"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 30 de outubro de 2012

ERA SÓ O QUE FALTAVA. GENOÍNO VAI ASSUMIR VAGA NA CÂMARA EM JANEIRO.

 

Mesmo condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha no julgamento do processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente do PT José Genoino (SP) deverá ser chamado pela Câmara para ocupar uma vaga de deputado a partir de janeiro. Genoino é um dos suplentes a ser beneficiado com a dança das cadeiras conduzida pelas urnas.

No primeiro e segundo turnos, 25 deputados foram eleitos prefeitos e deixarão a Câmara para assumir seus mandatos, abrindo vagas nas bancadas. Cem deputados, considerando suplentes e titulares, se candidataram nestas eleições.


Vão ter de me engolir…”

No PT, além de Genoino, o ex-deputado e ex-ministro Nilmário Miranda (MG) e outros três suplentes poderão assumir os mandatos. No saldo geral, o PT elegeu dois deputados: Gilmar Machado, prefeito de Uberlândia; e Carlinhos Almeida, prefeito de São José dos Campos. Mas a bancada será beneficiada com cinco suplentes, que ocuparão vagas deixadas por deputados de outros partidos.

O preenchimento de vagas na Câmara segue a ordem da lista dos deputados eleitos e suplentes da coligação e não de um único partido. O PT assumirá mandatos que eram exercidos por deputados do PMDB e do PSB. O quadro geral ainda não é considerado oficial pela Câmara, porque está sujeito à movimentação dos parlamentares. Deputados que exercem cargos de ministros ou de secretários estaduais ou municipais, por exemplo, podem reassumir os mandatos e alterar o cenário.

Segundo suplente da coligação do PT em São Paulo, Genoino só perderá a chance de assumir, por exemplo, na eventualidade de o ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PCdoB), deixar a pasta e reassumir seu mandato de titular na Câmara. Atualmente, o PT tem 86 deputados, mas a bancada poderá somar 89 deputados, o saldo mais positivo desta mudança.


NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG - Genoíno vai mesmo assumir como deputado. O Supremo vai demorar seis meses só para publicar o acórdão (texto da sentença) do mensalão, vejam só como a Justiça brasileirá é célere. Depois, os advogados dos réus apresentam os embargos de declaração etc. e tal.
Traduzindo: Genoíno pode ficar um ano e meio tranquilamente na Câmara, tirando uma onda de deputado federal, antes de ser conduzido à penitenciária da Papuda, em Brasília.
O ex-governador Francelino Pereira insistiria: “Que país é esse?”. E o cantor Renato Russo, que imortalizou a pergunta dele, responderia: “É um país que não pode ser levado a sério…” (C. N.)

COMO SE EXPLICA A DERROTA QUE ACM NETO IMPÔS AO TIME DE LULA, DILMA E WAGNER

 

Deve-se dar o desconto à mágoa que leva o deputado federal Nelson Pelegrino (PT) a maldizer a fatia do eleitorado que deu a cadeira de prefeito a seu adversário ACM Neto (DEM) em Salvador. A voz embargada e a fisionomia de desamparo exibidas pelo petista na segunda-feira eram o retrato fiel da dor que a derrota lhe provocou e merece sincero respeito. Mas Pelegrino é vítima de si próprio ou da sua incapacidade de montar um discurso substancial e articulado para a cidade nesta campanha.



Achar que a tese do alinhamento (aos governos estadual e federal) seria suficiente para guindá-lo à chefia do Thomé de Souza só demonstrou a ingenuidade ou o despreparo do candidato e de todo um partido e seus mentores. Primeiro, porque trata-se de uma concepção obsoleta e datada, construída habilmente num dado período histórico com objetivos eleitorais pelo maior adversário de todos os tempos das esquerdas baianas.

Foi ACM, o avô, que a lançou com a inteligência, a competência política e o senso de oportunismo que a história não lhe negam. Na época, era a melhor isca para dar ao seu grupo, pela primeira vez em tempos democráticos, a capital baiana, que havia passado por duas administrações catastróficas em sequência, a de Fernando José (PMDB) e a de Lídice da Mata (PSB). Funcionou e garantiu a vitória, no grupo carlista, a Antonio Imbassahy, que se reelegeria, exibindo seus resultados, quatro anos depois.

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PECADO MORTAL

O alinhamento é vazio porque comete o pecado mortal de desconsiderar o espírito libertário e autonomista do soteropolitano que a eleição de Lídice, por exemplo, e a do próprio João Henrique (PP), na sucessão de Imbassahy, ainda sob a égide de ACM, provariam mais uma vez e que, lamentavelmente, foi de forma solene desconsiderado por dois estrangeiros – o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff.

No afã de ajudarem a qualquer custo o correligionário Pelegrino, superestimando seu próprio poder e carisma, Lula e seu ex-poste, que hoje parece estar querendo piscar com luz própria, se dividiram em espetáculos de grosseira, chantagem e intimidação ao eleitorado da capital que não precisavam constar em suas biografias.

Mas o alinhamento se mostrou mais do que ineficaz, um verdadeiro tiro no pé, também pelo que impôs de reflexão imediata sobre a colaboração entre as instâncias de poder municipal, estadual e federal. Ora, a tese acabou desnudando os resultados de uma administração estadual petista de seis anos de capacidade de execução frágil e que não se faz sentir em Salvador nem na Bahia, quando o assunto é mobilizar o governo federal em defesa dos baianos.

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PERGUNTA-SE

Cabe perguntar: Em oito anos de governo, que presente deu o então presidente Lula a Salvador e à Bahia que permanece na memória de soteropolitanos e baianos? Há algum ministro aí na equipe de Dilma que seja da Bahia, indicado pelo governo estadual? Trocando em miúdos: Alinhar é bom quando se percebem resultados práticos e públicos, coletivos. Não o das intimidades, comentadas nas colunas sociais, em que se propala o prestígio pessoal dos mandatários com quem chefia a nação. Elementar, companheiros petistas!

Por que alinhar se o alinhamento parcial (ou pessoal) já existente (entre os governos estadual e federal) não acrescenta ou agrega nada ao patrimônio simbólico e material do baiano? Mas houve um outro equívoco que Pelegrino passou a fazer com aspecto descontrolado na campanha do segundo turno. Esqueceram de avisar a ele que o carlismo morreu com ACM num processo iniciado com a eleição de Jaques Wagner, que, confirmando o féretro, ainda tratou de absorver vários ex-carlistas em seu governo.

Querer dar vida a um fenônemo histórico que desvaneceu com seu criador não é atributo de quem se considera um deus. Mas de quem, antecipadamente, revela todo o seu desespero numa batalha. Para assombro de um eleitorado que merecia ver respeitada a sua inteligência, assim como a sua vocação histórica para a afirmação de sua independência. Que precisava ser surpreendido não com o medo, mas com a esperança. Aliás, não foi quem usou o bordão petista que venceu a eleição?

(Artigo enviado por Valter Xéu, do site Pátria Latina)
30 de outubro de 2012
Raul Monteiro (Tribuna da Bahia)

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE

 


MANTEGA DIZ QUE BRASIL VAI SER A QUINTA MAIOR ECONOMIA MUNDIAL EM 2015, MAS O PADRÃO DE VIDA...

 

O jornal britânico The Guardian, citando um estudo do Centro de Pesquisa para Economia e Negócios (CEBR, em inglês), confirmou ontem que o Brasil já é a sexta economia global, à frente do Reino Unido.



O ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemora e se antecipa, dizendo que em menos de quatro anos o Brasil será a quinta maior economia do mundo, em termos de Produto Interno Bruto (PIB), superando a França. “O FMI prevê que o Brasil será a quinta economia em 2015, mas acredito que isso ocorrerá antes”, disse.

Mantega ressaltou que a velocidade de crescimento do Brasil é o dobro da registrada pelos países europeus. “Portanto, é inexorável que nós passemos a França e no futuro, quem sabe, a Alemanha, se ela não tiver um desempenho melhor”, disse. O ministro reafirmou que de 2003 a 2010, o crescimento do País ficou ao redor de 4% e que, em 2012, esse patamar será retomado, pois estima que o PIB deve avançar de 4% a 5%.

Ao final da entrevista, o ministro teve uma crise de lucidez e ponderou, no entanto, que ainda é preciso melhorar o padrão de vida da população para que fique perto do que é registrado pelos países mais ricos do mundo.
Por muitas décadas, o Brasil ainda tentará manter a miséria absoluta convivendo com a riqueza total.

FAZ SUCESSO NA INTERNET UMA MATÉRIA DA ISTOÉ SOBRE O PASSADO DE DIRCEU COMO GUERRILHEIRO

 

O comentarista Luiz Fernando Brito Pereira, sempre atento, nos manda essa reportagem da isto é, publicada em em 3 de agosto, que faz sucesso na internet. Realmente, as revelações são muito interessantes.

PASSADO CONTESTADO

José Dirceu, segundo o juiz aposentado Sílvio Mota, seu ex-companheiro no treinamento de guerrilha em Cuba, levou uma vida mansa, protegido e privilegiado por amigos de Fidel.

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Mota quer distância de Dirceu

No fim de semana que antecedeu o início do julgamento do mensalão, o ex-ministro José Dirceu se recusou a participar de uma solenidade destinada a festejar um período obscuro de seu passado. O ato público, convocado por organizações de esquerda, pretendia relembrar o Movimento de Libertação Popular (Molipo), um grupo formado por 28 exilados brasileiros que treinavam guerrilha em Cuba nos anos 70. Dirceu, que era um deles, achou mais prudente evitar a aparição pública.

