"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 23 de julho de 2013

"O DISCURSO PROSELITISTA DE DILMA"


Vergonha de ser brasileiro. Eis o sentimento que tive após ver o discurso proselitista da presidente Dilma diante do papa Francisco. Por sorte, Vossa Santidade é argentino e, portanto, está ciente do típico populismo demagógico dos latino-americanos. Ainda assim foi algo constrangedor.
 
Dilma louvou as grandes “conquistas” dos últimos dez anos de governo. Aproveitou para fazer campanha eleitoral na cerimônia, tentando surfar na popularidade do papa. Mas, se o papa é pop, Dilma não é. Recebeu vaias no estádio de futebol, e hoje mereceu novas vaias, mas o protocolo do evento não permitiu, em respeito ao papa. Só por isso.
 
Não satisfeita, Dilma ainda olhou diretamente para o papa para lhe dar lições de democracia, explicando que o povo toma gosto e quer mais. Ela estava apenas seguindo a estratégia de seu mentor, o ex-presidente Lula, que recentemente adotou essa desculpa esfarrapada em artigo no site do NYT: as manifestações nas ruas são fruto do sucesso do governo petista!
 
Enfim, a cena toda foi patética, e Dilma saiu ainda menor da ocasião. Não deveria ter se aproveitado da visita do papa de forma tão escancarada, tão sensacionalista, para vender o peixe (podre) de sua gestão e de seu antecessor, de olho somente nas urnas de 2014. Isso foi feio. Muito feito! Dilma perdeu uma ótima oportunidade de ficar calada.
 
Só não foi a coisa mais constrangedora do primeiro dia da visita do papa ao Brasil porque a turma do movimento gay veio resgatar Dilma, colocando-se como merecedora do prêmio patetice do dia. Realizar um “beijaço” seminus em frente aos religiosos e à igreja foi um ato deveras infeliz, de quem acha que está chocando os outros, mas está apenas despertando o sentimento de pena, por algo tão mesquinho e ridículo.
 
A tentativa de ofender os religiosos demonstra apenas como essa gente necessita da aceitação daqueles que julgam “medievais”. Querem a aprovação do “papai” cuja autoridade não reconhecem. De fato, patético.
 
23 de julho de 2013
Rodrigo Constantino

DESACATO NAS ESCADAS DA IGREJA DE N. SRA DA GLÓRIA? O QUE MAIS FALTA NESTE PAÍS?

Gays e lésbicas sem-noção
 
Um grupo de casais homossexuais promoveu um beijaço na escadaria da Igreja de Nossa Senhora da Glória, no Largo do Machado, Zona Sul do Rio, no fim da tarde desta segunda-feira.

E depois querem ser respeitados...



23 de julho de 2013

E NO PAÍS DO "POVO QUE RECEBEU TANTO NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS QUE AGORA QUER AINDA MAIS"

Semestre termina com maior taxa de cheques devolvidos desde 2009
 

O percentual de cheques devolvidos no primeiro semestre cresceu para 2,08% do total compensado ante taxa de 2,07% no mesmo período de 2012. O índice foi o maior apurado para uma primeira metade de ano desde 2009, informou a Serasa Experian nesta terça-feira (23).
Apesar de o volume de devoluções ter sido menor na comparação anual, 8,65 milhões de cheques contra 9,49 milhões no primeiro semestre de 2012, o total compensado caiu de 458 milhões para 416 milhões de cheques.
Segundo a Serasa, a inflação mais alta explica esse cenário, pois diminui o poder de compra do trabalhador, cuja renda já está comprometida com prestações. A falta de planejamento nos financiamentos, nas compras parceladas com cheques pré-datados, mais difíceis de se renegociar, são outros fatores que explicam o resultado.
Em junho apenas, o índice de devoluções foi de 1,94% ante 2,15% em maio e 2,02% em junho de 2012.
O Estado com maior nível de cheques devolvidos no semestre foi Roraima, com 11,16% do total compensado, quase seis vezes superior à média nacional de 2,08%. São Paulo e Rio de Janeiro tiveram índices de 1,48% e 1,57%, respectivamente. 

Folhainvest
23 de julho de 2013

CRIAÇÃO DE EMPREGOS FORMAIS CAI 21,1 % NO PRIMEIRO SEMESTRE. ESTE FOI O PIOR RESULTADO PARA O PERÍODO DESDE 2009


https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhblskQg4ffUBMYKgAsUMJZP1Ue1XPz7qBsRBrrJgPWDOuzJhU-mradRZY2U0bHH8cpGBbCLUPiidYzZdErAYEZhb9TYOUza5oIDWdKCcsJ5_x4NykLcY2yn2Lqyfr2F-NSCbneipFsPpE0/s400/dilma_rousseff_fabio_pozzebom_abr.jpg
 
O Ministério do Trabalho e Emprego informou nesta terça-feira que foram criadas 826.168 novos postos formais de trabalho no primeiro semestre deste ano, o que representa uma queda de 21,1% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram abertas 1,04 milhão de vagas.

Este foi o pior resultado para o período desde 2009, quando foram criados 397.936 empregos com carteira assinada.

Somente em junho, foram abertas 123.836 vagas formais, o que representa uma pequena elevação frente ao mesmo mês do ano passado - quando foram criados 120.440 empregos com carteira 
assinada.

A queda na criação de empregos formais no primeiro semestre deste ano acontece em um momento no qual a crise financeira internacional ainda tem mostrado efeitos na Europa, ao mesmo tempo em que a China tem registrado expansão inferior aos últimos anos. Nos Estados Unidos, há sinais de uma pequena aceleração da economia.
Segundo o Ministério do Trabalho, o setor de serviços liderou a criação de empregos formais no primeiro semestre deste ano, com 361.180 postos abertos, ao mesmo tempo em que a indústria de transformação foi responsável pela contratação de 186.815 trabalhadores com carteira assinada.

Já a construção civil abriu 133.436 trabalhadores com carteira assinada. O setor agrícola, por sua vez, gerou 115.745 empregos no primeiro semestre, enquanto o comércio fechou 13.693 vagas formais nos seis primeiros meses de 2013.

A administração pública foi responsável pela contratação de 30.861 pessoas no primeiro semestre.

Por regiões do país, o destaque ficou por conta do Sudeste, com 474.030 postos formais abertos nos seis primeiros meses de 2013. Em segundo lugar, aparece a região Sul, com a abertura de 227.978 vagas com carteira.


A região Centro-Oeste abriu 130.224 postos de trabalho.
Já a regiões Norte criou 20.506 vagas formais no primeiro semestre deste ano, enquanto que o Nordeste fechou 26.570 empregos com carteira assinada no mesmo período.


Jornal do Brasil
23 de julho de 2013

CONTAS EXTERNAS TÊM DEFICIT DE US$ 43,4 BILHÕES NO PRIMEIRO SEMESTRE


 
O déficit em transações correntes, que são as compras e as vendas de mercadorias e serviços do país com o resto do mundo, ficou em US$ 3,953 bilhões, em junho, de acordo com dados do Banco Central (BC), divulgados hoje (23). No mesmo mês do ano passado, o resultado negativo alcançou US$ 4,393 bilhões.

No primeiro semestre, o saldo negativo das transações correntes ficou em US$ 43,478 bilhões, contra US$ 25,244 bilhões em igual período de 2012. O resultado no primeiro trimestre correspondeu a 3,82% de tudo o que o país produz – Produto Interno Bruto (PIB).

