"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 14 de outubro de 2011

NOTAS POLÍTICAS

Dois fortes candidatos

A celebração pelo Dia da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, serviu para fazer emergir, na nem tão plácida assim comunidade católica, dois nomes de vulto e prestígio não apenas nacionais, mas internacionais: os cardeais Raimundo Damasceno, de Aparecida, e Odilo Scherer, de São Paulo. Ambos se pronunciaram contra a corrupção. Como ambos, antes, haviam sido secretários-gerais da CNBB, são figuras exponenciais nessa nova fase da Igreja Católica e, malícias à parte, dois fortes candidatos a Papa se, no futuro que ninguém almeja venha logo, o comando do Vaticano se transferir para a América Latina. Um do Sul, outro do Nordeste.

***
ELE TAMBÉM NÃO SABIA

Divulga o governo do Distrito Federal que o governador Agnelo Queirós não sabia da aquisição, pelo Detran, de dezenas de pistolas elétricas que paralisam por cinco segundos o cérebro das vítimas. Vai proibir que agentes do trânsito local possam utilizar essas maquininhas diabólicas, mas completa trocando o seis pela meia-dúzia: destinará as pistolas às polícias militar e civil de Brasília…

Trata-se de truculência explícita armar funcionários do poder público de instrumentos cujas consequências, se utilizados, ninguém sabe ao certo. Sequelas poderão sobrevir, agora não mais em motoristas embriagados ou em transgressores dos sinais de trânsito, mas em usuários de drogas, assaltantes de botequins e suspeitos de toda ordem.

***
UM FIM DE SEMANA TRANQUILO

A presidente Dilma viajou ontem para Curitiba e Porto Alegre. Aproveitará o fim de semana para celebrar com atraso o primeiro aniversário do neto, na capital gaúcha. Brasília já estava vazia de parlamentares, por conta do feriado de quarta-feira, e mais ficou com a saída da presidente da República, seguida por diversos ministros, para diversos pontos do território nacional. Como Dilma só retorna domingo ou segunda, a placidez toma conta da capital federal, já que nos tribunais superiores também se registra a ausência de seus integrantes. Melhor assim.

***
A HORA DA ANÁLISE

Interrompida a greve dos funcionários dos Correios e diante da perspectiva de os bancários também suspenderem a paralisação de suas atividades, logo começarão análises reunindo não apenas essas greves, mas as dos professores, dos motoristas, dos policiais e de uma penca de profissionais espalhados pelo país.

Por que esse surto de manifestações acentuadas durante o primeiro ano de mandato da presidente Dilma? As centrais sindicais, mesmo permanecendo em cone de sombra, participaram das negociações que redundaram nas greves. Como não agiam assim no governo Lula, há quem suponha o dedo do PT nas manifestações. O partido não hesita em criar problemas para o governo que nominalmente compõe, mas nem tanto quanto o anterior. Vamos aguardar as teses e os ensaios.

Carlos Chagas

O PAÍS DECENTE MOSTROU QUE HÁ PELO MENOS 30 MIL PEDRAS NO CAMINHO DOS CORRUPTOS

Historicamente compassiva com os pecadores da seita companheira, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil enfim perdeu a paciência com o bando de desgarrados que hoje se ajoelham no altar da ladroagem impune. “Não podemos concordar com nenhuma forma de corrupção, pois os recursos são da população”, lembrou dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida do Norte e presidente da CNBB, durante a missa que reuniu 40 mil devotos no Santuário Nacional. “A Igreja quer que as denúncias sejam investigadas”, avisou, depois de solidarizar-se com “as manifestações organizadas por redes sociais”.

Na missa celebrada numa igreja de Pirituba, dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, também se inspirou no viveiro de gatunos da classe executiva e nos atos de protesto deste 12 de outubro para transformar o sermão num fato político. “A corrupção está em toda parte, afligindo o povo brasileiro”, constatou. “Quando não somos mais capazes de reagir e nos indignar diante da corrupção, é porque nosso senso ético também ficou corrompido. Quando o povo começa a se manifestar, a coisa melhora. É isso que precisa acontecer”. É isso que está acontecendo, souberam à noite milhões de telespectadores do Jornal Nacional e, nesta quinta, os leitores dos principais jornais brasileiros.

As manifestações de 7 de setembro não conseguiram a atenção de hierarcas da Igreja Católica, ficaram fora do mais importante telejornal e foram noticiadas com timidez pela grande imprensa. As mudanças na paisagem confirmam que o movimento que nasceu nas redes sociais e transbordou para as ruas há apenas cinco semanas tem saúde suficiente para apressar a chegada à idade adulta. Foram definidas duas reivindicações prioritárias ─ o fim do voto secreto no Congresso e a imediata aplicação da Lei da Ficha Limpa. E ficou estabelecido que, embora não seja o único sinônimo de corrupção impune, é José Sarney o outro nome da roubalheira escancarada e sem castigo.

As cautelas adotadas pelo comando do movimento, que ainda se nega a enxergar os donos do pântano que abriga os sarneys, acabaram atropeladas pela idiotia incurável dos milicianos a serviço da seita e pela estupidez dos Altos Companheiros, que se colocaram espontaneamente na alça de mira dos indignados. O silêncio estrepitoso dos jornalistas federais, a gritaria histérica dos blogueiros estatizados e os uivos dos Altos Companheiros comunicaram à nação que falar em corrupção é falar do PT. Que exigir a punição dos culpados é uma ameaça à governabilidade. Que insultar um corrupto juramentado é o mesmo que ofender o pai da Dilma ou xingar a mãe do Lula.

Tanto os milhares que marcharam em Brasília, São Paulo e no Rio quanto as dezenas de manifestantes que se juntaram em cidades menores declararam-se contra a corrupção. Quem é contra os que maldizem ladrões só pode ser a favor da ladroagem, certo? O problema é que não é de bom tom confessar tal obscenidade. Assim, resta à patrulha petista jurar que as passeatas foram menores que os cortejos de padrinhos dos casamentos de Marta Suplicy, enxergar tramas hediondas para derrubar o governo e jurar que todos os brasileiros descontentes, seja qual for a idade ou a condição sócio-econômica, são todos filhos mimados da elite golpista. Os vigaristas à caça de emprego e dinheiro estão compreensivelmente assustados com um universo desconhecido.

A convocação para 15 de novembro da terceira rodada de protestos comprova a musculatura do movimento. Entre uma e outra aparição nas praças e avenidas, os grupos combatentes seguirão agindo na internet. É um mundo novo que confunde mesmo colunistas confiáveis: por teimarem em contemplá-lo com o olhar de 1968, acabam enredados em profecias que se amparam exclusivamente na contagem dos participantes.

Para que o grande clube dos cafajestes se sintam em perigo, é verdade, a multidão disposta a deter a rapinagem precisa aumentar consideravelmente. Mas já existe gente de sobra para a guerra de resistência. Essa etapa, ainda em seu começo, precisa ser concluída para que se passe à contra-ofensiva.

Neste começo de primavera, o objetivo a alcançar é a obstrução do avanço dos corruptos. Nos últimos nove anos, eles não toparam com um único obstáculo consistente. Acabam de saber que há pelo menos 30 mil pedras caminho.




Augusto Nunes

E NÓS, OS QUE SOMOS OPOSIÇÃO, VAMOS "MILITAR" PRA VALER OU IMITAR A PASMACEIRA DO PSDB?

Com Aécio sendo mais vaselina que o avô; com Serra querendo perder a terceira eleição para o PT por absoluta falta de competência eleitoral aliada ao costumeiro medo de elogiar os governos do seu partido; com Guerra mais perdido que cego em tiroteio, querendo alianças até com o diabo; com Alkmin – o eterno picolé de chuchu – como incentivador do PSD e com Fernando Henrique aposentado, o que esperar da oposição do PSDB?

Hoje, mais do que nunca, a oposição a esse estado de coisas depende exclusivamente de nós, os cidadãos indignados com a corrupção do PT e de sua base alugada. Uma reação vigorosa de nossa parte se faz necessária, até porque as redes sociais estão, há muito tempo, inteiramente dominadas pela militância petralha, que é paga para ficar repetindo o mesmo ramerrame há dez longos anos, principalmente porque agora o PT assumiu oficialmente o seu patrulhamento com a criação dos tais MAVs – Núcleos de Militância Petista em Ambientes Virtuais.

Para nós, se nos organizarmos, a tarefa de convencimento vai bem mais fácil porque não precisamos repetir mil vezes a mesma mentira até que ela se transforme em verdade: basta insistirmos apenas na verdade, porque ela é tão escancaradamente contra o PT e sua base alugada, que umas duzentas vezes vai dar resultado. Mas, para isso, é preciso determinação e organização e, para chegar a isso, temos que baixar a nossa bola e esquecer um pouco nossos egos inflados pela nossa superioridade intelectual, que é fato, mas que não é vantagem nenhuma: ser superior intelectualmente a um petralha não é mérito, é obrigação.


Por Ricardo Froes

DILMA E O TURISMO SENTIMENTAL POR NOSSA CONTA


BULGÁRIA - BRASIL

Com a desculpa esfarrapada de que o Brasil precisava manter melhores relações comerciais com a Bulgária (?), a presidenta visitou a terra natal do seu pai, Petar Roussev, com toda a pompa a circunstancia, sem gastar um tostão, coisa que nunca havia feito sob as próprias expensas.
A viagem acabou expondo a irresponsabilidade do seu pai, o abandono do seu irmão búlgaro e a inutilidade de toda a dispendiosa viagem.

Ninguém é culpado das cretinices praticadas pelo búlgaro Pétar Russév, muito menos sua filha, a presidenta Dilma Rousseff. Mas na hora em que milhões de reais, dos contribuintes brasileiros, são gastos, para que ela faça uma visita sentimental, aos confins da Europa, em busca das raízes familiares perdidas, é justo que se conheça a história.

Na última semana os jornais noticiaram que a presidenta Dilma foi a Gabrovo, na região central da Bulgária, a cidade natal do seu pai, após cumprir uma suposta agenda política e comercial na capital Sófia.

A viagem como um todo foi um indisfarçável e despropositado passeio turística sentimental, que movimentou o Ministério das Relações Exteriores, o Gabinete de Segurança Institucional, grupos de diplomatas percussores, dinheiro rolando solto, no apoio a esse passeio da suprema mandatária brasileira.

O jornalista Celso Arnaldo Araújo, enviado pela coluna do Augusto Nunes, para acompanhar a presidenta na viagem, muito apropriadamente comenta que “Никога в историята на тази страна” (Nunca na história deste país) um presidente brasileiro colocou flores no túmulo do soldado desconhecido da Bulgária (um jornalista jocoso, cobrindo a viagem de Dilma, chegou a perguntar a um colega: haveria, por acaso, algum soldado búlgaro conhecido?).

Aliás, em toda a história da nossa República, nenhum presidente brasileiro fez qualquer coisa na Bulgária. E é provável que não volte a fazer.”

”Não foi fácil para a presidência agregar à comitiva muitos empresários importantes – um modo de tentar revestir a viagem puramente sentimental de um caráter de missão econômica. O comércio entre os dois países é equivalente a insignificantes 120 milhões de reais por ano – o Partido Republicano, no Brasil, movimentava por fora muito mais do que isso só no Ministério dos Transportes.

A Bulgária não tem muito a oferecer e não é exatamente um grande parceiro comercial. Se a Europa está em crise, notadamente a zona do euro, imagine-se a pobre Bulgária, mergulhada numa recessão que começou bem antes do surto atual, agravada pela corrupção endêmica e pelo crime organizado que grassam no país desde o fim do império soviético – tem razão a presidente Dilma ao destacar os laços afetivos que unem os dois países.