Além do ex-ministro, só há mais dois sobreviventes do Molipo: o juiz aposentado Sílvio Mota e o mestre-de-obras, também aposentado, Otávio Ângelo. Todos os demais foram mortos pela repressão quando retornaram ao Brasil. Sílvio Mota, contemporâneo das andanças cubanas de Dirceu, acha que o ex-companheiro fez bem em evitar as homenagens: “Ele nunca combateu de verdade”, diz Mota.

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PRIVILEGIADO

Sílvio Mota sente-se à vontade para desconstruir a imagem combativa do petista em sua passagem pela ilha de Fidel Castro. Ele guarda na memória a figura de um militante indisciplinado e cheio de privilégios. Segundo Mota, enquanto os integrantes do Molipo participavam dos exercícios militares pesados, Dirceu levava uma boa vida, protegido por autoridades cubanas. “Ele preferia passar seu tempo nas salas de cinema”, conta.

José Dirceu refugiou-se em Cuba em 1969, depois de ter sido preso no Congresso da UNE, em Ibiúna, no interior de São Paulo, e trocado pelo embaixador americano Charles Elbrick. Em pouco tempo, tornou-se íntimo do então presidente do Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográfica, Alfredo Guevara, amigo de Fidel Castro. De acordo com o relato de Mota, Dirceu passou, então, a se aproveitar dos poderes de seu protetor para fugir do treinamento guerrilheiro.

“Dirceu era indisciplinado. Não combateu no Molipo, como também não havia combatido na ALN (Aliança Libertadora Nacional) no Brasil”, diz Mota.

Segundo o juiz aposentado, Dirceu logo conseguiu abandonar em definitivo o treinamento. Alegava dores nas costas. Assim, pôde livrar-se das horas seguidas de marchas na selva, sem alimentos na mochila e cantis vazios. Em condições insalubres, os militantes do Molipo passavam semanas sem banho, participavam de cursos de tiros e aprendiam a montar explosivos. Todos, menos o ex-ministro, réu do mensalão.

“O projeto de Dirceu sempre foi pessoal. E quis o destino que terminasse aparecendo essa sua verdadeira face oportunista”, diz Mota.

O juiz voltou ao Brasil em 1979, quatro anos depois de Dirceu. Depois da temporada em Cuba, os dois se viram poucas vezes. Mota chegou a se filiar ao PT, mas não seguiu carreira política. De Dirceu, prefere manter distância.

EUA, ELEIÇÕES 2012: NAS TVS COMERCIAIS, O JORNALISMO JÁ NAUFRAGOU EM DINHEIRO!

 

As empresas de TV nos EUA jamais viram nada semelhante à enchente de anúncios de campanhas eleitorais que as está afogando na campanha eleitoral de 2012. São tantos anúncios, e aportam tal quantidade de dinheiro, que as redes locais têm tomado decisões sem precedentes para lidar com a situação.


Tudo por dinheiro…

O Twitter explodiu na 4ª-feira, em torno de matéria publicada no Washington Post sobre o que o influxo de anúncios pagos está fazendo às empresas de TV que operam em Washington. Um dos canais retirou do ar episódios de “The Simpsons”, substituindo-os por edição expandida de noticiários – exclusivamente para conseguir pôr no ar a maior quantidade possível dos super lucrativos spots das campanhas eleitorais. A receita que chega da venda de tempo para anúncios dos candidatos sextuplicou, em relação a 2008.

Não é difícil ver por que as redes comerciais estão de ponta-cabeça, para conseguir pôr no ar os anúncios. Se se soma tudo que os comitês eleitorais das campanhas para o Congresso, campanhas locais e os Super PAC [Super Comitês de Ação Política] estão gastando em anúncios eleitorais, vê-se que é estratosférica a quantidade de dinheiro que está entrando nos cofres das redes comerciais de TV.

Estima-se que estejam sendo gastos, em todo o país, algo em torno de $3,3 bilhões, só em tempo de televisão para exibição dos spots das campanhas eleitorais. Em Las Vegas, segundo matéria publicada no New York Times, as redes estão reduzindo o tempo dos noticiários para exibir spots de propaganda eleitoral – situação que o país jamais viu antes.

As redes, não raras vezes, veem-se envolvidas em situações anômalas, o que não parece perturbar nenhuma delas, desde que o dinheiro não pare de jorrar. Em Roanoke, Virginia, uma rede local já utilizou o ‘dinheiro novo’ para reabrir um escritório que havia sido extinto e promoveu inúmeras outras mudanças para conseguir mais tempo para mais anúncios de propaganda eleitoral.

Mas as editorias de notícias estão postas na estranha situação de ver as redes reproduzirem anúncios de campanha em que se repetem, infinitamente, declarações e frases que os próprios noticiários desmentem, em alguns casos completamente, sem que, por isso, os spots de propaganda deixem de repetir e repetir, bem feitas as contas, em vários casos, exclusivamente mentiras, 24 horas por dia. Já se ouvem críticas indignadas a esse procedimento.

Mesmo no caso de spots de propaganda de candidatos cujas falas já tenham sido exaustivamente desmentidas pelas editorias de notícias, os anúncios continuam no ar.

Assim se gera a real possibilidade de um consumidor que paga para receber notícias de um ou outro canal pago, ouvir jornalistas que dizem que o anúncio anuncia mentiras e, em seguida, repetidas incansavelmente, as mesmas mentiras. Para piorar, as empresas de televisão só em casos raríssimos recusam-se a por no ar algum spot de propaganda eleitoral, por mentiroso que seja. Matéria do blog Free Press estima que, para cada minuto de serviço jornalístico, as redes comerciais estejam exibindo 162 minutos de material pago.

Aos residentes nos estados indecisos, resta o consolo de saber que, domingo, 7/11, tudo isso será passado [até as próximas eleições].
(Artigo enviado por Sergio Caldieri)

POR QUE PALOCCI NÃO DEVE DESAPARECER DA MÍDIA

 

Palocci caiu, mas seu caso deveria permanecer no ar. Quais são seus clientes? Nenhum deles se manifestou, o que é expressivo. Houvesse uma relação saudável entre as partes e, até por solidariedade, eles tenderiam a dizer que contrataram os serviços de Palocci. Talvez até com algum orgulho.


Não se esqueçam dele…

Mas não houve nada parecido com aquela passagem da vida de Espártaco, o escravo que liderou uma revolta contra os romanos. Derrotados os insurgentes, os romanos perguntaram quem era Espártaco. Seu rosto não era conhecido. Uma multidão de mãos se ergueu para dizer “sou eu” em resposta à pergunta dos romanos.
A completa falta de transparência nos negócios privados de Palocci conta muito. É um lugar comum na política brasileira. Alguém conhece os clientes do consultor Zé Dirceu?
É importante que a mídia traga à luz a clientela – que falta faz um Wikileaks nacional – para que a luta contra a corrupção avance. A legislação tem que ser rígida no caso de altos funcionários de governos que depois de deixar Brasília montem seus negócios. É lastimavelmente fácil que se trafique influência nessas circunstâncias, e isso vale não apenas para o PT, naturalmente.
Quanto a Palocci, ele deveria aproveitar parte do dinheiro que amealhou para fazer uma psicoterapia intensiva. Quando alguém como ele compra uma casa de 6 milhões de reais, é porque perdeu o sentido de realidade.
Me chamou a atenção que, nas entrevistas que ele concedeu nas vésperas da queda, ninguém tenha perguntado se ele não imaginava que o casarão o deixaria absurdamente exposto caso um dia se tornasse público.
Quanto a mim, fiz meu papel ao contar que foi Palocci quem passou às Organizações Globo os extratos bancários violados de Francenildo. Eventuais historiadores que queiram registrar aquele episódio não precisam publicar as falácias paloccianas.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGEste artigo foi escrito em 9 de junho de 2011. De lá para cá, aconteceu exatamente o que Paulo Nogueira temia – Palocci sumiu do noticiário, com os bolsos recheados de milhões. E nada acontecerá com ele, mostrando que no Brasil ser corrupto pode dar certo como profissão. O ministro Fernando Pimentel imitou Palocci e não foi punido, porque os malfeitos foram realizados antes dele integrar o governo, vejam só a desfaçatez da atual Comissçao de Ètica do Planalto. (C.N.)


30 de outubro de 2012
Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)

PETISTAS E CAIOVÁS EM MUITO SE PARECEM


Não ressabiado de ter caído no conto do massacre de ianômamis na Venezuela, em agosto passado, o Estadão resolveu investir no conto dos caiovás. A Folha de São Paulo, pelo menos até hoje, parece estar esperando para ver o que acontece. Ontem, o Estadão titulava:
Ameaçada de despejo, aldeia guarani caiová promete resistir 'até a morte'

Eles são cerca de 170 índios guarani caiová, estão em uma área de 2 hectares de mata ilhada entre um charco e o leito do Rio Hovy, na divisa da Reserva Sassoró com a Fazenda Cambará, propriedade de 700 hectares no município de Iguatemi, no sul de Mato Grosso do Sul. A presença desse grupo de índios na área de mata ocupada por eles há um ano e chamada de Pyelito Kue/Mbarakay - que quer dizer terra dos ancestrais - foi decretada ilegal pela Justiça Federal há um mês e os indígenas condenados a deixar o local. Mas eles se negam a sair e prometem resistir à ordem judicial de despejo.


Neste debate, que inundou as ditas redes sociais há mais de semana, todos tomaram automaticamente o partido dos caiovás, sem se perguntar pelas razões dos fazendeiros ou da Justiça Federal. Até então, não tínhamos “o outro lado”, como se diz em jargão jornalístico. Só hoje, pela primeira vez na imprensa, surge o contraditório. O Estadão, ao pôr entre aspas, pejorativamente, a palavra “história”, já demonstra ter tomado partido na questão.
Advogada apela à 'história' contra caiovás

Os produtores rurais estão em Mato Grosso do Sul há mais de um século e há entendimento no Supremo Tribunal Federal garantindo a eles a propriedade da terra. O argumento é da advogada Luana Ruiz Silva, contratada pelo Sindicato Rural de Tacuru, para processar a Funai no caso da ocupação de áreas de fazendas da região por índios guarani caiovás.

