo nível e com viados, eu convido que venham para cá, não só para pular nos blocos, mas para presenciar também o “final de feira” onde bêbados urinam e vomitam por todo lado e as bonecas, também bêbadas que, além de urinar e vomitar, satisfazem-se sexualmente como cadelas vira-latas no cio: na rua. E, é claro, viver o day after de quem quer dar um mergulho e acaba dando um “merdulho”, de tanto lixo que tem na rua.
Com todo o respeito: Eduardo Paes, vá à merda! Ou melhor, venha aqui em Ipanema.
20 de fevereiro de 2012
Por Ricardo Froes
A CONSTITUIÇÃO SERIA MENOS CONFUSA E TERIA MAIS PAIXÃO PELA LIBERDADE SE FOSSE REDIGIDA POR QUATRO COMPOSITORES DE SAMBA-ENREDO
Na terra dos prolixos patológicos, louve-se a concisão dos compositores de samba-enredo. Em vinte e poucos versos, alguns dos quais obrigatoriamente reservados à louvação da própria escola, os autores, quase sempre trabalhando em bando, enfeixam temas que, nas mãos de biógrafos, ensaístas e historiadores, exigem pelo menos um livro, eventualmente uma coleção com meia dúzia de tomos. É muito assunto para poucas palavras. É tanta coisa que a letra acaba traindo aqui e ali um evidente parentesco com o épico Samba do Crioulo Doido, de Stanislaw Ponte Preta. Ainda assim, como reiterou o Carnaval de São Paulo e vêm confirmando os desfiles no Rio, o espetáculo da síntese é uma decididamente admirável.
A abrangência da letra, sempre de dimensões amazônicas, poucas vezes alcançou as lonjuras atingidas no Carnaval de 1989 pelos compositores Niltinho Tristeza, Vicentinho, Jurandir e Preto Jóia, que ajudaram a Imperatriz Leopoldinense a buscar a taça na Marquês de Sapucaí com o samba-enredo “Liberdade! Liberdade! Abre as Asas sobre Nós!”. Inspirada na gestação do Brasil republicano, descreve o Império agonizante (“decadente, muito rico incoerente”), recorda a Guerra do Paraguai, homenageia o Duque de Caxias, reverencia a Princesa Isabel, celebra o marechal Deodoro da Fonseca, festeja o nascimento do novo regime, evoca a saga dos imigrantes e, naturalmente, lembra que o verde-e-branco da escola está brilhando por aí. Haja fôlego. E haja poder de síntese.
Fundir tantos capítulos históricos num balaio tão acanhado exige elipses audaciosas, e de vez em quando a linguagem fica elíptica demais. Um dos versos, por exemplo, diz apenas que “o marechal que proclamou foi presidente”. Não houve espaço para informar que o marechal é Deodoro da Fonseca, nem que o que o que proclamou foi a República, muito menos que era isso o que viria a presidir. Também por falta de espaço, 15 de Novembro de 1889 foi reduzido a “noite quinze reluzente”.
As façanhas militares do Caxias da Imperatriz Leopoldinense, excessivamente numerosas para caber na avenida, acabaram empilhadas numa única imagem superlativa: “O duque imortal, da guerra o patrono”. E o baile da Ilha Fiscal teve de ser espremido numa frase em código: “A nobreza enfeita o luxo do salão”. Os espectadores talvez não tenham entendido tudo o que ouviram. Mas captaram perfeitamente o espírito da coisa ─ tanto assim que cantaram com a escola, frementes de entusiasmo e fervor cívico, o refrão que reivindica a eternização da Liberdade.
Louve-se, pois, essa tribo de craques da concisão, até porque a imensidão de prolixos só tem piorado a nossa vida. É obra do Brasil verborrágico, por exemplo, a Constituição de 1988 ─ um Samba do Crioulo Doido composto em parceria pelo Legislativo, pelo Executivo e pelo Judiciário, capaz de juntar no mesmo palavrório o tabelamento dos juros (12% ao ano), os privilégios da Zona Franca e cláusulas pétreas que se esfarinham a cada sessão efetivamente relevante do Supremo Tribunal Federal. As pompas e fitas do juridiquês castiço não permitem rimas, nem ricas nem pobres. Em incontáveis momentos, o falatório fica menos inteligível que discurso de Dilma Rousseff. E autoriza um ministro do Supremo Tribunal Federal a interpretar como quiser cada artigo, parágrafo ou inciso do que as togas chamam de Carta Magna.
Uma Constituição redigida por Niltinho Tristeza, Vicentinho, Jurandir e Preto Jóia seria um tanto confusa. Mas, como a turma é parcimoniosa com palavras, a confusão seria extraordinariamente menor. Mais importante ainda, o quarteto de artistas populares saberia deixar claro que nada ─ nada ─ deve impedir que as asas da liberdade estejam sempre abertas sobre nós.
20/02/2012
augusto nunes
A abrangência da letra, sempre de dimensões amazônicas, poucas vezes alcançou as lonjuras atingidas no Carnaval de 1989 pelos compositores Niltinho Tristeza, Vicentinho, Jurandir e Preto Jóia, que ajudaram a Imperatriz Leopoldinense a buscar a taça na Marquês de Sapucaí com o samba-enredo “Liberdade! Liberdade! Abre as Asas sobre Nós!”. Inspirada na gestação do Brasil republicano, descreve o Império agonizante (“decadente, muito rico incoerente”), recorda a Guerra do Paraguai, homenageia o Duque de Caxias, reverencia a Princesa Isabel, celebra o marechal Deodoro da Fonseca, festeja o nascimento do novo regime, evoca a saga dos imigrantes e, naturalmente, lembra que o verde-e-branco da escola está brilhando por aí. Haja fôlego. E haja poder de síntese.
Fundir tantos capítulos históricos num balaio tão acanhado exige elipses audaciosas, e de vez em quando a linguagem fica elíptica demais. Um dos versos, por exemplo, diz apenas que “o marechal que proclamou foi presidente”. Não houve espaço para informar que o marechal é Deodoro da Fonseca, nem que o que o que proclamou foi a República, muito menos que era isso o que viria a presidir. Também por falta de espaço, 15 de Novembro de 1889 foi reduzido a “noite quinze reluzente”.
As façanhas militares do Caxias da Imperatriz Leopoldinense, excessivamente numerosas para caber na avenida, acabaram empilhadas numa única imagem superlativa: “O duque imortal, da guerra o patrono”. E o baile da Ilha Fiscal teve de ser espremido numa frase em código: “A nobreza enfeita o luxo do salão”. Os espectadores talvez não tenham entendido tudo o que ouviram. Mas captaram perfeitamente o espírito da coisa ─ tanto assim que cantaram com a escola, frementes de entusiasmo e fervor cívico, o refrão que reivindica a eternização da Liberdade.
Louve-se, pois, essa tribo de craques da concisão, até porque a imensidão de prolixos só tem piorado a nossa vida. É obra do Brasil verborrágico, por exemplo, a Constituição de 1988 ─ um Samba do Crioulo Doido composto em parceria pelo Legislativo, pelo Executivo e pelo Judiciário, capaz de juntar no mesmo palavrório o tabelamento dos juros (12% ao ano), os privilégios da Zona Franca e cláusulas pétreas que se esfarinham a cada sessão efetivamente relevante do Supremo Tribunal Federal. As pompas e fitas do juridiquês castiço não permitem rimas, nem ricas nem pobres. Em incontáveis momentos, o falatório fica menos inteligível que discurso de Dilma Rousseff. E autoriza um ministro do Supremo Tribunal Federal a interpretar como quiser cada artigo, parágrafo ou inciso do que as togas chamam de Carta Magna.
Uma Constituição redigida por Niltinho Tristeza, Vicentinho, Jurandir e Preto Jóia seria um tanto confusa. Mas, como a turma é parcimoniosa com palavras, a confusão seria extraordinariamente menor. Mais importante ainda, o quarteto de artistas populares saberia deixar claro que nada ─ nada ─ deve impedir que as asas da liberdade estejam sempre abertas sobre nós.
20/02/2012
augusto nunes
EMIL CIORAN: PESSIMISMO, CONTRADIÇÕES E APATIA
Artigos - Cultura
Talvez, um dia, venhamos a descobrir que Emil Cioran foi, na verdade, um agent provocateur financiado por certo clube de monomaníacos ou de excêntricos que, nas horas vagas, divertiam-se em ver como as intelligentsias podem ser seduzidas por qualquer truanice. Cioran almeja o caos, ama-o; está seduzido pela desordem e pelo desejo de sabotar a civilização. Exatamente por esse motivo devemos ler seus livrinhos, esgotados no Brasil desde a década de 1990, mas agora relançados pela Editora Rocco, e conhecer seus raciocínios contraditórios, agressivos e fúteis.
A grande meta que Cioran se propôs foi a de erigir algumas generalizações de impacto à categoria de pensamento filosófico – em suma, é um sofista. Vejamos alguns exemplos, todos risíveis: referindo-se a Ivã, o Terrível, afirma: “Tinha a paixão pelo crime” – e conclui: “Todos nós, enquanto existimos, também a experimentamos, seja atentando contra os outros ou contra nós mesmos”. Para ele, “todos os homens são mais ou menos invejosos; os políticos o são completamente” – afirmativa ainda mais infamante quando se lê a conclusão: “Se a inveja te abandona, és apenas um inseto, um nada, uma sombra”. Sem deixar de lado seu tema predileto, ele continua: “Uma sociedade que se quisesse perfeita deveria colocar na moda, ou tornar obrigatória, a camisa de força, pois o homem só se move para fazer o mal”. E insiste: “[...] O homem prefere apodrecer no medo do que enfrentar a angústia de ser ele mesmo”.
Frases que impressionam, claro, se visitadas antes dos dezoito anos. Mas, depois que entramos na vida adulta, deixamos de lado radicalizações, esquerdismos e simplificações; Nietzsche passa a ocupar uma posição secundária em nossa biblioteca; e desencantados com o niilismo panfletário, alegria dos anarquistas, podemos ler Cioran como ele merece: como literatura, nada mais.
Ao reler História e utopia, certa imagem se repetiu diante dos meus olhos: a da pantera de Rilke, presa em sua jaula no Jardin des Plantes: o olhar fatigado que só enxerga as grades; o “passo elástico e macio”, repetido “dentro do círculo menor”, urdindo, a cada volta, “uma dança de força”, em cujo centro “uma vontade maior se aturde” – para tudo se apagar no coração. Esse é o nosso escritor: ruge de maneira estrondosa, mas seu ceticismo não lhe permite arrebentar as grades da prisão. Ao contrário, depois de esbravejar, direta ou indiretamente, contra os fundamentos da civilização ocidental – a democracia, o direito romano, o cristianismo –, ele nos oferece uma lenga-lenga budista, propondo que o homem se mantenha numa “posição equidistante da vingança e do perdão, no centro de uma cólera e de uma generosidade igualmente fracas e vazias, destinadas a neutralizar-se uma à outra”. É o que ele chama de “meio-termo entre o cadáver e o alento”, ou seja, uma existência vegetativa, um marasmo que nos “reconcilie com o tédio”.
Cioran vocifera imerso até o pescoço no seu pântano de angústia e deseja nos convencer de que “um vazio que concede a plenitude contém mais realidade do que a história em seu conjunto” – ideia que não passa de um convite à ataraxia – e de que, para encontrarmos o paraíso escondido “no mais profundo do nosso ser”, devemos “ter recorrido a todos os paraísos, desaparecidos e possíveis, tê-los amado e detestado com a rudeza do fanatismo, tê-los escrutado e rejeitado depois com a competência da decepção” – exemplo de lirismo negativista.
Na opinião de Cioran, cada gesto humano só conspurca o universo “criado para a indiferença e a estagnação”. Vejam o que fala sobre os amigos: “Quando nos concedem alguns elogios, estes são acompanhados de tantos subentendidos e sutilezas, que a lisonja, de tão circunspecta, equivale a um insulto. O que eles desejam em segredo é nosso enfraquecimento, nossa humilhação e nossa ruína”. Pessimismo por pessimismo, é melhor ficar com Augusto dos Anjos, que disse o mesmo, mas meio século antes e sem a pretensão de fazer filosofia: “[...] O beijo, amigo, é a véspera do escarro, / A mão que afaga é a mesma que apedreja. // Se a alguém causa inda pena a tua chaga, / Apedreja essa mão vil que te afaga, / Escarra nessa boca que te beija!”.
Em “A Rússia e o vírus da liberdade”, Cioran acerta ao definir a utopia como “o grotesco cor-de-rosa” [grifo no original] ou “um conto de fadas monstruoso”. Mas não nos enganemos com sua retórica. Acima de tudo, nosso ficcionista é contraditório. Páginas antes, no capítulo “Sobre dois tipos de sociedade”, recrimina o mundo ocidental por não ter abraçado o comunismo (o texto é de 1957): “Quando teria sido seu dever pôr em prática o comunismo, ajustá-lo a suas tradições, humanizá-lo, liberalizá-lo e propô-lo depois ao mundo, deixou ao Oriente o privilégio de realizar o irrealizável e extrai assim poder e prestígio da mais bela ilusão moderna”. E mais à frente, em “Mecanismo da utopia”, enaltece as revoluções que despojam os homens de suas propriedades: “Para readquirir uma aparência humana, para recuperar sua ‘alma’, é preciso que o proprietário se veja arruinado e que consinta em sua ruína. A revolução o ajudará”. E insiste em seu demente projeto salvífico: “É, portanto, enquanto agente de destruição que [a revolução] se revela útil; ainda que fosse nefasta, uma coisa a redimiria sempre: só ela sabe que tipo de terror usar para sacudir esse mundo de proprietários, o mais atroz dos mundos possíveis”.
Da mesma forma, execra redentores e profetas, acusando-os de serem “possuídos por uma ambição sem limites” e por disfarçarem “seus objetivos sob preceitos enganosos”. Mas passadas poucas páginas, fala e se descreve como profeta, ao assegurar que o mundo moderno caminha para a tirania e concluir, sem falsa modéstia: “É uma certeza que participa tanto do calafrio como do axioma. E adiro a ela com o arrebatamento de um agitador e com a segurança de um geômetra”.
Pagão grandiloquente – segundo ele, Satã “mal se distingue de Deus, pois é apenas sua face visível” –, Cioran quer nos acorrentar a uma desilusão insuperável e nos convencer de que agir com bondade significa destruir tudo o que o homem tem de melhor: “Um pequeno vício é mais eficaz que uma grande virtude”. Pensador de bolso, desses que citamos nas festas para impressionar desavisados, parece falar de si mesmo ao se referir a “um deus febril, obcecado, sujeito a convulsões, embriagado de epilepsia”. Mas encerremos de forma cavalheiresca: é mais fácil escrever como Cioran do que filosofar.
Rodrigo Gurgel, 20 Fevereiro 2012
Publicado na revista Dicta & Contradicta.
Rodrigo Gurgel é escritor e crítico literário.
Talvez, um dia, venhamos a descobrir que Emil Cioran foi, na verdade, um agent provocateur financiado por certo clube de monomaníacos ou de excêntricos que, nas horas vagas, divertiam-se em ver como as intelligentsias podem ser seduzidas por qualquer truanice. Cioran almeja o caos, ama-o; está seduzido pela desordem e pelo desejo de sabotar a civilização. Exatamente por esse motivo devemos ler seus livrinhos, esgotados no Brasil desde a década de 1990, mas agora relançados pela Editora Rocco, e conhecer seus raciocínios contraditórios, agressivos e fúteis.
A grande meta que Cioran se propôs foi a de erigir algumas generalizações de impacto à categoria de pensamento filosófico – em suma, é um sofista. Vejamos alguns exemplos, todos risíveis: referindo-se a Ivã, o Terrível, afirma: “Tinha a paixão pelo crime” – e conclui: “Todos nós, enquanto existimos, também a experimentamos, seja atentando contra os outros ou contra nós mesmos”. Para ele, “todos os homens são mais ou menos invejosos; os políticos o são completamente” – afirmativa ainda mais infamante quando se lê a conclusão: “Se a inveja te abandona, és apenas um inseto, um nada, uma sombra”. Sem deixar de lado seu tema predileto, ele continua: “Uma sociedade que se quisesse perfeita deveria colocar na moda, ou tornar obrigatória, a camisa de força, pois o homem só se move para fazer o mal”. E insiste: “[...] O homem prefere apodrecer no medo do que enfrentar a angústia de ser ele mesmo”.
Frases que impressionam, claro, se visitadas antes dos dezoito anos. Mas, depois que entramos na vida adulta, deixamos de lado radicalizações, esquerdismos e simplificações; Nietzsche passa a ocupar uma posição secundária em nossa biblioteca; e desencantados com o niilismo panfletário, alegria dos anarquistas, podemos ler Cioran como ele merece: como literatura, nada mais.
Ao reler História e utopia, certa imagem se repetiu diante dos meus olhos: a da pantera de Rilke, presa em sua jaula no Jardin des Plantes: o olhar fatigado que só enxerga as grades; o “passo elástico e macio”, repetido “dentro do círculo menor”, urdindo, a cada volta, “uma dança de força”, em cujo centro “uma vontade maior se aturde” – para tudo se apagar no coração. Esse é o nosso escritor: ruge de maneira estrondosa, mas seu ceticismo não lhe permite arrebentar as grades da prisão. Ao contrário, depois de esbravejar, direta ou indiretamente, contra os fundamentos da civilização ocidental – a democracia, o direito romano, o cristianismo –, ele nos oferece uma lenga-lenga budista, propondo que o homem se mantenha numa “posição equidistante da vingança e do perdão, no centro de uma cólera e de uma generosidade igualmente fracas e vazias, destinadas a neutralizar-se uma à outra”. É o que ele chama de “meio-termo entre o cadáver e o alento”, ou seja, uma existência vegetativa, um marasmo que nos “reconcilie com o tédio”.
Cioran vocifera imerso até o pescoço no seu pântano de angústia e deseja nos convencer de que “um vazio que concede a plenitude contém mais realidade do que a história em seu conjunto” – ideia que não passa de um convite à ataraxia – e de que, para encontrarmos o paraíso escondido “no mais profundo do nosso ser”, devemos “ter recorrido a todos os paraísos, desaparecidos e possíveis, tê-los amado e detestado com a rudeza do fanatismo, tê-los escrutado e rejeitado depois com a competência da decepção” – exemplo de lirismo negativista.
Na opinião de Cioran, cada gesto humano só conspurca o universo “criado para a indiferença e a estagnação”. Vejam o que fala sobre os amigos: “Quando nos concedem alguns elogios, estes são acompanhados de tantos subentendidos e sutilezas, que a lisonja, de tão circunspecta, equivale a um insulto. O que eles desejam em segredo é nosso enfraquecimento, nossa humilhação e nossa ruína”. Pessimismo por pessimismo, é melhor ficar com Augusto dos Anjos, que disse o mesmo, mas meio século antes e sem a pretensão de fazer filosofia: “[...] O beijo, amigo, é a véspera do escarro, / A mão que afaga é a mesma que apedreja. // Se a alguém causa inda pena a tua chaga, / Apedreja essa mão vil que te afaga, / Escarra nessa boca que te beija!”.
Em “A Rússia e o vírus da liberdade”, Cioran acerta ao definir a utopia como “o grotesco cor-de-rosa” [grifo no original] ou “um conto de fadas monstruoso”. Mas não nos enganemos com sua retórica. Acima de tudo, nosso ficcionista é contraditório. Páginas antes, no capítulo “Sobre dois tipos de sociedade”, recrimina o mundo ocidental por não ter abraçado o comunismo (o texto é de 1957): “Quando teria sido seu dever pôr em prática o comunismo, ajustá-lo a suas tradições, humanizá-lo, liberalizá-lo e propô-lo depois ao mundo, deixou ao Oriente o privilégio de realizar o irrealizável e extrai assim poder e prestígio da mais bela ilusão moderna”. E mais à frente, em “Mecanismo da utopia”, enaltece as revoluções que despojam os homens de suas propriedades: “Para readquirir uma aparência humana, para recuperar sua ‘alma’, é preciso que o proprietário se veja arruinado e que consinta em sua ruína. A revolução o ajudará”. E insiste em seu demente projeto salvífico: “É, portanto, enquanto agente de destruição que [a revolução] se revela útil; ainda que fosse nefasta, uma coisa a redimiria sempre: só ela sabe que tipo de terror usar para sacudir esse mundo de proprietários, o mais atroz dos mundos possíveis”.
Da mesma forma, execra redentores e profetas, acusando-os de serem “possuídos por uma ambição sem limites” e por disfarçarem “seus objetivos sob preceitos enganosos”. Mas passadas poucas páginas, fala e se descreve como profeta, ao assegurar que o mundo moderno caminha para a tirania e concluir, sem falsa modéstia: “É uma certeza que participa tanto do calafrio como do axioma. E adiro a ela com o arrebatamento de um agitador e com a segurança de um geômetra”.
Pagão grandiloquente – segundo ele, Satã “mal se distingue de Deus, pois é apenas sua face visível” –, Cioran quer nos acorrentar a uma desilusão insuperável e nos convencer de que agir com bondade significa destruir tudo o que o homem tem de melhor: “Um pequeno vício é mais eficaz que uma grande virtude”. Pensador de bolso, desses que citamos nas festas para impressionar desavisados, parece falar de si mesmo ao se referir a “um deus febril, obcecado, sujeito a convulsões, embriagado de epilepsia”. Mas encerremos de forma cavalheiresca: é mais fácil escrever como Cioran do que filosofar.
Rodrigo Gurgel, 20 Fevereiro 2012
Publicado na revista Dicta & Contradicta.
Rodrigo Gurgel é escritor e crítico literário.
