"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 24 de junho de 2012

DEBATE E PRECONCEITO

    
          Artigos - Cultura 
       
É ilusório esperar que a racionalidade científica prevaleça num confronto que envolve muitos interesses e paixões; mas não é demais desejar que algumas pessoas capacitadas acompanhem e julguem o debate desde um ponto de vista menos enviesado e mais compatível com o estado atual dos conhecimentos.

O número dessas pessoas é, com certeza, mínimo. O que se observa nas disputas correntes é que cada facção, no empenho de conquistar a adesão do povo inculto e distraído, procure ideias e propostas, comprimindo-as nuns quantos slogans e chavões que possam ser repetidos até impregnar-se no subconsciente da multidão como imperativos categóricos, porém busca simplificar ainda mais as do partido contrário, reduzindo-as a um esquema caricatural próprio a despertar incompreensão e repugnância.

Para os fins práticos da disputa legislativa, é importante que tanto a adesão quanto a repulsa sejam alcançadas da maneira mais rápida possível, contornando discussões aprofundadas que poderiam amortecer as convicções da plateia ou adiar perigosamente a sua tomada de posição. Isso implica que as ideias do adversário não possam nunca ser examinadas objetivamente nos seus próprios termos e segundo suas próprias intenções, mas tenham de ser sempre deformadas para parecer tão repulsivas que a mera tentação de lhes conceder um exame benevolente soe ela própria como repulsiva, inaceitável, indecente.

O debate assim conduzido é, portanto, sempre e necessariamente uma confrontação de preconceitos, no sentido mais literale etimológico do termo. Esse sentido contrasta de maneira chocante com o uso polêmico que no curso do próprio debate se faça desse termo como rótulo infamante.

Carimbar as ideias do adversário como “preconceitos”, dando a entender que não passam de tomadas de posição irracionais e sem fundamento é, na maior parte dos casos, nada mais que um pretexto para não ter de examinar as razões que as fundamentam, muito menos a possibilidade de haverem nascido de boas intenções. Aquilo que aí se chama "debate" não é portanto nenhuma confrontação de ideias, mas uma mera disputa de impressões positivas e negativas, um jogo de cena.

É também natural que, justamente por isso, os debatedores procurem abrigar-se sob a proteção da "ciência", mas nenhuma acumulação de dados estatísticos, nenhuma carga de citações acadêmicas ou mesmo de alegações cientificamente válidas em si mesmas dará qualquer legitimidade científica a um argumento, se este não inclui a reprodução fiel e a discussão científica dos argumentos antagônicos.

Ciência é, por definição, a confrontação de hipóteses: se, em vez deexaminadas extensivamente, as opiniões adversas são escamoteadas, caricaturadas, deformadas ou expulsas "in limine" da discussão, sob algum pretexto, de pouco vale você adornar a sua própria com as mais belas razões científicas. Não se faz ciência acumulando opiniões convergentes, mas buscando laboriosamente a verdade entre visões divergentes.

O teste da dignidade científica de um argumento reside precisamente na objetividade paciente com que ele examina os argumentos adversos. Quem logo de cara os impugna como "preconceitos" nada mais faz do que tentar criar contra eles um preconceito, dissuadindo a plateia de examiná-los.

Que as pessoas mais inclinadas a usar desse expediente sejam em geral justamente aquelas que mais apregoam a "diversidade", a "tolerância" e o "respeito às opiniões divergentes", não deve ser necessariamente interpretado como uma hipocrisia consciente, mas muitas vezes como sintoma de uma deformidade cognitiva bastante grave; deformidade que, por afetar pessoas influentes e formadores de opinião, arrisca trazer danos para toda a sociedade.

Quando digo "deformidade cognitiva", isso não deve ser compreendido no sentido de mera deficiência intelectual moralmente inofensiva. A recusa de examinar as opiniões alheias nos seus próprios termos e segundo suas intenções originárias equivale à recusa de enxergar no adversário um rosto humano, à compulsão de reduzi-lo ao estado de coisa, de umobstáculo material a ser removido.

Essa compulsão é de índole propriamente psicopática (veja-se a ótima entrevista da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa da Silva em http://www.youtube.com/watch?v=m_wUDsshdvk. Quando legitimada em nome de belos pretextos humanitários, torna-se uma força ainda mais desumanizante, pois remove a conduta moral do campo da vida psíquica concreta para o da simplesadesão a um grupo político ou programa ideológico.
O ser humano,então , deixa de ser julgado bom ou mau por seus atos e sentimentos pessoais, mas por aderir à facção previamente autodefinida como detentora monopolística das boas intenções – facção dispensada, por isso mesmo, de conceder ao adversário a dignidade da atenção compreensiva.

http://www.youtube.com/watch?v=m_wUDsshdvk&feature=player_embedded

A percepção direta das motivações humanas é aí substituída por um sistema mecânico de reações estereotípicas, altamente previsíveis e controláveis. E quando o programa já se tornou tão disseminado na mídia, no sistema de ensino e no vocabulário corrente ao ponto de já não precisar apresentar-se explicitamente como tal, mas passa a soar como a voz impessoal e neutra do senso comum, então a desumanização preventiva do adversário torna-se o procedimento usual e dominante nos debates públicos.
Não é preciso dizer que esse estado de coisas já vigora no Brasil desde há pelo menos uma década. Estamos em pleno império da manipulação psicopática da opinião pública.

Olavo de Carvalho
24 de junho de 2012
Publicado no Diário do Comércio.

DEPOIS DA QUEDA DE LUGO, PROPRIEDADE DE BRASILEIROS VOLTA A SER INVADIDA


A perseguição aos produtores rurais oriundos do Brasil prossegue no Paraguai. O Planalto continua a fazer um escandaloso silêncio a respeito. Também das oposições, para variar, não se ouve um pio. Ontem, informa o jornal ABC Color, mais um propriedade de brasileiros foi invadida.
Uma fazenda de 1982 hectares pertencente ao Consórcio Clovis Veira e Olmar Troiler foi ocupada. Os invasores logo começaram a armar barracas, mas deixaram o local depois da intervenção de seguranças privados e da polícia.

Eles se encontram agora na divisa da fazenda e afirmam que podem retomar a invasão a qualquer momento. A propriedade é alvo de constantes invasões há nove anos.
Ainda que a Justiça já tenha dado ganho de causa aos proprietários, Gilberto Mereles, um dos líderes da invasão, afirma que os ditos sem-terra exigem a expropriação da área para evitar o avanço da plantação de soja.
A Justiça já expediu uma ordem de prisão contra Mereles, que nunca foi executada pela polícia.

24 de junho de 2012
Por Reinaldo Azevedo

EM FEVEREIRO, VEJA DENUNCIOU A ESCANDALOSA OMISSÃO DO PLANALTO DIANTE DA PERSEGUIÇÃO A BRASILEIROS NO PARAGUAI


Em fevereiro, resportagem especial da VEJA alertava para a perseguição de que eram alvos os produtores rurais brasileiros que moram no Paraguai. Releiam a reportagem.

