O Brasil é uma séria piada pronta – como mais ou menos bem prega o sábio jornalista-humorista José Simão.
O senso comum das pessoas é modificado permanentemente. Os agentes de influência, no processo ideológico, usam o sistema midiático e educacional (?) para implantar “novas” ideias, “novos” conceitos, “novos heróis”.
Tudo politicamente correto, justamente no Brasil onde se pratica a politicagem egoísta – e não a Política (que é prática de ações voltadas para o Bem Comum e para a melhoria da Coisa Pública).
É o triunfo da vontade do Imbecil Coletivo (termo do Olavo de Carvalho)
A grande massa ignorante e os autoproclamados intelectuais embarcam facilmente nas estorinhas do Boi-Tatá, reproduzindo-as e contribuindo para a distorção de valores, conceitos e significados.
O certo vira o errado, e o errado se transforma na “coisa certa”. A verdade vira mentira, e a mentira se transmuta em verdade subjetiva na cabeça da maioria. A regra vira exceção, sendo cumprida apenas quando convém.
O mesmo acontece com o senso de Justiça – que vira sinônimo de “justiçamento” ou de rigor seletivo contra alguém ou um grupo que se deseja eliminar.
A distorção mais recente é socialmente gerada e reproduzida na leitura que a maioria das pessoas faz do julgamento da Ação Penal 470 no Supremo Tribunal Federal. Exceto os petistas vitimados pela cegueira produzida pelo fanatismo que mistura política com religião, a maioria das pessoas comuns afirma ter a certeza de que o STF está praticando “Justiça”. Esta é a imagem simbólica que está sendo transmitida e reproduzida midiaticamente.
A maioria vibra com a condenação da cúpula petralha que praticou os tais crimes ligados ao popularmente conhecido “Mensalão”. O relator e futuro primeiro presidente negro do STF, Joaquim Barbosa, foi transformado em um herói nacional. Vestindo aquela toga preta, às vezes esvoaçante, no imaginário popular difundido pela internet, Barbosa virou uma espécie de Batman tupiniquim. A simbologia foi evocada pelo rigor dele no voto contra aqueles que foram midiaticamente transformados em grandes bandidos da nação.
Daqui a pouco, às 11 horas da manhã (em 12/10), um bem intencionado grupo apartidário de Brasília convocou, pelas redes sociais, um “aplaudaço”. Será em frente à sede do Supremo Tribunal Federal, na Praça dos Três Poderes. O objetivo é aproveitar o feriado de Nossa Senhora de Aparecida (santa padroeira do Brasil) para agradecer aos ministros do STF pela condenação dos mensaleiros.
Data venia - como eles costumam invocar lá no tribunal supremo -, não há motivos reais e objetivos para aplaudi-los. Se os magistrados, reunidos em plenário, por maioria tiveram a convicção de condenar alguns membros do chamado núcleo político do mensalão, apenas cumpriram com a obrigação deles de juízes. A distorção é ter de aplaudir quem cumpre com o seu dever. Como isto é raro no Brasil, virou até motivo de “aplaudaço”.
Será que merece aplauso o mesmo Supremo Tribunal Federal que jogou no ralo a soberania do Brasil ao ser conivente com o crime de lesa-pátria cometido por Luiz Inácio da Silva ao homologar a reserva Raposa/ Serra do Sol que havia sido demarcada pelo antecessor dele, Fernando Henrique Cardoso? O STF foi conivente com a criação claramente inconstitucional de uma “nação” de 1.743.089 hectares dentro do Brasil para abrigar um punhado de índios, em cujo subsolo todos sabem que existem minerais raros e valiosos a serem explorados.
Merece aplauso o mesmo STF que fez vistas grossas à Emenda Constitucional nº 45 que nos foi enfiada goela abaixo em 2004. Pelo artigo 5º, parágrafo 3º, desta estrovenga jurídica globalitária, “os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”. A reserva Raposa do Sol foi viabilizada juridicamente graças a esta Emenda 45, que obrigou o País a cumprir a Declaração Universal dos Direitos dos Indígenas - aprovada pela ONU em 13 de setembro de 2007, com o voto favorável da representação brasileira.
