"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 9 de março de 2013

FINANCIAL TIMES DESCREVE TIRIRICA COMO "PALHAÇO QUE PERDEU O SORRISO"

 

Segundo jornal britânico, deputado não pretende tentar a reeleição.
Correspondente acompanhou rotina do parlamentar em Brasília.

 
Deputado federal campeão de votos, o palhaço Tiririca (PR-SP) estampou nesta terça-feira (26) a página principal da versão online do jornal britânico “Financial Times”, um dos periódicos mais prestigiados do mundo.

Intitulada de “Palhaço político do Brasil perde seu sorriso”, a reportagem resgata a trajetória do humorista brasileiro e sua imersão no cenário político, nos últimos dois anos.
Segundo a publicação, Tiririca se decepcionou com a política e, desde que foi eleito, “perdeu seu sorriso”.

O palhaço que virou deputado, em 2010, com 1,3 milhão de votos afirmou ao diário inglês que não pretende disputar a reeleição no ano que vem.

O texto destaca que ele se elegeu para o Congresso beneficiado por votos de protesto dos eleitores de São Paulo. O site do jornal relembra que os slogans da campanha eleitoral do comediante “deliberadamente” satirizavam a política brasileira.


No mais famoso deles, Tiririca confessava que não sabia o que fazia um deputado, porém, dizia que se votassem nele ele iria descobrir e contaria aos eleitores.

“Você passa dias inteiros fazendo nada, só aguardando para votar alguma coisa enquanto as pessoas discutem e discutem”, ressaltou o palhaço.


O correspondente do “Financial Times” que redigiu o texto acompanhou a rotina do parlamentar em Brasília. Segundo o relato, para se entrar no gabinete de Tiririca na Câmara dos Deputados é preciso transpor uma multidão de pessoas que se aglomeram na porta de entrada do recinto.

“Há dias em que nós temos de chamar os seguranças para nos ajudar a deixar o gabinete”, contou Tiririca à publicação nglesa. Ele também disse ao jornal que todos os dias cerca de 150 fãs ingressam no Congresso apenas para fazer fotos ao lado dele.


Imagem do site do 'Financial Times' com reportagem sobre o deputado Tiririca (Foto: Reprodução)Imagem do site do 'Financial Times' com reportagem sobre o deputado Tiririca (Foto: Reprodução)
 
O “Financial Times” comparou Tiririca ao comediante italiano Beppe Grillo, criador do Movimento Cinco Estrelas, ou M5S. Representando o voto de contestação, Grillo se tornou uma liderança política no país europeu. Seu grupo se saiu bem nas eleições legislativas e passou a ser visto como "curinga" na Itália.

Ao descrever a entrada de Tiririca na política nacional, em 2010, o jornal inglês disse que, à época, ele foi visto como uma piada pela elite política brasileira ao chegar a Brasília.

No entanto, diz o texto, desde que trocou o picadeiro pelo plenário da Câmara, se tornou um dos parlamentares mais destacados da Casa, “pelo menos em termos de assiduidade”. “E inverteu a piada sobre o Congresso, criticando-o por sua ineficiência”, diz o jornal.

A reportagem ressalta ainda que Tiririca faz parte de um crescente número de celebridades que trocaram os holofotes pelos carpetes verdes da casa legislativa. O periódico relaciona no rol de “estrelas” do Congresso Nacional o ex-jogador da Seleção Romário e o ex-boxeador Acelino “Popó” Freitas.

Tiririca disse à publicação que ninguém tentou corrompê-lo na Câmara desde que assumiu seu mandato. Mas ele observou que a corrupção “é uma realidade da instituição”, referindo-se às compras de votos que levaram políticos de diversos partidos a serem condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento no esquema do mensalão.

“Aqueles que cometem coisas erradas não irão parar, porque esse mundo funciona dessa forma, mas eles passarão a tomar mais cuidado”, avaliou o deputado. “O que faz um parlamentar? Ele trabalha um monte e produz pouco. Essa é a realidade”, ironizou.

09 de março de 2013
Fabiano Costa, Do G1, em Brasília

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE




09 de março de 2013

O FORO DE SÃO PAULO

                  Conheça o onagro !

 
Foro de S  o Paulo   XII Encontro

Em junho de 1988 foi realizada a 19ª Conferência do Partido Comunista da União Soviética. Naquela oportunidade debateram-se os caminhos da “PERESTROIKA” de Mikhail Gorbachev, e já se vislumbrava a eminente queda do Muro de Berlim, o que de fato aconteceu em 9/11/1989.

Com a queda do Muro e com o desmoronamento planejado do comunismo pela União Soviética, Fidel Castro e as esquerdas latino-americanas perderam seu tutor financeiro e ideológico, a Rússia. Era preciso, portanto, articular a criação de um organismo que pudesse manter viva a “chama ideológica marxista-leninista”, bem como orientar e coordenar as suas ações comunistas no Continente.

Antes, porém, em janeiro de 1989, em Havana, por ocasião da reunião de cúpula do Partido Comunista de Cuba e o PT do Brasil foi estabelecido que, se Lula não ganhasse as eleições em novembro de 1989, deveria ser formada uma organização para coordenar as ações de toda a esquerda continental e que a liderança e organização do processo caberia a Luiz Inácio “Lula” da Silva. Portanto, Fidel já sabia dos planos arquitetados na 19ª Conferência do Partido Comunista e preparava terreno no Continente.

Aproveitando o poder parlamentar que tinha o Partido dos Trabalhadores (PT) no Brasil, Fidel Castro, com o apoio de Luis Inácio “Lula” da Silva, convocou os principais grupos terroristas revolucionários da América Latina para uma reunião na cidade de São Paulo.

Acudiram ao chamado de Fidel e Lula, além do próprio PT e do Partido Comunista de Cuba, o Exército de Libertação Nacional (ELN), as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) da Nicarágua, a União Revolucionária Nacional da Guatemala (URNG), a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN) de El Salvador, e o Partido da Revolução Democrática (PRD) do México.

O primeiro Encontro aconteceu no Hotel Danúbio na cidade de São Paulo, no período de 1 a 4 de julho de 1990. O nome “FORO DE SÃO PAULO” foi adotado na segunda reunião realizada na cidade do México, no período de 12 a 15 de junho de 1991, quando reuniu 68 organizações de 22 países. E assim nasceu o FORO DE SÃO PAULO.
Uma coalizão de terroristas revolucionários, partidos comunistas, partidos de esquerda, enfim, a escória do Continente latino-americano, Caribe e América Central.

Para dirigi-lo centralizadamente, foi criado um Estado Maior civil constituído por Fidel Castro, Lula, Tomás Borge e Frei Betto, entre outros, e um Estado Maior militar, comandado também pelo próprio Fidel Castro, além do líder sandinista Daniel Ortega e o argentino Enrique Gorriarán Merlo [1].

Em 1991, foram elaborados os estatutos do Foro e escolhida uma direção que ficou composta pelo Partido Comunista Cubano (Cuba), Partido da Revolução Democrática (México), Partido dos Trabalhadores (Brasil), Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (El Salvador), Movimento Lavalas (Haiti), Movimento Bolívia Livre e os 6 partidos integrantes da Esquerda Unida (Peru) e da Frente Ampla (Uruguai, uma frente constituída por diversos partidos e organizações, dentro da qual o Movimento Tupamaros é hegemônico). Em 1992, a URNG – União Revolucionária Nacional Guatemalteca, que agrupa várias organizações voltadas para a luta armada, foi admitida como membro dessa direção.

A partir do II Encontro, realizado no México no período de 12 a 15 de junho de 1991, o FORO DE SÃO PAULO passou a ter CARÁTER CONSULTIVO e DELIBERATIVO dos Encontros. Isso significa que as decisões aprovadas em plenárias e constantes das Declarações finais passaram, a partir de então, a ser consideradas DELIBERATIVAS, isto é, DECISÓRIAS EM TERMOS DE ACEITAÇÃO e CUMPRIMENTO pelos membros do Foro, subordinando-os, portanto, aos ditames dos Encontros na ação a ser desenvolvida em nível internacional e nos respectivos países.

Tais deliberações obedecem a uma política internacionalista, com vistas à implantação do socialismo no continente, fato que transfere para um segundo plano os interesses nacionais e fere os princípios da soberania e autodeterminação. A Lei Orgânica dos Partidos Políticos (LOPP) e a Constituição da República definem que “A ação do partido tem caráter nacional e é exercida de acordo com o seu estatuto e programa, sem subordinação a entidades ou governos estrangeiros” (artigo 17 da Constituição e item II, artigo 5º da LOPP). Isso no conceito dos dirigentes dos países membros do FORO DE SÃO PAULO é letra morta.

O FORO DE SÃO PAULO foi descoberto por José Carlos Graça Wagner, um advogado paulista e que o denunciou publicamente em 1º de setembro de 1997, em painel realizado na Escola Superior de Guerra, que versava sobre o tema “Movimentos Sociais e Contestação Sócio-Política – a Questão Fundiária no Brasil”.
Com a sua morte, passou a acompanhar e denunciar a formação “eixo do mal” pelo Foro de São Paulo, o jornalista, filósofo e ensaísta, Olavo de Carvalho, o que lhe custou o emprego no jornal “O Globo” e muitos outros periódicos nos quais era articulista.

