"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 11 de março de 2013

A DESMORALIZAÇÃO EM APENAS UM MINUTO E MEIO

Uma jovem jornalista precisou de um minuto e meio para desmoralizar o bufão bolivariano




Em menos de 10 minutos, o vídeo ergue um monumento ao jornalismo de verdade e, simultaneamente, escancara a grandiosa pequenez de um farsante.

Repórter da Rádio França Internacional, a jovem venezuelana Andreina Flores precisou de 1 minuto e 39 segundos para emparedar o presidente Hugo Chávez com a interrogação que inquieta os democratas do mundo inteiro.

Se o governo ganhou as eleições parlamentares por uma diferença ligeiramente superior a 100 mil votos, como pôde instalar no Congresso uma bancada que tem 37 integrantes a mais que a formada pela oposição?
A distorção não seria fruto das mudanças introduzidas por Chávez no sistema eleitoral às vésperas da votação, concebidas para impedir que as urnas traduzissem efetivamente a vontade popular?

Clara, concisa, corajosa, Andreina disse tudo o que o embrião de ditador não queria ouvir.
A apresentação de Chávez ocupa os 7 minutos e 58 segundos restantes.
Vestido de bandeira venezuelana, o cabo eleitoral de Dilma Rousseff, a quem Lula se refere como “amigo querido”, mistura piadas infames, grosserias, sorrisos amarelos, frases desconexas, falácias, provocações, cafajestagens, patriotadas malandras, insinuações preconceituosas, truques de quinta categoria, ameaças veladas ou ostensivas ─ tudo, menos argumentos consistentes.
Sentada na primeira fileira, sem arrogância e sem medo, Andreina continua à espera de respostas que não virão.

O rei Juan Carlos desmoralizou o bufão bolivariano com a célebre ordem para calar-se. A jornalista venezuelana desmoralizou-o ao exigir que falasse.

11 de março de 2013
Augusto Nunes
(publicado em 29 de setembro de 2010)

NOVA ORDEM MUNDIAL




Os verdadeiros agentes revolucionários de de efetividade real na Nova Ordem Mundial são 3:

1) A elite governante da Rússia e da China, especialmente os serviços secretos desses dois países.

2) A elite financeira ocidental, tal como representada especialmente no Clube Bilderberg, no Council of Foreign Relations e na Comissão Trilateral.

3) A Fraternidade Muçulmana, as lideranças religiosas de vários países islâmicos e alguns governos de países muçulmanos.

As idéias de agentes revolucionários para um governo mundial não correspondem aos interesses de Governos e Nações, portanto os EUA como nação não são os planejadores da Nova Ordem Mundial, pois não é definido como interesse geo-político. Somente o Socialismo Soviético e Chinês tem relação geo-político.


http://www.youtube.com/watch?v=lXnouKLCt-g
 
11 de março de 2013
 

BOM, SÓ PARA O PT...

 

A intimidade entre o partido do governo e Hugo Chávez ajudou a financiar o PT e satisfazer sua ala mais radical. Já o Brasil só perdeu com ela
 
 
Em 1998, ano em que Hugo Chávez chegou ao poder na Venezuela, o PT perdeu a terceira eleição presidencial seguida no Brasil. A derrota rachou o partido.
 
Um grupo continuou satanizando os Estados Unidos, tecendo loas a Cuba e defendendo a reforma agrária radical, o controle da imprensa, a expropriação de empresas estrangeiras e o apoio a movimentos guerrilheiros.
 
Outro grupo, mais poderoso, se rendeu ao pragmatismo, aliou-se a partidos conservadores, atraiu empresários e contratou um marqueteiro renomado para eleger Lula presidente quatro anos mais tarde.
 
Se poucas questões unem as duas alas petistas, a admiração ao ditador venezuelano agora morto e o apoio ao seu governo estão entre elas. Para os radicais, Chávez é motivo de inveja, uma vez que fez na Venezuela tudo o que eles sonhavam fazer no Brasil.
 
Já para os pragmáticos, o caudilho era um parceiro comercial importante. Amigo de Chávez, José Dirceu – o ex-chefe da Casa Civil de Lula, condenado a dez anos e dez meses de prisão por ter comandado o mensalão – liderou o apoio do PT ao governo chavista e trabalhou na prospecção de negócios para empresas brasileiras naquele país. Em troca, elas financiavam campanhas do partido.
 
"Chávez fez em seu país o que o PT originalmente queria fazer no Brasil mas não pôde, porque aqui há instituições fortes e uma imprensa vigilante.
Por isso se tornou um ídolo dos petistas.
 
Para eles, é como se fosse um amigo que se deu bem na vida e passou a ser invejado", compara o historiador Marco Antonio Villa, da Universidade Federal de São Carlos.
Com a chegada do PT ao poder, em 2003, as relações comerciais com a Venezuela foram multiplicadas por quatro, alcançando 6 bilhões de dólares em 2012.
 
Como o país praticamente não tem indústria e sua economia depende do petróleo, o governo aumentou a importação de bens e serviços brasileiros. Aí quem fez a festa foram as empreiteiras, que, com a ajuda do BNDES, foram contratadas para realizar obras do porte de hidrelétricas, estradas e aeroportos.
Apenas a Odebrecht comanda projetos orçados em 3 bilhões de dólares. Não por coincidência, essas mesmas empreiteiras são as maiores doadoras das campanhas petistas: dos dez principais financiadores, seis são construtoras com negócios em Caracas.
 
A relação íntima com Chávez pode ter sido benéfica para as finanças e o discurso do PT, mas só trouxe desvantagens para o Brasil. O país viu sua influência na América Latina ser reduzida pelo dinheiro do petróleo de Chávez, que comprou o apoio de países como Cuba, Paraguai, Equador e Bolívia. Em importantes disputas comerciais, o caudilho nunca ficou ao lado do Brasil – o caso mais simbólico foi o apoio à Bolívia quando Evo Morales decidiu nacionalizar empresas brasileiras de energia, em 2006.
 
