"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 14 de outubro de 2012

DOENTIAMENTE MENTIROSO E INGÊNUO

 

“O PT era mais atacado do que hoje por grande parte dos políticos da oposição e por uma parte da imprensa brasileira. Na verdade, era um momento em que tentaram dar um golpe neste país”.

Lula afirmou que a oposição foi forçada a recuar diante do apoio que recebeu dos movimentos sociais. “Eu disse: ‘Não vou me matar como Getúlio [Vargas] e não vou fugir obrigado como o João Goulart.
Só tem um jeito de eles me pegarem aqui. É eles enfrentarem o povo nas ruas deste país”.
Como de hábito teve um ataque de verborragia(1) e danou a dizer merda.


Mas suas mentiras, de primárias que são, tem sempre a vida breve. Nessa quarta feira dia 10, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Carlos Ayres Britto, contradizendo Lula, tratou o mensalão como um plano do PT para se perpetuar no poder, chamando-o de “golpe”, e condenou os três acusados (José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares) de articular o esquema de compra de apoio ao governo do ex-presidente Lula por corrupção ativa.

Ayres, último ministro a votar neste capítulo, disse que o esquema, cujo mentor e principal líder seria o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, era “um projeto de poder que vai muito além de um quadriênio quadruplicado. Golpe, portanto, no conteúdo da democracia que é o republicanismo, que postula a possibilidade de renovação dos quadros dirigentes e a equiparação, na medida do possível, das armas com que se disputa a preferência do voto popular”.

Mais ainda, o presidente do STF criticou a formação de amplas alianças para a formação de base de apoio, considerando esse estilo de política “catastrófico”.

Lula além de contumaz mentiroso, ultimamente vem mostrando uma ingenuidade, que o escritor britânico Graham Greene, (1904/91) qualificou como “insanidade”.

14 de outubro de 2012
giulio sanmartini

(1) Uso de uma quantidade excessiva de palavras, para dizer coisa nenhuma.
(2) Texto de apoio: Hugo Bachega e Ana Flor.

"SUPONDO-SE MALANDROS, DEMONSTRARAM-SE OTÁRIOS". A CULPA NÃO É DA IMPRENSA.

 

 
Desde que o mundo é mundo, dar más notícias não é bom negócio. Não resolve nada cortar a cabeça do mensageiro, mas parece que os destinatários das más notícias têm opinião diversa, principalmente quando são poderosos e a mensagem anuncia algo que ameaça esse poder.
E isso se estende às opiniões.

Também desde que o mundo é mundo, os cortesãos aprendem a evitar dar palpites negativos sobre os atos dos poderosos de que dependem e é proverbial a recorrência, no folclore de muitas culturas, de histórias sobre como reis se disfarçavam e assim saíam às ruas, para tentar ouvir sem intermediários o que falavam seus súditos.

O portador de más notícias e opiniões desagradáveis, em nossos dias, é a imprensa, entendida esta como todos os meios de comunicação. Isso leva a fenômenos interessantes. Na internet é comum ler que a grande imprensa, por estar mancomunada com o governo ou com o rabo preso por interesses escusos, não denuncia isso ou aquilo e distorce os fatos para agradar o poder.

Daí a alguns cliques de mouse, surge um artigo indignado, argumentando que a imprensa vendida e golpista é que está por trás, por exemplo, das condenações dos réus do mensalão. E protestos embravecidos choveram, logo depois das condenações da última terça-feira, culminando com o comentário de um dos advogados do réu, segundo o qual jornalista bom é jornalista morto.

O autor da frase explicou que se tratava de um pilhéria. Certamente foi, embora eu não creia que achassem muita graça nela os incontáveis jornalistas que, desde os primórdios de sua profissão, em todo o mundo, foram e são assassinados, torturados, encarcerados, banidos ou forçados ao silêncio.

Toda ditadura, sem exceção, tem como prioridade básica o controle da imprensa, a vigilância rigorosa sobre os fatos e opiniões que podem ser conhecidos pelo público. Não há como aceitar o controle da imprensa pelo Estado e muito menos pelo governo. O resto é conversa e interesse contrariado, pois em lugar nenhum existe democracia sem liberdade de imprensa.

É a imprensa, apesar de todos os defeitos comuns à condição humana, que serve de olho e boca da coletividade, não pode ser cerceada sem que as liberdades civis também sejam.

O espirituoso chiste do advogado, que perdeu a causa e -quem sabe se num ato falho - pode numa piada ter exposto o que lhe vai no coração, ainda compõe um panorama curioso. Os condenados e seus aliados parece que não se lembram das barbeiragens que cometeram desde que chegaram ao poder.

Quem os meteu nessa camisa de onze varas não foi a imprensa, foram os atos deles mesmos.

Não enxergaram que não estamos mais no país dos golpes, rumores de golpes, advertências à nação e outras práticas enterradas no passado, que as instituições vêm resistindo muito bem aos trancos por que têm passado, que houve muitas mudanças neste mundo.

Num aparente acesso de onipotência, decidiram que sórdidas práticas velhas, como a compra de apoio e de votos, nas mãos deles de alguma forma não apenas se justificavam, mas quase se legitimavam. Montaram um esquema cujos riscos não avaliaram e que talvez desmoronasse inevitavelmente, mesmo que não houvesse sido ruidosamente delatado - havia gente demais envolvida e buracos demais; o vazamento era sempre uma possibilidade.

Não me refiro a deslizes éticos ou ações criminosas, mas a barbeiragens motivadas pelo excesso de confiança e pelo desdém pela inteligência alheia. Espertos demais, com as cabeças envoltas pelas nuvens do poder e da glória, erraram nas manobras e não por culpa da imprensa ou de ninguém, mas da própria inépcia, que redundou em ações incompetentes. O que previram, naturalmente, também se revelou errado.

Em certo momento do desenrolar da história, pareceu até que o ex-presidente Lula achava que os ministros do Supremo por ele indicados eram ocupantes de cargos em comissão. Nomeados por ele deviam votar com ele, não foi para isso que os nomeou, onde já se viu uma aberração dessas? Por que não é possível demiti-los por quebra de confiança?

Em suma, alçados ao poder, ainda rodeados da aura ética e ideologicamente definida que publicamente os caracterizava, consagrados por uma votação expressiva e imersos numa onda de popularidade incontestável, os novos governantes e estrategistas avaliaram mal a situação, superestimaram a si mesmos e, paralelamente, subestimaram os obstáculos que enfrentariam.

Viam-se talvez como praticantes sagazes e habilidosos de uma eficiente Realpolitik e seus planos para a obtenção da sempre lembrada governabilidade. Claro que, como disse Kennedy uma vez, a vitória tem muitos pais, mas a derrota é órfã. Ninguém entre os atingidos deve desejar ser o pai dessa grande derrota. Mas os pais são eles mesmos.

Armaram um esquema cheio de si, acreditaram nos falsos indícios que às vezes entontecem os poderosos e quebraram a cara. Pois, afinal, as condenações são a demonstração de que o esquema armado para governar, em vez de sabido, era burro e que os novos generais engendraram e puseram em ação um plano gravemente equivocado e desastroso.

A culpa não é da imprensa, nem de ninguém, a não ser dos autores e agentes da estratégia. Supondo-se malandros, demonstraram-se otários. Isso certamente é duro de admitir e talvez nunca o seja de todo.

Até porque vem aí, depois das sentenças, o processo em que os condenados serão considerados mártires por seus companheiros, serão objeto de apelos internacionais e, enfim, serão glorificados como heróis de sua causa, o que lá venha a ser definido como tal na ocasião.

