"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 6 de outubro de 2011

BRASIL TEM TAXAS DE HOMICÍDIOS SEMELHANTES A DE PAÍSES AFRICANOS


Os índices de homicídios no Brasil estão próximos aos de países da África e da América Central. Isso é o que revelou o primeiro “Estudo global sobre homicídios”, divulgado pelo Escritório das Nações Unidas para Drogras e Crimes (UNODC), nesta quinta-feira, 6 de outubro.

A partir de dados fornecidos pelo Ministério da Justiça, em 2009, a ONU classificou o país como um dos mais violentos da América do Sul. Naquele ano, foram registrados 22,7 homicídios para cada 100 mil habitantes. Os únicos países latino-americanos que superam as taxas de homicídios brasileiras são a Venezuela (49) e a Colômbia (34,6). O Brasil está em 24° lugar na classificação mundial.

O estudo revela que a redução da criminalidade no país sede da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 está muito aquém do desejado. A pesquisa revela ainda, que São Paulo foi mais eficiente que o Rio de Janeiro no combate a criminalidade. A capital paulista reduziu a taxa de homicídios de 120 casos para cada 100 mil habitantes/ano, em 2001, para 40, em 2009. Já o Rio de Janeiro passou de cerca de 120 casos para cada 100 mil habitantes/ano, em 2000, para 90, em 2009. O relatório afirma que os esforços no combate a crimes violentos e a implementação de novos métodos de policiamento explicam as melhorias na segurança publica de São Paulo.

A ONU destacou a importância do aumento do controle sobre as armas de fogo e as campanhas de desarmamento, iniciadas em 2003. “Em nível nacional, tais medidas provavelmente contribuíram para reduzir ligeiramente os homicídios após 2004”, diz o documento.

Fonte: Veja e ONU, 06/10/2011
Millenium

SAUDADES DO DOUTOR ULYSSES


Político que a mulher chama por um nome e o eleitorado por outro não tem futuro, me disse uma vez o doutor Ulysses. Doutor Ulysses, assim mesmo, sem necessidade de sobrenome. O Brasil inteiro o conhece assim.


Moderado por formação, radical quando necessário, irônico, charmoso, bom papo, dono de um finíssimo senso de humor, grande parlamentar.

Formado na mais fina escola de políticos que o país já produziu, o velho PSD (o verdadeiro) de Amaral Peixoto, Juscelino, Tancredo e Alkmin, o doutor Ulysses não acreditava em políticos improvisados. “No PSD”, dizia ele, “todos eram do ramo”. O doutor Ulysses certamente era.

Deputado estadual em 1947, desde 1950 estava na Câmara dos Deputados. Em 1955 integrou a Ala Moça do PSD, junto com Renato Archer, João Pacheco e Chaves, Cid Carvalho, Nestor Jost, Leoberto Leal, José Joffily, Vieira de Melo e Oliveira Brito.

Este grupo viabilizou a campanha e o governo de Juscelino, atuando dentro da Câmara dos Deputados. O doutor Ulysses presidiu a Câmara entre 1956 e 1957, contribuindo decisivamente para a aprovação do programa do governo JK. Já era moderno naquela época.

Concentrou sua atividade política na Câmara. Como ele mesmo dizia, casou-se com a Câmara. Ministro no primeiro gabinete parlamentarista, não acreditava no parlamentarismo. Só mais tarde veio a se render ao sistema, tornando-se um entusiasta do governo de gabinete.

Durante os anos da ditadura, o doutor Ulysses falava por todos nós, exilados fora e dentro do país, amordaçados pela censura e pelo medo.

Só ele não tinha medo. Enfrentou os tanques da ditadura com a mesma dignidade com que enfrentou os cães da polícia: “Respeitem o presidente da oposição!”

Grande doutor Ulysses!

Em 74 aceitou a “anticandidatura” à presidência contra o candidato da ditadura, o general Geisel. Saiu pelo Brasil a pregar a redemocratização e a Constituinte.

Com isso, impôs à ditadura uma fragorosa derrota, com a eleição de 16 senadores do MDB – um dele, o ex- presidente Itamar Franco. Foi o início do fim.

Obra do doutor Ulysses.

Eu o conheci em Brasília, pelas mãos do senador Amaral Peixoto, quando preparava minha tese sobre o PSD.

O doutor Ulysses me “adotou” e acompanhou durante todo o processo da tese, falou horas sobre o PSD, sobre a política, relembrou pessoas

Ficamos amigos desde então. Gostava de falar dos velhos tempos, mas não era saudosista. Acreditava no país, no fim da ditadura, num Brasil democrático.

Liderou a campanha pelas eleições diretas para presidente, lançando-se candidato numa entrevista em Nova York.

Mas no final, o prêmio escapuliu-lhe das mãos; teve que ceder o lugar a Tancredo Neves, seu velho companheiro.

“Muitas vezes o bombocado não é para quem o faz, mas para quem o come”, disse resignado o doutor Ulysses.

Na morte de Tancredo, não faltou quem o tentasse seduzir para assumir a presidência da República.

O doutor Ulysses não pestanejou e indicou o caminho constitucional: a posse do vice-presidente.

Perdeu uma presidência, mas ganhou duas. Presidente do PMDB, tornou-se presidente da Constituinte em 1987 e presidente da Câmara dos Deputados em 1988.

Promulgou a nova Constituição, resultado de uma batalha na qual empenhou toda a sua experiência e vitalidade.

Levado a concorrer à presidência da República em 89 pelas indecisões de caciques paroquiais do PMDB, o doutor Ulysses perdeu as eleições.

Vítima de ambições desmedidas – mas de fôlego curto dentro do próprio PMDB –, perdeu também a presidência do partido.

Parecia caminhar para a aposentadoria, o “ócio com dignidade”.

Mas estourou a crise do governo Collor. E os políticos se dirigiram em romaria ao velho doutor Ulysses, que ressurgiu lépido, olhos azuis brilhando, e mais uma vez ajudou o país, aconselhando, ponderando, colocando ordem na casa.

No meio do tumulto, enfrentou uma operação para extrair o apêndice, coisa complicada quando se tem 75 anos.

Quando reapareceu, recuperado, diziam que ele não tinha extraído o apêndice, tinha trocado as pilhas, tão revigorado estava.

Conhecia o Congresso como ninguém. Na campanha das diretas, uma vez ele me disse que a emenda Dante de Oliveira não passaria na Câmara, porque conhecia a casa.

Mas não desanimou. Sabia que a mobilização popular era importante para enterrar de vez o Colégio Eleitoral. Depois, ele me disse que só a mobilização das ruas conseguiria pressionar a Câmara a aprovar o afastamento de Collor.

Estava certo mais uma vez.

Quando sentia crescer a radicalização na Câmara, o doutor Ulysses se tornava o mais radical de todos. Fixava, assim, os limites da radicalização.

A última demonstração desta tática ocorreu quando sentiu que o plenário da Câmara queria desobedecer a uma eventual decisão do Supremo a favor do voto secreto na votação do impeachment de Collor.

O doutor Ulysses lançou o brado de desobediência, transformou-se no mais radical dos radicais. Imediatamente os “bombeiros” se apresentaram, todos moderaram o tom, e o doutor Ulysses conseguiu acalmar os ânimos, fazendo com que todos confiassem no Supremo.

Acertou de novo.

Respondeu aos insultos lançados por Fernando Collor com frases curtas e adequadas: “Velho sim, velhaco não”, “Meus remédios eu compro na farmácia”.

E foi, altaneiro, conduzir seu povo na batalha final pelo impeachment. Aplaudido de pé pelo plenário da Câmara – e pelo Brasil inteiro – ao proferir seu voto, o doutor Ulysses era a imagem da nação.

Almocei com ele em Brasília, uns domingos antes de seu desaparecimento. Fui tomar-lhe a bênção.

Quando lhe agradeci por ter-se recuperado tão rápido da operação e ter regressado a tempo de comandar os acontecimentos, ele me olhou com aqueles olhos azuis irresistíveis e disse: “Milha filha” – sempre me chamou assim – “na minha idade, não tenho tempo para ficar doente. Ainda tenho muito o que fazer”.

E agora, que seu corpo repousa desde 1992 no fundo da baía de Angra?