O FORO DE SÃO PAULO permaneceu no mais absoluto anonimato, eficientemente protegido pela mídia brasileira, toda ela engajada no esquerdismo marxista. O publico brasileiro, mais atento, somente tomou conhecimento e muito discretamente, quase que imperceptivelmente, por ocasião do 7º Encontro realizado na cidade de Porto Alegre em julho de 1997.
Foi apenas uma discreta aparição que a imprensa brasileira procurou ocultar por meio da suspensão de todo e qualquer destaque que pudesse levantar suspeitas do que se tratava esse encontro, apesar de presentes 158 delegados, 58 partidos procedentes de 20 países, 36 organizações fraternas e cerca de 400 representantes de partidos e organizações de esquerda do continente.

No dia 2 de julho de 2005, por ocasião do XII Encontro ocorrido em São Paulo, se comemorou os 15 anos de fundação da organização, com discurso laudatório do presidente do Brasil cujo trecho selecionado é reproduzido a seguir:

“Foi assim que nós pudemos atuar junto a outros países com os nossos companheiros do movimento social, dos partidos daqueles países, do movimento sindical, sempre utilizando a relação construída no Foro de São Paulo para que pudéssemos conversar sem que parecesse e sem que as pessoas entendessem qualquer interferência política. Foi assim que surgiu a nossa convicção de que era preciso fazer com que a integração da América Latina deixasse de ser um discurso feito por todos aqueles que, em algum momento, se candidataram a alguma coisa, para se tornar uma política concreta e real de ação dos governantes. Foi assim que nós assistimos a evolução política no nosso continente.”

“E é por isso que eu, talvez mais do que muitos, valorize o Foro de São Paulo, porque tinha noção do que éramos antes, tinha noção do que foi a nossa primeira reunião e tenho noção do avanço que nós tivemos no nosso continente, sobretudo na nossa querida América do Sul.”

“Por isso, meus companheiros, minhas companheiras, saio daqui para Brasília com a consciência tranqüila de que esse filho nosso, de 15 anos de idade, chamado Foro de São Paulo, já adquiriu maturidade, já se transformou num adulto sábio. E eu estou certo de que nós poderemos continuar dando contribuição para outras forças políticas, em outros continentes, porque logo, logo, vamos ter que trazer os companheiros de países africanos para participarem do nosso movimento, para que a gente possa transformar as nossas convicções de relações Sul-Sul numa coisa muito verdadeira e não apenas numa coisa teórica.”

(Discurso de comemoração dos 15 anos do Foro, julho de 2005)

A documentação acerca do FORO DE SÃO PAULO jamais teve ampla divulgação, tendo sido inicialmente publicado apenas na edição doméstica do GRANMA, órgão oficial do Partido Comunista Cubano.
Na edição internacional nada transpirou. Mais tarde, passou a ter algum tipo de noticiário restrito em poucos jornais de alguns países e, até numa revista editada na Argentina chamada “América Libre”, quase de circulação interna, dirigida por Frei Betto.

O objetivo do Foro de São Paulo é implantar governos socialistas na América Latina, via eleições “democráticas”, que mais tarde serão convertidos em governos totalitários, a exemplo do modelo cubano em vigor, tudo sob a falsa retórica de “democracia”, tal como eles, os comunistas entendem.

Os campos de atividade do Foro são a subversão política e social de todo o continente latino-americano. Veja-se o caso de Zelaya na embaixada brasileira em Honduras. Tudo sob a falsa retórica da “democracia”, repito.
Trata-se, portanto, de uma organização que se mantém no anonimato para que seus projetos totalitários não sejam identificados antes que se complete o plano de dominação e implantação do pensamento hegemônico no Brasil e no continente Latino-americano. Para este desiderato o FORO DE SÃO PAULO conta com o apoio da ONU e da OEA.

Desde a sua fundação, o Foro realizou quinze encontros segundo a cronologia a seguir:

I – São Paulo (Brasil) de 1 a 4 de julho de 1990
II – Cidade do México (México) de 12 a 15 de junho de 1991
III – Manágua (Nicarágua) de 16 a 19 de julho de 1992
IV – Havana (Cuba) de 21 a 24 de julho de 1993
V – Montevidéu (Uruguai) de 25 a 28 de maio de 1995
VI – San Salvador (El Salvador) de 26 a 28 de julho de 1996
VII – Porto Alegre (Brasil) de 27 a 31 de julho de 1997
VIII – Cidade do México (México) novembro de 1998
IX – Manágua (Nicarágua) fevereiro de de 2000
X – Havana (Cuba) de 4 a 7 de dezembro de 2001
XI – Antigua (Guatemala) de 2 a 4 de dezembro de 2002
XII – São Paulo (Brasil) de 1 a 4 de julho de 2005
XIII – San Salvador (El Salvador) de 12 a 16 de janeiro de 2007
XIV – Montevidéu (Uruguai) de 23 a 25 de maio de 2008
XV – Cidade do México (México) de 20 a 23 de agosto de 2009


Como vimos, participam do FORO DE SÃO PAULO partidos e organizações de esquerda, reformistas e revolucionárias; Partidos Comunistas que se definem como marxistas-leninistas; organizações e grupos trotskistas; Partidos Comunistas que continuam se definindo como marxistas-leninistas-maoístas (da Argentina, Peru e Uruguai) e que possuem uma articulação internacional própria em 17 países; Partidos Socialistas filiados ou não à Internacional Socialista; organizações que continuam desenvolvendo processos de luta armada, como as FARC e ELN, na Colômbia e organizações que participaram da luta armada e hoje atuam na legalidade, como o Movimento 19 de Abril, também da Colômbia e os Tupamaros, do Uruguai.

Esta é, portanto, a breve radiografia do FORO DE SÃO PAULO, uma organização que os brasileiros não conhecem e a maioria nem sabe que existe, e cujo objetivo maior é comprar a sua alma para vendê-la ao demônio.

[1] Enrique Gorriarán Merlo foi o fundador do Exército Revolucionário do Povo (ERP) e posteriormente do Movimento Todos pela Pátria (MTP). Gorriarán Merlo foi, também, o autor do ataque terrorista em janeiro de 1980 ao regimento de infantaria La Tablada, em Buenos Aires, no qual morreram 39 pessoas, e foi quem encabeçou a esquadra que assassinou Anastásio Somoza em Assunção, Paraguai, em setembro de 1980. Organizou a máquina militar do Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA), o mesmo que tomou a residência do embaixador japonês em Lima.

09 de março de 2013
Anatoli Oliynik

LULÂNDIA, O REINO DA AVACALHAÇÃO

 


Bastou o intervalo das festas de fim de ano, das férias nas praias ou no exterior quando ninguém pensa em dívidas, contas a pagar, despesas que virão para que Lula da Silva ressurgisse do conveniente mutismo e retomasse os preparativos para sua “treeleição”.

De fato o ex-presidente nunca deixou de exercer o poder. Recorde-se que tentou impedir o julgamento do mensalão chantageando o ministro Gilmar Mendes para que esse adiasse o julgamento. Como isto não funcionou ordenou ao Congresso que realizasse a CPI do Cachoeira, uma espécie de cortina de fumaça para desviar a atenção sobre as condenações dos quadrilheiros do PT que poderiam atrapalhar as eleições municipais de 2012. A CPI acabou condenando apenas o senador Demóstenes Torres e prendendo o contraventor sem que nada acontecesse a Delta e a grande rede nacional de políticos envolvidos na trama. Deste modo a farsa se converteu em um dos maiores espetáculos de degradação já apresentados pelo Congresso Nacional.

Consta também que a presidente Rousseff, gerente dos apagões e pibinhos, não dá um passo sem consultar seu chefe e inventor que assim demonstra quem é o verdadeiro presidente da República.

Contudo, após as acusações de Marcos Valério que indicaram Lula da Silva como chefe e beneficiário do “mensalão”, este se calou. Especialmente depois da eclosão do fragoroso escândalo no qual ficou demonstrado que a amante, Rosemary Nóvoa de Noronha, não só desfrutava de maravilhosas viagens presidenciais pagas por nós, os contribuintes, mas nomeava através do “tio Lula” uma quadrilha de trambiqueiros, falsificadores, fraudadores de pareceres, o ex-presidente deu em fugir da imprensa. Fato grotesco ocorreu em Barcelona quando o poderoso Lula bateu em veloz retirada através da lavanderia do hotel em que se encontrava hospedado e escapuliu dos repórteres pela porta dos fundos.

Agora, enquanto o povo em férias se entretém com os preparativos do carnaval, Lula da Silva emerge anunciando futuras caravanas pelo Brasil. Ao mesmo tempo, faz saber que assumirá as negociações com a base aliada. Portanto, após ter nomeado o ministério de Rousseff na prática está demitindo a fiel Ideli de suas funções de ministra das Relações Institucionais, ou seja, do ministério do balcão de negócios, posto muito conveniente para quem é candidato.

Além do mais, para mostrar quem manda de verdade Lula da Silva se reuniu com seu outro poste, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad e secretariado para dar as ordens e ministrar lições de populismo.