A advogada criticou a atuação de ONGs, da Funai e do Conselho Indigenista Missionário no caso. "Há um sentimento de culpa na sociedade em relação aos índios", disse. "Como há com os negros. Mas há também a história. E os proprietários das fazendas estão na área há mais de um século."


Segundo ela, o Supremo já se posicionou em outro processo a respeito da alegação de a terra ter sido ocupada por indígenas no passado. Pelo argumento do STF, se houve erros no processo de colonização, os atuais proprietários não podem ser punidos com a perda da posse das terras.

A Funai já usou de argumentos duvidosos para criar ou ampliar reservas indígenas. Como a dos embiás, em Santa Catarina, onde seria criado um parque ecológico para beneficiar índios oriundos da Argentina e do Paraguai. Ou a dos tupiniquins, no Espírito Santo, para beneficiar uma etnia dada como extinta no século XIX. Ou a dos pataxós, na Bahia, que pretende anexar um patrimônio histórico tombado, o de Caraíva, o mais antigo vilarejo do país, fundado em 1530.

Ora, a Funai, além de endossar mentiras históricas, é defensora de práticas nazistas de eugenia. Em agosto de 2001, sob pressão do governo, a Câmara esvaziou um projeto de lei que previa levar ao banco dos réus agentes de saúde e da Funai (Fundação Nacional do Índio) considerados "omissos" em casos de infanticídio em aldeias. Segundo o jornal, a prática de enterrar crianças vivas, ou abandoná-las na floresta, persistiria até hoje em cerca de 20 etnias brasileiras. Os bebês são escolhidos para morrer por diversos motivos, desde nascer com deficiência física a ser gêmeo ou filho de mãe solteira.

As práticas de eugenia são consideradas criminosas e geralmente atribuídas aos nazistas. Exceto quando praticadas pelos bugres. A Funai, há alguns anos, divulgou uma nota explicando que esse tipo de ritual faz parte da cultura da etnia ianomâmi. "Gerar um filho defeituoso, que não terá serventia numa aldeia que precisa necessariamente de gente sadia é um grave pecado, pois este não poderá cumprir o seu destino ancestral". Para o antropólogo Ademir Ramos, a eutanásia “é uma questão já resolvida para os ianomâmis. Eles precisam de gente saudável na aldeia. Uma criança com deficiência gera uma série de transtornos aos integrantes da tribo".

Mas a reportagem de ontem do Estadão traz elementos novos, fotos de sorridentes criancinhas caiovás. Quando um jornal começa a publicar fotos de criancinhas, é porque já decidiu quem é vítima e quem é vilão. Se as criancinhas são caiovás, obviamente os fazendeiros são os vilões. O jornal jamais publicaria fotos das criancinhas dos fazendeiros que há mais de século habitam aquelas terras. (Vide antigo artigo meu abaixo).

Em reportagem intitulada “Made in Paraguai”, de 14/05/2007, Veja denunciava as técnicas usadas pela Funai para demarcar territórios indígenas:
Nos últimos vinte anos, a Funai se converteu numa indústria de reservas. O número de áreas demarcadas saltou de 210 para 611. As aberrações na delimitação de terras para índios são corriqueiras. No Espírito Santo, a fundação classificou moradores de Aracruz de tupiniquins, uma etnia extinta há um século. Para tal, desconsiderou um relatório elaborado por funcionários seus em 1982 que apontava sinais de fraude nesse processo. O documento mostrava como os tais tupiniquins foram inventados por um jornalista e por missionários católicos: "Habitantes da região foram pagos para colocar enfeites de pena na cabeça, usar anzóis adornados à moda indígena e afirmar que moravam em aldeias", registra o relatório. Em outro caso grotesco, a Funai tentou decuplicar uma reserva caiabi do Centro-Oeste do país. A Justiça bloqueou a ampliação porque o presidente da Funai, Mércio Gomes, incitou os índios a invadir a região.

Imbuída de um voraz espírito demarcatório, a Funai é leniente com os índios que vivem em reservas antigas. O exemplo mais eloqüente do fracasso da política indigenista está em Mato Grosso do Sul. As reservas dadas aos caiovás e nhandevas do estado são um cenário de horrores. Nelas, 30.000 índios moram confinados em 40.000 hectares. Nas aldeias, imperam a prostituição, o alcoolismo e, sobretudo, a fome. Desde 2005, 47 crianças caiovás morreram de desnutrição. Neste ano, já houve seis casos. A degradação é tamanha que, por ano, registram-se sessenta casos de suicídio nessas comunidades. O último ocorreu na semana passada. O sociólogo Carlos Siqueira, que chefiou o setor de indigenismo da Funai entre 1997 e 1998, não tem dúvida de que a fundação precisa sofrer uma intervenção. "A Funai está sendo regida pelos interesses dos antropólogos e das ONGs, e não pelos dos índios", afirma Siqueira.


Para remendar seu fracasso em Mato Grosso, a Funai agora apóia a invasão de terras cultivadas pelos fazendeiros brancos. Os caiovás, em agressivo desrespeito à Justiça, ameaçam suicidar-se, caso seja executada a reintegração de posse. Claro que não se suicidarão. Mas a ameaça sempre surte efeito, particularmente quando divulgada pela grande imprensa. No Facebook, por exemplo, pessoas que sequer se informaram sobre a questão, tomaram incondicionalmente o partido dos coitadinhos dos caiovás. E o Estadão, que já se prestou ao ridículo de noticiar o “massacre” dos ianomâmis na Venezuela, se presta agora a repercutir esta chantagem feita ao Judiciário.

Caiovás e petistas em muito se parecem. Só acatam decisões judiciais quando estas lhes favorecem. Se não os favorecem, têm o mesmo valor de papel higiênico. Claro que os petistas jamais falarão em suicídio coletivo, pode que a oposição leve a sério. Não por coincidência, líderes caiovás estão aventando recorrer a cortes internacionais caso a fazenda invadida não lhes seja entregue. O PT também já fala em recurso a tribunais no estrangeiro, caso seus mensaleiros arrisquem cumprir as penas às quais foram condenados.

Acabo de ler no portal Terra que a Justiça decidiu hoje que os índios Guarani-Kaiowá podem permanecer na fazenda Cambará. Para a desembargadora Cecília Mello, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, os índios "não poderão ser desapossados das terras que ocupam apenas porque tais terras são objeto de processo administrativo de demarcação, pois apenas a conclusão de todas as fases do procedimento é que poderá ensejar a alteração da respectiva titularidade".

Os índios, no entanto, não poderão ultrapassar o limite de um hectare que ocupam e não devem impedir a circulação de pessoas e bens na fazenda. Eles também não podem ampliar as plantações, praticar a caça dentro dos limites da fazenda ou desmatar áreas verdes. Ora, alguém acredita que os invasores se contentarão com um hectare de terra? Que não impedirão a circulação de pessoas? Depois que a imprensa começa a publicar as fotos das famosas criancinhas, a causa já está ganha para os invasores, não importa o que a Justiça decida.


AS CRIANCINHAS *


Viste as criancinhas? - me pergunta uma amiga ao telefone. Quais criancinhas? - quis saber. Ela perguntava pelas criancinhas do Afeganistão. Antes mesmo de começarem os bombardeios americanos, a imprensa nacional foi invadida por fotos de criancinhas, fotos imensas, até mesmo em quatro colunas, ou fotos menores, repetidas à exaustão. Crianças lindinhas, envoltas em roupas coloridas, com predominância do verde, a cor do Islã. Meninas de rostos angelicais, sempre impúberes, já que se púberes fossem, não mais poderiam mostrá-los.

Sim, eu havia visto as criancinhas. É recurso ao qual os editores apelam mal surge uma guerra. São fotos sem nenhuma relação com fatos. Tiradas antes dos bombardeios, não têm valor algum como notícia, já que com eles nada têm a ver. Sua função é comover. Quando as criancinhas invadem as páginas dos jornais, isto significa que o editor já decidiu quem é a vítima e quem é o agressor. As criancinhas sempre estarão na página das vítimas.

O leitor viu alguma foto das mais de duas mil criancinhas americanas que ficaram órfãos, do dia para a noite, com o atentado ao World Trade Center? Eu não vi nenhuma. Seriam fotos após os fatos bélicos, não antes deles, como é o caso das crianças afegãs. São crianças que ficarão marcadas por um trauma severo, e os psicólogos hoje ainda nem sabem como enfrentar o problema. Mas não servem para comover o leitor. Se nem todas são filhas de ricos, de pobres é que não são. Mesmo sem pai ou mãe, têm futuro assegurado pela frente. Têm um sorriso bonito, dentes saudáveis e, pior ainda, são lourinhas. Pertencem à raça que destrói tudo por onde passa, como dizia Darcy Ribeiro, a raça branca. Decididamente, não servem para vítimas. Pior ainda: são americanas.

A página das criancinhas é preferentemente a página ímpar, embora isto não seja um dogma. Os editores sabem que, por um movimento instintivo, a primeira página que o olhar do leitor procura é a ímpar. Como contraponto, a página par será dedicada ao agressor. Muitos quepes, muitas estrelas nos ombros, e o arsenal: bombardeiros fantásticos, de milhões de dólares, mísseis inteligentes, porta-aviões, fragatas, helicópteros, super-soldados equipados com tralhas eletrônicas, declarações de autoridades engravatadas.