E a imprensa, com toda a certeza, vai ser necessária, para que isso tenha repercussão. A imprensa serve a todos, até mesmo a quem precisa muito de um culpado pelo próprio fiasco.
João Ubaldo RibeiroO Estado de S. Paulo
 
14 ded outubro de 2012

MP QUER JOSÉ DIRCEU E OUTROS CORRUPTOS IMEDIATAMENTE NA CADEIA


Na reta final do julgamento do mensalão, os ministros do Supremo Tribunal Federal começam a discutir o momento em que réus condenados serão mandados à prisão. A tendência, segundo a Folha apurou, é que não prevaleça o pedido do Ministério Público de prisão imediata. Até agora, já foram condenados 25 dos 37 réus pelos crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, gestão fraudulenta, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.Entre os que foram considerados culpados estão o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), o ex-presidente do PT José Genoino, o empresário Marcos Valério e a dona do Banco Rural, Kátia Rabello.
 
O STF entendeu que todos, de alguma forma, participaram do esquema de desvio de recursos públicos para comprar o apoio político de parlamentares nos primeiros anos do governo Lula. Ao final do julgamento, que ainda tem pela frente três capítulos, os ministros estabelecerão a dosimetria (o tamanho) das penas. Ainda não é possível saber que réus irão efetivamente para a prisão. Pelo Código Penal, o regime é inicialmente fechado para penas a partir de oito anos.
 
Com o fim dos capítulos, os ministros terão de definir quando essas punições começarão a serem executadas. Há três opções: imediatamente após a sentença, independentemente da publicação da decisão (acórdão) e respectivos recursos (embargos de declaração); quando o acórdão for publicado; ou somente após a análise de todos os recursos propostos.
 
Quando apresentou a acusação, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a prisão imediata dos condenados, alegando que os eventuais recursos não teriam poder para mudar o mérito decidido pelo tribunal. Ministros ouvidos pela Folha, no entanto, descartam a possibilidade de apressar a efetivação das condenações. Segundo seus argumentos, isso seria incoerente com o posicionamento recente do próprio tribunal, que desde 2010 já condenou cinco parlamentares que até hoje não começaram a cumprir a pena.
 
Entre eles estão o deputado Natan Donadon (PMDB-RO) e os ex-deputados José Tatico (PTB-GO) e Zé Gerardo (PMDB-CE), que entraram com recursos ainda não julgados contra as condenações. A avaliação é que não seria conveniente aplicar um rito diferenciado ao processo do mensalão para não alimentar a tese, defendida por petistas, de que o Supremo realizou um julgamento político e de exceção. A ideia é agilizar o acórdão, que não tem prazo para ser publicado, e julgar rapidamente os embargos (que só podem questionar omissões, contradições e obscuridades da decisão) propostos contra as condenações.
 
Para evitar outras críticas, os ministros do STF marcaram para a manhã da próxima quarta uma sessão para tratar de outros assuntos. Na pauta estão exatamente os recursos de Donadon e Tatico. Com o julgamento, eles poderão cumprir as penas já a partir da semana que vem. Tatico foi condenado a sete anos de prisão, em regime semiaberto, pelos crimes de sonegação e apropriação indébita de contribuição previdenciária. Donadon foi condenado a 13 anos de prisão por desviar verbas públicas.
 
(Folha de São Paulo)
 
14 de outubro de 2012
in coroneLeaks

DEU NO ESTADÃO

CNJ apura indícios de favorecimento em obra da Delta no Tribunal do Rio

A Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) realizou, em março deste ano, inspeção que encontrou indícios de direcionamento, para a Delta Construções S.A., na licitação para a construção do prédio da lâmina central da sede do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ).

Segundo reportagem publicada no jornal Estado de São Paulo, o relatório da inspeção questiona cinco aditivos que elevaram o preço final da obra em 23,63%.
O contrato, assinado em julho de 2010, tinha valor previsto de R$ 141,4 milhões, cifra que pulou para 174,8 milhões. O prazo da obra também foi estendido, de 390 para 515 dias.


“Nada de errado…”

Falando ao Estadão, o desembargador Luiz Zveiter, presidente do TJ na época do edital e da assinatura do primeiro aditivo, alegou desconhecer os “parâmetros que os técnicos do Conselho Nacional de Justiça usaram”. Disse ainda que todas as “licitações eram submetidas ao TCE antes e depois de serem publicadas. Não tem nada de irregular nas minhas contas”.

“Os requisitos de qualificação foram tão limitadores a ponto de conduzir o certame para a única licitante presente: a empresa Delta Construções S.A.”, diz trecho do relatório publicado em 6 de setembro.

De acordo com o documento, se houvesse divergência de “quantitativos de materiais e serviços” entre o projeto básico e o executivo, que foi realizado pela Delta, “teriam de ser vistos de uma vez na confrontação dos dois projetos”.

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LICITAÇÃO E SONEGAÇÃO

Segundo a reportagem, o relatório também questiona a suspensão de licitação feita anteriormente para a a mesma obra, na qual a empresa Paulitec Construções Ltda. foi a vencedora.
De acordo com os técnicos do CNJ, o TJ-RJ deu andamento de imediato à licitação 097/2010, “sem a devida chancela da assessoria jurídica sob a alegação de tratar-se de edital igual ao anterior”.

O trabalho técnico do CNJ diz haver indícios de sonegação fiscal por parte da Delta. O edital 052/2010 incluiu a obra no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi), instituído pela Lei 11.488/2007.

Esse regime isenta de pagamento de PIS e Cofins, que somam quase 9,25%, para obras nos setores de transportes, portos, energia, saneamento básico e irrigação. Como a construção do novo prédio do TJ não se inclui entre estes casos, a construtora não poderia deixar de recolher os impostos.

(Matéria transcrita do Estadão, enviada por Paulo Peres)

A MÃO ESTENDIDA DE CHÁVEZ

 

“Pode não ser para amanhã – dizia o professor Afonso Arinos, quando presidia à Comissão de Estudos Constitucionais, em 1986 -, mas o mundo caminha para a esquerda”.
A vitória de Chávez na Venezuela, e os resultados eleitorais no Brasil, parecem dar razão ao intelectual e político mineiro que, a partir de certo trecho da vida, abandonou a visão conservadora do mundo.
Uma frase definidora de sua revisão ideológica foi a de que as favelas de nosso tempo são as senzalas do passado.


Em busca de entendimento

A política não se faz aos pulos, da mesma maneira que natura non facit saltus: para chegar à esquerda, é preciso passar pelo centro. Chávez jamais escondeu seus projetos e suas idéias.

É provável que, se estivesse vivo, Bolívar – grande herói da independência hispano-americana e paladino da ascensão dos mestiços ao poder – não comungasse dos mesmos ideais socialistas do líder de hoje.

Uma coisa era o mundo de 1810, outra o mundo de nossos dias. Como sabemos, Marx nasceu em 1818. Alem disso, Chávez não é rigorosamente um marxista e tampouco pode ser identificado como intelectual. Ele, como Lula e, bem antes, Josip Tito, são homens do povo, conduzidos pela consciência de classe, diante do sofrimento e da injustiça.

O processo eleitoral da Venezuela é o mais fiscalizado do mundo. Os próprios norte-americanos, que gostariam de ver Chávez longe do poder, e que enviam regularmente seus observadores quando há eleições no país, são forçados a reconhecer a lisura do sistema.
Chávez, apesar de seus arroubos oratórios, que se inspiram na particular visão do mundo dos mestiços andinos, é um homem lúcido.
A enfermidade deve tê-lo feito refletir sobre a sua responsabilidade diante do futuro, e na necessidade de não legar aos pósteros uma nação dividida em duas facções.