Desfeitas as embromações, Dilma partiu para o que realmente lhe interessava, a visita a Gabrovo, cidade onde o seu pai Pétar Russév, nasceu em 1900.

Consta que em 1929, depois de ganhar a vida como comerciante, ele deixou a Bulgária rumo à França e depois Argentina, acabando, nos anos 30, finalmente, estabelecendo-se no Brasil, onde morreu em 1962, quando Dilma tinha apenas 15 anos.

A viagem acabou expondo um lado menos glamoroso dessa descendência: ficou visível que o pai de Dilma abandonou na Bulgária a esposa Evdokia Yankova, em adiantado estado de gestação. Há versões de que sua fuga do país ocorreu por motivos políticos, outros por motivos econômicos, teria empreendido uma rota de fuga, escapando dos credores. Comenta-se também que poderia ter sido pelas duas coisas. Injustificadamente, porém, o senhor Pétar Russév, que se transformou em Pedro Rousseff, quando se nacionalizou brasileiro, durante vinte anos, nunca quis saber do filho, Luben Russév, que deixará na Bulgária, enquanto constituía uma nova família e enriquecia no Brasil.

Segundo informações dadas por Luben a um jornalista em 2004 (três anos antes de morrer), ele teria pedido várias vezes ao pai para ajudá-lo a sair da Bulgária e levá-lo ao Brasil.

Pedro enviou ao filho alguns pacotes com presentes. Às vezes, punha dólares escondidos entre cartões postais, para que passassem despercebidos pela polícia.

Com esse dinheiro, Luben conseguiu comprar um Volkswagen. Em 1962, o engenheiro soube da morte do pai e solicitou várias vezes ao governo permissão para viajar ao Brasil para tratar de sua herança.

Ele sabia, por meio de uma poeta búlgara, amiga de seu pai, que Pedro tinha se tornado um homem rico.

Mais uma vez, não obteve autorização para viajar.

Tempos depois, foi informado pelo Departamento de Relações Exteriores de que tinha recebido do Brasil a quantia de US$ 1.500 referentes a sua herança. Luben acreditava que tinha direito a muito mais dinheiro, achou que era melhor pegar os US$ 1.500 do que ficar sem nada.

Visivelmente os advogados da família de Dilma, conseguiram ludibriar o filho búlgaro de Pedro Rousseff, pois pelo que se sabe, a partilha premiou com bens de valores elevados, os outros irmãos brasileiros.

Luben Russév se casou e não teve filhos. Nos últimos anos de vida, morava com a mulher, Margarita, no centro de Sófia. Sofria de reumatismo e andava de muletas. Seus vizinhos dizem que ficava o tempo todo em casa. Só saía para ir ao hospital.

Na última década, Dilma havia começado a se corresponder com seu meio-irmão búlgaro, Luben. Ressalte-se que nos anos 60, enquanto Dilma militava na esquerda brasileira, Luben foi perseguido pelo regime comunista búlgaro.

Nos últimos anos, dizem, que a presidente chegou a enviar dinheiro para ele e planejava um dia conhecê-lo, o que acabou não acontecendo, pois Luben, depressivo e falido, morreu aos 78 anos, em 2007, por ter deixado de tomar os medicamentos que lhes eram prescritos, num gesto classificado como um "suicídio passivo.

Voltando a viagem, os jornais búlgaros destacaram que o túmulo de Luben, que estava abandonado, ganhou uma restauração, nas últimas semanas. As autoridades locais arrumaram o local, puseram uma cruz e uma foto do irmão de Dilma.

A presidente enviou, antes da viagem, também por nossa conta, uma coroa de flores que foi depositada no local, com um recado em português:

"Ao meu irmão Luben, unidos pelo sangue e separados pela história, uma abraço da sua irmã Dilma Vana". Em Gabrovo, há pouca memória de Petar, o pai. A casa onde ele nasceu e viveu foi demolida, por isso as autoridades municipais escolheram a escola Vasil Aprilov - onde ele estudou - como ponto de visita da presidente. Ela se encontrou com integrantes da comunidade e recebeu uma árvore genealógica - um documento com três metros de cumprimento, com detalhes em inglês e búlgaro sobre dez gerações e 598 pessoas da sua família, desde 1735 até os dias de hoje.

Uma cópia do documento está no museu de História Regional, como parte de uma exposição especial sobre Dilma, que visitada pela presidentaDilma se encontrou com sua única “familiar” viva, que entrou na família e nessa história, por ter sido casada com um dos primos de Dilma, Tzvetan Russév, que morreu há pouco mais de dois anos. A presidente não tem mais parentes diretos na Bulgária. Os quatro irmãos de seu pai, como o seu irmão, já estão mortos.

Dizem que a presidenta Dilma, durona e fria, chegou a se emocionou durante esse passeio na sua história, o que não tem a menor importância para os brasileiros, financiadores da empreitada.

Em resumo, Dilma Rousseff, tinha todo o direito de fazer esse banal e inexpressivo turismo sentimental, mas nunca oficialmente, como presidente do Brasil e por conta do contribuinte brasileiro.

UPEC

NENHUM PAÍS É UMA ILHA

Nenhum homem é uma ilha, dizia o poeta inglês John Donne, no século 17. No auge da globalização, é razoável afirmar que nenhum país e uma ilha.

Quando as coisas apertam o mundo, o Brasil tende a se ilhar, mentalmente. O Brasil é uma ilha de prosperidade, dizia o general Geisel. Tsunami econômico aqui não passa de marolinha, afirmava o presidente Lula.

O jornalista americano Michael Lewis acaba de concluir um livro - Boomerang, Viagens ao Novo Terceiro Mundo - sobre a Europa. Ele percorreu quatro países: Islândia, Irlanda, Grécia e Alemanha. Seu objetivo era extrair lições para os EUA. E concluiu que os americanos deveriam inquietar-se com a crise europeia, pois podem ser os próximos da fila.

Barack Obama e Dilma Rousseff têm feito constantes advertências aos líderes europeus. Alguns já reclamam por terem sido condenados a ouvir conselhos. É compreensível que os dois presidentes se inquietem com a crise europeia e a demora em achar saídas. Mas ambos, em níveis diferentes, têm de olhar a própria retaguarda.

A exemplo de Islândia, Grécia e Espanha, os EUA enfrentam manifestações de rua. Elas têm um objetivo vago, mas miram o sistema financeiro e suas relações com o governo.

No Brasil o tema é a corrupção, mas o núcleo de descontentes pode ampliar seu alcance em caso de crise econômica. E não só porque a corrupção se torna mais insuportável num quadro de crise. Outro fator potencial de protesto é o modo irracional de gastar o dinheiro público. Olhando por esse ângulo, o Brasil comporta-se como um novo-rico, alheio à tempestade que se aproxima.

Os fatos da semana fortalecem essa visão. A Câmara dos Deputados gastou R$ 13,9 milhões com telefone nos últimos oito meses. Se houvesse interesse, com a ajuda da tecnologia esses gastos poderiam ser reduzidos à metade. Os custos do Congresso aumentam, assim como aumenta a resistência a considerar a tese de que, sem perder a eficácia, eles poderiam ser reduzidos à metade. A Câmara tem uma televisão com equipamentos e equipe completa. A pouco mais de 300 metros dali, o Senado tem também uma televisão com equipamentos e equipe completa. Com bons editores, uma só televisão divulgaria todo o trabalho do Congresso e ainda sobraria tempo.

José Sarney declarou em entrevista que os privilégios parlamentares são um tributo à democracia. Os suecos, apesar de sua riqueza, considerariam um insulto à democracia. Basta examinar o tratamento que dão a seus parlamentares, que precisam lavar sua roupa e limpar, após usarem, a cozinha coletiva de seu prédio.

Na área do governo, os fatos também revelam indiferença pelos gastos inúteis. Essa tendência pode rastreada pelas manchetes dos jornais. O Ministério da Pesca surge como um generoso pagador da bolsa-defeso. Não há indícios de que conterá seus excessos. O da Saúde aparece gastando parte de sua verba com vale-transporte e até pista de skate. Enquanto isso ocorre, R$ 1,8 milhão enviado à reserva dos índios guaranis-caiuás parece ter sumido no caminho, pois os postos, segundo o Ministério Público, estão em estado de miséria. Já a reforma do Palácio do Planalto custou 43% acima do preço estimado inicialmente. Apesar de notas técnicas condenando os gastos, R$ 112 milhões foram pagos.

Tudo isso vem à tona na fase pós-escândalo dos Ministérios dos Transportes e do Turismo, áreas em que as cifras do dispêndio eram muito maiores. A visão corrente na base do governo é de que tudo é secundário e chega a ser comovente se importar com tais gastos, diante da complexidade do processo. O mantra é confiar no mercado interno, apoiar-se nele para continuar crescendo. No entanto, embora não seja alarmante, pesquisa da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) diz que, entre os emergentes, o Brasil sofreu uma das mais fortes desaceleração do crescimento.

A presidente Dilma deve anunciar, dizem os jornais, um novo plano de investimentos. Ela quer estimular a economia. Grande parte dos investimentos que o País fará nos próximo anos é destinada à Copa do Mundo e à Olimpíada. É preciso muita confiança para supor que esse caminho não apresente riscos na crise. Não se trata apenas de calcular o custo de alguns elefantes brancos. Eles continuarão representando gastos de manutenção muito tempo depois de usados nesses eventos internacionais.

Não se pode dizer que o governo ignore o problema de gestão dos recursos. Dilma atraiu para sua equipe o empresário Jorge Gerdau, que investiu na modernização dos governos. O do Rio de Janeiro deve a ele grande parte do êxito em superar o atraso constrangedor das administrações anteriores. A presença de Gerdau indica, pelo menos, a existência de plano de longo alcance. Mas falta uma força-tarefa para as emergências.

Toda eleição presidencial discute os gastos com viagens, que rondam os R$ 800 milhões. Num tempo de teleconferências, e-mails, Skype, gastos com viagens poderiam ser reduzidos. Mas não se vê uma campanha para diminuí-los, com resultados transparentes.

Ao pedágio da corrupção soma-se o espírito de novo-rico, inspirado pelo crescimento econômico. É muito peso para voar em tempos difíceis. Os dois fatores se entrelaçam e ganham nova dimensão quando o foco está na Copa e na Olimpíada. O primeiro grande acontecimento, o sorteio das chaves, no Rio de Janeiro, revelou a amplitude dessa tendência perigosa. Estado e cidade gastaram, juntos, R$ 30 milhões. O aluguel de uma cadeira custou R$ 204, soma suficiente para comprar cadeira nova.

A racionalidade nos gastos é um remédio muito simples para a complexidade da crise. Outras grandes medidas se pedem aos estadistas. A vantagem do remédio está sobre a mesa: é só ter a coragem política de adotá-lo. Na verdade, o grande obstáculo para racionalizar os gastos é político. Uma configuração estática de governo torna a política não mais uma solução, mas parte da crise.

Fernando Gabeira, jornalista - O Estado de S.Paulo

ANTES E DEPOIS DE STEVE JOBS...


A indústria mundial de computadores, antes só utilizados por governos, grandes empresas e universidades, era quase que totalmente dominada pela IBM, quando o gênio Steve Jobs iniciou a fabricação dos Personnal Computers, os PCs, que popularizados, passaram a ser usados nas mais diversas finalidades, mudando radicalmente a vida das pessoas ao redor do mundo e provocando mudanças que serão sentidas por décadas.