Em países de instituições sólidas, Poderes independentes e igualmente fortes, de oposição para valer tal avacalhação seria impensável. Mesmo no Brasil nenhum ex-presidente chegaria a tanta desfaçatez e lambança. Mas, na Lulândia tudo é permitido porque o povo elegeu e continua aplaudir o grão senhor Lula. Algo que faz parte de nossa cultura da avacalhação desde os tempos coloniais.

Além do mais, como não existe oposição, exceto uma ou outra voz solitária, Genoino, um dos condenados petista do mensalão tomou posse como deputado federal decretando o fim da ficha limpa. Se isto foi legal, como dizem seus defensores, foi imoral e abjeto.

Em outra manifestação típica da Lulândia membros do PT, inclusive, a juventude petista organizaram um jantar com o objetivo de arrecadar fundos para pagar as multas dos companheiros criminosos.

Alguns militantes acreditam ou fingem acreditar que os companheiros quadrilheiros, coitadinhos, foram injustiçados, condenados sem provas, vítimas da imprensa maldosa e da oposição que não existe. Por sua vez a CUT, braço sindical do PT, fez ato para anular sentenças do STF. Hilariante piada de salão como diria Delúbio Soares.

Enquanto segue a politicagem, por mais que ministro Mantega distorça dados da economia e faça mágicas para adulterar resultados, a inflação acelera, progride a inadimplência, aumenta a devolução de cheques sem fundo.

Com a projeção do endividamento da Petrobras virá o aumento dos combustíveis tantas vezes adiado politicamente e com ele mais inflação, apesar de que os reajustes previstos apenas amenizarão a piora do endividamento.
 
Acrescente-se que as previsões da economia para 2013 não são das melhores. Segundo, por exemplo, Flávio Castelo Branco, gerente executivo do Núcleo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI): “Se a economia seguir um padrão fraco como o de 2012, a desaceleração alcança o mercado de serviços e aí podemos ter uma contaminação do mercado de trabalho”.

Rousseff está em campanha e fez comício em cadeia nacional de rádio e TV para anunciar redução de tarifas de energia. Entretanto, no cenário sombrio que se desenha para a economia de 2013, a quem o povo recorrerá como salvador da pátria? É fácil adivinhar. Que o digam os invasores do Instituto Lula que não perderam tempo indo à Brasília.

09 de março de 2013
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

PENAS DO MENSALÃO DO PT SERÃO APLICADAS ATÉ JULHO, MAS HÁ MAIS CRIMES SENDO INVESTIGADOS NO CASO

 


Sem saída – Durante entrevista a jornalistas estrangeiros que cobrem o cotidiano da política nacional, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, disse que as penas decorrentes da Ação Penal 470 (Mensalão do PT) serão aplicadas até 1º de julho, como anunciado pelo uchoinfo por ocasião da conclusão do julgamento em plenário.

Com a publicação do acórdão, os advogados dos réus condenados terão direito a recursos, os chamados embargos de declaração e embargos infringentes. Encerrada essa fase, as penas começarão a ser aplicadas.

De acordo com Joaquim Barbosa, as penas de prisão dependem da conclusão do processo para que sejam executadas. “As ordens de prisão devem ser expedidas antes desta data”, declarou o presidente do STF.

Questionado se as penas impostas aos réus no maior escândalo de corrupção da história política do País não foram duras, Barbosa disse que as penas foram “baixíssimas” se considerada a magnitude do caso, que até então se resume ao desvio de mais de R$ 100 milhões dos cofres públicos, dinheiro que foi utilizado na compra de parlamentares no Congresso Nacional, os quais garantiram a aprovação de inúmeros projetos de interesse do então presidente Lula.

Entre os 25 condenados estão José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil; José Genoino, ex-presidente do PT; Delúbio Soares, ex-tesoureiro do partido; e o atual deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP).

Fase II

Engana-se quem pensa que o caso do Mensalão do PT termina com o fim do julgamento da Ação Penal 470 e a aplicação das respectivas penas. O esquema criminoso foi muito maior do que anunciado até agora e há muito mais crimes a serem investigados. Em termos financeiros, o caixa do Mensalão do PT movimentou mais de R$ 300 milhões, sendo que o objetivo da operação, segundo o ex-petista Silvio Pereira, era chegar à casa de R$ 1 bilhão. Ou seja, o que foi julgado pelo STF é a ponta de um enorme iceberg de crimes.

Além do dinheiro público desviado por meio do Banco do Brasil (leia-se Visanet), o Mensalão serviu para repatriar o dinheiro das propinas arrecadadas em Santo André, que estava depositado em contas no exterior e culminou com o assassinato do ex-prefeito Celso Daniel. Reforçou o caixa do Mensalão do PT o dinheiro disponibilizado por alguns empresários que, interessados em realizar com o governo Lula, usaram Marcos Valério como rota de passagem.

Quando essas duas conexões adicionais do caso do Mensalão do PT forem elucidadas pelas autoridades, o estrago será ainda maior nas searas política, financeira e empresarial, principalmente no setor de telecomunicações, onde vez por outra sobram oportunistas.
 
09 de março de 2013
in lilicarabina

A MAIOR TRAMA CRIMINOSA DE TODOS OS TEMPOS

 
O pioneiro inconteste na investigação do fenômeno "Foro de São Paulo" foi o advogado paulista José Carlos Graça Wagner, homem de inteligência privilegiada, que muito me honrou com a sua amizade. Ele já falava do assunto, com aguda compreensão da sua importância histórica e estratégica, por volta de 1995, quando o conheci.
Em 1999, a documentação que ele vinha coletando sobre a origem e as ações da entidade lotava um cômodo inteiro da sua casa, e uma prova da criteriosidade intelectual do pesquisador foi que só a partir de então ele se sentiu em condições de começar a escrever um livro a respeito. Na ocasião, ele me chamou para ajudá-lo no empreendimento, mas eu estava de partida para a Romênia e, com muita tristeza, declinei do convite.

Maior ainda foi a tristeza que experimentei anos depois, quando, ao retomar o contato com o Dr. Wagner, soube que o projeto tinha sido interrompido por uma onda súbita e irrefreável de revezes financeiros e batalhas judiciais, que terminaram por arruinar a saúde do meu amigo e de sua esposa, ambos já idosos.
Não sai da minha cabeça a suspeita de que a perigosa investigação em que ele se metera teve algo a ver com a repentina liquidação de uma carreira profissional até então marcada pelo sucesso e pela prosperidade.

Ele tinha negócios nos EUA e era também lá, nas bibliotecas e arquivos de Miami e de Washington D.C., que ele coligia a maior parte do material sobre o Foro. Nos últimos anos, a pesquisa havia tomado um rumo peculiar. O Dr. Wagner esperava encontrar provas de uma ligação íntima entre o Foro de São Paulo e uma prestigiosa entidade da esquerda chique americana, o "Diálogo Interamericano".
Não sei se essa prova específica existe ou não, nem se ela é realmente necessária para demonstrar algo que metade da América já conhece por outros e abundantes sinais, isto é, que os líderes mais barulhentos do Partido Democrata são notórios protetores de movimentos revolucionários e terroristas (de modo que o Foro, se acrescentado à lista, não modificaria em grande coisa as biografias desses personagens vampirescos).

O que sei é que o começo da ruína pessoal do meu amigo data aproximadamente de uma entrevista que ele deu ao Diário Las Américas, importante publicação de língua espanhola em Miami, na qual falava do Foro de São Paulo e de suas relações perigosas com o "Diálogo".
Mas isto já seria matéria para outra investigação, e longe de mim a intenção de explicar obscurum per obscurius. Mesmo sem poder prometer a solução para esse aspecto particularmente enigmático do problema, uma coisa posso garantir: os arquivos do Dr. Wagner, recentemente postos à disposição da equipe de pesquisadores do Mídia Sem Máscara e da Associação Comercial de São Paulo, pela generosidade de José Roberto Valente Wagner, permitem retomar a investigação com a esperança de que antes de um ano teremos pelo menos a história interna do Foro de São Paulo reconstituída praticamente mês a mês. Então será possível colocar em bases mais sólidas a questão do "Diálogo", mas antes disso será preciso resolver outro enigma, bem mais urgente e bem mais próximo de nós.

Vou formular esse enigma mediante o contraste entre duas ordens de fatos:

Primeira: O Foro de São Paulo é a mais vasta organização política que já existiu na América Latina e, sem dúvida, uma das maiores do mundo. Dele participam todos os governantes esquerdistas do continente. Mas não é uma organização de esquerda como outra qualquer.
Ele reúne mais de uma centena de partidos legais e várias organizações criminosas ligadas ao narcotráfico e à indústria dos seqüestros, como as FARC e o MIR chileno, todas empenhadas numa articulação estratégica comum e na busca de vantagens mútuas. Nunca se viu, no mundo, em escala tão gigantesca, uma convivência tão íntima, tão persistente, tão organizada e tão duradoura entre a política e o crime.