A balança comercial, que integra a conta de transações correntes, registrou déficit de US$ 3,092 bilhões, no primeiro semestre.

A conta de serviços (viagens internacionais, transportes, aluguel de equipamentos, seguros, entre outros) ficou negativa em US$ 22,158 bilhões, enquanto a de rendas (remessas de lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários) registrou déficit de US$ 19,770 bilhões, nos seis meses do ano.
O ingresso líquido de transferências unilaterais correntes (doações e remessas de dólares que o país faz para o exterior ou recebe de outros países, sem contrapartida de serviços ou bens) ficou em US$ 1,542 bilhão, no primeiro semestre.

Os dados do BC também mostram que o investimento estrangeiro direto, que vai para o setor produtivo da economia, chegou a US$ 7,170 bilhões, em junho, e a US$ 30,027 bilhões, nos seis meses do ano. Nos seis meses do ano, esses investimentos não foram suficientes para cobrir completamente o saldo negativo em transações correntes.

Apesar de o investimento estrangeiro direto ser o mais adequado para financiar o déficit, porque é de longo prazo, o país tem outras formas de financiar o resultado negativo.

Uma delas são os investimentos estrangeiros em ações negociadas no Brasil e no exterior que registraram ingresso líquido de US$ 6,278 bilhões, nos seis meses do ano .

Também houve investimentos em títulos de renda fixa negociados no país, com ingresso líquido de US$ 11,038 bilhões.


Agência Brasil
23 de julho de 2013

ANDRÉ ESTEVES: "ESTAMOS PERDENDO O JOGO".

Criado no bairro carioca da Tijuca, André Esteves sonhava comprar um posto de gasolina e ficar rico nos tempos de estudante de matemática na UFRJ. Virou bilionário aos 36 anos — o mais jovem do Brasil, Hoje, aos 44, é dono de um dos maiores bancos do país. o BTG Pactual, mas ambiciona ainda ocupar o topo. "Não seria nada mau multiplicar o patrimônio por dez", diz, no estilo informal do qual não se despe nem mesmo quando é chamado a Brasília para falar com o ministro Guido Mantega. de quem é próximo. De uma agressividade que seus detratores definem como "excessiva" ao fechar negócios. Esteves assumiu, no início do ano, uma das mais espinhosas missões de sua carreira: ajudar Eike Batista a desatar o nó do grupo X.


Depois que a OGX anunciou que abandonaria seu único campo de petróleo, muita gente se perguntou se Eike Batista foi ingênuo, incompetente ou desonesto. Qual é o seu diagnóstico?

O momento da economia era bom. e todo mundo foi tomado por um excesso de otimismo. Não só o Eike. mas analistas de mercado. bancos e investidores subestimaram a capacidade de execução e o capital necessários para pôr tantos mega projetos de pé ao mesmo tempo. Era um desafio difícil, hercúleo. Mas. mesmo com toda a decepção, não dá para acusar Eike de má fé. Ele foi. afinal, quem mais perdeu. No passado, já tinha recebido ótimas ofertas pela empresa. Nunca quis vender porque sempre acreditou naquilo.


Desde o início do ano, a OGX sabia que aquele campo de petróleo era inviável. Por que demorou tanto a dar a notícia ao mercado?

Durante muito tempo, reinaram na OGX uma confiança e um encantamento exagerados, como se todos ali tivessem esquecido quão arriscado é o negócio de exploração de petróleo. Aí começaram a aparecer as dificuldades, mas sempre houve a esperança de que uma perfuração de última hora pudesse salvar a situação. Isso já tinha acontecido com o pré-sal: a Petrobras gastou uma fortuna e amargou alguns fracassos antes de dar a grande tacada. Os executivos da OGX tentaram o que podiam, até alguém decidir que não valia mais a pena insistir. É como um paciente que o médico tenta curar, curar, mas a certa altura percebe que não há mais saída e desliga os aparelhos.


Qual o cenário mais provável para as empresas de Eike?
A despeito de uma ou outra que não tem mais jeito, há ativos que podem ser vendidos e dívidas que serão renegociadas. A dúvida hoje é sobre qual será a participação de Eike nessa nova etapa. Seja qual for. ele terá deixado legados importantes. Não fossem as térmicas da MPX. provavelmente o Brasil passaria por um racionamento em um ou dois anos. O Porto Sudeste, por sua vez, está praticamente concluído e será essencial para escoar a produção de minério. Há gente interessada em comprá-lo.


No grupo X, houve quem sugerisse a Eike dar o calote e mandar o próprio dinheiro para o exterior. O senhor soube disso?

Não. O que posso garantir é que o BTG não advoga saídas heterodoxas e respeita credores. Se depender de nós, o Eike sairá da crise pela porta da frente — ainda que com muitos prejuízos para ele e para os investidores.


Como ele anda nos últimos dias?
Abatido, claro, mas tentando resolver os problemas de cabeça erguida. Conheço muitos que, no lugar dele. estariam enfiados na cama. sem capacidade de reação.


A crise no grupo X prejudicou muito a imagem do Brasil perante os investidores?

É claro que prejudicou, mas não foi o que derrubou as bolsas. A decepção dos investidores não é só com o Eike. É também com a Petrobras. que, mesmo tendo feito uma capitalização recorde, vai mal-, com as empresas de construção civil, que bombaram na bolsa e depois deram uma refluída; e mesmo com a Vale. que teve uma performance fraca por causa da queda nos preços do minério de ferro.


0 que o senhor pensa da política do BNDES de eleger campeões nacionais?
Não acho certo o BNDES dar credito barato a empresas que têm como conseguir dinheiro no mercado. O banco é um excelente instrumento para o Brasil. mas está se tornando contraproducente. Não é bom que o país fique tão dependente dele. Trata-se de um claro sinal de que algo está errado. O BNDES é tão bom quanto o antibiótico: foi uma grande invenção da humanidade, só que. se você tomar oito por dia, vai acabar prejudicando a saúde. Se todo mundo ficar pendurado no BNDES, o país perde a competitividade. O banco deveria, isso sim. se concentrar nos grandes projetos de infraestrutura que podem ajudar o Brasil a enfrentar a concorrência global.


A inflação sobe, as contas públicas estão desequilibradas e o investimento está em queda. Como chegamos a esse ponto?

O governo não prestou atenção ao termômetro do mercado. Quando o PT assumiu, em 2003. o momento era de enormes desafios econômicos, e havia uma descrença na capacidade dos petistas em lidar com essa complexidade. O ceticismo fez com que Lula fosse muito disciplinado na condução da economia no primeiro mandato. Graças a isso. consolidamos os pilares da estabilidade. Mas o sucesso trouxe um efeito colateral negativo: o gradual desprezo às críticas do mercado, principalmente a partir de 2008. com a derrocada dos sistemas financeiros na Europa e nos Estados Unidos. Sinais importantes — como o fato de a nossa bolsa estar indo pior do que todas as outras e a perda de credibilidade da política fiscal — foram ignorados. Essa soberba econômica foi um erro. O mercado é um termômetro tão valioso quanto a voz das ruas.


Que semelhanças o senhor vê entre os dois?

Pode não parecer, mas o sentimento difuso que levou as pessoas às ruas para pedir mais educação e saúde, um melhor transporte público e menos corrupção nada mais é do que o clamor por um estado mais eficiente, um dos pilares em que se baseia o mercado. A questão fundamental é que o estado brasileiro se apropria de 36% da renda dos cidadãos e não entrega o correspondente em serviços. Países como Japão e Noruega têm carga tributária alta, e não se vê ali gente na rua protestando. Se aqui há, é porque existe excesso de estado e de ineficiência. Nos últimos anos. a economia se formalizou, mais gente paga imposto e o brasileiro aprendeu a cobrar um retomo disso. A sociedade mostrou que não vai tolerar que a ignorem. Ela pôs os políticos em alerta.