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ENTENDIMENTO

Em razão disso, tomou uma atitude inusitada: em lugar de esperar que o vencido, Capriles, o cumprimentasse pela vitória, telefonou para o adversário, com quem manteve uma conversação amistosa, e, em seguida, estendeu sua mão à oposição, propondo o entendimento para vencer as dificuldades do país.

Chávez, como reiterou, não renunciou ao projeto de “socialismo bolivariano”, mas tampouco demonstrou pressa em implantá-lo.
Ele está profundamente preocupado com a espiral da violência em seu país, e sabe que é preciso mobilizar toda a sociedade, a fim de evitar a mexicanização da Venezuela.
É a mesma preocupação que parece mover o Presidente Juan Manuel Santos, da Colômbia, na busca do entendimento com as Farc. Essa é a plataforma para a civilidade do debate político.

Em nosso país, pelo menos até agora, a direita recuou em várias regiões. Não é exagero concluir que o eleitorado deu um passo em direção à esquerda. É essa consciência do possível, diante da ameaça de que a criminalidade organizada ocupe o Estado, que parece despertar em nosso continente.

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE

 


DANIEL DANTAS NÃO CONSEGUE DESBLOQUEIO DE BENS NA OPERAÇÃO SATIAGRAHA

 

O desembargador Campos Marques negou pedido de liminar em que o empresário Daniel Dantas, dono do Banco Opportunity, pede o desbloqueio dos bens sequestrados na Operação Satiagraha, deflagrada pela Polícia Federal em 2008. A decisão foi divulgada em nota pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).



A ação penal fruto da Operação Satiagraha foi anulada em 2011 pela Quinta Turma do STJ, que entendeu que as provas que geraram a ação foram obtidas ilegalmente por ter contado com a participação irregular de agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Em novembro de 2011, a extinção da ação dispensou Dantas e mais 13 pessoas de responderem pelos crimes de formação de quadrilha, gestão fraudulenta, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

No pedido de liminar, o banqueiro disse que, após a decisão da Quinta Turma, o juiz titular da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo permitiu o desbloqueio de todos os bens móveis da Agropecuária Santa Bárbara Xinguara S/A, que haviam sido sequestrados.
A Agropecuária Santa Bárbara tem Dantas como um de seus acionistas.

Em seguida, o juiz substituto da mesma vara negou pedido da defesa de devolução dos demais bens bloqueados por medidas cautelares patrimoniais. Ele também reverteu a decisão anterior do juiz titular de devolver os bens da Agropecuária Santa Bárbara, por entender que a decisão da Quinta Turma só teria eficácia quando não coubesse mais recursos.

A anulação da ação penal pela Quinta Turma ainda está pendente de julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) por recurso extraordinário, interposto pelo Ministério Público Federal (MPF).

O desembargador Campos Marques disse que não se pode ampliar o alcance da decisão da Quinta Turma em uma análise preliminar, como se dá no exame de liminares.
Ele entende que a decisão que anulou a ação não trata especificamente do levantamento de bens sequestrados.
O mérito do pedido ainda será analisado pela Terceira Seção do STJ.

O TERROR QUE OS DRONES AMERICANOS ESTÃO LEVANDO A VÁRIOS PAÍSES

 

No dia 29 de maio, o New York Times publicou uma análise profunda sobre o papel do presidente Obama em relação à autorização dos ataques feitos pelos drones (aviões militares sem tripulação) americanos no exterior, particularmente no Paquistão, no Iêmen e na Somália. É de arrepiar ver a fria e macabra facilidade com a qual o presidente e seu pessoal decidem quem irá viver e quem irá morrer.

O terror que os drones americanos estão levando a vários países
Só no Paquistão, 3 mil mortos

O destino de pessoas que vivem a milhares de quilômetros de distância é decidido por um grupo de americanos, eleitos ou não eleitos, que não falam sua linguagem, não conhecem sua cultura, não entendem seus motivos e valores.
Embora afirmem representar a maior democracia do mundo, os líderes americanos estão colocando, em uma lista de pessoas para serem mortas jovens que não têm a oportunidade de se render e certamente não têm também a oportunidade de serem julgadas em um tribunal.

Quem está fornecendo ao presidente e seus assessores uma lista de suspeitos de terrorismo entre os quais devem escolher os que serão mortos, aleatoriamente?
O tipo de informação usado para colocar as pessoas nas listas é o mesmo tipo de informação usado para colocar pessoas em Guantânamo.
Lembre-se de como o público americano foi assegurado de que os prisioneiros trancafiados em Guantânamo eram “os piores de todos”, só para descobrir depois que centenas deles eram gente inocente que tinha sido vendida para o exército americano por caçadores de recompensa.

Sendo assim, por que razão o público deveria acreditar no que o governo de Obama diz sobre as pessoas que estão sendo mortas por drones?
Especialmente tendo em vista que, como vimos no New York Times, o governo apareceu com uma solução para fazer com que a taxa de morte de civis fosse a menor possível: simplesmente considerar homens com determinada idade – aquela em que podem estar com guerreando — como inimigos.
A alegação é que “pessoas em uma área onde há uma atividade terrorista recorrente, ou encontradas com um um militante de alto escalão da Al-Qaeda, certamente possuem más intenções”.
Ao menos quando Bush atirou militantes suspeitos em Guantânamo, suas vidas foram poupadas.

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SÓ SUSPEITA

Em acréscimo às listas de morte, Obama concedeu à CIA a autoridade de matar com ainda maior facilidade, usando ataques baseados unicamente em comportamento suspeito.
Homens dirigindo caminhões com fertilizantes podem ser fabricantes de bombas – mas também podem ser fazendeiros.
Harold Koh, assessor jurídico de Obama, insiste em que essa matança é legal sob a lei internacional porque os Estados Unidos têm direito à autodefesa.
É verdade que todas as nações possuem o direito de se defender, mas a defesa deve ser contra um ataque iminente e esmagador que se aproxima e não há tempo para um momento de deliberação.

Quando a nação não está em um conflito armado, as regras são ainda mais rigorosas. A matança só pode acontecer quando é necessária para proteger a vida e quando não há outros meios, tais como a captura ou a incapacitação não-letal, para prevenir a ameaça à vida. Fora de uma zona ativa de guerra, então, é ilegal o uso de drones, que são armas de guerra incapazes de capturar um suspeito vivo.

Pense no precedente que os Estados Unidos estão fixando com sua doutrina de mate-não-capture. Se a justificativa americana fosse aplicada por outros países, a China poderia declarar que um ativista da etnia uigur que vive em Nova York é um “combatente inimigo” e lançar um míssil em Manhattan; a Rússia poderia afirmar que é perfeitamente legal iniciar um ataque de drone contra alguém que vive em Londres, se suspeitarem que a pessoa em questão tem algum tipo de ligação com militantes chechenos.

Um antigo diretor da CIA afirmou que a estratégia de usar drones é “perigosamente sedutora”, porque o custo é pequeno, não implica em baixas no exército e tem um aspecto de resistência. “Ela é útil para o mercado interno”, ele disse, “e é impopular em outros países. Qualquer dano no interesse nacional só aparece a longo prazo”.

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HERÓIS

Mas um artigo publicado no Washington Post mostra que o dano não é a longo prazo, e sim imediato. Após entrevistar mais de vinte líderes tribais, parentes de vítimas, ativistas de direitos humanos e oficiais de Iêmen do sul, o jornalista Sudarsan Raghavan concluiu que os ataques estão radicalizando a população local e aumentando a simpatia pela al-Qaeda e por seus militantes.
“Os drones estão matando os líderes da al-Qaeda”, disse Mohammed al-Ahmadi, coordenador de um grupo local de direito humanos, “mas também estão os transformando em heróis”.