Governo Dilma ignora perseguição a brasileiros no Paraguai

 Seguranças contratados pelo brasileiro Favero, para proteger sua propriedade dos sem terras paraguaios, em Ñacunday
Seguranças particulares vigiam campos de soja em propriedade de brasileiros, em Ñacunday, no Alto Paraná, Paraguai - Manoel Marques
A neta do agricultor gaúcho Milton Seipel, de 54 anos, 34 vividos no Paraguai, pediu chorando ao avô para mudar de escola. Os colegas se uniram para, em meio a empurrões, dizer à menina de 11 anos que ela saísse do colégio. O motivo: ela não fala o guarani, idioma nativo do país. “Ela nasceu no Paraguai, como quatro de meus filhos, meus onze netos e minha bisneta”, diz Seipel. “As crianças disseram que ali não era lugar para brasileiros.” A menina trocou não só de escola como de cidade. Para o avô restou a saudade. Da neta e de tempos mais tranquilos.

Os 150 000 brasileiros proprietários de fazendas no estado do Alto Paraná, leste do Paraguai, estão sob ameaça. Aproximadamente 8 000 carperos - os sem-terra paraguaios - cercam as suas propriedades. Armados de facões e porretes de madeira, eles destroem plantações, agridem e ameaçam os produtores rurais. Seu discurso tem um claro componente nacionalista e, mais que isso, de estigmatização dos brasileiros, como mostra o episódio com a neta de Seipel. Também há indícios preocupantes de que as autoridades paraguaias se alinham com os carperos.

No entanto, fiel à diplomacia da condescendência adotada desde o governo Lula em relação aos vizinhos, o Itamaraty responde de maneira tímida aos abusos. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, conversou apenas uma vez com o chanceler paraguaio, Jorge Lara Castro, sobre os conflitos.
Foi coletar informações. A ordem de Patriota para que o embaixador do Brasil no Paraguai, Eduardo Santos, visitasse a região só aconteceu um mês depois da primeira incursão dos carperos pelas terras de brasileiros. Só agora o Itamaraty estuda reforçar a estrutura consular no local, informou o embaixador Eduardo Santos. A reportagem do site de VEJA esteve na região e mostra quem são os protagonistas desse embate e os reflexos diplomáticos dele.

A tensão cresceu nas últimas semanas, quando o Exército paraguaio, acompanhado de falanges de carperos, iniciou uma demarcação de terras no Alto Paraná que ninguém no governo de Fernando Lugo conseguiu explicar até agora. Foram fincados no chão doze marcos de concreto em sete cidades, formando um perímetro que coincide com a área de 162 mil hectares reivindicada pelos sem-terra como terra pública a ser destinada para reforma agrária.

Eles acusam os brasileiros de ter se apropriado dos terrenos. “Os invasores são os brasileiros”, afirma Victoriano Lopez, comandante do movimento. A maioria absoluta dos brasileiros que vivem no Alto Paraná, contudo, comprou fazendas de forma legal e tem título da propriedade. E o fato foi comprovado por sucessivas medições judiciais feitas nos últimos anos.

Por onde passaram durante a demarcação, militares e carperos deixaram um rastro de medo. Durante os nove dias da operação, de 12 a 21 de janeiro, foram registrados nas delegacias da região quinze boletins de ocorrência por invasão de propriedade privada, coação, ameaça, agressão e tentativa de homicídio. Os excessos foram tantos que, em 23 de janeiro, o governo suspendeu a ação. Dias depois, o ministro da Defesa, Catalino Ortiz, foi chamado ao Senado para se explicar e admitiu irregularidades na ação.

Um dos marcos, de concreto e pintado de laranja fluorescente, foi colocado na propriedade de Milton Seipel. Às 13 horas de 14 de janeiro, um sábado, apontou na porteira um grupo de quarenta carperos armados com facões e de quatro militares. “Os campesinos chegaram, gritaram para minha mulher prender o cachorro, abriram a porteira e entraram”, conta o produtor. “Perguntei se eles tinham documento. Eles não mostraram nada e mandaram que eu me calasse.”

Uma semana depois eles apareceram nas cercanias da fazenda do brasileiro Alexi Paulo Grutka, de 47 anos, há 20 no Paraguai. Por lá também colocaram um marco. O filho dele, Diego, paraguaio de 23 anos, dirigia pela região quando foi interceptado por duas caminhonetes de sem-terra. Com uma espingarda, um revólver e facões em punho, os carperos mandaram Diego descer do veículo e o revistaram, sob ameaças. Dispararam um tiro de espingarda e fizeram o rapaz correr. Depois, quebraram os vidros do carro e roubaram a carteira e o celular que Diego tinha deixado no carro.

Os dois casos, como o de dezenas de produtores, foram relatados pelos produtores ao cônsul do Brasil em Ciudad Del Este, Flávio Bonzanini, em uma reunião ainda em janeiro. Pouco foi feito desde então além de acompanhar a situação, em obsequioso silêncio. Na terça-feira da semana passada, mais um encontro, dessa vez com a presença do embaixador do Brasil no Paraguai, Eduardo Santos. “Eles prometeram que agiriam dentro das possibilidades deles.

Não quiseram se comprometer com prazos ou ações”, relata Milton Abich, gerente da Coordenadoria Agrícola do Paraguai e filho de brasileiros. Em entrevista ao site de VEJA, o embaixador Eduardo Santos disse que tem mantido diálogo permanente com os integrantes do governo Lugo e que solicitou reforço policial na região do conflito. “A tensão da comunidade brasileira é real, prática e permanente”, disse Santos. Ainda assim, o tom usado com as autoridades paraguaias deve se manter. “Temos um diálogo leal e amistoso com o governo paraguaio. Nossas relações com o Paraguai são muito próximas.”

A única medida concreta apresentada pelo Itamaraty ainda está em estudo e não tem data para sair do papel. A diplomacia avalia a possibilidade de criar um gabinete de crise na região de Ñacunday, na forma de um consulado itinerante. No local, agentes consulares ficariam disponíveis para prestar assistência direta aos brasileiros.

A diplomacia poderia fazer muito mais pelos brasileiros, sem qualquer desrespeito à soberania paraguaia, com um simples - porém firme - discurso do ministro Antonio Patriota ou da presidente Dilma Rousseff a favor dos compatriotas que lá vivem. Caso contrário, corre-se o risco de repetir no Paraguai a postura frouxa adotada em 2006 em relação à Bolívia. Na época, Luiz Inácio Lula da Silva tratou com brandura o programa de nacionalização na área do gás do presidente Evo Morales, apesar dos prejuízos causados pela política à Petrobras. Agora, estão em jogo a vida e o sustento de milhares de brasileiros que vivem no Paraguai.

Por Carolina Freitas:
24 de junho de 2012

Leia outras reportagens desta série:

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Entrevista com o embaixador: “Diálogo com o Paraguai é leal e amistoso”
- Tranquilo Favero: “Quero terminar meus dias no Paraguai”
- Acampamento de carperos põe brasileiros em alerta
Por Reinaldo Azevedo

PARAGUAI REPRESENTA A ALMA E A HISTÓRIA DA AMÉRICA DO SUL

Desde que obteve a independência, em 1811, o Paraguai iniciou um processo de isolamento das demais nações sul-americanas. Mas o seu grande momento naquele fatídico século XIX se iniciaria em setembro de 1840, ascendendo ao poder Carlos Antonio López, que promoveu um processo intenso e virtuoso de industrialização e investimentos em infraestrutura, construindo, inclusive, a primeira ferrovia na América do Sul.