Ainda assim, o governo de Lula continuou privilegiando os negócios com a Venezuela, até quando prejudicavam os interesses nacionais. Em 2005, a Petrobras se associou à PDVSA (estatal venezuelana de petróleo) para construir uma refinaria em Pernambuco, desprezando proposta mais vantajosa da Arábia Saudita.
 
A PDVSA jamais honrou sua parte na sociedade e apenas neste ano, já no governo Dilma Rousseff, recebeu da Petrobras um ultimato para que pagasse sua parte na obra, que supera os 8 bilhões de dólares.
Além dos prejuízos econômicos e diplomáticos, o governo brasileiro se apequenou aos olhos do mundo desenvolvido ao apoiar um autocrata que devastou a economia de seu país e corroeu suas instituições.
 
O apoio do PT à eleição de Nicolás Maduro para suceder a Chávez demonstra que o partido aprova e quer prolongar a relação desigual com a Venezuela.
Na semana passada, o marqueteiro oficial do petismo e do chavismo, João Santana, pôs no ar os primeiros comerciais da campanha de Maduro – todos centrados em Chávez e com frases como "Ele vai voltar" e "Nascer de novo". Seria um sonho para o PT.
E um pesadelo para o Brasil.

11 de março de 2013
Otávio Cabral

VEJA - 09/03/2013

CAPITALISTAS BRASILEIROS, UNI-VOS!

 
Um dos mais produtivos economistas da nova geração aponta as contradições, os riscos e a ineficiência resultantes do aumento da interferência do governo na economia

"Se puserem o governo federal para administrar o Deserto do Seara, em cinco anos faltará areia." A frase é do economista americano Milton Friedman (1912-2006), ganhador do Nobel de 1976 e o maior expoente do liberalismo nos últimos cinquenta anos. Essa corrente de pensamento preconiza a abertura econômica dos países e a redução, ao mínimo possível, da interferência do governo no funcionamento dos mercados, favorecendo o investimento privado em um ambiente de competição acirrada. A frase de Friedman serve de epígrafe para o livro Privatize Já, de Rodrigo Constantino, lançado pela editora Leva. Constantino, de 36 anos, faz parte de uma nova geração de economistas brasileiros que valorizam o pensamento liberal clássico e denunciam o peso excessivo do estado na economia. No livro, ele defende a "agenda esquecida" das privatizações. O economista recebeu Veja em seu escritório, numa empresa de investimentos, no Rio de Janeiro.

As empresas de celulares estão entre as campeãs de queixas entre os consumidores brasileiros, apesar de serem extremamente rentáveis. Nas estradas privatizadas, as reclamações recaem sobre o valor dos pedágios. Não são sintomas de que a privatização nem sempre funciona? 
No fundo, se procurarmos bem, sempre haverá a impressão digital do governo nessas falhas atribuídas ao mercado. No caso dos celulares, há muitas reclamações, em primeiro lugar, por causa do grande aumento no número de usuários depois da privatização do sistema Telebrás. Antes nem adiantava reclamar, porque era um serviço caro e raro. Reconheço que existem problemas. Mas os impostos arrecadados pelo governo encarecem as tarifas e reduzem os investimentos. O sinal das chamadas é ruim porque faltam antenas, e o grande entrave para ampliar o número de antenas são os governos, que demoram a conceder as licenças de instalação. As pessoas reclamam do preço do pedágio, porém o que deveria ser objeto de revolta são os milhões arrecadados em impostos, como o IPVA, que não são investidos nas ruas e rodovias As privatizações, obviamente, não são uma panaceia se feitas de maneira escusa. Acompanhei o processo de desestatização na Rússia, depois da queda do regime soviético. As privatizações ocorreram sem nenhum arcabouço institucional minimamente decente, sem transparência nas informações. Privatização, assim, não faz milagre.

Se a venda de estatais obteve resultados positivos, por que nenhum político no Brasil defende abertamente a privatização da Petrobras? 
As resistências são gigantescas. Para privatizar a Petrobras, precisaríamos ter uma Margaret Thatcher, um estadista disposto a enfrentar os grupos de interesses localizados. Será impossível vender o controle da estatal enquanto imperar a ideia de que seria a entrega de um patrimônio público. Basta ver a dificuldade dos tucanos em defender o seu legado, no geral favorável, de privatizações. Elas foram feitas mais por necessidade, porque as estatais estavam quebradas, do que por convicção. Foi preciso que eu, um liberal convicto e crítico da social-democracia dos tucanos, saísse em defesa das privatizações.

A Petrobras não é uma empresa grande demais para ser privatizada e não existiria o risco de substituir um monopólio estatal por um privado? 
Nesse aspecto, estou com Milton Friedman. Entre um monopólio estatal e um privado, prefiro o privado. Sempre há formas de regulação para equilibrar uma eventual falta de concorrência. Ademais, não acredito que a Petrobras deva ser monopolista. A concorrência pode e deve ser incentivada, atraindo novos investidores. O petróleo não é nosso, como argumentam os defensores do monopólio estatal? Perfeito, então nada melhor que entregar a cada brasileiro a sua fatia na empresa. Cada um faria o que quisesse com as suas ações. Em parte, seria a repetição em grande escala da compra de ações com o uso do FGTS. Infelizmente, o comando da Petrobras fica a cargo de políticos, pessoas sem o menor foco na gestão.

Quais seriam os benefícios de uma Petrobras privatizada? 
Os acionistas privados, interessados na rentabilidade, pressionam a empresa a ser mais eficiente. Seriam reduzidas as ingerências políticas e manipulações, como o controle no preço da gasolina para evitar o impacto na inflação. O Brasil já seria autossuficiente em combustíveis. A produção do pré-sal estaria em um estágio muito mais avançado. Como paralelo, basta observar a revolução em curso atualmente nos Estados Unidos com o intenso desenvolvimento da produção do gás de xisto. O seu processo de extração é complexo, e para torná-lo economicamente viável foram necessárias muitas pesquisas e inovações, feitas por diversas empresas. É um exemplo daquilo que Schumpeter (Joseph Alois Schumpeter, economista austríaco, morto em 1950) chamou de destruição criadora. Não se pode vislumbrar esse tipo de inovação surgindo em uma economia predominantemente estatal, fechada e sem concorrência.