Segunda: Durante dezesseis anos, todos os jornais, canais de TV e estações de rádio deste País – todos, sem exceção, inclusive aqueles que mais se gabavam de primar pelo jornalismo investigativo e pelas denúncias corajosas – se recusaram obstinadamente a noticiar a existência e as atividades dessa organização, malgrado as sucessivas advertências que lhes lancei a respeito, em todos os tons possíveis e imagináveis.
Do aviso solícito à provocação insultuosa, das súplicas humildes às argumentações lógicas mais persuasivas, tudo foi inútil. Quando não me respondiam com o silêncio desdenhoso, faziam-no com desconversas levianas, com objeções céticas inteiramente apriorísticas, que dispensavam qualquer exame do assunto, com observações sapientíssimas sobre o meu estado de saúde mental ou com a zombaria mais estúpida e pueril que se pode imaginar.

Reagindo a essa pertinaz negação dos fatos, fiz publicar no jornal eletrônico Mídia Sem Máscara as atas quase completas das assembléias e grupos de trabalho do Foro de São Paulo. A volumosa prova documental mostrou-se incapaz de demover os negacionistas. Eles pareciam hipnotizados, estupidificados, mentalmente paralisados diante de uma hipótese mais temível do que seus cérebros poderiam suportar na ocasião.

O Foro de São Paulo reúne mais de uma centena de partidos legais e várias organizações criminosas ligadas ao narcotráfico e à indústria dos seqüestros, como as FARC e o MIR chileno.

A publicação das atas teve porém duas conseqüências importantes. De um lado, o site oficial do Foro, www.forosaopaulo.org, foi retirado do ar às pressas, para só voltar meses depois, em versão bastante expurgada.
De outro lado, entre os jornalistas e analistas políticos, a afetação de desprezo pelo asunto cedeu lugar à negação ostensiva, pública, da existência mesma do Foro de São Paulo.
Dois personagens destacaram-se especialmente nesse servicinho sujo: o inglês Kenneth Maxwell e o brasileiro Luiz Felipe de Alencastro. Para anunciar ao mundo a completa inexistência da entidade que eu denunciava, ambos – por ironia, historiadores de profissão – usaram como tribuna ou megafone o pódio do CFR, Council on Foreign Relations, o mais poderoso think tank americano, dando assim à ignorância dolosa (ou à mentira grotesca) o aval de uma autoridade considerável.
Quem ainda tenha ilusões quanto à confiabilidade intelectual da profissão acadêmica, mesmo exercida nos chamados "grandes centros" (Alencastro é professor na Universidade de Paris, e Maxwell é o consultor supremo do próprio CFR em assuntos brasileiros), pode se curar dessa doença mediante a simples notificação desses fatos.

Mas aí a hipótese da mera ignorância organizada começa a ceder lugar à suspeita de uma trama consciente bem maior do que a nossa paranóia poderia imaginar. Membros importantes do CFR tiveram contatos próximos com as organizações criminosas participantes do Foro de São Paulo, cuja existência, portanto, não poderiam ignorar (leia-se a respeito o meu artigo "Por trás da subversão", Diário do Comércio, dia 05 de junho de 2006, http://www.olavodecarvalho.org/semana/060605dc.html).

Em suma, o Brasil parecia estar preso entre as malhas de uma articulação criminosa, que envolvia, ao mesmo tempo, a totalidade dos partidos de esquerda latino-americanos, o grosso da classe jornalística nacional, as principais gangues de narcotraficantes do continente e, por fim, uma parcela nada desprezível da elite política e financeira norte americana.

A gravidade desses fatos mede-se pela amplitude e persistência da sua ocultação. Crescendo em segredo, o Foro de São Paulo tornou-se o motor principal das transformações históricas no continente, ao mesmo tempo que a ignorância geral a respeito fazia com que os debates públicos – e portanto a totalidade da vida cultural – se afastasse cada vez mais da realidade e se transformasse numa engenharia da alienação, favorecendo ainda mais o crescimento de um esquema de poder que se alimentava gostosamente da sua própria invisibilidade. A queda vertiginosa do nível de consciência pública nessas condições, era não só previsível como inevitável. As opiniões circulantes tornaram-se uma dança grotesca de irrelevâncias, desconversas e erros maciços, ao mesmo tempo em que a violência e a corrupção cresciam ante os olhos atônicos do público e dos formadores de opinião, cada um apegando-se às explicações mais desencontradas, extemporâneas e impotentes. Muitas décadas hão de passar antes que a devastação psicológica resultante desse quadro possa ser revertida. O fabuloso concurso de crimes que a determinou não tem paralelo na história universal.

Um dos aspectos mais grotescos da situação é a facilidade com que os culpados se desvencilham de qualquer tentativa de denúncia, qualificando-a de "teoria da conspiração".
Mas quem falou em conspiração? O que vemos é uma gigantesca movimentação de recursos, de poderes, de organizações, de correntes históricas, que para permanecer imune à curiosidade popular não precisa se esconder em porões, mas apenas apostar na incapacidade pública de apreender a sua complexidade inabarcável e de acreditar na existência de tanta malícia organizada.

O Foro é uma entidade sui generis, sem correspondência em qualquer época ou país. Longo tempo depois de extinto, como espero venha a sê-lo um dia, ele ainda constituirá um enigma e um desafio ao tirocínio dos historiadores.
Para nós, ele é mais do que isso. É o inimigo "onipresente e invisível" sonhado por Antonio Gramsci.

09 de março de 2013
Olavo de Carvalho
Digesto Econômico, setembro/outubro/nov/dez de 2007

OPOSIÇÃO, ABRA O OLHO!

PT quer colocar criador do PNDH 3 a presidir Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA para absolver mensaleiros.
Paulo Vannuchi e José Dirceu, nos bons tempos do Mensalão.
O Itamaraty confirmou nesta sexta-feira que o Brasil será representado por Paulo Vannuchi na disputa pela presidência da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), conforme antecipou hoje a coluna Panorama Político, do jornal O GLOBO. Vannuchi foi ministro da Secretaria de Direitos Humanos e hoje é diretor do Instituto Lula. O nome dele será apresentado oficialmente na próxima reunião do órgão da OEA, marcado para o dia 22. A eleição deve ocorrer em maio.
Vannuchi é o responsável pelo atentado à democracia denominado "controle social da mídia", pelo fim do direito de propriedade e por outras excrescências presentes no Plano Nacional de Direitos Humanos 3, um verdadeiro atentado ao Estado de Direito.
Aliás, o fim do direito de propriedade está no projeto do novo Código de Processo Civil, lá enfiado sorrateiramente pelos petistas.
Vannuchi, se eleito, será o responsável por acatar ou não o recurso dos mensaleiros José Dirceu, José Genoino, João Paulo Cunha e Delúbio Soares, que já manifestaram que irão recorrer à Corte de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), contra as suas condenações. Vocês têm alguma dúvida de que o recurso será aceito, se lá estiver Paulo Vannuchi?
Até quando a oposição vai calar? É hora de enviar uma comitiva à OEA, no dia 22, para mostrar, em detalhes, o que Paulo Vannuchi queria fazer neste país com o Plano Nacional dos Direitos Humanos 3. E qual a sua posição sobre a condenação da quadrilha do PT. Levem militantes. Levem faixas. Ponham gente a deitar no chão, como eles fazem. Uma absolvição na OEA signfica uma bandeira pólítica e permite que estes bandoleiros continuem afrontando a Justiça brasileira, mesmo que não tenha repercussão legal ou penal dentro do país.

Vejam abaixo matéria de 28 de outubro de 2012, publicada na Folha de São Paulo e respondam: este senhor tem estatura para presidir o órgão de Direitos Humanos da OEA?
Diretor do Instituto Lula e conselheiro político do ex-presidente, o ex-ministro Paulo Vannuchi compara a condenação dos petistas José Dirceu e José Genoino no julgamento do mensalão à expulsão de Olga Benário para a Alemanha nazista. O STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou a expulsão da militante de esquerda em 1936. Judia, ela estava grávida do líder comunista Luiz Carlos Prestes e seria morta pelo regime de Adolf Hitler num campo de concentração.
"Dirceu e Genoino foram condenados sem provas num julgamento contaminado. Isso vai entrar para a galeria de erros históricos do Supremo, ao lado da expulsão de Olga Benário", afirmou Vannuchi à Folha na sexta-feira, depois de almoçar com Lula. "O Judiciário deve ser um poder contramajoritário. É ele quem segura a multidão que quer matar os judeus, que quer matar os negros. Aqui aconteceu o contrário. Os ministros aderiram a um clamor para condenar", disse.
Dirceu e Genoino foram condenados por formação de quadrilha e corrupção ativa. Para a maioria do STF, eles comandaram um esquema de compra de apoio ao governo Lula no Congresso. Os dois terão suas penas fixadas pelo tribunal nas próximas semanas e podem ser presos. Para Vannuchi, ministro dos Direitos Humanos de Lula entre 2005 e 2011, o resultado do julgamento foi imposto pela imprensa.
"Houve um problema gravíssimo de ativismo político. O Supremo confirmou um veredicto que foi antecipado meses antes com histeria pelos jornais. Não foi um julgamento imparcial", disse. Ele afirmou que nenhum dos ministros do STF poderá dormir tranquilo com a decisão de marcar a análise do caso para o período de eleições. "Eles não vão dizer isso em público. Mas à noite, em seus travesseiros, nenhum daqueles ministros não sabe que cometeu um erro ao permitir isso", afirmou o petista.
Ele sustentou a tese de que o mensalão foi um caso de crime eleitoral de caixa dois de campanha, alegação descartada pelo Supremo. Apesar das queixas, o ex-ministro disse que as condenações de petistas não alteraram o resultado das eleições. Ele citou o exemplo de São Paulo, onde José Serra (PSDB) usou o tema como arma eleitoral contra o favorito Fernando Haddad (PT). "O mensalão não teve tanto impacto porque ficou nítida para o eleitor a contaminação político-partidária do julgamento", disse.
 