Estamos diante da necessidade de prosseguir sem ter o doutor Ulysses para nos ajudar, nos mostrar o caminho, nos dar o exemplo.

O doutor Ulysses foi um mágico. Fez amigos em todas as áreas, teve adversários cordiais, conspirou pela democracia, conversou até com poste para chegar a um entendimento a favor do Brasil.

Hoje estamos órfãos e desnorteados.

A articulação política do país está entregue a caciques de jaquetão, políticos paroquiais sustentados por caixas dois de variadas procedências.

Mediocriades mensaleiras e bolcheviques fracassados.

Mas não podemos desistir.

Em homenagem ao aniversariante.

O doutor Ulysses sempre soube extrair o melhor de nós.

Lúcia Hipólito, 06/10/11

O PATRIARCA CONDENADO À IMPUNIDADE PERPÉTUA NÃO ESCAPOU DO CASTIGO PÚBLICO


Fortalecida pelo engavetamento da Operação Boi Barrica por uma turma do Superior Tribunal de Justiça, a certeza de que vai morrer em liberdade animou o senador José Sarney a reiterar que só deixará a vida pública sobre um carro do Corpo de Bombeiros. “A política só tem porta de entrada”, disse neste sábado. Repetida desde a metade do século passado, a falácia recitada à tarde foi implodida à noite, já na abertura da apresentação da banda Capital Inicial no Rock in Rio. Como atesta o vídeo, o vocalista Dinho Ouro Preto e o coro que juntou milhares de vozes precisaram de apenas quatro minutos para ensinar a Sarney que a política não tem porta de saída só em grotões atulhados de eleitores que, tangidos pela dependência financeira e pela anemia intelectual, validam nas urnas o jugo de um coronel de jaquetão.

Depois de fustigar “as oligarquias que parecem ainda governar o Brasil, que conseguem deixar os grandes jornais censurados por mais de dois anos, como o Estado de S. Paulo“, Dinho informou que tipo de castigo público seria aplicado ao símbolo do país da impunidade: “Essa aqui é para o Congresso brasileiro, essa aqui é pro José Sarney. Isso aqui se chama Que país é esse?” Entusiasmada, a multidão esbanjou convicção na resposta ao refrão que repete quatro vezes a pergunta do título: Que país é esse? Conjugada com o desabafo improvisado pela plateia durante o solo do guitarrista, a réplica entoada 16 vezes comunicou ao presidente do Senado que, pelo menos no Brasil que não se rende ao primitivismo, a política não tem uma porta só.
Também existe a porta de saída. É a dos fundos e, entre outras serventias, presta-se ao despejo de sarneys. O problema é que vive emperrada nas paragens que ignoram a diferença entre um prontuário de uma folha de serviços. Se tivesse nascido em qualquer lugar civilizado, o patriarca só veria a Famiglia reunida num pátio de cadeia. Aqui, prepara em sossego a celebração dos 82 anos de nascimento, enquanto vigia a lista de convidados com o olhar atento do punguista: não pode ficar fora da festança nenhum dos figurões que o aniversariante infiltrou nos três Poderes.
Depois do acasalamento com Lula, que lhe conferiu o título de maior ladrão do Brasil até descobrir que haviam nascido um para o outro, Sarney expandiu notavelmente os domínios da capitania hereditária. Incorporou o Amapá ao Maranhão, anexou ao latifúndio do Ministério de Minas e Energia o sempre útil Ministério do Turismo, expropriou mais cofres do segundo e terceiro escalões. Valendo-se da carteirinha de Homem Incomum, assinada por Lula, anda prosperando como nunca no Executivo. Com o amparo das bancadas do Sarney e o amém pusilânime da oposição oficial, tornou-se presidente vitalício do Senado e faz o que quer no Legislativo.
A afrontosa operação de socorro consumada há poucos dias atesta que os tentáculos estendidos ao Judiciário já alcançaram o Superior Tribunal de Justiça. Nenhuma surpresa. Magistrados a serviço de Madre Superiora agem há tempos em muitas frentes. O Tribunal Superior Eleitoral cassou o mandato de João Capiberibe, senador pelo Amapá, acusado de ter comprado dois votos e de ser adversário confesso de Sarney. O TSE também afastou o governador maranhense Jackson Lago, acusado de abuso de poder econômico e de hostilidade aos donatários da capitania (e instalou Roseana Sarney em seu lugar). Ambos foram punidos pelo segundo crime.
Quando começaram a vazar as descobertas da Boi Barrica, o juiz Dácio Vieira, plantado por Sarney no Tribunal de Justiça do Distrito Federal, ressuscitou a censura e proibiu o Estadão de publicar as verdades colhidas pela Polícia Federal. Agora, a sensação de perigo induziu o comandante supremo da organização criminosa a mobilizar amigos acampados no STJ. Para garantir o direito de ir e vir de parentes e agregados do clã, todos metidos em negociatas de bom tamanho, o ministro Sebastião Reis Júnior resolveu que as autorizações para a escuta telefônica, expedidas por juízes da primeira instância, não estavam bem fundamentadas.
Em seis dias, produziu um papelório de 54 páginas, muito mal fundamentado, concebido para resgatar os soterrados pela montanha de provas acumuladas em três anos de investigações. Uma reunião da turma bastou para que Reis e mais dois ministros forjassem o espantoso desfecho da operação de socorro. O presidente do Senado, seu filho Fernando e demais componentes do bando estão certos. Errados estão os juízes que autorizaram a escuta telefônica, os integrantes do Ministério Público que monitoraram a Boi Barrica e a Polícia Federal. Além do Estadão.

O triunfo dos bandidos sobre os xerifes confirma que o sobrenome inventado por José Ribamar Ferreira de Araújo Costa é sinônimo de riqueza, poder, impunidade. Mas o canto de guerra que animou a noitada no Rock in Rio avisa que um dia vai virar estigma. É irrelevante saber quando a sentença começará a ser cumprida. O que importa é constatar que a prole foi condenada, sem direito a recurso, a tentar sobreviver num Brasil em que Sarney será o outro nome da infâmia.



Augusto Nunes

SIMPLESMENTE RIDICULO...


Ministério das Políticas para Mulheres ou Ministério do Telefone?

Vejam esta notícia da Folha:

Uma semana depois de pedir para tirar do ar um comercial de lingerie com a modelo Gisele Bündchen por considerar a peça agressiva à mulher, a Secretaria de Políticas para Mulheres tomou outra decisão polêmica.

A pasta enviou um ofício à Globo demonstrando preocupação com o personagem Baltazar -interpretado por Alexandre Nero-, da novela "Fina Estampa". Na trama, ele humilha e bate na mulher Celeste, vivida por Dira Paes.

Em ofício enviado ontem à emissora, a ministra Iriny Lopes sugere à Rede Globo e ao autor da novela, Agnaldo Silva, que Celeste procure a Rede de Atendimento à Mulher, por meio do telefone 180.
A ministra sugere ainda que, diferentemente de casos anteriores, em que o agressor é apenas punido, que Baltazar seja encaminhado aos centros de reabilitação previstos na Lei Maria da Penha.

Na trama de Agnaldo Silva, Celeste já foi aconselhada por amigas a denunciar Baltazar, mas não o faz por dizer que ama o marido.
"A ficção tem força para alertar a sociedade contra esse mal que aflige milhares de mulheres", diz a ministra no ofício.

À Folha, Iriny afirmou que são comuns os casos de mulheres agredidas que não denunciam os companheiros. A Globo informou que não houve contato da ministra e que a novela é uma obra de ficção.
Disse ainda que as novelas da emissora "dão tratamento educativo no enfoque de problemas da realidade -respeitada a liberdade de expressão artística".

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Dos R$ 6,2 milhões que a Secretaria de Políticas para Mulheres gastou em 2011, R$ 2,8 milhões foi para pagar a Call Tecnologia e Serviços Ltda. Ou seja: 45% dos gastos de tão importante pasta é para receber reclamações.
Isso merece bem uma auditoria. A ministra Iriny Lopes também gastou mais de R$ 1,3 milhão com eventos e impressos, além de R$ 101 mil para clipping de notícias.

Aliás, esta empresa de call center já faturou R$ 18,1 milhões com o governo federal em 2011, contra R$ 13 milhões em 2010.