Não existem estatais eficientes? 
São raras. As estatais tendem à ineficiência porque não precisam obter lucros para se perpetuar. Seus diretores podem fazer atrocidades financeiras, mas mesmo assim as estatais continuarão existindo, porque, quando houver problemas, o governo acabará lhes dando mais dinheiro. É o que ocorre, enquanto falamos, com os bancos públicos. Os bancos privados, temendo o aumento na inadimplência e o risco de perdas, reduziram o ritmo na liberação de financiamentos. Já os bancos públicos, por determinação do governo, estão injetando na economia um volume crescente de empréstimos. Eles sabem que serão salvos pelo governo se essa política der errado.

A atuação dos bancos públicos não contribui para a queda nas taxas de juros cobradas pelo setor financeiro, estimulando assim o crescimento econômico? 
Esse é um efeito de curto prazo, atendendo a interesses essencialmente políticos. Acusam, com certa razão, o setor privado pela crise financeira de 2008, mas se esquecem da contribuição do setor público. Nos governos de Bill Clinton e de George W. Bush, a Casa Branca sofreu pressões para incentivar o crédito habitacional, usando como instrumento as agências semiestatais de financiamento. Essa foi a origem da bolha imobiliária. Os governos são os maiores interessados em pôr em loco políticas de curto prazo e lançar a conta para a frente. Por cálculo eleitoral, os governos são míopes. Se um político não olha para o curto prazo, ele perde a eleição. Então os governos tendem a estimular a formação de bolhas, postergando qualquer tipo de ajuste.

A internet e o GPS resultaram de investimentos públicos na área da defesa, e o Vale do Silício talvez não existisse sem os gastos americanos na indústria militar e aeroespacial. No Brasil, a Embraer nasceu de um investimento do governo. Esses não seriam exemplos de intervenções estatais positivas? 
Tudo isso é verdade, mas recorro a Bastiat (Frédéric Bastiat, teórico liberal francês do século XIX), segundo o qual, em economia, existem os efeitos vistos e os não vistos. Sempre haverá exemplos de sucesso resultantes de intervenções estatais. Um economista mais cético, entretanto, deverá perguntar: e aquilo que não se vê? Como seria o país se o governo não desviasse recursos escassos para esses fins? Ninguém tem essa resposta. Se o governo não tivesse criado a Embraer e a mantido por anos e anos, mesmo dando prejuízo, talvez os recursos pudessem ter sido usados de maneira mais produtiva pela iniciativa privada. O governo nunca é um bom empresário.

A redução da pobreza não deve ser uma missão eminentemente do governo, sobretudo em um país com bolsões miseráveis como o Brasil? 
Sinceramente, acredito que o estado contribui mais para concentrar a riqueza do que para distribuí-la. Brasília, a capital com a segunda maior renda per capita do país, é um ótimo exemplo dessa concentração de renda patrocinada pelo governo. Não me convence o discurso segundo o qual a justiça social depende de um estado grande e inchado. O governo brasileiro cobra um pedágio muito alto em nome dessa distribuição de igualdade e, no fim, o resultado é uma concentração. O governo deveria concentrar os seus gastos na melhora da qualidade do ensino e também na infraestrutura. É o inverso do que existe hoje. O governo consome o equivalente a quase 40% do PIB e investe apenas 1% do PIB. É preciso investir muito mais, sem, é claro, desativar uma rede de proteção social mínima.

Os países europeus argumentam que o estado de bem-estar social contribui para a coesão na sociedade, reduzindo o risco de levantes populares e rupturas políticas. Qual a sua avaliação? 
Concordo em parte. Como disse, nenhuma nação civilizada deve se conformar com o fato de uma parcela de sua sociedade ter ficado para trás, seja por um infortúnio, seja por outro problema qualquer. Essas pessoas não podem ficar desamparadas. Na Europa, porém, o básico já foi atendido há muito tempo. Para os europeus de agora, todos devem ter direito a tudo. Essa é uma bandeira marxista: a todos de acordo com a sua necessidade: de todos de acordo com a sua capacidade. No limite, essa política leva todos a ter necessidade de tudo, e todos a ter capacidade de nada. O estado de bem-estar social solapa incentivos cruciais. Ninguém estará disposto a labutar de sol a sol para deixar 60% ou até 70% de sua renda na mão do governo. Esfolar os ricos em nome de melhorar a vida dos pobres é uma falácia.

Por quê? 
A economia não é um jogo de soma zero, no qual João, para ficar rico, precisa tirar de José. O mesmo vale para países. É pura propaganda defender a ideia de que alguns países ficaram ricos apenas por ter explorado os pobres. Essa mentalidade mercantilista é que leva a conclusões absurdas como a de que as importações são prejudiciais ao país.

Não é importante proteger da concorrência externa empresas nascentes e, assim, desenvolver o parque industrial? 
Absolutamente não. Quantas décadas ainda serão necessárias para a indústria automobilística sair da infância? Setenta anos não foram suficientes? Essa ideia de incentivar os campeões nacionais deveria ter sido enterrada já nos tempos da desastrada Lei da Informática, no governo militar. Mas, infelizmente, muitos economistas ainda usam esse argumento e dispõem de amplo espaço no debate público.

O liberalismo econômico e o estado mínimo não tendem a favorecer os já estabelecidos, os donos de propriedades, em detrimento dos pobres? 
Falso. Hayek (Friedrich Hayek. economista liberal austríaco, morto em 1992) mostrou que o liberalismo é o maior aliado dos pobres, porque ele incita a concorrência e oferece igualdade de oportunidades. Sem concorrência, os grandes empresários se revezam na tentativa de conquistar mais privilégios do governo. O capitalismo de estado, a simbiose de empresários e governo, é o modo mais injusto de organização econômica. Nesse modelo, o interesse do homem comum, do consumidor, está sempre subordinado ao estado e às suas empresas preferidas. A defesa do mercado não deve ser confundida com a defesa dos empresários. O mercado é muito mais amplo que isso. O mercado é um mecanismo impessoal de mediação constante dos interesses e demandas de milhares e milhares de entidades e pessoas.