0 senhor foi um dos convocados para uma recente reunião de empresários com o ministro Guido Mantega. 0 que ele queria?

Ouvir nossa opinião sobre a economia e o Brasil, o que é um bom sinal de que está antenado com as insatisfações. Eu insisti muito para a presidente Dilma. que é mais introspectiva, retomar as conversas que costumava ter com os empresários. Não que dessas reuniões vá sair a solução para todos os problemas, mas é bom que o governo não se feche e se mantenha conectado à realidade econômica.


Instrumentos como contabilidade criativa, com o governo inflando o superávit artificialmente, são aceitáveis?

Não são aceitáveis nem necessários. Na minha opinião, não haveria nada de errado se o governo dissesse que precisa gastar mais para dar um empurrão na economia. Mas o país tem feito muita confusão nessa seara. Outro dia mesmo o governo reafirmou o compromisso com o superávit de 2.3% do PIB e deixou todo mundo satisfeito. Dias depois, ficamos sabendo que o Tesouro estava recebendo dividendos do BNDES para cumprir essa meta. Ora. esse tipo de coisa tira toda a credibilidade. Assim fica difícil defender o país perante os investidores.


Os investidores perderam a confiança no Brasil?

Paira uma grande incerteza sobre o rumo que o país está tomando. Nos últimos tempos, o governo lançou pacotes para ferrovias, rodovias e aeroportos que até iam na direção certa, mas resolveu definir ele mesmo a taxa de retorno do investimento — o que, além de despropositado, é tarefa absolutamente inglória. A beleza desse tipo de concorrência está justamente em cada um conseguir maneiras de obter a melhor taxa de retomo do negócio oferecendo um bom preço ao consumidor. Ao tentar tutelar essa variável, o governo afetou diretamente o apetite dos investidores. Depois disso, muita gente pôs o Brasil sob observação. Tenho um cliente, um grande fundo de pensão canadense acostumado a aplicar bilhões aqui. que suspendeu temporariamente os investimentos em infraestrutura até ter mais clareza sobre o futuro. É esse jogo — o das expectativas — que o governo está perdendo. Precisamos de racionalidade e transparência para fazer o dinheiro voltar a fluir. O que me choca é que é tudo muito fácil de resolver. As soluções estão dadas.


Se é tão fácil assim, por que ninguém faz?

Em alguns segmentos do governo, falta capacidade de gestão e, em outros, os diagnósticos estão errados. Tem gente que ainda acha que está abafando.


O que, afinal, precisa ser feito?

Não é segredo para ninguém o que fazer. O Brasil maneja esses instrumentos há décadas. Basta adotar maior disciplina fiscal, com aperto nos juros — tanto quanto for necessário para equilibrar a economia. O Banco Central até tem trabalhado nisso.


Por que ainda não surtiu o efeito desejado?

Porque há outras coisas que estão emperradas. Uma delas é atacar a verdadeira causa da pressão inflacionária e fazer a transição de um modelo de crescimento baseado na expansão do crédito e do consumo interno para outro, calcado no investimento. Daria para começar com pequenas reformas que não dependem de novas leis nem de mecanismos muito complicados, como a redução da burocracia para abrir e fechar uma empresa ou das exigências para a importação de insumos. Parece pouco, mas ajudaria, e muito, a reverter as expectativas negativas.


No mercado, é comum ouvir que o senhor tem muita influência sobre o ministro Guido Mantega. Dizem até que teria informações privilegiadas sobre o movimento dos juros e do câmbio...

É um completo absurdo. Temos o maior departamento de coleta de informações sobre inflação e a maior equipe de análises econômicas do mercado. Por isso, acertamos com uma frequência razoável. As pessoas ficam lançando suspeita sobre nossos acertos, que são uns dois terços das apostas, e deixam de reparar nos erros. Eles são, aliás, bem mais frequentes do que eu gostaria. É o caso de lembrar a frase que o Luiz Cezar Fernandes, um ex-sócio do banco, gostava de citar: "No Brasil, as pessoas perdoam tudo. Só não perdoam o sucesso".


Quando mais jovem, o senhor dizia querer ficar rico para comprar um posto de gasolina. Qual é hoje a sua grande ambição?

Nosso negócio deixou de ser sobre dinheiro há muito tempo. Não vai ser o dividendo deste ano que vai me permitir trocar de carro. Meu objetivo maior é construir uma história de sucesso e propagar um modelo que ajude a empurrar o Brasil para uma economia de mercado de verdade. Se nesse caminho eu conseguir multiplicar o patrimônio do banco por dez. tanto melhor.


O mesmo Luiz Cezar Fernandes declarou uma vez que o senhor seria capaz até de "vender a mãe para ter poder".

Foi um comentário infeliz, e ele se retratou. A agressividade é, sim, uma forte característica da cultura do meu banco. Ela se traduz em agilidade máxima, trabalho duro, foco nos resultados e um respeito quase religioso à meritocracia. Não importa se estamos falando do estagiário ou do sócio do banco, quem tem razão sai ganhando — sempre. A questão é que as pessoas não estão acostumadas a essa maneira de pensar e agir. O Brasil ainda vive os estágios iniciais da criação de uma economia de mercado de fato. daí o preconceito. E, só para deixar bem claro em relação à minha mãe. professora universitária que me ensinou os mais elevados princípios: eu não a venderia por nada neste mundo.
 
23 de julho de 2013
Revista Veja

ROBERTO DAMATTA: "AS PESSOAS QUEREM UM GERENCIAMENTO PÚBLICO DECENTE".

 
“As pessoas escapam pelas malhas da reestruturação brasileira”
 
Roberto DaMatta

“As pessoas querem um gerenciamento público que seja realmente decente”, diz o antropólogo Roberto DaMatta sobre as manifestações que se espalharam por todo o Brasil no mês de junho. Autor de trabalhos como “O que faz o Brasil, Brasil?” (Rocco, 1986) e “Carnavais, malandros e heróis” (Rocco, 1997), que buscaram entender e revelar o comportamento do povo brasileiro, DaMatta contou para o Instituto Millenium suas impressões a respeito da estrutura policial brasileira e falou sobre possíveis ameaças ao Estado de Direito.
 
O antropólogo acredita que as divergências nas manifestações fazem parte de uma sociedade respaldada por uma democracia liberal. DaMatta destaca a necessidade de uma politização das relações pessoais e avalia o voto distrital como ferramenta útil em uma possível reforma política: “Quanto mais próximo de mim estiver o candidato, maior a minha participação política”.
 
Leia a entrevista completa
 
Instituto Millenium – No Brasil, ameaças ao Estado de Direito deixam de ser exceção em todas as esferas da sociedade. As recentes manifestações evidenciam que tanto a classe política quanto a sociedade civil e as forças policiais desrespeitam a lei, muitas vezes com o sentimento de que os fins justificam os meios. O senhor concorda com isso?

Roberto DaMatta - Comparando o Brasil com outros países, pode-se dizer que estamos respeitando o Estado de Direito. Ele é mais respeitado aqui que na Venezuela, provavelmente mais que na Colômbia e, certamente, que na Argentina.
Isso para não falar do Oriente Médio, Israel e Egito, e nem dos países árabes, onde há uma primavera da qual eu não quero cheirar as flores. A sociedade brasileira é democrática, liberal e competitiva, mas possui um sistema legal extremamente complicado.
O Brasil tem um legalismo muito grande, que é uma herança ibérica, de Portugal.
 