09 de março de 2013
in coroneLeaks

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE

 




09 DE MARÇO DE 2013

HISTÓRIA DOS ALAWITAS REVELA AS COMPLEXIDADES DA SÍRIA QUE O OCIDENTE NÃO COMPREENDE

 

Há séculos os mapas ajudam o Ocidente a dividir os países árabes por linhas étnicas. Hoje, esses mapas mostram, sobretudo, a extensão da ignorância ocidental.


Atualmente, na Síria, estamos novamente recorrendo aos nossos velhos mapinhas racistas. As montanhas Alawita e a cidade de Qardaha, lar da família Assad – pintem tudo de vermelho escuro. Será esse o último reduto da minoria de 12% de alawitas, na qual se inclui o presidente, quando os rebeldes “libertarem” Damasco?

Os ocidentais sempre gostaram desses mapas criados para dividir o Oriente Médio. Lembram-se que se dizia (e os mapas “comprovavam”) que o Iraque sempre era xiita embaixo, sunita no meio e curdo na parte de cima? Fizemos o mesmo com o Líbano: xiitas embaixo (como sempre), xiitas no leste, sunitas em Sidon e Trípoli, cristãos no leste e no norte de Beirute.

Nunca, jamais, em tempo algum, sequer uma vez, algum jornal ocidental exibiu mapa de Bradford que mostrasse áreas muçulmanas e não muçulmanas; ou mapa de Washington que mostrasse áreas de população branca e de população negra. Não! Tal mapa sugeriria que nossa civilização ocidental poderia ser dividida por tribos ou raças. Distinções étnicas? Só para o mundo árabe.

O CASO DA SÍRIA

O problema, claro, é que a Síria – secular e integrada como qualquer nação árabe antes de iniciada a tragédia em curso – não “cabe” nesse tipo de distribuição por minorias religiosas.
Aleppo sempre foi lar de cristãos, sunitas e alawitas. Os alawitas fixaram-se há muitos anos – daí que muitos vivam em Damasco – e muitos deles vinham, não das montanhas, mas de Alexandretta, que é hoje a província turca de Hatay.
Pois, apesar de sabermos onde vivem, há pouquíssima (e preciosa) pesquisa sobre essa comunidade – exceto, talvez, na França.

A notável documentação, na qual traça a história de um povo que se autodenominava “nusayris” – a partir do nome do criador da religião que professavam, Muhammad Ibn Nusayr –, religião, essa, fundada “no seio do xiismo” nos séculos 9 e 10. O trabalho de Mervin, publicado agora nessa esplêndida instituição francesa Le Monde Diplomatique, deveria ser leitura obrigatória para qualquer “especialista” em Síria, porque sugere que os alawitas são vítimas de uma longa história de dissidência, perseguição e repressão religiosa.

EX-CRISTÃOS?

Já em 1903, o jesuíta e orientalista belga Henri Lammens identificava os alawitas como ex-cristãos – até que conheceu um xeique que insistia que pertencia ao Islã xiita. Lammens, imperialista típico, sugeria que os alawitas – que pareciam crer na transmigração das almas e numa trindade (o Profeta Maomé, seu primo e enteado Ali, e Salman, que o acompanhava) – poderiam tornar-se cristãos “o que permitiria que a França interviesse em favor de vocês”. De fato, em anos posteriores, a França, sim, favoreceu os alawitas.

Os otomanos tentaram integrar os alawitas os quais, segundo Mervin, eram explorados pelos latifundiários sunitas e, em muitos casos, analfabetos. Em 1910, seus dignitários religiosos iniciavam relações com os xiitas do sul do Líbano e do Iraque, autodenominando-se “alawitas”, acompanhando o nome de Ali e afastando-se de Nusayr. As autoridades do Mandato francês na Síria seguiram essa linha, dentre outros motivos porque desejavam separá-los dos sunitas. Reza o mito popular que os alawitas colaboraram com os franceses, enquanto os sunitas lutavam pela independência.

Na verdade, pelo menos um alawita proeminente, Saleh al-Ali, lutou contra o exército francês nas montanhas, entre dezembro de 1918 e 1921. Na sequência, foi reconhecido como herói nacional pelo primeiro governo sírio independente, em 1946. Outro destacado alawita, Sulieman al-Mourchid, teve final menos afortunado, enforcado como traidor em 1946.

AUTODIVISÃO

Os alawitas se autodividiram durante a dominação francesa: alguns apoiaram o estado alawita que Paris criara e que teve vida curta; outros abraçaram o nacionalismo sírio ao qual tendiam os sunitas.

Esse segundo grupo organizou-se em torno de Sulieman al-Ahmed, declarando-se oficialmente árabes muçulmanos, islâmicos, em 1936. Exigiram e obtiveram uma fatwa, declarada pelo grande Mufti de Jerusalém, Haj Amin al-Husseini, pela qual os alawitas foram incluídos na umma. E, sim: é o mesmo Haj-Amin que adiante se encontraria com Hitler – mas isso já nada teve a ver com alawitas.

Apoiados pelos xiitas iraquianos, os alawitas fundaram suas próprias instituições religiosas, construíram mesquitas e publicaram trabalhos sobre sua fé; em 1952, foram reconhecidos pelo Mufti da Síria.

Essa aproximação com os xiitas continuou durante o governo do primeiro presidente alawita – Hafez, pai do atual presidente Bashar – e em 1973, o Imã Moussa Sadr, o mais politizado dos líderes xiitas no Líbano (que hoje se crê que tenha sido assassinado por ordem de Muammar Gaddafi), declarou que os alawitas eram, sim, muçulmanos.
Abriram-se então escolas religiosas xiitas em Sayeda, subúrbio de Damasco – de onde brotou a ficção da “xiitização” da Síria. Dali em diante, os alawitas passaram a ser integrados em grandes números no exército sírio e no Partido Baath, apesar de a maioria dos generais sírios ser sunita.

Mas a vida não ficou necessariamente mais fácil para todos da comunidade alawita. Nos governos dos Assads, as organizações tribais e as influências religiosas perderam espaço, segundo Mervin.
E também perderam espaço e influência as grandes famílias tradicionais.
Ainda há terrível pobreza em áreas do interior da Síria, ao norte de Damasco, onde vivem comunidades alawitas. E passou a ser proibida, é claro, qualquer referência em termos sectários aos alawitas.

(artigo enviado por Sergio Caldieri)

09 de março de 2013
Robert Fisk (The Independent, UK)

UM EXAGERO MACABRO

 

Em 1974 eu estava na União Soviética, sob pleno domínio de Leonid Bresnev. Em Moscou, uma das visitas oficiais foi ao túmulo de Lênin, na Praça Vermelha.
Senti-me mal, depois de passar pelo corpo embalsamado. Péssima impressão. Inclusive as múmias do Antigo Egito, ninguém merece o castigo de ficar décadas, séculos e milênios a fio, em exposição.

Algo macabro, apesar de repetido em outras ditaduras com Mao Tse-Tung, Ho Chi Min e Kin Il Sung. Sem esquecer o que tentaram com Eva Perón. Os mortos merecem descanso e respeito, até porque não estão mais ali, naqueles sarcófagos de luxo onde são conservados às custas de um monte de drogas.


Lênin foi o primeiro…

De Caracas vem a notícia de que vão embalsamar Hugo Chaves. Além de reverenciar sua memória e exaltar seus feitos, práticas mais do que justas, pretendem manter o defunto intocado num quartel ou na sede de um sindicato. Evidência do primarismo de uma sociedade, pois a multidão, pelo que se sabe, apoiou a iniciat
iva do novo governo. Sinal de ignorância. O comandante não merecia esse final.

DEMAGOGIA

Bem que Sérgio Cabral poderia ter ficado quieto em vez de anunciar que suspenderá o pagamento devido pelo seu governo a fornecedores, paralisando obras, serviços e obrigações. O Rio de Janeiro, assim como o Espírito Santo e São Paulo, viram-se prejudicados com a queda do veto da presidente Dilma ao projeto que manda distribuir por todos os estados parte do fruto das explorações de petróleo.
Afinal, as despesas aumentaram olimpicamente nos municípios próximos dos trabalhos de extração, mesmo no mar. Mereciam e merecem ser recompensados. A Justiça decidirá sobre a iniciativa do Congresso.

O que não dá para aceitar é essa vingança infantil do governador. Sofrerá a população fluminense, caso confirmado o calote.

39 É UM ABSURDO

Está criado o trigésimo-nono ministério do governo Dilma, agora encarregado da pequena e média empresa. É humanamente impossível administrar um país com tantos ministérios e ministros, saltando aos olhos o que já acontece faz muito: existem os ministros de primeira e de segunda classe.

Aqueles que a presidente recebe quase todos os dias, encarregados de questões fundamentais, sendo cobrados pelo que fazem ou não fazem. Em torno deles estão ministros desimportantes, alguns até que, nos últimos dois anos, não despacharam uma vez sequer com a chefe do governo. Seria constrangedor citar uns e outros, mas o leitor logo os identificará.