Os liberais, particularmente no Brasil, costumam ser tachados de reacionários e conservadores. Como o senhor se classifica? 
Nelson Rodrigues dizia que era um reacionário: reagia contra tudo aquilo que não presta. Eu sou um conservador: quero conservar tudo aquilo que presta. Um liberal é um sujeito cético, desconfiado da natureza humana e do custo das utopias. Encara o estado como um mal necessário. Sabe que não existe vida civilizada sem governo, mas defende a tese de que o melhor mecanismo de incentivo ao desenvolvimento é a descentralização do poder estatal em um ambiente de livre mercado. Para nós. Liberais, o que realmente serve de garantia ao interesse público são as instituições sadias em pleno funcionamento, e não um governante iluminado dando canetadas no palácio, pensando ser capaz de resolver tudo apenas pela vontade.

Rodrigo Constantino
VEJA - 09/03/2013

GAYS ALVOROÇADOS

O GGB (Grupo Gay da Bahia) elegeu o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e o ex-governador do Estado, José Serra (PSDB), como inimigos dos gays na tarde desta segunda-feira.
 
A dupla ganhou o "Troféu Pau de Sebo", concedido há 23 anos a personalidades cujas ações são consideradas contrárias à causa pela entidade, a mais ativa do país.
O motivo: ambos condenaram o chamado kit anti-homofobia produzido pelo Ministério da Educação durante a campanha eleitoral do ano passado. Pela mesma razão, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, figura ao lado deles na premiação.
O material era composto de vídeos e cartilhas sobre a questão da homossexualidade e teve sua distribuição proibida, em 2011, pela presidente Dilma Rousseff, após pressão de parlamentares evangélicos. Como resultado, Dilma foi a vencedora do "Pau de Sebo" anterior.
Também foram criticados o vereador Carlos Bolsonaro (PP-RJ) e o STM (Superior Tribunal Militar).
Na contramão do grupo, conquistaram o "Oscar gay" --ou Troféu Triângulo Rosa-- nomes como o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), as cantoras Daniela Mercury e Sandy, e a apresentadora Marília Gabriela.
(Da Folha Poder)
11 de março de 2013
in coroneLeaks

PETROBRAS NA ALÇA DE MIRA DOS TUCANOS


A executiva nacional do PSDB realiza nesta terça-feira um seminário em Brasília para debater a situação da Petrobras Criticados por petistas pela suposta tentativa de privatizar a empresa no governo Fernando Henrique Cardoso, os tucanos querem mostrar a gestão temerária da estatal sob a administração do PT.
 
Um dos sinais é a perda de 40% do valor de mercado da empresa só nos últimos três anos. Segundo os tucanos, a Petrobras está longe de garantir a propalada autossuficiência do Brasil na produção de petróleo.
O seminário "Recuperar a Petrobras é o nosso desafio - A favor do Brasil, a favor da Petrobras" está marcado para começar às 14h, em um dos plenários da ala das comissões da Câmara.
 
Estarão presentes dirigentes dos principais partidos de oposição, PSDB, DEM e PPS. Também foram convidados representantes da área sindical.

Entre os tucanos, já confirmaram presença o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), o presidente do Instituto Teotônio Vilela, ex-senador Tasso Jereissati, e o senador Aécio Neves (MG), que deve fazer um pronunciamento.
Antes da fala de Aécio, provável candidato a presidente da República, haverá palestra dos quatro autores do livro "Petróleo - reforma e contrarreforma do sistema petrolífero brasileiro": Wagner Freire, engenheiro, geofísico e ex-diretor da Petrobras, Luiz Paulo Vellozo Lucas, ex-prefeito de Vitória (ES), engenheiro e funcionário de carreira do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Adriano Pires, economista e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), e Alfredo Renault, engenheiro químico e superintendente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip).
O prefácio do livro é de FHC, que não participará do seminário porque está fora do país.
 
(Da Folha Poder)
 
11 de março de 2013
coroneLeaks

A VERDADE REVELADA PELA FOTOGRAFIA

VENEZUELA: Vejam a foto e me digam se militares de um país democrático fariam essa saudação com o punho levantado



Chefes militares venezuelanos, tendo à frente o ministro da Defesa, almirante Diego Molero Bellavia, fazem a saudação com o punho levantado (Foto: Telesur / AFP)
 
Depois de anunciar ontem que os militares venezuelanos cumprirão a Constituição chavista — como se, num país democrático, fosse preciso militares “anunciarem” que farão sua mais elementar obrigação –, o ministro da Defesa da Venezuela, almirante Diego Alfredo Molero Bellavia, encabeçou uma saudação ao falecido caudilho Hugo Chávez levantando o punho ao alto, no velho estilo comunista do século passado.
Os demais chefes militares que o circundavam no pronunciamento feito pela TV fizeram o mesmo.
Vocês já imaginaram oficiais-generais franceses, australianos ou canadenses fazendo isso?
E nem é preciso ir tão longe: se chefes militares brasileiros agissem assim, o mundo viria abaixo — e com razão.
Esta é a Venezuela “democrática” que o chavismo legou.
Ah, enquanto anunciava o cumprimento da Constituição, o almirante Molero Bellavia deslocou tropas para as ruas de Caracas, por solicitação do vice-presidente Nicolás Maduro, sob o pretexto de “manter a ordem”.
Para isso não existe a polícia?
11 de março de 2013
*Ricardo Setti

A MORTE DO CAUDILHO

 

‘A morte do caudilho’

MARIO VARGAS LLOSA
O comandante Hugo Chávez Frías pertencia à robusta tradição dos caudilhos que, embora mais presentes na América Latina que em outras partes, não deixaram de se assomar a toda parte, até em democracias avançadas, como a França. Ela revela aquele medo da liberdade que é uma herança do mundo primitivo, anterior à democracia e ao indivíduo, quando o homem ainda era massa e preferia que um semideus, ao qual cedia sua capacidade de iniciativa e seu livre-arbítrio, tomasse todas as decisões importantes de sua vida.