Até mesmo o artigo do New York Times reconhece que o Paquistão e o Iémen estão menos estáveis e mais hostis aos Estados Unidos desde que Obama se tornou o presidente e desde que os drones se tornaram um petulante símbolo do poder americano atropelando a soberania nacional e assassinando inocentes.

Shahzad Akbar, um advogado paquistanês que está processando a CIA a favor das vítimas dos drones, diz que já é hora de o povo americano se pronunciar.
“Você pode confiar em um programa que existe há oito anos, escolhe seus alvos em segredo, não enfrenta qualquer responsabilidade e que matou, apenas no Paquistão, quase três mil pessoas cuja identidade é desconhecidas pelos seus assassinos?”, ele pergunta.
“Quando as mulheres e crianças do Paquistão são mortas com mísseis, os paquistaneses acreditam que é isso que o povo americano quer. Eu gostaria de perguntar para os americanos: é isso?”

(Tradução: Camila Nogueira)

DIRCEU É O "CAPO", MAS EXISTE O "CAPO DE TODOS OS CAPOS"

 

 O linguajar, usado nos meios mafiosos, costuma-se chamar o chefe do bando criminoso de “Capo”.
A esse senhor, era devotada a mais absoluta, irrestrita e rastejante subalternidade nos afazeres delinquentes dessa corporação, sempre disposta a praticar seus delitos.
Fato curioso, inédito era quando determinados “Capos” eram alcançados pelos curtos braços da justiça burguesa e eram lançados na prisão.



A literatura sobre esse assunto é farta no sentido de colocar os “Capos” como continuadores do comando criminoso, mesmo estando nas barras das penitenciárias, presos, continuavam no exercício pleno do crime. Sobre esse assunto, tornou-se célebre o best seller “O Poderoso Chefão”, provável leitura de cabeceira do sr. Dirceu e seus asseclas.

Noticiou a imprensa, com o devido destaque, que José Dirceu, chefe de proeminência no esquema criminoso denominado mensalão, afirmou em uma de suas peculiares bravatas: como preso, haverei de continuar exercendo minha parcela de comando junto ao Partido dos Trabalhadores, coisa que nunca deixei de fazê-lo.
Assim como no PCC, Comando Vermelho, os Amigos dos Amigos ( ADAS) e outras facções criminosas. José Dirceu, porém, volta seus olhos para uma instância criminosa mais sofisticada, cujas matrizes estão na velha Itália siciliana, cheia de “glórias” no quesito crime organizado.

Pelo andar da carruagem não podemos deixar de acreditar que a ameaça de Dirceu em comandar o velho Partido dos Trabalhadores, a partir das celas do presídio, não poderá deixar de ser um triste fato, uma verdadeira zombaria, bem ao gosto do Delúbio Soares, quando afirmou: “tudo isso, num futuro próximo, não deixará de passar de uma piada de salão.”

Trata-se de um certo dissabor, mas a grande verdade é que esse e tantos outros pilantras, encontraram no crime um testemunho de que essa prática convém e é pródigas em lhes compensar com fartas riquezas, indiscutíveis prestígios.

Veja-se o exemplo do sr. Renan Calheiros, veja-se também os exemplos dos senhores Jader Barbalho, Romero Jucá, Michel Temer, o próprio José Sarney, o silencioso Antonio Palocci que fizeram fortuna às sombras do governo. Por fim, não podemos deixar de falar no mais emblemático de todos, Paulo Maluf, hoje íntimo aliado do sr Lula da Silva.

O sr José Dirceu não deixará de ser um famoso “Capo”, mas é preciso lembrar que existe o “Capo de todos os Capos”, o chefe dos chefes, ou seja, existe o poderoso chefão e, raramente, as mãos da justiça chegarão até ele, pois o crime organizado trata de protegê-lo, a todo custo.
E no nosso caso, cabe uma pergunta: quem será o “Capo do Capo”? Essa pergunta talvez não seja tão difícil respondê-la, uma vez que foi público o seu empenho em desconstruir uma acusação tão sólida quanto essa, feita em torno da quadrilha dos mensaleiros.

LIVRE PENSAR É SÓ PENSAR (MILLÔR FERNANDES)

 


TRIBUNAL ESPORTIVO ERROU AO SUSPENDER RONALDINHO E PREJUDICOU O ATLÉTICO

 

A suspensão de Ronaldinho Gaúcho por um jogo foi absurda. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) só deveria suspender um jogador que não foi punido pelo árbitro se houver uma agressão fora do lance, só vista pela televisão.
O presidente do Atlético, Alexandre Kalil, tem razão em protestar. Quem sabe seja o início de mudanças profundas na Justiça Desportiva no Brasil?
As chances de o Atlético conquistar o título são, agora, pequeníssimas. Há ainda o risco de o time se abater e sofrer várias derrotas na reta final. Isso é o que não pode ocorrer.
A perda do título não pode ser motivo de frustração. Conseguir a vaga na Copa Libertadores do ano que vem é também uma conquista.

14 de outubro de 2012
Tostão (O Tempo)

TÁ FALTANDO UM...

 


DESABAFO DE MAIS UM PETISTA HISTÓRICO QUE DECIDE ABANDONAR O PARTIDO

 

 Uma das razões pela qual estou abandonando o Partido dos Trabalhadores é a sua falta de coerência. Dei a minha vida por esse partido.
Pagava contribuições com o meu salário, vendia broches e camisetas para ajudar a instituição então recém-fundada, briguei com parentes e rechacei o Carlismo.


Waldir Pires, preterido.

O que vejo hoje é um partido autoritário, antitrabalhista. Eu, que sonhava com uma Bahia Petista, hoje, como funcionário público, amargo as atrocidades e truculência deste desgovernador que assola o nosso Estado.

Preteriram o grande Waldir Pires, espécie de político que só aparece neste Brasil corrupto de séculos em séculos.O PT preferiu a Lídice e o Pinheiro, políticos novos, que poderiam esperar por outro mandato para o Senado em detrimento do grande governador, ministro e líder.

O PT colocou o Sr. Francisco Waldir Pires na geladeira, como fizera a TV Globo, com o grande Francisco Anysio. Uma injustiça irreparável.
Um grande erro, o nosso grande baiano de Amargosa ter se filiado a esse partido infeliz, que o colocou no museu, no sótão, no porão, enquanto os ladrões e cúmplices do Mensalão mostram sua cara sem vergonha.

Triste Bahia. Querido Waldir, mantenho a fé de que o Brasil ainda vai ter o prazer de vê-lo atuando no Senado.

14 de outubro de 2012
Jorge da Silva Aguiar

A RAIZ DO MENSALÃO


 




Pode até ser que o mensalão não impeça o PT de vencer a eleição para a prefeitura de São Paulo, como indicam as primeiras pesquisas, mas me parece inegável que o partido sofrerá a médio prazo os efeitos de seu desprezo pelas regras éticas na política.
 
O PT nasceu defendendo justamente um novo modo de fazer política e foi assim que chegou ao poder, mesmo que no período anterior à eleição de 2002 já estivesse envolvido em diversas situações nebulosas nas prefeituras que vinha governando.
 
Os assassinatos de Celso Daniel, prefeito de Santo André, e Toninho do PT, prefeito Campinas, são dois exemplos da gravidade dos problemas que envolviam o PT já antes de chegar ao poder central do país, com irregularidades em serviços como coleta de lixo e distribuição de propinas para financiamento de eleições.
 