Essa proliferação de ministérios deve-se a compromissos partidários. Para obter maioria no Congresso e contentar fisiologicamente grupos variados, Dilma cedeu a incontáveis pressões.
O resultado tem sido indicações não raro lamentáveis, de políticos que pouco ou nada tem a ver com as pastas sob seu comando. Em vez de escolher os melhores em cada setor, a presidente arrisca-se a engolir os piores. Há redundância nessa variedade, com ministros batendo cabeça e executando funções paralelas.

FORAM DOIS AVIÕES

Uma correção: na curta viagem à Venezuela, para o velório de Hugo Chaves, o AeroDilma não foi lotado de ministros, assessores e convidados especiais, inclusive o ex-presidente Lula, como noticiamos. Pelo contrário, na aeronave só viajaram o antecessor e a sucessora. A plebe foi toda acomodada no avião reserva, que sempre acompanha o principal.

09 de março de 2013
Carlos Chagas

DILMA "TRAMBIQUE" SE APROPRIA NA TEVÊ DE PROPOSTA DO PSDB

 
Dilma Rousseff voltou a entrar na casa dos brasileiros em rede nacional de rádio e tevê veiculada na noite desta sexta (8). A pretexto de homenagear as brasileiras no Dia Internacional da Mulher, a presidente anunciou como bondade pessoal uma proposta do PSDB que ela própria vetara há menos de seis meses. Zerou os tributos federais que incidem sobre os produtos da cesta básica.

“Isso mostra como o instituto do veto presidencial, republicano e necessário, pode ser desvirtuado quando está a serviço dos interesses político-partidários e eleitorais”, disse o deputado federal Bruno Araújo (PSDB-PE), autor do artigo que Dilma passara na caneta. “Não há nada que justifique a presidente ter vetado um dispositivo legal há poucos meses e agora anunciar a mesma coisa como iniciativa sua.”

Deu-se numa sessão noturna de 16 de julho do ano passado a aprovação da desoneração da cesta básica na Câmara. Bruno Araújo, à época líder do PSDB, enfiou a novidade dentro de uma medida provisória baixada por Dilma para instituir o programa Brasil Maior, de estímulo à indústria. No mês seguinte, em 7 de agosto, a medida provisória foi aprovada também no Senado.
Em 18 de setembro, Dilma mandou ao Diário a medida provisória do programa Brasil Maior. Vetou tudo o que deputados e senadores haviam pendurado no texto original enviado ao Congresso pelo Planalto –inclusive o artigo que zerava os tributos da cesta básica. Agora, apropria-se da iniciativa e faz média com as mulheres –ou com as eleitoras.
Dilma modificou a composição da cesta básica. Incluiu, por exemplo, produtos de higiene e limpeza. Nem isso justificaria o veto. Ouça-se novamente Bruno Araújo: “O texto que o Congresso tinha aprovado tirava os impostos federais e dava poderes à presidente para definir, por decreto, qual seria a composição da cesta básica. Não queríamos criar problemas para o governo, mas oferecer soluções ao consumidor.”

Um detalhe injeta ironia no episódio: Bruno Araújo inspirou-se num projeto de lei de um grupo de deputados petistas, liderados por Paulo Teixeira (PT-SP). A proposta previa o alívio tributário da cesta básica. Para não constranger o governo, descera às gavetas da Câmara. Ressuscitada pelo tucano e injetada na MP de Dilma, a coisa terminou virando verniz para a imagem da presidente.

O veto visava, percebe-se agora, apenas eliminar as digitais tucanas impressas na iniciativa. Na semana passada, a presidente dissera que, em época de eleição, “a gente faz o diabo”. Como se vê, falava sério. Em nota, o deputado Sérgio Guerra, presidente do PSDB, disse que Dilma deveria “se desculpar” pelo veto.
 
09 de março de 2013
Josias de Souza

ENTREVISTA. FRANCISCO WEFFORT: "O PT SE DESNATUROU COMPLETAMENTE".

O ex-ministro da Cultura e ex-secretário-geral do PT, Francisco Weffort, diz que o partido “deu um passo no descaminho” e foi engolido pelo corporativismo getulista
 

SOBRE O MENSALÃO Francisco Weffort em sua casa, no Rio de Janeiro. “Se você pratica meios criminosos, seus fins também serão criminosos” (Foto: Guilhermo Giansanti/ÉPOCA)

O cientista político Francisco Weffort, de 75 anos, é um dos pensadores mais respeitados do país. Ex-ministro da Cultura no governo de Fernando Henrique, fundador do PT e secretário geral do partido entre 1984 e 1988, Weffort voltou à vida acadêmica, como professor colaborador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Em entrevista a ÉPOCA, cujos principais trechos estão na edição desta semana da revista (conteúdo restrito para assinantes), ele fala sobre os grandes pecados do PT desde a sua fundação, em 1980, o papel do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesse processo e a crença no socialismo ainda existente entre os militantes do partido. Segundo Weffort, Lula “nunca autorizou” a defesa do socialismo pelo PT. “O Lula, na verdade, nunca falou muito de socialismo. Ele não sabe o que é isso”, afirma.

ÉPOCA – O senhor foi um dos fundadores do PT, em 1980, e se desligou do partido em 1995. Por quê? O que o afastou do PT naquela época?

Francisco Weffort -
Na verdade, eu tinha me afastado um pouco antes, desde 1988, 1989, e vinha me afastando, porque a experiência do PT foi muito interessante para mim, nos primeiros anos, realmente muito interessante. Mas, depois, comecei a me dar conta de que a competitividade interna do PT era mais ou menos igual a qualquer outro partido. O PT deu naqueles anos uma importante contribuição democrática para o Brasil. O problema é que o PT se dividia em facções, que tinham bandeiras ideológicas muito explícitas e disputavam eleições internas e externas. Quando tinha uma eleição qualquer, para vereador ou deputado, havia disputas acirradas por lugar nas chapas do partido. O sistema brasileiro de voto estimula a competição entre os que são mais semelhantes entre si, dentro do mesmo partido, estimula a competição intrapartidária. Então, aquele sujeito que tem ideias mais semelhantes às suas dentro do partido, e que colabora com você durante os tempos de atividade normal do partido, vira seu adversário na eleição.


ÉPOCA – Em que sentido o senhor diz que a legislação leva a uma disputa interna nos partidos do país?

Weffort –
É porque quem disputa com um candidato que venha do professorado é outro professor; quem disputa com um outro candidato que venha do sindicalismo é um outro sindicalista, porque é ali que ele vai poder encontrar voto. Quem disputa com os candidatos do seu bairro é outro candidato do seu bairro, tanto na indicação na chapa do partido como na eleição propriamente dita. Isso acabou introduzindo um elemento de competitividade que azedou em vários momentos as relações dentro do PT. Não era nada muito grave, mas azedou. Para as pessoas que estivessem mais dispostas a se dedicar profissionalmente à política, esse era o caminho a trilhar. Mas não era o meu caso. Eu já era professor na universidade, professor titular, tinha nos primeiros anos do PT sacrificado parte da minha carreira acadêmica por causa da política. Então, eu falei: “Não, isso não me interessa”.

Além do mais, logo depois, na eleição de 1994, eis que o competidor do Lula era o Fernando Henrique, que foi meu professor. Para mim, era tudo muito complicado. Primeiro, eu não estava muito bem no PT. Em segundo lugar, eu iria participar de uma competição, como participei, apoiando o Lula, contra o sujeito que tinha sido um dos meus melhores professores e era meu amigo. Eu tinha trabalhado com ele no Chile, na época do regime militar no Brasil. Houve um momento em que eu falei: “Tudo isso é um preço muito alto, eu vou sair fora”.

“O PT era contra o imposto sindical, mas a máquina é tão poderosa que o próprio Lula acabou sendo um ‘filhote do Getúlio”
ÉPOCA – Hoje, quando o PT está completando 33 anos, como o senhor, que participou de sua fundação vê o partido, sob impacto do Mensalão, da condenação de algumas lideranças importantes pelo STF e da multiplicação de casos de corrupção no governo?

Weffort –
Eu acho que o PT deu uma contribuição democrática importante ao país na fase inicial e com as próprias campanhas do Lula para a presidência. Mas a minha hipótese é que o PT carrega o vício do imposto sindical. O PT era contra o imposto sindical. E era contra por razões boas. O imposto sindical não é fiscalizado por ninguém. Então, no Brasil, você tem um sindicalismo que o próprio pessoal do PT classificava como “sindicalismo de carteirinha”, que é uma fantasmagoria que serve para financiar a ascensão pessoal de alguns sujeitos em nome do sindicalismo. O Lula – e alguns outros - foi uma exceção na primeira fase. Mas a máquina é tão poderosa que o próprio Lula, embora fosse contra o imposto sindical, acabou sendo um “filhote do Getúlio”. Eles acabaram fazendo mais ou menos aquilo que eles condenavam

Quando Getúlio criou as leis sindicais, em 1943, aquilo representou um momento inicial no que diz respeito aos direitos sociais dos trabalhadores, mas introduzia também o vício do corporativismo. Isso não levou ao mensalão, mas abriu espaço para algo desse tipo acontecer. Eles ultrapassaram o Getúlio, porque seria uma injustiça histórica ao Getúlio dizer que ele inventou o Mensalão. Porém, o contexto no qual o Estado absorve as lideranças políticas emergentes transformou a atividade política em certas áreas em algo vulnerável a esse tipo de coisa.