A mensagem subliminar do editor é clara: aquelas criancinhas que você vê à sua direita constituem, em promessa, o capital humano que aqueles monstros à esquerda vão massacrar. O editor não quer que você incorra no risco de pensar errado. Pode acontecer que algum irreverente escreva um artigo mostrando que a realidade não é assim tão simples. O editor insiste então em conduzi-lo pela mão ao que você deve pensar, através de uma diagramação didática. Leia o que bem entender, leitor. Mas que fique claro que as vítimas são aquelas que o editor escolheu para a página das criancinhas. Quanto aos monstros, estão na página oposta.

Se você ainda não captou o espírito da coisa, fixe isto em sua memória: na página das criancinhas, está o Bem. Na dos militares, o Mal. O Bem sempre estará do lado dos pobres. Rico, por definição, é o Mal. Logo, criancinha americana não serve. Não comove. Sem falar que confundiria o leitor. A religião fundada por Mani, na Babilônia, no terceiro século da era cristã, continua sendo uma espécie de manual do jornalismo contemporâneo.

Junto com as criancinhas, as mulheres. De preferência mães, com a criancinha ao colo. No caso do Afeganistão, o leitor não terá visto muitas mulheres. É que as afegãs não têm rosto, a burka iguala a todas. Publicar fotos de mulheres afegãs seria, na verdade, repetir sempre a mesma foto.

O recurso é eterno, e ainda funciona. Já tivemos criancinhas ianomâmis, mulheres ianômamis, anciãs ianomâmis. Filho ou mulher de garimpeiros você não viu. Garimpeiro é o mal, o da página esquerda. Tivemos criancinhas bósnias, mulheres bósnias, anciãs bósnias. Criancinha sérvia, não. Os sérvios são o mal. Mesmo quando massacrados pelo kosovares. O leitor deve também estar farto de criancinha palestina, mãe palestina, anciã palestina. Quantos aos israelitas, nada de criancinhas, mesmo que estas tenham seus pais despedaçados por homens-bomba. Criancinha israelita não passa fome, tem futuro, é saudável, logo não comove. Eventualmente a imprensa deixa passar a foto de uma mãe israelita, consumida pela dor. Se for uma soldada, destaque para ela. É do mal.

Mas atenção: soldado é do mal só quando pertence a um exército regular. O guerrilheiro, em geral, vai para a página do bem. Terroristas também, afinal a ONU até agora não decidiu o que distingue um guerrilheiro de um terrorista. Bin Laden, é claro, exagerou na dose. Seus depoimentos não permitem dissociá-lo do terror. Nem mesmo um Kofi Annan, com sua autoridade de Nobel fresquinho, ousaria ungi-lo com a palavra que, para a grande imprensa, virou sinônima de herói. Guerrilheiro é o Che Guevara, que só não matou mais porque não pôde. Na Bolívia, é cultuado como santo, San Ernesto de la Higuera.

Mas falava de fotos. Enquanto os jornais publicam rostos de criancinhas meigas e desprotegidas, antes mesmo de os bombardeios terem sido desfechados, faltam-nos as fotos das alegadas vítimas civis dos bombardeios. Em meados deste, os taleban convidaram a imprensa estrangeira a entrar no país, em áreas controladas pelas milícias fundamentalistas, para ver a destruição provocada pelos ataques aéreos. De acordo com os taleban, cerca de 200 civis morreram durante um ataque aéreo noturno, no dia 12 de outubro, no povoado de Karam, perto de Jalalabad.

Jornais do mundo todo noticiaram as 200 mortes, mas os jornalistas viram apenas uma dúzia de túmulos novos, além de carcaças de dezenas de animais mortos. E por que não viram os cadáveres? Ah, porque segundo os ditames corânicos, os muçulmanos enterram seus cadáveres antes do próximo pôr do sol. Como não lembrar aquele suposto massacre de ianomâmis de 1993, no qual não se viu um mísero cadáver? E por que não havia cadáveres? Porque os ianomâmis queimam seus mortos e guardam suas cinzas em cumbucas. Pode-se ver as cinzas? Não pode, são sagradas.

Mas, como testemunhou um repórter que esteve em Karam, "o cheiro da morte envolvia o lugarejo". Exatamente as mesmas palavras usadas por um jornalista brasileiro durante o "massacre" dos bugres. Este, só trocou lugarejo por aldeia. Pena que cheiro não dá foto. Foi muita pressa dos taleban em mostrar os feitos do Grande Satã. Pois cadáveres de civis não vão faltar. Como não faltam em nenhuma guerra.

Em falta de mortos, criancinha serve. Fotografa bem e comove muito mais que cadáver.


30 de outubro de 2012
Janer Cristaldo

O NOVO-VELHO

 

A figura que melhor representa o atual estágio de nossa política partidária, até porque, mesmo responsável direto pela maior derrota de seu aliado PSDB, pode se considerar “vitorioso” nesta eleição, é o prefeito Gilberto Kassab.
As características mais enraizadas, a esperteza mais óbvia, todas as ambiguidades de nossa política que afugentam o eleitor das urnas em nível nunca antes registrado estão reunidas em Kassab e em seu novo-velho PSD, partido que não é “nem de centro nem de direita nem de esquerda”.

Para se ter uma ideia de como o prefeito paulistano é capaz de uma política pragmática, basta ver que ele é um dos principais articuladores no Congresso da aprovação de uma lei que impede novos partidos que venham a ser criados de ter tempo de TV e fundo partidário.

A ideia é desestimular a criação de novos partidos, e Kassab está realmente preocupado com a possibilidade de novas legendas pipocarem no cenário político.

Mas ele não foi o criador de um dos mais recentes partidos? Claro, mas agora, após ter ameaçado disputar até no STF o direito a tempo de propaganda eleitoral e dinheiro, ele quer fechar a torneira. E tem razão.

Ao todo são 30 partidos legalmente reconhecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral. Depois do PSD, foram criados mais dois: Partido Pátria Livre (que já tem até um senador) e Partido Ecológico Nacional. Na fila do TSE há vários outros: Partido dos Servidores Públicos e dos Trabalhadores da Iniciativa Privada do Brasil (PSPTP); Aliança Renovadora Nacional (Arena); Partido Nacionalista Democrático (PND); União Democrática Nacional (UDN); Partido Pirata do Brasil (Piratas); e Partido Federalista.

Com taxa de rejeição altíssima, mesmo assim Kassab foi assediado por petistas e tucanos, na suposição de que a máquina municipal teria serventia em uma disputa que se mostrava difícil.

Lula farejou com precisão em São Paulo para onde o vento soprava e obteve sua grande vitória pessoal, coisa que não ocorreu no resto do país, onde sofreu derrotas pessoais importantes em Recife, Fortaleza, Salvador, Porto Alegre, Manaus, Campinas, Belo Horizonte.

Em São Paulo, porém, Lula acertou a mão na escolha de um candidato que vestiu o PT com roupagem nova, longe do mensalão, embora tenha arriscado muito com o apoio de Maluf e pudesse ter levado para seu candidato toda a rejeição do prefeito caso o PSDB não tivesse convencido Serra a se candidatar.

A “lealdade” a quem o levou ao poder fez Kassab abandonar o namoro com o PT. Mas a “lealdade” era apenas local, e o PSD passou a fazer acordos políticos com os petistas e o Planalto em diversas disputas municipais, como em Belo Horizonte, a pedido da presidente Dilma, ou no interior paulista.
Na eleição para prefeito de São Carlos, o PSD de Kassab apoiou Osvaldo Barba, do PT, que não conseguiu a reeleição. Mas o PT registrou a boa-vontade. Em Ribeirão Preto, foi a vez de o PT apoiar a reeleição de Dárcy Vera, do PSD.

Na capital mineira, teve que fazer uma intervenção no diretório local do PSD, que pendia para um acordo com o prefeito Marcio Lacerda, do PSB.

A situação ambígua desse apoio de Kassab a Serra a nível local e ao Planalto a nível nacional provocou situações estranhas, como estar no palanque do derrotado e já aparecer como uma das forças de apoio a Haddad mesmo antes que as urnas decretassem a derrota de seu “padrinho”.
Foi o alvo preferencial das críticas da campanha petista e passa a ser aliado importante na grande aliança governista.

Com a força que sua legenda ganhou — além de ser hoje a quarta maior bancada no Congresso, o PSD emplacou 494 prefeitos —, Kassab tornou-se figura importante no jogo político de Brasília, para onde se muda ao fim de seu mandato para articular seu papel na disputa presidencial de 2014. Um ministério aguarda o PSD.

Nesse caso terá outro problema de “lealdade” para gerir caso o governador Eduardo Campos resolva mesmo sair do campo governista para ser candidato à sucessão de Dilma. Como se sabe, o PSD de Kassab foi uma construção conjunta com o PSB de Campos, e os dois partidos chegaram a pensar em uma fusão logo no início.

Mas esse é doce problema que será resolvido a seu tempo, mesmo porque nada indica que Campos, também dentro do espírito pragmático que norteia nossa política, vá decidir logo que rumo tomará. Até 2014 há muito tempo para negociar.

30 de outubro de 2012
Merval Pereira, O Globo

MALUF SE OFERECE PARA DUPLICAR NÚMERO DE POSTES EM SÃO PAULO

Lula anunciou que apoiará a candidatura de Rubens Barrichello para o governo de São Paulo


AVENIDA PAULISTA - Animado com a vitória de Haddad, Paulo Maluf se ofereceu para voltar a tocar obras de grande porte. "Me sinto transformado, jovem e corajoso.