Imil – O senhor poderia explicar um pouco mais?

DaMatta – Veja, saímos da ditadura, mas continuamos com determinados mecanismos institucionais, políticos e legais daquela época, como as medidas provisórias, os decretos-lei e as PECs (Propostas de Emenda à Constituição).
Continuamos sem revogar muitas coisas, e, por esse ponto de vista, o Estado de Direito sempre esteve sob ameaça no Brasil. No entanto, essas ameaças são permanentes às sociedades democráticas, como já dizia Alexis de Tocqueville (1805 – 1859), em 1835, no livro “A democracia na América”, o primeiro trabalho de campo, in locu, de uma sociedade democrática.
Os Estados Unidos foram o primeiro país no mundo a ter uma experiência republicana sem aristocracia. É uma república que nasce sem aristocratas – burguesa de nascimento, e sem religião oficial.

Esses dois elementos, hierárquicos e aristocráticos, nós temos no Brasil, cuja história reuniu aristocracia com escravismo e um republicanismo muito mais teórico que prático, sem uma massa de pessoas capaz de praticá-lo.

Uma democracia liberal é um sistema político que está sempre correndo atrás de si próprio. Está sempre em crise, sempre se questionando
 
O que se observa hoje é que o Estado de Direito está funcionando no Brasil. Nesse momento estão ocorrendo conflitos entre brancos e negros na Flórida, nos Estados Unidos, e não significa que a lei não esteja funcionando lá. É o estado normal de uma sociedade liberal e democrática a competição de partidos políticos e ideias políticas, com grupos de extrema esquerda e extrema direita. Isso nunca será resolvido. Sempre haverá algum conflito, algo que tentará corromper o sistema e, do lado oposto, alguma polícia ou alguém para denunciar.
 
Imil – Mesmo durante as manifestações o senhor enxerga este pleno funcionamento?

DaMatta - Vivemos um drama social, segundo a formulação do antropólogo Victor Turner (1920 – 1983), dividido em quatro momentos.
Em um primeiro momento há uma montagem do drama, que foi o início das passeatas em São Paulo.
O segundo momento é o próprio drama, que foi quando as manifestações se espalharam pelo Brasil inteiro.
No terceiro momento acontece a interpretação dos significados do drama, quais são as partes envolvidas etc.
Por fim, no quarto momento as reivindicações do drama são ou não são atendidas. No caso brasileiro a tendência é, em geral, atender apenas parte das exigências e empurrar algumas coisas para debaixo do tapete. Essa não é propriamente a mesma experiência de outros países, que resolvem os problemas, por vezes, de maneira drástica.

Então a minha resposta é que o Estado de Direito está funcionando sim. Desde que se tenha em mente que uma democracia liberal é um sistema político que está sempre correndo atrás de si próprio. Está sempre em crise, sempre se questionando.

Ele deixa que exista dentro dele próprio movimentos que são contrários a ele, isso é, uma coisa que Tocqueville caracterizou muito bem.
Apesar de não ver uma ameaça ao Estado de Direito, acredito que as respostas aos movimentos podiam ser melhores. Analisando os sistemas com uma certa distância, eu, como um liberal, democrata, federalista, que defende as liberdades individuais e, sobretudo, um Estado de Direito em que se tenha liberdade e igualdade, acho que está funcionando.
 
Imil – A ausência de respeito ao modelo da ordem submetida ao Estado de Direito se perpetua dentro da estrutura policial brasileira por diversas razões. O senhor acredita na falência dos atuais modelos?

DaMatta - Essa pergunta você deve fazer ao Luiz Eduardo Soares, ele domina o tema. A questão policial brasileira é uma coisa muito louca, porque o Brasil não tem uma polícia somente. Há várias polícias que competem entre si, um sistema ideal para os criminosos.
Temos polícia municipal, estadual, federal, militar, polícia de fronteiras, polícia de portos, polícia aérea etc. Quanto mais polícias tivermos pior, por que a responsabilidade vai sendo empurrada de uma em uma. O mesmo acontece com o sistema legal: quanto mais tribunais tivermos para cada esfera da sociedade mais assuntos pendentes teremos.

Na semana retrasada, li que o chefe da inteligência da polícia que vigia o tráfico de drogas em São Paulo está preso. E o que eles vão fazer? A resposta que eu ouvi é que eles vão reestruturar a polícia.

Ora, hoje estou com 77 anos de idade e desde que comecei a enxergar o mundo público brasileiro, com uns 20 anos, vejo que Brasil está se reestruturando o tempo todo. As pessoas escapam pelas malhas da reestruturação!
O Judiciário foi reestruturado, a ditadura militar reestruturou tudo, a Constituição de 1988, felizmente, reestruturou tudo de novo. Reestruturamos o Estado com o governo FHC, recuperamos a moeda, e hoje estamos falando em reestruturar as forças policiais, o que já deveria ter sido feito há muito tempo.

Eu, como cidadão comum, não entendo esse negócio da polícia. É o que o Luiz Eduardo Soares chama de banda podre da polícia. Não tenho como responder com precisão essa questão, é necessário realizar um estudo.
O que eu posso fazer é chamar a atenção das pessoas para o número de polícias no Brasil. Precisamos discutir isso.
A grande questão da impunidade e da corrupção passa por uma politização, que não foi feita, das relações pessoais no Brasil
 
Imil – Na opinião do senhor, a que se deve o descrédito nas instituições do sistema de justiça e segurança? Pode-se resumir à questão da impunidade?

DaMatta - A grande questão da impunidade e da corrupção passa por uma politização, que não foi feita, das relações pessoais no Brasil. Se você não criticar esses diversos papeis que nós desempenhamos no palco da sociedade civil, no mundo público e no mundo íntimo, na casa e na rua, você jamais vai conseguir ultrapassar a corrupção que começa com um abraço do amigo, com um telefonema do sujeito que conhece o outro que vai resolver o “assunto X” para você, e que geralmente em um desses telefonemas vai exigir que se passe por cima ou por baixo de alguma lei.
Obviamente que não existe no mundo um país em que não haja simpatias pessoais, paixões entre pessoas, amizades, favores… O que eu estou dizendo é que nós ainda não nos politizamos. Nós criamos um sistema político aberto no qual qualquer um pode se candidatar e governos são formados de forma livre, no entanto, os papeis sociais, que são papeis mantidos pelo sistema público, pela sociedade através do Estado, são papéis que ainda não discutimos, não refletimos e não politizamos.
Se sou presidente e tenho uma vaga para ministro da Fazenda, quem vou nomear? Só posso escolher alguém do meu partido, amigos e familiares? Se há em outro partido alguém mais competente, por que não? Enquanto não politizarmos essas extensas redes de relações sociais ficará difícil transformar a política brasileira. Apoio-me em Max Weber (1864 – 1920) para afirmar isso. Weber nos mostrou que o espírito do capitalismo está construído em cima de uma ética que disciplinou de uma forma profunda e rigorosa as relações pessoais através da reforma protestante. A modernização da Alemanha tem duas etapas: a primeira, no século XV, com Lutero, e a segunda, feita a partir do século XVIII, na Prússia. A primeira criou nossa consciência de lugar no mundo, com o trabalho como vocação e a responsabilidade individual como valor. Ali surgiu a ideia de que o confessionário não é a salvação. Só o indivíduo pode salvar a si próprio. Essas são ideias pouco discutidas no Brasil.
 