Surgiram então os fabricantes de softwares, que criavam os programas para facilitar a operação daqueles equipamentos, agora cada vez menores, sem a necessidade de ser um profissional da área, que faziam longos cursos para dominar o DOS, sistema operacional que se utilizava, cheio de fórmulas e regras.

As duas maiores e mundialmente mais conhecidas dessas empresas são a Apple, do próprio Jobs, criadora do sistema operacional Mac e a Microsoft, de outro gênio, Bill Gates, com o seu Windows. A grande diferença entre essas duas é que, enquanto a primeira só permitia o uso de seus softwares em equipamentos de sua fabricação, a outra disponibilizou a licença de uso de seu invento para qualquer um que pagasse por ela.

Como resultado dessas políticas comerciais, uma ficou restrita a determinadas especialidades e a outra dominou o mercado de tal modo que o sistema operacional praticamente nem é discutido pelo usuário na aquisição de um novo equipamento. Pesquisas atuais apontam que, o Mac detém 10% do mercado mundial de sistemas operacionais, contra 87% dos que utilizam o Windows. Na fabricação de computadores a Apple mantém os 10%, enquanto a HP e a Dell dominam 48% do mercado e o restante é pulverizado entre milhares de montadoras.

Todos discutem processadores, memória, HD, monitor e outros itens, mas quando se fala em sistema operacional discute-se apenas se é o modelo mais moderno, como o Seven, ou um anterior como o XP, mas sempre Windows, enquanto nos processadores, a discussão fica em utilizar os Pentium IV, os Dual Core, os Core 2 Duo, ou os da atual série i3, i5 e i7, mas todos fabricados pela Intel, líder incontestável desse mercado.

Na fabricação dos smartphones e dos tablets, com seus iPhones e iPads inventados por Jobs, a Apple está utilizando a mesma estratégia, pois apesar de dominar com larga vantagem esse mercado, está rapidamente sendo alcançada pela sul coreana Samsung, a segunda maior produtora mundial de processadores de informática que, nas comunicações, fabrica smartphones que utilizam o sistema operacional Android, da gigante Google.

Enquanto a Apple só fabrica aparelhos que utilizam seu próprio sistema operacional, o iOS - não cedido a outras empresas -, quase todas as outras fabricantes mundiais estão criando, fabricando e lançando novos produtos que utilizam o Android.

Por ser um programa muito mais completo, o Android ainda é mais difícil de ser manuseado pelo público que o sistema da Apple, mas mesmo assim, atualmente a empresa que lançou a maior invenção de Steve Jobs, domina somente 19% do mercado mundial de smartphones, enquanto os que utilizam o Android já dominam 58% deste.

Atualmente milhares de técnicos no mundo trabalham para facilitar sua utilização por todos e assim que isso se tornar possível, o programa aumentará ainda mais a já larga margem de vantagem nas vendas, deixando os aparelhos da Apple restritos a determinadas categorias, enquanto a Google dominará o mercado de sistemas operacionais de comunicação, como a Microsoft domina o de informática, por um fato bastante simples: pagando, todos estão autorizados a fabricar produtos com esses sistemas.

Os gênios das invenções normalmente não são bons comerciantes, pois compartilhando seus conhecimentos, permitiriam que milhares de pessoas, partindo de sua invenção, tivessem a oportunidade de aprender mais rapidamente, divulgando então suas idéias e produtos.

João Bosco Leal

"ROCK IN RIO E O ORGULHO DOS PORCOS"



O conhecido Padre Paulo Ricardo, que se tem notabilizado pelas suas análises embasadas na religião católica, desta vez faz uma reflexão sobre o que qualifica de "neo-paganismo", e vai fundo nesse tema levantando questões comportamentais que tipificam a sociedade ocidental neste século XXI e que se refletem em procedimentos de auto-mutilação e o desprezo ao próprio corpo transformandos em moda por boa parte da juventude.

A análise tem como pano de fundo o Rock in Rio realizado recentemente no Rio de Janeiro.

Embora seja ateu, como todos sabem, reconheço sempre o impacto da crença religiosa cristã e judaica na formação dos valores da civilização ocidental e respeito, evidentemente, sem qualquer questionamento e preconceito, aqueles que professam a crença cristã e judaica. Nós ateus jamais discutimos questões de religião e crenças. Mas não toleramos aquelas religiões de viés fanático e intolerante que colidem frontalmente com os valores da civilização ocidental e o Estado laico.

Todavia, a crítica que faz o Padre Paulo Ricardo tem conteúdo que transcende o aspecto puramente religioso, ainda que nele embasado, porquanto exprime uma reflexão sobre o comportamento adotado por muitos jovens que os leva a mergulhar de cabeça nas drogas. Sim, porque quem cultua comportamentos auto-destrutivos, bizarros e desdenha dos valores da civilização ocidental que levaram séculos para serem construídos está laborando em profundo equívoco e sob o deletério eflúvio de entorpecentes.
Por causa disso faço a postagem deste vídeo para lembrar que só a ordem, o respeito ao próximo que começa com o respeito ao próprio corpo, pode originar a paz e a civilização.

Aqueles que fazem o progresso da nossa civilização, os bens materiais que nos dão o conforto e os medicamentos que mitigam a nossa dor ou nos salvam quando adoecemos, e que possibilitam inclusive que se realizem shows de música e arte de qualidade para platéias gigantescas, estão nos centros de pesquisa, nos laboratórios e nas áreas de ciências das universidades.
Nada contra os jovens, pelo contrário. A humanidade se renova e progride com os jovens que serão os adultos e os idosos de amanhã. E, se são o futuro, temos que nos preocupar com eles e nos cabe, de alguma forma, antecipar a eles a experiência vivida.

É com este objetivo que escrevo este post e todos os demais. Não pretendo ser o dono da verdade, mas não posso patinar na covardia da omissão.

blog do aluizio amorim

"PARA O BRASIL SEGUIR MUDANDO" : RUMO AO PIBINHO...


A economia brasileira pisou forte no freio e corre risco de estacionar de vez. A expansão no ano deve ser bem menor do que vinha prevendo o governo. O país caminha para conviver com a indesejável combinação entre crescimento baixo e inflação alta.

O Banco Central divulgou ontem o IBC-Br de agosto. O indicador, que serve como uma espécie de prévia do PIB oficial, apontou queda de 0,53% na atividade econômica no mês, em comparação com julho último.

Foi a terceira vez no ano em que houve retração:
maio e junho também haviam exibido queda na comparação com o mês anterior.
Ou seja, noves fora o crescimento verificado em julho, a economia brasileira já vem perdendo força desde o início do segundo trimestre.

O país não deve ter crescido nada no terceiro trimestre do ano.
Alguns dizem que a economia pode até mesmo ter encolhido entre julho e setembro.

Será uma marca expressiva, principalmente quando se tem em conta que desde o primeiro trimestre de 2009 não se registra resultado negativo.

A expansão prevista para o PIB em 2011 já está rodando bem abaixo do que antevia o governo no início do ano. Por muito tempo, a gestão Dilma Rousseff previu crescimento entre 4,5% e 5% para economia brasileira neste ano.

No fim de setembro, o BC jogou suas estimativas para 3,5% e nesta semana foi a vez do Ministério da Fazenda depor armas e também cortar suas expectativas para a casa entre 3,5% e 4%.

A julgar pelo IBC-Br de agosto, todos os prognósticos oficiais feitos até agora são otimistas demais.

Analistas privados consultados pelos jornais preveem, majoritariamente, um crescimento ao redor de apenas 3%, ou seja, menos da metade do verificado em 2010.

Vale lembrar que o Brasil foi, entre 35 países analisados pela OCDE, o que teve a mais forte desaceleração nos últimos 12 meses.

Por ora, o que está pesando são fatores internos:
o mau desempenho da indústria e a perda de vigor do comércio varejista, hoje já em marcha lenta. A primeira teve queda de 0,2% em agosto sobre julho e o segundo recuou 0,4% no mesmo período.

Pode ficar pior, até porque os impactos da desaceleração mais forte da economia mundial ainda não se fizeram sentir aqui.

É de se prever mais dificuldades à frente, com base, por exemplo, em dados sobre o comércio exterior chinês, também divulgados ontem.

O superávit comercial deles caiu em setembro a menos da metade do que era em julho: foram US$ 17 bilhões a menos.
Não custa lembrar que a China compra hoje 20% de tudo o que o Brasil exporta...

Com base nos números ora conhecidos, tornam-se favas contadas novos cortes na taxa básica de juros, a começar pelo que deve ser determinado na reunião do Copom prevista para a semana que vem.

Há muitas dúvidas, porém, sobre se a desaceleração em curso será suficiente para segurar a inflação.

Eis alguns fatores a inspirar preocupação com o comportamento dos índices de preços nos próximos meses:
o ainda pujante mercado de trabalho; o aquecido setor de serviços, que será ainda mais estimulado com o aumento de 14% do salário mínimo em janeiro; o alto nível de consumo das famílias brasileiras.

O balanço da situação coloca em questão a calibragem da política econômica posta em marcha pela presidente Dilma. Por ora, o que se conseguiu foi trazer a atividade produtiva no país para um nível abaixo do seu potencial, ao mesmo tempo em que a inflação veio em escalada desde o começo do ano.

Tratar de projeções para o crescimento econômico não é exercício de futurologia.
O desempenho da atividade produtiva tem impacto direto na atitude e no humor da população.

Com perspectivas mais sombrias, também tendem a crescer o nível de insatisfação com o governo e a intolerância em relação à corrupção. Tudo isso coloca a economia, definitivamente, na agenda política deste fim de ano.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

BADERNEIROS E MIMADOS

Imperdível a entrevista das páginas amarelas da revista VEJA, com o filósofo inglês Roger Scruton. Sem medo da patrulha politicamente correta, ele mete o dedo em algumas feridas. Abaixo, alguns trechos da entrevista:

"Ninguém mencionou como uma das causas da baderna a deformação causada nesses jovens pelas políticas de estado do bem-estar social. Diversos estudos mostram como clareza a vinculação desses programas assistencialistas com a proliferação de uma classe baixa ressentida, raivosa e dependente. Não quero ser leviano e culpar apenas as políticas socialistas pelos tumultos. As pessoas promovem arruaças por inúmeras razões. Entre os jovens, a revolta é uma condição inerente, um padrão de comportamento. Mas é preciso um pouco mais de honestidade intelectual para buscar uma resposta mais concreta sobre o que ocorreu em Londres. Por debaixo do verniz civilizatório, todo homem tem dentro de si um animal à espreita. Infelizmente, se este verniz for arrancado, o animal vai mostrar a sua cara. A promessa de concessão de direitos sem a obrigatoriedade de deveres e de recompensas sem méritos foi o que arrancou o verniz nessa recente eclosão de episódios de vandalismo na Inglaterra."

"Desculpe-me, mas é resultado de exclusão depredar uma cidade porque você tem só um carro, um apartamento pequeno pelo qual não paga aluguel, recebe mesada do governo sem ter de fazer nada para embolsá-la, compra três cervejas, mas gostaria de beber quatro, e acha que ter apenas um televisor em casa é pouco? Não. Ver exclusão nesses episódios só faz sentido na cabeça de um professor de sociologia."

"O otimismo prejudicial é o desmedido ou, como disse o filósofo Arthur Schopenhauer, o otimismo mal-intencionado, inescrupuloso. É o tipo de pensamento que está por trás de todas as tentativas radicais de transformar o mundo, de superar as dificuldades e perturbações típicas da humanidade por meio de um ajuste em larga escala, de uma solução ingênua e utópica, como o comunismo, o fascismo e o nazismo. Otimismo e utopia em excesso geralmente acabam em nada, ou, pior, dão em totalitarismo."