Cruzamento de super-homem e bufão, o caudilho faz e desfaz a seu bel prazer, inspirado por Deus ou por uma ideologia na qual, quase sempre, se confundem o socialismo e o fascismo ─ duas formas de estatismo e coletivismo ─ e se comunica diretamente com seu povo mediante a demagogia, a retórica, a espetáculos multitudinários e passionais de cunho mágico-religioso.

Sua popularidade costuma ser enorme, irracional, mas também efêmera, e o balanço de sua gestão, infalivelmente catastrófico. Não devemos nos impressionar em demasia pelas multidões chorosas que velam os restos de Hugo Chávez. São as mesmas que estremeciam de dor e desamparo pela morte de Perón, de Franco, de Stalin, de Trujillo e as que, amanhã, acompanharão Fidel Castro ao sepulcro.

Os caudilhos não deixam herdeiros e o que ocorrerá a partir de agora na Venezuela é totalmente incerto. Ninguém, entre as pessoas de seu entorno, e certamente em nenhum caso Nicolás Maduro, o discreto apparatchik a quem designou seu sucessor, está em condições de aglutinar e manter unida essa coalizão de facções, de indivíduos e de interesses constituídos que representa o chavismo, nem de manter o entusiasmo e a fé que o defunto comandante despertava com sua torrencial energia nas massas da Venezuela.

Uma coisa é certa: esse híbrido ideológico que Hugo Chávez urdiu chamado revolução bolivariana ou socialismo do século 21, já começou a se decompor e desaparecerá, mais cedo ou mais tarde, derrotado pela realidade concreta: a de uma Venezuela, o país potencialmente mais rico do mundo, ao qual as políticas do caudilho deixaram empobrecido, dividido e conflagrado, com a inflação, a criminalidade e a corrupção mais altas do continente, um déficit fiscal que beira a 18% do PIB e as instituições ─ as empresas públicas, a Justiça, a imprensa, o poder eleitoral, as Forças Armadas ─ semidestruídas pelo autoritarismo, a intimidação e a submissão.

Além disso, a morte de Chávez coloca um ponto de interrogação na política de intervencionismo no restante do continente latino-americano que, num sonho megalomaníaco característico dos caudilhos, o comandante defunto se propunha a tornar socialista e bolivariano a golpes de talão de cheques. Persistirá esse fantástico dispêndio dos petrodólares venezuelanos que fizeram Cuba sobreviver com os 100 mil barris diários que Chávez praticamente presenteava a seu mentor e ídolo Fidel Castro? E os subsídios e as compras de dívida de 19 países, aí incluídos seus vassalos ideológicos como o boliviano Evo Morales, o nicaraguense Daniel Ortega, as Farc colombianas e os inúmeros partidos, grupos e grupelhos que por toda a América Latina lutam para impor a revolução marxista?

O povo venezuelano parecia aceitar esse fantástico desperdício contagiado pelo otimismo de seu caudilho, mas duvido que o mais fanático dos chavistas acredite agora que Maduro possa vir a ser o próximo Simon Bolívar. Esse sonho e seus subprodutos, como a Aliança Bolivariana para as América (Alba), integrada por Bolívia, Cuba, Equador, Dominica, Nicarágua, San Vicente e Granadinas, Antígua e Barbuda, sob a direção da Venezuela, já são cadáveres insepultos.

Nos 14 anos que Chávez governou a Venezuela, o preço do barril de petróleo ficou sete vezes mais caro, o que fez desse país, potencialmente, um dos mais prósperos do planeta. No entanto, a redução da pobreza nesse período foi menor que a verificada, por exemplo, no Chile e no Peru no mesmo período. Enquanto isso, a expropriação e a nacionalização de mais de um milhar de empresas privadas, entre elas 3,5 milhões de hectares de fazendas agrícolas e pecuárias, não fez desaparecer os odiados ricos, mas criou, mediante o privilégio e o tráfico, uma verdadeira legião de novos ricos improdutivos que, em vez de fazer progredir o país, contribuiu para afundá-lo no mercantilismo, no rentismo e em todas as demais formas degradadas do capitalismo de Estado.

Chávez não estatizou toda a economia, como Cuba, e nunca fechou inteiramente todos os espaços para a dissidência e a crítica, embora sua política repressiva contra a imprensa independente e os opositores os reduziu a sua expressão mínima. Seu prontuário no que respeita aos atropelos contra os direitos humanos é enorme, como recordou, por ocasião de seu falecimento, uma organização tão objetiva e respeitável como a Human Rights Watch.

É verdade que ele realizou várias consultas eleitorais e, ao menos em algumas delas, como a última, venceu limpamente, se a lisura de uma eleição se mede apenas pelo respeito aos votos depositados e não se leva em conta o contexto político e social no qual ela se realiza, e na qual a desproporção de meios à disposição do governo e da oposição era tal que ela já entrava na disputa com uma desvantagem descomunal.

No entanto, em última instância, o fato de haver na Venezuela uma oposição ao chavismo que na eleição do ano passado obteve quase 6,5 milhões de votos é algo que se deve, mais do que à tolerância de Chávez, à galhardia e à convicção de tantos venezuelanos que nunca se deixaram intimidar pela coerção e as pressões do regime e, nesses 14 anos, mantiveram viva a lucidez e a vocação democrática, sem se deixar arrebatar pela paixão gregária e pela abdicação do espírito crítico que o caudilhismo fomenta.

Não sem tropeços, essa oposição, na qual estão representadas todas as variantes ideológicas da Venezuela está unida. E tem agora uma oportunidade extraordinária para convencer o povo venezuelano de que a verdadeira saída para os enormes problemas que ele enfrenta não é perseverar no erro populista e revolucionário que Chávez encarnava, mas a opção democrática, isto é, o único sistema capaz de conciliar a liberdade, a legalidade e o progresso, criando oportunidades para todos em um regime de coexistência e de paz.