PÉ NO 'BUSANFAN'
Lupi é exonerado por Eduardo Paes antes mesmo de assumir o cargo de ‘meio de campo em Brasília’
Uma surpresa e tanto. A reação negativa foi tão forte que o prefeito do Rio, Eduardo Paes, já exonerou o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi do cargo de assessor especial da Prefeitura do Rio em Brasília, cuja nomeação fora publicada na edição de sexta-feira do Diário Oficial do município.
Segundo informação da assessoria do prefeito, a decisão aconteceu um dia depois de Lupi ser anunciado como escolhido pelo cargo, depois de Paes e Lupi “conversarem e entenderem por bem não ser adequado que ele assuma as funções de assessor no gabinete do prefeito”.
Na sexta-feira, Lupi chegou a demonstrar entusiasmo com a nomeação para o cargo. “Ele [o prefeito] quer que eu faça um trabalho pelos interesses do Rio, possíveis emendas, projetos. Fazer a ponte com Brasília. Como fui ministro e tenho boa relação com todo mundo, vou fazer esse meio de campo”, disse.
O salário do ex-ministro seria de R$ 8.500, mais passagens aéreas e diárias. Como se sabe, Lupi, que é presidente nacional do PDT, saiu do ministério após suspeitas de irregularidades em contratos com ONGs (organizações não governamentais). Estava sendo contratado porque o PDT vai apoiar a reeleição de Eduardo Paes na eleição de outubro.
Carlos Newton
20 de fevereiro de 2012
Uma surpresa e tanto. A reação negativa foi tão forte que o prefeito do Rio, Eduardo Paes, já exonerou o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi do cargo de assessor especial da Prefeitura do Rio em Brasília, cuja nomeação fora publicada na edição de sexta-feira do Diário Oficial do município.
Segundo informação da assessoria do prefeito, a decisão aconteceu um dia depois de Lupi ser anunciado como escolhido pelo cargo, depois de Paes e Lupi “conversarem e entenderem por bem não ser adequado que ele assuma as funções de assessor no gabinete do prefeito”.
Na sexta-feira, Lupi chegou a demonstrar entusiasmo com a nomeação para o cargo. “Ele [o prefeito] quer que eu faça um trabalho pelos interesses do Rio, possíveis emendas, projetos. Fazer a ponte com Brasília. Como fui ministro e tenho boa relação com todo mundo, vou fazer esse meio de campo”, disse.
O salário do ex-ministro seria de R$ 8.500, mais passagens aéreas e diárias. Como se sabe, Lupi, que é presidente nacional do PDT, saiu do ministério após suspeitas de irregularidades em contratos com ONGs (organizações não governamentais). Estava sendo contratado porque o PDT vai apoiar a reeleição de Eduardo Paes na eleição de outubro.
Carlos Newton
20 de fevereiro de 2012
OBSESSÃO ANTIAMERICANA À LA FAÇON DU BRÈSIL
Artigos - Cultura
“La libertad, los europeos occidentales conocieron a partir de la entrada de los tanques Sherman en 1945 y de los dólares del Plan Marshall. Por segunda vez en el siglo, Europa Occidental era salvada de los europeos por los americanos.”
Armando Ribas, Entre Cowboys y Jacobinos
“Sim, vou falar da intervenção militar americana em outros países, de como eles invadiram a Europa em 1944 e o mal que fizeram aos franceses e demais europeus”.
Carlos Lacerda, a um repórter francês que lhe perguntara se ele iria falar da intervenção americana no Brasil em 1964
Há algum tempo surgiu na internet, e foi fartamente distribuído, um email sobre aviões americanos numa suposta ação na Amazônia, “espalhando sei lá o que para matar sei lá quem”, como escreveu um correspondente que entende do riscado, prosseguindo: “esse besteirol foi feito por gente que nem é capaz de perceber que não existe esse tipo de vegetação no Brasil, que ela é tipicamente americana. Só para explicar, esse avião é um mata mosquito do Aerial Spray Squadron, da USAF, a força aérea americana, e o que ele estava fazendo era o seu trabalho rotineiro de pulverização de inseticida para matar larvas de mosquito. Esse lugar das fotos especificamente é no delta do Rio Missouri, mas eles fazem isso em todas as regiões americanas aonde há necessidade desse tipo de trabalho. Se ao invés de criar esse tipo de hoax, os imbecis que fazem isso usassem o seu tempo e o seu esforço para dar uma força e muita moral para a FAB, a Força Aérea Brasileira, para que ela ganhasse equipamentos e recursos para também poder fazer isso nas regiões de risco do Brasil, essas epidemias de dengue e de outras doenças transmitidas por mosquitos, certamente se reduziriam bastante”.
Perguntas feitas por um realista oficial brasileiro na reserva: como seria o re-abastecimento da aeronave? Havia um porta-aviões fundeado no Solimões? Será que o SIVAM é tão incompetente assim que permitiria esse vôo e ainda o fotografou e nada fez?
Talvez estivessem lá para filtrar a água dos rios e depois levar para os gringos. Pois esta é outra falácia nacionalisteira baseada nos mesmos estudos “científicos” que terrificam o mundo com a mentira do aquecimento global: a água potável está acabando no mundo e as “grandes potências” estão de olho nos riquíssimos aqüíferos Amazônico e Guarani. Como resultado do tal “aquecimento” os cariocas vêm tendo o verão mais ameno desde que aqui cheguei há 42 anos e a Europa está coberta de gelo, batendo recordes de temperaturas negativas! Dá para acreditar nestes caras? Pois são os mesmos que criaram a mentira de que a água potável está acabando! E nossos nacionalistas acreditaram porque isto coloca o Brasil no alto do ranking mundial em alguma coisa que não seja carnaval ou futebol. Já perguntei, e fiquei sem resposta, o que as tais potências farão com nossa água? Mudar-se-ão todos para Manaus, Santarém, Foz do Iguaçu e Uruguaiana? Levarão a água de avião? Construirão um enorme aqueduto da Ilha de Marajó a Nova Iorque e Londres?
Lembram da explosão do foguete brasileiro lançado de uma base do nordeste? Pois é, não foi incompetência, mas havia um navio americano por perto. Pronto: os invejosos americanos que não sabem construir foguetes espaciais derrubaram o nosso. Provavelmente emitiram raios malvados para derrubar nossa pioneira missão espacial! Não estou brincando, assim foi interpretado mesmo!
O pior é que eu recebi estas maluquices de vários militares da reserva, das três armas, além de alguns civis, como se fosse verdade, num tom medroso e raivoso! Patriotismo, à custa de paranóia xenofóbica, é fascismo e honra Stalin, Hitler e Mussolini, e nunca a Caxias, Deodoro e Eduardo Gomes. Muito menos a Castello Branco e Médici.
Segundo Revel (1), “o antiamericanismo repousa numa visão totalizante, senão totalitária, na qual se pode reconhecer a cegueira passional no sentido que deu Littré (2), a certas palavras: “imagem vã na qual acreditamos, por medo, por sonho, por loucura ou por superstição”. Quem faz isto acredita na ridícula tese de Celso Furtado, a de que os atentados de 11 de setembro teriam sido praticados pela direita dos EUA e as declarações de Leonardo Boff ao jornal O Globo, de que "estava desolado por apenas um avião ter sido lançado sobre o Pentágono: ele teria desejado ver vinte e cinco”. Furtado e Boff não são companhias recomendáveis para bravos chefes militares que nos livraram dos comunistas em 64.
Littré deixou de mencionar a burrice, a imbecilidade, a idiotice e, principalmente a inveja! Sim, a inveja de quem sabe que basta um único porta-aviões da classe Nimitz para destruir no solo toda a FAB, no mar toda a Marinha Brasileira e quem quer que o Exército a eles oponha.
Senhores nacionalistas e patriotas, voltem suas armas para quem realmente corrói o poder de nossas FFAA: o conluio fascista tucano-petista, que faz corpo mole à compra de 12 míseros aviõezinhos para defender nosso imenso território e põe em banho-maria a construção do nosso primeiro submarino nuclear e o re-equipamento do Exército. O inimigo não está lá no Norte, mas entre nós. Parem de invejar o que os outros têm e tratem de fazer do nosso país uma Nação potente para enfrentar as reais ameaças que nos rondam, pois a inveja destrói muito mais ao invejoso do que ao invejado!
Heitor De Paola, 20 Fevereiro 2012
Notas:
(1) L’Obsession Anti-Américaine, 2002
(2) Émile Littré, autor do Dictionnaire de la langue française, 1877
DEMOCRATIZANDO O EXTREMISMO
Internacional - Estados Unidos
Se você compra um Smith & Wesson calibre 22 e é contra o governo, você é um extremista. Mas se compra um fuzil-metralhadora, e é obamista devoto, está fora de suspeita.
O relatório do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (Homeland Securty) sobre o "extremismo de direita" – leiam em http://www.fas.org/irp/eprint/rightwing.pdf – é exemplo claríssimo de uma velha tática ditatorial: alertar contra um perigo hipotético, improvável ou inexistente para justificar a adoção de controles repressivos reais e imediatos.
Desde logo, um movimento, um partido, um grupo, não pode ser definido como "extremista" ou "moderado" somente com base no diagnóstico que ele faz da realidade. O extremismo, assim como a moderação, só começa quando do diagnóstico se passa a alguma proposta de ação, a alguma estratégia pelo menos genérica e abstrata.
Por exemplo, se alguém diz que o capitalismo se baseia na exploração dos pobres pelos ricos, não se pode deduzir daí que ele pregue a destruição violenta do regime, ou muito menos que a esteja planejando. Uma mesma descrição de um estado de coisas é compatível com muitas propostas de ação diferentes, ou até com a recusa de oferecer propostas.
O crítico do capitalismo pode achar que o regime deve ser mudado pacificamente e por via democrática. Ou pode achar que o capitalismo, por pior que seja, é ainda preferível às outras alternativas. Pode até achar que não há nada a fazer, que a exploração dos pobres é um destino inelutável da humanidade.
O Homeland Security ignora essas distinções elementares e começa a carimbar os cidadãos com o qualificativo infamante de "extremistas" simplesmente com base na visão que eles têm da realidade, no modo como eles enxergam o que está acontecendo.
Ao longo de todo o relatório, não se vê uma menção sequer a alguma proposta de ação política radical ou violenta dos "extremistas de direita". Estes são assim nomeados porque não gostam da administração Obama, porque acham que a imigração ilegal é um perigo para o país, porque são contra algum programa de "proteção às minorias" ou contra as legislações de controle de armas e, last not least, porque acreditam que há um governo mundial em formação, arriscando debilitar a soberania americana.
São puros delitos de opinião, dissociados de qualquer plano, veleidade ou sonho de ação concreta, seja "extremista", seja mesmo "moderada". Por esse critério, nenhum americano conservador escapa da classificação de "extremista". Quais, então, devem ser vigiados e, eventualmente, presos? Onde toda uma faixa da população está criminalizada a priori, o governo está livre para selecionar os suspeitos conforme as conveniências políticas do momento.
A política anti-extremista do Homeland Security começa a se parecer com a legislação fiscal e trabalhista do Brasil, calculada para colocar na ilegalidade todos os empresários, sem distinção, de modo que, nas diversas contingências da política, o governo se sinta à vontade para escolher quais lhe convém prender ou deixar à solta.
A única ação a que o relatório alude por alto não é política: consiste em comprar armas e munições. O próprio governo federal estimula o povo a fazer isso, na medida em que se recusa a agir decisivamente contra a imigração ilegal e, por outro lado, anuncia a cada momento novas medidas restritivas contra a posse de armas pelos cidadãos.
Essa conduta oficial induz cada americano a imaginar o que será da sua família quando sua casa for invadida por ilegais armados e ele não tiver sequer um 38 para se defender. O resultado é uma corrida às lojas de armas, que o mesmo governo, então, aponta como sinal de extremismo galopante. Como, porém, o relatório admite que o impulso de se armar é crescente não só entre os "extremistas" mas também entre os "cidadãos honestos", resta a pergunta: como distinguir estes daqueles?
O próprio relatório fornece a resposta, ao menos implicitamente: é preciso cruzar os critérios, articulando a compra de armas ao perfil de opinião.
Se você compra um Smith & Wesson calibre 22 e é contra o governo, você é um extremista. Mas se compra um fuzil-metralhadora, e é obamista devoto, está fora de suspeita.
Qualquer semelhança com a política nazista, que reprimia a posse de armas pelos cidadãos comuns, mas favorecia a emissão de licenças para os membros e simpatizantes do partido, é mera coincidência, não é mesmo?
Ou vocês são por acaso "teóricos da conspiração", portanto suspeitos de extremismo?
Para tornar as coisas um pouco mais sombrias, o presidente aprovou em 31 de dezembro passado, aproveitando a distração geral de fim de ano, um decreto que permite ao governo prender e manter preso indefinidamente, sem processo nem habeas corpus, qualquer suspeito de terrorismo (v. http://thinkprogress.org/ security/2011/12/31/396018/ breaking-obama-signs-defense-authorization-bill/?mobile=nc).
Com aquele seu típico ar de candura, no qual só mentes demoníacas enxergariam uma ponta de malícia, Obama assinou o decreto ao mesmo tempo que prometia não permitir sua aplicação. As mentes demoníacas começaram a perguntar: "Então por que aprovou, em vez de vetar?". Mas ainda não obtiveram resposta.
Como o Homeland Security inclui na lista de suspeitos virtuais de terrorismo quem quer que estoque alimentos para mais de uma semana (o que no temor geral de uma crise já virou epidemia), está claro que, uma vez carimbado como extremista, basta o sujeito fazer uma compra mais fornida no Walmart para sofrer um upgrade no catálogo, passando à categoria de terrorista.
Para metade da população americana, vai ser difícil escapar dessa. É claro que o governo não vai prender todo mundo. Vai prender, e manter na cadeia indefinidamente, quem bem lhe interesse.
Olavo de Carvalho, 20 Fevereiro 2012
Se você compra um Smith & Wesson calibre 22 e é contra o governo, você é um extremista. Mas se compra um fuzil-metralhadora, e é obamista devoto, está fora de suspeita.
O relatório do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (Homeland Securty) sobre o "extremismo de direita" – leiam em http://www.fas.org/irp/eprint/rightwing.pdf – é exemplo claríssimo de uma velha tática ditatorial: alertar contra um perigo hipotético, improvável ou inexistente para justificar a adoção de controles repressivos reais e imediatos.
Desde logo, um movimento, um partido, um grupo, não pode ser definido como "extremista" ou "moderado" somente com base no diagnóstico que ele faz da realidade. O extremismo, assim como a moderação, só começa quando do diagnóstico se passa a alguma proposta de ação, a alguma estratégia pelo menos genérica e abstrata.
Por exemplo, se alguém diz que o capitalismo se baseia na exploração dos pobres pelos ricos, não se pode deduzir daí que ele pregue a destruição violenta do regime, ou muito menos que a esteja planejando. Uma mesma descrição de um estado de coisas é compatível com muitas propostas de ação diferentes, ou até com a recusa de oferecer propostas.
O crítico do capitalismo pode achar que o regime deve ser mudado pacificamente e por via democrática. Ou pode achar que o capitalismo, por pior que seja, é ainda preferível às outras alternativas. Pode até achar que não há nada a fazer, que a exploração dos pobres é um destino inelutável da humanidade.
O Homeland Security ignora essas distinções elementares e começa a carimbar os cidadãos com o qualificativo infamante de "extremistas" simplesmente com base na visão que eles têm da realidade, no modo como eles enxergam o que está acontecendo.
Ao longo de todo o relatório, não se vê uma menção sequer a alguma proposta de ação política radical ou violenta dos "extremistas de direita". Estes são assim nomeados porque não gostam da administração Obama, porque acham que a imigração ilegal é um perigo para o país, porque são contra algum programa de "proteção às minorias" ou contra as legislações de controle de armas e, last not least, porque acreditam que há um governo mundial em formação, arriscando debilitar a soberania americana.
São puros delitos de opinião, dissociados de qualquer plano, veleidade ou sonho de ação concreta, seja "extremista", seja mesmo "moderada". Por esse critério, nenhum americano conservador escapa da classificação de "extremista". Quais, então, devem ser vigiados e, eventualmente, presos? Onde toda uma faixa da população está criminalizada a priori, o governo está livre para selecionar os suspeitos conforme as conveniências políticas do momento.
A política anti-extremista do Homeland Security começa a se parecer com a legislação fiscal e trabalhista do Brasil, calculada para colocar na ilegalidade todos os empresários, sem distinção, de modo que, nas diversas contingências da política, o governo se sinta à vontade para escolher quais lhe convém prender ou deixar à solta.
A única ação a que o relatório alude por alto não é política: consiste em comprar armas e munições. O próprio governo federal estimula o povo a fazer isso, na medida em que se recusa a agir decisivamente contra a imigração ilegal e, por outro lado, anuncia a cada momento novas medidas restritivas contra a posse de armas pelos cidadãos.
Essa conduta oficial induz cada americano a imaginar o que será da sua família quando sua casa for invadida por ilegais armados e ele não tiver sequer um 38 para se defender. O resultado é uma corrida às lojas de armas, que o mesmo governo, então, aponta como sinal de extremismo galopante. Como, porém, o relatório admite que o impulso de se armar é crescente não só entre os "extremistas" mas também entre os "cidadãos honestos", resta a pergunta: como distinguir estes daqueles?
O próprio relatório fornece a resposta, ao menos implicitamente: é preciso cruzar os critérios, articulando a compra de armas ao perfil de opinião.
Se você compra um Smith & Wesson calibre 22 e é contra o governo, você é um extremista. Mas se compra um fuzil-metralhadora, e é obamista devoto, está fora de suspeita.
Qualquer semelhança com a política nazista, que reprimia a posse de armas pelos cidadãos comuns, mas favorecia a emissão de licenças para os membros e simpatizantes do partido, é mera coincidência, não é mesmo?
Ou vocês são por acaso "teóricos da conspiração", portanto suspeitos de extremismo?
Para tornar as coisas um pouco mais sombrias, o presidente aprovou em 31 de dezembro passado, aproveitando a distração geral de fim de ano, um decreto que permite ao governo prender e manter preso indefinidamente, sem processo nem habeas corpus, qualquer suspeito de terrorismo (v. http://thinkprogress.org/ security/2011/12/31/396018/ breaking-obama-signs-defense-authorization-bill/?mobile=nc).
Com aquele seu típico ar de candura, no qual só mentes demoníacas enxergariam uma ponta de malícia, Obama assinou o decreto ao mesmo tempo que prometia não permitir sua aplicação. As mentes demoníacas começaram a perguntar: "Então por que aprovou, em vez de vetar?". Mas ainda não obtiveram resposta.
Como o Homeland Security inclui na lista de suspeitos virtuais de terrorismo quem quer que estoque alimentos para mais de uma semana (o que no temor geral de uma crise já virou epidemia), está claro que, uma vez carimbado como extremista, basta o sujeito fazer uma compra mais fornida no Walmart para sofrer um upgrade no catálogo, passando à categoria de terrorista.
Para metade da população americana, vai ser difícil escapar dessa. É claro que o governo não vai prender todo mundo. Vai prender, e manter na cadeia indefinidamente, quem bem lhe interesse.
Olavo de Carvalho, 20 Fevereiro 2012
MENSALÃO TESTARÁ FORÇA DA FICHA LIMPA
Nova lei enfrenta seu primeiro grande desafio ainda neste semestre; condenados ficarão praticamente uma década fora da política
BRASÍLIA - A Lei da Ficha Limpa, declarada constitucional na quinta-feira depois de 18 meses de discussões e 11 sessões de julgamento, passará por seu grande teste no julgamento do processo do mensalão, no Supremo Tribunal Federal (STF).
Um dia após julgarem a lei - que impede a candidatura de políticos condenados e daqueles que renunciam para fugir de processos de cassação -, ministros do STF ouvidos pelo Estado defenderam que o tribunal julgue no máximo até o meio do ano a ação sobre o suposto esquema de compra de votos de parlamentares. Se condenados, caso não haja exclusão de nenhum réu, os 38 mensaleiros ficarão fora da política por cerca de 10 anos.
Atualmente o Supremo está com sua composição completa, mas voltará a ter problemas de quórum em setembro, quando o ministro Cezar Peluso completa 70 anos e terá de se aposentar compulsoriamente. Em novembro, será a vez de Carlos Ayres Britto deixar a Corte por atingir o limite de idade no serviço público.
Demora. A história recente mostra que o Executivo tem demorado quase um semestre para indicar ministros para o STF. Isso ocorreu, por exemplo, com as mais recentes nomeações, de Luiz Fux, indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e Rosa Weber, pela presidente Dilma Rousseff, que também terá a missão de indicar os próximos dois ministros.
Um dos ministros do STF afirmou na sexta-feira, 17, que é fundamental que o tribunal julgue o processo com a composição atual, integrada majoritariamente por juízes que já conhecem o processo do mensalão porque participaram da sessão na qual a denúncia do Ministério Público foi recebida, em abril de 2006.
Como resultado do julgamento do mensalão, serão debatidos temas relevantes para a aplicação da Lei da Ficha Limpa, como cálculo de inelegibilidades e prescrição. No processo, os réus são acusados de ter cometido crimes como formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção, peculato, evasão de divisas e gestão fraudes.
17 de fevereiro de 2012
Mariângela Gallucci, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - A Lei da Ficha Limpa, declarada constitucional na quinta-feira depois de 18 meses de discussões e 11 sessões de julgamento, passará por seu grande teste no julgamento do processo do mensalão, no Supremo Tribunal Federal (STF).
Um dia após julgarem a lei - que impede a candidatura de políticos condenados e daqueles que renunciam para fugir de processos de cassação -, ministros do STF ouvidos pelo Estado defenderam que o tribunal julgue no máximo até o meio do ano a ação sobre o suposto esquema de compra de votos de parlamentares. Se condenados, caso não haja exclusão de nenhum réu, os 38 mensaleiros ficarão fora da política por cerca de 10 anos.