"Como impor a mesma moeda, o mesmo sistema e o mesmo modo de vida ao alemão trabalhador, cumpridor das leis, respeitador da hierarquia, e ao grego fanfarrão e avesso às normas? Arrisco-me a dizer que a União Europeia é um fracasso porque contém as insanidades institucionais do velho experimento comunista."

"O pensamento utópico sobrevive porque não se trata de uma idéia de fato, mas de um substituto de uma idéia, algo que serve de alívio para a difícil - e geralmente depressiva - tarefa de ver as coisas como elas são realmente. É uma forma de vício, um curto-circuito que afasta os indivíduos da razão e do questionamento racional efetivo. O pensamento utópico nos remete diretamente para um objetivo, passando por cima da viabilidade do projeto. É fácil digeri-lo e se embeber do seu otimismo mal-intencionado e sem fundamento. O problema vem depois, quando a utopia termina em fiasco."

"O problema é que a questão ambiental foi parar nas mãos erradas. A esquerda transformou a proteção ao meio ambiente em uma causa, em um movimento que necessita de intervenções estatais, em um assunto no qual há culpados e vítimas. No caso, os culpados são os capitalistas e a vítima é o planeta. A esquerda adora o culto à vítima."

"Os Estados Unidos, a maior economia do mundo, o maior poderio militar, se tornaram o alvo principal dos ressentidos, dos que se consideram fracassados por causa do sucesso alheio. O ataque às Torres Gêmeas, há dez anos, é uma mostra do que o ressentimento coletivo estimulado pela falácia da soma zero é capaz de causar."

"Eu acordei do meu delírio socialista durante os tumultos de maio de 1968, em Paris. No meio da destruição, das barricadas e das janelas quebradas, percebi que aqueles estudantes estavam intoxicados pelo simples desejo de destruir coisas e idéias, sem a mínima preocupação em colocar algo relevante no lugar. [...] quando uma pessoa começa a pensar sobre as grandes questões que afligem o homem e a sociedade, tende a aceitar as posições da esquerda, pois elas parecem oferecer soluções. Ao pensar além, ao se aprofundar, a pessoa aprende a duvidar e rejeita o argumento esquerdista."

"O conservador reflete sobre coisas reais e sabe que a liberdade verdadeira é obtida sob leis e regras, pois sem instituições não há liberdade, mas selvageria."

Rodrigo Constantino

PEDE PARA SAIR, CAPITÃO NASCIMENTO!


O ator Wagner Moura, Capitão Nascimento para os "íntimos", deu uma entrevista na revista Caros Amigos, aquela que faz proselitismo de esquerda. Durante a entrevista, o ator afirmou que não fala com a revista VEJA, pois sua linha editorial é de "extrema direita". Wagner Moura disse ainda que não poderia dar entrevista para uma revista que publica textos de Diogo Mainardi (publicava). Wagner Moura é apenas mais um "intelectual" brasileiro; um personagem famoso que, por isso, julga-se culto e preparado para falar de política e economia. O pior é que tem audiência, não apenas para os filmes, mas para suas "idéias"...

Em outra entrevista, agora à Folha, o ator de "Tropa de Elite" veio com essa, quando o repórter perguntou se ele continuava a favor de Lula:

"Pô cara, vou te falar, acho que Lula... [pausa] Eu tenho uma admiração grande pelo cara. Ele tem feito muita coisa legal. E eu ainda acredito na esquerda, não na boba, utópica, mas em um Estado intervencionista. Acho o liberalismo uma coisa perigosa. Deixar as coisas andarem nas mãos da iniciativa privada é perigoso. O Estado tem que ter poder. Se o Estado não cuidar da gente, não vai ser a IBM que vai cuidar."

Viram que profundo? Wagner Moura não gosta mais da esquerda utópica, mas sim daquele Estado intervencionista, clarividente e honesto, que vai "cuidar" de todos nós. O liberalismo é muito perigoso, afinal de contas. Onde já se viu empresas competindo para atender melhor a nossa demanda? IBM, Dell, Microsoft e Apple, cada uma delas tentando produzir coisas mais baratas e melhores, sob a ótica do consumidor. Isso é muito perigoso! Precisamos da proteção do Estado intervencionista, sem utopias. Somos crianças indefesas em busca de uma babá, e nada melhor do que políticos poderosos para esta tarefa. Quem precisa da IBM quando se tem Lula ou Sarney?

Quando vejo esta verborragia de atores, cineastas, arquitetos ou cronistas simpáticos, sempre penso em como a natureza costuma ser seletiva na distribuição de talentos. "Deus não dá asas à cobra", diz o ditado. Wagner Moura é, sem dúvida, um grande ator! Mas como pensador político... vai acabar no PSOL! Por isso respeito tanto a máxima de "cada um no seu quadrado", ou "cada macaco no seu galho". Gostaria de ter um décimo do talento teatral de Wagner Moura, nem que fosse só para encenar em família. Mas jamais faria Shakespeare no teatro. O público não merece isso.

E o público também não merece a cabecinha oca de Wagner Moura quando se trata de política. Melhor ficar só com o Capitão Nascimento mesmo. Não gostou? Então pede para sair!

Rodrigo Constantino

MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS. MAIS UM?!

Deu no Globo: “Na reforma administrativa que o governo federal pretende implementar a partir do ano que vem, o Palácio do Planalto estuda criar o Ministério dos Direitos Humanos. Além da secretaria que hoje trata do assunto, atualmente ocupada pela ministra Maria do Rosário, a nova pasta abarcaria outras três: Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e Secretaria Nacional da Juventude. O governo planeja incluir na futura estrutura a Fundação Nacional do Índio (Funai), vinculada hoje ao Ministério da Justiça”.

Era tudo que o país precisava! Mais um ministério! Afinal, são tão poucos... nem chegam a 40 ainda! O governo usa como desculpa o enxugamento da máquina, mas, na verdade, vai criar mais um ministério com verbas polpudas para servir de moeda de troca no fisiologismo brasileiro, além de espalhar seu ranço ideológico pela sociedade. Quando petistas falam em direitos humanos, confesso que tenho verdadeiros calafrios. É algo análogo a colocar uma raposa para cuidar dos direitos das galinhas.

A esquerda nada seria sem a retórica dos direitos humanos. A luta em defesa das “minorias”, no fundo, segue uma estratégia bastante antiga de tomada de poder: dividir para governar. Negros contra brancos, pobres contra ricos, mulheres contra homens, jovens contra velhos, trabalhadores contra capitalistas, índios contra brancos; a segregação é uma arma fantástica para disseminar ódio e conquistar o poder. “Nós contra eles”, a arma mais tribal de todas. Infelizmente, ainda funciona. O PT sabe disso. E vai criar o ministério das “minorias”.

Humanos, até onde sei, somos todos nós: índios, negros, brancos, ricos, pobres, homens e mulheres. Portanto, os verdadeiros direitos humanos falam uma língua universal. O mais valioso direito humano é a liberdade. Sem ela, somos autômatos, escravos seguindo ordens, seres dependentes de esmolas estatais. Querem falar em direitos humanos? Então falem da redução dos impostos, da coerção do governo, do excesso de tutela, da falta de segurança, função básica do estado. O império de leis isonômicas, onde todos são iguais perante a Justiça, eis a melhor bandeira de direitos humanos. Justamente o contrário do que pretende o PT.

Na ONU, entre os países responsáveis pelos direitos humanos, encontra-se nada menos que Cuba, a ilha-presídio que desrespeita todos os direitos humanos. É esse o grau de escárnio a que chegou o uso dessa expressão.

Rodrigo Constantino

TRIUNFO DA RAZÃO - PARA ALCKMIN, PSDB PODE SIM, FAZER ALIANÇA COM O PSD

Já escrevi aqui algumas vezes. Ou cai a ficha dos não-petismos em São Paulo, ou todos vão acabar quebrando a cara - Kassab também. Não creio que ele tenha a ilusão de que possa ser poupado. É evidente que o mais racional é a união do PSDB com o PSD na cidade e no estado. Leiam o que informa a Folha Online:

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse nesta sexta-feira (14) que o PSDB está disposto a unir esforços e aberto a alianças nas eleições de 2012, inclusive com o PSD, do prefeito Gilberto Kassab. “Eu quero destacar, que de nossa parte, há sempre a disposição de unir esforços, de estarmos juntos”, afirmou o tucano. “Estamos abertos a construir, todos juntos, em uma grande aliança, uma proposta para a cidade São Paulo”, reiterou.

Kassab já avisou a aliados que irá propor um acordo ao governador para tentar reeditar nas eleições municipais de 2012 a aliança que o levou à Prefeitura em 2004, como vice de José Serra (PSDB).
Em nome dessa aliança, o prefeito tem afirmado que está disposto a abrir mão da candidatura ao governo em 2014 para apoiar a reeleição de Alckmin, colocando sua sigla e o próprio nome à disposição para compor a chapa encabeçada pelo tucano.
Para Kassab, juntos, PSD e PSDB têm chances se manter no comando da capital. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

SINDICALISMO, SEM-TERRISMO, COM-TERRISMO, GAYZISMO, MACHISMO... TODA ESSA BOBAJADA AGRIDE OS VALORES UNIVERSAIS DA DEMOCRACIA

No post abaixo, digo que o deputado BBB Jean Wyllys (PSOL-RJ), a Natalie Lamour da Câmara, é uma personagem patética, mas remete a uma questão importante para a democracia. Vamos ver.

Uma das ameaças permanentes ao regime democrático - e não é só no Brasil; assim é no mundo inteiro - é ter os seus valores de caráter universal, geral, corroídos por particularismos, pelo assédio, que chamo “sindical”, das ditas minorias, dos corporativistas, daqueles que, em suma, consideram que a sua condição específica deve pautar a conduta do conjunto da sociedade. Uma coisa, obviamente, é respeitar a minoria e a divergência - e só a democracia pode fazê-lo, já que o fascismo também é um regime de maioria. Outra, diferente, é impor à maioria as idiossincrasias de uma minoria: nessa hora, direito vira sinônimo de privilégio.

Por que o voto proporcional, como existe no Brasil, é ruim? Porque os partidos têm lá seus puxadores de votos, e representantes das ditas “minorais” ou das “corporações de ofício” acabam sendo “eleitos” sem que os votantes tenham clareza disso.

O voto em lista fechada, como quer o PT, agravaria dramaticamente esse problema. Ora, esses deputados não são representantes do povo real, dos moradores de um determinado lugar, com suas necessidades e anseios. Não! Eles se colocam como porta-vozes de uma grupo: há, então, os representantes dos sem-terra, dos com-terra, das mulheres, dos gays, dos evangélicos, dos católicos, dos sindicalistas, dos empresários…

A democracia como uma valor universal vai para o vinagre por conta desses particularismos. Vejam o caso desse Jean Wyllys aí. A sua bandeira na Câmara tem sido a aprovação da tal lei que pune a homofobia. O texto conhecido - não sei a forma que lhe deu hoje Marta Suplicy - é mais uma lei de censura do que propriamente de proteção aos homossexuais. Entendo, por exemplo, que vagabundos que atacam terceiros na rua merecem ir em cana, sejam as vítimas homossexuais ou não. O texto não se justifica por aí. Isso à parte, o que se tem é pura patrulha de linguagem.

Mas volto: essa tem sido “a luta” principal de Jean Wyllys - lembro, por exemplo, que ele defendeu aquele absurdo material didático do MEC que dizia, entre outras pérolas, que o adolescente bissexual tinha 50% a mais de chance de ficar com alguém no fim de semana. Ainda que o raciocínio não fosse cretino, o certo seria 100%. Mas entendo: Jean Wyllys não sabe responder a um garoto de 10 anos quanto é 7 vezes 9… Adiante!