Quando o escândalo do mensalão eclodiu, em 2005, dois dos fundadores do PT, o cientista político César Benjamin e o economista Paulo de Tarso Venceslau, revelaram os bastidores da luta de poder dentro do partido nos anos 90 do século passado, ocasião que eles identificam como o “ovo da serpente” no qual teria sido gestado esse projeto de poder que acabou desaguando nas práticas de corrupção.
 
Coordenador da campanha de Lula a presidente em 1989, Benjamin garantiu que “o que está aparecendo agora é uma prática sistêmica que tem pelo menos 15 anos no âmbito do PT, da CUT e da esquerda em geral. Nesse ponto, a responsabilidade do presidente Lula e do ex-ministro José Dirceu é enorme”.
 
O episódio do mensalão seria o desdobramento de uma série de práticas que começaram na gestão do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) no fim dos anos 90, quando Delúbio Soares foi nomeado representante da CUT na gestão do fundo.
 
Esse tipo de prática, segundo César Benjamin, deu “ao grupo do Lula” uma arma nova na luta interna da esquerda. O esquema de Marcos Valério foi apenas um upgrade na prática de desvio de verbas públicas para financiar campanhas eleitorais.
 
“Esse esquema pessoal do Lula começou a gerenciar quantidades crescentes de recursos, e isso foi um fator decisivo para que o grupo político do Lula pudesse obter a hegemonia dentro do PT e da CUT”, disse Benjamin.
 
Paulo de Tarso Venceslau, companheiro de exílio do ex-ministro José Dirceu, foi expulso no começo de 1998 depois de denunciar um esquema de arrecadação de dinheiro junto a prefeituras do PT organizado pelo advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula, na casa de quem morou durante anos.
 
Um relatório de investigação interna do PT, assinado por Hélio Bicudo, José Eduardo Cardozo, hoje ministro da Justiça do governo Dilma, e Paul Singer, concluiu pela culpa de Teixeira, mas quem acabou expulso do partido foi Venceslau. Ele identifica esse episódio como o momento em que “Lula se consolida como caudilho, e o partido se ajoelha diante dele”.
 
Para ele, “um caudilho com esse poder, um partido de joelhos e um executor como o Zé Dirceu só podiam levar a isso que estamos vendo hoje", garantiu Venceslau.
 
Segundo ele, na entrevista daquela ocasião, “evidentemente que Lula não operava, assim como não está operando hoje, mas como ele sabia naquela época, ele sabe hoje, sempre soube”.
 
A reação do PT ao julgamento do mensalão tem obedecido a uma oscilação que depende dos interesses políticos do partido. Da reação inicial de depressão e pedido de desculpas à afirmação de que o mensalão não passava de caixa dois eleitoral, o então presidente recuperou forças para se reeleger.
 
A partir daí, o mensalão passou a ser “uma farsa”. Agora, que o esquema foi todo revelado à opinião pública, o PT diz que o julgamento é golpe dos setores reacionários contra um governo popular.
O que importa é vencer a eleição em São Paulo, comandada por José Dirceu, como sempre comandou.
O mensalão não terá a menor influência no eleitorado, diz o imediatista Lula, que pensa na próxima eleição sem pensar na próxima geração.
 
Os ensinamentos que o episódio poderia proporcionar ao partido, permitindo que recuperasse o rumo que, pelo menos em teoria, era o seu ao ser fundado, vai sendo engolido pelo pragmatismo que levou o PT aonde está hoje: no poder, mas em marcha batida para se transformar em mais uma legenda vulgarizada pela banalização da política.

14 de outubro de 2012
Merval Pereira, O Globo

A FGV SABE PERGUNTAR, MAS NÃO SOUBE RESPONDER

Há parafusos soltos na máquina da Fundação Getulio Vargas. Em novembro de 2009, ela assinou com o Ministério das Comunicações um contrato para prestar serviços à Conferência Nacional de Imprensa, a Confecom, aquela que debateu a “criação de instrumentos de controle público e social” da imprensa. Coisa de R$ 2,7 milhões.

Os 1.600 delegados do conclave reuniram-se em Brasília em dezembro, foram saudados por Lula, aprovaram 633 sugestões e consumiram R$ 8 milhões da Viúva.

Mal a reunião terminou, o vice-presidente da Associação Brasileira de Radiodifusores, Walter Ceneviva, disse que o desempenho da FGV comprometera a conferência com “uma quantidade de erros descomunal”.

Passaram-se quase três anos, e veio a encrenca. A repórter Andreza Matais informou que a Controladoria Geral da União quer saber o que a entidade fez com uma parte do dinheiro que recebeu. A saber:

• Cobrou R$ 438 mil para monitorar as conferências estaduais, mas 15 delas já haviam terminado quando o contrato foi assinado, duas estavam em curso, e nove aconteceram no dia seguinte.

• Recebeu R$ 390 mil para entregar um caderno com as propostas que seriam discutidas na reunião, e, segundo a CGU, ele só foi entregue quatro meses depois.

• Outros R$ 486 mil foram pagos para transmissões dos encontros em tempo real, o que não aconteceu.

Numa conferência inventada por Nosso Guia para discutir o comportamento da imprensa, nada melhor do que perguntar à FGV o que houve. Foi o que Matais fez. Recebeu a seguinte resposta, assinada pela assessoria de imprensa institucional da entidade, a Insight:

“A Fundação Getulio Vargas comunica que já prestou todos os esclarecimentos necessários ao Ministério das Comunicações em relação aos serviços prestados à Conferência Nacional de Comunicação, não cabendo, portanto, pronunciar-se sobre o assunto.”

Para uma notável instituição acadêmica que vive de fazer perguntas, fica mal o estilo “não é da sua conta”. Duas tentativas posteriores resultaram em parolagens insuficientes. Numa terceira, a FGV informou que monitorou todas as conferências estaduais, mesmo antes da assinatura do contrato, e sistematizou as propostas no devido tempo.

A transmissão nacional não teria ocorrido porque a Confecom mudou de ideia.

Portanto, a bola volta para a CGU. Tomara que ela continue no jogo, de forma pública.

A FGV meteu-se com a Confecom porque quis. Sua maior contribuição à busca da “criação de instrumentos de controle público e social” da imprensa foi a prática do mais primitivo dos mecanismos: a blindagem.

Há empresas que se blindam e há depoentes de CPIs que ficam em silêncio. É o jogo jogado, pois têm motivos para agir assim. A FGV vive do prestígio que acumulou em 68 anos de trabalho. Malbaratá-lo é maluquice.

14 de outubro de 2012
Elio Gaspari, O Globo

OS COM-MORAL

 




Derrotado no primeiro turno por Paulo Maluf, por 32,2% contra 22,9%, e com apenas 70 mil votos de frente sobre a terceira colocada Marta Suplicy, em 1998, Mario Covas virou o jogo e se reelegeu a partir de um mote único: moral.

Conseguiu em pouco mais de 20 dias mostrar que os fins não justificam os meios, que o “rouba, mas faz” não é bordão para eleitor algum se orgulhar. Dividiu a eleição em os com e os sem-moral.

A vitória de Covas desmente com fatos – algo que petistas não gostam muito – a declaração do ministro Gilberto Carvalho de que nunca se deu bem quem aposta no uso de temas morais.

Há 14 anos os tempos eram outros. Ainda que a contragosto de José Dirceu – que convocara a militância para derrotar Covas “nas urnas e nas ruas” – o governador recebeu o apoio de Marta e do PT, em nome de manter São Paulo longe da roubalheira.