Atualmente o Supremo está com sua composição completa, mas voltará a ter problemas de quórum em setembro, quando o ministro Cezar Peluso completa 70 anos e terá de se aposentar compulsoriamente. Em novembro, será a vez de Carlos Ayres Britto deixar a Corte por atingir o limite de idade no serviço público.
Demora. A história recente mostra que o Executivo tem demorado quase um semestre para indicar ministros para o STF. Isso ocorreu, por exemplo, com as mais recentes nomeações, de Luiz Fux, indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e Rosa Weber, pela presidente Dilma Rousseff, que também terá a missão de indicar os próximos dois ministros.
Um dos ministros do STF afirmou na sexta-feira, 17, que é fundamental que o tribunal julgue o processo com a composição atual, integrada majoritariamente por juízes que já conhecem o processo do mensalão porque participaram da sessão na qual a denúncia do Ministério Público foi recebida, em abril de 2006.
Como resultado do julgamento do mensalão, serão debatidos temas relevantes para a aplicação da Lei da Ficha Limpa, como cálculo de inelegibilidades e prescrição. No processo, os réus são acusados de ter cometido crimes como formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção, peculato, evasão de divisas e gestão fraudes.
17 de fevereiro de 2012
Mariângela Gallucci, de O Estado de S.Paulo
NÃO É DE ESCOLA DE SAMBA, MAS É O CORDEL DA VERGONHA!
CORDEL: A FESTA DOS ABUTRES NO PAÍS DA HIPOCRISIA.
Quanto deboche e escárnio
No país do futebol
Do carnaval, da mentira
Das praias, dos rios e do sol.
Acontecem tantas coisas
debaixo dos nossos narizes
Que fingimos não enxergar
Para fingirmos ser felizes!
Se quando o olho não vê
Coração também não sente
Como aceitar o que é visto
E o coração pressente
E ainda assim continuar
A dar apoio e a votar
Nessa corja indecente?
Será que é pela esmola
De uma Bolsa qualquer
Que usa a fome do povo
Para enganar e eleger
Pois é grande humilhação
Em vez do trabalho, o pão
Que perpetua o poder.
Gonzaga dizia: “a esmola
para um homem que é são
Ou lhe mata de vergonha
Ou vicia o cidadão”
Preguiça remunerada
Está deixando viciada
Muita gente neste chão.
Tem gente que não acredita
Que houve o tal "mensalão"
Que o governo e seus comparsas
Assaltavam a nação
Esse povo sem memória
Se esqueceu da história
E apoia o canastrão.
Quando o mundo entra em crise
E pega fogo no circo
O narciso faz piada
E fica pagando mico
Brincando de marolinha
E ainda fazendo gracinha
Com chefe de país rico.
Falta dinheiro para tudo
Saúde e educação
Saneamento, segurança
Mas não para comprar avião
E para fazer propaganda
Para dizer que o país anda
Para vender ilusão.
Para quem pouco estudou
E que abomina a leitura
Faz muita mágica com números
A sapiente criatura
Mesmo com o bicho pegando
O desemprego rolando
E a vida cada vez mais dura.
E a justiça, esperança
De todo um povo sofrido
Só dá cadeia para pobre
E livra o rico bandido
Em cada nova decisão
Livra a cara de ladrão
E criminoso assumido.
Está ficando complicada
A vida neste rincão
Que gente de bom caráter
Considera uma nação
Onde há muita gente honesta
Mas quem faz mesmo a festa
É o canalha, o ladrão!
Temos que ficar atentos
E dormir de olho aberto
O lado negro da Força
Está cada vez mais perto
Há que haver informação
Pois somente a educação
Pode acabar com os espertos!
Mãe de todas as mentiras
Da hipocrisia e arrogância
Sinistro poste plantado
Pelo arcanjo da ganância
Deus nos livre da Estela
E de quem está por trás dela
Chega de roubo e lambança!
de Euripedes Barbosa Ribeiro
Camaçari - BA
Quanto deboche e escárnio
No país do futebol
Do carnaval, da mentira
Das praias, dos rios e do sol.
Acontecem tantas coisas
debaixo dos nossos narizes
Que fingimos não enxergar
Para fingirmos ser felizes!
Se quando o olho não vê
Coração também não sente
Como aceitar o que é visto
E o coração pressente
E ainda assim continuar
A dar apoio e a votar
Nessa corja indecente?
Será que é pela esmola
De uma Bolsa qualquer
Que usa a fome do povo
Para enganar e eleger
Pois é grande humilhação
Em vez do trabalho, o pão
Que perpetua o poder.
Gonzaga dizia: “a esmola
para um homem que é são
Ou lhe mata de vergonha
Ou vicia o cidadão”
Preguiça remunerada
Está deixando viciada
Muita gente neste chão.
Tem gente que não acredita
Que houve o tal "mensalão"
Que o governo e seus comparsas
Assaltavam a nação
Esse povo sem memória
Se esqueceu da história
E apoia o canastrão.
Quando o mundo entra em crise
E pega fogo no circo
O narciso faz piada
E fica pagando mico
Brincando de marolinha
E ainda fazendo gracinha
Com chefe de país rico.
Falta dinheiro para tudo
Saúde e educação
Saneamento, segurança
Mas não para comprar avião
E para fazer propaganda
Para dizer que o país anda
Para vender ilusão.
Para quem pouco estudou
E que abomina a leitura
Faz muita mágica com números
A sapiente criatura
Mesmo com o bicho pegando
O desemprego rolando
E a vida cada vez mais dura.
E a justiça, esperança
De todo um povo sofrido
Só dá cadeia para pobre
E livra o rico bandido
Em cada nova decisão
Livra a cara de ladrão
E criminoso assumido.
Está ficando complicada
A vida neste rincão
Que gente de bom caráter
Considera uma nação
Onde há muita gente honesta
Mas quem faz mesmo a festa
É o canalha, o ladrão!
Temos que ficar atentos
E dormir de olho aberto
O lado negro da Força
Está cada vez mais perto
Há que haver informação
Pois somente a educação
Pode acabar com os espertos!
Mãe de todas as mentiras
Da hipocrisia e arrogância
Sinistro poste plantado
Pelo arcanjo da ganância
Deus nos livre da Estela
E de quem está por trás dela
Chega de roubo e lambança!
de Euripedes Barbosa Ribeiro
Camaçari - BA
O IRÃ SERÁ ATACADO?
Washington fez tremendos preparativos para um ataque militar contra o Irã. Há especulações de que Washington põe de lado suas duas guerras mais longas, do Iraque e do Afeganistão, a fim de mobilizar forças contra o Irã.
Duas das frotas de Washington foram enviadas ao Golfo Pérsico, junto com navios de guerra da OTAN. Mísseis foram espalhados por Washington pelos emirados do petróleo e estados fantoches do Oriente Médio. Tropas norte-americanas foram implantadas em Israel e Kuwait.
Washington deu de presente a Israel um dispendioso sistema de defesa antimísseis, pago pelos já pressionados contribuintes americanos, um dinheiro gasto para Israel quando milhões de americanos sem assistência perderam suas casas.
Como ninguém espera que o Irã vá atacar Israel, exceto em retaliação por um ataque israelense ao Irã, o objetivo do sistema de defesa antimísseis é proteger Israel de uma resposta iraniana à agressão israelense contra o Irã.
Juan Cole postou em seu blog um mapa mostrando 44 bases militares americanas ao redor do Irã. Além dos preparativos militares maciços, há a guerra de propaganda contra o Irã, que está em andamento desde 1979, quando o xá do Irã, fantoche de Washington, foi derrubado pela revolução iraniana.
O Irã está cercado, mas Washington e a propaganda israelense retratam o Irã como um país agressor e ameaçador. Na verdade, os agressores são os governos de Washington e Tel Aviv, que constantemente ameaçam o Irã com um ataque militar.
Belicistas neoconservadores, como David Goldman, comparam o presidente iraniano a Hitler e declaram que só a guerra pode detê-lo. Chefes militares de Washington criaram a impressão de que um ato de agressão israelense contra o Irã é um negócio fechado.
Em 2 de fevereiro, o Washington Post noticiou que o diretor do Pentágono Leon Panetta acredita que Israel é capaz de atacar o Irã em dois ou quatro meses. Também em 2 de fevereiro, Gareth Porter afirmou que o general Martin Dempsey, presidente do Joint Chiefs of Staff dos EUA, informou o governo de Israel que os EUA não se juntariam a uma agressão de Israel contra o Irã, a menos que Washington tenha dado autorização prévia para o ataque.
Porter interpreta a advertência de Dempsey como um forte movimento empreendido pelo presidente Obama a fim de deter um ataque que envolveria Washington em uma conflagração regional com o Irã. Uma maneira diferente de ler o aviso Dempsey é que Obama quer adiar um ataque ao Irã até que as pesquisas mostrem que ele perderia a eleição presidencial.
A experiência diz que o eleitorado patriótico não abandona um presidente que está em guerra.
Em 5 de fevereiro, o presidente Barack Obama anulou a advertência de Dempsey a Israel, quando declarou que estava em “sincronia” com o governo israelense. Obama está em sintonia com Israel, apesar do fato de Obama ter dito à NBC que “não vemos qualquer evidência de que eles [o Irã] têm essas intenções [ataques contra os EUA] ou capacidades.”
Por estar em sintonia com Israel e, simultaneamente, chamando para uma “solução diplomática”, Obama apazigua tanto o lobby de Israel quanto os grupos de paz democrática, aumentando assim os seus votos.
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O DINHEIRO DE WASHINGTON
Como escrevi anteriormente, esta primavera é um tempo privilegiado para atacar o Irã, porque há uma boa chance de que a Rússia entre em tumulto por causa de sua eleição de março. A oposição russa a Putin é financiada por Washington e encorajada por declarações de Washington, especialmente as de Hillary Clinton, secretária de Estado.
Se Putin ganhar ou se houver um resultado indeciso e um segundo turno, o dinheiro de Washington vai colocar dezenas de milhares de russos nas ruas, tal como o dinheiro de Washington criou a “Revolução Verde” no Irã para protestar contra as eleições presidenciais lá.
Em 4 de fevereiro, jornal britânico olutrora de esquerda The Guardian informou sobre um protesto pré-eleitoral com 120.000 manifestantes anti-Putin, que marcharam em Moscou e exigiam “eleições livres e justas.” Em outras palavras, Washington já tem seus asseclas, declarando que uma vitória de Putin em março só pode significar uma eleição roubada.
O problema para Obama é que durante a primavera deste ano será cedo demais para dizer se sua reeleição está ameaçada por um candidato republicano. Ir à guerra prematuramente, especialmente se o resultado for um aumento forte nos preços do petróleo, não seria uma ajuda à reeleição.
A disposição dos povos ao redor de mundo a serem meros fantoches de Washington, em vez de cidadãos leais de seus próprios países, é a razão pela qual o Ocidente tem sido capaz de dominar o mundo durante a era moderna. Parece haver um suprimento infinito de líderes estrangeiros que preferem o dinheiro e o favorecimento de Washington à lealdade para com os interesses de seus próprios países.
Como disse Karl Marx, o dinheiro transforma tudo em mercadoria que pode ser comprada e vendida. Todos os demais valores são apagados – honra, integridade, verdade, justiça, lealdade, até os laços de sangue. Nada permanece, senão a torpe ganância. Dinheiro certamente foi o que transformou o primeiro-ministro britânico Tony Blair em uma mercadoria política.
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NÃO HÁ PRIMAVERA EGÍPCIA
Esse é o modo como Washington domina. A maneira de Washington de dominar outros países é a razão pela qual não há “Primavera Egípcia”, e sim uma ditadura militar como um substituto para o fantoche Hosni Mubarak descartado por Washington, e por que estados fantoches europeus estão lutando guerras de Washington pela hegemonia no Oriente Médio, África do Norte e Central Ásia.
O Fundo Nacional para a Democracia de Washington financia organizações não-governamentais (ONGs) que interferem nos assuntos internos de outros países. É através das operações de ONGs que Washington acrescentou a ex-república soviética da Geórgia ao império de Washington, junto com os Estados bálticos e países da Europa Oriental.
Por causa da hostilidade de muitos russos a seu passado soviético, a Rússia está vulnerável a maquinações de Washington. Enquanto o dólar dominar, o poder de Washington vai dominar.
Paul Craig Roberts – economista, secretário-assistente do Tesouro no governo Reagan, é hoje um dos mais destacados cronistas dos EUA.
20 de fevereiro de 2012
Paul Craig Roberts
Duas das frotas de Washington foram enviadas ao Golfo Pérsico, junto com navios de guerra da OTAN. Mísseis foram espalhados por Washington pelos emirados do petróleo e estados fantoches do Oriente Médio. Tropas norte-americanas foram implantadas em Israel e Kuwait.
Washington deu de presente a Israel um dispendioso sistema de defesa antimísseis, pago pelos já pressionados contribuintes americanos, um dinheiro gasto para Israel quando milhões de americanos sem assistência perderam suas casas.
Como ninguém espera que o Irã vá atacar Israel, exceto em retaliação por um ataque israelense ao Irã, o objetivo do sistema de defesa antimísseis é proteger Israel de uma resposta iraniana à agressão israelense contra o Irã.
Juan Cole postou em seu blog um mapa mostrando 44 bases militares americanas ao redor do Irã. Além dos preparativos militares maciços, há a guerra de propaganda contra o Irã, que está em andamento desde 1979, quando o xá do Irã, fantoche de Washington, foi derrubado pela revolução iraniana.
O Irã está cercado, mas Washington e a propaganda israelense retratam o Irã como um país agressor e ameaçador. Na verdade, os agressores são os governos de Washington e Tel Aviv, que constantemente ameaçam o Irã com um ataque militar.
Belicistas neoconservadores, como David Goldman, comparam o presidente iraniano a Hitler e declaram que só a guerra pode detê-lo. Chefes militares de Washington criaram a impressão de que um ato de agressão israelense contra o Irã é um negócio fechado.
Em 2 de fevereiro, o Washington Post noticiou que o diretor do Pentágono Leon Panetta acredita que Israel é capaz de atacar o Irã em dois ou quatro meses. Também em 2 de fevereiro, Gareth Porter afirmou que o general Martin Dempsey, presidente do Joint Chiefs of Staff dos EUA, informou o governo de Israel que os EUA não se juntariam a uma agressão de Israel contra o Irã, a menos que Washington tenha dado autorização prévia para o ataque.
Porter interpreta a advertência de Dempsey como um forte movimento empreendido pelo presidente Obama a fim de deter um ataque que envolveria Washington em uma conflagração regional com o Irã. Uma maneira diferente de ler o aviso Dempsey é que Obama quer adiar um ataque ao Irã até que as pesquisas mostrem que ele perderia a eleição presidencial.
A experiência diz que o eleitorado patriótico não abandona um presidente que está em guerra.
Em 5 de fevereiro, o presidente Barack Obama anulou a advertência de Dempsey a Israel, quando declarou que estava em “sincronia” com o governo israelense. Obama está em sintonia com Israel, apesar do fato de Obama ter dito à NBC que “não vemos qualquer evidência de que eles [o Irã] têm essas intenções [ataques contra os EUA] ou capacidades.”
Por estar em sintonia com Israel e, simultaneamente, chamando para uma “solução diplomática”, Obama apazigua tanto o lobby de Israel quanto os grupos de paz democrática, aumentando assim os seus votos.
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O DINHEIRO DE WASHINGTON
Como escrevi anteriormente, esta primavera é um tempo privilegiado para atacar o Irã, porque há uma boa chance de que a Rússia entre em tumulto por causa de sua eleição de março. A oposição russa a Putin é financiada por Washington e encorajada por declarações de Washington, especialmente as de Hillary Clinton, secretária de Estado.
Se Putin ganhar ou se houver um resultado indeciso e um segundo turno, o dinheiro de Washington vai colocar dezenas de milhares de russos nas ruas, tal como o dinheiro de Washington criou a “Revolução Verde” no Irã para protestar contra as eleições presidenciais lá.
Em 4 de fevereiro, jornal britânico olutrora de esquerda The Guardian informou sobre um protesto pré-eleitoral com 120.000 manifestantes anti-Putin, que marcharam em Moscou e exigiam “eleições livres e justas.” Em outras palavras, Washington já tem seus asseclas, declarando que uma vitória de Putin em março só pode significar uma eleição roubada.
O problema para Obama é que durante a primavera deste ano será cedo demais para dizer se sua reeleição está ameaçada por um candidato republicano. Ir à guerra prematuramente, especialmente se o resultado for um aumento forte nos preços do petróleo, não seria uma ajuda à reeleição.
A disposição dos povos ao redor de mundo a serem meros fantoches de Washington, em vez de cidadãos leais de seus próprios países, é a razão pela qual o Ocidente tem sido capaz de dominar o mundo durante a era moderna. Parece haver um suprimento infinito de líderes estrangeiros que preferem o dinheiro e o favorecimento de Washington à lealdade para com os interesses de seus próprios países.
Como disse Karl Marx, o dinheiro transforma tudo em mercadoria que pode ser comprada e vendida. Todos os demais valores são apagados – honra, integridade, verdade, justiça, lealdade, até os laços de sangue. Nada permanece, senão a torpe ganância. Dinheiro certamente foi o que transformou o primeiro-ministro britânico Tony Blair em uma mercadoria política.
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NÃO HÁ PRIMAVERA EGÍPCIA
Esse é o modo como Washington domina. A maneira de Washington de dominar outros países é a razão pela qual não há “Primavera Egípcia”, e sim uma ditadura militar como um substituto para o fantoche Hosni Mubarak descartado por Washington, e por que estados fantoches europeus estão lutando guerras de Washington pela hegemonia no Oriente Médio, África do Norte e Central Ásia.
O Fundo Nacional para a Democracia de Washington financia organizações não-governamentais (ONGs) que interferem nos assuntos internos de outros países. É através das operações de ONGs que Washington acrescentou a ex-república soviética da Geórgia ao império de Washington, junto com os Estados bálticos e países da Europa Oriental.
Por causa da hostilidade de muitos russos a seu passado soviético, a Rússia está vulnerável a maquinações de Washington. Enquanto o dólar dominar, o poder de Washington vai dominar.
Paul Craig Roberts – economista, secretário-assistente do Tesouro no governo Reagan, é hoje um dos mais destacados cronistas dos EUA.
20 de fevereiro de 2012
Paul Craig Roberts
CARNAVAL DO BRASIL OU BRASIL DO CARNAVAL?
Relação entre a folia e a formação da identidade brasileira é via de mão dupla, garante especialista.
De um lado, alegorias suntuosas, fantasias repletas de brilho e luxo e celebridades instaladas em disputadíssimos camarotes. De outro, subúrbios decorados com confete e serpentinas, sprays de espuma e a simplicidade de pessoas de todas as camadas sociais que tomam ruas e praças nesta época do ano.
O que vem primeiro à cabeça quando se fala em Carnaval brasileiro?
Ainda que essas duas facetas da folia possam parecer divergentes à primeira vista, na verdade, elas têm muito mais do que o calendário em comum. Para a professora Helenise Monteiro Guimarães, vice-diretora da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisadora de cultura popular e Carnaval, a festa carnavalesca é um dos eventos que melhor traduz a riqueza e a multiplicidade das manifestações culturais do Brasil. Ao mesmo tempo em que o feriado mais aguardado e comemorado pela maioria do povo apresenta uma tendência cada vez mais clara de espetacularização — marcada pela competição e disputa no desfile das escolas de samba —, ele também conserva traços de festa popular e profana, com o ressurgimento de blocos, bandas, grupos de bate-bolas, afoxés, bailes carnavalescos de clubes e bailes gays.
“Ao longo do século XX, o Carnaval brasileiro foi divulgado no exterior como cartão postal nacional. A mídia teve papel fundamental nesta exposição, mas foram os indivíduos – brincantes, profissionais, turistas e o público em geral – que consolidaram o diferencial de nossa festa, exportada hoje para diversos países”, ressalta Helenise Guimarães, que também é jurada do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro no quesito ‘Alegorias e Adereços’.
Caldeirão de cultura e símbolo do povo
Se hoje as agremiações competem entre si na avenida, a disputa em outros carnavais era com outro adversário. Quando as escolas de samba surgiram no Rio de Janeiro, ainda no final da década de 1920, o Carnaval privilegiava os bailes de gala, como o do Theatro Municipal. A demanda por sofisticação e elegância devia-se a um projeto das autoridades — como o prefeito Pereira Passos, famoso pelas grandes transformações urbanas que empreendeu durante seu governo — que visavam tornar a cidade atrativa para personalidades estrangeiras.
“O que marcaria a vitalidade das escolas de samba seria a luta por encontrar lugar em um cenário no qual primavam os bailes de gala”, explica a pesquisadora. “Se antes o Carnaval era uma festa estratificada, a escola de samba veio para integrar camadas sociais diferentes e se tornar, com o desfile, o elemento central do evento mais importante da cidade, tão emblemático que se transformou em um modelo copiado e revisto em outros estados”, completa.
Segundo Helenise Guimarães, foi a partir daí que se criou um modelo de Carnaval brasileiro. Nascido no Rio de Janeiro, o conjunto que gerou o que vemos atualmente se espalhou pelo país, ganhando características regionais. Nesse processo, tanto a identidade brasileira fabricou um Carnaval diferenciado dos demais realizados em outros paises quanto a essência carnavalesca contribuiu para a formação de nossa brasilidade.
“A contribuição do Carnaval para a ‘identidade brasileira’ é a de reafirmar nossa multiplicidade cultural e capacidade de reunir grupos de indivíduos de diferentes níveis socioeconômicos com a mesma força demonstrada, por exemplo, pelo futebol e a paixão de suas torcidas unificadas na grande competição que é a Copa do Mundo”, esclarece Helenise Guimarães.