Filho de Carlos Antonio López, Francisco Solano López assumiu a presidência em 1862, momento em que a promissora nação conseguia um elevado grau de desenvolvimento econômico e se destacava como uma verdadeira potência soberana regional em meio a um continente ainda obscurecido pelo espírito do colonialismo de renovados laços metropolitanos.

O pequeno país enfrentou Brasil, Argentina e Uruguai diante da pressão da metrópole imperialista, Inglaterra, que considerava estratégico o endividamento destes para a destruição daquele, rebelde e soberano.

A Guerra do Paraguai durou de 1865 a 1870, resultando na morte de metade da população paraguaia, desnecessária, mas cruel, destruição de toda a infraestrutura brilhantemente conquistada e perdas territoriais que em seu somatório condenaram o país e a região a um processo contínuo de subordinação.

No século XX, outro conflito marcante no qual o Paraguai esteve envolvido foi a Guerra do Chaco, entre 1932 e 1935, no seio de uma disputa territorial contra a Bolívia pelo Chaco Boreal, região petrolífera. E o Paraguai conquistou cerca de 75% da região disputada.Em 1936, oficiais liderados por Rafael Franco iniciaram a Revolução Febrerista, que realizou a reforma agrária e nacionalizou parte da economia, promovendo uma política populista. Porém, em 1937, Franco foi deposto pelos liberais.

Em seguida, o Paraguai passou por vários golpes políticos. Em 1954, com a queda do presidente Frederico Chávez e a posse do general Alfredo Stroessner, instalou-se uma ditadura no Paraguai, com o apoio do Partido Colorado. Somente em 1989 um golpe militar tirou do poder Stroessner, que se refugiou no Brasil. O líder do golpe, Andrés Rodríguez, elegeu-se presidente, restaurando a democracia.

O ex-bispo Fernando Lugo, em 2008, tornou-se presidente com 42,2% dos votos. Através da coalizão partidária Aliança Patriótica para a Mudança (APC), que reúne partidos de extrema esquerda e de centro-direita, findou-se a hegemonia do Partido Colorado, que governou o país durante 61 anos.

Em abril de 2009, o envolvimento de Lugo num escândalo de paternidade gerou uma grande crise política no país, que culminou na última sexta-feira, quando o presidente esquerdista, que jamais deteve a maioria no Congresso, sofreu um golpe sumário, apoiado pelos setores conservadores e saudosistas de mais de meio século de domínio indiscutível.

O Paraguai sempre ocupará uma posição estratégica em termos de energia, comércio (principalmente diante das vias paralelas de invasão chinesa), segurança e estabilidade, sendo ainda hoje peça chave para o ideal de construção de um bloco íntegro de nações sul-americanas para o enfrentamento e para a defesa dos interesses regionais no mundo neocolonial globalizado.

Genilson Albuquerque Percinotto
24 de junho de 2012

PAULO PAIM TEM EXCELENTES PROJETOS PARA A PREVIDÊNCIA. POR QUE O GOVERNO E O PT NÃO OS ACEITAM?

 
Desde 2003 o governo federal é comandado por petistas, sendo o senador Paulo Paim do mesmo partido. Por que Lula, antes, não mandou, e Dilma, agora, não manda a base governista aprovar os projetos de Paim no Congresso? Não concordam com os projetos? Óbvio que não, pois, caso contrário, eles, no poder, já teriam implantado aquilo que o senador apresenta nos seus projetos.

Em 2003, o governo Lula apresentou uma reforma da Previdência. Paulo Paim informou que, quando o projeto chegasse ao Senado, apresentaria quatro alterações. Foi contestado pelo, a época, poderoso chefe da Casa Civil, José Dirceu (de antes do mensalão), que disse que Paim não falava pela bancada e nem em nome do governo; pela bancada quem poderia falar era o senador Tião Viana; em nome do governo quem deveria falar era Aloizio Mercadante, ao passo que em nome do senado era José Sarney.

Em abril de 2008, Luiz Marinho, do PT, então ministro da Previdência, “insinuou que o Senado agiu de má-fé, ao aprovar projeto de lei que acaba com o fator previdenciário (idealizado no governo FHC por Solange Paiva Vieira que, depois, foi presidente da ANAC no governo Lula, tendo saído, ao que consta, em março de 2011, no governo Dilma) e estabelece que todas as aposentadorias sejam reajustadas pelo mesmo critério de aumento do salário mínimo”.

O ministro do planejamento, Paulo Bernardo, disse no dia 14.04.2008, depois de reunir-se com prefeitos do PT em Brasília, que seria irresponsável repassar para todas as faixas de benefícios do INSS o percentual de aumento do salário mínimo. “Isso prejudicaria a política de aumento do salário mínimo. É insustentável”, declarou.

No dia 20.07.2010 o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, criticou a indexação dos benefícios previdenciários do INSS ao aumento do salário mínimo, conforme proposto em emenda do senador Paim. “Não sou adepto dessa medida”, criticou Bernardo. “Vou conversar com o presidente ainda, quem tem a caneta e o poder na hora de sancionar ou vetar é o presidente, mas vamos ponderar essas coisas com ele”, disse o ministro, após participar de solenidade no Palácio do Itamaraty.
Como podemos notar, faz tempo que Paulo Paim é desautorizado por seu partido e pelos governos do PT.

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PREVIDÊNCIA É SUPERAVITÁRIA

Segundo a Associação Nacional dos Auditores da Receita Federal do Brasil, a Seguridade Social (Assistência Social, Previdência Social e Saúde) em 2011, novamente, foi superavitária: R$ 77,193 bilhões (em 2010: R$ 56,675 bilhões; em 2009: R$ 32,660 bilhões; em 2008: R$ 64,701 bilhões; nos anos anteriores também ocorreu superávit).

“Mas não podemos conceder aumento igual aos aposentados e pensionistas que recebem mais de um salário mínimo, sob pena de quebrar a Previdência Social”, é o papo furado faz algum tempo.

Sérgio Oliveira
24 de junho de 2012

A LESMA LERDA...



TODOS ESPERAM MAIS COMPROMETIMENTO DA JUSTIÇA

No final do ano passado o então presidente do Conselho Nacional de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, ministro Cezar Peluso, afirmou, na abertura do V Encontro Nacional do Judiciário, que “o essencial é o que é perceptível pela sociedade”, lembrando o escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, ao destacar que esse deve ser o foco do trabalho dos juízes e servidores do Judiciário no Brasil.

No encontro, houve a determinação de que “os tribunais brasileiros terão que julgar em 2012 uma quantidade maior de processos do que o número de ações que ingressarem no mesmo ano”. Mas como alcançar este objetivo? Seria apenas este o problema, a ser superado pelos julgadores, data vênia responsáveis pelo estrangulamento da Justiça? Como indicar das inúmeras situações que travam as ações e até mesmo criam o litígio, germinam no próprio cerne do judiciário.