Hoje, o PT de Lula posa sorridente nos jardins da mansão de Maluf para receber o apoio de quem Marta taxou como nefasto. Alia-se ao que há de mais retrógado na política - sarneys, collors e renans -, e ainda tem o desplante de colocar o conservadorismo na conta dos adversários.

Chama a Suprema Corte do país de tribunal de exceção. Oito dos 10 ministros do STF foram indicados por Lula e Dilma. E, certamente, o PT considera ingratidão que seis deles tenham acatado a denúncia de Roberto Gurgel, procurador-geral também nomeado por Lula e reconduzido por Dilma.

Pior. O PT reedita, de um jeito moderninho e com ares de nobreza, o jargão eternizado para Adhemar de Barros e plagiado para Maluf.

“A população tem sabedoria para entender que o que vale é a prática de um projeto que está mudando o Brasil”, disse Carvalho ao explicar por que “não é inteligente” usar o mensalão na campanha eleitoral.

Expõe, sem constrangimento, o raciocínio que norteou a voracidade com que o partido abocanhou o Estado. Os crimes não têm a menor importância. Foram cometidos em nome de um projeto, em nome do que o PT considera ser melhor para o povo.
Imoral? E daí?

Safo, o ministro não quer é ver campanhas a mostrar os responsáveis por corrupção, peculato, uso de dinheiro público para comprar parlamentares, desrespeitando o eleitor.

Assim como já vem fazendo ao demonizar as transmissões ao vivo do julgamento, ao desacatar o STF e culpar a imprensa pelas condenações de seus ícones, o PT fará de tudo para o eleitor ignorar a gravidade dos atos de seu governo. Quer manter o tema distante do povo.

Apostam na ignorância. Um trunfo que deixaria qualquer um envergonhado. Mas nunca o PT, que já mostrou que faz qualquer coisa para vencer. Como diz Carvalho, vale tudo.

14 de outubro de 2012
Mary Zaidan é jornalista, trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília.

 

FRASE DO DIA


O Lula não dá cheque em branco pra ninguém. Ele delega, mas controla, cobra. Sabe de tudo o que acontece. Quem acha o contrário nos subestima.
 
José Dirceu, em entrevista à revista Playboy, em 2006

14 de outubro de 2012

IMAGEM DO DIA

  • Próxima Foto
  • Em Agartala, indiana arruma utensílios em fábrica de alumínio
    Em Agartala, indiana arruma utensílios em fábrica de alumínio - Reuters
     
    14 de outubro de 2012

    NA CABECEIRA DA PISTA

     

    Candidato a presidente, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ainda não é, mas está no páreo e deixa isso muito claro: avisa aos navegantes que não tem "temperamento para vice" enquanto pavimenta o terreno com base na arte de fazer amigos e influenciar pessoas.

    Não cria conflitos, trabalha para dirimir os existentes e só coleciona os contenciosos absolutamente necessários. Um exemplo é a tênue, porém picante, tensão com o PT de cuja órbita procura distanciar o PSB.

    No plano local, já entrou na eleição reconciliado com o senador Jarbas Vasconcelos, adversário durante 20 anos. Quando saiu dela vitorioso no primeiro turno em Recife, tratou logo de pedir desculpas aos que "eventualmente tenha ofendido" no calor da disputa.

    Na cena nacional, desfila de braço dado com o ex-presidente Lula, reafirma os laços com a presidente Dilma Rousseff, confere substância ao PSD de Gilberto Kassab, já é visto como objeto de desejo no PMDB e cultiva as melhores relações com o PSDB.

    Dividiu vitória com Aécio Neves em Belo Horizonte e recebe mensagens constantes de interlocutores de Fernando Henrique Cardoso a quem confere toda deferência.

    O que isso tudo quer dizer?
    Por ora significa que é tempo de semeadura.

    Não se consegue obter de Eduardo Campos uma resposta precisa sobre prováveis alianças nem sobre nada que diga respeito ao seu futuro político.

    Em parte porque ele mesmo não tem respostas precisas, em parte porque não lhe é conveniente revelar o conteúdo de certas tratativas.
    O governador capta as mensagens e decodifica.

    Para ele, no momento o PSDB joga - "com acerto, do ponto de vista da oposição" - na cizânia da base governista e atua para abrir espaço na tropa que em tese estaria unida para sustentar a reeleição de Dilma, em 2014.

    Nesse caso, o PSB seria um ótimo parceiro por dois motivos: representaria a "renovação" com mais eficácia que o PSDB - desgastado depois de oito anos de Presidência e outros tantos de embate com o PT - e tem em Pernambuco um porto seguro no Nordeste.

    Kassab, se José Serra perder em São Paulo, aposta que "vai trabalhar com Dilma". Em ministério, para ele ou correligionário próximo. Terminado o mandato na Prefeitura, vai precisar de uma referência de poder "para cuidar daquelas 50 crianças". Vale dizer, a bancada de deputados federais que filiou ao PSD.

    Sobre sua permanência ao lado de Lula, Dilma e do PT, a posição de Eduardo Campos é mais complexa.

    Não fecha nem deixa a porta completamente aberta. Simplesmente não põe (ainda) essa aliança em jogo. Fala dela como quem procura manter o distanciamento do analista.

    Na visão do governador, primeiro de tudo há uma questão a ser resolvida - a agenda do governo - e o equívoco a ser corrigido - a maneira de tratar os aliados.

    A pauta do Planalto, na opinião dele, não pode ser eleitoral. "A governo algum interessa a antecipação de disputas, pois dissemina a desagregação e resulta em perda antecipada de poder."

    O melhor a fazer é se dedicar a uma "agenda de vida real": situação dos Estados e municípios, crescimento da economia, seca no Nordeste, royalties do petróleo, investimento em infraestrutura, fornecimento de energia e por aí vai uma gama enorme de problemas.

    A arrogância no trato com os parceiros não tem sido boa conselheira para o PT que por ela levou uma surra memorável em Recife e deixou Aécio Neves levar adiante seu plano de reafirmar a liderança em Belo Horizonte. "Falta vocação e humildade para engolir sapos", aponta.

    Se quiser chegar forte em 2014, Eduardo Campos acha que o governo precisa se apressar, sem perder de vista a data limite. Em outubro de 2013 vence o prazo de filiação partidária para os candidatos à eleição do ano seguinte quando, então, estará oficialmente aberta a temporada da sucessão.

    14 de outubro de 2012
    DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo

    AS ÚLTIMAS DO ANEDOTÁRIO "POLÍTICO" BRASILEIRO PESCADAS NO SANATÓRIO GERAL

    Fala, Pizzolatto!

    “Sou inocente, estou sobrevivendo à base de remédios, isso é uma violência ao ser humano. No dia em que eu recebi a notícia não enfartei porque…eu dou graças a Deus”.

    Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil, condenado por unanimidade no julgamento do mensalão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato, contando tudo o que anda acontecendo a ele para não contar o que aconteceu com aquele pacote de dinheiro.

    Faroeste à brasileira

    “Estou indignado. Uma injustiça monumental foi cometida.”

    José Genoino, confirmando que o Brasil agora é um faroeste em que os vilões que exageram nos pontapés na lei demitir o juiz nomeado pelo chefão do bando e prender os mocinhos.

    Trinca desunida

    “A Corte errou. A Corte foi, sobretudo, injusta, condenou um inocente”.

    José Genoino, depois de condenado por corrupção ativa pelo Supremo Tribunal Federal em companhia de José Dirceu e Delúbio Soares, informando que, se só um inocente foi punido, pelo menos dois integrantes da trinca merecem cadeia.