É justamente nessa miscelânea de cores, músicas, cantos e danças que reside a importância — sociocultural, econômica, política, artística e histórica — do Carnaval para os brasileiros, garante a pesquisadora. “Este é o mistério que cerca a nossa grande festa: a soma da sensualidade de rainhas, o suor de ritmistas e a grandiosidade plástica de alegorias, mas também o mar de multidões que tomam conta das ruas, dos coretos dos bairros ainda existentes e dos bailes que atravessam as madrugadas, para tudo ultrapassar – sempre – a Quarta-feira de Cinzas”, filosofa.
Camilla Muniz
19/02/2012
Caro leitor,
Em sua opinião, qual o maior símbolo do Carnaval brasileiro?
Você considera o Carnaval uma festa democrática?
Qual a importância do Carnaval para o povo brasileiro?
NOTA AO PÉ DO TEXTO
Eu hein!!! Falta mesmo do que escrever...
É aquele verso "quem não tem colírio usa óculos escuros..."
Até parece aquelas velhas propagandas de cigarro, sempre associadas à saúde e aos esportes, provando que câncer é coisa de gente ignorante ou que tem asma...
Ingenuidade ou provocação? Será que ela acredita mesmo que o carnaval contribuiu de fato para a "identidade da cultura brasileira", reafirmando sua "multiplicidade"?!? Então está tudo explicado!!! Tudo e mais alguma coisa!
E vamos cair na folia, já que na quinta-feira voltamos a nossa identidade cultural: corrupção, mensalão, consultorias variadas, fraude eleitoral e muitas outras folias, e que não são do velho momo...
m.americo
De um lado, alegorias suntuosas, fantasias repletas de brilho e luxo e celebridades instaladas em disputadíssimos camarotes. De outro, subúrbios decorados com confete e serpentinas, sprays de espuma e a simplicidade de pessoas de todas as camadas sociais que tomam ruas e praças nesta época do ano.
O que vem primeiro à cabeça quando se fala em Carnaval brasileiro?
Ainda que essas duas facetas da folia possam parecer divergentes à primeira vista, na verdade, elas têm muito mais do que o calendário em comum. Para a professora Helenise Monteiro Guimarães, vice-diretora da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisadora de cultura popular e Carnaval, a festa carnavalesca é um dos eventos que melhor traduz a riqueza e a multiplicidade das manifestações culturais do Brasil. Ao mesmo tempo em que o feriado mais aguardado e comemorado pela maioria do povo apresenta uma tendência cada vez mais clara de espetacularização — marcada pela competição e disputa no desfile das escolas de samba —, ele também conserva traços de festa popular e profana, com o ressurgimento de blocos, bandas, grupos de bate-bolas, afoxés, bailes carnavalescos de clubes e bailes gays.
“Ao longo do século XX, o Carnaval brasileiro foi divulgado no exterior como cartão postal nacional. A mídia teve papel fundamental nesta exposição, mas foram os indivíduos – brincantes, profissionais, turistas e o público em geral – que consolidaram o diferencial de nossa festa, exportada hoje para diversos países”, ressalta Helenise Guimarães, que também é jurada do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro no quesito ‘Alegorias e Adereços’.
Caldeirão de cultura e símbolo do povo
Se hoje as agremiações competem entre si na avenida, a disputa em outros carnavais era com outro adversário. Quando as escolas de samba surgiram no Rio de Janeiro, ainda no final da década de 1920, o Carnaval privilegiava os bailes de gala, como o do Theatro Municipal. A demanda por sofisticação e elegância devia-se a um projeto das autoridades — como o prefeito Pereira Passos, famoso pelas grandes transformações urbanas que empreendeu durante seu governo — que visavam tornar a cidade atrativa para personalidades estrangeiras.
“O que marcaria a vitalidade das escolas de samba seria a luta por encontrar lugar em um cenário no qual primavam os bailes de gala”, explica a pesquisadora. “Se antes o Carnaval era uma festa estratificada, a escola de samba veio para integrar camadas sociais diferentes e se tornar, com o desfile, o elemento central do evento mais importante da cidade, tão emblemático que se transformou em um modelo copiado e revisto em outros estados”, completa.
Segundo Helenise Guimarães, foi a partir daí que se criou um modelo de Carnaval brasileiro. Nascido no Rio de Janeiro, o conjunto que gerou o que vemos atualmente se espalhou pelo país, ganhando características regionais. Nesse processo, tanto a identidade brasileira fabricou um Carnaval diferenciado dos demais realizados em outros paises quanto a essência carnavalesca contribuiu para a formação de nossa brasilidade.
“A contribuição do Carnaval para a ‘identidade brasileira’ é a de reafirmar nossa multiplicidade cultural e capacidade de reunir grupos de indivíduos de diferentes níveis socioeconômicos com a mesma força demonstrada, por exemplo, pelo futebol e a paixão de suas torcidas unificadas na grande competição que é a Copa do Mundo”, esclarece Helenise Guimarães.
É justamente nessa miscelânea de cores, músicas, cantos e danças que reside a importância — sociocultural, econômica, política, artística e histórica — do Carnaval para os brasileiros, garante a pesquisadora. “Este é o mistério que cerca a nossa grande festa: a soma da sensualidade de rainhas, o suor de ritmistas e a grandiosidade plástica de alegorias, mas também o mar de multidões que tomam conta das ruas, dos coretos dos bairros ainda existentes e dos bailes que atravessam as madrugadas, para tudo ultrapassar – sempre – a Quarta-feira de Cinzas”, filosofa.
Camilla Muniz
19/02/2012
Caro leitor,
Em sua opinião, qual o maior símbolo do Carnaval brasileiro?
Você considera o Carnaval uma festa democrática?
Qual a importância do Carnaval para o povo brasileiro?
NOTA AO PÉ DO TEXTO
Eu hein!!! Falta mesmo do que escrever...
É aquele verso "quem não tem colírio usa óculos escuros..."
Até parece aquelas velhas propagandas de cigarro, sempre associadas à saúde e aos esportes, provando que câncer é coisa de gente ignorante ou que tem asma...
Ingenuidade ou provocação? Será que ela acredita mesmo que o carnaval contribuiu de fato para a "identidade da cultura brasileira", reafirmando sua "multiplicidade"?!? Então está tudo explicado!!! Tudo e mais alguma coisa!
E vamos cair na folia, já que na quinta-feira voltamos a nossa identidade cultural: corrupção, mensalão, consultorias variadas, fraude eleitoral e muitas outras folias, e que não são do velho momo...
m.americo
PARTIDOS OU MOEDAS DE TROCA?
Nesta era de partidos que são apenas moedas de troca, apoio do PSD a Serra tumultua a eleição para a Prefeitura de São Paulo.
A confusão é geral. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), que anunciou apoio ao candidato petista Fernando Haddad, repentinamente mudou de lado e já avisou ao PT que o novo partido agora prefere o tucano José Serra, que ninguém sabe se será mesmo candidato à eleição da Prefeitura de São Paulo. O governador Geraldo Alckmin, inclusive, ficou de procurar Serra no feriado para ter uma definição.
Ao mesmo tempo, circula a notícia de que a indefinição das negociações na capital não deverá interferir nas articulações para alianças entre PT e PSD em cidades-chave do Estado de São Paulo. Os dois partidos estavam negociando uma estratégia “casada”, que incluía o apoio do PSD do prefeito Gilberto Kassab a Fernando Haddad (PT) e que se replicaria em locais estratégicos, principalmente na Grande São Paulo.
Em função dessa instabilidade de Kassab, que faz o jogo do “quem dá mais”, o PT entrou em desespero e tenta tirar definitivamente o PSD da órbita do PSDB e ter o novo partido também como aliado na estratégia de derrotar o governador Geraldo Alckmin na eleição de 2014, porque o objetivo da aproximação entre as duas legendas não se esgota nas disputas municipais deste ano.
Traduzindo: tudo isso mostra a que ponto caiu a política brasileira, com os partidos se transformando em moedas de troca e barrigas de aluguel, já que faz tempo as ideologias foram para o espaço e hoje o capitalismo, o socialismo, o marxismo, o neoliberalismo e o trabalhismo nada significam. Esta é a realidade.
Carlos Newton
20 de fevereiro de 2012
A confusão é geral. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), que anunciou apoio ao candidato petista Fernando Haddad, repentinamente mudou de lado e já avisou ao PT que o novo partido agora prefere o tucano José Serra, que ninguém sabe se será mesmo candidato à eleição da Prefeitura de São Paulo. O governador Geraldo Alckmin, inclusive, ficou de procurar Serra no feriado para ter uma definição.
Ao mesmo tempo, circula a notícia de que a indefinição das negociações na capital não deverá interferir nas articulações para alianças entre PT e PSD em cidades-chave do Estado de São Paulo. Os dois partidos estavam negociando uma estratégia “casada”, que incluía o apoio do PSD do prefeito Gilberto Kassab a Fernando Haddad (PT) e que se replicaria em locais estratégicos, principalmente na Grande São Paulo.
Em função dessa instabilidade de Kassab, que faz o jogo do “quem dá mais”, o PT entrou em desespero e tenta tirar definitivamente o PSD da órbita do PSDB e ter o novo partido também como aliado na estratégia de derrotar o governador Geraldo Alckmin na eleição de 2014, porque o objetivo da aproximação entre as duas legendas não se esgota nas disputas municipais deste ano.
Traduzindo: tudo isso mostra a que ponto caiu a política brasileira, com os partidos se transformando em moedas de troca e barrigas de aluguel, já que faz tempo as ideologias foram para o espaço e hoje o capitalismo, o socialismo, o marxismo, o neoliberalismo e o trabalhismo nada significam. Esta é a realidade.
Carlos Newton
20 de fevereiro de 2012
AUSTERIDADE GREGA FICARÁ AINDA MAIS INTENSA
Anúncio de cortes de gastos em setores vitais é acompanhado de manifestações populares violentas na Grécia.
O padrão se tornou familiar: um voto de austeridade de última hora no Parlamento grego, e um tumulto na praça do lado de fora. Desta vez, a violência foi mais longe, com gangues de jovens incendiando quase 50 prédios no centro histórico da cidade. Vários pontos importantes da cidade, incluindo uma mansão do século XIX, que agora é um cinema popular, foram atingidos. Lojas vendendo bens de luxo foram saqueadas. O cheiro de gás lacrimogêneo e fuligem permaneceu no ar por dias.
Os gregos se acostumaram a protestos nas ruas após vários anos de declínio econômico, mas ainda assim eles ficaram chocados com os danos da noite de 12 de fevereiro. Criminosos, e não os esquerdistas, foram os culpados, dizem as vítimas. George Stergiakis, dono de um cinema na cidade, diz que sua propriedade foi bombardeada depois que ele se recusou a aceitar exigências de “dinheiro de proteção”. Quem quer que seja o responsável, os ataques incendiários reforçaram medos de que, com a deterioração da economia, o caos social continue.
O PIB grego diminuiu em quase 7% em 2011. Ele cairá novamente este ano, em pelo menos 4%, de acordo com o trio – Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional – responsável pelo resgate financeiro da Grécia.
Políticos gregos dizem que estão determinados a fazer um trabalho melhor. A tensa coalizão entre os socialistas do Pasok e os conservadores da Nova Democracia (o Laos, um pequeno partido de direita abandonou o grupo) sob o comando de Lucas Papademos, um ex-membro do Banco Central, aceitou um corte de € 3,3 bilhões nos gastos.
O próximo passo é aprovar um novo programa de reforma de três anos em troca de um novo resgate de € 130 bilhões, que, com uma grande reestruturação da dívida, deve evitar uma moratória desordenada no próximo mês.
As últimas medidas são mais duras que as anteriores. Planos de aumento da receita foram abandonados. Ao invés disso, salários e pensões serão cortados, assim como gastos com a Defesa e a Saúde. Os críticos dizem que esses cortes só aumentarão a pobreza da Grécia. Eles afirmam que uma redução de 22% no salário mínimo, que visa impulsionar a competitividade, diminuirá a economia em mais 1,5% em 2012, já que trabalhadores sem dinheiro consumirão menos.
Para fazer com que as reformas deem certo, o ministro alemão, Wolfgang Schäuble chegou a sugerir que as eleições sejam adiadas, e que seja formada uma pequena equipe de governo tecnocrática como a da Itália, para comandar a Grécia nos próximos dois anos. Os gregos estão cada vez mais receosos com o que eles consideram uma arrogância dos alemães. O presidente grego, Karolos Papoulias, perguntou: “Quem é o Sr. Schäuble para difamar a Grécia? Quem são os holandeses? Quem são os finlandeses?”. Um manifestante pichou uma placa do prédio do Banco da Grécia, substituindo “Grécia” por “Berlim”. Mas os ânimos divididos também refletem os medos crescentes de um possível êxodo grego da zona do euro.
Fontes:The Economist - Flaming February
opinião e notícia
NO CARNAVAL, AUMENTA A IMPORTÂNCIA DO RESPEITO À LEI SECA
A Lei Seca significa um avanço para um trânsito assassino onde os acidentes de trajeto são a maior causa de mortes de jovens no país. Em 2010 ultrapassou a 40 mil o número total de óbitos no trânsito brasileiro. Uma morte (em média) a cada 15 minutos. Em Brasília, a cada 4 dias um jovem morre no trânsito.
Em Ceilândia, nas cercanias da capital federal, em meados do mês passado, num só acidente envolvendo apenas um carro em descontrole, na saída de uma festa na madrugada, seis jovens morreram. Cinco moças e o rapaz que conduzia o veículo. Nenhum deles fazia uso do cinto de segurança. Tinham no máximo 19 anos de idade. Mais seis famílias destroçadas para o resto de suas existências, numa interminável e triste rotina.
Portanto, os projetos no Congresso para fechar as brechas da Lei Seca são de extrema importância na busca de um trânsito mais humano e menos violento. Falta agora caracterizar o homicídio no trânsito, por direção alcoolizada ou excesso de velocidade, em crime doloso.
Porém, tão ou mais importante que endurecer a lei seria também investir maciçamente na prevenção. Educar para o trânsito é educar para a vida. Se beber não dirija. Respeite as normas de trânsito. Preserve a vida. Não faça de seu carro uma arma. A própria vítima pode ser você.
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TWITTER CONTRA A LEI SECA
Finalmente, vale destacar que está aberto em território nacional, o debate sobre a legalidade do microblog Twitter Lei Seca. A Advocacia Geral da União (AGU), a meu ver acertadamente, pois tal procedimento enfraquece as blitzes de trânsito e protege os alcoolizados do volante, acaba de entrar com uma ação de bloqueio das contas do referido microblog.
As alegações da AGU se prendem à violação de dispositivos do Código Penal e do Código de Trânsito Brasileiro, cuja finalidade precípua é a defesa da vida. O Ministério Público Federal de Goiás, em parecer contrário, alega que tal medida, numa sociedade aberta, fere princípios de liberdade ao proibir o livre fluxo de informações na Internet.
Está, portanto, aberta a instigante discussão. Que a vitória do debate esteja contra os que tentam, de todas as formas, obstar a ação legal e preventiva dos órgãos de fiscalização de trânsito. O objetivo primordial da Lei Seca é evitar tragédias. Aprenda-se.
20 de fevereiro de 2012
Milton Correa da Costa
Em Ceilândia, nas cercanias da capital federal, em meados do mês passado, num só acidente envolvendo apenas um carro em descontrole, na saída de uma festa na madrugada, seis jovens morreram. Cinco moças e o rapaz que conduzia o veículo. Nenhum deles fazia uso do cinto de segurança. Tinham no máximo 19 anos de idade. Mais seis famílias destroçadas para o resto de suas existências, numa interminável e triste rotina.
Portanto, os projetos no Congresso para fechar as brechas da Lei Seca são de extrema importância na busca de um trânsito mais humano e menos violento. Falta agora caracterizar o homicídio no trânsito, por direção alcoolizada ou excesso de velocidade, em crime doloso.
Porém, tão ou mais importante que endurecer a lei seria também investir maciçamente na prevenção. Educar para o trânsito é educar para a vida. Se beber não dirija. Respeite as normas de trânsito. Preserve a vida. Não faça de seu carro uma arma. A própria vítima pode ser você.
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TWITTER CONTRA A LEI SECA
Finalmente, vale destacar que está aberto em território nacional, o debate sobre a legalidade do microblog Twitter Lei Seca. A Advocacia Geral da União (AGU), a meu ver acertadamente, pois tal procedimento enfraquece as blitzes de trânsito e protege os alcoolizados do volante, acaba de entrar com uma ação de bloqueio das contas do referido microblog.
As alegações da AGU se prendem à violação de dispositivos do Código Penal e do Código de Trânsito Brasileiro, cuja finalidade precípua é a defesa da vida. O Ministério Público Federal de Goiás, em parecer contrário, alega que tal medida, numa sociedade aberta, fere princípios de liberdade ao proibir o livre fluxo de informações na Internet.
Está, portanto, aberta a instigante discussão. Que a vitória do debate esteja contra os que tentam, de todas as formas, obstar a ação legal e preventiva dos órgãos de fiscalização de trânsito. O objetivo primordial da Lei Seca é evitar tragédias. Aprenda-se.
20 de fevereiro de 2012
Milton Correa da Costa
A ESQUERDA É COISA DE IMBECIL. LIVE WITH THAT.
Esquerda é coisa de imbecil. Live with that.
O Lobão (o músico, não o ministro) afirmou que esquerda é coisa de imbecil, tendo sido vaiado imediatamente por tal acinte. Fosse o Lobão ministro, e não o músico, já teria sido ejetado de seu cargo sem possibilidade de retratação pública por ir contra a causa. Ejetado bem mais facilmente do que Palocci, que pelo visto corre mais risco de ser canonizado no cargo pelo milagre da multiplicação de seu patrimônio. Isso, é claro, porque o governo é de esquerda.
É um tanto quanto imbecil pechar um indivíduo por ser de esquerda ou de direita. Sabemos que as pessoas não se dividem tão bem em duas únicas categorias. Os EUA são um país até mesmo bipartidário, e os pensamentos no grande império não se dividem em dois. A esquerda e a direita foram divisões mais funcionais do que ideológicas em sua origem. Não se define um homem por ser de esquerda. Para piorar, é ainda mais imbecil considerar que “esquerda” e “direita” são pontos extremos de uma linha reta – o que gera a imbecilidade de se pensar que qualquer pensamento que vá fora do padrão ideológico que unifica cada lado imediatamente está abrindo concessão para o outro lado.
Mas podemos analisar se Lobão está constatando uma imbecilidade ou se está sendo um imbecil.
Prioridades imbecis da esquerda
A esquerda tende a pensar no interesse coletivo como primordial ao interesse individual. Ninguém nunca definiu direito o que é essa parada de “interesse coletivo”. A julgar pelo que conheço, tem algo a ver com o Corinthians. É estranho pensar que o tal “interesse coletivo” seja lá algo muito político. Ainda mais que o interesse coletivo seja algo político que vá contra os políticos escolhidos pelo coletivo.
Seja como for, o coletivo deve ter uma ordem de interesses que prioriza os mais urgentes. Temos um exemplo prático disso. Na noite da quarta-feira 19/06, o estudante Felipe Ramos de Paiva, 24 anos, foi alvejado com um tiro quando voltava para seu carro no estacionamento da Faculdade de Economia e Administração e Contabilidade da USP (FEA-USP), após sair de um caixa eletrônico. O estudante morreu no local. Patrulhas da PM fizeram blitz em cada portão, procurando um veículo suspeito – um utilitário. A polícia já ouviu 7 pessoas, mas ainda ninguém foi preso. A Cidade Universitária da USP vinha sofrendo uma onda de seqüestros-relâmpagos nos últimos 2 meses antes desta tragédia.
Numa mórbida coincidência, na tarde do dia seguinte uma estudante de enfermagem da UFAC – Universidade Federal do Acre foi rendida por 2 homens armados, forçada a entrar num carro, estuprada e espancada.
Podemos compreender que essas duas vítimas em dois dias foram o ápice de uma seqüência de falta de segurança que prolifera nos campi das Universidades públicasgratuitasedequalidade desse país. Há estudantes em risco. Há mulheres que sofrem, e o mínimo que se poderia fazer por elas é lhes dar um pingo de justiça. Os campi são zonas sem lei, e se estudantes inocentes, que são os que devem ser beneficiários da tal educação públicagratuitaedequalidade, estão sofrendo violência que culmina em assassinato e estupro, nada seria mais óbvio do que a esquerda ser a primeira a protestar contra a falta de segurança nos campi.
Poderíamos imaginar que estivesse sendo organizado um tuitaço #PMnocampus, já que estupro e assassinato não são lá grandiosos motivos para fazer assembléias e marchas. Na FFLCH, o centro do universo comunista nos dias que se seguem, só pudemos encontrar a seguinte nota pela segurança no dia seguinte:
A esquerda é tão preocupada com as minorias que estava preocupadíssima em realizar a MARCHA DA MACONHA no dia seguinte. Nos campi em que a polícia não pode entrar por um fortíssimo lobby de estudantes de cursos de extrema-Humanas que julgam que a polícia é fascista, reacionária, de direita, inimiga da educação e sucateadora do ensino, vimos qual a razão pela qual os estudantes tanto querem deixar a polícia fora da Cidade Universitária.
A esquerda está se lixando para a educação. A esquerda está se lixando para mulheres estupradas. A esquerda prefere você morto a ela própria, egoistamente, não poder fumar bagulho. A esquerda, quod erat demonstrandum, é coisa de imbecil.