Na Justiça do Trabalho, a desconsideração de negociação individual e a coletiva entre trabalhadores e empresas, quando não é prestigiada a negociação, invalidando-as, acaba criando passivos trabalhistas. E há ainda o empenho do TST em desconstituir penhoras online em contas de aposentadoria, insistentemente aplicadas e referendadas nos tribunais (TRTs), situação que mancha a credibilidade deste judiciário, tamanha a insensatez dos seus juízes.

Na coletiva realizada no TST pelo presidente ministro Orestes Dalazen, ele anunciou oficialmente o resultado da 2ª Semana da Execução Trabalhista, realizada no período de 11 a 15 de junho, revelando que foi pago um total de R$ 682 milhões em dívidas trabalhistas que tramitavam nos 24 Tribunais Regionais do Trabalho do país.

Avalio este resultado por dois aspectos: o de que houve uma concentração das conciliações e acordos numa só data, daí o comemorado número alcançado, formando assim a vitrine que demonstrou serviço, e por outro o simples fato de que os juízes trabalhistas foram instruídos a se empenharem mais no sentindo de forçar os acordos, e com isso, houve nítida tendência em que o polo ativo da demanda cedesse, alem do normal.

Em outras palavras, presumo que os juízes atuaram no sentido de trazer os acordos para melhorar a estatística do tribunal no quesito execução, o que refuto temerário por artificialidade, e ao mesmo tempo, um sinal de que a partir deste marco, os juízes passem a ser mais flexíveis em suas exigências para fechamento dos acordos.

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FLEXIBILIZAÇÃO

È notícia que no mundo inteiro a base do direito laboral está se transferindo da lei normativa para o contrato negociado. Isso ocorre na Inglaterra, Alemanha, Holanda, Nova Zelândia e vários outros países, sem escusar dos Estados Unidos, Japão, Tigres Asiáticos e outros, que não dispõe de tamanha complexidade judiciária para questões trabalhistas.
Está claro e evidente que o governo brasileiro mantém um modelo de justiça laboral para atender seus próprios interesses, já que as empresas públicas e governos são os maiores litigantes e os que não honram suas dividas trabalhistas.
Os processos contra a União, Estados, Municípios e as empresas públicas, são os mais antigos em tramitação na Justiça do Trabalho.

Mas parece que algo pode mudar, e para evitar o desgaste político, o governo orientou a CUT a convencer um grupo de líderes dos partidos a assumir a paternidade da proposta de flexibilizar as relações de trabalho. A principal mudança é permitir que sindicatos de trabalhadores e empresas pudessem negociar livremente a aplicação dos direitos trabalhistas.

Já existe um acordo que foi alinhavado entre representantes da CUT e o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência. Ficou acertado que a CUT (via Sindicato dos Metalúrgicos do ABC) vai encaminhar o projeto à Câmara, por meio de um parlamentar ou líder.

O “projetão” cria o Acordo Coletivo de Trabalho e estabelece regras para que os sindicatos possam negociar os direitos trabalhistas, exige que as entidades tenham habilitação prévia do Ministério do Trabalho e instalem comitês dentro das fábricas, eleitos pelos trabalhadores. A nova norma não revogaria a CLT e teria caráter facultativo, caso aprovada.
Agora é preciso que se crie dispositivo, e que seja uma “blindagem”, para que os juízes trabalhistas não desmanchem o projeto, no caso de serem propostas ações trabalhistas pedindo a desconstituição desses acordos, como já vem ocorrendo na JT.

A RESPEITO DE LULA E DE ALIANÇAS ESPÚRIAS

Dizia o ex-presidente Vargas que nunca tinha encontrado um inimigo para não abraçar e um amigo para não desprezar, conforme as suas conveniências. O ex-presidente Lula está colocando em prática a teoria de Vargas.


O político não pode morrer de ódio nem de amores, ele tem que ser nem quente nem frio, sempre morno, não pode estar na extrema direita nem na estrema esquerda, deve manter-se no centro, porque as circunstâncias políticas são como as nuvens que se deslocam com muita facilidade.


As conveniências políticas transferem a posição de um indivíduo para outro. Fernando Collor na véspera de sua eleição para presidente da República, foi acusado de mandar uma ex-mulher de Lula para a televisão tecer comentários comprometedores contra o candidato do PT.


O líder dos marajás prometia fazer no Brasil uma república modelo, trouxe como seu anjo mal o PC Farias, que era o controlador da corrupção no governo. PC Farias foi assassinado, sua mulher Wilma Farias teve uma morte suspeita, e assim são os políticos brasileiro. Hoje Collor de Mello faz parte do PTB, que serve de suporte ao governo petista.


Os políticos fazem as suas negociatas. O caixa 2 com o dinheiro do contribuinte paga a conta. O eleitor, que deveria ser o patrão do político, passa a ser excluído de seus projetos, e os financiadores de campanha são os grandes privilegiados. No Brasil está tudo dominado e a estrutura política deixa muito a desejar. Renan Calheiros, líder do PMDB, foi acusado de corrupção, mas a maioria do Senado blindou o parlamentar. O Brasil inteiro está consciente da pratica de corrupção do Renan, mas seu partido e aliados não permitiram que ele respondesse pelos crimes.


Romero Jucá é acusado de oferecer fazendas fantasmas para o Banco da Amazônia como garantia de empréstimo. O senador José Sarney tem as suas façanhas com os atos secretos do Senado, com um passado de enriquecimento ilícito e nunca foi punido.


E assim vive o Brasil, com uma população adormecida, aguardando as eleições para receber alguns trocados pela venda de seu voto para eleger um Congresso Nacional que se torna apático e indiferente ao sofrimento de nosso povo nas filas dos hospitais, com as universidades sucateadas e tudo o mais.


A arrecadação do superávit primário é destinada ao pagamento de juros aos banqueiros e credores da dívida interna e externa. No ano passado foram pagos R$ 196 bilhões de juros, e assim permanece o Brasil com um Congresso alheio aos interesse nacional, defendendo apenas o interesse dos banqueiros e outros financiadores do Caixa 2.

O MUNDO ESTÁ FICANDO MENOS MONÓTONO, MAIS INTERESSANTE

 
Hoje estamos sabendo que Mohammed Mursi, membro da Irmandade Muçulmana, ocupará o poder no Egito. É claro que não é o desfecho que Israel esperava com a queda de Mubarak.
Eis porque o sionismo está apreensivo com o desenrolar da situação na Síria. Afinal, em Israel também existe aquele ditado: “Depois de mim virá quem bem de mim fará”. Mursi certamente se beneficiou da pregação de Mohammed Abdo (1849-1905), discípulo de Al Afghani, grande mufti do Egito no começo do século vinte.

Muita coisa vai acontecer. Vamos ver, por exemplo, o que a Irmandade Muçulmana vai fazer em relação à Saïka palestina na Síria. A Saïka, como se sabe, foi criada por Damasco como uma organização de resistência paramilitar à margem da central de resistência palestina, a O.L.P. Outras organizações de obediência pro Síria, sobretudo de extrema esquerda, geralmente incontroláveis, atuando de modo bem diferente do desejado pela O.L.P., provocam grandes represálias, afinal. algum controle, no entanto é obtido pelo governo al Assad.