O deputado atacou a marcha contra a corrupção porque, segundo ele, há muitas outras corrupções das quais as pessoas não se dão conta, e elas estariam sendo apenas pautadas pela “velha mídia”. E ele até impõe condições para participar das marchas, como se elas precisassem dele…

Ora, a “velha mídia” pôs na rua quatro ministros, mais de 20 funcionários do Dnit e denunciou coisas cabeludas nos Três Poderes da República.

Wyllys deve achar que a sua “minoria” (como se ele fosse dono de uma categoria) não está devidamente atendida por essa “velha mídia”. Que importa, pois, que ela denuncie malfeitos que são do interesse de todas as pessoas de bem, inclusive dos homossexuais de bem? Para ele, tanto faz! Ou a sua pauta encabeça as manifestações e os protestos, ou ele os combate.

Entenderam? Por causa de sua pauta particular, específica, ele joga fora um valor universal do regime democrático: a decência no trato com o dinheiro público. Afinal, é isso o que estão pedindo as pessoas que saem às ruas.

Digam-me cá: por que, então, ele seria diferente de qualquer lobista, de qualquer um desses peemedebistas que chantageiam o governo dizendo: “Ou me dá isso, ou eu voto contra o governo?” Ele é igualzinho. A única diferença é que a sua causa está no rol daquelas aceitas pelo politicamente correto. Jean Wyllys se coloca como o representante de uma corporação. Renuncia a uma valor universal da democracia porque considera que a sua pauta específica não está merecendo o devido tratamento.

Como tenho 50, ele me acusa de velho. Eu o contesto não porque tenha 37, mas porque é burro. Tivesse passado menos tempo assistindo aos BBBs para saber como dar um truque nas massas e levar a bolada, talvez tivesse lido alguma coisa de útil. Quando eu era comunista (já faz tempo; afinal, sou um idoso, hehe…), censurava certos “camaradas” que “radicalizavam à esquerda para encontrar uma saída à direita”. Wyllys, a seu modo, faz mais ou menos isso. Segundo ele, a pauta de quem sai à rua é muito estreita; ele diz querer falar também de outras corrupções, até daquelas praticadas pelas pessoas no cotidiano…

Ah, bom! Não é que ele seja contra a marcha da corrupção, entenderam? É que ele decidiu radicalizar de um lado para poder sair de outro: afinal, como é impossível marchar com a sua pauta porque nem ele próprio sabe qual é, então o melhor é ficar em casa, em seu confortável apartamento funcional, ganhando os tubos do Poder Público (mesmo sem ter tido votos para isso), cercado de assessores, gozando seus dias de nababo e atacando aqueles que se atrevem a sair às ruas para, vejam só!, protestar contra a corrupção.

Ele é mais burro do que jovem! Esse truque é antigo; é um clássico da vigarice política. Não tem jeito, não, valente! Quem ataca marchas contra a corrupção está se colocando ao lado dos corruptos, queira ou não. Ocorre que o particularismo de Jean Wyllys é do tipo que vai indagar: “Mas é um corrupto a favor da lei contra a homofobia? Se for, ele é meu aliado”. Como disse Lula naquele palanque em que exaltou Sarney pouco tempo depois de que ter atacado o mesmo Sarney, “em política, a gente tem de ser leal com quem é leal com a gente”. Pouco importa a pauta, entenderam? Era o lema do Poderoso Chefão.

No alto desta página e aqui há links para o movimento “Eu Voto Distrital”. No dia em que esse sistema for implantado no Brasil, os deputados representarão os brasileiros, não as suas corporações de ofício, as suas guildas, o seu sindicato, a sua clientela.

No dia em que houver voto distrital no Brasil, certamente haverá gays no Congresso, mas eles saberão que o combate à corrupção, por ser um valor universal, é também do interesse dos gays - ao menos dos gays honestos, que não tentam transformar o Congresso num circo.
Tenha a humildade de aprender alguma coisa, bobalhão. Ser gay não é categoria de pensamento. Apenas define com quem se vai e com quem não se vai para a cama.


Por Reinaldo Azevedo

INCRÍVEL! FANTÁSTICO! MAS VERDADEIRO...


Jean Wyllys, o que ataca as marchas contra a corrupção, reage acusando crítico de “homossexual” e “velho”!!!

O deputado BBB Jean Wyllys (PSOL-RJ), a Natalie Lamour da Câmara, aquele que atacou as marchas contra a corrupção, está bravo comigo porque eu o expus, mais uma vez, àquilo que ele realmente é. E, vejam só, como ele se quer uma pessoa sensata, contra o preconceito, favorável à lei que pune a homofobia, faz o quê? Ora, me chama de “homossexual”, emprestando à palavra um tom de xingamento. E me acusa também de “velho”, recorrendo a um eufemismo: eu seria “da melhor idade”. VOCÊS ENTENDERAM DIREITO: QUANDO JEAN WYLLYS QUER OFENDER ALGUÉM, ELE DIZ QUE SEU DESAFETO É HOMOSSEXUAL E VELHO. Em tempo: a tal lei que pune a homofobia, que ele defende, considera crime a discriminação contra homossexuais e… idosos!!!

Digamos que as duas coisas fossem verdadeiras e que a lei já tivesse sido aprovada: eu poderia processar Jean Wyllys, ou o fato de ele ser gay o tornaria imune? Mais ainda: se um homossexual chama um heterossexual de “viado” (assim, com “i”), com o intuito de ofendê-lo, isso poderia ou não render um processo?
Este senhor é a prova de quão ridícula é a proposta. Ele não quer uma lei para punir a homofobia, não! Ele quer é uma espécie de imunidade por ser quem é.
Se Jean é contestado, ele não tem nenhuma dúvida em gritar: “Isso é só porque eu sou gay”. Se ele decide atacar alguém, não hesita: “Você não passa de um gay!” Eis aí: o sistema que temos transforma o Congresso num circo de terceira categoria.

Não censuro em Jean Wyllys a homossexualidade ou a relativa juventude (37 anos, segundo a Wikipedia). Aos 50, lastimo, sim, a sua ignorância arrogante e o seu espantoso oportunismo. Pior: como ele tem vergonha de ter ganhado a ribalta se expondo daquele modo, tudo por dinheiro, então se torna agressivo, reativo, meio neurastênico.

Alguns amigos me dizem: “Por que bater boca com um tipo assim?” Eu não tenho preconceito de nenhuma natureza! Já consegui mudar uma tradução oficial do Vaticano, como vocês sabem, e já tomei de volta uma esmola na rua - o beneficiado me xingou, porque achou que era pouco dinheiro. Como escreveu Fernando Pessoa (Ricardo Reis), provavelmente um gay: “Para ser grande, sê inteiro: nada/ Teu exagera ou exclui./ Sê todo em cada coisa.” É isso aí: às vezes, topo com o Vaticano; às vezes, com Jean Wyllys; com um pouco mais de sorte, com um mendigo desbocado.

O “deputado” sem voto Jean Wyllys é uma anedota patética, mas a sua presença na Câmara remete a uma questão importante para a democracia, de que tratarei, com um pouco mais de fôlego teórico, no próximo post. O “escritor baiano”, como ele se define, é um dos representantes da população do Rio de Janeiro. Chegou lá com 13.018 votos. Não se elegeria vereador em boa parte das cidades médias do interior do Brasil.
E, no entanto, em razão do voto proporcional, ganhou um assento na Câmara pegando carona na votação de Chico Alencar, também do PSOL do Rio.

Em suma: os que votaram em Chico elegeram, sem saber e sem querer, Jean. Pobre rapaz! A reputação que realmente tem - ex-BBB -, ele a renega para se apresentar com aquela que não tem: “professor, jornalista e escritor baiano”. Uma vez deputado, sabe que se elegeu com os votos que não eram seus. Deve ser chato ter de acordar, dia após dia, para alimentar uma personalidade pública forjada em tantas negativas.
Não que não tenha uma vida boa… Ao se olhar no espelho, no entanto, os fatos à sua volta gritam a verdade insofismável: “BBB sem voto!”

Esse rapaz, no entanto, é só a personagem de um enredo que é muito mais sério e que diz respeito à qualidade da democracia brasileira. Eu vou demonstrar que ele não é diferente de um lobista vulgar qualquer; a exemplo de qualquer corporativista chinfrim, sua presença na Câmara é nefasta para a democracia e para o país.

Em tempo: não é a primeira vez que ele fica furioso comigo. No dia 19 de maio, publiquei um vídeo, e escrevi um post a respeito, em que esse valente acusa o povo brasileiro de ignorante e sugere que este não sabe votar. Cuspia, assim, naqueles que lhe deram fama e fortuna. Antes, como agora, zangou-se comigo pelo mesmo motivo: porque eu não o poupei de suas próprias palavras. Republico o vídeo.

Em tempo: sou diferente de Jean Wyllys: CONTINUAREI A VETAR OS COMENTÁRIOS QUE USAM CONDIÇÃO SEXUAL COMO OFENSA. Se ele fosse hétero, não seria menos bobalhão e oportunista.

Por Reinaldo Azevedo

MARCHA CONTRA A CORRUPÇÃO É, SIM, UM SUCESSO!


E se faz enfrentando a sabotagem dos que se venderam ao petismo

DE OLHOS BEM ABERTOS

Milhares que participaram da Marcha Contra a Corrrupção protestam em frente ao Palácio da Justiça, em Brasília

Em Brasília, estima-se em 20 mil (ver post anterior) os que marcharam contra a corrupção; em São Paulo, 2,5 mil. Havia protestos marcados em outras cidades. Não há um balanço geral.
De todo modo, à diferença do que diz a canalha oficialista, é bastante gente, sim! Até porque, sabemos, os ditos “movimentos sociais” e as organizações de caráter sindical, inclusive a UNE, não só estão fora do movimento como o sabotam.

“O diferencial é que este é um movimento do povo, sem vinculações com sindicatos ou partidos. A UNE nem nos procurou porque está comprada pelo PT”, afirmou ao jornal O Globo a organizadora do evento em Brasília, Daniela Kalil, de 32 anos, corretora de imóveis.

Na mosca! Como afirmei no dia 8 de setembro, a UNE e os ditos movimentos sociais não comparecem porque estão contando dinheiro. E dinheiro oficial, que sai do bolso dos brasileiros, as vítimas dos corruptos. A lógica cristalina indica, pois, que aquela gente que já foi chamada, um dia, “sociedade civil” é, hoje, sócia da corrupção.

O PT privatizou quase todas as organizações da dita sociedade civil; tornaram-se aparelhos do partido, meros porta-vozes do oficialismo. Isso responde, como sabem, àquela questão já tornada clássica de Juan Arias, correspondente do jornal El País no Brasil: “Por que os brasileiros não se indignam?”

Eles se indignam, sim. Ocorre que a “massa na rua” nunca é um fenômeno que se dá por geração espontânea; sempre há os profissionais da organização, que são os líderes de sindicatos e movimentos sociais. Como essa gente toda está no bolso do PT - e com os respectivos bolsos cheios -, então se tem essa impressão de pasmaceira.

É por isso que afirmo que os 20 mil de Brasília - ou mesmo os 2,5 mil de São Paulo - são uma medida de sucesso do movimento. De fato, como fica a cada dia mais evidente, estamos falando de cidadãos não-engajados no melhor sentido que a expressão pode ter: NÃO ESTÃO NA RUA A SERVIÇO DE NINGUÉM, A NÃO SER DA PRÓPRIA INDIGNAÇÃO. Se querem saber, intimamente, os petralhas temem mais uma reação como essa do que um eventual movimento organizado da oposição.
Nesse caso, eles catalogariam facilmente o protesto: “É coisa de tucano; é coisa de democratas”. Bem, o que se vê nas ruas é coisa de quem está com o saco cheio da corrupção oficial e do modo como se faz política - é bem possível que os que protestam não morram de amores nem pela oposição, o que seria absolutamente compreensível.