A pergunta que fica é: para que serve esta Secretaria se 45% das suas despesas são destinadas a um call center?
E ainda quer divulgar o telefone de graça na Globo? Aí tem!

coroneleaks

DIREITA-JÁ! O BRASIL POLITICAMENTE ÓRFÃO


Artigos - Conservadorismo

O Brasil, em seu dia a dia, é muito diferente daquela sociedade de proveta criada pelos acadêmicos das universidades e da ONU, geralmente ligados ao PT e ao PSDB.

A Nação precisa, com urgência, de um partido de direita, que tenha a coragem de defender não apenas a economia de mercado, mas também a moral, os bons costumes e leis penais mais rígidas.

Lugar de criança é na escola — mas seu principal direito é o dever de estudar. A saúde é um direito de todos — e uma obrigação não só do Estado, mas também de cada um. Os direitos humanos dos presos devem ser respeitados — mas isso não pode eximi-los de pagar por seus crimes desumanos. A propriedade deve cumprir com sua função social — que é, em primeiro lugar, garantir a existência e a liberdade do indivíduo.

Se você é um feroz defensor da primeira parte de cada uma dessas afirmações, então, é de esquerda e pode dormir em paz com a ONU, as universidades e a imprensa. Agora, se for a favor da segunda parte (mesmo que não seja contra a primeira), então, tome cuidado: você não passa de um cão raivoso da direita e corre o risco de ser execrado até na escola de seus filhos. E se for uma figura pública, prepare-se para o opróbrio na mídia e o ostracismo institucional: além de atacado na imprensa, jamais será chamado para conferências, comissões e movimentos que tratam de assuntos públicos.

Ser direita no Brasil é mais feio do que xingar a mãe. Por isso, não existe nenhum partido político de direita no país. Dos 27 partidos registrados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), 10 são declaradamente de esquerda, com princípios socialistas estampados no próprio nome. São eles: PT, PC do B, PSTU, PCB, PCO, PSOL, PSB, PPS, PV e PDT. Já a classificação ideológica dos outros 17 varia conforme a conveniência desses 10 que se declaram de esquerda e têm hegemonia na imprensa e nas universidades. Em ano de eleição, por exemplo, o PSDB é tratado como partido de direita e é chamado de “neoliberal” e “fascista” pelo PT, mas, fechadas as urnas, petistas e tucanos se abraçam no campo dos costumes, defendendo tudo o que lhes parece progressista, como o casamento gay e a liberação das drogas.

Isso faz do PSDB um partido de centro-esquerda, por mais que o PT finja que os tucanos são de direita. O próprio Fernando Henrique Cardoso vive tentando provar que entende mais de Marx do que os petistas e que seu governo não foi neoliberal e, sim, de esquerda. Sem dúvida, está coberto de razão. Lula nasceu na incubadora da USP, filho bastardo da cruza ideológica da filósofa Marilena Chauí com o sociólogo Fernando Henrique Cardoso. Já o PSDB não passa de um “aggiornamento” weberiano de Karl Marx (1818-1883), pois, no Brasil, todo discípulo de Max Weber (1864-1920) tende a ser um marxista disfarçado. A influência de Weber nas universidades brasileiras tornou-se avassaladora justamente quando a fanática profissão de fé em Marx foi abalada pela queda do Muro de Berlim, em 1989, e pela derrocada da União Soviética, logo a seguir.

História de aluguel

Se o PSDB é, sem dúvida, um partido de centro-esquerda, parece não haver dúvida que o PMDB é um partido de centro. Tanto que nem seus adversários costumam acusá-lo de pertencer à direita. O velho partido de Ulysses Guimarães (1916-1992), que remonta ao MDB do bipartidarismo militar, mantém-se no centro do espectro político, guinando à esquerda ou a direita conforme suas conveniências regionais. Enquanto o PSDB tem uma ideologia definida no campo dos costumes, que o leva a atuar quase em bloco com o PT em áreas como segurança pública, o PMDB é tão heterogêneo e moderado quanto a própria nação. Por ter nascido com o pluripartidarismo, ele já perdeu de imediato as franjas de esquerda mais radicais, que migraram para o PT de Luiz Inácio da Silva, o Lula (que, na época, ainda não tinha incorporado o apelido ao nome), e para o PDT do caudilho gaúcho Leonel Brizola (1922-2004), partidos fundados na mesma época.

Posteriormente, durante os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, instalada em 1º de fevereiro de 1987, o PMDB se definiu de vez como um partido de centro, ao perder segmentos mais à esquerda. O PC do B — que, mesmo legalizado em 10 de maio de 1985, mantinha seus principais quadros sob o guarda-chuva peemedebista — acabou seguindo vida própria e, em 1989, nas eleições presidenciais, aliou-se pela primeira vez ao PT, com quem se engalfinhava no movimento estudantil. Desde então, o PC do B deixou de ser uma corrente interna do PMDB para se tornar um partido-satélite do PT — sempre fiel à sua história de se alinhar ao poder de plantão (fosse ele PMDB ou PFL), sob o pretexto de que ainda não é chegada a hora de dar o golpe stalinista e fazer a Revolução proletária. Isso faz do PC do B a mais histórica sigla de aluguel do País.

A outra defecção que ocorreu no PMDB durante os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, contribuindo para defini-lo como um partido de centro, foi a debandada de sua “Paulicéia Esclarecida”, representada por Franco Montoro (1916-1999), Mário Covas (1930-2001), Fernando Henrique Cardoso e José Serra. Inconformado com a hegemonia de Orestes Quércia (1938-2010) no PMDB, esse núcleo paulista, juntamente com o mineiro Pimenta da Veiga (que foi ministro das Comunicações do governo FHC e hoje cria gado zebuíno em Porangatu) iria fundar o PSDB. O programa do novo partido, redigido a quatro mãos pelo sociólogo Fernando Henrique Cardoso e o economista José Serra, falava textualmente em “confluência de diferentes vertentes do pensamento político contemporâneo”, citando como exemplos “liberais-progressistas, democratas-cristãos, sociais-democratas e socialistas-democráticos”.

Empresário-saci

E o que dizer de partidos como DEM, PP e PTB, comumente referenciados como representantes da direita até em trabalhos acadêmicos? Sem dúvida, eles parecem ser de direita, quando se analisa sua posição nas questões macroeconômicas, mas o caráter direitista de suas propostas não costuma ir além da defesa da propriedade privada. E nem mesmo se pode dizer que são defensores da iniciativa privada, pois uma coisa não se confunde necessariamente com a outra. É comum vermos defensores radicais da propriedade serem, na prática, inimigos viscerais da iniciativa privada. Ou seja, o sujeito defende a “sua” propriedade privada, mas não gosta da livre concorrência. Essa contradição tem raízes históricas: num país patrimonialista como o Brasil, que nasceu com as capitanias hereditárias, é muito comum a figura do empresário-saci — aquele que anda sobre a perna do lucro e amputa a perna do risco.

Nem mesmo um empresário paradigmático como Abílio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar, consegue escapar desse vício do capitalismo brasileiro, que leva o empresariado a privatizar lucros e socializar prejuízos. O Grupo Pão de Açúcar, que nasceu em 1959, é, sem dúvida, um exemplo de sucesso do capitalismo no País e não se pode negar os méritos de seu criador. O Pão de Açúcar, que esteve à beira da falência em 1990, associou-se ao grupo francês Casino e, hoje, está presente em 18 Estados, com 145 mil funcionários, 1.647 lojas, 81 postos de combustíveis e 153 drogarias, fechando 2010 com R$ 32 bilhões em vendas. O grupo, além das redes Pão de Açúcar e Extra, também comprou o Ponto Frio e se associou às Casas Bahia, além de avançar no comércio eletrônico, que é liderado pelo Submarino (totalmente virtual) e pelas Lojas Americanas.