Nem Chávez nem caudilho algum são possíveis sem um clima de ceticismo e de desgosto com a democracia como o que chegou a viver a Venezuela quando, em 4 de fevereiro de 1992, o comandante Chávez tentou o golpe de Estado contra o governo de Carlos Andrés Pérez. O golpe foi derrotado por um Exército constitucionalista que enviou Chávez ao cárcere do qual, dois anos depois, num gesto irresponsável que custaria caríssimo a seu povo, o presidente Rafael Caldera o tirou anistiando-o.

Essa democracia imperfeita, perdulária e bastante corrompida, havia frustrado profundamente os venezuelanos que, por isso, abriram seu coração aos cantos de sereia do militar golpista, algo que ocorreu, por desgraça, muitas vezes na América Latina.

Quando o impacto emocional de sua morte se atenuar, a grande tarefa da aliança opositora presidida por Henrique Capriles será persuadir esse povo de que a democracia futura da Venezuela terá se livrado dessas taras que a arruinaram e terá aproveitado a lição para depurar-se dos tráficos mercantilistas, do rentismo, dos privilégios e desperdícios que a debilitaram e tornaram tão impopular.

A democracia do futuro acabará com os abusos de poder, restabelecendo a legalidade, restaurando a independência do Judiciário que o chavismo aniquilou, acabando com essa burocracia política mastodôntica que levou à ruína as empresas públicas. Com isso, se produzirá um clima estimulante para a criação de riqueza no qual empresários possam trabalhar e investidores, investir, de modo que regressem à Venezuela os capitais que fugiram e a liberdade volte a ser a senha e contrassenha da vida política, social e cultural do país do qual há dois séculos saíram tantos milhares de homens para derramar seu sangue pela independência da América Latina.
TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK

11 de março de 2013
PUBLICADO NO ESTADÃO DESTE DOMINGO

UMA AVENTURA ALÉM DA CORDILHEIRA

    

Os brasileiros são os novos japoneses. Estamos em todos os lugares, tirando fotos e fazendo barulho. E eu fui ao Chile, aumentar esse contingente. Nossos conterrâneos estão descobrindo o país. Coitado dos chilenos, que têm que aguentar essa multidão de gente mal vestida que pensa que sabe falar espanhol.
Brasileiro tentando falar com chileno é uma desgraça: acha que para falar espanhol basta botar “ito” no final das palavras e mais algumas vogais no meio: “Quiero um cafezito, puede ser?” A gente não entende que o esquema é outro.
Exemplo: em espanhol, peixe é “pescado” ( e não“pieixe”). E não é “pessscado”. O chileno (assim como o argentino, etc.) morde o“s” até virar quase ”f”: “pesfcado”. Até aprender você acaba com câimbra na língua.
Tirando esse detalhe “linguístico”, qualquer brasileiro acaba curtindo o Chile. Todo lugar onde você não ouve funk carioca é legal (apesar de lá ter o reggaeton). O povo é bacana e tem muita coisa para ver. No centro de Santiago, a capital, por exemplo, você vê prédios históricos, em vez de 30 mil cortiços verticais, como no centro de São Paulo. Ao meio dia, ouve-se um tiro de canhão. É uma tradição local. No Brasil, explosão só se for de caixa eletrônico.

Todo brasileiro que vai ao Chile quer ir até Valparaíso cidade litorânea histórica. A gente vai para ver o Oceano Pacífico. Que, por sinal, é igual ao Atlântico. Muita água. Só que gelada. Muito gelada. Para você ter ideia, no porto de Valparaiso tem colônia de Lobos Marinhos. Botei o pé na água por 2 segundos e quase tive que amputar a perna. Frio pra caray.
Chile é um país com uma incrível diversidade geográfica. Tem gelo no sul e deserto no norte. E tem a Ilha de Páscoa. Em Vina Del Mar tem umMoai original, oriundo da ilha. E tem a cordilheira, ao lado da capital, Santiago. O país tem montanha a dar com o pau. Em Santiago tem ainda os “cerros”, morros enormes no meio da cidade, com uma vista bem legal. Se fosse no Brasil, já seria chamado de “montanha”. E estaria controlado pelo Comando Vermelho.

Além de ver paisagem, o brasileiro vai ao Chile para comer. Lá tem muito peixe, camarão e mariscos (nome usado para quase tudo que é bicho com concha). E por um preço camarada. O problema são os garçons de alguns pontos turísticos, o garçom corre (mesmo) atrás de você, te convidando para o restaurante dele – mais ou menos como acontece na “passarela do álcool”, em Porto Seguro. Ecomo brasileiro é besta, acaba tentando fazer “bonito”, puxando papo e pedindo pratosem espanhol. Oresultado é que, com o portunhol, você pode acabar recebendo um trator ao molho pardo.
A única coisa não recomendável é o café. A água de Santiago tem sabor de ferro. O café expresso, salvo exceções, tem gosto de corrimão. Mas você pode ir a um Café com Piernas, uma sensacional invenção chilena: são cafeterias com atendentes vestidas em vestidos justíssimos e curtos. Você sai do trampo e vai relaxar, bebendo um café (ruim) enquanto bisbilhota as coxas das garotas. Isso sim édesenvolvimento social.
E por falar em relaxar, é bom não se meter com a polícia chilena. Lá a coisa é séria. Quando fui visitar o palácio do governo, havia 3 manifestações programadas (sim, lá você avisa a data e o local, em vez da zona que rola no Brasil). Bastou surgir os manifestantes para surgirem vários carros blindados. Pelas marcas de tinta e pancadas nos carros, dá para ver que lá o bicho pega. Em poucos minutos estava todo mundo tossindo: soltaram uma espécie de gás pimenta para acalmar os ânimos.
Outra coisa séria lá é o vinho. Vinho no Chile é barato. E bom. Todo turista brasileiro visita uma vinícola chilena. Fui à Concha y Toro, maior vinícola do Chile. Comprei um pacote que incluía degustação com sommelier. Só tinha brasileiro no grupo. Nós não manjamos de vinho, mas eles manjam. A mulher falava do odor de “morango e madeira tostada”. E a turistada ficava cafungando a taça com ar de desespero, conversando baixinho: “Eu não senti morango, só uva, e você?”