A Marcha imbecil da Maconha
Muitos liberais são ardorosos defensores da descriminalização do comércio das drogas, primeiro porque o Planet Hemp e o Skank já fizeram fortunas na cara da sociedade há décadas, segundo porque acreditam que cada um pode fazer com o que seu corpo o que bem entender sem o Estado interferir e, last but not least, porque são as armas que matam mais facilmente do que as overdoses. Os traficantes têm armas porque o comércio ilegal é lucrativo (os traficantes têm monopólio da oferta). Se os traficantes tiverem de concorrer com uma Souza Cruz criando o seu Marlboro Cannabis com laboratórios foderosos e uma capacidade de distribuição quase religiosa, os traficantes vão ganhar muito menos com o comércio de drogas. Logo, não terão dinheiro para armas. Logo, ao menos para esse crime, o comércio legal de drogas, idealmente, pode gerar menos violência.
Há também o fator “lutar por seus direitos”. Se liberais organizarem uma marcha (ou um tuitaço, ou um artigo no Implicante™) pedindo para não pagar todos os nossos impostos, estão também fazendo algo ilegal. O Estado não tem o direito de usar seu monopólio da violência para coibir uma mudança nas leis. Se ainda não está na lei, não é legal. Mas esse legalismo in extremis é coisa de Estados totalitários. Exatamente o oposto do que um regime democrático de livre mercado prega. Então, a Marcha da Maconha é legal, e não deve ser reprimida, muito menos com a porradaria violenta como foi.
Mas o que está por trás deste princípio é que ninguém precisa ser um santo para ter direitos democráticos num Estado democrático. Democracia é pra todos, e o Estado não tem o direito de exigir que o cidadão seja inteligente, culto, não fale palavrão, tenha a beleza da Maitê Proença mesmo depois das 4 décadas, prefira Piquet a Senna, Ramones a Beatles, Raimundos a Chico Buarque e leia o implicante™ todo dia.
Quando vemos marchantes gritando “Hey, polícia! Maconha é uma delícia!” sabemos que não estamos diante exatamente assim do futuro do Brasil. Estamos mais para um bando de hedonistas sem muito chão pra varrer (as empregadas cuidam disso, ou então deixam virar um chiqueiro, mesmo) e sem muitos livros pra ler. Uma marcha da maconha costuma ter uma idade física média entre o primeiro colegial e o primeiro ano da faculdade, e uma idade mental média próxima dos Teletubbies. Eles estão no seu direito, não deveriam ter sido agredidos pela polícia (o que só deu mais um marketing extra), mas não deixam de ser imbecis.
Como diz P. J. O’Rourke, todo mundo quer mudar o mundo; ninguém quer ajudar a mãe a lavar a louça. Enquanto isso, o estudante morto na USP e a estudante violentada na UFAC ficam sem justiça. Escreveram em um quadro da FFLCH: “PM no campus já!. Algumas letras foram apagadas para se reescrever por cima: “PM fora do campus já!”. Um prazerzinho imbecil de fumar bagulho escondido dos pais e responsáveis continuou valendo mais do que estupro e assassinato. É a esquerda preocupada com as minorias. É a esquerda sendo imbecil.
Na semana seguinte, foi realizada nova marcha, desta feita pela “liberdade”, já que a marcha da maconha foi duramente reprimida. Nos vídeos que circularam pela internet, lembraram-nos a todos que são contra “o lucro dos policiais” que ganham com as drogas proibidas (?!?!) e nós também que devemos agradecer por todos que estão ali, lutando por direitos, enquanto estamos aqui, com a bunda no sofá. Pois eu estaria lutando por PM no campus. A luta deles é legítima. Mas é uma luta imbecil.
Os intelectuais imbecis de esquerda
Não existe nada mais arrogantemente imbecil do que os leitores de orelhas de livros esquerdistas que pululam nas Universidades. Não conheço esquerdista bem versado em Foucault, Sartre, Deleuze, Chomsky, Adorno, Habermas, Horkheimer, simplesmente porque nunca leram mais do que um livro de cada um. Quando leram um livro. Isso para não falar em Marx – que inventou de escrever uma versão for dummies de seu magnum opus com 40 páginas e, assim, todo esquerdista pode dizer que “leu Marx”. E nem pisemos em Lacan e Slavoj Žižek, gente que escreve tão hermeticamente que nem eles mesmos saberiam o que é que defendem. Poderíamos dizer que não são apenas imbecis, mas só pensam em merda. Seria um exagero? Podemos tirar a prova dos 9:
Em compensação, consideram que o que não é a esquerda são pessoas alienadas, sem “consciência de classe”, completamente bitoladas por trabalhos repetitivos e uma ganância mesquinha que busca obter dinheiro á base da exploração (não é de se estranhar que nos livros dos intelectuais de esquerda palavras como “drogas” simplesmente inexistam).
Aí perguntamos para qualquer esquerdista aleatório o nome dos caras de quem ele discorda. Os caras “da direita”. Só um nome, não precisa nem citar o nome de um livro, muito menos o que pensam. Afinal, eles é que seriam os descolados e antenados, a direita é que deveria ser a “imbecil”. A resposta é sempre um vácuo.
Refutar um livro como The Ethics of Redistribution (é curtinho, leiam), de Bertrand de Jouvenel, é tarefa impossível. Definir que a distopia desmilingüida d’O Caminho da servidão, de Friedrich Hayek, não é o único destino das intervenções estatais, idem. Perceber que o capitalismo foi o único sistema econômico que, pelos poucos séculos que conseguiu sobreviver, acabou com o trabalho escravo e melhorou a vida dos pobres, como Ludwig von Mises comprova n’As Seis Lições é ainda mais chocante. Dar de cara com Economic Facts and Fallacies, de Thomas Sowell (o maior economista vivo, e um negão 3 x 4) sem perceber que a esquerda inteira é baseada em falácias quase primitivas, mais ainda. Ver a sucessão de catástrofes que a estatização e nacionalização da economia gera em nome do “bem estar” e da “solidariedade”, destruindo a própria condição humana, como mostra Ayn Rand (uma foragida da União Soviética!) em A Revolta de Atlas, é ainda mais chocante – coisa que arrepia a alma, mesmo.
O único argumento da esquerda, a nossa eterna imbecil, é apenas não ler. Não há pessoas que lêem Jouvenel, Hayek, Mises, Sowell e Rand e sobreviveram sendo esquerdistas. UM ÚNICO exemplo de pessoa que conseguiu tal façanha jogaria meu argumento por terra. Não há. A esquerda vai preferir sempre fazer como o avestruz e enfiar a cabeça no buraco, gritando “nem vi, nem ouvi, lá lá lá”, deixando a rabadilha exposta.
Não é á toa que os “direitistas” que o Brasil conhece resumem-se a Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo e Olavo de Carvalho. 3 jornalistas, ou ao menos 3 cidadãos que escrevem artigos curtos em jornal. Ninguém consegue ler algo mais do que isso.
Quantos livros e conceitos complicados são necessários para que se possa defender o livre mercado, ao invés de dizer apenas que ricos exploram pobres? Quanta vontade de cultura é preciso ter para correr atrás de livros que os nossos próprios professores nunca leram, ir contra o establishment acadêmico que proibe pensamentos contrários justamente em nome da “reflexão” e ainda perder todos os seus amigos por isso? A esquerda diz, na academia, que a direita é alienada. Por que não aceita encarar o fato de que a direita, inevitavelmente, sabe algo de que ela não sabe (talvez, justamente por isso, seja de direita), e assumir logo que, afinal, esquerda é coisa de imbecil?
Os Bolsonaros da esquerda são mais imbecis
Voltando à baila da USP, a esquerda não estava apenas preocupada com maconha, como no grupo de e-mails do DCE foi enviada uma mensagem em caráter de URGÊNCIA sobre… a perseguição aos socialistas no Cazaquistão.
Isso depois de uma menção de apoio aos “operários revolucionários” da Líbia, que “sofriam sob o imperialismo” de Kadafi (o autor do “Livro Verde”, em que prega princípios socialistas que aplicou pari passu).
É difícil imaginar o que fariam em caráter de urgência para ajudar os socialistas perseguidos no Cazaquistão (alguém sabe o nome do presidente, ditador ou whatever?). Ao prosseguirem discutindo política externa, a quizumba se deu sobre o sutil tema: para qual país deveriam extraditar os “reacionários” quando subissem ao poder?
Num repente, a estudante Maria Júlia Montero respondeu: “Reacionário a gente não manda pra lugar nenhum não. É a cabeça numa bandeja”.
Nada mais adorável do que a esquerda finalmente dizendo a que veio: pra matar todo mundo que discorda dela e instaurar o totalitarismo. Convenhamos, esse papinho de se preocupar com trabalhador não convence mais nem sem terra, vai convencer a elite intelectual do Brasil? Trabalhador quer é Coca-Cola. Esquerdista quer é degolar todo mundo que lhes nega poder.
Já pensou se um “reacionário” afirmasse que seu objetivo político fosse degolar comunistóides? Em compensação, esses comunistas conseguem viver bem e com assentos no Congresso até no “imperialista” EUA. Imaginemos menos, até: já pensou se um “reacionário” dissesse que seu objetivo é, sei lá, dar tapas na cara de comunistas… Os imbecis já teriam fechado a Paulista.
A esquerda não apenas é coisa de imbecil. Costuma ser coisa de assassinos. Assim, só de tempos em tempos.
* Flavio Morgenstern é redator, tradutor e analista de mídia.
O Lobão (o músico, não o ministro) afirmou que esquerda é coisa de imbecil, tendo sido vaiado imediatamente por tal acinte. Fosse o Lobão ministro, e não o músico, já teria sido ejetado de seu cargo sem possibilidade de retratação pública por ir contra a causa. Ejetado bem mais facilmente do que Palocci, que pelo visto corre mais risco de ser canonizado no cargo pelo milagre da multiplicação de seu patrimônio. Isso, é claro, porque o governo é de esquerda.
É um tanto quanto imbecil pechar um indivíduo por ser de esquerda ou de direita. Sabemos que as pessoas não se dividem tão bem em duas únicas categorias. Os EUA são um país até mesmo bipartidário, e os pensamentos no grande império não se dividem em dois. A esquerda e a direita foram divisões mais funcionais do que ideológicas em sua origem. Não se define um homem por ser de esquerda. Para piorar, é ainda mais imbecil considerar que “esquerda” e “direita” são pontos extremos de uma linha reta – o que gera a imbecilidade de se pensar que qualquer pensamento que vá fora do padrão ideológico que unifica cada lado imediatamente está abrindo concessão para o outro lado.
Mas podemos analisar se Lobão está constatando uma imbecilidade ou se está sendo um imbecil.
Prioridades imbecis da esquerda
A esquerda tende a pensar no interesse coletivo como primordial ao interesse individual. Ninguém nunca definiu direito o que é essa parada de “interesse coletivo”. A julgar pelo que conheço, tem algo a ver com o Corinthians. É estranho pensar que o tal “interesse coletivo” seja lá algo muito político. Ainda mais que o interesse coletivo seja algo político que vá contra os políticos escolhidos pelo coletivo.
Seja como for, o coletivo deve ter uma ordem de interesses que prioriza os mais urgentes. Temos um exemplo prático disso. Na noite da quarta-feira 19/06, o estudante Felipe Ramos de Paiva, 24 anos, foi alvejado com um tiro quando voltava para seu carro no estacionamento da Faculdade de Economia e Administração e Contabilidade da USP (FEA-USP), após sair de um caixa eletrônico. O estudante morreu no local. Patrulhas da PM fizeram blitz em cada portão, procurando um veículo suspeito – um utilitário. A polícia já ouviu 7 pessoas, mas ainda ninguém foi preso. A Cidade Universitária da USP vinha sofrendo uma onda de seqüestros-relâmpagos nos últimos 2 meses antes desta tragédia.
Numa mórbida coincidência, na tarde do dia seguinte uma estudante de enfermagem da UFAC – Universidade Federal do Acre foi rendida por 2 homens armados, forçada a entrar num carro, estuprada e espancada.
Podemos compreender que essas duas vítimas em dois dias foram o ápice de uma seqüência de falta de segurança que prolifera nos campi das Universidades públicasgratuitasedequalidade desse país. Há estudantes em risco. Há mulheres que sofrem, e o mínimo que se poderia fazer por elas é lhes dar um pingo de justiça. Os campi são zonas sem lei, e se estudantes inocentes, que são os que devem ser beneficiários da tal educação públicagratuitaedequalidade, estão sofrendo violência que culmina em assassinato e estupro, nada seria mais óbvio do que a esquerda ser a primeira a protestar contra a falta de segurança nos campi.
Poderíamos imaginar que estivesse sendo organizado um tuitaço #PMnocampus, já que estupro e assassinato não são lá grandiosos motivos para fazer assembléias e marchas. Na FFLCH, o centro do universo comunista nos dias que se seguem, só pudemos encontrar a seguinte nota pela segurança no dia seguinte:
A esquerda é tão preocupada com as minorias que estava preocupadíssima em realizar a MARCHA DA MACONHA no dia seguinte. Nos campi em que a polícia não pode entrar por um fortíssimo lobby de estudantes de cursos de extrema-Humanas que julgam que a polícia é fascista, reacionária, de direita, inimiga da educação e sucateadora do ensino, vimos qual a razão pela qual os estudantes tanto querem deixar a polícia fora da Cidade Universitária.
A esquerda está se lixando para a educação. A esquerda está se lixando para mulheres estupradas. A esquerda prefere você morto a ela própria, egoistamente, não poder fumar bagulho. A esquerda, quod erat demonstrandum, é coisa de imbecil.
A Marcha imbecil da Maconha
Muitos liberais são ardorosos defensores da descriminalização do comércio das drogas, primeiro porque o Planet Hemp e o Skank já fizeram fortunas na cara da sociedade há décadas, segundo porque acreditam que cada um pode fazer com o que seu corpo o que bem entender sem o Estado interferir e, last but not least, porque são as armas que matam mais facilmente do que as overdoses. Os traficantes têm armas porque o comércio ilegal é lucrativo (os traficantes têm monopólio da oferta). Se os traficantes tiverem de concorrer com uma Souza Cruz criando o seu Marlboro Cannabis com laboratórios foderosos e uma capacidade de distribuição quase religiosa, os traficantes vão ganhar muito menos com o comércio de drogas. Logo, não terão dinheiro para armas. Logo, ao menos para esse crime, o comércio legal de drogas, idealmente, pode gerar menos violência.
Há também o fator “lutar por seus direitos”. Se liberais organizarem uma marcha (ou um tuitaço, ou um artigo no Implicante™) pedindo para não pagar todos os nossos impostos, estão também fazendo algo ilegal. O Estado não tem o direito de usar seu monopólio da violência para coibir uma mudança nas leis. Se ainda não está na lei, não é legal. Mas esse legalismo in extremis é coisa de Estados totalitários. Exatamente o oposto do que um regime democrático de livre mercado prega. Então, a Marcha da Maconha é legal, e não deve ser reprimida, muito menos com a porradaria violenta como foi.
Mas o que está por trás deste princípio é que ninguém precisa ser um santo para ter direitos democráticos num Estado democrático. Democracia é pra todos, e o Estado não tem o direito de exigir que o cidadão seja inteligente, culto, não fale palavrão, tenha a beleza da Maitê Proença mesmo depois das 4 décadas, prefira Piquet a Senna, Ramones a Beatles, Raimundos a Chico Buarque e leia o implicante™ todo dia.
Quando vemos marchantes gritando “Hey, polícia! Maconha é uma delícia!” sabemos que não estamos diante exatamente assim do futuro do Brasil. Estamos mais para um bando de hedonistas sem muito chão pra varrer (as empregadas cuidam disso, ou então deixam virar um chiqueiro, mesmo) e sem muitos livros pra ler. Uma marcha da maconha costuma ter uma idade física média entre o primeiro colegial e o primeiro ano da faculdade, e uma idade mental média próxima dos Teletubbies. Eles estão no seu direito, não deveriam ter sido agredidos pela polícia (o que só deu mais um marketing extra), mas não deixam de ser imbecis.
Como diz P. J. O’Rourke, todo mundo quer mudar o mundo; ninguém quer ajudar a mãe a lavar a louça. Enquanto isso, o estudante morto na USP e a estudante violentada na UFAC ficam sem justiça. Escreveram em um quadro da FFLCH: “PM no campus já!. Algumas letras foram apagadas para se reescrever por cima: “PM fora do campus já!”. Um prazerzinho imbecil de fumar bagulho escondido dos pais e responsáveis continuou valendo mais do que estupro e assassinato. É a esquerda preocupada com as minorias. É a esquerda sendo imbecil.
Na semana seguinte, foi realizada nova marcha, desta feita pela “liberdade”, já que a marcha da maconha foi duramente reprimida. Nos vídeos que circularam pela internet, lembraram-nos a todos que são contra “o lucro dos policiais” que ganham com as drogas proibidas (?!?!) e nós também que devemos agradecer por todos que estão ali, lutando por direitos, enquanto estamos aqui, com a bunda no sofá. Pois eu estaria lutando por PM no campus. A luta deles é legítima. Mas é uma luta imbecil.
Os intelectuais imbecis de esquerda
Não existe nada mais arrogantemente imbecil do que os leitores de orelhas de livros esquerdistas que pululam nas Universidades. Não conheço esquerdista bem versado em Foucault, Sartre, Deleuze, Chomsky, Adorno, Habermas, Horkheimer, simplesmente porque nunca leram mais do que um livro de cada um. Quando leram um livro. Isso para não falar em Marx – que inventou de escrever uma versão for dummies de seu magnum opus com 40 páginas e, assim, todo esquerdista pode dizer que “leu Marx”. E nem pisemos em Lacan e Slavoj Žižek, gente que escreve tão hermeticamente que nem eles mesmos saberiam o que é que defendem. Poderíamos dizer que não são apenas imbecis, mas só pensam em merda. Seria um exagero? Podemos tirar a prova dos 9:
Em compensação, consideram que o que não é a esquerda são pessoas alienadas, sem “consciência de classe”, completamente bitoladas por trabalhos repetitivos e uma ganância mesquinha que busca obter dinheiro á base da exploração (não é de se estranhar que nos livros dos intelectuais de esquerda palavras como “drogas” simplesmente inexistam).
Aí perguntamos para qualquer esquerdista aleatório o nome dos caras de quem ele discorda. Os caras “da direita”. Só um nome, não precisa nem citar o nome de um livro, muito menos o que pensam. Afinal, eles é que seriam os descolados e antenados, a direita é que deveria ser a “imbecil”. A resposta é sempre um vácuo.
Refutar um livro como The Ethics of Redistribution (é curtinho, leiam), de Bertrand de Jouvenel, é tarefa impossível. Definir que a distopia desmilingüida d’O Caminho da servidão, de Friedrich Hayek, não é o único destino das intervenções estatais, idem. Perceber que o capitalismo foi o único sistema econômico que, pelos poucos séculos que conseguiu sobreviver, acabou com o trabalho escravo e melhorou a vida dos pobres, como Ludwig von Mises comprova n’As Seis Lições é ainda mais chocante. Dar de cara com Economic Facts and Fallacies, de Thomas Sowell (o maior economista vivo, e um negão 3 x 4) sem perceber que a esquerda inteira é baseada em falácias quase primitivas, mais ainda. Ver a sucessão de catástrofes que a estatização e nacionalização da economia gera em nome do “bem estar” e da “solidariedade”, destruindo a própria condição humana, como mostra Ayn Rand (uma foragida da União Soviética!) em A Revolta de Atlas, é ainda mais chocante – coisa que arrepia a alma, mesmo.
O único argumento da esquerda, a nossa eterna imbecil, é apenas não ler. Não há pessoas que lêem Jouvenel, Hayek, Mises, Sowell e Rand e sobreviveram sendo esquerdistas. UM ÚNICO exemplo de pessoa que conseguiu tal façanha jogaria meu argumento por terra. Não há. A esquerda vai preferir sempre fazer como o avestruz e enfiar a cabeça no buraco, gritando “nem vi, nem ouvi, lá lá lá”, deixando a rabadilha exposta.
Não é á toa que os “direitistas” que o Brasil conhece resumem-se a Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo e Olavo de Carvalho. 3 jornalistas, ou ao menos 3 cidadãos que escrevem artigos curtos em jornal. Ninguém consegue ler algo mais do que isso.
Quantos livros e conceitos complicados são necessários para que se possa defender o livre mercado, ao invés de dizer apenas que ricos exploram pobres? Quanta vontade de cultura é preciso ter para correr atrás de livros que os nossos próprios professores nunca leram, ir contra o establishment acadêmico que proibe pensamentos contrários justamente em nome da “reflexão” e ainda perder todos os seus amigos por isso? A esquerda diz, na academia, que a direita é alienada. Por que não aceita encarar o fato de que a direita, inevitavelmente, sabe algo de que ela não sabe (talvez, justamente por isso, seja de direita), e assumir logo que, afinal, esquerda é coisa de imbecil?
Os Bolsonaros da esquerda são mais imbecis
Voltando à baila da USP, a esquerda não estava apenas preocupada com maconha, como no grupo de e-mails do DCE foi enviada uma mensagem em caráter de URGÊNCIA sobre… a perseguição aos socialistas no Cazaquistão.
Isso depois de uma menção de apoio aos “operários revolucionários” da Líbia, que “sofriam sob o imperialismo” de Kadafi (o autor do “Livro Verde”, em que prega princípios socialistas que aplicou pari passu).
É difícil imaginar o que fariam em caráter de urgência para ajudar os socialistas perseguidos no Cazaquistão (alguém sabe o nome do presidente, ditador ou whatever?). Ao prosseguirem discutindo política externa, a quizumba se deu sobre o sutil tema: para qual país deveriam extraditar os “reacionários” quando subissem ao poder?
Num repente, a estudante Maria Júlia Montero respondeu: “Reacionário a gente não manda pra lugar nenhum não. É a cabeça numa bandeja”.
Nada mais adorável do que a esquerda finalmente dizendo a que veio: pra matar todo mundo que discorda dela e instaurar o totalitarismo. Convenhamos, esse papinho de se preocupar com trabalhador não convence mais nem sem terra, vai convencer a elite intelectual do Brasil? Trabalhador quer é Coca-Cola. Esquerdista quer é degolar todo mundo que lhes nega poder.