Imil – O senhor é otimista quanto a essa politização das relações no Brasil?

DaMatta - Sou otimista. Vou me ancorar em Tocqueville novamente (risos). Ele diz que uma vez que a sociedade ultrapassa a fase aristocrática, a democracia é permanente, com tudo que ela tem de bom e tudo que tem de ruim: a massificação, o populismo, a sedução milenarista, os grupos radicais etc. Tudo isso está dentro da democracia e a única saída é a domesticação desse sistema. No caso do Brasil, essa domesticação vai certamente passar por uma discussão mais profunda sobre valores éticos, sobre a consciência de que os bens públicos nos pertencem e sobre o bom gerenciamento público.

O Instituto Millenium, de peito aberto, coloca em pauta problemas que a sociedade não pensou
Por isso, vejo importância em uma reforma política, principalmente em relação ao voto distrital. Quanto mais próximo de mim estiver o candidato maior a minha participação política.  
Na França, a cada quarteirão você vê um policial cuidando de um determinado liceu. Se há um policial específico para seu bairro, ele já conhece melhor as redondezas e pode prestar um serviço melhor.

O meu otimismo não diminui por causa dos problemas. Minha função é colocar os problemas como estou fazendo com você. É também o papel do Instituto Millenium, com o qual sempre mantive boas relações por causa disso.
Vocês, de peito aberto, colocam em pauta problemas que a sociedade não pensou. E digo que não pensou porque a sociedade brasileira digeriu o código liberal e democrático a partir de uma matriz aristocrática e escravocrata, que é a matriz história brasileira.
 
Imil – O senhor acha que a sociedade está mais atenta à necessidade de respeitar a lei? Estão denunciando mais as ações arbitrárias?

DaMatta - Não há duvida, hoje no Brasil há uma impaciência enorme. Razão pela qual aconteceram as passeatas de junho. Em entrevista ao “The New York Times” eu disse ser essa a revolta do bom senso. Ninguém estava pedindo uma reestruturação completa.
As pessoas querem um gerenciamento público que seja realmente decente. Que seja igual ao gerenciamento que a maioria das pessoas que estavam nas passeatad fazem das próprias vidas. Eu não gasto mais do que ganho, eu não contrato empregado que não trabalha e nem pago meus empregados acima do mercado.
Quando vemos que o cara que serve cafezinho no Senado ganha o dobro do que eu, professor titular com 50 anos de profissão, há algo de muito errado.

23 de julho de 2013
Roberto DaMatta

CPMI DA COPA JÁ CONTA COM ASSINATURAS NECESSÁRIAS PARA IMPLANTAÇÃO

Ao todo 186 deputados e 28 senadores concordaram com a abertura das investigações
  
A criação da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de inquérito) da Copa do Mundo de 2014 já conta com assinaturas necessárias para sua implantação. Ao todo 186 deputados e 28 senadores concordaram com a abertura das investigações, conforme conferência das assinaturas encerrada nesta terça-feira, 23, pela Mesa Diretora do Senado.

O número mínimo necessário para a instalação da CPMI é de 171 deputados e 27 senadores.

 
O requerimento agora deve ser lido em sessão conjunta no Congresso, que pode acontecer no próximo dia 20 de agosto. A decisão, no entanto, cabe ao presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
 
No dia da leitura do requerimento, deputados e senadores têm até a meia noite para retirar ou inserir novas assinaturas no requerimento. É o prazo que o Executivo tem para convencer parlamentares a retirar assinaturas necessárias para que a CPMI não seja instalada.
 
Para o autor do requerimento, deputado Izalci Ferreira (PSDB-DF), existe clima para a instalação da CPMI. "Ela faz parte da demanda que surgiu das ruas", disse.
 
Caso venha a ser instalada, a CPMI da Copa vai investigar supostas irregularidades na aplicação de recursos públicos para a construção de estádios e obras de infraestrutura para a realização da competição. De acordo com o deputado, há indícios de irregularidades, como pareceres indicativos de tribunais de contas. "Basta comparar custos para a construção dos estádios do Grêmio, em Porto Alegre, e o Mané Garrincha, em Brasília. São arenas de tamanhos e capacidades de público semelhantes, mas um custou três vezes mais que o outro", disse.

23 de julho de 2013
VALMAR HUPSEL FILHO - O Estado de S. Paulo

SEGURANÇA DE DILMA E AGREGADOS CUSTA R$ 67,1 MILHÕES AOS NOSSOS BOLSOS

O orçamento federal possui uma ação exclusiva para cuidar da segurança institucional do Presidente da República, do Vice-Presidente da República, dos familiares deles e de outras autoridades a pedido do presidente.
No governo da presidente Dilma Rousseff, que teve início em 2011, R$ 67,1 milhões já foram desembolsados com as atividades de segurança previstas na iniciativa. O valor é o dobro do que foi gasto com a ação durante todo o segundo mandato do governo Lula, entre 2007 e 2010, quando R$ 32,6 milhões foram desembolsados.
 
A ação, denominada “Segurança Institucional do Presidente da República e do Vice-Presidente da República, Respectivos Familiares, e Outras Autoridades”, tem a finalidade de mobilizar os efetivos militares das Forças Armadas e de servidores civis, em todo território nacional, e suporte técnico operacional relativo às ações de Segurança Institucional e às unidades que a compõem, visando promover a segurança pessoal dos destacados.
 
A iniciativa é implementada de forma direta e descentralizada para a capacitação dos recursos humanos e suporte logístico ao Sistema de Segurança Presidencial, recebimento de missões, levantamento das necessidades, planejamento de missões, descentralização de crédito para as organizações militares empregadas na segurança de área e pagamento das despesas com a execução de missões.
 
O Gabinete de Segurança Institucional (GSI), responsável pela ação, informou ao Contas Abertas que a implementação do Sistema de Segurança Presidencial determinou, nos últimos cinco anos, a revitalização e modernização de equipamentos e instalações e, em consequência, aquisições de materiais e contratações de serviços.
 
Em 2007, primeiro ano do segundo mandato do governo Lula, R$ 852,8 mil foram desembolsados para a ação. O valor passou para R$ 1,1 milhão no ano seguinte, para R$ 9,1 milhões em 2009 e R$ 21,6 milhões em 2010. No primeiro ano do governo da presidente Dilma Rousseff R$ 29 milhões foram pagos para essa iniciativa de segurança. No exercício passado, o montante foi de R$ 25,8 milhões.
 
Em 2013, R$ 12,1 milhões já foram pagos para a segurança institucional da Presidência da República. A previsão orçamentária é que o valor chegue a R$ 31,4 milhões. De 2005 a 2013, R$ 101,9 milhões foram gastos com a ação. (Veja matéria)
 
Segundo o GSI, o aumento dos gastos nos últimos anos se deve ao fato de que nos exercícios orçamentários de 2006 e 2007, o gabinete não era uma Unidade Gestora (UG), sendo as suas atividades meio absorvidas e orçamentadas pela Secretaria de Administração da Presidência da República. “Nesse  período, a  ação era utilizada e alocada, apenas, com recursos para atender atividades finalísticas deste Gabinete.
A partir de 2008, o GSI passou a ser classificado como UG. Entretanto, face ao período de transição, boa parte das atividades meio permaneceu, ainda, sob responsabilidade da Secretaria supracitada”, .
 