    Por pouco

    “Comigo, a falta de provas possibilitou que eu tenha esse resultado.”

    Professor Luizinho, capturado por Celeraman explicando que foi inocentado pelo STF porque, para sorte dele, não foram encontradas as provas que abundaram no julgamento do trio formado pelos companheiros Dirceu, Genoino e Delúbio.

    Erva pública

    “Isso é uma maldade. O acordo foi feito em torno de alinhamento de campanha”.

    Michel Temer, vice-presidente da República e chefe de ajuntamento, capturado por Celso Arnaldo contestando os maldosos que insinuam que o apoio de Gabriel Chalita a Fernando Haddad se prenda a mais cargos no governo e negando a própria natureza do PMDB, o partido urso-panda — que, a exemplo deste, que só come bambu, é movido a um único alimento: erva pública

    Professor de mensalão

    “O uso político do mensalão não é inteligente”.

    Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e caixa-preta do PT, ao recomendar a José Serra que esqueça os quadrilheiros condenados no segundo turno da eleição em São Paulo, ensinando que, embora dê cadeia, inteligente é usar o mensalão só para comprar partidos, subornar meio mundo, transformar o Judiciário e o Legislativo em apêndices da seita chefiada pelo mestre Lula e fundar o Brasil bolivariano.

    Campeão de popularidade

    “Todos gostam muito do Genoino”.

    Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e caixa-preta do PT, confirmando que a fila formada por amigos de José Genoíno nos dias de visita à cadeia vai dar a volta no quarteirão.

    Doutor em hipocrisia

    “Foi uma hipocrisia”.

    Lula, depois da condenação de José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, sem esclarecer se enfim começou a confessar tudo ou se vai apenas aumentar o tamanho do monumento à hipocrisia que vem erguendo desde a descoberta da roubalheira do mensalão.

    Tem dono

    “Em juízo, há apenas a palavra de Roberto Jefferson apontando José Dirceu como mentor do mensalão, que, como já foi destacado, trata-se de um inimigo deste corréu”.

    Dias Toffoli, ministro do Supremo Tribunal Federal por ter sido advogado do Lula e assessor de José Dirceu na Casa Civil, mostrando em poucas palavras que continua obediente aos antigos patrões e por que foi reprovado duas vezes no concurso de ingresso na magistratura.

    Bom de serviço

    “Ele prestou grandes serviços ao governo”.

    Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e caixa-preta do PT, sobre o companheiro José Genoino, fingindo ignorar que o maior dos serviços que prestou ao governo Lula vai render uma temporada na cadeia ao ex-presidente do PT.

    14 de outubro de 2012
    Sanatório Geral
    Augusto Nunes, Veja

    AGONIA DO STF REACENDE DIVISÃO INTERNA DO PT

    ACondenação de corruptos pelo STF aumenta guerra entre facções do PT
     

    Ao condenar por corrupção ativa José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, o STF riscou um fósforo que reacendeu o pavio da divisão interna do PT.
    Ressurgiram na legenda as críticas à hegemonia exercida pelo diretório de São Paulo. Em privado, um petista gaúcho resumiu a cena: o PT que o Supremo Tribunal Federal acaba de condenar é o PT paulista, com seus métodos e seus vícios.

    Lideranças petistas de outros Estados movem-se em segredo para tentar converter as queixas fragmentadas num movimento orgânico.
    Em 2005, quando foi deslocado do Ministério da Educação para a presidência de um PT em chamas, Tarso Genro, hoje governador do Rio Grande do Sul, falava em “refundação” do PT. Agora, utilizam-se vocábulos menos drásticos: renovação e oxigenação, por exemplo.

    Deixando-se de lado o ajuste de linguagem, a causa da ebulição é essencialmente a mesma: a supremacia exercida no aparelho partidário pelo antigo Campo Majoritário, rebatizado de ‘Construindo um Novo Brasil’. Uma corrente que, personificada em José Dirceu, é vista pelos críticos como responsável por dois movimentos ruinosos.

    Num, dizimaram-se os grupos que davam ao PT a aparência de um partido vivo. Noutro, a pretexto de construir a política de alianças que pavimentou a primeira eleição de Lula, empurrou-se a legenda para um modelo que, na visão dos descontentes, desaguou no mensalão. Os “renovadores” enxergam no ocaso de Dirceu um horizonte favorável à desobstrução do debate.

    Como que farejando o cheiro de queimado, Lula leva o pé à porta. Tenha o nome que tiver – refundação, renovação ou oxigenação — a mudança de hábitos internos teria de passar por uma autocrítica que o morubixaba do PT não parece disposto a fazer.
    Na prática, significaria reconhecer que sua passagem pela Presidência desfigurou o PT.

    Tomado pelo que disse nos últimos dias, Lula prefere virar a página do mensalão para trás. Realiza-se no STF, segundo ele, um julgamento político. Passado o segundo turno, pretende dizer que Dirceu e Genoíno foram condenados injustamente, sem provas. E ponto.

    Represadas pela disputa eleitoral, as críticas que reabrem as trincas do PT tendem a crescer na proporção direta da aproximação do ano de 2013, quando o partido terá de renovar sua direção. Os petistas mais próximos de Lula acreditam que ele defenderá a recondução de Rui Falcão à presidência da legenda. O mesmo Rui Falcão que se refere ao mensalão como “uma farsa”.

    Como não há no PT nenhuma voz capaz de se contrapor à de Lula, a almejada renovação passa pelo convencimento dele. E Lula não demonstra, por ora, a menor vontade de ser convencido. Se prevalecer na disputa de São Paulo com Fernando Haddad, sua vontade será ainda menor. Mantido o quadro, diz um dos insatisfeitos, o PT perderá uma ótima oportunidade para “se reinventar”.

    Nessa versão, o partido passaria a operar com horizontes “curtos”. Bem posto para a disputa presidencial de 2014, com Dilma Rousseff, viraria na sequência uma “terra de ninguém”. Faltam-lhe nomes. Algo que, mesmo considerando-se a debilidade da oposição, abre o caminho para que um personagem como Eduardo Campos (PSB), um quase-ex-aliado, se consolide como alternativa de poder.

    Os defensores da renovação realçam que, sob Lula, os nomes que ele próprio considerava como opções presidenciais – José Dirceu e Antonio Palocci — foram dissolvidos em escândalos, forçando-o a “fabricar” Dilma. Agora, enxerga-se na fixação de Lula pelo novato Haddad um reconhecimento não declarado à inevitabilidade da busca de alternativas. Daí a pregação em favor da ‘despaulistização’ do comando partidário.

    Uma das vozes pró-renovação raciocina: se não estivesse rendido aos caprichos do grupo de São Paulo, o PT talvez tivesse facultado ao Jaques Wagner [governador da Bahia] ultrapassar a condição de mero líder estadual. Talvez não enxergasse o Tarso Genro como eterno presidenciável de si mesmo. Talvez não deixasse o senador Lindbergh Farias falando sozinho sobre a construção de uma candidatura ao governo do Rio. Talvez…

    14 de outubro de 2012
    Josias de Souza - UOL

    EXPULSÃO? NÃO! DIRETÓRIO NACIONAL DO PT EMITE NOTA PARA DEFENDER CORRUPTOS

    Reunião contou com presença de mensaleiros Dirceu e Genoíno; documento oferece eleição venezuelana como exemplo de democracia

     
    mensalao 1 512x338 Expulsão? Não! Diretório Nacional do PT emite nota para defender corruptos
     
    Leiam trecho da reportagem do portal G1, voltamos em seguida:
    O Partido dos Trabalhadores (PT) divulgou nota na noite desta quarta-feira (10) na qual avalia o desempenho da legenda no primeiro turno das eleições e celebra o resultado obtido em meio ao que considera ser uma campanha com objetivo de criminalizar o partido. “Aos ataques e manipulações, contraporemos a defesa enfática de nosso projeto estratégico”, afirma a nota. (…)
     
    O documento é resultado do encontro realizado em São Paulo com representantes do partido. Além de líderes e candidatos eleitos, participaram do encontro o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-ministro José Dirceu, condenados nesta terça-feira (9) por corrupção ativa no julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
     
    Durante o encontro, Genoino anunciou a entrega do cargo de assessor especial do Ministério da Defesa, no governo federal, e fez a leitura de uma carta na qual criticou a decisão do STF.
     