Os petralhas gostam de ironizar os indignados, de submetê-los ao ridículo, porque temem que esse sentimento difuso em defesa da ética, da moralidade e da decência se espalhe. Fica mais difícil combater o que eu chamaria de uma “pauta imaterial”, que tem a ver com valores - a oposição jamais conseguiu trabalhar esse elemento da política; atém-se a uma crítica puramente administrativista do governo, sugerindo que fará mais e melhor quando chegar ao poder…
É por isso que não faz verão e que acaba comida pelo PT e seus aparelhos…

Os que têm coragem de ir para as ruas não devem desanimar. Ignorem todas as críticas que sustentarem que o movimento é tímido demais, que não vai dar em nada; ignorem todos os conselhos para que vocês se subordinem a grupos, a partidos ou o que seja. Sua força está justamente em não dever nada a ninguém. Caso alguém lhes pergunte algo assim: “Mas, afinal, o que é que vocês querem?”, não tenham receio de dizer: “Queremos decência!”

É um bom motivo para tomar as ruas.


Por Reinaldo Azevedo

NINGUÉM BATE EM CACHORRO MORTO

O ditado combina com o que Merval Pereira escreveu hoje, em O Globo, sobre as marchas contra a corrupção que vêm sendo realizadas espontaneamente pelo Brasil afora...O PT é contra. Se é o PT é contra é porque incomoda e funciona.

"O fracasso das manifestações apontado pelos governistas é, ao contrário, o sintoma de seu sucesso. Primeiro por que ninguém se preocupa em desqualificar manifestações que são por si só desqualificadas. Depois, o que faz com que as manifestações sejam pequenas numericamente é o fato de que elas nascem espontâneas pelas redes sociais, sem que haja instituições por trás delas que possam dar suporte logístico ou apoio oficial. No entanto, há sinais de que muitas dessas organizações de cidadãos já estão montando estruturas que proporcionarão atos mais organizados daqui em diante. No Rio de Janeiro, por exemplo, já estão pensando em alugar um carro de som permanentemente.

A evolução das manifestações já parece evidente, se não no número de pessoas, na padronização do discurso e na escolha de temas. O apoio à Lei da Ficha Limpa, ao poder de atuação e punição do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e ao fim do voto secreto no Congresso mostra que os objetivos da "rua brasileira" estão bastante focados, identificando esses três temas com o tema central do combate à corrupção."

(Nota: Ontem à noite, a esgotosfera progressista, via twitter, começou um movimento para que o PT infiltre pessoas nas próximas manifestações, para criar problemas e desviar a pauta. São as marias-chuteira e os amarra-cachorros dos mensaleiros em ação.)

coroneleaks

PARLAMENTARES TAMBÉM DETESTAM AS MARCHAS CONTRA A CORRUPÇÃO

O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), a celebridade que virou deputado, a Natalie Lamour da Câmara, resolveu, também ele, atacar as marchas contra a corrupção. O rapaz tuitou o seguinte: “Esses ‘cansados da corrupção’ mostram que, na verdade, só ’sabem’ da corrupção aquilo que a velha mídia noticia e pauta.”

É de uma vigarice intelectual ímpar! Se ele acha que os motivos apontados pela “velha mídia” são parcos ou irrelevantes, por que, então, não denuncia os grandes ou verdadeiros motivos, em vez de se comportar como um sabotador? E o mais engraçado é que, em outros tuites, ele faz algumas “exigências” para participar da marcha… É o complexo de celebridade!

Não deixa de ser interessante ver um deputado do PSOL - o tal “Partido Socialismo e Liberdade” (podem rir!!!) - a atacar manifestações populares. Ele sabe muito bem por que se comporta assim. Os protestos são dirigidos também contra o Congresso, pelo menos contra a sua parte podre. Natalie se deu muito bem por lá. Encontrou seu espaço em comissões disso e daquilo e é respeitado como “celebridade que pensa”. E isso só quer dizer que está cercado de gente que pensa ainda menos do que ele próprio.

É de lascar que ataque “a velha mídia” um sujeito que ganhou uma bolada num reality show e que só foi eleito por conta de sua exposição desabrida num programa dessa natureza e por causa do voto proporcional. Eis uma boa razão para se ter o voto distrital no Brasil: gente assim seria mantida longe do Parlamento e poderia se dedicar a seu ofício: o setor, digamos, de “espetáculos”.

“Gente assim, como? Gay?” Ora… O que Jean faz com os instrumentos que lhe facultou a natureza não é da minha conta. Ele que se divirta como gosta e pode. Eu me refiro à sua ignorância propositiva, à altivez com que costuma dizer bobagens clamorosas, à sua tolice. Eu já o critiquei aqui, e ele andou falando mal de mim em palestras por aí… Quem o chama para palestrar merece ouvir o que ele tem a dizer… À época, afirmaram que eu estava exagerando. Pois é. Tenho faro para certos tipos.

A Natalie Lamour que defende com unhas e dentes a tal da lei que criminaliza a homofobia (que é, na verdade, uma lei de censura), em nome da igualdade, trata com desdém pessoas decentes, que protestam contra a corrupção.

E só para arrematar: notícias da “velha mídia” derrubaram quatro ministros de estado e mais de 20 pessoas do Dnit.

Quando ataca a velha mídia, Jean Wyllys se alinha com a nova corrupção.

PS - Mandaram-me um vídeo em que um garotinho, fazendo as vezes de repórter mirim, pergunta a Jean Wyllys quanto é 7 vezes 9. Ele ri nervosamente e não consegue responder. Foi reprovado também na tabuada da democracia.

PS2 - Os tuítes do moço estão recheados daquela falsa sapiência pseudo-universitária para pegar os trouxas (”Nossa! Como ele é sabido!”). É, assim, um Gabriel Chalita mais, sei lá como definir, ousado talvez. Seu perfil resume: “Jornalista, professor e escritor baiano. Deputado federal eleito pelo PSOL-RJ”. Huuummm… Nada de Big Brother. Daquela experiência, ele só ficou com a grana, hehe… Mas é verdade: ele foi eleito pelo PSOL, não pelo povo. Teve apenas 13.018 votos. Está na Câmara por causa da votação do deputado Chico Alencar. Deveria tratar com mais respeito uma massa de pessoas que é superior ao dobro dos votos que ele teve.

Reinaldo Azevedo

QUE BRASIL NÓS QUEREMOS? E O JORNAL

Comentário de Amauri Arnez do grupo do Facebook

QUE BRASIL NÓS QUEREMOS?

POR QUE O GLOBO MUDOU O NOME DA MARCHA ANTI-CORRUPÇÃO?

DÁ UMA CARONA AÍ, NA PRÓXIMA MANIFESTAÇÃO?

Nasceu em 5/12/1935, Limoeiro – Pernambuco. Na metade da década de 1950 foi dirigente estudantil e posteriormente dirigente dos servidores federais, até março de 1964. Colaborava com os jornais comunistas pecebistas "Folha do Povo" (PE, “A Hora” (PE) e “Novos Rumos” (RIO).

Estudou no Instituto Superior de Ciências Sociais (Moscou). Após o golpe militar ficou preso, em Recife, até julho de 1965 e demitido do serviço público (Ato Institucional nº1).

Transferiu-se para o Rio de Janeiro na clandestinidade, até nova prisão em 1970/1972. Respondeu a vários processos na Justiça Militar (UNE/UBES, IAPB, PCB, etc.) e condenado a revelia. Esteve exilado no Chile e em Cuba.

Foi anistiado com a promulgação da Lei de Anistia de 1979, na primeira lista de anistiados, divulgada na imprensa. Em janeiro de 1992, com a criação do PPS, faz parte, desde então, da sua direção nacional e do diretório estadual do Rio de Janeiro.
Participou, nos anos de 1980, da Cooperativa Brasileira de Cinema e do Conselho Editorial da revista Presença.
Atualmente, é membro do Conselho Editorial da revista Política Democrática, da Fundação Astrojildo Pereira.
No blog de Gilvan Cavalcanti de Melo - Rio de Janeiro

Politizar para avançar

- Artigo de Roberto Freire, deputado do PPS/ex-PCdoB -

Já há algum tempo que setores de classe média buscam mobilizar o conjunto da população contra a corrupção, desde o movimento do “cansei”, no segundo mandato do governo Lula, sem, no entanto, conseguir sensibilizar o grosso da população para essa bandeira, mesmo que saibamos que quem mais perde com os desvios de recursos são os setores mais pobres da população que enfrentam um déficit na melhoria da qualidade de vida, como se pode observar pela falta de saneamento, precária educação pública, falta de assistência médica adequada e segurança. Quem perde são os mais pobres, é verdade, mas justamente são eles os mais facilmente manipuláveis pelo políticos por falta de instrução e conhecimento.
Depois da conquista da Lei da Ficha Limpa, fruto de um amplo e difuso movimento da classe média sustentado e alimentado pelas redes sociais, aprovado pelo Congresso ( ? ) por meio de uma votação que mobilizou a cidadania, setores sociais ampliaram e cristalizaram sua reivindicações, no mesmo momento em que buscavam apoio para as mesmas. O deputado do PPS, que já foi do PCdoB usa pela segunda vez o termo classe média em seu artigo que, mesmo de maneira disfarçada, pode ser usado de forma um tanto discriminatória ou pejorativa quando repetido insistentemente, principalmente quando usado por simpatizantes a grupos de baixa renda, vistos sempre "como pobre coitados explorados pela ... classe média. Aliás, gostaria de saber se os deputados se consideram uma simples classe média ou já perceberam que se aproveitam de seus cargos para se tornarem uma classe privilegiada (apenas em termos monetários, é claro).

Claro que é auspicioso jovens se conectando e participando das discussões dos problemas do país como vemos agora. Mas é fundamental que se compreenda que nos sistemas democráticos, mais cedo ou mais tarde, todas as questões que dizem respeito à cidadania terão que encontrar o caminho institucional da representação política, intermediada pelos partidos. Já deu para perceber que as atuais mobilizações tanto incomodam como atiçam os políticos, que andam loucos para pegar uma carona na insatisfação da, como disse o politico do PCdoB, classe média. Ora! Por serem facilmente manipuláveis, desde quando a classe pobre brasileira se mobiliza ?

Essa marcha contra a corrupção, que se dá em seu sentido genérico, sem definir concretamente contra que instância ou órgão do governo se realiza, a continuar como está, tem grande chance de não alcançar seu objetivo se não for politizada. O movimento não é genérico, no sentido que deu o deputado do PCdoB, pois é genérico apenas em outro sentido: o que lhe foi dado à marcha por seus participantes: ABRANGE TODOS OS POLÍTICOS, TODAS AS INSTITUIÇÕES, TODOS OS ORGÃOS DO GOVERNO, TODA ESSA CORJA DE CORRUPTOS QUE NÃO FAZEM NADA MAIS DO QUE MAMAR NAS TETAS DE UMA MÃEZONA QUE NÃO É DELES. E tem tudo para dar certo, sim, do contrário não estaria incomodando tanto políticos, como vem acontecendo.