Já de 2009 a 2013, o GSI assumiu por completo suas competências, executando, contábil e financeiramente, atividades meio e finalísticas. “Atualmente, a Ação 4693 é a única do exercício financeiro, salvo repasses extraordinários e atividades do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro”, explicou a pasta.
 
Segurança da presidência
 
A segurança das autoridades presidenciais é realizada pelo GSI por intermédio da Secretaria de Segurança Presidencial (SPR).  Para tal, a SPR utiliza, além dos seus recursos materiais, os seus Agentes de Segurança Pessoal e Agentes de Segurança de Instalações.
 
Os Agentes de Segurança Pessoal são encarregados de realizar a segurança imediata das autoridades presidenciais e os Agentes de Segurança de Instalações são destinados a prover a segurança dos palácios presidenciais e das residências oficiais, juntamente com Organizações Militares destinadas para esse fim, que são o Batalhão da Guarda Presidencial (BGP) e o 1º Regimento De Cavalaria De Guardas (1° RCG).
 
O Batalhão da Guarda Presidencial (BGP), também conhecido como Batalhão Duque de Caxias, é uma unidade do exército brasileiro que tem por finalidade realizar a proteção do presidente da República Federativa do Brasil e a guarda das instalações dos principais palácios da Presidência da República. Em 2013, o governo federal já gastou R$ 12,3 milhões com o custeio da guarda.
 
O BGP é uma unidade originária do Batalhão do Imperador, criado por decreto de 18 de janeiro de 1823, assinado por D. Pedro I e organizado em meio às campanhas de pacificação que se desenvolveram após a independência. Em 1960, ao transferir-se para Brasília, recebeu sua atual denominação.
 
O 1º Regimento De Cavalaria De Guardas (1° RCG), mais conhecido como Dragões da Independência, tem como missão promover a guarda das instalações presidenciais, executar o cerimonial militar da Presidência da República, realizar operações de garantia da lei e da ordem a cavalo, entre outros. Em 2013, o regimento já desembolsou R$ 2,1 milhões.
 
A unidade militar foi criada em 1808 por Dom João e enverga o uniforme da Imperial Guarda de Honra de Dom Pedro I. Em 1946 recebeu a atual denominação e, em 1968, mudou-se do Rio de Janeiro para Brasília.
 
23 de julho de 2013
Marina Dutra
Do Contas Abertas
 

 

PMDB ENSAIA O ABANDONO DA BASE GOVERNISTA PARA APOIAR DE EDUARDO CAMPOS À PRESIDÊNCIA QUE JÁ ESTÁ NAS RUAS


Adesivo da campanha de Eduardo Campos que já está circulando
A visita do Papa Francisco atrai os holofotes e, por isso, o noticiário político enfraquece. Some-se a isso o fato de que o Congresso está no chamado "recesso branco". Todavia, pelas internas, o bicho está pegando e tudo indica que boa parte da base alugada que sustenta o PT nas duas Casas do Congresso começa a derreter, na mesma intensidade em que a economia começa a fazer água comprometendo o Plano Real que, a bem da verdade, foi a medida redentora que tirou o Brasil do pântano inflacionário.

Por outro lado, o suposto prestígio do PT também entra em queda livre na mesma medida em que a Dilma vê sua pretensa popularidade despencar. Depois que o Papa levantar voo de volta a Roma, o noticiário político tem tudo para ferver, atiçado pela eleição presidencial de 2014. 

Tanto é que já começam a aparecer notinhas em colunas de política da grande imprensa nacional, como é o caso da coluna de Felipe Patury, do site da revista Época, pertencente à Rede Globo.

Segundo se constata a fatia menos bichada do PMDB estaria ensaiando uma debandada com a finalidade de nutrir a campanha do governador pernambucano Eduardo Campos à Presidência da República que parece que veio para ficar e já não se constitui mais um balão de ensaio. Tanto é que adesivos, como se vê na ilustração acima já circulam pelo Recife. Vê-se que o marqueteiro que criou a propaganda de Campos procura mostrar o pernambucano como um cidadão jovem com experiência política e administrativa. Seria como injetar sangue novo na disputa presidencial. Pelo menos é o que parece.

A coluna do Patury antecipa que o vice-presidente Milton Temer deverá ter uma conversa muito franca com a Dilma, quando informará que o PMDB, ou boa parte dele, estaria inclinado a deixar a base governista para incorporar-se à campanha de Eduardo Campos.

A íntegra da nota é a seguinte:

"O vice-presidente Michel Temer aproveitará o recesso no Congresso para conversar com a presidente Dilma Rousseff. Temer informará a ela que um grupo influente do PMDB defende o rompimento imediato com o Planalto e o apoio à candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB)."
  Isso quer dizer que após o recesso, ou mesmo antes, emergirão novidades políticas que podem mexer profundamente no tabuleiro do jogo eleitoral de 2014."

23 de julho de 2013
(Da coluna de Felipe Patury)

O QUE PENSOU O PAPA?



O Papa saiu do palácio da Guanabara de carro comum, vidro sem proteção, janela aberta. Os nossos "representantes" saíram pelos fundos e de helicóptero... É muito medo, né?
CAMBADA de VIGARISTAS.
 
23 de julho de 2013
Ilze Pazian

PADILHA... TRAIDOR!


 
O vergonhoso Ministro da Saúde é médico. Por que ele ainda não se inscreveu no próprio programa, nem os safados dos colegas dele? Já que é tão bom...
Sem férias, sem 13º, sem auxílio-doença, tendo que devolver o dinheiro da BOLSA se com seis meses desistir do local de trabalho. Com certeza é um hipócrita.
 
23 de julho de 2013
in graça no país das maravilhas

MÉDICOS MARCAM PROTESTOS EM TODO O PAÍS NESTA TERÇA CONTRA MEDIDAS TOTALITÁRIAS TOMADAS PELO GOVERNO DO PT NA ÁREA DA SAÚDE


Cartaz que circula pelas redes sociais
Médicos de 12 Estados e do Distrito Federal devem fazer novos protestos nesta terça-feira contra as recentes medidas tomadas pelo governo federal.
Segundo a Fenam (Federação Nacional dos Médicos), que está organizando o ato, o protesto será contra o programa Mais Médicos --que contrata estrangeiros sem a revalidação do diploma-- e contra os vetos ao Ato Médico.
A manifestação pode ainda paralisar serviços, mantendo a urgência e emergência.
 
De acordo com a federação, a manifestação está sendo organizada no Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte. Cada Estado, porém, tem autonomia para definir como será feito o protesto e sua extensão.
 
Também foram confirmados novos atos nos dias 30 e 31 de julho. A Fenam afirma que será realizada uma avaliação das reivindicações da categoria após 10 de agosto e, caso não haja avanços no movimento, poderá ser decretada greve por tempo indeterminado.

No último dia 3, entidades médicas já haviam realizado uma mobilização nacional contra políticas de saúde adotadas pelo governo.
 
Do site da Folha de S. Paulo

EM TEMPO: No Facebook grupo de médicos mantém a página SOS SAÚDE BRASILEIRA com farto material fotográfico, bem como informações e depoimentos de médicos sobre a trágica situação do sistema de saúde no Brasil. Vale a pena conferir ---> Clique AQUI
 
23 de julho de 2013
in aluizio amorim

POLÍTICA SE FAZ COM DUAS OU TRÊS CARAS... SE POSSÍVEL COM QUATRO!

Comentário de Rachel Sheherazade sobre a recepção do Papa
 
Não sei se foi um show de simpatia ou de hipocrisia a recepção dos políticos brasileiros ao Santo Padre. A presidenta Dilma - que já se estranhou com a Igreja Católica - foi pessoalmente e calorosamente receber o Pontífice.