Mas nem Abílio Diniz, construtor desse império, consegue ficar longe do Estado. Amigo do economista Mario Henrique Simonsen (1935-1997), que o convidou para integrar o Conselho Monetário Nacional entre 1979 e 1989, o fundador do Grupo Pão de Açúcar parece ter gostado da proximidade com o governo. Em junho último, o empresário queria ter o BNDES (Banco Nacional de Desenvol-vimento Econômico e Social) como sócio em sua tentativa de fusão do Grupo Pão de Açúcar com o Grupo Carrefour. Dos R$ 5,6 bilhões previstos na operação, o BNDES iria bancar R$ 4,5 bilhões, segundo a imprensa. A justificativa do banco é que a medida iria contribuir para uma melhor colocação dos produtos brasileiros no mercado internacional. Ninguém acreditou nessa desculpa esfarrapada e, depois de editoriais dos grandes jornais criticando a fusão, Abílio Diniz desistiu do negócio.

Sócios do Estado

Mas o fim da tentativa de fusão entre os dois grupos não decorreu da reação negativa da imprensa brasileira e, sim, da determinação do Casino, o sócio francês do Pão de Açúcar. O empresário Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, veio pessoalmente ao Brasil se opor à proposta de fusão. Com isso, o BNDES resolveu não financiar o negócio e, com a desistência do banco estatal, os dois grupos também desistiram de seguir em frente na tentativa de se juntarem. Isso põe em xeque as alegações de Abílio Diniz e do próprio BNDES de que a fusão seria um bom negócio para todos, não só para o Estado brasileiro e os dois grupos envolvidos, mas até para os demais varejistas, que não veriam a livre concorrência reduzida no setor.

Sem a reação determinada do Casino, é bem possível que o governo Dilma Rousseff conseguisse convencer a sociedade que a fusão era um bom negócio para o País. Não lhe faltaria nem mesmo apoio — ou ao menos o silêncio — acadêmico e sindical. E a muda anuência desses dois segmentos — sindicatos e universidades — já seria suficiente para anular o efeito negativo dos editoriais da grande imprensa. As universidades brasileiras, que costumam ser críticas ferozes do capitalismo, advogando explícita ou implicitamente o socialismo, não teriam nenhuma dificuldade em justificar a fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour. O socialismo só significa partilha de bens na teoria. Na prática, quando açambarca o poder, ele vira capitalismo de Estado. É sua sina, como intuía Émile Durkheim (1858-1917). Como é impossível governar apenas com igualdade e fraternidade, o socialismo tem de se render à produção e à ordem.

O sociólogo francês Alain Besançon, que já antevia a derrocada do comunismo muito antes da queda do Muro de Berlim, mostra que nem mesmo a União Soviética de Stalin podia prescindir do apoio do capitalismo ocidental, que, por sua vez, não se furtava de ajudá-la. Mais ou menos o que continua ocorrendo, hoje, com o comunismo chinês, em que um governo forte e opaco, senhor da vida dos cidadãos, convive perfeitamente bem com as empresas multinacionais. No Brasil, ainda que em menor intensidade, ocorre algo parecido: nunca antes na história deste País, como diria Lula, o empresariado esteve tão umbilicalmente ligado ao governo. E o PT, que antes mesmo da eleição de Lula, já dividia o poder no País por meio dos fundos de pensão, é o autor dessa façanha.

Dupla corrupção

Os fundos de pensão das estatais, o imposto sindical e o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalha-dor) foram fundamentais para a sobrevivência dos partidos de esquerda antes da eleição de Lula. Há muito os sindicalistas da CUT têm assento na diretoria dos fundos de pensão e seus sindicatos se beneficiam do imposto sindical e de convênios financiados pelo FAT. Ainda que esses recursos públicos tenham sido empregados sempre honestamente (o que é duvidoso), o simples fato de financiarem os sindicatos, que estão na base eleitoral do PT, contribuíram, sem dúvida, para a força eleitoral do partido. A esquerda não seria viável eleitoralmente apenas com a retórica universitária e a simpatia da imprensa a seu favor. Eleição no Brasil é uma indústria — precisa de capital.

Prova disso foi o Pacto PT-PL nas eleições de 2002, que eu comparo ao Pacto Ribbentrop-Molotov, firmado entre Stalin e Hitler, que possibilitou à Alemanha nazista avançar sobre a Europa. O empresário José Alencar (1931-2011) morreu praticamente como herói e a sua aliança com Lula em 2002, do qual se tornou vice, foi vista como uma forma de vencer o preconceito do empresariado em relação ao candidato petista. Quando da morte de José Alencar, em 29 de março deste ano, esse mito foi ressuscitado na imprensa. Era como se Lula, depois de mais de 20 anos de vida pública e de vários governos do PT pelo País afora, ainda despertasse algum receio do empresariado. Justamente Lula, que, desde as greves do ABC, era considerado um líder sindical moderado, propenso a negociar com os empresários, em reuniões regadas a uísque.

Como se soube depois, durante o escândalo do mensalão, a aliança entre PT e PL não foi uma estratégia política, mas um arranjo financeiro. Como dizia o desbocado Tim Maia, o Brasil é o país onde “prostituta se apaixona, traficante cheira pó e cafetão tem ciúme”. E também o país onde o partido proletário é quem compra o partido burguês — acrescento, diante do pacto Lula-Alencar de 2002. Essa aliança entre PT e PL, segundo revelou o então deputado federal Roberto Jefferson, presidente do PTB, custou R$ 10 milhões ao PT — sinal de que o partido já era parceiro do capital antes mesmo de chegar ao poder. Ou seja, o proletário Lula foi quem comprou o apoio do capitalista Alencar e não o contrário, como teria ocorrido em qualquer outra democracia do mundo. Só no Brasil o eleitor da esquerda é ludibriado duas vezes: seu candidato é quem paga (e não quem recebe) para ser corrompido ideologicamente.

Pasárgada política

Esse fato envolvendo o burguês e o operário (para usarmos as antigas categorias dos teóricos marxistas) é emblemático da hegemonia da esquerda no País. A espúria aliança entre PT e PL em 2002 jamais foi analisada devidamente pela imprensa ou pela academia, nem mesmo depois que estourou o escândalo do mensalão e ela foi desmascarada como negociata por um de seus protagonistas. Esse silêncio decorre mais da vergonha do que da cumplicidade. Se analisassem com isenção a referida aliança, a imprensa e a academia seriam obrigadas a confessar o viés esquerdista que tende a demarcar suas análises políticas.

Somente pelo fato de terem ajudado a fabricar e a manter o mito Lula é que a imprensa e a universidade foram enganadas pelo PT em 2002. Dizer — na época e ainda hoje — que a aliança com o PL serviu para viabilizar a candidatura de Lula junto ao empresariado é falsificar a história. Já no segundo turno das eleições de 1989, quando ainda era radical até na barba desgrenhada, Lula poderia ter tido o apoio do PMDB de Ulysses Guimarães e do PSDB de Mário Covas, que, sem dúvida, lhe abririam as portas da Globo e do empresariado. Mas Lula recusou esse apoio muito mais pelo contexto ideológico da época do que por vontade própria. Tanto que, em 1994, se não fosse o sucesso do Plano Real, ele teria sido eleito presidente da República com um sólido apoio social e econômico.

José Alencar nada acrescentou a Lula em 2002. A única coisa que o desconhecido empresário mineiro poderia ter oferecido ao mitológico candidato petista era o dinheiro de suas empresas. Credibilidade pública Lula tinha de sobra — com a imprensa, as universidades, a CNBB, os sindicatos, a OAB e as demais corporações liberais. Além disso, o PT já governava — sem traumas — diversas prefeituras. Com todo esse lastro social, qualquer político vive a sua Pasárgada: tem o empresário que quer no partido que escolher. É só estalar os dedos. Empresário não nada contra a corrente — ele vai aonde o poder está. Es­pecialmente num país como o Brasil, em que a iniciativa privada é fortemente dependente do Estado.

Conservadores criminalizados

É por isso que, para a direita ter sucesso no Brasil, ela precisa abdicar do discurso economicista que caracterizava o PFL e continua sendo marcante no DEM, que trocou de nome (para pior), mas persiste nos mesmos vícios. Depois da saída de Kátia Abreu, goiana e senadora pelo Tocantins, a única novidade do partido é, sem dúvida, o senador Demóstenes Torres, que se tornou uma figura de prestígio nacional e pode ser o candidato do partido a presidente da República em 2014. Numa corajosa entrevista à revista “Veja”, publicada em 8 de junho deste 2011, o senador goiano disse não ter dúvida que o DEM precisa se assumir como “partido de direita” e disse que ser direita “significa defender o livre mercado, o mérito e a eficiência máxima do Estado”. Mas não só isso: Demóstenes também disse — e nisso reside sua maior coragem — que o DEM deve “representar o posicionamento conservador”.