Nada como eleger um brimo mais novo", confidenciou, com seu sotaque característico.
"O povo de São Paulo sabe que Maluf construiu o Minhocão, a Marginal Pinheiros e o Terminal Rodoviário do Tietê.
Agora, que aderi ao comunismo do século 21, prometo construir postes por toda a cidade de São Paulo se o companheiro Haddad me convidar para compor o governo", completou, enquanto cantava "olê olê olê olá, Maluf lá, Maluf lá".


Animado com a derrota, José Serra disse que está revigorado, bonito e carismático.
Em seu discurso, disse ainda que a campanha transcorreu em alto nível e que Papai Noel lhe agraciará com um belo presente este ano. "Me comportei muito bem", completou, com convicção.

Em seguida, prometeu estudar com afinco para conseguir uma vaga de escriturário do Banco do Brasil. "O edital está aberto", disse, excitado, esfregando as mãos.

Estupefata com a capacidade de Lula de eleger o segundo poste consecutivo, Fátima Bernardes pediu ajuda ao ex-presidente em exercício. "Será que ele consegue transferir popularidade para meu programa?", perguntou.

Lula pediu a Fátima um tempo para organizar sua agenda, pois já tem pedidos acumulados de Rafinha Bastos, Gugu Liberato e toda a diretoria da CNT.

30 de outubro de 2012
The i-Piaui Herald

JEITINHO E JEITÃO




uma tentativa de interpretação do caráter brasileiro

Norbert Elias se destaca entre os modernos clássicos das ciências sociais por não recusar a investigação sobre o caráter das sociedades. É o que ele faz, brilhantemente, no seu derradeiro livro, Os Alemães, publicado em 1989, um ano antes de morrer, já nonagenário. Ali ele se pergunta, diretamente e sem rodeios, o que fez com que a Alemanha estivesse no coração das grandes tragédias modernas, a Primeira, a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto.
Tinha condições subjetivas para tanto: viveu uma experiência dolorosa como soldado na Primeira Guerra Mundial; judeu, teve de se exilar da Alemanha durante o nazismo; sua mãe foi trucidada em Auschwitz. Norbert Elias tinha também credenciais intelectuais para tentar explicar como a nação que sintetizou a era das Luzes, a pátria de Kant, Hegel e Goethe, tenha desenvolvido a indústria do extermínio: estudou medicina e psicanálise, doutorou-se em filosofia e foi professor de sociologia na Inglaterra.
Para ele, o desenvolvimento tardio do capitalismo na Alemanha, a ausência de uma revolução burguesa no país, a unificação nacional sob o tacão militar de Bismarck, o culto à organização, do qual o militarismo é o emblema mais ostensivo – tudo isso criou um caráter alemão. Esse caráter distingue a sociedade germânica de todas as outras, mesmo as europeias. Para Elias, não são apenas circunstâncias históricas que explicam o surgimento de Adolf Hitler. Isso é uma meia-verdade. As ideias monomaníacas que engendraram a bestialidade fascista talvez não tivessem acolhida sem a existência prévia do caráter alemão, nos termos definidos por Norbert Elias.
Os cientistas sociais costumam recuar ante tal tipo de análise. Têm receio de serem julgados preconceituosos. E, talvez, de se virem excluídos da interlocução com a ciência social alemã, uma das mais brilhantes fontes do pensamento filosófico-social em todos os tempos.
Mas é por um caminho “norbertiano” que pretendo investigar o caráter brasileiro. Penso que o peculiar modo nacional de livrar-se de problemas, ou de falsificá-los, constitui o famoso jeitinho brasileiro.
Os clássicos do pensamento social brasileiro têm dificuldade em lidar com a questão do caráter nacional, que amalgama o subjetivo e o objetivo. Salvo, evidentemente, Gilberto Freyre. Mas o autor de Casa Grande & Senzalamascarou a sua investigação com a nostalgia de um tempo que nunca existiu, e com o enaltecimento da suposta – e ilusória – capacidade da metrópole lusitana em se adaptar aos trópicos coloniais.
Por isso, ele enxergou no Nordeste açucareiro, a primeira região importante na formação do Brasil – que o historiador Evaldo Cabral de Mello definiu como“açucarocrata” –, uma dominação “doce”. O sociólogode Apipucos construiu uma hipótese que serve de justificativa ideológica da sociedade decorrente da escravidão. A sua interpretação é, ela própria, uma das vertentes do jeitinho brasileiro.
Sérgio Buarque de Holanda enfrentou melhor a questão. O seu “homem cordial” – para quem as relações pessoais e de afeto (para o bem ou para o mal) se sobrepõem à impessoalidade da lei e à norma social – é a própria encarnação do jeitinho brasileiro.
Caio Prado Júnior não ofereceu nenhuma contribuição sobre o assunto. Embora o seu marxismo fosse criativo e original, ele ficou prisioneiro da objetividade, o mantra que impediu gerações de marxistas, aqui e alhures, de investigar o caráter das nações.
Antonio Candido, nosso clássico moderno, tratou do tema em “Dialética da malandragem”, o poderoso ensaio sobre Memórias de um Sargento de Milícias, romance de Manuel Antônio de Almeida que se passa no Rio de meados do século XIX. Ainda que se aproxime decididamente do jeitinho, faltou ao ensaio, a meu ver, um pouco de irreverência, para que ele correspondesse à ginga do malandro carioca. Candido respeita tanto o brasileiro pobre que aborda as figuras populares com uma reverência quase mística. Para ele, nossa sociedade é tão obscenamente desigual que qualquer crítica às classes dominadas não passa de preconceito – mais um – dos ricos.
Outros autores, como Roberto DaMatta, vão diretamente à problemática do caráter nacional. É o que ele faz em Carnavais, Malandros e Heróis. Não é pela vertente de DaMatta, contudo, que pretendo chegar lá. Busco desenvolver uma investida mais nitidamente materialista, mesmo sabendo que o abandono da investigação antropológica possa implicar empobrecimento da análise.
Eis a tese: o jeitinho é um atributo das classes dominantes brasileiras que se transmitiu às classes dominadas.
Conforme Marx e Engels de A Ideologia Alemã, as ideias e os hábitos das classes dominantes transformam-se em hegemonia e caráter nacional. No Brasil, a classe dominante burlou de maneira permanente e recorrente as leis vigentes, sacadas a fórceps de outros quadros históricos. O drible constante nas soluções formais propicia a arrancada rumo à informalidade generalizada. E se transforma, ao longo da perpétua formação e deformação nacionais, em predicado dos dominados.
Essa situação, que é social, se configura no malandro, o especialista no logro e na trapaça. O malandro, com sua modernidade truncada, foi primeiro o carioca. E esse carioca era geralmente pobre, mas não miserável. Como não poderia deixar de ser, era mulato: esgueirava-se por entre as classes e os estratos mais abastados, no típico – e falso – congraçamento de classes herdado do escravismo.
Tinha “bossa” quem dominava a aptidão para fugir ou escapar das soluções formais. Bossa que é a expressão do jeitinho, a maneira de ganhar a vida sem se submeter aos ditames da norma, de conviver sem ser reconhecido como fora da lei. A moderna música popular brasileira, nascida no Rio, com toda razão foi chamada de bossa nova. Ela foi um jeitinho de escapar das convenções musicais à la Vicente Celestino,cópia falsa do grande canto lírico italiano. E também um jeitinho de incorporar as malandragens do samba – de origem africana e escrava – ao universo das elites.

burla das classes dominantes brasileiras às normas seria atávica? Meu horror à burguesia (esse sim quase totalmente atávico) – cujo retrato acabado foi a açucarocracia pernambucana, perdulária e arrogante – tenderia a confirmar que o jeitinho é um caso de mau-caratismo, um dado subjetivo. Mas prefiro a trilha aberta por Norbert Elias: a burla é uma forma de adotar o capitalismo como solução incompleta na periferia do sistema. Incompleta porque o capitalismo trouxe para cá a revolução das forças produtivas, mas não as soluções formais da civilidade. As classes dominantes então “se viram”, dão um jeitinho para garantir a coesão de um sistematroncho e, comme il faut, a exploração.
Sem querer atribuir tudo aos nossos colonizadores, a semente do jeitinho já vicejava na irresolução que Portugal dá às questões de administração e governo da jovem – e enorme – colônia. Não dispondo nem de homens nem de recursos capazes da façanha de fazer a minúscula cobra engolir o enorme elefante, Portugal opta pela solução capenga das capitanias hereditárias. Na mesma época, tendo criado um novo caminho para o Oriente com Vasco da Gama, dom Manuel, o Venturoso, emprega até o fim os modestos recursosportugueses na conquista da Índia, e só consegue estabelecer relações comerciais em pontos isolados do sul do continente.
No Brasil, as capitanias são entregues a fidalgos, alguns com recursos ínfimos e a maioria quase sem nenhum capital. O resultado da colonização pelo método das capitanias foi pífio, à exceção de duas ou três. O fracasso na Índia é do mesmo porte, senão maior: Lisboa torna-se a meca das especiarias orientais, mas Portugal nunca ocupou a Índia. Sequer conseguiu com que a língua portuguesa tivesse peso expressivo entre as centenas de dialetos do país. A lembrança lusa mais forte ficou restrita a Goa e Macau.