Movimentos apolíticos podem ter um certo charme, sobretudo em sociedades, como a nossa, cujos parlamentos gozam de pouca confiança de seus cidadãos. Mas, como aconteceu com o projeto da Ficha Limpa, sua resolução necessariamente terá que passar pelo parlamento (Pois é... parlamentares jamais votarão contra seus interesses escusos), como passou a imensa mobilização pelas diretas já para a eleição de presidente da República (as 'diretas já' servem como exemplo para mostrar o que acontece quando partidos políticos pegam carona na vontade popular e dela se aproveitam) . Que mesmo derrotado pela maioria que ainda detinha a ditadura em seu estertor, não impediu a vitória da oposição com a eleição de Tancredo-Sarney, que pôs fim ao ciclo militar, imposto em 1964. (NÃO IMPEDIU, NÃO! Fez parte dos acertos e conchavos apropriados para o momento).

O fim da corrupção no país não será apenas fruto de um movimento popular, por mais amplo e denso que seja, mas também função de uma profunda mudança em nossa cultura política (ÓTIMO, ENTÃO VAMOS A UMA VERDADEiRA REFORMA POLÍTICA *), começando pelo fim da impunidade aos que se apropriam do dinheiro público. Pelo fortalecimento dos órgãos de fiscalização (Heim? Órgãos de fiscalização? Onde? Existe algum? Qual é ele?) abertos ao escrutínio da sociedade civil, e pela punição exemplar - com perda de direitos políticos, no caso de pessoa física, e impossibilidade de participação de concorrência pública em projetos governamentais e financiamento de bancos estatais, no caso de pessoa jurídica. (Blá-blá-blá político tipicamente oportunista)

A corrupção política está de tal modo entranhada no corpo social - desde o mais humilde servidor público até o mais destacado ministro das altas esferas - que para enfrentá-la precisamos unir esforços dos atores políticos e da sociedade nas manifestações de rua, que viabilizem a criação de comissões parlamentares de inquérito e a aprovação de uma legislação eficaz. ÔOOOOOO !!! É mesmo, é? Pena que já estamos DE SACO CHEIO DE TANTAS COMISSÕES PARLAMENTARES (cruz credo!) que só aprovam a sacanagem. Esse deputado pensa que consegue falar asneira e convencer todos os brasilerios de que preto é azul.

Enquanto não entendermos o papel do parlamento nessa luta, ficaremos presos ao ato, deixando de enfrentar o fato da maneira correta.

Roberto Freire
deputado federal (SP) e presidente do PPS

14 de outubro de 2011
No blog de Gilvan Cavalcanti de Melo - Rio de Janeiro

TOME TINO, DEPUTADO!

No dia em que for permitida a entrada de políticos nos movimentos, sugiro que todos compareçam com máscara respiratória e botas para se protegerem da lama.


( * ) ÚNICA REFORMA POLÍTICA DECENTE E ACEITÁVEL

ENTENDA O QUE SÃO OS MOVIMENTOS SOCIAIS


Artigos - Movimento Revolucionário


Observem tais organizações em conjunto para notar como todas – sem exceção –convergem para a defesa das mesmas políticas esquerdistas que fazem parte do projeto do PT e de todos os partidos de esquerda.

Os leitores assíduos estranharão um pouco o estilo passo-a-passo do texto a seguir, motivo pelo qual peço-lhes a condescendência, haja vista que este se dirige primordialmente aos neófitos. De qualquer forma, uma revisão há de lhes fortificar as convicções e os argumentos.

O que são os atuais movimentos sociais? O que representam? A que interesses servem?

Quem pode nos dar esta resposta em primeiríssima mão é o dissidente soviético Anatoli Golitsyn, um ex-funcionário da KGB de alto escalão que fugiu para os Estados Unidos e que já alertava desde os anos 80 por meio do seu livro Lies for Old (Novas Mentiras Velhas, pág. 45):

A adoção da nova política do bloco e a estratégia de desinformação envolveu mudanças organizacionais na União Soviética e por todo o bloco. Na União Soviética, como em outros países comunistas, foi o Comitê Central do partido que reorganizou os serviços de segurança e de inteligência, o ministério de relações exteriores, outras seções do governo e aparatos político-governamentais, além das organizações de massa, a fim de adequá-las todas à implementação da nova política e torná-las instrumentos desta. (grifos meus)

Atualmente, no Brasil, os ditos movimentos sociais estão disseminados por toda a sociedade, cada qual com a sua agenda, a fomentar alterações significativas nas consciências e comportamentos das pessoas, contando para tal mister com o apoio de toda a mídia e de todo o jornalismo tradicional, e a impor através da legislação, principalmente a administrativa, bem como do ativismo judicial, a implementação de suas políticas.

Dentre os inúmeros que existem, podemos destacar o movimento negrista, o gayzista, o feminista, o ambientalista e o desarmamentista.

O que de mais necessário há de se esclarecer às pessoas leigas sobre estes grupos é o de que eles propositalmente reivindicam representar certas categorias de cidadãos à sua revelia, por supostamente defender-lhes os direitos contra uma fictícia ou pelo menos mal-contada exploração social, por “parte do sistema capitalista com sua lógica fria e calculista”.

Se há alguma estrutura civil que pode bem representar ideias são os partidos políticos. A eles se agremiam as pessoas com convicções semelhantes em torno de propostas afins. Da mesma forma, podemos dizer de institutos e instituições específicos, mesmo os que se alinham a determinada linha ideológica.

Não é o caso, entretanto, o que acontece com estes movimentos sociais, vez que se arrostam a falar em nome de coletivos humanos que nada têm entre si de igual senão certa condição de ordem individual.

O alimento para tais organizações é a exploração da fraqueza de caráter, especialmente do ressentimento e do oportunismo, e tanto maiores tem sido seus ingressos quanto mais estimulada a população à futilidade, à frivolidade e à leviandade, em detrimento dos valores cristãos, da família e do valor da honestidade e do trabalho.

Nada melhor para tais organizações que filhos sem pais, preferencialmente de mães solteiras que tenham sido tornadas dependentes de benefícios estatais. Quem voltar no tempo poderá se lembrar que uma propaganda eleitoral do PT para a primeira eleição de Lula exibia um jovem negro filho de mãe solteira analfabeta brandindo o punho em sinal de fervorosa adesão ao projeto petista. Mera coincidência, ou podemos aferir com razoável juízo que jovens assim, digamos, foram previamente “cultivados”?

Basicamente, sua propaganda consiste em insuflar algum ódio nos indivíduos pertencentes a um determinado grupo humano definido como alvo, por lhes convencer que a sociedade lhes discrimina e lhes oprime, ao mesmo tempo em que se lhe prometem algum privilégio a que não fariam jus como cidadãos iguais a todos os demais, tais como um pedaço de terra, o aborto livre, a liberdade para fazer uso de drogas, a aposentadoria em idade inferior, as cotas para universidades e empregos públicos ou até mesmo a torpe satisfação psicológica do poder de obrigar aqueles que não lhes aprovam os costumes a lamberem-lhe as botas. O ódio anestesia a consciência, passando a servir como justificação pessoal para a ambição desimpedida do privilégio indevido, e este passa a ser o “coelho” do ser humano tornado cão galgo.

No início, tais instituições eram preenchidas com os indivíduos de personalidade mais rebelde e antissocial, os quais foram seduzindo os demais num grau decrescente de tais “qualidades”, sendo no entanto paulatinamente compensados pelo número e pela hegemonia na ocupação de postos estratégicos, tais como a mídia e o sistema de ensino, de modo que em um estágio considerado ótimo, conseguiam ainda a adesão das pessoas meramente indecisas, das de natureza condescendente ou ainda do tipo “maria-vai-com-as-outras”. Nos dias correntes, tais conquistas já são consideradas pelos seus próprios dirigentes como consolidadas, de modo que tais movimentos tomam por justo proclamar a si próprios como detentores da nova moral, prontos a esmagar como moscas qualquer indivíduo que ouse pensar alto.

Observem tais organizações em conjunto para notar como todas – sem exceção – convergem para a defesa das mesmas políticas esquerdistas que fazem parte do projeto do PT e de todos os partidos de esquerda. Aliás, confesso que estou incorrendo em pleonasmo: bastante é dizer “de todos os partidos”! Notem como são prodigamente patrocinadas pelo estado, em detrimento da saúde, da educação e da segurança, apenas para ficarmos no básico.

Tomem como exemplo mais acabado o deputado Jean Wyllys, tornado “celebridade”, esperem... por meio do quê mesmo? Ah, certo, do BBB (lembrem-se do que falei nos parágrafos superiores), e eleito pelo PSOL com miseráveis 13.018 votos.
Constatem como os holofotes iluminam os seus passos e o quanto lhe concedem a palavra, ao passo que seus colegas do “baixo clero” vivem às escuras. Preparem-se para um choque térmico: comparem-no agora mesmo com o súbito ostracismo a que foi atirado o deputado Clodovil, imediatamente após sua entrada triunfal na Câmara – este sim com uma votação invejável - 493.951 votos, a terceira maior do país (!) - desde quando começou a se posicionar contra a parada gay, o casamento gay e o movimento gayzista. Será preciso dizer mais?


Klauber Cristofen Pires, 14 Outubro 2011

MR-8: DE BANDO TERRORISTA A PARTIDO POLÍTICO LEGALIZADO

Artigos - Movimento Revolucionário

Para quem não conhece o MR-8, de ideologia declaradamente marxista-leninista, vale lembrar um de seus maiores “feitos”: o seqüestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, no dia 4 de setembro de 1969.

No último dia 4 de outubro o Tribunal Superior Eleitoral deferiu, por unanimidade, o pedido de registro do “Partido Pátria Livre” (PPL), legalização do bando terrorista Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8). Chama a atenção o nome adotado pelo novo partido, considerando que existe no Paraguai um de mesmo nome, e cujas origens também remontam ao terrorismo praticado pelo “Ejercito del Pueblo Paraguayo” (EPP). Seus líderes, Juan Arrom e Anuncio Martí, vivem hoje comodamente no Brasil como “refugiados políticos” onde, com ajuda do “chanceler das FARC”, “Rodrigo Granda”, planejaram o seqüestro e assassinato de Cecilia Cubas, filha do ex-presidente daquele país, Raúl Cubas. Tudo planejado em solo brasileiro, impunemente, sendo depois agraciados com o abrigo governamental através do CONARE.

O PPL foi fundado em 21 de abril de 2009, e desde então labutou na coleta de assinaturas necessárias ao seu registro obtendo 1,2 milhão de assinaturas em 22 estados da Federação, tendo como presidente nacional Sérgio Rubens de Araújo Torres.

Tudo foi feito dentro da legalidade, como determina o TSE, entretanto, não podemos fazer de conta que isto é um simples “exercício de democracia”, como eles costumam dizer, considerando o passado deste “movimento”. Para quem não conhece o MR-8, de ideologia declaradamente marxista-leninista, vale lembrar um de seus maiores “feitos”: o seqüestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, no dia 4 de setembro de 1969. Deste ato participaram, dentre outros, o atual presidente nacional do PPL, Sérgio Rubens, Franklin Martins e Fernando Gabeira, cuja exigência seria a troca do embaixador por 15 terroristas que se encontravam presos, um dos quais era o intocável José Dirceu do PT.

Bandeira do MR-8: mais um partido comunista legalizado para tomar o poder pela via democrática.

Ora, sabemos que o objetivo final dos bandos terroristas não é lutar pela democracia, mas a tomada do poder. Seu desejo é destruir a democracia e implantar um regime socialista-comunista, através da tomada do poder utilizando “todas as formas de luta”. Como ficou provado que através da luta armada o desgaste e perdas em vida era muito grande, e aproveitando-se das Leis de Anistia concedidas em todos os países onde elas existiram, optou-se pela tomada do poder utilizando o regime antes por eles condenado - a democracia -, alcançando assim seu objetivo dentro da legalidade. Foi assim que foram legalizados os Montoneros e ERP na Argentina, o FMLN em El Salvador, os Tupamaros no Uruguai, os EPP no Paraguai, o M-19 na Colômbia e vários outros bandos terroristas que hoje compõem, legalmente, repito, os incontáveis partidos comunistas existentes no Brasil.