Vamos ver o grande jogo. O conflito maior entre a lógica revolucionária e a lógica do Estado. A vitória, ainda que parcial, do Egito e da Síria em 1973 conquistou a revolução palestina que nem sequer tinha sido convidada a participar. E veio a demonstração, tanto do Cairo, como também de Damasco, do que foi chamado de “Injustiça histórica” do grito de guerra palestino condenando os supracitados governos e pretendendo que só a revolução poderia vencer Israel.

A Turquia pode se entender com Washington à vontade. Já passou a época do Império Otomano, assim como está findando a do Império Americano. O que se conhece como lógica do Estado é simplesmente o respeito pelas resoluções da ONU e também o cessar fogo, e as negociações com Israel para a obtenção de uma “paz justa e durável”.
O problema é que nem Israel, nem a O.L.P., adotam a lógica do Estado. Esta última existe ainda, mas está na moita, aguardando o que vai acontecer, tal como a Fraternidade Mulçumana esteve (inclusive na clandestinidade) por 84 anos.

Para ser justo, nem mesmo a Síria seguiu a lógica do Estado, já que ela própria se proclamava Estado revolucionário. O apoio que o governo Erdogan tem dado de Istanbul (com n, e não com m) aos Estados Unidos em nada vai mudar a situação do Oriente Médio.

OPOSIÇÃO DIZ QUE EUA E O GOVERNO DA TURQUIA SÃO CULPADOS PELA DESGRAÇA DOS SÍRIOS


ANKARA – A secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton tem muitos amigos em Istambul, cidade que visitou como primeira-dama do governo Clinton e, mais recentemente, como alta funcionária do governo Obama. Contudo, se olhasse pela janela de seu quarto de hotel na direção do Bósforo, veria o descontentamento que cresce nas ruas.

Na famosa Praça Taksin, em Istambul, secularistas protestam contra o apoio que o governo de Erdogan tem garantido às políticas dos EUA para a Síria; para muitos manifestantes, o que se vê acontecer hoje na Síria é efeito de plano dos norte-americanos, para gerar o caos na região.
A Associação da Juventude da Anatólia, que faz oposição cerrada ao Partido Justiça e Desenvolvimento, de Erdogan, não tem dúvidas de que o inferno que os sírios enfrentam hoje é, pelo menos em parte, efeito das políticas viciosas do atual governo turco.

Manifestantes que se reúnem próximo ao Monumento à República, em Istambul, chamam a atenção de todos os países árabes para o risco de não defenderem a Síria contra os EUA e para o que, para eles também, é efeito das políticas dos EUA para a região.

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ACUSAÇÕES À CIA

Alguns manifestantes acusam a CIA de apoiar o Exército Síria Livre, que combate contra as unidades legais do exército sírio.
Em praticamente todas as muitas manifestações de rua que agitam Istambul, veem-se secularistas preocupados com o futuro da região. Muitos são conhecidos opositores das políticas do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, cujo modelo de governo parece atender a todas as expectativas de Washington para a Turquia.

Tantos discursos de apoio ao governo de Al-Assad talvez soem estranhos a ouvidos ocidentais, sobretudo vindos de grupos secularistas, tradicionais opositores de governos apresentados no ocidente como de fundamento religioso, ou totalitários ou repressores. E essa não é a única anomalia que se vê na Turquia nos últimos dias: Israel também não vê com bons olhos a ‘mudança de regime’ que os EUA tentam promover na Síria.

Resultado desse cálculo regional, as políticas de Washington para a Síria não estão encontrando o apoio que Clinton esperava recolher na Turquia: grande parte da população turca culpa os EUA pela desgraça dos sírios; e Israel mais teme do que deseja o fim do governo de Assad.

Para o ex-ministro das Relações Exteriores da Turquia, Yasar Yakis, Israel está vendo com preocupação o rumo que as coisas vão tomando na Síria. Com a Fraternidade Muçulmana já tendo alcançado a maioria no Parlamento egípcio, Israel prefere continuar a enfrentar o governo laico de Assad a ter de enfrentar mais um governo islamita também na Síria.

A Fraternidade Muçulmana já começa a fazer barulho contra a influência de Israel no Sinai. Um governo de inclinação islamita na Síria devolveria à pauta a questão das Colinas do Golan – diz Yakis.

Parte significativa da elite turca está incorporada a esses protestos, porque os confrontos sectários que estão sendo estimulados na Síria, onde sunitas estão sendo empurrados contra xiitas, podem facilmente contaminar a Turquia e servir de combustível, num cenário mais amplo, para alimentar o movimento secessionista dos curdos.

Muitos turcos já temem que, se não se encontrar saída negociada para a Síria, a crise que daí advirá lançará ao caos toda a região.

Pela primeira vez, os diplomatas turcos parecem incapazes de formular ou defender qualquer política clara para a Síria. Ankara, que apoiou o levante inicial da oposição síria, talvez não encontre meios para perseverar em suas políticas atuais. Também no Parlamento turco já há forte oposição às políticas do ministro de Relações Exteriores de Erdogan, Ahmet Davutoglu, e vários partidos já falam abertamente em mudança no ministério.

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A QUESTÃO DOS CURDOS

A questão curda também é fonte de graves preocupações; e, desde o início da crise síria, vem aumentando na Turquia a influência do Partido dos Trabalhadores do Kurdistão (PKK). O partido PKK, com correligionários no norte do Iraque e aliados potenciais na Síria, passa a ter de ser ouvido mais atentamente.

Causou alarme entre os políticos turcos a notícia de que membros do Partido Baath que governa a Síria ter-se-iam reunido com líderes do PT curdo nas Montanhas Qandil. Para muitos, ainda é bem viva a lembrança de quando Ankara e Damasco constituíram uma frente unida contra os separatistas do PKK.
Agora, em vez de Síria e Turquia manipularem o PKK, é o PKK quem vai ganhando posição mais forte. Membros do PKK têm mantido encontros regulares com o presidente do Curdistão Iraquiano, Massoud Barzani – que já declarou que tem dois milhões de curdos sírios dispostos a levantar-se para depor o governo de Al-Assad na Síria.

Circulam também informações de que Barzani estaria treinando curdos sírios, em preparação para guerra de guerrilhas.

O governo sírio, por sua vez, também alarmado ante o risco de um levante dos curdos, prometeu autonomia e autogoverno aos curdos, em troca de desistirem dos projetos de agitação popular em suas áreas. Essas propostas foram apresentadas ao Partido Curdistão Democrático sírio, que se sabe que mantém laços íntimos com o PKK turco.

Agora, com os sauditas já tendo oferecido apoio aos sunitas sírios, e o Irã prometendo apoio aos xiitas sírios, a Síria já se precipita para uma perigosa guerra sectária – resultado absolutamente diferente do que os políticos turcos esperavam.

Ainda outra dificuldade diz respeito hoje aos alevitas, grupo étnico minoritário que vive na Turquia, estimado em cerca de mais de 10% da população nacional. Os alevitas não são alawitas, como a família al-Assad que governa a Síria, mas os dois grupos são frequentemente confundidos, porque ambos juraram fidelidade ao profeta Ali, fonte inspiracional de todo o Islã xiita. E nem alevitas nem alawitas confiam em sunitas.