Foi justamente essa coragem que faltou a José Serra e ao PSDB na eleição presidencial de 2010. Os tucanos não souberam defender a modernização do Estado brasileiro empreendida por Fernando Henrique Cardoso e deixaram que o PT capturasse e enclausurasse sua obra na pecha redutora da “privatização”, que o jornalista Elio Gaspari apelidou de “privataria”. Sei que não é fácil explicar essas questões no malfadado horário ditatorial pago do TSE, mas era preciso mostrar ao País que, antes de Fernando Henrique, o Estado brasileiro era totalmente privado, uma verdadeira capitania hereditária de políticos, empresários e sindicalistas. Foi a modernização de FHC — que vai além da mera privatização — que aproximou o Estado da sociedade, tornando possível serviços como o Vapt-Vupt, para ficar num só exemplo.

Mas esse discurso econômico-administrativo — apesar de muito importante — não seria suficiente para eleger José Serra. Para ser um candidato mais competitivo do que foi, o tucano deveria ter ouvido a voz das ruas e aceito o apoio espontâneo que os segmentos conservadores organizados lhe ofereceram durante a campanha. Tão logo ficou claro que a legalização do aborto era uma plataforma histórica do PT, defendida pela própria Dilma Rousseff, católicos e evangélicos iniciaram um intenso movimento contra a candidata petista, que resultou na intervenção da Justiça Eleitoral. Com a ajuda da imprensa, a Justiça Eleitoral criminalizou o legítimo posicionamento dos cristãos e, com isso, favoreceu o PT.

Clero universitário

Devido à sua origem como esquerdista acadêmico, José Serra não teve coragem de enfrentar a patrulha ideológica dos intelectuais e deixou órfãos os religiosos que o defendiam. Com isso, não soube aproveitar o bom momento de sua campanha, em que o excesso de ousadia petista na promoção de sua pauta estatizante (na economia) e liberalizante (nos costumes) colocou em risco a vitória de Dilma Rousseff. Como mostram diversos estudos e pesquisas, a maioria da população brasileira é normal — logo, é conservadora. É preciso um pouco de loucura para acreditar no homem novo dos socialistas e outros revolucionários. Como dizia o Eclesiastes, nada há de novo sob o sol e a posição conservadora da maioria das pessoas nasce dessa sabedoria atávica — que move e mantém o mundo.

As revoluções são apenas espasmos, que precisam do dique da normalidade para terem alguma serventia. Esse espírito de revolução permanente que a esquerda quer impingir à sociedade é profundamente nocivo. Os pilares do mundo são a ordem e a hierarquia — inscritos no próprio DNA da humanidade, que não sobreviveria se não fosse sua capacidade de classificar o mundo em categorias inteligíveis, como mostra a antropologia. Esse é o seu forte, já que lhe falta a força física de outras espécies. Ainda não se inventou outro jeito de organizar os homens. Os intelectuais é que vivem num mundo à parte e — um pouco por dever de ofício, outro tanto por vaidade — costumam subverter a ordem das coisas, insistindo em ver o mundo pelo avesso. Daí a propensão do intelectual em glorificar o Mal — na arte, na filosofia e nas ciências.

E, como o clero do mundo contemporâneo é a intelectualidade acadêmica, a visão de mundo esquerdista contamina praticamente todas os segmentos sociais formados pelas universidades. É o caso dos operadores do direito, que sempre foram considerados direitistas por professores e estudantes das demais ciências humanas. Como a esquerda sempre criticou as leis do Estado capitalista, acusando-as de representarem os interesses da classe dominante, juízes e advogados eram tidos como esbirros do sistema, acusados de aplicar as leis da Casa Grande no lombo da senzala. “É legal, mas não é justo” — eis o que frequentemente se ouvia nos movimentos de trabalhadores, mulheres, negros, sem-terra e sem-teto no período da redemocratização do País, quando o ordenamento jurídico da Nova República ainda era majoritariamente constituído pelas leis herdadas do regime militar.

Esquerda constitucional

O Ministério Público — que é uma espécie de esquerda constitucional, incrustada no próprio corpo do Estado — reforçou ainda mais a guinada à esquerda dos operadores do direito, que hoje se reflete no próprio Poder Judiciário, especialmente no Supremo Tribunal Federal. Por isso, não é fácil para nenhum partido se assumir como direita. Se o DEM quiser seguir esse caminho, como propõe Demóstenes Torres, o ideal é que comece expurgando o nome de fantasia que importou da esquerda americana e recupere o “PFL” de antes. Afinal, um “Partido da Frente Liberal” representa melhor a sua história em prol da redemocratização do País. Sem o surgimento do PFL, a transição democrática seria, talvez, mais demorada e, sem dúvida, mais difícil. O PFL, ao trazer para os pilares da Nova República figuras históricas da antiga Arena, contribuiu para arrefecer a resistência dos militares ao Colégio Eleitoral que elegeu Tancredo Neves (1910-1985).

Além disso, para que o contraponto à hegemonia da esquerda seja deveras representativo, é necessário que o “partido da direita” arregimente diferentes segmentos da sociedade — até conflitantes entre si — mas capazes de se unirem em torno de causas comuns. Daí a importância de se propor novamente uma “Frente Liberal” que envolva defensores do livre mercado, religiosos pró-família e outros segmentos conservadores. O Brasil, em seu dia a dia, é muito diferente daquela sociedade de proveta criada pelos acadêmicos das universidades e da ONU, geralmente ligados ao PT e ao PSDB. Prova disso é que, enquanto os intelectuais universitários abominam toda espécie de autoridade (exceto a deles próprios), as pessoas comuns anseiam por ela. Tanto que as igrejas evangélicas continuam crescendo. Os pastores evangélicos ainda exercem autoridade e, com isso, preenchem uma lacuna deixada pelos padres católicos, que, influenciados pela Teologia da Libertação, criaram um Deus racional e igualitarista e, por óbvio, impotente, já que se reduz à insignificância humana dos fiéis, sem oferecer o poder e a emoção que os homens buscam na divindade.

Também na família e na escola os pais e professores se desesperam com a estatização de crianças e jovens promovida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, com base na própria Constituição. Hoje, com ou sem o consentimento dos pais, e em nome da ciência produzida nas universidades, a escola julga-se no direito de distribuir camisinhas para crianças de 10 anos e ainda lhes ministra a mesma política de redução de danos criada para as bocas de fumo. E se os pais reclamam dessas bacanais teóricas de sexo e drogas — em que meninas de 11 anos são intimadas a vestir camisinha em avantajados pênis de borracha —, eles são chamados de retrógrados pelos intelectuais universitários que apoiam a permissividade do MEC, do Ministério da Saúde e das secretarias de Educação e Saúde do País.

Esse quadro decorre de uma divisão histórica do cenário político-administrativo do País — a quase total separação entre as áreas econômicas e sociais do governo. Mesmo os partidos considerados conservadores frequentemente recorrem a setores mais à esquerda para preencher cargos em áreas como educação, saúde e cultura. Isso desde os governos militares — o que facilitou a hegemonia de uma cultura de esquerda no País. E como a esquerda percebeu que é impossível implantar a igualdade, ela resolveu exacerbar a liberdade. Hoje, a esquerda virou o “Partido dos Direitos” — e dos direitos mais abusivos, que vão da permissividade sexual da ditadura gay até a liberação geral das drogas. Por isso, o Brasil precisa mais do que nunca de uma direita que tenha a coragem de ser o “Partido do Dever”. Afinal, um país se faz com liberdade para todos — autolimitada pela responsabilidade de cada um.

José Maria e Silva, 28 Setembro 2011
Publicado no Jornal Opção, de Goiânia

O QUE PENSAVA STEVE JOBS


Com a morte de Steve Jobs, o Twitter e o Facebook foram inundados por suas frases e aforismos. Mais uma maneira encontrada pelos internautas de homenagear o ex-CEO do Apple.

Jobs era um mestre da comunicação. Vendia com habilidade seus produtos e sua visão de mundo. Caprichava nas frases de efeito, dessas que viram bordões motivacionais.