Já pensou se um “reacionário” afirmasse que seu objetivo político fosse degolar comunistóides? Em compensação, esses comunistas conseguem viver bem e com assentos no Congresso até no “imperialista” EUA. Imaginemos menos, até: já pensou se um “reacionário” dissesse que seu objetivo é, sei lá, dar tapas na cara de comunistas… Os imbecis já teriam fechado a Paulista.
A esquerda não apenas é coisa de imbecil. Costuma ser coisa de assassinos. Assim, só de tempos em tempos.
* Flavio Morgenstern é redator, tradutor e analista de mídia.
CLASSE MÉDIA QUE ODEIA A CLASSE MÉDIA (PARTE 2)
Como prometido (ok, faz tempo que saiu o primeiro), eis a segunda parte do arrazoado sobre aqueles integrantes da classe média que odeiam a exata mesma classe a que pertencem. Vamoquevamo:
Como quase todo marxista, o odiador da classe média não leu Marx e, além disso, tem alguma grana (já que faz parte da classe média). Chegou a hora e a vez do INTELEQUITUÁU ACADÊMICO DO SALGUEIRO (ou DO TUCURUVI). Estuda, tal e coisa, mas nem tente ler sua (vamos dizer) “obra”. Parou de estudar no cursinho: tão logo chegou à faculdade, como se sabe, conseguiu tudo na camaradagem.
Assinava as listas de presença enquanto fazia farra no CA, e o mestrado foi porque era amigo do orientador (às vezes mais que um amigo…), e assim por diante. Com sorte, consegue passar em concurso para dar aula em universidade na casa do chapéu.
E a Loucademia de Odiadores defende cotas e Pró-Uni, mas depois tira sarro da baixa qualidade do ensino e da “indústria de diploma”. Também odeia best-sellers (Chalita, Coelho, Kamel) e desconfia de grandes intelectuais (cujos trabalhos pouco ou nada conhecem), então pauta-se em pensadores meia-boca, quase todos “blogueiros”.
Como não há lugar para esse tipo de pensador no mercado, correm ao magistério e, dali, praticam o exercício do ódio à classe média (ganhando salário de classe média, sempre garantido pela estabilidade de uma carreira modorrenta). Em alguns casos, quando se entregam de vez à derrota pessoal, partem para o concurso público: daí em diante, xingam com veemência a classe social que paga seu salário.
Não é raro, por exemplo, um Loucadêmico Intelecmobral, formado em curso X, prestar por necessidade alimentícia um concurso na carreira Y. A culpa, é claro, jamais será de sua falta de inteligência ou incapacidade para competir no mercado com pessoas melhores. O culpado é o mercado. O inferno são os outros.
Se não fossem geralmente feios e gordos, caberia a piada pronta da academia de ginástica. Nem pra isso servem. E, talvez também por isso, reclamam de quem é bonito. Porque beleza é coisa de classe média burguesa e colonizada pelos padrões do mercado. Sua repugnância física é menos um defeito e mais uma contestação ao sistema.
Viva a revolução estética! (o cecê vai de brinde)
Escolaridade, Orgulho e Preconceito
A classe média que odeia a classe média não aceita que se discuta a escolaridade de Lula. Ou melhor: a falta dela. Corrigindo: sua quase inexistência. Alegam que se trata de “preconceito”, quando na verdade não é nada disso. Preconceito é dizer que uma pessoa não teria capacidade de exercer uma tarefa por conta de algum fator que não influenciasse isso (ex.: cor da pele ou sexualidade).
Discutir a capacidade em razão do preparo escolar não é algo preconceituoso, mas sim a adoção de um critério objetivo – que pode ou não ser correto.
Desta feita, assinam longos arrazoados “provando por A + B” as virtudes do operário sem estudo, quase como se aplicassem à política o raciocínio do “bom selvagem”, de Rousseau. Mas não chegam a tanto. Apenas dizem algo como “o cabra é bão”, mesmo.
O melhor, sem dúvida, fica por conta da assinatura. Ao fim dos artigos, fazem questão de incluir suas titulações, não importa se são conseguidas na puxação se saco, camaradagem ou mesmo por meio de teses e/ou dissertações pra lá de risíveis.
Em síntese, fica algo assim: “é possível presidir a república sem qualquer título universitário, e quem diz isso sou eu, pois não escreveria este post no meu blog se não fosse professor doutor e livre-docente”.
Para eles, é mais importante ter formação acadêmica para escrever no tuíter ou debater num boteco. O país? Ah, ele que se lasque.
Apoio à Cultura? Nem pensar!
A classe média que odeia a classe média defende as leis de incentivo e é contra a classe média capitalista que não aceita o uso do dinheiro dos impostos para fomentar obras cinematográficas, fonográficas e congêneres. Uma briga e tanto.
E esses odiadores, ao mesmo tempo, não compram CDs nem DVDs, mesmo nacionais. Baixam tudo da Internet, ilegalmente – defendendo a prática. Assim como alguns fazem com maconha, cocaína e tributos, não esperam mudar a lei: cometem a ilegalidade sem esperar mudança legal (desculpa: a legislação é “atrasada”).
Mas odeiam a classe média que não aceita dinheiro público jogado nas mãos de produtores culturais – mesmo quando essa mesma classe média compra direitinho seus CDs e DVDs.
O pior de tudo é que quando começa a guerra contra a pirataria, sobra pros pobres, que não têm mesmo dinheiro – nem computador com conexão rápida -, e passam rapa nos camelôs. A classe média que odeia classe média está sempre protegida com seus downloads ilegais.
Posam como rebeldes com avatares de pirata, com tapa olho e a coisa toda. São os revolucionários trolha-na-furna, com dinheiro no bolso para comprar CD, e baixam de graça por pura safadeza.
Se apoiassem a cultura, pagariam. E sobretudo não entrariam como “VIP” ou “imprensa” em tudo que é show, até em casa noturna de pequeno porte.
A Falsa Erudição em ser “Do Contra” nas Unanimidades Óbvias
Esse fenômeno ocorre em basicamente TODOS os odiadores da classe média, servindo como forma de detectá-los sem que seja preciso suscitar o tema “classe média”.
Tentando arrotar erudição, mas nunca em temas efetivamente eruditos, eles gostam de “fugir do normal”, “sair do padrão”, “escapar da regra geral”, assim jamais cedendo às unanimidades, mesmo as óbvias. E isso vale até quando oferecem a opção de escolha entre duas hipóteses.
Se não entenderam, vamos aos casos.
Beatles ou Stones? The Who. John ou Paul? Harrison. Pelé ou Garrincha? Maradona. Entenderam o espírito? São sempre temas populares, no MÁXIMO algo como cinema, mas invariavelmente respostas CONTRA O CONSENSO. O melhor em Seinfeld? Kramer. E assim por diante.
No Santos de Pelé, havia também Pepe, Coutinho e muitos outros. Mas se quer mesmo descobrir um odiador da classe média, ele dirá: “o melhor era o Mengálvio!” (esse da foto, que até era bom, mesmo).
Religião e Ódio à Classe Média
Classe média que odeia classe média é quase sempre católica. Sim, sabemos, eles se dizem “ateus”, “agnósticos”, mas são católicos enrustidos. No início, inventaram aquele negócio de “não praticante”. Agora, a moda é o ateísmo, mas aquele ateísmo moreno e cheio de gingado, sem muito compromisso com a descrença – porque, no fim das contas, morrem de medo (e, quando apertados, confessam acreditar em coisas como astrologia ou até mesmo vida após a morte).
E são católicos.
Isso porque, apesar do ateísmo que arrotam nos botecos e do desprezo em meio às piadinhas, fazem questão de participar de todas as festas promovidas pela igreja, ou baseadas em suas tradições. De casamentos a quermesses, passando por batizados e toda sorte de efermérides ou feriados.
No bar, são ateus-trotskistas, odeiam a classe média. Mas trocam presentes no natal, o recém-nascido tem padrinho e madrinha e assim por diante. Porque, acima de tudo, são classe média. Está no sangue. E isso ninguém tira.
Natal
Esse feriado, claro, merece tópico próprio ao tratar do ateu de fim-de-semana. Pois, claro, ele adora um natal – e, também claro, é da classe média e odeia a classe média. Mas vamos nos ater ao espírito natalino e o quanto é repudiado, usando os motivos de sempre (os deles): capitalismo, consumo, falsidade (como no carnaval, dizem que o povo finge mentiras etc.) e assim por diante.
Então, eles odeiam o natal, certo? Errado.
Compram presente para todo mundo – fingindo que é uma obrigação, pois não dá para fugir disso, “sabe como é…” etc. etc. etc. E te mais: SE NÃO GANHAM PRESENTE ALGUM, FICAM PUTOS DA VIDA.
São ateus, mas com presente de natal não se brinca!
O resto é bebedeira. A revolução, como sempre, fica pro dia seguinte. Ou pro outro, porque a ressaca é braba.
Odeiam a Classe Média e AMAM a Globo
Claro que amam a Globo! Dizem que odeiam, tal e coisa, mas amam de paixão! E isso vai além das novelas do Manoel Carlos com sua mistura de Leblon e Bossa Nova. Gostam mesmo é dos jornalistas. Sim, daqueles que supostamente alegam odiar. A grande questão é o repórter, apresentador ou até mesmo “figura de escrivaninha” JÁ TER PASSADO PELA GLOBO.
Vejam o caso de Paulo Henrique Amorim. Era remunerado pela empresa de Roberto Marinho, em seguida foi para a BAND, onde trabalhava para a família Saad. Nos dois períodos, fazia do PT seu saco de pancadas favorito. Os odiadores da classe média tinham asco do dito cujo e sua voz anasalada. Depois, largou a grande imprensa e passou a defender o PT. Ganhou imediata simpatia. Amor. Paixão.
Isso vale também para Azenha, repórter um dia semi-desconhecido e hoje efetivamente no ostracismo. Saiu da Globo e se tornou herói dos odiadores da classe média, porque sabe cuspir de forma certeira no ex-patrão.
Os casos são muitos e essa equação também vale para Estadão, Folha, demais Jornalões, enfim, qualquer veículo da tal “Grande Mídia”. Aliás, quem fala “jornalão” ou “grande mídia” é evidentemente da classe média que odeia a classe média. Quando fala PIG, aí é apenas idiota.
Rede Record
Esse pessoal que finge odiar a Globo (embora a adore), tem atualmente uma nova empresa-modelo para dedicar seu amor e empregar sua fé (opa!) na hipótese de passar a emissora carioca: TV Record.
Geralmente os odiadores se consideram progressistas, mas como tratam o mundo como um ambiente de batalhas dicotômicas, acreditam que a emissora do bispo da universal é menos danosa ao país que a dos Marinho. Para eles, não importa se a “acionista” é a IURD, o importante é fazer a Globo perder audiência.
Cada nova contratação é comemorada com gritos, posts em blogs, tweets e (dizem os mais chegados) algumas cambalhotas. Nem que seja o Raul Gazzola. Já torceram muito pelo SBT, mas não deu em nada. Agora é a vez da força dizimista!
Sim, é aquela classe média que odeia classe média e geralmente declara desprezar deus, santos e religiões. Mas nessa hora nada precisa fazer sentido (não que em algum faça).
O mais impressionante: como boa parte da população, nenhum deles vê qualquer programa da TV Record. Na hora da novela das oito, é claro, estão ligados na Globo. O mesmo acontece no BBB. Porque são classe média, antes e acima de tudo.
Esse ódio é fachadinha.
O Jornalista Alternativo
Como já discutimos, jornalistas são o maior nicho de classe média a odiar a classe média. Desde as surras no colégio, seguindo para a perda das gostosas na faculdade, culminando para a época em que montam blogs e continuam como os eternos perdedores do mundo. Sempre odeiam, odeiam, odeiam.
Mas há algo pior: o jornalista alternativo, que se julga à margem de uma categoria já um bocado marginalizada. É mais ou menos como um “lixeiro do contra” ou um “mendigo que não se dá bem com o resto da categoria pedinte”. Claro que qualquer um, de fora, morre de rir. Mas eles se levam a sério – e isso só faz aumentar a graça da coisa.
A grande maioria passa anos e anos nos grandes veículos, xingando-os covardemente nos bares, depois de algumas doses. Quem faz isso? Ora, a classe média! Xingar o chefe é o esporte favorito de qualquer integrante da classe média. Nem juiz, em dia de clássico, ganha tantos palavrões. É esse, portanto, o “Jornalista Alternativo”. Desce o porrete na “grande mídia”, mas não tem colhão (eles escrevem “culhão”) para pedir as contas.
Às vezes são demitidos e aí repetem em blogs ou outros espaços aquilo que só se ouvia em botecos relativa e cuidadosamente sujos. Xingam a mídia má (que o sustentou por anos e da qual não se desligou por pura falta de hombridade). E xingam também a classe média que sustenta essa mesma mídia (e os sustentava durante todos esses anos).
A foto do início do texto serve para mostrar como eles se vêem, mas na verdade eles são como na imagem a seguir. E a moça bonita é aquela que vez por outra está por perto, ou para filar maconha ou simplesmente porque dá status estar por perto. Mas ele nunca vai comer. Assim como no colégio e na faculdade, ela prefere o bonitão ou o mais rico.
O Jornalista Alternativo não nasceu pra macho alfa. Daí talvez sua raiva mais furiosa, descontada um pouco no mundo, outro pouco na classe média, dando início aos vícios químicos disfarçados de “rebeldia”, mas que no fundo são puramente melancólicos.
São pessoas tristes, mas o humor involuntário sempre supera qualquer piedade. Caímos na gargalhada, portanto. Eles, sabendo disso, usam a agressividade como um escudo peculiar: preferem ser odiados a ser objeto de pena. Compreensível
Dórgas: Abracem a Lagoa e Corram da Lógica
São contra a legalização do tráfico, porque (segundo eles) os traficantes assim passariam a seqüestrar pessoas. Ou, por outra: são a favor da legalização e já fazem sua parte comprando tais produtos antes mesmo do procedimento ser legitimado. Há, ainda, os que são a favor da legalização de APENAS algumas drogas, como se coubesse ao Estado legislar sobre o grau de entorpecimento do indivíduo. Mais ou menos assim: pode beber cerveja, mas não pinga.
Lógica? Passou longe. Vamos adiante.
Os que são a favor e desde já consomem não gostam de ser vistos como criminosos. Os ladrões também não gostam de ser vistos como criminosos. Nem os sonegadores. Há um sujeito em Pernambuco, preso por três homicídios e réu confesso, que também odeia ser chamado de criminoso. É de fato intrigante a mente humana no que tange ao “ódio”.
Mas, vamos à realidade: não se pode descumprir uma lei pelo simples fato de que há o desejo de vê-la modificada. Vamos, por exemplo, à CLT. É visivelmente atrasada. Mas quem não cumpre é criminoso. O mesmo vale para quem não recolhe impostos. Nos dois casos, inclusive, o que se tem é uma bagunça de todo o mercado de trabalho.
Assim, comprar uma substância ilícita é a forma mais eficiente de fortalecer o comércio dessa mesma substância. É importantíssimo lutar pela mudança das leis e a ninguém pode ser negado esse direito, mas é ridículo também negar que comprar cocaína não sirva como a base mais clara de fortalecimento de seu traficante.
Se não é por meio do consumidor, como ele consegue dinheiro para aterrorizar cidades inteiras? Jogando no bingo? Depois não adianta abraçar a Lagoa Rodrigo de Freitas (foto) clamando pela paz, nem reclamar da capa da Veja, nem fazer passeatinha hipócrita.
E então chegamos aos que se consideram “moderados”, mas são apenas idiotas. Sob o pretexto de conseguir o que querem, usam um discurso mais ameno. Em termos lógicos, porém, são imbecis. A maconha é tão natural quanto a cocaína: ambas vêm de plantas. A heroína, aliás, também vem de uma planta, a papoula. Muitas das drogas atualmente liberadas, inclusive, são totalmente sintéticas (podem ser compradas nas farmácias com receitinha médica, sem grande burocracia).
Mas como a maconha é mais “fraca”, acham que não há problema em liberá-la. É um ponto? Sim, claro. Mas um ponto interessante em eventual “Encontro Anual dos Débeis Mentais”. Ou defendem que não cabe ao Estado interferir no direito ao entorpecimento, ou fechem a matraca e fim de papo.
Estipular uma graduação é como aceitar “meia ditadura”, “meio autoritarismo”. Um “só a cabecinha” na interferência do governo sobre o indivíduo.
Em suma: coisa de classe média.
Eles, fingindo-se relativamente favoráveis ou às vezes idiotamente contrários por motivos meio bestas, caem nas mais estapafúrdias contradições. E estão lá, abraçando a Lagoa, com roupinha branca, segurando flores, no maior papelão. Grande concentração de classe média que odeia a classe média.
Duro mesmo é quando começa a infelizmente infalível “Caminhando e Cantando”. Eis uma boa hora para entrar em discussão a Eutanásia.
A Manada
A classe média que odeia a classe média costuma fazer uma observação importante: as pessoas têm comportamento de manada. Basicamente, ocorre o seguinte: sem qualquer critério ou análise mais detida, seguem uma onda, um modismo, uma coisa qualquer. Pode ser desde uma religião até uma gíria de telenovela. Isso irrita demais os odiadores da classe média, e faz com que a raiva se acentue.
Eles, os que odeiam, não são assim.
Subscrevem abaixo-assinados sem conhecer profundamente as causas; soltam gritos de guerra sem qualquer análise do caso; aderem a manifestos por ‘osmose partidária’; criam grupos conforme orientação dos caciques das legendas que apóiam; republicam em blogs e demais espaços textos cujos teores não passam por qualquer questionamento.
Mas a manada, sem dúvida alguma, é a classe média lobotomizada pelos sistema capitalista. Os odiadores, politizados, escapam disso porque sabem questionar.
Muuuuuuuuuuuuuu!
***
Agradeço aos que tiveram saco para ler os dois capítulos dessa saga. Confesso, foi divertido traçar um perfil dessa turma que faz parte da classe média mas a odeia veementemente.
Como pré adolescentes que até o ano anterior abraçavam pais, mães e avós, mas agora fingem odiá-los para chamar atenção. A diferença é que este último grupo tende a amadurecer um dia.
implicante
Como quase todo marxista, o odiador da classe média não leu Marx e, além disso, tem alguma grana (já que faz parte da classe média). Chegou a hora e a vez do INTELEQUITUÁU ACADÊMICO DO SALGUEIRO (ou DO TUCURUVI). Estuda, tal e coisa, mas nem tente ler sua (vamos dizer) “obra”. Parou de estudar no cursinho: tão logo chegou à faculdade, como se sabe, conseguiu tudo na camaradagem.
Assinava as listas de presença enquanto fazia farra no CA, e o mestrado foi porque era amigo do orientador (às vezes mais que um amigo…), e assim por diante. Com sorte, consegue passar em concurso para dar aula em universidade na casa do chapéu.
E a Loucademia de Odiadores defende cotas e Pró-Uni, mas depois tira sarro da baixa qualidade do ensino e da “indústria de diploma”. Também odeia best-sellers (Chalita, Coelho, Kamel) e desconfia de grandes intelectuais (cujos trabalhos pouco ou nada conhecem), então pauta-se em pensadores meia-boca, quase todos “blogueiros”.
Como não há lugar para esse tipo de pensador no mercado, correm ao magistério e, dali, praticam o exercício do ódio à classe média (ganhando salário de classe média, sempre garantido pela estabilidade de uma carreira modorrenta). Em alguns casos, quando se entregam de vez à derrota pessoal, partem para o concurso público: daí em diante, xingam com veemência a classe social que paga seu salário.
Não é raro, por exemplo, um Loucadêmico Intelecmobral, formado em curso X, prestar por necessidade alimentícia um concurso na carreira Y. A culpa, é claro, jamais será de sua falta de inteligência ou incapacidade para competir no mercado com pessoas melhores. O culpado é o mercado. O inferno são os outros.
Se não fossem geralmente feios e gordos, caberia a piada pronta da academia de ginástica. Nem pra isso servem. E, talvez também por isso, reclamam de quem é bonito. Porque beleza é coisa de classe média burguesa e colonizada pelos padrões do mercado. Sua repugnância física é menos um defeito e mais uma contestação ao sistema.
Viva a revolução estética! (o cecê vai de brinde)
Escolaridade, Orgulho e Preconceito
A classe média que odeia a classe média não aceita que se discuta a escolaridade de Lula. Ou melhor: a falta dela. Corrigindo: sua quase inexistência. Alegam que se trata de “preconceito”, quando na verdade não é nada disso. Preconceito é dizer que uma pessoa não teria capacidade de exercer uma tarefa por conta de algum fator que não influenciasse isso (ex.: cor da pele ou sexualidade).
Discutir a capacidade em razão do preparo escolar não é algo preconceituoso, mas sim a adoção de um critério objetivo – que pode ou não ser correto.
Desta feita, assinam longos arrazoados “provando por A + B” as virtudes do operário sem estudo, quase como se aplicassem à política o raciocínio do “bom selvagem”, de Rousseau. Mas não chegam a tanto. Apenas dizem algo como “o cabra é bão”, mesmo.
O melhor, sem dúvida, fica por conta da assinatura. Ao fim dos artigos, fazem questão de incluir suas titulações, não importa se são conseguidas na puxação se saco, camaradagem ou mesmo por meio de teses e/ou dissertações pra lá de risíveis.
Em síntese, fica algo assim: “é possível presidir a república sem qualquer título universitário, e quem diz isso sou eu, pois não escreveria este post no meu blog se não fosse professor doutor e livre-docente”.
Para eles, é mais importante ter formação acadêmica para escrever no tuíter ou debater num boteco. O país? Ah, ele que se lasque.