oltemos ao caso do Rio, lembrado a propósito da malandragem e da bossa nova. Foi Juscelino Kubitschek, outro exemplar do homem cordial, quem jogou a pá de cal nas pretensões modernas do Rio: retirou-lhe a centralidade de capital e não botou nada no lugar. Incapaz de resolver os problemas cariocas, que já se apresentavam em grau superlativo, deu um jeitinho e transferiu a capital para Brasília, nos ermos do Planalto Central.
Espanta-se quem anda hoje pelas ruas da cidade que antigamente ostentava sua modernidade: o Rio ficou a cara do Brasil. A despeito do oba-oba em torno do renascimento carioca, basta observar ao redor do Palácio do Catete, antiga residência dos presidentes da República. O bairro que se oferece à vista exibe mediocridade urbana, pobreza ostensiva e tráfico de crack.
A fantasia da mulher carioca, linda e elegante (e que de fato disputava o topo da beleza com mulheres de outras nacionalidades, com a vantagem da miscigenação), deu lugar à imagem de mulheres – e homens – que andam com sandálias surradas e se vestem pobremente. Como não perceber aí sinais de uma modernidade truncada?
No caso de Juscelino e das classes dominantes, a mudança da capital foi um “jeitão” para deslocar um problema: criar uma nova fronteira para a expansão capitalista, catapultada pela indústria da construção civil. O jeitinho foi fazer isso por meio dos candangos, trabalhadores informais, depois abandonados à própria sorte, “sem lenço e sem documento”, como cantaria Caetano Veloso, ele próprio, conforme a análise de Roberto Schwarz, um cultor do jeitinho transformado em “verdade tropical”. O Brasil é assim, defendeCaetano, a esquerda é que não o entende.

a segunda metade do século XIX, o café liderava a expansão econômica. Não só no Vale do Paraíba, em São Paulo ou mesmo no Brasil: o café era a mercadoria mais importante do comércio mundial. Só foi desbancado dessa posição, pelo petróleo, nos anos 40 do século XX. Mas o início da expansão do café se deu sobre o lombo dos escravos.
Qual foi o jeitão da classe dominante, no caso os cafeicultores, a partir do fim do escravismo, em 1888? Em vez de incorporar os ex-escravos à cidadania, fornecendo-lhes meios de cultivar a terra e se incorporarem ao trabalho regular, foram importar a mão de obra europeia, transformando São Paulo na maior cidade italiana do mundo. Malandramente, cheios de bossa, contornaram os problemas do fim do escravismo e se desresponsabilizaram pelos ex-escravos, de novo, como cantaria Caetano, pessoas “sem lenço e sem documento”.
Surgia o trabalho informal, quer dizer, sem formas. O jeitão da classe dominante obrigou os dominados a se virarem por meio do jeitinho do trabalho ambulante, dos camelôs que vendem churrasquinho de gato como almoço, das empregadas domésticas a bombarem de Minas e do Nordeste para as novas casas burguesas dos jardins Europa, América, Paulistano. Etambém para os apartamentos das elegantes – e já medíocres – madames de Copacabana, Ipanema e Leblon, propiciando o vexame bem brasileiro de criados negros, vestidos a rigor, servindo suco de maracujá a demoiselles que se abanavam como se estivessem nos salões parisienses.
Lá em cima, no Pernambuco açucarocrata, Gilberto Freyre podia criar então a nossa versão de E o Vento Levou. Casa Grande & Senzala é a mais formidável denúncia do estupro como formador da nacionalidade, mas visto de um ângulo nostálgico. Ainda não era o tempo das madames e demoiselles, mas o dos sinhôs e das sinhás e sinhazinhas.
O mais clássico dos clássicos do pensamento social brasileiro – Antonio Candido, nossa referência moral e intelectual, considera Casa Grande & Senzalao livro mais importante das ciências sociais brasileiras – é também um pastiche. Sob determinado aspecto, ele é quase um deboche do jeitão de irresolução do problema da mão de obra e do seu rebaixamento às relações “adocicadas” – aquelas em que o filho do senhor transforma o negrinho, companheiro de travessuras, em cavalo vivo. Eis aí a lembrança mais festejada da infância dos senhores. Pais e mães da Casa Grande ensinavam aos filhos o jeitinho doce de ensinar e se divertir ensinando. Os filhos dos negros, por sua vez, aprendiam quem estaria sempre por cima, docemente...

etúlio Vargas, o estancieiro gaúcho que liderou a Revolução de 1930, tentou formalizar o jeitinho para acabar com o jeitão. Vale dizer: buscou civilizar a classe dominante para que o proletariado existisse. Criou uma legislação trabalhista avançada, mas a expansão capitalista seguiu desobedecendo as regras e, junto com os empregos formalizados pela nova legislação, a avalanche do trabalho informal engolfava todas as relações sociais.
A informalidade é a forma, o jeitinho de substituir as relações racionais e obrigatórias pela intimidade, como já demonstrou Sérgio Buarque. Mas essa substituição, assim que se apresenta o primeiro conflito, mostra sua outra face: a informalidade se converte no rigor mais severo, no apelo à arbitrariedade e não raro em exibições de crueldade. O senhor de engenho que se deitava com sua mucama era o mesmo que a castigava no tronco quando alguma falta, suposta ou verdadeira, lhe ofendia a propriedade.
Diga-se logo, para não nos autocaricaturarmos com nosso eterno “complexo de vira-lata” (apud Nelson Rodrigues), que Thomas Jefferson, o grande paladino da liberdade, também estuprava suas escravas. A diferença, essencial para distinguir o jeitinho de outras práticas de dominação, é que Jefferson deu o seu nome à sua descendência negra, coisa que nenhum dos nossos senhores de engenho chegou a fazer.
Em Pernambuco mesmo, as fábricas da Paulista, que chegaram a ser o maior complexo industrial têxtil da América Latina, eram propriedade dos Lundgren. E o membro da família que tocava a fábrica era um sueco que se deitou com 300 das suas operárias. Ele deixou uma prole enorme, mas não há notícia de pobres com sobrenome Lundgren. No máximo, na falta de sobrenome, davam-se aos negros escravos nomes de santoscatólicos. Daí a proliferação de sobrenomes “dos Santos” e de toda a corte católica dos altares.
Antes de Sérgio Buarque, Machado de Assis, ele mesmo um mulato, portanto conhecedor do truque do jeitinho, fez com que Dom Casmurro seja até hoje o retrato mais notável da classe dominante brasileira: “Por fora, bela viola, por dentro pão bolorento”, como se diz no popular. Bentinho é liberal por fora e escravista por dentro. Machado usou um jeitinho literário para legar um formidável enigma, ao qual já se dedicaram milhares de páginas: Capitu traiu mesmo ou foi vítima de uma vituperação de classe? Maria Capitolina, a Capitu, era mais pobre que o seu marido liberal, Bentinho. E, com seus “olhos de ressaca”, provavelmente tinha sangue negro.
Nascido inicialmente das contradições entre uma ordem liberal formal e uma realidade escravista, o jeitinho transformou-se em código geral de sociabilidade.

ecordo um caso pessoal, passado há muito tempo. Eu trabalhava com Celso Furtado (rigorosamente antijeitinho), que recebia um diretor do Banco Interamericano de Desenvolvimento, por sinal conterrâneo seu. Este, vendo-mepor perto, e julgando que eu não era parte da conversa, pediu-me água. Pediu a primeira, a segunda e a terceira vez. Fui obrigado a dizer-lhe que não confundisse gentileza com servilismo, e que da próxima vez ele mesmo se servisse. Não ocorria àquele senhor que alguém que não fosse da sua grei pudesse tomar parte de uma conversa com altos representantes da banca interamericana.
A origem do jeitinho, assim como a da cordialidade teorizada por Sérgio Buarque, se explica pela incompletude das relações mercantis capitalistas. Parece sempre que as pessoas estão “sobrando”. Elas são como que resquícios de relações não mercantis, não cabem no universo da civilidade. E às pessoas que sobram pode ser pedido qualquer coisa, já que é obrigação do dominado servir ao dominante.
Qualquer reunião brasileira está cheia de batidinhas nas costas na hora do cumprimento, impondo logo de saída uma intimidade que é intimatória e intimidatória. Um dos cumprimentos mais característicos de Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, é bater com as costas da mão na barriga dos interlocutores. Mesmo em encontros formais, o primeiro gesto de Lula ao se aproximar de qualquer pessoa é tocar-lhe a barriga.
A matriz desses gestos encontra-se evidentemente no longo período escravagista.Nele, o corpo dos negros era propriedade, podia ser tocado e usado. O surpreendente é que esses gestos e costumes tenham persistido ao longo de 100 anos de vigência de um capitalismo pleno.
O escravismo e a escravidão não explicam inteiramente a “longa duração” da informalidade generalizada e dos hábitos que a acompanham. Os Estados Unidos tiveram um sistema escravista que chegou até a organizar fazendas de criação de negros. A ruptura com o escravismo custou à nação norte-americana uma guerra civil que deixou marcas até hoje. Mas o jeitinho não foi o expediente que usaram para superar os problemas colocados pelo capitalismo que avançava.
Aqui, o jeitinho das classes dominantes se impôs na abolição da escravatura. Primeiro veio a Lei do Ventre Livre: garotos e garotas negros eram libertados em meio à escravidão. Mas como inexistia a perspectiva de terem terra, emprego ou salário, a libertação não lhes servia para quase nada.
Depois veio a Lei dos Sexagenários. Aos 60 anos, os negros que ainda estivessem vivos eram libertados. Ora, já se sabia que a vida média de um escravo não alcançava os 40 anos. Como mostrou Luiz Felipe de Alencastro em O Trato dos Viventes, depois de décadas de labuta no eito, o consumo do trabalho pelo capital não era uma metáfora: o negro era um molambo de gente, e não um homem livre, mesmo quando libertado pela Lei dos Sexagenários.
O que parecia cautela e previsão era, naverdade, o jeitinho (e o jeitão) em movimento. Gradualmente, até a chamada Lei Áurea, a escravidão persistiu. Isso criou uma superpopulação trabalhadora que o sistema produtivo não tinha como incorporar. Com a industrialização, tão sonhada pelos modernos, o problema se agravou. Tendo que copiar uma industrialização dematriz exógena, que tende sempre à economia do trabalho, os excedentes populacionais cresceram exponencialmente.