* A morte é provavelmente a melhor invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Tira o velho do caminho para dar lugar para o novo.

* Não há motivo para não se seguir o coração… Nunca deixe de ter fome. Nunca deixe de ser insensato.

*Seu tempo é limitado, então não o desperdice vivendo a vida de outra pessoa. Não se deixe aprisionar pelo dogma – que é viver segundo os resultados dos pensamentos de outras pessoas. Não deixe o barulho da opinião dos outros sufocar sua própria voz interior.

* Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço de evitar a armadilha de achar que você tem algo a perder.

* Você não pode ligar os pontos olhando para a frente; você só pode fazer isso olhando para trás. Então você tem que confiar que os pontos irão se conectar de alguma forma no futuro. Você tem que confiar em algo – seu instinto, destino, vida, karma, seja o que for. Esse modo de encarar as coisas nunca me deixou na mão e fez toda a diferença na minha vida.

* Essa aqui é para os malucos. Os que não se encaixam. Os rebeldes. Os que causam problemas, Os que fogem do padrão. Aqueles que veem as coisas de maneira diferente. Eles não gostam de regras. E não têm nenhum respeito pela ordem estabelecida. Você pode citá-los, discordar deles, glorificar ou vilanizá-los. Praticamente a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam coisas. Eles empurram a raça humana adiante. Alguns podem considerá-los doidos. Nós enxergamos genialidade. Porque as pessoas loucas o bastante para achar que podem mudar o mundo são as pessoas que o fazem.

* Estamos sempre pensando em novos mercados para entrar, mas é só dizendo não que você pode concentrar nas coisas que são realmente importantes.

* Na maioria dos vocabulários das pessoas, design significa superfície. É decoração de interiores. É o tecido da cortina e do sofá. Mas, para mim, nada pode estar mais distante do signficado de design. Design é a alma fundamental de uma criação humana que acaba se expressando em sucessivas camadas externas do produto ou do serviço.

* Nada me deixa mais feliz do que receber um email de uma pessoa qualquer no universo que acabou de comprar um iPad no Reino Unido e que me conta como é o produto mais bacana que ela já trouxe pra casa em toda sua vida. Isso é o que me motiva.

* Sou a única pessoa que conheço que perdeu um quarto de bilhão de dólares em um ano… é muito bom para edificar o caráter.

* Simples pode ser mais difícil que complexo. Você tem que trabalhar muito para chegar a um pensamento claro e fazer o simples.

* Picasso dizia que ‘bons artistas copiam e grande artistas roubam’. E eu nunca tive vergonha de roubar grandes ideias… Acho que parte do que fez a Macintosh grande foi que as pessoas trabalhando aqui eram músicos e poetas e artistas e zoólogos e historiadores que por acaso eram também os melhores cientistas da computação do mundo.

Camilo Rocha, O Estado de S. Paulo

ÔÔÔÔ, "TIO REI", RESPEITA FHC!

Artigos - Movimento Revolucionário

O PSDB fez o parto do MST, trocou-lhe as fraldas e amamentou-o com leitinho público, do mesmo jeito que fez com o movimento homossexual, com o movimento negro e com movimento ambientalista.

“Tio Rei", põe isto na tua cabeça: FHC e PSDB são de esquerda! De esquerda, entendeste?

Hoje, como diariamente, li a coluna do Reinaldo Azevedo. Ao contrário de boa parte daquelas pessoas que compõem o que chamemos aqui de "nova direita", muitos dos quais são leitores assíduos do Libertatum, admiro bastante o famoso jornalista. Vou explicar para quem chegou agora: para certa parcela desta gente bonita, o "Tio Rei" não é suficientemente "de direita".

Eles podem até estar certos, mas não é por isto que vou considerá-lo como sendo do "lado negro". O jornalista Reinaldo Azevedo sempre publica textos muito bons, é bastante ativo e vigilante quanto aos atos do governo e das esquerdas e, claro, tem um alcance extraordinário.
Agora, pô, Tio Rei, esta tua paixão não correspondida por FHC ... pega leve, por favor! Dizer que FHC foi um dos melhores presidentes do Brasil...vê lá...

Do mesmo jeito que a imprensa incutiu no povo o mito da Dilma "faxineira", que a própria "beneficiada" fez questão de desmentir, o fez com um FHC de centro-direita, já desmentido pelo próprio algumas vezes!

FHC é de esquerda, como ele próprio se apresenta, e não o reputo não como um dos melhores presidentes do Brasil. Adianto apresento algumas razões...

As reformas levadas a cabo por FHC e pelo PSDB deveram-se antes a contingências do momento do que por alguma fé, ideologia ou convicção tucana.
Alguém se lembra de determinada propaganda de cerveja em que aparece uma cena na qual uma bola bate na cabeça do baixinho e vai parar no gol? Pois é, as coisas se deram mais ou menos desse jeito.

As privatizações aconteceram não por conta de alguma linha econômica social-democrata que as defendesse, mas porque o estado estava quebrado. Literalmente quebrado. Absolutamente quebrado. Algumas empresas foram liquidadas sem que tivessem aparecido compradores em nenhum dos leilões realizados, como foi o caso da empresa de navegação Lloyd Brasileiro.

Os telefones custavam o mesmo que um carro zero quilômetro e as ligações, quando eram completadas, não raro eram interceptadas por gangues de funcionários públicos que praticavam a mais deslavada espionagem. Chegou-se ao absurdo, no Rio de Janeiro, de se criar um produto chamado "linha compartilhada", segundo o qual duas ou mais pessoas - desconhecidas entre si - possuíam em suas casas a mesma linha telefônica.!

O plano Real também não foi lá uma Brastemp, mesmo reconhecendo o seu acerto parcial.
Em síntese, o governo tucano trocou a expansão monetária por endividamento público. O estado continuou perdulário - não tanto quanto sob a gestão petista - mas nem de longe se pode dizer que suas gestões foram racionais e austeras.


Só para encurtar a história, devido ao endividamento público crescente e aos seguidos déficits na balança comercial, o real foi sendo mantido artificialmente valorizado até que FHC tivesse vencido o segundo turno, quando então liberou o câmbio por recomendação... dos americanos.


O PSDB fez o parto do MST, trocou-lhe as fraldas e amamentou-o com leitinho público, do mesmo jeito que fez com o movimento homossexual, com o movimento negro e com movimento ambientalista.
Chegou a ponto de divulgar uma campanha televisiva em rede nacional no qual uma família consolava um rapazinho pela perda do seu namoradinho. Não vou nem dizer que hoje ele é o garoto-propaganda da maconha...pronto, já disse!

Sob FHC a "ditadura" da portaria ganhou mais força que nunca, com a criação das agências reguladoras, com destaque para a Anvisa, e da reformulação de autarquias como o Ibama e o Incra.

Sob FHC houve a explosão das ONG's que hoje vampirizam o país. Também foi no governo FHC que começou a desmoralização do ensino, com os programas de aprovação forçada.

Vale lembrar que o blecaute devido à seca, um fato previsível que na verdade se deu por falta de investimentos no setor - anulou praticamente todos os ganhos alegadamente conquistados com o Plano Real.
No campo da segurança pública FHC simplesmente esqueceu um dos seus dedos. Explico, principalmente os mais jovens: em campanha eleitoral para o primeiro turno, ela mostrava a mão espalmada com os cinco dedos estendidos, cada um deles a representar uma promessa, sendo que um era o de melhorar a segurança pública.
Pois bem, após a eleição, só depois da eleição, ele "se deu conta" que a segurança pública era uma responsabilidade dos estados e que "não podia fazer nada". Pois é... e as fronteiras brasileiras permaneceram abertíssimas para o tráfico de drogas e de armas. Ou tudo aconteceu com a chegada de Lula? Ora, vão lavar a cara com óleo de peroba...

E a carga tributária? FHC reduziu-a? Pois vou lembrar: aumentou-a, esticou a CPMF o quanto pôde, e aplicou-a não se sabe aonde, menos na saúde!

Portanto, “Tio Rei”, desta vez estou com FHC: tanto ele quanto o PSDB são de esquerda! De esquerda, entendeste? Não cai na onda da Sra. Frances Hagopian, não! Ela tá é viajando na maionese...