Apoio à Cultura? Nem pensar!
A classe média que odeia a classe média defende as leis de incentivo e é contra a classe média capitalista que não aceita o uso do dinheiro dos impostos para fomentar obras cinematográficas, fonográficas e congêneres. Uma briga e tanto.
E esses odiadores, ao mesmo tempo, não compram CDs nem DVDs, mesmo nacionais. Baixam tudo da Internet, ilegalmente – defendendo a prática. Assim como alguns fazem com maconha, cocaína e tributos, não esperam mudar a lei: cometem a ilegalidade sem esperar mudança legal (desculpa: a legislação é “atrasada”).
Mas odeiam a classe média que não aceita dinheiro público jogado nas mãos de produtores culturais – mesmo quando essa mesma classe média compra direitinho seus CDs e DVDs.
O pior de tudo é que quando começa a guerra contra a pirataria, sobra pros pobres, que não têm mesmo dinheiro – nem computador com conexão rápida -, e passam rapa nos camelôs. A classe média que odeia classe média está sempre protegida com seus downloads ilegais.
Posam como rebeldes com avatares de pirata, com tapa olho e a coisa toda. São os revolucionários trolha-na-furna, com dinheiro no bolso para comprar CD, e baixam de graça por pura safadeza.
Se apoiassem a cultura, pagariam. E sobretudo não entrariam como “VIP” ou “imprensa” em tudo que é show, até em casa noturna de pequeno porte.
A Falsa Erudição em ser “Do Contra” nas Unanimidades Óbvias
Esse fenômeno ocorre em basicamente TODOS os odiadores da classe média, servindo como forma de detectá-los sem que seja preciso suscitar o tema “classe média”.
Tentando arrotar erudição, mas nunca em temas efetivamente eruditos, eles gostam de “fugir do normal”, “sair do padrão”, “escapar da regra geral”, assim jamais cedendo às unanimidades, mesmo as óbvias. E isso vale até quando oferecem a opção de escolha entre duas hipóteses.
Se não entenderam, vamos aos casos.
Beatles ou Stones? The Who. John ou Paul? Harrison. Pelé ou Garrincha? Maradona. Entenderam o espírito? São sempre temas populares, no MÁXIMO algo como cinema, mas invariavelmente respostas CONTRA O CONSENSO. O melhor em Seinfeld? Kramer. E assim por diante.
No Santos de Pelé, havia também Pepe, Coutinho e muitos outros. Mas se quer mesmo descobrir um odiador da classe média, ele dirá: “o melhor era o Mengálvio!” (esse da foto, que até era bom, mesmo).
Religião e Ódio à Classe Média
Classe média que odeia classe média é quase sempre católica. Sim, sabemos, eles se dizem “ateus”, “agnósticos”, mas são católicos enrustidos. No início, inventaram aquele negócio de “não praticante”. Agora, a moda é o ateísmo, mas aquele ateísmo moreno e cheio de gingado, sem muito compromisso com a descrença – porque, no fim das contas, morrem de medo (e, quando apertados, confessam acreditar em coisas como astrologia ou até mesmo vida após a morte).
E são católicos.
Isso porque, apesar do ateísmo que arrotam nos botecos e do desprezo em meio às piadinhas, fazem questão de participar de todas as festas promovidas pela igreja, ou baseadas em suas tradições. De casamentos a quermesses, passando por batizados e toda sorte de efermérides ou feriados.
No bar, são ateus-trotskistas, odeiam a classe média. Mas trocam presentes no natal, o recém-nascido tem padrinho e madrinha e assim por diante. Porque, acima de tudo, são classe média. Está no sangue. E isso ninguém tira.
Natal
Esse feriado, claro, merece tópico próprio ao tratar do ateu de fim-de-semana. Pois, claro, ele adora um natal – e, também claro, é da classe média e odeia a classe média. Mas vamos nos ater ao espírito natalino e o quanto é repudiado, usando os motivos de sempre (os deles): capitalismo, consumo, falsidade (como no carnaval, dizem que o povo finge mentiras etc.) e assim por diante.
Então, eles odeiam o natal, certo? Errado.
Compram presente para todo mundo – fingindo que é uma obrigação, pois não dá para fugir disso, “sabe como é…” etc. etc. etc. E te mais: SE NÃO GANHAM PRESENTE ALGUM, FICAM PUTOS DA VIDA.
São ateus, mas com presente de natal não se brinca!
O resto é bebedeira. A revolução, como sempre, fica pro dia seguinte. Ou pro outro, porque a ressaca é braba.
Odeiam a Classe Média e AMAM a Globo
Claro que amam a Globo! Dizem que odeiam, tal e coisa, mas amam de paixão! E isso vai além das novelas do Manoel Carlos com sua mistura de Leblon e Bossa Nova. Gostam mesmo é dos jornalistas. Sim, daqueles que supostamente alegam odiar. A grande questão é o repórter, apresentador ou até mesmo “figura de escrivaninha” JÁ TER PASSADO PELA GLOBO.
Vejam o caso de Paulo Henrique Amorim. Era remunerado pela empresa de Roberto Marinho, em seguida foi para a BAND, onde trabalhava para a família Saad. Nos dois períodos, fazia do PT seu saco de pancadas favorito. Os odiadores da classe média tinham asco do dito cujo e sua voz anasalada. Depois, largou a grande imprensa e passou a defender o PT. Ganhou imediata simpatia. Amor. Paixão.
Isso vale também para Azenha, repórter um dia semi-desconhecido e hoje efetivamente no ostracismo. Saiu da Globo e se tornou herói dos odiadores da classe média, porque sabe cuspir de forma certeira no ex-patrão.
Os casos são muitos e essa equação também vale para Estadão, Folha, demais Jornalões, enfim, qualquer veículo da tal “Grande Mídia”. Aliás, quem fala “jornalão” ou “grande mídia” é evidentemente da classe média que odeia a classe média. Quando fala PIG, aí é apenas idiota.
Rede Record
Esse pessoal que finge odiar a Globo (embora a adore), tem atualmente uma nova empresa-modelo para dedicar seu amor e empregar sua fé (opa!) na hipótese de passar a emissora carioca: TV Record.
Geralmente os odiadores se consideram progressistas, mas como tratam o mundo como um ambiente de batalhas dicotômicas, acreditam que a emissora do bispo da universal é menos danosa ao país que a dos Marinho. Para eles, não importa se a “acionista” é a IURD, o importante é fazer a Globo perder audiência.
Cada nova contratação é comemorada com gritos, posts em blogs, tweets e (dizem os mais chegados) algumas cambalhotas. Nem que seja o Raul Gazzola. Já torceram muito pelo SBT, mas não deu em nada. Agora é a vez da força dizimista!
Sim, é aquela classe média que odeia classe média e geralmente declara desprezar deus, santos e religiões. Mas nessa hora nada precisa fazer sentido (não que em algum faça).
O mais impressionante: como boa parte da população, nenhum deles vê qualquer programa da TV Record. Na hora da novela das oito, é claro, estão ligados na Globo. O mesmo acontece no BBB. Porque são classe média, antes e acima de tudo.
Esse ódio é fachadinha.
O Jornalista Alternativo
Como já discutimos, jornalistas são o maior nicho de classe média a odiar a classe média. Desde as surras no colégio, seguindo para a perda das gostosas na faculdade, culminando para a época em que montam blogs e continuam como os eternos perdedores do mundo. Sempre odeiam, odeiam, odeiam.
Mas há algo pior: o jornalista alternativo, que se julga à margem de uma categoria já um bocado marginalizada. É mais ou menos como um “lixeiro do contra” ou um “mendigo que não se dá bem com o resto da categoria pedinte”. Claro que qualquer um, de fora, morre de rir. Mas eles se levam a sério – e isso só faz aumentar a graça da coisa.
A grande maioria passa anos e anos nos grandes veículos, xingando-os covardemente nos bares, depois de algumas doses. Quem faz isso? Ora, a classe média! Xingar o chefe é o esporte favorito de qualquer integrante da classe média. Nem juiz, em dia de clássico, ganha tantos palavrões. É esse, portanto, o “Jornalista Alternativo”. Desce o porrete na “grande mídia”, mas não tem colhão (eles escrevem “culhão”) para pedir as contas.
Às vezes são demitidos e aí repetem em blogs ou outros espaços aquilo que só se ouvia em botecos relativa e cuidadosamente sujos. Xingam a mídia má (que o sustentou por anos e da qual não se desligou por pura falta de hombridade). E xingam também a classe média que sustenta essa mesma mídia (e os sustentava durante todos esses anos).
A foto do início do texto serve para mostrar como eles se vêem, mas na verdade eles são como na imagem a seguir. E a moça bonita é aquela que vez por outra está por perto, ou para filar maconha ou simplesmente porque dá status estar por perto. Mas ele nunca vai comer. Assim como no colégio e na faculdade, ela prefere o bonitão ou o mais rico.
O Jornalista Alternativo não nasceu pra macho alfa. Daí talvez sua raiva mais furiosa, descontada um pouco no mundo, outro pouco na classe média, dando início aos vícios químicos disfarçados de “rebeldia”, mas que no fundo são puramente melancólicos.
São pessoas tristes, mas o humor involuntário sempre supera qualquer piedade. Caímos na gargalhada, portanto. Eles, sabendo disso, usam a agressividade como um escudo peculiar: preferem ser odiados a ser objeto de pena. Compreensível
Dórgas: Abracem a Lagoa e Corram da Lógica
São contra a legalização do tráfico, porque (segundo eles) os traficantes assim passariam a seqüestrar pessoas. Ou, por outra: são a favor da legalização e já fazem sua parte comprando tais produtos antes mesmo do procedimento ser legitimado. Há, ainda, os que são a favor da legalização de APENAS algumas drogas, como se coubesse ao Estado legislar sobre o grau de entorpecimento do indivíduo. Mais ou menos assim: pode beber cerveja, mas não pinga.
Lógica? Passou longe. Vamos adiante.
Os que são a favor e desde já consomem não gostam de ser vistos como criminosos. Os ladrões também não gostam de ser vistos como criminosos. Nem os sonegadores. Há um sujeito em Pernambuco, preso por três homicídios e réu confesso, que também odeia ser chamado de criminoso. É de fato intrigante a mente humana no que tange ao “ódio”.
Mas, vamos à realidade: não se pode descumprir uma lei pelo simples fato de que há o desejo de vê-la modificada. Vamos, por exemplo, à CLT. É visivelmente atrasada. Mas quem não cumpre é criminoso. O mesmo vale para quem não recolhe impostos. Nos dois casos, inclusive, o que se tem é uma bagunça de todo o mercado de trabalho.
Assim, comprar uma substância ilícita é a forma mais eficiente de fortalecer o comércio dessa mesma substância. É importantíssimo lutar pela mudança das leis e a ninguém pode ser negado esse direito, mas é ridículo também negar que comprar cocaína não sirva como a base mais clara de fortalecimento de seu traficante.
Se não é por meio do consumidor, como ele consegue dinheiro para aterrorizar cidades inteiras? Jogando no bingo? Depois não adianta abraçar a Lagoa Rodrigo de Freitas (foto) clamando pela paz, nem reclamar da capa da Veja, nem fazer passeatinha hipócrita.
E então chegamos aos que se consideram “moderados”, mas são apenas idiotas. Sob o pretexto de conseguir o que querem, usam um discurso mais ameno. Em termos lógicos, porém, são imbecis. A maconha é tão natural quanto a cocaína: ambas vêm de plantas. A heroína, aliás, também vem de uma planta, a papoula. Muitas das drogas atualmente liberadas, inclusive, são totalmente sintéticas (podem ser compradas nas farmácias com receitinha médica, sem grande burocracia).
Mas como a maconha é mais “fraca”, acham que não há problema em liberá-la. É um ponto? Sim, claro. Mas um ponto interessante em eventual “Encontro Anual dos Débeis Mentais”. Ou defendem que não cabe ao Estado interferir no direito ao entorpecimento, ou fechem a matraca e fim de papo.
Estipular uma graduação é como aceitar “meia ditadura”, “meio autoritarismo”. Um “só a cabecinha” na interferência do governo sobre o indivíduo.
Em suma: coisa de classe média.
Eles, fingindo-se relativamente favoráveis ou às vezes idiotamente contrários por motivos meio bestas, caem nas mais estapafúrdias contradições. E estão lá, abraçando a Lagoa, com roupinha branca, segurando flores, no maior papelão. Grande concentração de classe média que odeia a classe média.
Duro mesmo é quando começa a infelizmente infalível “Caminhando e Cantando”. Eis uma boa hora para entrar em discussão a Eutanásia.
A Manada
A classe média que odeia a classe média costuma fazer uma observação importante: as pessoas têm comportamento de manada. Basicamente, ocorre o seguinte: sem qualquer critério ou análise mais detida, seguem uma onda, um modismo, uma coisa qualquer. Pode ser desde uma religião até uma gíria de telenovela. Isso irrita demais os odiadores da classe média, e faz com que a raiva se acentue.
Eles, os que odeiam, não são assim.
Subscrevem abaixo-assinados sem conhecer profundamente as causas; soltam gritos de guerra sem qualquer análise do caso; aderem a manifestos por ‘osmose partidária’; criam grupos conforme orientação dos caciques das legendas que apóiam; republicam em blogs e demais espaços textos cujos teores não passam por qualquer questionamento.
Mas a manada, sem dúvida alguma, é a classe média lobotomizada pelos sistema capitalista. Os odiadores, politizados, escapam disso porque sabem questionar.
Muuuuuuuuuuuuuu!
***
Agradeço aos que tiveram saco para ler os dois capítulos dessa saga. Confesso, foi divertido traçar um perfil dessa turma que faz parte da classe média mas a odeia veementemente.
Como pré adolescentes que até o ano anterior abraçavam pais, mães e avós, mas agora fingem odiá-los para chamar atenção. A diferença é que este último grupo tende a amadurecer um dia.
implicante
FALEMOS DE INJUSTIÇA, ENTÃO!
A adoção de cotas raciais para ingresso na universidade pública suscita polêmicas. A UFRGS, alinhada com a lei federal, favorece os alunos oriundos de escolas públicas e, adicionalmente, os de escolas públicas que se declarem negros. Foi o que decidiu seu Conselho Universitário, cujos membros agiram convictos de haver servido à nobre causa da Justiça.
Será mesmo? Não será essa uma forma de fazer “justiça” a uns às custas da injustiça praticada contra outros? O altruísmo é virtuoso porque implica renúncia voluntária ao próprio bem em favor do alheio. Mas não o é quando praticado com o bem ou com o direito de terceiros. Incontestável: os alunos com bom desempenho, que perdem vagas para alunos com desempenho inferior, por força das cotas, são vítimas de injustiça que lhes é imposta. Não são eles os responsáveis pelas mazelas sociais do país.
O que está dito acima é simples fato. Não é argumento. Aliás, para argumentar contra o sistema, tampouco preciso desse disparate que é acolher entre os beneficiados das cotas alunos oriundos de alguns dos mais seletos e prestigiados estabelecimentos de ensino público do Estado: Colégio Militar, Colégio Tiradentes e Colégio de Aplicação.
Dispenso, igualmente, o fato de a condição “racial” ser autodeclaratória e nem sempre veraz. Descarto, também, a substituição por cotas sociais, mesmo que estas sejam mais abrangentes e menos preconceituosas. Dispenso-me, por fim, de lembrar aos idosos esquecidos e aos jovens que, há meio século, as mulheres estavam em casa, dedicadas às prendas domésticas. Sem cotas, sem privilégios, com muita perseverança, ao longo dos anos, abriram as portas das universidades e hoje são majoritárias nos cursos mais seletos e nas principais carreiras de Estado.
A injustiça tem que ser combatida onde inicia, em vez de ser disfarçada onde se torna visível. Se o ensino público compromete o desenvolvimento intelectual de centenas de milhares de estudantes do ensino fundamental e médio, ano após ano, de que vale a UFRGS admitir nos seus cursos apenas algumas dezenas de alunos cotistas?
Aliás, recente matéria de Zero Hora mostrou que o grau de reprovação destes é quatro vezes maior do que o dos demais. Há uma usina da injustiça operando na Educação. Sem a desmontar, mediante investimentos pesados nos seus recursos humanos, materiais e tecnológicos, tudo mais será pouco relevante. Não é o vestibular que está errado. Errado está o ensino público de nível fundamental e médio.
Injusta, quase criminosamente injusta, é a gratuidade do ensino superior para quem possa pagar por ele. Bilhões de reais que poderiam favorecer o ensino fundamental e médio são perdidos nessa desnecessária gratuidade! Injusto de doer é que o custeio dessa regalia provenha de impostos pagos por todos nós. Inclusive pelos mais pobres dentre os pobres. Inclusive pelo trabalhador cujo filho não passa na universidade pública nem pode custear a particular.
Mas esse modelo perverso conta com as unhas e os dentes da esquerda em sua defesa. Até os analfabetos sabem (não é preciso ir às universidades perguntar) que a reprodução da injustiça, no que concerne à Educação, se dá na base do sistema. As raízes grossas da iniquidade não estão na porta de entrada da faculdade e independem da cor da pele do vestibulando.
Elas estão nos parcos recursos destinados à escola pública, no professor mal pago e desestimulado, bem como nas demagogias, corporativismos e ideologizações em que tudo, absolutamente tudo, se enreda neste país.
20 de fevereiro de 2012
Percival Puggina
Será mesmo? Não será essa uma forma de fazer “justiça” a uns às custas da injustiça praticada contra outros? O altruísmo é virtuoso porque implica renúncia voluntária ao próprio bem em favor do alheio. Mas não o é quando praticado com o bem ou com o direito de terceiros. Incontestável: os alunos com bom desempenho, que perdem vagas para alunos com desempenho inferior, por força das cotas, são vítimas de injustiça que lhes é imposta. Não são eles os responsáveis pelas mazelas sociais do país.
O que está dito acima é simples fato. Não é argumento. Aliás, para argumentar contra o sistema, tampouco preciso desse disparate que é acolher entre os beneficiados das cotas alunos oriundos de alguns dos mais seletos e prestigiados estabelecimentos de ensino público do Estado: Colégio Militar, Colégio Tiradentes e Colégio de Aplicação.
Dispenso, igualmente, o fato de a condição “racial” ser autodeclaratória e nem sempre veraz. Descarto, também, a substituição por cotas sociais, mesmo que estas sejam mais abrangentes e menos preconceituosas. Dispenso-me, por fim, de lembrar aos idosos esquecidos e aos jovens que, há meio século, as mulheres estavam em casa, dedicadas às prendas domésticas. Sem cotas, sem privilégios, com muita perseverança, ao longo dos anos, abriram as portas das universidades e hoje são majoritárias nos cursos mais seletos e nas principais carreiras de Estado.
A injustiça tem que ser combatida onde inicia, em vez de ser disfarçada onde se torna visível. Se o ensino público compromete o desenvolvimento intelectual de centenas de milhares de estudantes do ensino fundamental e médio, ano após ano, de que vale a UFRGS admitir nos seus cursos apenas algumas dezenas de alunos cotistas?
Aliás, recente matéria de Zero Hora mostrou que o grau de reprovação destes é quatro vezes maior do que o dos demais. Há uma usina da injustiça operando na Educação. Sem a desmontar, mediante investimentos pesados nos seus recursos humanos, materiais e tecnológicos, tudo mais será pouco relevante. Não é o vestibular que está errado. Errado está o ensino público de nível fundamental e médio.
Injusta, quase criminosamente injusta, é a gratuidade do ensino superior para quem possa pagar por ele. Bilhões de reais que poderiam favorecer o ensino fundamental e médio são perdidos nessa desnecessária gratuidade! Injusto de doer é que o custeio dessa regalia provenha de impostos pagos por todos nós. Inclusive pelos mais pobres dentre os pobres. Inclusive pelo trabalhador cujo filho não passa na universidade pública nem pode custear a particular.
Mas esse modelo perverso conta com as unhas e os dentes da esquerda em sua defesa. Até os analfabetos sabem (não é preciso ir às universidades perguntar) que a reprodução da injustiça, no que concerne à Educação, se dá na base do sistema. As raízes grossas da iniquidade não estão na porta de entrada da faculdade e independem da cor da pele do vestibulando.
Elas estão nos parcos recursos destinados à escola pública, no professor mal pago e desestimulado, bem como nas demagogias, corporativismos e ideologizações em que tudo, absolutamente tudo, se enreda neste país.
20 de fevereiro de 2012
Percival Puggina
CLASSE MÉDIA QUE ODEIA A CLASSE MÉDIA (PARTE 1)
Introdução
Falar mal da classe média está na moda desde antes da década de 50, e SEMPRE quem a odiou (e odeia) são pessoas que a ela pertencem. Essa grita ideológica não poderia ser mais adolescente, pois é exatamente o que ocorre na puberdade: com raivinha da família (e seus vetos), a pessoa dá chilique e diz que odeia tudo e todos que a ela pertencem (sem notar que também faz parte da parentada).
Ter raiva gratuita de seus pares não é novidade
Quanto à origens e motivações disso em relação a TODA uma classe social, há quem culpe abusos sofridos durante a infância (nunca era escalado no time, tomava muito pescotapa etc.). Pode também ser a forçada abstinência sexual durante toda a puberdade seguida das chances mínimas de pegar mulher nas Faculdades e DCEs da vida (ou seja, às vezes não rolava nem com aquelas garotas de pé sujo, sovaco peludo, com cecê e bigodinho pagodeiro-futebolístico).
Esse caldo de cultura, suor e lágrimas, dizem, contribui sobremodo para o ódio à classe média. Um ódio a si próprio, pois são todas elas também pertencentes a esse estrato social. Moram nos bairros que deploram, têm os carros que xingam, fizeram e fazem as viagens das quais caçoam.