Para quem quer algo mais forte, pode-se tomar Pisco, uma espécie de cachaça feita de uvas. O nome é bem coerente: duas doses e você fica com o fiofó piscando. Ou então o Mote com Huesillos, bebida doce elaborada com calda de pêssegos e grãos de trigo. Não, não provei, pois eu amo muito a minha vida.
Espero voltar a visitar o Chile. Isso se a invasão dos bárbaros (brasileiros) não acabar com o país antes.
11 de março de 2013
walter carrilho, jornalismo boçal


Agradecimentos especiais a Paul Evans (Chile), Paulo Weidebach Silvia Belrus, Eduardo Armelinni e Philipe Brito (Brasil) pelas dicas. Salud!

ALGUMAS VERDADES


O Dr. Benjamim Carson fala algumas verdades a Barack Hussein Obama. Do patrulhamento politicamente correto, pronto a incriminar quem ouse protestar contra alguma tese esquerdista, aos problemas dos EUA, que só aumentaram ao longo da administração do queniano. Minutos de sensatez, realismo e sabedoria. Legendado pelo leitor Augusto Peretti Barrozo.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=c3lboJlxiwE

11 de março de 2013

ATEÍSMO MILITANTE

       
          Artigos - Cultura 
Tal religião religa seus crentes a um hipotético nada onde não há perdão nem salvação.

Conheço muitos ateus. Gente da melhor qualidade e gente não tão boa assim, como em qualquer conjunto de indivíduos.
Só recentemente, porém, passei a encontrar ateus militantes, engajados na tarefa de menosprezar e investir contra as crenças alheias. Ora, toda militância pressupõe o desejo de concretizar algum objetivo.

O que pretende a militância ateia?
1º) Dar sumiço à ideia de Deus. Provocar e proclamar a falência total dos órgãos divinos, como fez o ensandecido Nietzsche.
2º) Eliminar as religiões para produzir uma humanidade nova, sob o senhorio do barro de que somos feitos.

* * *
Outro dia, nosso talentoso Luiz Fernando Veríssimo escreveu uma crônica cujo eixo expositivo firmava-se na ideia de que Deus é uma hipótese. Fiquei a pensar. Se Deus é hipótese, mera conjetura, um olhar em volta de nós mesmos revelará, então, a indispensável existência de um nada (quase escrevo esse nada com "n" maiúsculo) criador de quanto vejo.
E seremos levados a atribuir a esse insignificante nada um verdadeiro frenesi criador. Surgirá, então, quem afirme que esse nada deu origem a tudo em seis dias e que no sétimo descansou sobre uma almofada de nuvens.
Outros, mais em conformidade com o cientificismo do século 21, sustentarão que esse poderosíssimo nada, no exato milissegundo do Big Bang, de um até então inexistente tempo, fez explodir pequena bolinha de coisa nenhuma e... pronto! - estava criado o Universo. Onde? Onde? No imenso e absoluto vazio no qual o nada preexistia. Bum!

É interessante constatar, portanto, que ambos, tanto os crentes em Deus quanto os ateus não prescindem, para suas convicções, de algum ato de fé. Ou em Deus, ou no nada. Os primeiros partem dessa fé para as respectivas opções religiosas.
Elas levam à oração, ao encontro do sentido da vida, ao consolo dos aflitos, ao repouso da alma. No caso dos cristãos, ao conhecimento do amor de Deus, à encarnação de Jesus, ao Divino que irrompe docemente no humano e na História, aos sacramentos, à meditação, ao perdão, à misericórdia.
Levam, também, aos tesouros guardados onde não os corroem as traças. E, ainda, ao amor ao próximo e ao inimigo, ao luminoso exemplo dos grandes santos, a um precioso conjunto de verdades, princípios e valores que, entre outras coisas, compõe o cerne do moderno constitucionalismo.
O leitor acha que é muita coisa? Pois isso tudo é apenas uma "palhinha". Há mais livros escritos sobre essa pauta do que a respeito de qualquer outro assunto de interesse humano.

A adesão vital ao hipotético nada, por sua vez, leva a coisa alguma. Ou por outra, leva o ser humano a deixar-se conduzir por um vórtice que se esgota em si mesmo.
Organizado em militância, como vejo acontecer, compõe uma nova igreja, a igreja do non credo a que já me referi. Tal religião religa seus crentes a um hipotético nada onde não há perdão nem salvação. A fé no nada não mobiliza sequer um fio de cabelo.
A esperança no nada é o próprio desespero. E tudo acaba sob sete palmos de terra. Se houver algum resíduo perceptível de espírito, algo assim como um ainda latejante fragmento de consciência, que disponham dele os vira-latas. Como é grande o prejuízo nessa escolha!
 
Escrito por Percival Puggina
Publicado no jornal Zero Hora.

A VENEZUELA APÓS A MORTE DE HUGO CHÁVEZ

       
          Internacional - América Latina 
Os que de verdade querem ver uma Venezuela regida pela razão e pela lei, pela liberdade e pela justiça, devem unir suas forças, dentro e fora do país, para garantir que os caminhos da democracia não fiquem ressecados. E a Espanha deveria se constituir em foco de esperança para os que assim pensam, sentem e fazem. Há vida depois da ditadura.
Hugo Chávez encarnou a mais recente, e muitos desejaríamos que fosse a última, versão do caudilhismo totalitário caribenho que durante decênios, na vida e na literatura dos povos ibero-americanos, foi a imagem negativa de marca da região. Governou a Venezuela a seu bel prazer, com um manifesto desprezo dos princípios democráticos, e da constituição e das leis que ele mesmo havia promulgado.
E não fez adotando parte da imaginação e dos métodos das democracias representativas. Ninguém lhe poderá negar que seus três qüinqüênios de governo absoluto tenham vindo respaldados pela matemática eleitoral. Porém, ninguém que não tenha os olhos tapados pelas viseiras da correção política ou da inclinação totalitária poderá endossar a irregularidade dos procedimentos e a opressão realizada para encarrilhá-los segundo a vontade do que não era outra coisa que um militar golpista.
 