Eu já disse isto: em algum lugar por aí, alguém andou escrevendo um livro cuja tese defendia que um grande estatista se destaca por algum feito que tenha permanecido no tempo.
Este conceito andou flutuando nos botequins do Brasil todo por um certo tempo, suspenso no ar sobre os vapores etílicos dos palpiteiros. Grande bobagem!
Eu digo absolutamente o contrário: um grande estatista não se destaca por algo que fez, mas sim por algo que deixou de fazer!

Por exemplo, Collor deixou de nos impedir de poder escolher entre várias marcas de carros. FHC deixou de imprimir tanto nas gráficas do Banco Central.
A todos eles, o meu muito obrigado... por absolutamente nada!

Klauber Cristofen Pires, 06 Outubro 2011

BREVE RETRATO DO BRASIL


Artigos - Cultura


Em todo o território nacional, só três coisas funcionam: a coleta de impostos, o narcotráfico e o agronegócio, que tapa o rombo aberto pelos outros dois e é, por isso mesmo, o mais odiado, o mais xingado dos três.

O Foro de São Paulo, aquela entidadezinha que segundo os eminentes bambambãs do jornalismo brasileiro não tinha importância nem força nenhuma, aquela organização fantasmal na qual só os paranoicos enxergavam alguma periculosidade, domina agora metade da América Latina e não dá o menor sinal de cansaço na sua marcha para a conquista do continente inteiro.

No Brasil, os partidos de direita agonizam. Seus líderes se afobam e se atropelam na pressa obscena de mostrar subserviência ao vencedor.

O homem que entre sorrisos de autossatisfação elevou a dívida nacional à casa dos trilhões, desgraçando as gerações futuras para ganhar os votos da presente, continua sendo aplaudido como o salvador da nossa economia e prepara seu reingresso triunfal no Palácio do Planalto. Denunciado à Justiça como corrupto e corruptor, ri e aposta, como um ladrãozinho qualquer, na lentidão dos tribunais, que não o pegarão em vida.

Os bandos criminosos, treinados e armados pelas Farc - por sua vez amparadas pela benevolência oficial -, matam 40 mil brasileiros por ano e, pela força desse exemplo, mantêm inerme e cabisbaixa uma população à qual o governo sonega tanto a proteção policial quanto os meios de autodefesa.

Nas escolas, as crianças aprendem a cultuar a sodomia e a desprezar a gramática, só fazendo jus aos últimos lugares nos testes internacionais pela razão singela de que não há um lugar abaixo do último.

As indústrias chamam técnicos do exterior, porque das universidades brasileiras não vem ninguém alfabetizado.
Em todo o território nacional, só três coisas funcionam: a coleta de impostos, o narcotráfico e o agronegócio, que tapa o rombo aberto pelos outros dois e é, por isso mesmo, o mais odiado, o mais xingado dos três.

Os juízes usam a Constituição como papel higiênico e a única ordem jurídica que resta é a prepotência dos grupos de pressão subsidiados por fundações estrangeiras. As Forças Armadas se aviltam, respondendo a cusparadas com muxoxos e rastejando ante os que as desprezam.


A alta cultura desapareceu, há trinta anos não surge um escritor digno desse nome; as poucas mentes criadoras que restam fogem para o exterior ou definham no isolamento, o simulacro de pesquisa científica com que as universidades sugam bilhões de reais do contribuinte nada produz que valha a pena ler.

Uma ortografia de loucos acabou se impondo como lei, assinada, e não por acaso, por um presidente analfabeto. Um palhaço iletrado que se elegeu por gozação é nomeado, na Câmara, para a Comissão de Cultura, um cargo para o qual, com toda a evidência, não se requer cultura nenhuma.

Nas discussões públicas, as mentes iluminadas de comentaristas e acadêmicos se dispersam em mil e um detalhes fúteis, ostentando falsa esperteza sem jamais atinar com a forma geral do processo histórico que toda semana as desmente e as ridiculariza. E quanto mais erram, mais inteligentes parecem a um público que elas próprias emburreceram precisamente para isso.

Em suma, está tudo exatamente como há décadas venho anunciando que ia estar, e só me resta o consolo amargo de ter tido razão onde o erro teria sido mil vezes preferível.
O povo mostrou-se incapaz de controlar seus governantes, os governantes incapazes de controlar seus mais baixos instintos, a elite nominalmente pensante incapaz até mesmo de acompanhar o que está acontecendo, quanto mais de prever o que vai acontecer em seguida.

O Brasil está dando um espetáculo de inconsciência, de insensibilidade, de sonsice irresponsável como jamais se viu no mundo.
É um país que vive de mentiras autolisonjeiras enquanto naufraga em caos, sangue, dívidas e abominações de toda sorte.

Olavo de Carvalho, 06 Junho 2011

TODOS JUNTOS CONTRA... O QUÊ MESMO?


Artigos - Governo do PT

Though government be an invention very advantageous, and even in some circumstances absolutely necessary to mankind, it is not necessary in all circumstances, nor is it impossible for men to preserve society for some time without having recourse to such an invention. Men, ‘tis true, are always much inclin’d to prefer present interest to distant and remote…
David Hume, A Treatise of Human Nature

Las Vegas is really a wonderful place. Where else outside government do people throw money away? The big difference, of course, is that here you can do it yourself in government, we do it for you.
Ronald Reagan

Apesar de 33 mil pessoas confirmarem sua participação no evento “Todos Juntos Contra a Corrupção” no Rio, o tal evento foi um fiasco com a presença de 2 mil e 500, sendo que isto incluía bombeiros e carteiros em campanha salarial, repórteres que lá estavam para cobrir o evento e transeuntes que passavam e, por curiosidade, paravam para ver o que estava acontecendo.
Restou “contra a corrupção” meia dúzia de gatos pingados.

A mentira de que estes atos são espontâneos, além do já exposto no artigo anterior, é a entrevista de Cristine Ferreira, uma das organizadoras, ao site Contas Abertas: A positividade em relação à presença massiva da sociedade está baseada na grande adesão que o movimento ganhou de sindicatos e organizações não governamentais (ONG’s), como a Rio da Paz. Segundo Cristine, o objetivo do “Todos Juntos Contra a Corrupção” é “que a população acorde para as irregularidades que afligem o sistema público do Brasil”.

Mas a população “acordada” estava em Brasília, cidade de funcionários públicos insatisfeitos com seus salários, onde 25 mil compareceram ao ato.

Tais irregularidades se resumem a protestar contra o roubo explícito do dinheiro público, nem se menciona o implícito: o elevado gasto público “normal”, à custa de altíssimos impostos não é um roubo?

Os salários indecentes “legais” e auto-reajustáveis do Judiciário não são um roubo?

A aposentadoria integral dos funcionários públicos não é um roubo?

Os nababescos salários das estatais não são um roubo, ou ainda mais, a mera existência de empresas estatais não é um roubo da propriedade privada?

As “bolsas” disto e daquilo não são roubos?

A legitimação e emissão de títulos de propriedade fraudulentos, embora plenamente legalizados, para invasores de terrenos e propriedades privadas, no campo e nas cidades, não é são um roubo?

A existência de cartórios que cobram os tubos para atazanar a vida dos contribuintes, exigindo documentações que poderiam estar num banco de dados de acesso gratuito, não é roubo?

Um dos motes do protesto é que os impostos são altos, mas não há contrapartida em serviços públicos, mas quais? Os que pagam foram consultados sobre quais serviços desejariam pagar?

Afirmo uma grande heresia na atualidade: não é roubando de quem paga impostos que se exige saúde e educação gratuita?
Todas as medidas socialistas são roubos de quem ganha seu dinheiro legitimamente e paga impostos escorchantes para financiar serviços públicos que não quer nem precisa.

Os apoiadores

Segundo a organizadora, a positividade em relação à presença massiva da sociedade está baseada na grande adesão que o movimento ganhou de sindicatos e organizações não governamentais (ONG’s), como a Rio da Paz. Então fica combinado: os sindicatos que além dos ganhos dos associados ainda se locupletam com o inacreditável imposto sindical, que todos são obrigados a pagar não constituem quadrilhas de ladrões e ainda protestam contra seus “colegas” políticos melhor sucedidos. Pura guerra de quadrilhas, nada mais!