ÉPOCA – Por que o senhor considera essa questão do corporativismo tão importante na trajetória do PT?

Weffort -
Esse ambiente corporativista no Estado brasileiro significou para alguns quadros importantes do PT uma ascensão sindical muito mais fácil do que seria sem o imposto sindical. Embora muitos tenham sido lideranças efetivas o ambiente sindical em que eles viviam era um ambiente amolecido. Agora, o grande problema é a introdução pelo corporativismo de um desvio da lógica representativa. Quando você tem dinheiro público para fazer um tipo de política, abre espaço para as irregularidades. O MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) recebe dinheiro do Estado. Várias entidades são chamadas de organizações não governamentais, mas na verdade não independentes. Elas foram criadas nessa atmosfera populista. Isso introduziu um veneno na representação partidária. Era algo condenado no início do PT, mas eles acabaram adotando isso como norma.

Essa democracia corporativa brasileira desnaturou, transtornou a lógica do sistema representativo no Brasil. Então, você tem isso, que são os partidos que estão sempre agrupados em torno do incentivo federal. Por quê? Porque o dinheiro vem de lá. Por que os grandes estados, como São Paulo, Minas e até o Rio, Pernambuco, são menos afetados? Porque têm um pouco mais de recursos. Agora, há estados cuja administração é quase inteiramente dependente do dinheiro federal. Então, o corporativismo não afetou só o PT. Afetou o PT e todos os outros partidos, a política como um todo no país. Além do mais, é um corporativismo que também afetou o próprio sistema de representação sindical e empresarial. Eles deram um passo a mais no descaminho. Mas o descaminho já era um descaminho institucional.

“O Lula sempre foi mais importante que o PT, desde que ele apareceu como o primeiro grande líder de massas no movimento sindical depois de 1964, na famosa greve dos metalúrgicos de 1979”
ÉPOCA – Então, quando o senhor olha o PT hoje qual é a sua visão do que se tornou o partido?

Weffort –
Apesar dos desvios, das distorções eu acho que o PT tem, ainda hoje, um compromisso popular. Até porque na democracia brasileira, que é uma democracia de massas, todo mundo tem que, pelo menos, aparentar um compromisso popular, porque se não fizer isso, não ganha eleição. E eu acho que o PT e o Lula, em especial, têm esse compromisso popular. Mas, em termos de política, o PT se desnaturou completamente. Seu compromisso popular vai até o Bolsa Família, até uma política econômica que enfatiza o consumo permanentemente, mas é um compromisso popular que perde inúmeras oportunidades de desenvolvimento econômico do país, porque não é capaz de aceitar que compromisso com o popular tem de ser um compromisso com o desenvolvimento da Nação. Isso às vezes é duro de fazer.


Época – Em sua opinião, qual foi o papel do Lula na evolução do PT?

Weffort –
O Lula sempre foi mais importante que o PT, desde que ele apareceu como o primeiro grande líder de massas no movimento sindical depois de 1964, naquela famosa greve dos metalúrgicos de 1979. A partir daí, ele emplacou na política e continuou com um desempenho de massas impressionante. Às vezes os brasileiros não se dão muito conta de que o Brasil é a terceira ou quarta maior democracia do mundo, depois da Índia e dos Estados Unidos. É muita gente. A comunicação de massa no Brasil é importantíssima. E o Lula na área do PT é o primeiro crooner. Ele sempre teve uma grande habilidade de ficar em cima do muro quando a conveniência o aconselha. Dentro e fora do partido. É um excelente negociador. Então ele sempre teve um papel muito importante. O Lula ter, provavelmente, a responsabilidade de ter controlado certo radicalismo petista de origem ideológica. Evidentemente, é muito mais importante para o PT ter uma figura que chegue à massa, como o Lula, do que meia dúzia de radicais.


“Não dá mais para falar de socialismo. hoje. A não ser que alguém diga que a Rússia hoje é socialista. Ou que a China é um país socialista. Não tem mais socialismo”

ÉPOCA – Quando o PT surgiu tinha um perfil internacionalista muito forte, até em oposição ao próprio PTB e PDT de Leonel Brizola que tinha aquela coisa mais dos anos 50/60, nacionalista. Hoje, o PT também parece ter perdido isso. Como o senhor explica essa mudança?

Weffort -
A questão é a seguinte: o PT mudou totalmente, em termos de política internacional. Ele mantém o pretenso charme de uma antipatia americana, que, aliás, se torna cada vez menos eficiente, porque nos Estados Unidos, foi eleito o Obama, que é um negro. Isso na democracia americana é uma revolução. O PT tinha uma pretensão antiamericana, que vinha mais ou menos do getulismo, do brizolismo, do nacionalismo brasileiro tradicional. Hoje, não tem mais nada. O PT tem que ter a política econômica que as circunstâncias econômicas do mundo globalizado impõem. Quando o Fernando Henrique ganhou do Lula na eleição de 1994, era muito difícil distinguir qual a política econômica de um ou de outro. É óbvio que numa democracia de massas como a nossa, que é uma grande democracia eleitoral, quando dois candidatos se aproximam em expectativa de voto, a tendência deles é disputar o voto de centro. Quem decide é o indeciso. E o indeciso não está muito interessado nisso. Então, você fica com um charme um pouco mais liberal de um lado, um charme um pouco mais social democrata de outro. Eles se confundem com muita frequência, mas o meio é que vai decidir.


ÉPOCA – Aquela coisa do socialismo do início, aquela coisa da ética na política, foi tudo para o brejo?

Weffort –
Na verdade, não dá mais para falar de socialismo. A não ser que alguém diga que a Rússia hoje é socialista. Ou que a China é socialista. Não tem mais socialismo. É preciso lembrar que o PT foi criado em 1979/1980. A grande derrubada do socialismo foi em 1989, com a queda do Muro de Berlim. Então, quando o PT foi criado ainda havia uma União Soviética, por mais que ela estivesse desmoralizada politicamente. Cuba também não estava bem, mas ainda tinha certa força, certo prestígio em alguns círculos. Quando o Lula foi eleito para a presidência, o PT ainda mantém um palavriado socialista, que o Lula nunca autorizou. O Lula é, até pelas dificuldades idiomáticas que ele tem, de uso da linguagem, um campeão das metáforas, que por definição são sempre muito ambíguas. Ele, na verdade, nunca falou muito de socialismo. Ele não sabe o que é isso. Nunca se interessou em saber. O Lula não tem o que dizer sobre o socialismo, porque ele não pensava em socialismo nenhum. Na verdade, o Lula tinha uma imagem do mundo, simplificada, na qual os Estados Unidos eram o mal mais óbvio, mais evidente, como também era o caso do Brizola.

Quando vem a queda do Muro de Berlim, aquela sombra lá adiante, não aquela sombra radiante, da União Soviética, já estava desmoronado. Nessa época, o socialismo, que não existia na cabeça dele, deixou de existir como referência para o pessoal do PT. Mas deve-se reconhecer, que, individualmente, o sujeito pode, depois de ter se formado na leitura de Marx, numa tradição socialista antiga, manter na cabeça certas ideias do socialismo, mas não na política. Pegue qualquer um do PT, do PC do B. Por exemplo: o PC do B, que é stalinista, de linha albanesa, indicou o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo. Em que o desenvolvimento do futebol no Brasil ajuda o comunismo? Tudo bem, o futebol é uma maravilha, uma filosofia de certa época, brasileira, mas um não tem nada a ver uma coisa com a outra. Acho que esse compromisso socialista do PT na verdade que nunca existiu.
“Isso de insultarem
a Yoani foi uma senhora estupidez, umacretinice.
Mas é pau mandado.É gente
que ganha R$ 30 para ficar ali”
ÉPOCA – Agora, tem muita gente que ainda acredita no socialismo no PT... É só ver o que aconteceu com a blogueira cubana Yoani Sanchéz. O Lula também vai toda hora a Cuba e devolveu refugiados cubanos a Cuba em seu governo...

Weffort –
Isso é outra coisa. É política de potência. O Brasil é um país grande, por mais que os brasileiros não queiram acreditar, e Cuba é um país pequenininho. Cuba é um país muito pobre. Então, se você fizer um charme para Cuba, você aparece nos noticiários por aí como uma figura ligada à tradição da esquerda. Agora, isso de insultarem a moça foi uma senhora estupidez, uma cretinice. Mas isso é pau mandado. É como essa garotada que, em época eleitoral, aparece com faixa na rua. Pensa que é militante? Não é militante. É gente que ganha R$ 30 para ficar ali. O caso mais claro desse tipo de coisa foi o MR-8, que virou uma espécie de batalhão de choque do (Orestes) Quércia (ex-governador paulista). Eles eram o MR-8, que, na origem, significava Movimento Revolucionário 8 de Outubro, em homenagem ao Che Guevara. Ora, por favor, vamos parar com toda essa mitologia, porque tudo isso não significa mais nada.