Esse ódio é bocó. Não apenas por ter origem em chiliques de adolescência ideológica, mas também porque é injusto. A classe média, ao longo das décadas, produziu as mais saborosas receitas caseiras, os melhores peitos não siliconados (em especial nos bairros de colonização italiana ou espanhola) e – não me perguntem o motivo – bons cronistas esportivos. Também costuma dar uma força nos impostos, para pagar o salário de eventual odiador que trabalhe no serviço público.
Ninguém odeia mais a classe média do que as pessoas da própria classe média: responsável por boas macarronadas, inesquecíveis feijoadas e partidas de buraco simplesmente épicas. Os ricos precisam, toleram e até vão com a cara; os pobres sonham com o dia de chegar a isso.
A raivinha chiliquenta é obra exclusiva do pessoal da própria classe média. Mas essa contradição é pequena, perto das milhares apontadas nesta série.
SOCIALISTAS DO MARLBORO
Não, amigos, o pior problema do socialismo brasileiro não é quando dizem “não sou comunista, sou socialista” – tentando, assim, reduzir o número de vítimas sobre suas costas ideológicas. O diabo, como se sabe, está nos detalhes. Nosso socialismo moreno e com gingado é mesmo afeito à Phillip Morris.
Eles não largam a porra do Marlboro!
Funciona da seguinte forma: é mais fácil convencer o mundo (não uma casa, rua ou bairro) a largar o hábito de consumir novidades, possuir bens privados e deter os meios de produção, eventualmente perpetrando algum genocídio, a LARGAR A PORRA DO CIGARRO. Isso mesmo. Eles não conseguem parar de fumar.
Assim, mantêm uma indústria imperialista e ianque cada vez mais rica, justamente disseminadora do câncer e dona do mais poderoso lobby do mundo. É como se um hipotético gay militante sustentasse hipotética indústria discriminatória. Ou feminista financiasse fábricas clandestinas de cachaça, chinelos e cintas.
E quem são esses fumetas socialistas (não comunistas, por favor, porque eles não compactuam com massacres, somente assassínios eventuais em nome da “causa”)? Eles: os grandes críticos da classe média. E o que são? Sim, são da classe média. Acho que curtem um cowboy.
QUE MERDA DE CLASSE MÉDIA… DESCE UMA BOHEMIA!
Pobre bebe pinga. Rico bebe uísque ou vinho. Quem bebe cerveja? Classe média. Adivinha o que bebem os críticos da classe média? Cerveja. Mas não de marcas populares, qual o quê! BOHEMIA (que é popular, barata e até ruinzinha, mas eles acham que é melhor…)
Há explicação, claro. Por não ser cara como as importadas, nem tão baratinha como as qualquer-nota, é a escolhida. Ou então “Original”. Ou aquelas da América do Sul, agora comuns nesses bares mais descolados.
E entre uma cervejinha e outra descem a marreta no pessoal que não é “politizado”. Um absurdo, por exemplo, não ler a Caros Amigos. Golinho na gelada. Falam do último texto do Zé Arbex. Desce mais uma Original. Ou do Blog do Emir. Vem uma Norteña. Mino Carta, gênio. Patricia, uruguaia! PHA, blogueiro independente.
Fato é que ser contra a classe média, no outro dia, dá uma puta dor de cabeça. Mas a revolução tem um preço a ser pago.
NÃO SOU PETISTA, MAS…
Essa é velha, amigos. Todo odiador da classe média é petista. Ocorre que declarar filiação ao partido, hoje, queima o filme sobremaneira. Ninguém quer ser associado a isso. Então, como ele começa o assunto?
Não sou petista, mas…
É sempre assim. Vai defender o Lula e manda bala no “Não sou petista, mas… ESSE É O MAIOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA DE TODOS OS TEMPOS”. Ou então “Não sou petista, mas… A DILMA ROUSSEFF É EXTREMAMENTE PREPARADA…” (não a conhecia antes de 2004; não sabe que apenas 20% do PAC saiu do papel etc.).
E tem coisa mais classe média que adorar o Presidente da República? Isso lembra o Lombardi narrando a Semana do Presidente no meio do Programa Silvio Santos. Porque TODO PETISTA É CLASSE MÉDIA, mas odeia a classe média.
Essa zorbinha roxa, fala a verdade, leitor da classe média… Quantas vezes você não imaginou repleta de dólares. Assuma seu lado petê.
QUEM ODEIA A CLASSE MÉDIA ADORA A PENA DE MORTE
Desde que seja para crimes pequenos. Isso mesmo. Se você mata vinte e cinco pessoas, aí jamais pode receber pena capital. Nunca e em tempo algum. Mas, por exemplo, se tenta fugir de uma ilha (essa abaixo)…
…nesse caso é aceitável a da pena de morte. Entenderam? Claro que não. Mas, teoricamente, deveria fazer sentido.
Na cabeça de um odiador da classe média, gostar da pena de morte é votar no Maluf. Bobagem. Vida humana é vida humana. E todos eles, que odeiam a classe média, adoram o país dessa imagem bonita.
Lá, se você tenta escapar, a pena é uma só: fuzilamento. Mesmo assim, muitos tentam, correndo risco de morrer também no mar. Imaginem como deve ser lindo viver naquele país. Ah, sim, eles dizem que não gostar de lá é coisa de classe média.
Quando podem e juntam grana o suficiente, vão a passeio. Quando não conseguem, pedem um mojito no bar, mesmo. Há sempre a opção de “turismo partidário”, aquela viagenzinha esperta subsidiada pela LEGENDA DO CORAÇÃO – muitos vão assim. Mas MUITOS.
E fica a regra: odiadores da classe média amam a pena de morte. Mas apenas quando o delito é leve.
A CLASSE MÉDIA (QUE ODEIA CLASSE MÉDIA) DESCOBRE A RUA AUGUSTA
Tá… Faz tempo e essa é velha. No começo, tomavam cerveja (bebida de classe média) nos bares lá de cima, simulando um clima meio marginal – e também economizando uma grana. Cerveja de garrafa, sempre. Passa uma puta, chega um sujeito vendendo poesia, encosta um nóia. Super “da margem”, saca?
Agora rola todo um “baixo augusta”, uma boca-do-lixo de butique. Ainda assim, não é lá grande novidade (deve ter uns cinco anos). Bom, e daí? Vamos falar mesmo assim. Afinal, tal região é uma “nova Vila Madalena” (até então reduto único da classe-média remediada que odeia a classe-média às vezes nem tão remediada).
Se a “vila” era famosa pelos bares – mesmo aqueles que cobravam/cobram entrada -, as partes baixas da dona Augusta ganharam fama recente pelas casas noturnas não exatamente baratinhas, geralmente frequentada pelos alternativos. Mas são tantos e tantos alternativos que isso faz lembrar uma antiga charge do Angeli, na qual milhares de rebeldes usavam uma camiseta com a mesma inscrição: “Fuck the Fashion”.
OS FERIADOS E A CLASSE MÉDIA QUE ODEIA CLASSE MÉDIA
Primeiro eles lutam para conquistar um dia. Qualquer dia. Desde que represente o símbolo de uma luta. Qualquer luta. Pode ser a consciência negra, os direitos da mulher, a luta pelo direito à terra ou até mesmo efemérides para comemorar profissões como datilógrafo.
IMPORTANTE: eles lutam pelo reconhecimento, em forma de feriado, de causas que não são suas. Uma espécie de “altruísmo de calendário”. Sempre dando de ombros para a classe média (como quando ridicularizam datas como “dia das mães” ou até mesmo “dia dos namorados”).
Mas quando finalmente chegam as datas comemorativas que tanto defenderam e defendem, aproveitam para ir à praia (adivinha que classe tem casa ou consegue alugar algo na praia?). Quando não viajam, ficam em casa coçando e passando pomada.
Não estão nem aí para eventuais grupos homenageados, querem mais é aproveitar a folguinha e – como são da classe média, embora a odeiem – aproveitam mesmo para descansar no feriado. E danem-se Zumbi, operárias de NY e a porra toda.
Justiça seja feita, na botecagem de feriado, independentemente do homenageado da vez, eles aproveitam para xingar a classe média (entre uma cerveja-média e outra).
CHICO BUARQUE E O ÓDIO À CLASSE MÉDIA
Ele entende a alma feminina, dizem. Deve ser verdade, haja vista a imensidão de relatos sobre sua vida conjugal com a ex-esposa famosa. Mesmo depois das traições, era recebido em casa com açúcar e afeto. Esse, sim, entende a alma feminina!
Independentemente do casamento pequeno-burguês do ídolo da classe média que odeia classe média, é preciso mostrar também outra característica importante.
SUAS DEVOTAS ODEIAM ESSES CANTORES CUJAS FÃS VÃO AOS SHOWS PARA GRITAR APENAS QUE SÃO LINDOS! Com Chico é diferente! Nada da bobagem da “beleza física”. Ele é intelectual, brilhante, escritor, compositor que capta a essência do universo e o suspiro da existência. Chico transcende.
Mas, quando sobe ao palco…
- LINDO! LINDO! GOSTOSO!
São fãs classe média, ora.
NA VERDADE, ELES ODEIAM OS POBRES
O ódio à classe média é papo de bar – tomando Bohemia, Original ou Norteña. O que odeiam, mesmo, é pobre. Não suportam, não convivem e não conseguem chegar perto. Sim: não chegam perto.
Quando estavam na faculdade, embora defendessem aquelas coisas todas de discurso social, havia toda uma contradição, por exemplo, quando iam ao forró. E começava pelo nome: “Forró Universitário”. O que significa isso? Somente alunos matriculados no ensino superior entravam no recinto?
Não.
A tradução é um pouco menos bonita. Trata-se de eufemismo para “forró sem nordestinos”. Desse modo, o estudante da classe média, que já começa a odiar a classe média, fica tranqüilo quanto à inexistência de pobres e “baianos” ou “paraíbas” no estabelecimento.
E quando resolvem promover a Cultura Nacional? Vão às “rodas de choro” ou “sambas de raiz” nas praças bem freqüentadas da Zona Oeste de São Paulo, ou nos melhores estabelecimentos da Lapa ou Santa Teresa, pra fingir que são do povo, desde que ninguém do povão chegue muuuito perto.
É o ambiente perfeito para falar mal da classe média, essa gente elitista que não “pensa o Brasil”, que não se preocupa com os excluídos e não respira a verdadeira essência de nossa gente.
Até vão de chinelinho, precisa ver!
(implicante)
Falar mal da classe média está na moda desde antes da década de 50, e SEMPRE quem a odiou (e odeia) são pessoas que a ela pertencem. Essa grita ideológica não poderia ser mais adolescente, pois é exatamente o que ocorre na puberdade: com raivinha da família (e seus vetos), a pessoa dá chilique e diz que odeia tudo e todos que a ela pertencem (sem notar que também faz parte da parentada).
Ter raiva gratuita de seus pares não é novidade
Quanto à origens e motivações disso em relação a TODA uma classe social, há quem culpe abusos sofridos durante a infância (nunca era escalado no time, tomava muito pescotapa etc.). Pode também ser a forçada abstinência sexual durante toda a puberdade seguida das chances mínimas de pegar mulher nas Faculdades e DCEs da vida (ou seja, às vezes não rolava nem com aquelas garotas de pé sujo, sovaco peludo, com cecê e bigodinho pagodeiro-futebolístico).
Esse caldo de cultura, suor e lágrimas, dizem, contribui sobremodo para o ódio à classe média. Um ódio a si próprio, pois são todas elas também pertencentes a esse estrato social. Moram nos bairros que deploram, têm os carros que xingam, fizeram e fazem as viagens das quais caçoam.
Esse ódio é bocó. Não apenas por ter origem em chiliques de adolescência ideológica, mas também porque é injusto. A classe média, ao longo das décadas, produziu as mais saborosas receitas caseiras, os melhores peitos não siliconados (em especial nos bairros de colonização italiana ou espanhola) e – não me perguntem o motivo – bons cronistas esportivos. Também costuma dar uma força nos impostos, para pagar o salário de eventual odiador que trabalhe no serviço público.
Ninguém odeia mais a classe média do que as pessoas da própria classe média: responsável por boas macarronadas, inesquecíveis feijoadas e partidas de buraco simplesmente épicas. Os ricos precisam, toleram e até vão com a cara; os pobres sonham com o dia de chegar a isso.
A raivinha chiliquenta é obra exclusiva do pessoal da própria classe média. Mas essa contradição é pequena, perto das milhares apontadas nesta série.
SOCIALISTAS DO MARLBORO
Não, amigos, o pior problema do socialismo brasileiro não é quando dizem “não sou comunista, sou socialista” – tentando, assim, reduzir o número de vítimas sobre suas costas ideológicas. O diabo, como se sabe, está nos detalhes. Nosso socialismo moreno e com gingado é mesmo afeito à Phillip Morris.
Eles não largam a porra do Marlboro!
Funciona da seguinte forma: é mais fácil convencer o mundo (não uma casa, rua ou bairro) a largar o hábito de consumir novidades, possuir bens privados e deter os meios de produção, eventualmente perpetrando algum genocídio, a LARGAR A PORRA DO CIGARRO. Isso mesmo. Eles não conseguem parar de fumar.
Assim, mantêm uma indústria imperialista e ianque cada vez mais rica, justamente disseminadora do câncer e dona do mais poderoso lobby do mundo. É como se um hipotético gay militante sustentasse hipotética indústria discriminatória. Ou feminista financiasse fábricas clandestinas de cachaça, chinelos e cintas.
E quem são esses fumetas socialistas (não comunistas, por favor, porque eles não compactuam com massacres, somente assassínios eventuais em nome da “causa”)? Eles: os grandes críticos da classe média. E o que são? Sim, são da classe média. Acho que curtem um cowboy.
QUE MERDA DE CLASSE MÉDIA… DESCE UMA BOHEMIA!
Pobre bebe pinga. Rico bebe uísque ou vinho. Quem bebe cerveja? Classe média. Adivinha o que bebem os críticos da classe média? Cerveja. Mas não de marcas populares, qual o quê! BOHEMIA (que é popular, barata e até ruinzinha, mas eles acham que é melhor…)
Há explicação, claro. Por não ser cara como as importadas, nem tão baratinha como as qualquer-nota, é a escolhida. Ou então “Original”. Ou aquelas da América do Sul, agora comuns nesses bares mais descolados.
E entre uma cervejinha e outra descem a marreta no pessoal que não é “politizado”. Um absurdo, por exemplo, não ler a Caros Amigos. Golinho na gelada. Falam do último texto do Zé Arbex. Desce mais uma Original. Ou do Blog do Emir. Vem uma Norteña. Mino Carta, gênio. Patricia, uruguaia! PHA, blogueiro independente.
Fato é que ser contra a classe média, no outro dia, dá uma puta dor de cabeça. Mas a revolução tem um preço a ser pago.
NÃO SOU PETISTA, MAS…
Essa é velha, amigos. Todo odiador da classe média é petista. Ocorre que declarar filiação ao partido, hoje, queima o filme sobremaneira. Ninguém quer ser associado a isso. Então, como ele começa o assunto?
Não sou petista, mas…
É sempre assim. Vai defender o Lula e manda bala no “Não sou petista, mas… ESSE É O MAIOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA DE TODOS OS TEMPOS”. Ou então “Não sou petista, mas… A DILMA ROUSSEFF É EXTREMAMENTE PREPARADA…” (não a conhecia antes de 2004; não sabe que apenas 20% do PAC saiu do papel etc.).
E tem coisa mais classe média que adorar o Presidente da República? Isso lembra o Lombardi narrando a Semana do Presidente no meio do Programa Silvio Santos. Porque TODO PETISTA É CLASSE MÉDIA, mas odeia a classe média.
Essa zorbinha roxa, fala a verdade, leitor da classe média… Quantas vezes você não imaginou repleta de dólares. Assuma seu lado petê.
QUEM ODEIA A CLASSE MÉDIA ADORA A PENA DE MORTE
Desde que seja para crimes pequenos. Isso mesmo. Se você mata vinte e cinco pessoas, aí jamais pode receber pena capital. Nunca e em tempo algum. Mas, por exemplo, se tenta fugir de uma ilha (essa abaixo)…
…nesse caso é aceitável a da pena de morte. Entenderam? Claro que não. Mas, teoricamente, deveria fazer sentido.
Na cabeça de um odiador da classe média, gostar da pena de morte é votar no Maluf. Bobagem. Vida humana é vida humana. E todos eles, que odeiam a classe média, adoram o país dessa imagem bonita.
Lá, se você tenta escapar, a pena é uma só: fuzilamento. Mesmo assim, muitos tentam, correndo risco de morrer também no mar. Imaginem como deve ser lindo viver naquele país. Ah, sim, eles dizem que não gostar de lá é coisa de classe média.
Quando podem e juntam grana o suficiente, vão a passeio. Quando não conseguem, pedem um mojito no bar, mesmo. Há sempre a opção de “turismo partidário”, aquela viagenzinha esperta subsidiada pela LEGENDA DO CORAÇÃO – muitos vão assim. Mas MUITOS.
E fica a regra: odiadores da classe média amam a pena de morte. Mas apenas quando o delito é leve.
A CLASSE MÉDIA (QUE ODEIA CLASSE MÉDIA) DESCOBRE A RUA AUGUSTA
Tá… Faz tempo e essa é velha. No começo, tomavam cerveja (bebida de classe média) nos bares lá de cima, simulando um clima meio marginal – e também economizando uma grana. Cerveja de garrafa, sempre. Passa uma puta, chega um sujeito vendendo poesia, encosta um nóia. Super “da margem”, saca?
Agora rola todo um “baixo augusta”, uma boca-do-lixo de butique. Ainda assim, não é lá grande novidade (deve ter uns cinco anos). Bom, e daí? Vamos falar mesmo assim. Afinal, tal região é uma “nova Vila Madalena” (até então reduto único da classe-média remediada que odeia a classe-média às vezes nem tão remediada).
Se a “vila” era famosa pelos bares – mesmo aqueles que cobravam/cobram entrada -, as partes baixas da dona Augusta ganharam fama recente pelas casas noturnas não exatamente baratinhas, geralmente frequentada pelos alternativos. Mas são tantos e tantos alternativos que isso faz lembrar uma antiga charge do Angeli, na qual milhares de rebeldes usavam uma camiseta com a mesma inscrição: “Fuck the Fashion”.
OS FERIADOS E A CLASSE MÉDIA QUE ODEIA CLASSE MÉDIA
Primeiro eles lutam para conquistar um dia. Qualquer dia. Desde que represente o símbolo de uma luta. Qualquer luta. Pode ser a consciência negra, os direitos da mulher, a luta pelo direito à terra ou até mesmo efemérides para comemorar profissões como datilógrafo.
IMPORTANTE: eles lutam pelo reconhecimento, em forma de feriado, de causas que não são suas. Uma espécie de “altruísmo de calendário”. Sempre dando de ombros para a classe média (como quando ridicularizam datas como “dia das mães” ou até mesmo “dia dos namorados”).
Mas quando finalmente chegam as datas comemorativas que tanto defenderam e defendem, aproveitam para ir à praia (adivinha que classe tem casa ou consegue alugar algo na praia?). Quando não viajam, ficam em casa coçando e passando pomada.
Não estão nem aí para eventuais grupos homenageados, querem mais é aproveitar a folguinha e – como são da classe média, embora a odeiem – aproveitam mesmo para descansar no feriado. E danem-se Zumbi, operárias de NY e a porra toda.
Justiça seja feita, na botecagem de feriado, independentemente do homenageado da vez, eles aproveitam para xingar a classe média (entre uma cerveja-média e outra).
CHICO BUARQUE E O ÓDIO À CLASSE MÉDIA
Ele entende a alma feminina, dizem. Deve ser verdade, haja vista a imensidão de relatos sobre sua vida conjugal com a ex-esposa famosa. Mesmo depois das traições, era recebido em casa com açúcar e afeto. Esse, sim, entende a alma feminina!
Independentemente do casamento pequeno-burguês do ídolo da classe média que odeia classe média, é preciso mostrar também outra característica importante.
SUAS DEVOTAS ODEIAM ESSES CANTORES CUJAS FÃS VÃO AOS SHOWS PARA GRITAR APENAS QUE SÃO LINDOS! Com Chico é diferente! Nada da bobagem da “beleza física”. Ele é intelectual, brilhante, escritor, compositor que capta a essência do universo e o suspiro da existência. Chico transcende.
Mas, quando sobe ao palco…
- LINDO! LINDO! GOSTOSO!
São fãs classe média, ora.
NA VERDADE, ELES ODEIAM OS POBRES
O ódio à classe média é papo de bar – tomando Bohemia, Original ou Norteña. O que odeiam, mesmo, é pobre. Não suportam, não convivem e não conseguem chegar perto. Sim: não chegam perto.
Quando estavam na faculdade, embora defendessem aquelas coisas todas de discurso social, havia toda uma contradição, por exemplo, quando iam ao forró. E começava pelo nome: “Forró Universitário”. O que significa isso? Somente alunos matriculados no ensino superior entravam no recinto?
Não.
A tradução é um pouco menos bonita. Trata-se de eufemismo para “forró sem nordestinos”. Desse modo, o estudante da classe média, que já começa a odiar a classe média, fica tranqüilo quanto à inexistência de pobres e “baianos” ou “paraíbas” no estabelecimento.
E quando resolvem promover a Cultura Nacional? Vão às “rodas de choro” ou “sambas de raiz” nas praças bem freqüentadas da Zona Oeste de São Paulo, ou nos melhores estabelecimentos da Lapa ou Santa Teresa, pra fingir que são do povo, desde que ninguém do povão chegue muuuito perto.
É o ambiente perfeito para falar mal da classe média, essa gente elitista que não “pensa o Brasil”, que não se preocupa com os excluídos e não respira a verdadeira essência de nossa gente.
Até vão de chinelinho, precisa ver!
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