ssim, o chamado trabalho informal tornou-se estrutural no capitalismo brasileiro. É ele que regula a taxa de salários, e não as normas trabalhistas fundadas por Vargas. A partir daí todas as burlas são permitidas e estimuladas. A pergunta que um candidato a emprego mais ouve é: com carteira ou sem carteira? O funcionário com carteira resulta em descontos para a Previdência. Ou, se o salário for um pouquinho melhor, até para o Imposto de Renda. A resposta do candidato ao emprego é óbvia: sem carteira.
Quando o trabalhador ou trabalhadora que tem consciência dos seus direitos recusam o emprego sem carteira, às vezes escuta“malandro, não quer trabalhar”.
Em qualquer setor, em qualquer atividade, o jeitinho se impõe. O executivo de terno italiano de grife, o apresentador da televisão e a atriz de um musical não são assalariados. São pessoas jurídicas, PJs, unicamente para que empresas paguem menos impostos. Advogados, dentistas e prestadores de serviços oferecem seus préstimos com ou sem recibo, e esse último é mais barato. Bancários, telefonistas, vendedores e outras tantas categorias viram suas profissões periclitar: eles são agora atendentes de call centers, terceirizados por grandes empresas.
O jeitinho é a regra não escrita, sem existência legal, mas seguida ao pé da letra nas relações micro e macrossociais. Está tão estabelecido, é tão natural que estranhá-lo (hoje menos do que ontem, reconheça-se) pode ser entendido como pedantismo, arrogância ou ignorância: “Nego metido a besta”, é a sentença. A não resolução da questão do trabalho, o seu estatuto social, é no fundo a matriz do jeitinho. Simpático, ele é uma das maiores marcas do moderno atraso brasileiro

30 de outubro de 2012
Revista Piaui

NELSON RODRIGUES E O MENSALÃO

 

Depois de muito tempo, falei ontem com Nelson Rodrigues no velho telefone preto que ele atende lá no céu, entre nuvens de algodão e estrelas de purpurina. Ele riu ao telefone:

- Você só me liga quando está em crise? A crise é tua ou do País?
- Nelson, eu sou parte dos detritos da nação...
- Não faz frase, rapaz, olha a pose... Este momento do País é maravilhoso: o Brasil está assumindo a própria miséria, a própria lepra... Os brasileiros deviam se agachar no meio-fio e beber dessa sagrada lama que apareceu, com o 'negão' bisneto de escravos abolindo a corrupção... Ali está a salvação. Finalmente, os marxistas de galinheiro estão aparecendo no relatório do STF. É impressionante ver as trapalhadas que fizeram; achavam que ninguém estava vendo. Eles são parte dos cretinos fundamentais que infestam o País e se escondem sob a capa da 'revolução'. Antigamente, o cretino se escondia pelos cantos, envergonhado da própria sombra; hoje, se você subir num caixotinho de querosene "Jacaré" e falar "meu povo", eles formam uma multidão de Fla x Flus. Você pegue o Prestes, por exemplo; ele só fez errar na vida. Tudo que ele quis deu zebra, de 1935 até o fim... No entanto, quem falar mal do Prestes leva um dedo na cara: "Não admito, ouviu?!" Durante 30 anos organizaram um partido e chamaram os intelectuais, que fizeram um carnaval danado, transformando o Lula num "Padim Ciço". Mas, quando chegaram ao poder, debaixo de papel picado, resolveram se suicidar como as virgens do meu tempo: ateando fogo às vestes. Daí, a verdade inapelável: os comunistas odeiam governar; só querem 'tomar' o poder para entrar nas boquinhas, com a mentira de serem 'socialistas'. Eles acham a democracia uma vigarice burguesa para enganar as massas.
- Mas... Nelson... o proletariado sob o capitalismo...
- Para com isso, rapaz; o Homem é capitalista... Existe mercado desde o tempo dos macacos disputando minhocas no buraco... Só os cegos acreditam na "utopia" e só os profetas enxergam o óbvio. O óbvio é um Pão de Açúcar que ninguém vê. E o óbvio é que os petistas queriam fazer a "revolução" com o mensalão, ali na cara do Lula. Mas, foram mexer com a única coisa proibida: com o canalha brasileiro. O canalha é um patrimônio da nacionalidade. Desde Tomé de Souza que roubam sem parar. Pois os canalhas estavam quietos, metendo as mãos nas cumbucas do Estado, quando de repente apareceu o Zé Dirceu, achando que ia passar-lhes a perna. Os canalhas olharam maravilhados aquela burrice dos petistas e sacaram na hora: "Esses comunas acham que a gente é babaca? É tudo mané!..." Dirceu prometia grana, mas não pagava na hora, humilhando a gangue aliada. Eles piscavam cinicamente uns para os outros, contendo o riso e preparando o bote: "Perfeitamente, camarada Dirceu..."
- Você acha o que do Dirceu?
- Ele me fascina. Eu o conheci em 67, por aí... Ele vivia atracado em postes, como vira-latas... Explico: o Dirceu não podia ver um poste que ele trepava em cima e escrachava o capitalismo. Você sabe que os comunas tratam o capitalismo como uma pessoa: "Hoje o capitalismo acordou de mau humor, o capitalismo tem de morrer!!!" Eles falam no tal do "neoliberalismo" como se os grandes empresários de cartola tivessem resolvido: "Vamos fundar este neoliberalismo para acabar com aqueles trouxas!" Acham que a IBM, a Coca-Cola e a GM estão dando gargalhadas de bruxa de peça infantil. A velha esquerda não entendeu até hoje a grande lição de Marx: quem manda são as mercadorias, quem manda é a salsicha. Ninguém controla o Mercado. Aliás, o Marx está ali numa nuvem, exalando cava depressão.
Bem, como eu ia dizendo, o Dirceu vivia trepado em postes, falando da "utopia", que ninguém sabia o que era. Alguns sujeitos rosnavam: "Quem é essa tal de Utopia? É a mulher dele?" Pois um dia o nosso Dirceu encontrou o Lula. Foi uma festa. O Lula era o "robô" perfeito para os petistas intelectuais: operário, foice e martelo, barba e sem dedo - tinha tudo para se tornar um símbolo de santidade, um messias da USP, onde as professoras se estapeavam para pegar um autógrafo do "proletário". Os bolchevistas, desempregados desde 68, se deram bem quando Lula chegou ao poder: "Vamos desapropriar a grana desse Estado burguês para conquistar nossos objetivos populares". Aí, apareceu o Dirceu esfregando as mãos: "Oba!... Deixa comigo, Lula!" E virou 'primeiro-ministro'. O Lula achou ótimo porque estava em fremente lua de mel consigo mesmo, segredando para dona Marisa: "Ei, mãezinha, quem diria nós aqui, hein...?" E nem ligava: "Deixa que o Dirceu resolve!" E ia beijar rainhas e reis, lambido pelos grã-finos internacionais.
Foi aí que surgiu o Jefferson, denunciando o comandante da "revolução corrupta". Jefferson saiu da mentira para a verdade e o Dirceu da "verdade" para a mentira. Um é o espelho invertido do outro. O Jefferson e Dirceu são a essência do Teatro: protagonista e antagonista. A maior peça do teatro brasileiro foi o duelo dos dois na Câmara. O País parou como no Brasil x Uruguai.
Os dois juntos levantaram a cortina do erro brasileiro. O Jefferson, que tinha passado a vida escondido na própria gordura, se esgueirando por estatais e fundos de pensão, descobriu a deliciosa alegria do sucesso. Ninguém foi mais feliz que o Jefferson naqueles dias, espojando-se na verdade, regozijando-se no papel de herói ao avesso, abrindo o alçapão de ratos...
E Dirceu se deu bem também, apesar da condenação no STF. Ele ficou livre de sua 'revolução' fracassada, finalmente no ansiado martírio, o único sossego dos paranoicos.
Jefferson fez o maior tratado de sociologia política da vida nacional e Dirceu fez uma revolução inesperada - queria um socialismo stalinista e acabou fortalecendo a democracia.
- Mas, Nelson, qual será o futuro disso tudo?
- Não há mais futuro, rapaz... Mas, garanto que um dia Jeff e Zé terão uma estátua em bronze - os dois sob os braços de uma grande deusa nua: a República celebrando seus heróis. Rapaz, isso é o óbvio: Dirceu e Jefferson salvaram o Brasil!
E desligou.

30 de outubro de 2012
Arnaldo Jabor - O Estado de S.Paulo

O MENSALEIRO CONDENADO PELO SUPREMO QUER ESPERAR NA CÃMARA A CHEGADA DO CAMBURÃO



Condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha pelo Supremo Tribunal Federal, além de enquadrado por falsidade ideológica pela Justiça Federal de Minas Gerais, José Genoino foi assaltado por um surto de sensatez e, surdo aos apelos da presidente Dilma Rousseff, manteve a decisão de demitir-se do cargo de “Assessor Especial do Ministério da Defesa”. Neste domingo, animado com a derrota imposta a meia dúzia de jornalistas pela tropa de jagunços que o escoltou até a seção eleitoral, retomou a rotina da insanidade. E quer esperar no Congresso a fixação do tempo em que dormirá na cadeia.

Reduzido a suplente pela eleição de 2010, o companheiro que presidia o PT quando o escândalo foi descoberto agora reivindica a vaga aberta na Câmara pela saída de Carlinhos Almeida, eleito prefeito de São José dos Campos .”O Genoino é o suplente e vai assumir sem problema nenhum”, endossa Rui Falcão, presidente do PT. “Genoino precisa recuperar a sua cidadania política”, avaliza o deputado paulista Paulo Teixeira, feliz com o regresso iminente do parceiro que manteve um gabinete por lá entre 1982 e 2002.