Há quem preveja que no caso de haver confrontos entre alawitas e sunitas dentro da Síria – os quais podem começar a qualquer momento, e até por acidente –, os alevitas turcos abracem a causa dos alawitas sírios; mais um motivo pelo qual há quem recomende cautela máxima a Ankara, nas operações que envolvam a Síria.

Artigo enviado pelo jornalista Valter Xeu

ISLAMITA GANHA ELEIÇÃO NO EGITO, E OS PALESTINOS COMEMORAM

A Junta Militar respeitou as pesquisas. Seu chefe, marechal Hussein Tantawi, anunciou neste domingo a vitória do candidato da Irmandade Muçulmana Mohammed Mursi nas eleições presidenciais.

“O marechal Hussein Tantawi parabeniza o doutor Mohammed Mursi por conquistar a presidência da república”, afirmou a rede de televisão estatal, fazendo com que milhares de egípcios lotassem a famosa praça Tahrir, no centro do Cairo, onde se concentraram as manifestações da chamada Primavera Árabe.

Militantes comemoraram a vitória de Mursi, agitando bandeiras e cartazes do líder islâmico. Segundo as agências de notícias France Press e Associated Press, “Deus é o maior” e “abaixo o regime militar” eram alguns dos slogans entoados pelos manifestantes, enquanto fogos de artifício eram lançados, depois que a comissão eleitoral declarou formalmente o candidato da Irmandade Muçulmana como vencedor.

A vitória de Mursi também foi comemorada pelos palestinos em Gaza, e o movimento islamita Hamas afirmou que era um “momento histórico”, porque o ex-ditador egípcio Hosni Mubarak colaborava com Israel no bloqueio de Gaza.

Agora, os palestinos estão otimistas de que o novo líder egípcio vai melhorar as relações com o empobrecido território de.Gaza, que tem uma faixa de 15 km de fronteira com o Egito no deserto do Sinai.

TUDO POR UMA COLIGAÇÃO...


REFLEXÕES SOBRE A PENA DE MORTE IMPOSTA A BRASILEIROS POR TRÁFICO DE DROGAS

 
No Brasil seria enredo de filme de sucesso (vide “Meu nome não é Johnny”), mas na Indonésia histórias reais nem sempre vão para as telas. O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, um carioca de Ipanema, instrutor de voo, hoje com 50 anos, aguarda para ser fuzilado naquele país, por sentença de pena de morte decretada em 2004.
O último pedido de clemência foi entregue por amigos e parentes do brasileiro quinta-feira, no Riocentro, durante a Conferência RIO+20, diretamente ao presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono.

Marco Archer foi detido no Aeroporto de Jacarta, em agosto de 2003, com 13,4 quilos de cocaína escondidos em sua asa delta e trazida do Peru. Foi a maior apreensão até hoje feita em território indonésio. Fugiu do flagrante, mas foi preso 16 dias após.
A execução da sentença está marcada para os primeiros dias de julho. 0 ritual prevê que seja feita por 12 soldados perfilados, armados com rifles, onde só duas armas são carregadas. Cada soldado atira uma vez no peito do condenado. Se ele sobreviver, leva mais um tiro de misericórdia na cabeça.

Dura e triste realidade a ser encarada por nós brasileiros, num país onde somos adeptos da criminologia da compaixão e do direito penal mínimo, que concede a criminosos, a torto e a direito, reduções de penas e progressões de regimes carcerários, e onde as penas alternativas são a tônica principal do discurso de criminólogos e ativistas humanitários.

Marcos Archer aguarda que, pelo menos, a justiça da Indonésia converta a pena em prisão perpétua. Um outro brasileiro – há cerca de 2.500 brasileiros presos por tráfico de drogas no exterior – também foi condenado na Indonésia: Rodrigo Muxfeldt Gulart (39 anos) , um paranaense de classe alta, flagrado em 2004, no aeroporto, com 6 quilos de cocaína escondidos em suas pranchas de surfe.

A Indonésia, diferente de nós, considera o crime de tráfico de drogas uma gravíssima afronta aos direitos humanos, porque quem trafica drogas é assassino em potencial.
Outro ensinamento tirado daquele páis: uma lei penal deve ter por escopo intimidar e desestimular a prática criminosa pelo seu rigor, No Brasil, ao contrário, as leis parecem beneficiar e estimular criminosos.

Marco Archer e Rodrigo Gulart certamente estão hoje arrependidos. Descobriram, tarde demais, que o crime e a vida fácil e endinheirada não são o melhor caminho para alcançar a felicidade. Mas o grande problema do arrependimento é que ele vem depois.

Que estes relatos sirvam de reflexão para os que insistem em propor a descriminalização e legalização de drogas no Brasil. Drogas não produzem histórias de felicidade, só enredos de tristes filmes.

24 de junho de 2012
Milton Corrêa da Costa

GUIMARÃES ROSA


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Escritor no dia da sua posse na Academia Brasileira de Letras (Reprodução/ Internet)
João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo, Minas Gerais, em 27 de junho de 1908

João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo, Minas Gerais, em 27 de junho de 1908. Foi médico, escritor e diplomata.
O autor tornou-se reconhecido mundialmente devido aos traços marcantes presentes em sua obra, como a linguagem inovadora, popular e regional e a criação de inúmeros vocábulos a partir de arcaísmos, invenções e intervenções semânticas e sintáticas. A maior parte da sua obra se passa no sertão brasileiro.

Primogênito de sete filhos, aos sete anos Guimarães Rosa começou a estudar diversos idiomas, como francês, alemão, inglês, espanhol, italiano e esperanto. Além de conceituado escritor, ele se formou na faculdade de Medicina e chegou a exercer a profissão até 1934.

Em entrevista concedida a uma prima ele falou sobre seu grande agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei a gramática: do húinteresse no estudo de idiomas. “Eu falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de russo; leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário ngaro, do árabe, do sânscrito, do lituano, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do checo, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de outras.

Mas tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente, porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração”

Após passar no concurso do Itamaraty, Guimarães Rosa teve como primeira função no exterior, o cargo de Cônsul-adjunto do Brasil em Hamburgo, na Alemanha, de 1938 a 1942.
Durante a Segunda Guerra Mundial, ele ajudou judeus a fugirem para o Brasil ao conceder, ao lado da segunda esposa Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, mais vistos do que as cotas legalmente estipuladas. A ação humanitária lhe rendeu no pós-Guerra, o reconhecimento do Estado de Israel.

Guimarães Rosa morreu no dia 19 de novembro de 1967, no Rio de Janeiro, aos 59 anos. Três dias antes, ele havia tomado posse na Academia Brasileira de Letras, para a qual havia sido eleito em 1963 por unanimidade.

O motivo da posse demorada foi o medo de que o autor sofreria uma forte emoção. No discurso que fez disse que “…a gente morre é para provar que viveu”, quase como uma despedida.

Suas obras foram traduzidas para diversos idiomas.