Ferrenha defensora do aborto (e que o Papa não a ouça!), a ministra Martha Suplicy era só sorrisos.

O governador do Rio, Sérgio Cabral - com a reputação chamuscada por denúnc...ias de corrupção - também queria apertar a mão de Francisco e sair bem na foto.

Todos pegando carona na boa e imaculada imagem do Papa.
Em vez disso, deveriam é se espelhar e repetir os exemplos de Francisco.
 
23 de julho de 2013
 

QUANTO CINISMO, SANTIDADE!

 


Em Brasília, hoje, perguntado sobre a sugestão do PMDB para que Dilma corte 14 dos atuais 39 ministérios, Lula respondeu:

 - Como posso dar palpite numa coisa se faz dois anos e sete meses que eu saí do governo?

 Muita gente equivocada dirá:

- Como esse Lula é safo!


É safo, sim. Por exemplo: conseguiu se safar do mensalão. Disse que não sabia.

Foi ele que escolheu Dilma para ser candidata à sua sucessão. Não importou a falta de experiência dela. E seu horror à política.

Foi ele que escalou uma fatia expressiva do ministério de Dilma. Um ano depois, Dilma foi obrigada a afastar seis ministros, quase todos indicados por ele, quase todos envolvidos com corrupção.

Dilma não se cansa de consultar Lula sobre qualquer coisa que a aflija - e são muitas que a afligem.

E não há um só assunto de fato relevante no qual ele não se meta, direta ou indiretamente.

Lula pode ser safo, mas hoje foi apenas cínico.

23 de julho de 2013
Ricardo Noblat

O LULA SECRETO - OS EMPRESÁRIOS - CAPÍTULO 7



O mundo já deu tantas voltas nestes quase vinte anos que separam o seqüestro da festa dos Diniz que o dono do Pão de Açúcar não apenas convida Lula para ser uma das estrelas de seu jantar como lidera um grupo de empresários para um projeto pós-2010 em torno do presidente.
 
De acordo com um interlocutor de Diniz, o grupo, do qual fariam parte também o empreiteiro Emílio Odebrecht, da Odebrecht, e Beto Sicupira, da InBev e amigo de Diniz, quer aproximar o presidente da gestão e do dia-a-dia das grandes empresas brasileiras depois que ele deixar o cargo.

“Esse grupo de empresários critica o hábito que os políticos brasileiros têm de deixar os cargos e fazer cursos nos EUA, ficando lá como bobos, sem nem entender direito inglês”, diz o amigo de Diniz.
 
Eles acreditariam que Lula, mesmo tendo dirigido o país por oito anos, ainda teria o que aprender com as empresas brasileiras, muitas delas hoje multinacionais. A coluna tenta conversar com Diniz sobre o “projeto Lula pós-2010″. Ele sorri. A coluna insiste. E Diniz, sempre sorrindo: “Não posso comentar nada.”

O jantar do Pão de Açúcar reuniu tantos empresários e autoridades, como os ministros Nelson Jobim, da Defesa, e Dilma Roussef, da Casa Civil, entre outros -que foram mobilizados 30 agentes de segurança da Presidência da República, 20 batedores do aeroporto até o local do jantar, 20 agentes do Pão de Açúcar e mais seguranças da Casa Fasano para zelar pela tranqüilidade dos convidados.
 
Cerca de 200 funcionários do Fasano serviam guloseimas como tartare de salmão envolto em papel de arroz, camarão em crosta de gergelim e vieiras com perfume de gengibre sobre risoto de pistache, mini-folhado de perdiz e papoula, vol-au-vent de camembert e damasco; para beber, espumante Valentim, nacional, feito em homenagem ao patriarca do Pão de Açúcar, Valentim Diniz, que morreu em março, aos 94 anos.
 
23 de julho de 2013
in graça no país das maravilhas

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA HELIO FERNANDES

Os juros vão aumentar até chegarem a quase 10%, ruim para o país, festa permanente para os bancos.
Obama completa 6 meses do segundo mandato. Em 5 questões de grande repercussão, faltou com a credibilidade em 4.
Nenhum chefe de Estado tem a receptividade do Papa.

 (Yasuyoshi Chiba/AFP Photo)

Decepção, frustração, alienação, negação do passado e até mesmo do realizado no primeiro mandato. Agora, quando completa exatamente 6 meses do segundo mandato, se envolveu em 5 questões de repercussão nacional e internacional, em 4 delas de forma negativa, atingindo o bom senso e a credibilidade. É evidente que esse personagem se chama Barack Obama, e é o presidente dos EUA.

Quando foi aprovada a emenda 24, em 1952, restringindo os mandatos presidenciais apenas a 2 e impedindo a ocupação de qualquer outro cargo, eleito ou nomeado, comentaristas disseram: “O segundo mandato presidencial será exercido sem maior entusiasmo, até mesmo com displicência”.

É possível que Obama esteja sofrendo dessa falta de objetivo visível e desejável, embora seu primeiro mandato, não criticável, não tenha sido o que se esperava, e até mesmo o que prometera e garantira. (Está  aí  Bill Clinton, com 8 anos de um excelente governo, “obrigado” a ganhar dinheiro, com muitos pagando fortunas para ouvi-lo. Até cadeias de televisão famosas nos EUA e no resto do mundo compram a “voz” de Clinton para garantir audiência.

Mas desperdiçar prestígio pessoal e do país, em 5 oportunidades, passados apenas 6 meses, precisa mais do que uma simples explicação, ou a utilização da palavra equívoco. Vamos examinar os 5 fatos, na ordem que surgiram, deixando bem claro quanto eu lamento a posição de Obama em todos eles.

O ESPIÃO OBAMA

1 – A revelação de que o governo dos EUA “espionava” o mundo todo, utilizando o formidável poder da tecnologia que acumulara. Foi revelado que a América Latina e a União Europeia tiveram sua privacidade devassada não só por satélites, mas por muitas outras formas conhecidas ou não ostensivas.

O HERÓI CONTRA A ESPIONAGEM

2 – Um jovem de 29 anos, ex-analista da Agência Nacional de Segurança (NSA), por pura convicção, revelou os documentos, “infernizou” a própria vida. Imediatamente Obama chamou-o de “traidor” e passou a persegui-lo com a mesma falta de constrangimento com que atraiçoara os países amigos.

PRESSÃO CONTRA O ASILO

Snowden não traíra o país, não vendeu documentos, fez o que considerava seu dever. Ameaçado de condenação a prisão perpétua, teve que se esconder em vários países, com Obama atrás dele, pressionando países para não lhe darem asilo e a Rússia para não lhe conceder salvo-conduto.

3 – Com esse caso, lembro logo de Daniel Ellsberg (cuja história contei aqui), que revelou e publicou os “Documentos do Pentágono” (e contribuiu para o fim da Guerra do Vietnã), com isso, ameaçado, acusado igualmente de traição, e levado a julgamento perante a Corte Suprema dos EUA.
Ellsberg compareceu ao próprio julgamento, e não só ele, mas quase toda a comunidade de informação considerava que seria condenado.
Só que a Corte Suprema , também sem surpresa, inocentou o técnico-especialista, decidiu: “Ele não é traidor, ao contrário, prestou relevante serviço ao país”. Foi uma festa de democracia. Ellsberg solto, os direitos individuais, consagrados.