Derrotado por Geraldo Alckmin na disputa pelo governo paulista, ele teria reincidido em 2006 se a repercussão da roubalheira descoberta um ano antes não o aconselhasse a conformar-se com mais uma temporada no Legislativo. Eleito com menos de 100 mil votos, não foi além da suplência quatro anos mais tarde. Sonhava com um desempenho menos pífio na próxima quando foi atropelado pelo Código Penal.

Na Mansão dos Horrores, o deputado Genoino vai sentir-se em casa. Primeiro, porque conhece todo mundo. Segundo, porque na Câmara da Era Lula folha corrida vale muito mais que currículo, e o prontuário do companheiro condenado é bem mais impressionante que a biografia. Desde que foi condenado, por exemplo, ele recita que a Corte Suprema do Brasil democrático tem obrigação de inocentá-lo por ter lutado nos cafundós do Araguaia pela implantação da ditadura comunista. Esse argumento só recomenda uma internação no hospício.


Bem mais convincentes são as anotações na capivara. Um quadrilheiro corrupto não é um deputado qualquer. Merece esperar a chegada do camburão na presidência da Câmara.

30 de outubro de 2012
Augusto Nunes

IMAGEM DO DIA

 
Menina posa para foto em frente a uma bomba de água em um campo de muçulmanos refugiados devido aos episódios de violêncio na região de Sittwe, em Mianmar
Menina posa para foto em frente a uma bomba de água em um campo de muçulmanos refugiados devido aos episódios de violêncio na região de Sittwe, em Mianmar - Zoe Zeya Tun/Reuters
 
30 de outubro de 2012

INTRÓITO À CULTURA INÚTIL


Sempre fui um cultivador da cultura inútil, cheguei a escrever um livro sobre o assunto, mas seu autógrafo queimou-se junto a meu carro num acidente.
Fiquei bem zangado, mas de nada adiantava, portanto deixei para lá, mas não perdi o vício de anotar na memória, boas inutilidades, tipo: 

 
Existem 317 tipos diferentes de cruzes, SHU: Unidade de Calor Scoville (SHU) é a escala que mede o ardor da pimenta. Que o fruto romã (foto), tem sempre 613 sementes independente de seu tamanho (tive a cachimônia de contar o de três diferentes. Pode-se também partir para a escatologia, onde encontraremos coisas interessantes, por exemplo:Um flato (piedo) simultâneo dos 6,5 bilhões de humanos liberaria 19,5 milhões de litros de metano – o equivalente a 2 mil caminhões que transportam esse tipo de gás.
Bem, mas nada disso tem a que ver com o artigo do Marc, vamos a ele no que concerne aos algarismos romanos.
Antes de mudar para a Itália era um assíduo freqüentador do bar Clipper no Leblon (RJ), de uma feita conversava com um amigo, que também era um pescador de pérolas inúteis e este me explicava que os romanos desconheciam o zero, e que para fazer suas construções, especialmente pontes, não podendo fazer o cálculo do arco valia-se do recurso experiência/descarte.

Ao nosso lado estava apoiado um sujeito a quem tínhamos uma antipatia, e esta era recíproca, diziam as más línguas, que essa raiva surgira pelo o fato de meu amigo ter-lhe comido a namorada, mas nada era comprovado.
O tal, pobre desavisado, resolveu meter o bedelho em nossa conversa e falando bem alto disse:
- Poucas vezes ouvi uma besteira maior dessa que você acabou de dizer. – falou de uma forma que chamou a tenção de todos, que juntaram-se para ver o resultado da contenda que se apresentava.
- Pois é, – disse calmamente meu amigo – o que eu disse é que os romanos não conheciam o zero.
O outro sacudindo a cabeça em desaprovação, com um sorriso sardônico colado à boca e mostrando o ar de vitorioso, aumentando a voz, vaticinou:
- Pois eu lhe digo como engenheiro e professor da Pontifícia Universidade Católica, que é impossível que os romanos ignorassem esse algarismo.
Meu amigo não se apertou, pegou um guardanapo de papel, pediu a caneta emprestada ao garçom, que também parara para ouvir, e olhando bem firme para o engenheiro pediu:
- Concordo com você – e esticando-lhe o papel e a caneta, finalizou – então me faz um favor, escreve aí zero em algarismo romano.
Nem preciso ir adiante, o engenheiro saiu célere do bar sob vaia dos presentes, inclusive de sua namorada que presenciara a cena.

30 de outubro de 2012
Giulio Sanmartini

PÉROLAS DA CULTURA INÚTIL

 



Para fazer meio quilo de mel, as abelhas precisam recolher o néctar de deve mais de 2 milhões de flores individuais
A heroína é a marca de morfina uma vez comercializado pela “Bayer”
Os turistas que visitam a Islândia devem ser informados que gorjeta em um restaurante é considerado um insulto!
Pessoas em colônias de nudismo jogam mais voleibol do que qualquer outro esporte
A Albert Einstein foi oferecida a presidência de Israel em 1952, mas ele recusou.
Astronautas não conseguem arrotar – não existe gravidade para separar os líquidos dos gasosos em seus estômagos.
Os romanos antigos, sociedades chinesas e alemãs freqüentemente usavam urina para bochechos.
A Mona Lisa não tem sobrancelhas porque na época do Renascimento era moda raspá-las!
Por causa da velocidade com que a Terra gira em torno do Sol, é impossível para um eclipse solar durar mais de 7 minutos e 58 segundos.
A noite de 20 de janeiro é chamada de “Saint Agnes Eve”(Véspera de Santa Inês), considerada como um momento em que uma mulher jovem sonha com seu futuro marido.


Google é realmente o nome comum para um número que tem um milhão de zeros.
Um copo precisa de um milhão de anos para se decompor, o que significa que nunca se desgasta e pode ser reciclado uma quantidade infinita de vezes!
O ouro é o único metal que não enferruja, mesmo que seja enterrado no solo por milhares de anos.
Sua língua é o único músculo do seu corpo que tem ligação apenas em uma ponta.
Se você parar de ficar com sede, deve beber mais água. Quando um corpo humano está desidratado, o seu mecanismo de sede é desligado.
A cada ano, 2.000.000 fumantes querem parar de fumar ou morrem de doenças relacionadas ao tabaco.
Zero é o único número que não podem ser representados por algarismos romanos
Pipas foram utilizados na Guerra Civil Americana para entregar cartas e jornais.
A canção Auld Lang Syne, é cantada no momento da meia-noite em quase todos os países de língua inglêsa no mundo para fazer chegar o Ano Novo.
Beber água depois de comer reduz o ácido em sua boca por 61%
Óleo de amendoim é usado para cozinhar em submarinos, porque não faz fumaça, a menos que seja aquecido a mais de 232º C.
O rugido que ouvimos quando colocamos uma concha junto ao nosso ouvido não é o oceano, mas o som do sangue fluindo através das veias da orelha.
Nove em cada 10 seres vivos vivem no oceano.
A banana não consegue se reproduzir sozinha. Ela precisa ser propagada apenas pela mão do homem.
Aeroportos a altitudes mais elevadas requerem uma maior pista de pouso devido à menor densidade do ar.
A Universidade do Alasca se estende por quatro fusos horários.
O dente é a única parte do corpo humano que não pode auto curar-se.
Na Grécia antiga, jogando uma maçã a uma garota era uma proposta tradicional de casamento. Pegá-la significava que ela aceitava a proposta.
Warner Communications pagou 28 milhões de dólares pelos direitos autorais da canção Feliz Aniversário.
As pessoas inteligentes têm mais zinco e cobre em seus fios de cabelo.
A cauda de um cometa aponta sempre para longe do sol.
A vacina da gripe suína em 1976 causou mais mortes e doenças do que a doença que pretendia evitar.
A cafeína aumenta o poder de aspirina e outros analgésicos. É por isso que é encontrada em alguns medicamentos.
A saudação militar é um movimento que evoluiu desde os tempos medievais, quando os cavaleiros de armadura levantavam a viseira do elmo para revelar sua identidade.
Se você entrar no fundo de um poço ou de uma chaminé de boa altura e olhar para cima, você pode ver as estrelas, mesmo no meio do dia.
Quando uma pessoa morre, a audição é o último sentido a ir. O primeiro sentido perdido é a vista.
Nos tempos antigos, estranhos se apertavam as mãos para mostrar que estavam desarmados.
Morangos são os únicos frutos cujas sementes crescem no exterior da fruta.
Abacates têm as maiores calorias de qualquer fruta: 167 calorias por cem gramas.
A lua se distancia cerca de cinco centímetros da Terra a cada ano.
A Terra acrescenta 100 toneladas de peso a cada dia devido à poeira espacial caindo.
Devido à gravidade da Terra é impossível para as montanhas serem maiores do que 15.000 metros.
Mickey Mouse é conhecido como “Topolino” na Itália.
Os soldados não marcham em passo quando atravessando pontes, porque eles poderiam criar uma vibração suficiente para fazer a ponte ruir.
Tudo pesa um por cento menos na linha imaginária do equador terrestre.
Para cada kg adicional carrergado em um vôo espacial, 530 kg a mais de combustível são necessários na decolagem.
A letra J não aparece em nenhum lugar da tabela periódica dos elementos.
Em 2012, dezembro tem 5 sextas-feiras, 5 sábados e 5 domingos. Isto aparentemente acontece uma vez a cada 823 anos! Essa efeméride é chamada de “sacos de dinheiro”, na China. (fotomontagem)
 
30 de outubro de 2012
Marc Aubert