Principais Obras:

Romance: Grande Sertão: Veredas (1956).
Contos: Sagarana (1946); Corpo de baile (1956); Primeiras estórias (1962); Tutaméia: terceiras estórias (1967); Estas estórias (1969); Ave, palavra (1970).

24 de junho de 2012

NÓS SEREMOS OS PRÓXIMOS?


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Italianos temem bolha imobiliária (Reprodução/Internet)
Os italianos de preocupam em acabar que nem a Espanha

Um tremor quase visível arrepiou a mídia italiana em 19 de junho quando números oficiais mostraram que as vendas de casas caíram a uma taxa anual de quase 20% nos primeiros três meses de 2012. Lobistas do setor de construção civil negaram que a Itália possa ter criado uma bolha imobiliária como a da Espanha. Ainda assim, a Nomisma, um instituto de pesquisa baseado em Bolonha, afirma que há 70.000 propriedades não vendidas na Itália. Apesar de as vendas terem despencado desde 2008, os preços permaneceram relativamente constantes, um descompasso que sugere que a riqueza da Itália – e os colaterais de hipotecas de seus bancos – podem não ser tão bons quanto se pensava.

A solidez de dos bancos do país ainda era o melhor argumento para colocar a Itália em uma categoria de risco diferente da Espanha. Os mercados haviam em grande parte aceito esta distinção. O intervalo entre a taxa de retorno dos títulos italianos e espanhóis se alargou após a Itália voltar mais uma vez a ser vista como um país mais seguro do que a Espanha em março. Nesta semana, este intervalo atingiu 1,2 pontos percentuais, mas depois se estreitou novamente. Porém, o retorno demandado pelos investidores para comprar títulos da dívida italiana têm subido continuamente, o que reflete o desconforto em relação ao futuro tanto do euro quanto do país.

Um medo é político. Desde que Mario Monti foi eleito em novembro como líder de um governo tecnocrático apartidário, tornou-se ainda mais difícil prever o resultado da eleição que acontecerá em meados de setembro. Monti chegou ao poder para executar medidas impopulares que eliminariam o déficit orçamentário. À medida que estas medidas surtiram efeito, a sua popularidade iniciou uma trajetória de queda livre.

A segunda preocupação é que os prolemas da economia italiana são tão profundos que nem mesmo o temível Monti consegue pô-la em movimento novamente, após mais de uma década de quase estagnação. Sem crescimento, a Itália não tem a capacidade de repagar a sua montanha de dívidas, que não para de crescer, de €2 trilhões. No futuro imediato, o problema do governo é não poder injetar dinheiro público em projetos destinados a estimular o crescimento caso queiram manter o déficit sob controle.

24 de junho de 2012

MÍTICA DO ARTICULADOR

Muito tem se falado sobre os recentes atos políticos imperfeitos do ex-presidente Lula.
Ora os tropeços são atribuídos a presumidos efeitos de medicação decorrente do tratamento de um câncer na laringe, ora a uma suposta crise aguda de onipotência pós-Presidência da República.
Seja qual for a tese defendida, seus autores partem do princípio de que Lula sempre acertou e de repente começou a errar sem uma explicação plausível para as falhas em seu instinto tido como infalível.


Há um assombro geral com a desfaçatez do ex-presidente ao passar por cima de tudo e de todos, da lógica, dos procedimentos institucionais sem a menor preocupação com as circunstâncias de seus companheiros de partido e com a repercussão de suas ações sobre a opinião pública.


Da mesma forma que se acha capaz de submeter processos eleitorais à sua vontade, não avalia consequências, não dá ouvidos às críticas preferindo enquadrá-las na moldura da conspiração engendrada por adversários políticos dos quais a imprensa seria agente engajado.
Falta, nessas análises, um exame mais acurado do ambiente político como um todo e do histórico de ações de Lula.


Se olharmos direito, não é de hoje que age assim - fez e disse barbaridades enquanto estava na Presidência - nem é o único a atuar de costas para o contraditório como se qualquer ação estivesse a salvo de reações.


O Congresso vem construindo há muito tempo sua crescente desmoralização agindo exatamente da mesma forma: toma decisões que excluem o interesse público, voltadas para seus próprios interesses como se a sociedade simplesmente não existisse.


Os escândalos ali produzem no máximo recuos temporários, promessas não cumpridas e recorrentes avaliações de que o Parlamento é um Poder aberto e, por isso, vítima de ataques injustos.
Sob essa argumentação os erros se acumulam, mas não cessam. Quando se imagina que deputados e senadores tenham ciência do repúdio que provocam, eis que de novo tentam patrocinar uma farra de salários mal saídos de crises em série decorrentes de farras de privilégios outros.


Lula achou que pudesse descartar impunemente a senadora Marta Suplicy, aproximar-se de Gilberto Kassab ao custo do constrangimento da militância e do discurso petista, anular uma prévia reconhecida como legal no Recife, pedir bênção a Paulo Maluf, direcionar a posição de um ministro do Supremo Tribunal Federal e administrar uma comissão de inquérito ao molde de seus interesses como se não houvesse amanhã.
E escolheu agir assim por quê? Porque é assim que as coisas têm funcionado na política.


Lula não é o espetacular articulador que se imagina. Apenas tinha, e agora não tem mais, todos os instrumentos de poder nas mãos, os quais utilizou com ausência total de escrúpulos. Quem age ao arrepio das regras ganha sempre de quem é obrigado a segui-las.

Assim como faz o Congresso quando inocenta parlamentares de culpa comprovada, adapta a Constituição às suas conveniências, adia a reforma política, não acaba com o voto secreto para processos de cassação de mandatos e inventa regras segundo as quais a comprovação de desvios de vida pregressa não serve como critério de avaliação da conduta presente.

Nem Lula comete erros novos nem o Parlamento deixa de ser reincidente.

Ambos se unem no mesmo equívoco, imaginando que seja possível fazer a opção por atos erráticos acreditando que não chegará o momento em que aquilo que parece sempre certo começa irremediavelmente a dar errado.

Borralheiro. Caladinho, o PMDB se ressente do isolamento imposto pelo PT na eleição de São Paulo.

Até a volta. Duas semanas de intervalo, antes da eleição e do julgamento do mensalão.

DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo
24 de junho de 2012

EM BUSCA DE VISIBILIDADE, PARAGUAI TROCA LUGO POR ROBERTO JUSTUS


Em busca de visibilidade, Paraguai troca Lugo por Roberto Justus
Diante da beleza do novo chefe de Estado paraguaio, Hillary Clinton, Angela Merkel e Dilma Rousseff se consideraram impedidas de participar de qualquer negociação bilateral. “Ele conseguiria tudo de nós”, suspiraram em uníssono.



ESTÂNCIA DE CARAS – Por 73 votos a favor e apenas um contra, a Câmara dos Deputados do Paraguai decretou ser imperativo adotar um plano de ação para tirar o país da irrelevância na qual se encontra desde a independência, em 1811.


"Nosotros necessitamos de un poco de tchan”, declarou Paco Santa Rosa, líder do Partido Liberal Radical. “Si por lo menos Roberto Justus fuera paraguayo. Nadie en mi país és tan hermoso.”
No último mês, o Parlamento aprovara um pacote de medidas que muitos julgavam suficientemente ambicioso para suscitar pelo menos uma nota no jornal Zero Hora e/ou Gazeta de Florianópolis, além de aumentar o fluxo de turistas em no mínimo três indivíduos.