4 – Nesses 6 meses, único ponto a favor de Obama. O assassino de um jovem negro foi julgado e absolvido por lei absurda e criminosa. Obama deu entrevista coletiva dizendo textualmente: “Esse poderia ter sido eu há 35 anos, antes de ser senador”.
Merece todos os elogios, mas deveria ter tomado alguma providência para que houvesse novo julgamento, e essa lei não existisse mais.

ATENTADO ÀS FONTES DE INFORMAÇÃO

5 – Agora, insensato, o presidente dos EUA investe contra o sigilo às fontes de informação, sem o qual ninguém saberia ou saberá de coisa alguma. Obama rasga a própria Constituição dos EUA e se joga contra o pensamento dos “pais fundadores”, como foram chamados os grandes personagens da primeira e única Constituição dos EUA.

Sendo complementada depois de promulgada, ganhou a Primeira Emenda, reverenciada e respeitada no mundo inteiro, principalmente na questão da liberdade de Imprensa. Espantosamente, Obama teve o apoio da Justiça, a ação chegará à Suprema Corte, e o direito à informação e ao sigilo será restabelecido.

PS – O Brasil e mais 47 países assinaram a Ata de Chapaltepec, de garantia do sigilo às fontes de informação.

PS2 – Em 1963 (antes do golpe), fui preso e julgado pelo Supremo, pelo fato de ter publicado um documento do ministro da Guerra, que ele mesmo colocou no envelope: “Sigiloso e confidencial”.

PS3 – No mesmo dia, preso e incomunicável, meus advogados (Sobral Pinto, Adauto Cardoso, Prado Kelly, Prudente de Moraes neto) entraram com habeas corpus no Supremo. Não fui libertado, mas julgado pelo Supremo, único jornalista JULGADO pelo Supremo em toda a História da República.

PS4 – O julgamento ficou empatado em 4 a 4, o bravo presidente do Supremo, Ribeiro da Costa, desempatou a meu favor. Mas podia desempatar contra.

PS5 – Quando fui libertado, o Millôr escreveu, não como meu irmão, mas pela própria formação: “Jornalista que não publica circular sigilosa e confidencial, deve abrir um supermercado”.

PS6 – Ninguém me pediu para indicar a fonte, nem eu indicaria. Nem precisava. A fonte, uma grande personalidade, deu entrevista coletiva, foi claro e simples: “Quem deu o documento ao jornalista Helio Fernandes fui eu”.

ATÉ ONDE CHEGARÃO OS JUROS

Todos os economistas, oficiais ou oficiosos (os que servem aos bancos) desta vez vão acertar coletivamente. No final deste  2013, esses polêmicos juros estarão perto de 10 por cento, no mínimo, no mínimo em 9,50%. Essa certeza vem da afirmação de todo o Banco Central: “Sem aumento de juros, o que vai crescer é a inflação”.

DUAS CITAÇÕES INDISPENSÁVEIS

FHC elevou os juros até 44 por cento, verdadeiramente inacreditável. Quem investisse em títulos públicos, digamos 1 milhão de reais, em 2 anos já teria recuperado o investimento, tudo então seria lucro. Passou o governo a Lula, com os juros em 25 por cento.

DO PROFESSOR (DITADOR) SALAZAR PARA JUSCELINO

Quando viajou pelo mundo como presidente eleito e ainda não empossado, levou apenas 4 pessoas. Uma delas, este repórter. Me convidou pelo fato de eu ter dirigido a Comunicação de sua campanha, sem receber nada. Não havia dinheiro nem para combustível.

Aceitei, lógico, mas disse a JK: “Presidente, vou viajar como jornalista, quero estar sempre ao seu lado, onde o senhor estiver estará a notícia”. Ele riu e concordou.
Em Portugal, fomos recebidos numa bela festa pelo primeiro-ministro (ditador) Oliveira Salazar. Inesperadamente, naquele jardim lindíssimo, JK e Salazar (e eu ao lado) ficaram sozinhos, ele aconselhou: “Presidente, se o senhor quiser governar o mandato inteiro, cuidado com a inflação e não faça reforma cambial”.

Foram chegando pessoas, o diálogo foi interrompido. No carro, preocupado, JK me perguntou: “Helio, o que ele quis dizer?” . E eu: “Presidente, ele é um ditador, mas antes disso era respeitado professor de Finanças da Universidade de Coimbra”. E acrescentei: “Em 1928, ele era ministro das Finanças do presidente, general Carmona. Em 1930 derrubaria o presidente e já está no poder há 25 anos”.

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PS – O avião com o Papa chegou 15 minutos adiantado. O  Papa desceu as escadas do avião quase correndo, forma física notável. Esperando-o na pista a presidente Dilma, que foi apresentando a sua comitiva.

PS2 – “Este é o Ministro Mercadante, que já foi derrotado duas vezes para governador de SP, quer a terceira”.

PS3 – “Este é o Sérgio Cabral, governador do Estado do Rio, não consegue sair de casa por causa dos protestos. Em homenagem ao senhor, deram uma trégua a ele”.

PS4 – “Vou lhe apresentar meu vice, Michel Temer, quer beijar sua mão, o que o senhor acha? “O Papa concordou, Temer se abaixou, de forma subserviente, como sempre.

PS5 – Dona Marta Suplicy atravessou a faixa, um guarda queria impedi-la. Dona Dilma não deixou, apresentou-a: “Dona Marta, Ministra da Cultura, derrotada duas vezes para prefeita, quer ser derrotada para o governo”.

PS6 – Dom Orani Tempesta se aproximou, Dona Dilma ia dizer alguma coisa, o Papa falou: “Esse eu conheço, vai ser o primeiro Cardeal brasileiro promovido por mim”. E acrescentou, provocando risos: “Se ele aceitar”. O Papa exibe o bom humor e a simplicidade de sempre.

PS7 – Muitos políticos, o Papa não falou com nenhum. Comentadíssimo, Dona Dilma não apresentou o prefeito do Rio. Por quê?

PS8 – O Papa entrou no carro fechado, Dona Dilma fez o gesto de segui-lo, mas o transporte era exclusivo para ele. Que vexame para ela.

PS9 – O vice de Cabral estava, não foi apresentado, como dizer ao Papa, que fala português: “Este é o Pezão”.

PS10 – A primeira parada do Papa foi na belíssima Catedral Metropolitana, no fim da Rua do Lavradio, a cem metros da Tribuna da Imprensa. O Jornal não pôde esperá-lo aberto, ele conhece a história, resistiu a uma ditadura de 7 anos, a Tribuna, a outra de 21 anos.

PS11 – O trajeto foi muito mal planejado, jogando o carro do Papa em lugares de congestionamento, principalmente de pessoas. E aumentando a responsabilidade dos seguranças de fora do carro. Estes não podem ser agressivos nem omissos.

PS12 – Em nenhum momento, o Papa fechou as janelas do carro, beijou crianças. Exatamente às 5 horas, saltou do carro fechado e entrou no papamóvel. Impressionante, sempre alegre.

PS13 – O Papa passou em frente à Petrobras, podia ter abençoado o prédio, a empresa, Dona Graça, servindo indiretamente ao povo, que tem ações do FGTS-Petro.

PS14 – Na Avenida Rio Branco, o Papa via mães com crianças, pedia para irem até ele, beijava-as. Essa mãe jamais esquecerá o fato.

PS15 – O Papa não saltou na Rio Branco, como as autoridades se assustavam. Depois foi para o Guanabara, 2 horas no Rio, sucesso total. Nenhum chefe de Estado tem a receptividade do Papa.