A questão indígena no Brasil é uma piada pronta sem graça. Pela lei, os índios são tratados como pobres selvagens que precisam ser preservados em seu estado natural. No entanto, na prática o buraco é mais embaixo. Existe um seleto grupo de índios no Brasil que está mais integrado ao globalitarismo capitalista que qualquer banqueiro internacional. Os Caiapós exploram a riqueza existente nos 3,3 milhões de hectares de sua reserva no sul do Pará (especialmente o mogno e o ouro). Os indígenas movimentaram cerca de U$ 15 milhões por ano, derrubando, em média, 20 árvores de mogno por dia e extraindo 6 mil litros anuais de óleo de castanha.
Certamente, os ministros do STF não pensaram nisso quando tomaram a decisão final sobre a homologação da reserva Raposa do Sol em 20 março de 2009, determinando a retirada de cidadãos brasileiros não indígenas da região rica em nióbio. Justiça seja editorialmente feita! Apenas o ministro Marco Aurélio Mello teve a coragem de votar contra os limites contínuos da reserva indígena, sugerindo até a anulação da demarcação e a extinção do julgamento.
Os outros dez ministros do STF aceitaram a demarcação contínua. Além do hoje herói Joaquim Barbosa, Carlos Ayres Britto (relator), Gilmar Mendes, Celso de Mello, Carmem Lúcia e Ricardo Lewandowski. Os hoje ex-ministros Eros Grau, Cesar Peluso, Elen Gracie e Carlos Alberto Direito (falecido) também foram coniventes com o crime de lesa-pátria.
Graças à famigerada Emenda Constitucional nº 45 que viabilizou a Raposa do Sol, agora os espertos advogados dos mensaleiros pretendem recorrer das condenações no STF, apelando à Corte Interamericana de Direitos Humanos, na Costa Rica. A mesma que obrigou o Brasil a colocar uma plaquinha na Academia Militar das Agulhas Negras admitindo a mentirosa versão de que um cadete morreu “vítima de torturas” em treinamento. A mesma entidade que respalda ações revanchistas da Comissão da “Verdade” e que prega a derrubada da Lei de Anistia de 1979. Nada disso merece aplaudaço. Pelo contrário, uma vaia pública em grande estilo.
Curiosamente, o herói Joaquim Barbosa – que votou a favor da homologação da Raposa Serra do Sol – agora reclama, com toda justiça, da intenção dos advogados que pretendem recorrer a cortes internacionais. Depois do caso Raposa do Sol, soa até contraditório o herói Joaquim ressaltar que as decisões do Supremo são soberanas e não subordinadas a outras instâncias:
“É um escracho para com as nossas instituições e mostra que essas pessoas que estão comandando esse movimento não pensam no País. Não pensam na consolidação das nossas instituições. Só pensam em si mesmas, em grupos e facções".
Se Barbosa prega a soberania agora, merece mesmo o aplaudaço da turma do Facebook. O duro é que, se os mensaleiros vão para o saco, a nossa soberania sobre a Raposa do Sol já foi também. E tudo graças ao mesmo aplaudido STF que agora pune os mensaleiros com todo rigor legal. A vida é assim mesmo. A Justiça não é perfeita no Brasil. Nem o Batman... Mas tomara que a sabedoria do Robin consiga valer um dia por aqui: “O Crime não compensa”.
Aplaudaços para José Simão, porque o Brasil é mesmo o País da Piada Pronta... Então, vamos aplaudir, rir e cantar, porque do mundo não se leva nada – como prega aquela musiquinha do Programa Sílvio Santos... Lá, lá, lá lá...
16 de outubro de 2012
Jorge Serrão
Fonte: Alerta Total
COMENTO: o texto expressa algo que também me preocupa. Desnecessário destacar as virtudes, tanto do Ministro Joaquim quanto dos demais Ministros do STF.
Exceção se faça à dupla "toffodowski", não pelo fato de terem sido nomeados pel'O Canalha. Mas por terem tido desempenho e conhecimento jurídico questionáveis.
Um deles, por sinal, reprovado por duas vezes em concursos para a Magistratura de 1ª instância.
A função de Relator, desempenhada com esmero pelo Ministro Joaquim contrariando expectativas de demoras e protelações, elevou o Magistrado a um patamar de "Salvador da Pátria", mesmo que o citado Ministro pareça não incentivar tal "endeusamento". Isso não é bom para o País, para a Sociedade e para a Democracia.