    José Dirceu publicou em seu blog um texto de agradecimento pelo apoio de correligionários no qual também afirmou que continuará lutando até provar sua inocência. “O apoio que recebi – e que continuo recebendo! – de todas as parte do Brasil, e também de amigos de fora do país, me dá forças e enche minha alma de luz e de vontade de lutar. E vamos lutar!”, diz um trecho do artigo.
    (…)
     
    Dilma e Lula se encontram

    A presidente Dilma Rousseff se reuniu nesta tarde com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Paulo, segundo assessoria da Presidência. A presidente embarcou para a capital paulista pela manhã, após se reunir com o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM).
    Ela chegou ao escritório da Presidência, na avenida Paulista, por volta das 14h; Lula chegou ao local cerca de uma hora antes. No edifício, também estão os ministros Aloizio Mercadante (Educação), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e do assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República Marco Aurélio Garcia.
     
    Nota do PT
    (…)
    “RESOLUÇÃO POLÍTICA DO DIRETÓRIO NACIONAL DO PT
    O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, reunido no dia 10 de outubro de 2012, aprova a seguinte resolução:
    (…)


    5- Nosso desempenho nas eleições municipais ganha ainda maior significado quando temos em conta que ele foi obtido em meio a uma intensa campanha, promovida pela oposição de direita e seus aliados na mídia, cujo objetivo explícito é criminalizar o PT. Não é a primeira, nem será a última vez, que os setores conservadores demonstram sua intolerância; sua falta de vocação democrática; sua hipocrisia, os dois pesos e medidas com que abordam temas como a liberdade de comunicação, o financiamento das campanhas eleitorais, o funcionamento do Judiciário; sua incapacidade de conviver com a organização independente da classe trabalhadora brasileira. Mas a voz do povo encobriu a dos que vaticinavam a destruição do Partido dos Trabalhadores.


     
    6- O voto popular trouxe valiosos ensinamentos ao PT, que devem ser debatidos e incorporados por nossa militância, inclusive para garantir um desempenho vitorioso no segundo turno. Sem nunca perder de vista o caráter local das eleições, daremos prosseguimento ao debate entre diferentes projetos nacionais, a defesa de nosso Partido e de nossas administrações, a começar pelos governos Lula e Dilma, bem como a defesa de nosso partido. Aos ataques e manipulações, contraporemos a defesa enfática de nosso projeto estratégico.
     
    7- O desempenho do PT no primeiro turno das eleições municipais brasileiras, assim como a vitória do Grande Polo Patriótico nas eleições presidenciais venezuelanas igualmente realizadas em 7 de outubro, confirmam a força da esquerda democrática, popular e socialista latino-americana e caribenha. Ampliar nossa vitória no segundo turno, inclusive conquistando voto dos milhões de brasileiros que se abstiveram, votaram branco ou nulo, constituem uma garantia a mais de que o Brasil continuará no caminho certo, de paz, integração, bem estar social e desenvolvimento.
     
    8 – Conclamamos o conjunto do partido, cada um dos nossos filiados, militantes sociais, parlamentares e governantes, a dedicar cada momento dos próximos dias à batalha do segundo turno. O futuro do Brasil e o bem estar do povo valem o esforço.
     
    Viva o povo brasileiro, viva o PT!
    São Paulo, 10 de outubro de 2012
    Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores”
    (grifos nossos)
    Comentaremos a nota do PT por partes:

    Hipocrisia

    Já que a nota falou em hipocrisia, examinemos a conduta dos mensaleiros à luz do estatuto do PT, que pode ser consultado no site do partido:
    Art. 231. Dar-se-á a expulsão nos casos em que ocorrer:
    I – infração grave às disposições legais e estatutárias;
    II – inobservância grave dos princípios programáticos, da ética, da disciplina e dos deveres partidários;
    III– infidelidade partidária;
    IV – ação do eleito ou eleita pelo Partido para cargo executivo ou legislativo ou do filiado ou filiada contra as deliberações dos órgãos partidários e as diretrizes do Programa;
    V – ostensiva hostilidade, atitudes desrespeitosas ou ofensas graves e reiteradas a dirigentes, lideranças partidárias, à própria legenda ou a qualquer filiado ou filiada;
    VI – improbidade no exercício de mandato parlamentar ou executivo, bem como no de órgãopartidário ou função administrativa;
    VII – incidência reiterada de conduta pessoal indecorosa;
    VIII – violação reiterada de qualquer dos deveres partidários;
    IX – reincidência em promover filiações em bloco que objetivem o predomínio de pessoas ou grupos estranhos ou sem afinidade com o Partido;
    X – desobediência às deliberações regularmente tomadas em questões consideradas fundamentais, inclusive pela bancada a que pertencer o ocupante de cargo legislativo;
    XI – atuação contra candidatura partidária ou realização de campanha para candidatos ou candidatas de partidos não apoiados pelo PT;
    XII – condenação por crime infamante ou por práticas administrativas ilícitas, com sentença transitada em julgado.
    Parágrafo único: A pena de expulsão implica o imediato cancelamento da filiação partidária, com efeitos na Justiça Eleitoral.
    (grifos nossos)
    Infração grave às disposições legais? Check.
    Inobservância (…) da ética [sic]? Check.
    Improbidade no exercício de mandato parlamentar, órgão partidário ou função administrativa? Check.
     
    Incidência reiterada de conduta pessoal indecorosa?
     
    A nota de Genoíno atacando o Supremo Tribunal Federal está aí para provar.
    Agora só falta o trânsito em julgado (isto é, a emissão e publicação das sentenças pelo STF) para termos também a condenação por “crime infamante” – muito apesar de Genoíno ter afirmado que não se envergonha de nada – e “práticas administrativas ilícitas”.
     
    Quantos itens desta lista um petista tem que desobedecer para ser efetivamente expulso do partido?

    Projeto Estratégico

    O PT também deseja contrapor aos “ataques e manipulações” que afirma estar sofrendo à defesa enfática de seu “projeto estratégico”. O voto do ministro Ayres Britto, presidente do STF, ontem definiu com absoluta clareza esse tal projeto:
    “É um projeto de poder que, muito mais do que a continuidade administrativa, é seca e rasamente continuísmo governamental. Golpe, portanto, nesse conteúdo da democracia que é a Republica, o republicanismo, que postula a possibilidade de renovação dos quadros dirigentes e equiparação das armas com que se disputa a prefência do voto popular.”

    Venezuela

    Por fim, a cereja no bolo. Vejam como se deu a eleição do “Grande Polo Patriótico” de Hugo Chávez (que usou até ofensas antissemitas contra seu adversário durante a campanha) no último domingo:

    http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=b7o780KbHWM

    Como diria Lula, isso é democracia “até demais”.
     
    14 de outubro de 2012
    por andremc