E o Rio de paz? Não passa de mais uma organização que defende o desarmamento dos cidadãos de bem para que fiquem inermes à ação da bandagem. Segundo Julio Severo,

“o desarmamento da população almejado pelo Rio de Paz é meta permanente do governo socialista do Brasil, cuja presidente tem ligações, em seu histórico e governo, com terroristas assassinos. De modo diferente, a meta do líder cristão verdadeiro é apoio ao desarmamento apenas dos criminosos, nunca dos cidadãos que precisam defender suas vidas e famílias”.

“A nossa UNE e a deles”

Não se pode esperar que imbecis produzam algo diferente de imbecilidades, por isto um imbecil camaleônico escreveu um artigo com este título perguntando: onde está a UNE que não apóia os movimentos populares?
Ora, a UNE está onde sempre esteve: na esquerda! Se a esquerda está na oposição, a UNE faz oposição, se está no Governo, onde estaria a UNE senão do mesmo lado? O governo atual é de um corte comunista que a UNE sempre quis instalar no Brasil – sei porque estive nela como vice-presidente -, por que estaria contra? Além de ser aliada, mamam muito bem nas tetas do governo!

Minha convocação

Convoco a todos juntos exigirmos a diminuição radical do tamanho do governo e a limitação às suas funções primordiais e insubstituíveis: a administração da coisa pública com parcimônia, fazendo com que a despesa seja sempre menor do que a receita, a defesa eficiente do território nacional, as relações diplomáticas – deixem as comerciais para quem entende: os empresários – com outros países, a administração da justiça no sentido único de defesa aos direitos naturais dos indivíduos: a vida, a liberdade e a busca da felicidade. E, last but not least, a desestatização total da economia com extinção de todas as empresas estatais através de venda, doação ou fechamento puro e simples, como foi feito na reunificação alemã.

Subsidiariamente, a corrupção diminuirá substancialmente! Quem vai?

Heitor De Paola, 06 Outubro 2011

A CHINA ESTÁ MESMO MESMO DOMINANDO A ECONOMIA MUNDIAL?

Dias atrás o José Eustáquio Diniz Alves publicou em sua coluna Demografia do portal O Pensador Selvagem, uma resenha do livro do economista indiano Arvind Subramanian, que aponta para um eclipse do poder do Ocidente e o domínio econômico da China. Este domínio é diagnosticado pelo economista com base em três aspectos: tamanho do PIB, tamanho do comércio (importações e exportações) e tamanho das reservas.

Eclipse: o Ocidente na sombra da dominação econômica da China

Segundo o economista, na resenha acima, a China já se consolidou como poder dominante, repetindo o mesmo fenômeno que aconteceu no início do século XX, quando houve uma transição do domínio britânico para o domínio norte-americano.

Eu discordo bastante deste diagnóstico, e acho que o caso é mais parecido com a ascenção do Japão nos anos 1970. Chegaram a prever os EUA de joelhos diante da economia japonesa, que mostrava aparente vigor.

As diferenças entre a ascenção chinesa de agora e a norte-americana do início do século XX são enormes, e medir o poder de um país por PIB, comércio e reservas está próximo daquilo que o Luis Nassif chama apropriadamente de “cabeças de planilha” – para ridicularizar os economistas que não enxergam além dos dados econômicos brutos.

Só para pontuar algumas diferenças, visto que eu não teria tempo nem cacife para desenvolver mais o assunto:

A Inglaterra se consolidou como potência a partir da Revolução Industrial, e se tornou o que Hobsbawm chamou de “usina do mundo”. No início do século XIX a produção industrial inglesa superava a soma de todos os demais países do globo, o que diz muito sobre o tamanho da diferença tecnológica que surgia.

Os ingleses construíram um império global, do qual costumava se dizer que sobre ele o sol nunca se punha. Incluía possessões na América, África, Ásia e Oceania, sem falar na Irlanda, ali do lado.

Os EUA superaram a Inglaterra por muitos motivos.

Primeiro, se aproveitaram de conflitos religiosos europeus, e atraíram um grande volume de imigrantes de vários matizes culturais e religiosos. Isso garantiu uma composição populacional diversificada e dinâmica, que se tornou a grande riqueza dos EUA.

Depois houve uma disputa interna em que saíram vitoriosos os protecionistas, que achavam que os EUA deveriam privilegiar sua indústria e seu mercado interno, e não continuar como meros exportadores de algodão para tecelões ingleses. Eles tiveram inclusive uma Guerra Civil por causa disso.

Quando os EUA já eram uma potência industrial, especialmente por ter inventado o tal mercado de consumo de massas, eles ainda contaram com o conflito entre as potências européias, que se destruíram e arrasaram mutuamente no período 1914-1945.

A liderança industrial dos EUA pode ser demonstrada em três produtos seus que dominaram o mundo do século XX: o automóvel, que Ford transformou num objeto de consumo massivo, o cinema de Holywood, pelo qual os pobres podiam pagar em centavos, e a música popular vendida em disco, transmitida pelo rádio ou compondo o som dos filmes cinematográficos.

Para resumir a história, os EUA construíram sua liderança à medida em que todos querem ser americanos: vestir blue jeans e T-sheart, comer fast food, ouvir rock ou pop, e assistir cinema holiudiano.

Pergunte por aí quantos estão sonhando em se vestir ou pensar como chineses, ou emigrar para a China, e teremos uma medida de quão chinês poderá ser o mundo do século XXI.

Outra coisa interessante é que os chineses não têm a vitalidade política que fez a liderança dos EUA. De modo que os EUA continuam liderando em quesitos como gestão, criatividade e mercado de consumo. É certo que politicamente não é uma coisa simples, mas não é impossível que os EUA decidam parar de terceirizar sua indústria para os chineses. Caso isso ocorresse, ficaria evidente que a liderança econômica da China é um castelo de papel.

by andreegg. 04/10/2011

BLOG JULIO SEVERO ELIMINADO?

Ontem, quando voltei do supermercado, tive uma surpresa: minha conta de e-mail estava com acesso totalmente bloqueado. Imediatamente, entreguei a mim mesmo e meu ministério a Deus.

Em poucos minutos, comecei a receber chamadas de amigos me alertando que meu blog havia sido fechado. Quando entrei no meu blog para conferir, me deparei com a mensagem: “Este blog foi eliminado. Sentimos, mas o blog juliosevero.blogspot.com foi eliminado”.

Imediatamente, tentei me comunicar com o Google para desbloquear minha conta de e-mail e meu blog e o Google me deu a mensagem: “Account has been disabled. If you've been redirected to this page from the sign-in page, it means that access to your Google Account has been disabled. In most cases, accounts are disabled because of a perceived violation of either the Google Terms of Service…”

A tradução é: “A conta foi desativada. Se você foi redirecionado a esta página a partir da página onde você faz o login, significa que o acesso à sua conta no Google foi desativada. Na maioria dos casos, as contas são desativas por causa de um percebida violação dos Termos de Serviço do Google…”

Sem nenhum aviso, o Google eliminou meus blogs em português, inglês, espanhol e alemão na tarde de 4 de outubro de 2011.

A pressão dos internautas foi muito rápida, com muitos divulgando e se queixando. Em pouco tempo, sem nenhum aviso, o Google restaurou os blogs e minha conta.

O que está acontecendo? Não sei. Além disso, o sistema automático de e-mails do meu blog, assim como seus feeds, parecem estar sendo bloqueados nos últimos 10 dias.

Em 2007, por pressão de uma campanha sistemática de ódio dos ativistas gays, o Blog Julio Severo foi fechado pelo Google. Quando um procurador de Brasília telefonou para o Google perguntando o motivo do fechamento, o advogado do Google respondeu que muitos haviam feito contato denunciando que o Blog Julio Severo promove ódio e violência. Então o procurador explicou calmamente que ele lia diariamente meu blog, sem nunca ter encontrado nenhuma incitação ao ódio e violência.

Além disso, o filósofo Olavo de Carvalho, em sua coluna no Jornal do Brasil, denunciou a censura ao Blog Julio Severo. Depois dessa mobilização que envolveu também muitas outras pessoas que telefonaram para o Google, o Blog Julio Severo foi liberado da censura.

Julio Severo