Das diversas leis sancionadas na ocasião, a mais ousada dispunha sobre a transformação dos seios de Larissa Riquelme em nova unidade nacional. No local, iniciar-se-iam, já no presente exercício, vultosas obras de infraestrutura, como um rodoanel e um aeroporto para voos regionais, de modo a facilitar o acesso de veranistas.


Líderes de todos os partidos não conseguiram esconder certa decepção com o resultado algo modesto das medidas. Segundo estudos do Ministério do Planejamento, apenas um turista cruzou a fronteira do país desde a adoção do pacote, dando meia-volta assim que ficou sóbrio.


Diante do fracasso, oposição e situação acataram a sugestão de Santa Rosa de eleger Roberto Justus, a revelia, Presidente Estético da República do Paraguay (PERP). Na ocasião, os legisladores prometeram à nação que, em menos de dois meses, cresceriam topetes tão elegantes quanto o do novo mandatário, fato que trouxe grande conforto ao povo paraguaio.


Fernando Lugo foi prontamente destituído do poder. Observadores da política local avaliam que a derrocada do ex-presidente começou no dia em que deixaram de aparecer na imprensa mulheres carregando pelos braços filhos ilegítimos de Lugo. “Fue el su mejor momento”, explicou Santa Rosa, “quando apareció el tercer hijo, por la primera vez desde 1957 el Paraguay logró ser mencionado en el New York Times!"

Informado de que é o novo Presidente do Paraguai, Roberto Justus se disse muito honrado e perguntou: “Fica perto de Miami?”


24 de junho de 2012
The i-Piaui Herald

POR PURA IRONIA, SOMENTE...

Lula cobra do companheiro Maluf um Romanée

A turma do Romanée


O vinho que Lula adora

De acordo com o relato do próprio Paulo Maluf a correligionários, Lula não deixou passar batido o fato de estar na casa do dono de uma das melhores adegas do Brasil, na já célebre visita do ex-presidente ao deputado. Disse Lula:

- Ô Maluf, quando é que você vai me convidar para beber um Romanée Conti?.

24 de junho de 2012

NOTA AO PÉ DO TEXTO

SE O GOVERNO LULOPETISTA SEGUISSE O MESMO PADRÃO DE QUALIDADE, MUDANDO O PALADAR DE '51' PARA 'ROMANNÉE CONTI', NÃO ESTARÍAMOS VIVENDO A VERGONHA DO "NUNCA ANTES NESSE PAÍS".
m.americo

CANDIDATOS A DITADORES EXALTADOS CONTRA O QUE CHAMAM "GOLPE"

 
O primeiro foi o presidente do Equador, Rafael Correa, que anunciou nesta sexta-feira que seu país não reconhece o novo governo do Paraguai. Logo vieram a líder argentina Cristina Kirchner e o boliviano Evo Morales. Mais cedo, evitando o tom de ameaça, a presidente Dilma já citava possibilidades de sanção como a expulsão do Paraguai de órgãos multilaterais como a Unasul, presidida por Lugo, e também do Mercosul. Em um processo que durou dois dias, Lugo foi considerado culpado de não cumprir suas funções ao deixar que crescesse um conflito social no Paraguai. Poucos minutos após a destituição, o então vice-presidente Federico Franco jurou como novo chefe de Estado.
Logo após tomar posso, o novo presidente do Paraguai, Federico Franco, pediu aos líderes dos países vizinhos, em especial a Argentina, Brasil e Uruguai, membros do Mercosul, que entendam a situação no país e que “fará o maior dos esforços para que isso se normalize”.
Dentre os líderes da América do Sul, o equatoriano Rafael Correa foi o mais enfático. Dilma, por sua vez, evitou falar especificamente do caso ou dizer se a reunião do Mercosul marcada para os dias 28 e 29, em Mendoza, na Argentina, já poderia analisar a expulsão do Paraguai. Mas deixou claro que alguma sanção pode ser tomada. ” Os 12 países signatários aqui reunidos avaliamos que a situação no Paraguai era muito complicada. Achamos que devíamos cuidar para que houvesse respeito aos princípios do direito de defesa e manutenção da ordem democrática. Por isso mandamos os chanceleres.”
Dilma evitou responder se o rito sumário do impeachment de Lugo poderia ser interpretado como golpe de Estado, mas disse que, para o Brasil, que já passou por um processo doloroso de golpe e retomada democrática, o valor da democracia é muito importante. O ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, destacou que a falta de vontade política dos setores contrários a Lugo configura desrespeito não só às normas da organização, como ao Mercosul. “Infelizmente, as respostas que tivemos foram silêncio e indiferença”, criticou.
Em entrevista a emissora do Equador, o presidente Rafael Correa disse considerar ilegítimo o processo de julgamento político feito pelo Congresso paraguaio, que resultou no impeachment de Fernando Lugo. “A decisão do governo equatoriano é de não reconhecer o novo governo paraguaio. O que aconteceu é absolutamente ilegítimo”, disse Correa a uma emissora.
No mesmo tom, a presidente argentina Cristina Kirchner assegurou que o país “não vai aceitar o golpe de Estado que acaba de acontecer no Paraguai. ” Essa situação vai além de Lugo, este é um ataque à democracia paraguaia. Vamos ter uma ação conjunta com Brasil e Uruguai.”
Para o líder boliviano, Evo Morales, o país “não pode reconhecer um governo que não surja das urnas e do mandato do povo”. Morales condenou o “golpe do Congresso” aplicado contra Fernando Lugo, segundo a agência oficial ABI.
Brasil evita tom de ameaça

Evitando o tom de ameaça mais cedo, a presidente Dilma já citava possibilidades de sanção como a expulsão do Paraguai de órgãos multilaterais como a Unasul e o Mercosul. O governo brasileiro teme um confronto ou uma guerra civil com a aprovação do impeachment a nove meses do fim do mandato de Lugo. Dilma afirmou que o protocolo de criação da Unasul, assinado pelo Paraguai e pelos outros 11 países da América do Sul,
prevê o desligamento do signatário deste organismo se for constatada ação de ruptura ou ameaça de ruptura democrática. O mesmo se aplica ao Mercosul.
Ao ser informado de que as tentativas de ajuda da Unasul foram rejeitadas pelo Senado, o ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, se mostrou apreensivo. “Estão optando pela dureza. Podem estar caminhando para uma guerra civil”, disse.
Segundo um interlocutor da presidente Dilma, o impeachment de Lugo pode representar a ruptura de um ciclo democrático na América Latina. O governo brasileiro acredita que somente o clamor popular poderá salvar o agora ex-presidente. Havendo a constatação de que houve ruptura dos princípios democráticos no Paraguai, um dos caminhos é a evocação da cláusula democrática do Protocolo de Ushuaia, cujo efeito é o isolamento do país na região.

24 de junho de 2012
Por Flávio Freire, Maria Lima e Eliane Oliveira, no Globo
Com Blog Reinaldo Azevedo - Veja Online