ÉPOCA – Mesmo assim, ainda tem uns “dinossauros” por aí...

Weffort –
Tem, porque a vida do sujeito foi aquela, é uma nostalgia. O que você vai fazer? Mas não é mais a política do partido.


ÉPOCA – Em outros países, como o Chile, partidos de esquerda ou centro-esquerda como o PSDB e o PT, se unem, mas no Brasil isso não acontece. Por quê?

Weffort –
Porque o Brasil é muito dividido, é regionalmente muito dividido. Então, o adversário do PT é o PSDB, porque os dois São Paulo e disputam o mesmo eleitorado. Acho que a reforma política teria de mudar o sistema eleitoral. Muito. Eu sou favorável ao sistema de voto ao estilo alemão, com eleição presidencial, formação do governo no parlamento e base distrital. Na Alemanha, o eleitor tem dois votos. Quando vota, ele vota no candidato do seu distrito, no “Zé” que vai representar o seu bairro na Câmara, e num candidato indicado pelo partido, na legenda. Isso significa que você tem três ou quatro candidatos no distrito e não trinta partidos. Há também uma cláusula de participação, por meio da qual, para ter representação nacional, o partido tem de obter de 3% ou 5% dos votos em todos os estados. Aqui, o pessoal aqui não está querendo voto distrital, mas só o financiamento público de campanha, que é de novo corporativismo. Eles querem que os candidatos sejam indicados pelo partido, mas não admitem que o eleitor indique o candidato. Aqui no nosso sistema leva a trinta e tantos partidos, dos quais seis são partidos e os outros estão aí para fazer negócios.


“O cenário no qual deve operar a opinião é o cenário definido pelo mercado. Se eu não quiser ver televisão, não vejo. Se eu não quiser comprar o jornal, não compro”
ÉPOCA – O PT tem demonstrado uma grande dificuldade de conviver com a Imprensa e tem defendido a regulação da mídia, o controle da mídia. O que o senhor pensa disso?

Weffort -
A convicção que o pessoal do PT tem é que quem controla a mídia são os proprietários dos veículos de comunicação e para eles quem deveria controlar a mídia seriam eles mesmos. Eles quem? Os políticos. Isso pode levar a uma situação parecida com a do Equador, onde o sujeito escreve um artigo criticando o presidente da República e depois tem que ir embora do país. O cenário no qual deve operar a opinião é o cenário definido pelo mercado. Se eu não quiser ver televisão, não vejo. Se eu não quiser comprar o jornal, não compro. Os jornais e a televisão e a mídia em geral devem poder oferecer todas as possibilidades de comunicação que queiram. É claro que tem limites para isso. Você não pode admitir que sejam difundidas no Brasil ideias favoráveis ao conflito racial, à violência política ou acusações sem fundamento. Você até pode fazer a acusação, mas depois terá de responder por isso na Justiça. Então, não há por que essa história de querer uma corporação seja de jornalistas ou do que for controlando o que se queira dizer.


ÉPOCA – Interessante que, quando o PT surgiu, ainda não havia liberdade total de imprensa no Brasil. E havia uma luta, o PT era um grande defensor disso na sua orgiem, e hoje a gente vê que mudou tudo.

Weffort –
Como em todo o resto, aqui também houve uma inversão de valores.


“A anistia foi para os dois lados desde o começo. Por isso, falava-se em anistia ampla,geral e irrestrita. É uma ingenuidade pensar que é possível mudar uma lei que é base do sistema democrático que vem em seguida”

ÉPOCA – Hoje, muita gente está falando de revisão da lei da anistia. O que o senhor acha disso?

Weffort –
Acho que uma Comissão da Verdade tem que ter, para esclarecer fatos públicos, sem constrangimento de lado nenhum. Já essa saiu meio inclinada demais para um lado, mas de qualquer modo é melhor que... Comissão da Verdade vai levantando fatos, isso acho que está bem. Mas não significa revisar a Lei da Anistia. Isso não é possível. Houve uma história brasileira que teve um período que incluiu uma Lei da Anistia. É uma ingenuidade pensar que é possível mudar uma lei que é base do sistema democrático que vem em seguida. A anistia foi para os dois lados desde o começo, chamava anistia ampla, geral e irrestrita.


ÉPOCA – Recentemente, tivemos a eleição do Renan Calheiros (PMDB-AL) e do Henrique Alves (PMB-RN) para a presidência do Senado e da Câmara, aumentando a descrença de uma parcela crescente da sociedade nos políticos. Como isso pode afeta a política e a democracia do país?

Weffort –
Isso vai degenerando. Primeiro, tivemos aquele caso do (José) Sarney quando ele estava na presidência do Senado, aquelas decisões secretas de gastos. Foi um escândalo enorme. Depois, teve o Renan Calheiros, que não pode continuar como presidente do Senado, depois de ter sido acusado de corrupção. Agora, ele está de volta. Isso tudo é muito desmoralizante. A Câmara Federal e o Senado são instituições importantes do funcionamento da democracia estão extremamente desmoralizados. O prestígio eleitoral no Brasil é quase todo dos candidatos majoritários, ao prefeito, governo do Estado e presidência. Isso é um dos germes do autoritarismo, porque a democracia funciona com poderes, que se equilibram. O que a gente tem no Brasil é a perda da independência do Legislativo.


“O Haddad, que é certamente um bom professor, não era ninguém. Era um poste. Mas tinha atrás de si a maior liderança de massa do Brasil, que é o Lula”

ÉPOCA – Até que ponto o Mensalão pode ter influência grande na campanha?

Weffort –
O mensalão está decidido. Eu honestamente não acreditava que isso ia acontecer e me surpreendi com muita alegria, com as decisões tomadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal). A não ser que você imagine uma possibilidade de uma crise institucional de proporções monumentais e catastróficas no Brasil. Como é que você vai fazer? De que jeito? O problema não é só ministro Joaquim (Barbosa, presidente do STF), que já não é pouca coisa. Não são só os ministros. É a instituição, que é uma memória ligada às funções do Direito do Estado Democrático, que não pode ser pisoteada de qualquer maneira. Isso aqui não é o Egito.



ÉPOCA – Na eleição de São Paulo, na época do julgamento, o mensalão teve pouca influência e o Lula e o PT conseguiram derrotar o candidato do PSDB, José Serra, que era o favorito, e eleger o Fernando Haddad, quase um desconhecido, para a prefeitura...

Weffort –
Indiscutivelmente, o Serra é um administrador de alta competência, um homem honesto. Agora, o Serra como candidato era muito pesado. Ele tinha de ter alguma flexibilidade para admitir pelo menos que precisava reconquistar a opinião pública. Precisava ter um pouco mais de humildade. Ele não é dono de São Paulo. Ninguém é dono de São Paulo. Nem do Brasil. Ele pode se candidatar, e tem gabarito para isso, mas minha impressão é de que ele está totalmente fora da realidade. O Haddad, que é certamente um bom professor, não era ninguém. Era um poste. Mas tinha atrás de si a maior liderança de massa do Brasil, que é o Lula. O Serra deveria ter tido um pouco mais de cuidado com o Lula, mais atenção com a opinião pública em geral e mais atenção com as lideranças do PSDB, com o Fernando Henrique. A impressão é que que todo mundo atrapalhava o Serra, especialmente os amigos.


“Desde o Plano Real, o Itamar, o Fernando Henrique, o Lula, houve uma mudança importante, uma melhora de qualidade de vida para uma massa muito pobre no Brasil. Não acho que isso seja classe média, mas que melhorou, melhorou”
ÉPOCA – Qual a influência que programas como o Bolsa-Família e outros programas de rendas, podem ter nas eleições? O senhor acha que o voto está se tornando mais ideológico no Brasil?

Weffort –
Enorme. A vitória esmagadoríssima da Dilma no Nordeste está relacionada diretamente com o Bolsa-Família. Sem a menor dúvida. O Bolsa Família era um sinal de que ela olha para o povo, de que ela era a mulher do Lula, indicada por ele. O povo é muito realista. O homem pobre, miserável, do Nordeste, que precisa de R$ 70 a mais ou R$ 140 a mais para comer é tão realista quanto nós. Ele conversa com quem conversa com ele. O fracasso do Serra na última eleição para mim foi isso. Não é que ele não queira o bem do povo. Ele quer. Mas o povo precisa sentir isso. E, para o povo sentir isso, você precisa dar sinais. Não há nada de ideológico nisso. Isso você vê em cada campo da comunicação humana. É preciso lembrar que o Jânio venceu em São Paulo em 1953 com a campanha do tostão contra o milhão. Era a mesma coisa que houve.


ÉPOCA – Como a ampliação da classe média pode mexer com o voto nas próximas eleições?

Weffort -
Essa classe média não é classe média. Isso é só propaganda. Desde o Plano Real, o Itamar, o Fernando Henrique, o Lula, houve uma mudança importante, uma melhora de qualidade de vida para uma massa muito pobre no Brasil. Não acho que isso seja classe média, mas que melhorou, melhorou. A situação econômica hoje não é nada extraordinária, mas melhorou. Agora, esse pessoal vai votar em quem lhes interessar. Essa é a regra geral da democracia.


09 de março de 2013
JOSÉ FUCS - Epoca