As emoções populares que seu desaparecimento suscita, que seguramente terão muito de espontâneo nos setores menos favorecidos da sociedade venezuelana aos quais ele disse dedicar o melhor de seus esforços, emoções que serão também exploradas e desorbitadas pelos que queriam continuar detendo o santo e a esmola no chavismo sem Chávez, não podem esconder a ruína econômica, política e moral em que a Venezuela fica após o óbito.
Navegando na crista da onda dos altos preços do petróleo e sem o mais mínimo respeito pelas normas elementares de funcionamento da economia nacional e internacional, subvencionou uma elevação fictícia das rendas inferiores com técnicas que garantam o pão de hoje e a fome de amanhã, enquanto a estrutura produtiva, inclusive a petroleira mesmo, conhecia seus piores rendimentos em décadas.
A brutal desvalorização à qual se viu no país recentemente exposto, de tão premente necessidade que se fez sem poder esperar que o comandante se recuperasse do que já era sua última viagem, é uma mostra dramática de onde ficam as finanças do país após 15 anos de reinado absoluto.
 
Chávez explorou à perfeição o paradoxo de Davi e Golias, construindo um universo paralelo no qual se encontrou na buscada companhia dos cubanos, norte-coreanos, iranianos e bielo-russos, sem que na ocasião faltassem russos e chineses, auto-denominados açoites do imperialismo, ousados buscadores dos limites da estabilidade do sistema que os suporta para evitar males maiores, ou que os saúda com circunspecção porque não resta mais remédio, enquanto princípios elementares da vida de relação nacional e internacional são sistematicamente pisoteados.
 
No final, nada descreve melhor a trajetória de um personagem público que as vicissitudes da enfermidade e da morte, e estas, no caso de Chávez, alcançaram graus de irrealidade que, inclusive no trágico de suas conseqüências, caíam em cheio no terreno do espantalho.
Durante meses a população venezuelana não conheceu com exatidão os perfis da enfermidade que acometia o presidente do país, submetido a um contínuo transtorno entre Caracas e Havana para ser tratado de doenças misteriosas.
E o último capítulo de seu trânsito, desaparecido durante três meses da luz pública, com o país submetido a um apagão informativo e constitucional, só cabia inscrever-se na impossibilidade do realismo mágico. A modernidade foi sempre definida como o tempo em que fenece a arbitrariedade do chefe.
Hugo Chávez, paradigma da viseira populista, soube cunhar a antiga figura do mandão para cujos caprichos não existem fronteiras. Don Ramón María del Valle Incián o teria incluído com gosto em seu catálogo dos tubarões de antanho.
 
É curta a capacidade que a comunidade internacional assiste nestes momentos, e muito em particular a ibero-americana, para sentar as costuras dos aprendizes de bruxo que, como Chávez e por seu amparo, pretendem eternizar sistemas de governo que sob a formalidade eleitoral introduzem de contrabando comportamentos totalitários no campo político, estatistas no econômico e intervencionistas no internacional.
É certo que o desaparecido caudilho venezuelano levou o sistema à estranha perfeição que as rendas dos hidrocarbueretos lhe permitiam, criando uma simbiose que tinha seu centro em Havana e suas ramificações em Quito, La Paz, Manágua e Buenos Aires.
Digna de estudo é a contra-prestação estabelecida entre a fonte energética do Orinoco, a direção política de Havana e a invasão cubana da Venezuela com um exército que inclui médicos, professores, soldados e espiões. Porém, não deveria haver engano na análise: o que está em jogo é a vida em liberdade e em prosperidade de milhões de cidadãos, que não deveriam ser enganados com as falsas promessas de um sistema novidadeiro que na realidade não existe.
Basta olhar para Cuba, e agora a Venezuela, para comprová-lo. Este deveria ser um momento de reflexão para todos aqueles que guiados pelas melhores intenções e em aplicação das práticas estabelecidas no direito internacional, querem manter as formas na relação com sistemas que contradizem seus mais essenciais princípios.
Porém, essa bem educada disposição não deve se confundir com a indiferença, a inação e sobretudo o aplauso. Uma certa circunspecção é hoje mais do que conveniente para que ninguém em Caracas ou em Havana tome o número trocado. Algo que o Rei da Espanha fez à perfeição, com aquele sonoro e memorável “por que não te calas?” dirigido ao que ninguém havia ousado fazer calar.
 
Não é um trago fácil o que espera aos venezuelanos. Desfazer o emaranhado complicado de interesses tortos tecido pelo comandante, será uma operação fartamente delicada e seguramente longa. E seus resultados não estão garantidos porque outros, e em particular os cubanos, não têm nenhum desejo de que assim seja.
E ao fim e ao cabo é preciso lembrar que o abscesso Hugo Chávez foi a conseqüência direta do fracasso dos partidos políticos tradicionais em suas direções, corrupções e incapacidades. Nesse derradeiro momento da verdade é quando os que em verdade querem ver uma Venezuela regida pela razão e pela lei, pela liberdade e pela justiça, devem unir suas forças, dentro e fora do país, para garantir que os caminhos da democracia não fiquem definitivamente ressecados.
E a Espanha deveria se constituir em foco de esperança para os que assim pensam, sentem e fazem. Há vida depois da ditadura. Sabemos melhor que outros. E não podemos defraudar aos que querem se inspirar em nosso exemplo para seguir o mesmo caminho.

11 de março de 2013
Javier Rupérez é diplomata espanhol.
Tradução: Graça Salgueiro