Alguém já disse que, quando não se aprende com os fatos do passado, tende-se a repetir os mesmos erros. A legalização do MR-8 chega, não coincidentemente, quando o governo cria a tal “Comissão da Verdade” e quando pretende num futuro próximo convocar uma Assembléia Nacional Constituinte onde se poderá revogar a atual Lei de Anistia e criar outra, onde os militares serão excluídos da mesma como já ocorre em vários países do continente.

Há quase uma década eu venho advertindo os militares brasileiros sobre isto. Agora são os fatos que estão batendo em suas portas e já não me cabe dizer mais nada.

Graça Salgueiro, 14 Outubro 2011

RESPOSTA AO NEOIGUALITARISMO

O igualitarismo revolucionário tem andado em baixa nas últimas décadas. A Revolução Francesa pode ter sido uma tragédia grega, mas a baderna estudantil de Maio de 1968 em Paris foi, quando muito, uma paródia de mau gosto.

Tal manifestação não se restringiu à cena parisiense, mas assim como as chamas são mais quentes quanto mais próximas do foco irradiador de calor, manifestações semelhantes ocorreram lá pela mesma época na Universidade da Califórnia em Berkeley e em outras. Inclusive no Brasil, porém com muito menos ardor e desvario.

Apesar de não poder ser considerada – sob nenhuma hipótese – um membro da esquerda festiva – aquela que “fala de morro morando de frente p’ro mar” e planeja a revolução do proletariado entre um caneco de chope e outro – H. Wainwright (1998) cultua a referida data, neste nosso começo de século, como um evento emblemático, pois vê ali uma mudança radical nos ventos que até então sopravam para inflar as velas daquilo que se pode chamar de esquerda séria.

O ano de 1968 foi o annus mirabilis da possibilidade política. Muitas questões diferentes surgiram nessa época em que as instituições da Guerra Fria foram rejeitadas pelos que, supostamente, deveriam herdá-la com gratidão. Mas foi também uma época em que as alternativas ainda não estavam nitidamente definidas. A importância das características dessa revolta [obs. nossa: pensamos que “baderna” é o nome mais apropriado] só se tornaria clara nos anos subseqüentes. Novas idéias e práticas na produção, organização e caráter no conhecimento são algumas delas [obs. nossa: só se for o caso do mofo secular removido da Sorbonne, uma das piores heranças do mal français a que se refere A. Peyrefitte (1976)].

Alguns dos movimentos que se desenvolveram depois de 1968 questionaram as formas de conhecimento existentes de maneira mais consciente: em particular, o movimento feminista, o movimento ecológico e as redes de tecnólogos e ativistas de fábricas radicais que tiveram influência nos movimentos sindicalistas da Europa ocidental. (Wainwright, 1998, p57).

Contrariamente ao que sugere Wainwright, pensamos que o movimento estudantil de maio de 1968 foi muito mais uma revolta desordenada provocada pela escassez de meios de participação política em uma França dicotomicamente dividida entre a extrema direita do gaullismo e a extrema esquerda do Partido Comunista. Neste sentido concordamos inteiramente com J.R. Martins Filho quando ele afirma:

Desde 1958, o estilo francês de autoridade – centralizador, hierárquico, autoritário, elitista, fortemente impregnado de valores e preconceitos aristocráticos – foi não somente preservado como agravado [obs. nossa: Ao que parece, a Revolução Francesa, em vez de modificar o referido “estilo francês de autoridade”, legou-o à vida das sucessivas repúblicas, desde a Primeira à Quinta República] Com a extrema redução do papel dos partidos e sindicatos, o regime assemelha-se a um sistema elétrico sem fusíveis, onde um curto-circuito pode colocar em pane todo o aparelho estatal. Os dois grandes pólos políticos da França da Quinta República – o gaullismo e o comunismo – criaram ao redor de si um imenso vazio político e ideológico. Não é de espantar, assim, o poder de difusão que teve o movimento estudantil de maio. [obs. nossa: E não é de espantar tampouco que suas conseqüências fossem tão desastrosas ou mais quanto o status quo que rejeitava]. (Martins Filho, 1996, p.33).

Com o supracitado parágrafo, Wainwright abre o terceiro capítulo da já mencionada obra intitulado: “Transformação de Baixo Para Cima”. Antes de se referir a um fato consumado ou a um processo em andamento, tal expressão – segundo pensamos – talvez se refira com mais propriedade a um novo projeto da esquerda “anti-neoliberal” a que damos o nome de neoigualitarismo.

Ela difere do igualitarismo revolucionário, pois não pretende tomar o poder com as armas; difere do igualitarismo reformista, pois não pretende se limitar a tentar produzir a igualdade socioeconômica por meio da ação legiferante, como é particularmente o caso da Affirmative Action já examinada por nós em diversos artigos, bem como de outras medidas governamentais típicas dos partidários do Estado welfare state da social democracia. Os neoigualitaristas vão além e apostam todas as suas fichas na mobilização da sociedade civil.

As assim chamadas ONGs (organizações não-governamentais) – algumas entidades sérias, outras meros instrumentos de promoção política dos seus organizadores, cabidões de empregos ou fachadas para lavagem de dinheiro sujo – são um eloqüente exemplo, principalmente em países como o Brasil em que a sociedade civil tem se mostrado passiva e apática ao longo da história.

Embora possam ser feitas veementes críticas ao desempenho de muitas das referidas organizações, o senso de iniciativa que as gerou só pode ser elogiado. O.de Carvalho considera que “as ONGs não são apenas meios ou instrumentos de luta por um novo estado de coisas: elas já são o princípio mesmo de organização do novo estado de coisas” (Carvalho, 1997, p. 157, o grifo é nosso). Mas que estado de coisas?
De nossa parte, pensamos que tais organizações assim como os camelôs – um tipo de microempresários de uma economia informal – apesar dos seus aspectos negativos, possuem ao menos uma inegável virtude: são inequívocas expressões da iniciativa privada, coisa surpreendente e louvável em países atolados no patrimonialismo e no mercantilismo, como é o caso do Brasil. Aplica-se aqui o seguinte moto: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você; pergunte o que você pode fazer por você mesmo”.

Procedendo assim, você talvez obtenha uma resposta do que poderá fazer por seu país. [É preciso não esquecer, no entanto, os aspectos negativos da economia informal, a começar pelo fato de que, não pagando impostos, os camelôs desempenham uma concorrência desleal em relação aos comerciantes que os pagam, além da pesada carga das assim chamadas “obrigações sociais”].

No que diz respeito especificamente às ONGs, se não é válido dizer que participam diretamente do movimento neoigualitarista, também não o é dizer que se contrapõem a ele, pois, tal como ele, parecem não encarar com simpatia a competição leal no mercado livre e a mais recente grande manifestação da ordem espontânea: a globalização da economia e da troca de informações, que – ao contrário do que pensam os fiéis adeptos da “teoria da conspiração” [vide a este respeito Mendoza, Montaner e Llosa (1996)] – não resultou de nenhum projeto deliberado do G7 com vistas à dominação econômica dos demais países, porém dos avanços tecnológicos da informática, das telecomunicações e da abertura dos mercados entre as nações.

Mas se essa fabulosa conquista tecnológica não ensejou o surgimento de Big Brother, controlando tudo, até mesmo a vida privada das pessoas, é porque não foi desenvolvida sob o comando do porco Napoleon em uma sociedade pretensamente igualitária – porém extremamente tirânica, como a de Animal Farm. [Para os não-informados, referimo-nos, respectivamente, à personagem principal da utopia negativa intitulada 1987 e à deliciosa sátira intitulada Animal Farm (título da tradução brasileira: A Revolução dos Bichos), ambas da autoria de George Orwell, um ex-comunista que soube fazer uma autocrítica].

É por isto que, antes de ser um espaço da tirania e da dominação econômica, a Internet tem se mostrado um espaço da liberdade e da dinamização das diversas formas de interação daqueles que dela participam, não obstante o manifesto e freqüente desejo de regulamentá-la e manietá-la, proveniente dos inimigos da pluralidade e da liberdade de expressão.

A importância da sociedade civil organizada – fator crucial na vida das Treze Colônias da América, antes, durante e após sua independência – é algo que estaríamos dispostos a reconhecer de bom grado, caso dissociada de qualquer projeto neoigualitarista. H. Wainwright, porém, parece se recusar a separar uma coisa da outra. Referindo-se aos movimentos por nós denominados “neoigualitários”, diz ela:

A abordagem eclética, igualitária e, acima de tudo, social, que eles faziam do conhecimento subjazia a uma visão cética do Estado e do partido enquanto agentes exclusivos de mudança [o grifo é nosso]. A confiança na possibilidade de que fontes válidas de conhecimento adviessem das experiências subjetivas de opressão e exploração [obs.nossa: Como vemos, estas duas últimas palavras continuam indispensáveis do dicionário de todas as esquerdas] levou muitos dos participantes desses movimentos a acreditar firmemente, às vezes cegamente, em seu poder individual e coletivo de mudar o mundo [obs. nossa: porém não mais pela força das armas, nem somente por decreto]. A novidade desses movimentos se encontrava em parte no fato de que, diferentemente de muitos outros desde a obtenção do direito universal de voto, eles não viam como seu papel principal exercer pressão sobre o Parlamento. [obs. nossa: e eis uma asserção capaz de confirmar o que dissemos].

Na verdade, na maioria dos países da Europa ocidental, sua identidade histórica característica é a de movimentos criados pela primeira geração de adultos depois de uma experiência sustentada de governos conduzidos por partidos que afirmavam representar a classe trabalhadora. Todos os novos movimentos queriam mudanças que não podiam ser alcançadas simplesmente pressionando estes governos para que dessem mais daquilo que eles, da melhor forma possível, já tinham providenciado [obs. nossa: Como? Por meio de um “governo paralelo” tal como o proposto no Brasil por um Partido cujo candidato à Presidente foi derrotado nas três vezes urnas?]. (Wainwright, 1998, p.58-9, o grifo é nosso).

Apesar de muito longa, decidimos fazer essa citação, pois ela é bastante esclarecedora disto que estamos chamando de neo-igualitarismo. O annus mirabilis de 68 pode ter sido o estopim deflagrador desse movimento, mas, segundo pensamos, ele foi adquirindo suas feições através da década de 70 e ficou bem caracterizado na de 80.

Sua aparente aceitação da democracia, de um lado o separou nitidamente das esquerdas revolucionárias que, nas décadas de 60 e 70 – movidas pelo combustível fornecido pelas idéias de Lenin, Trotsky, Mao-Tsê-Tung ou Fidel Castro, se é que este tem idéias – consideravam que uma sociedade igualitária só poderia ser instaurada através da revolução do proletariado.

De outro lado, o aproximou bastante da assim chamada “revolução cultural” de A. Gramsci cuja estratégia consiste na tomada do poder pela esquerda mediante a lenta infiltração, não só nos quadros partidários como também nas fontes formadoras de opinião pública, tais como a mídia e as universidades [vide a este respeito Carvalho (1998)].

Se não é válido rejeitar os meios empregados por essa estratégia – uma vez que ela aceita, de boa ou má fé, o jogo democrático e se serve da propaganda político-cultural, fazendo o mesmo que qualquer ideologia política pode e deve fazer – isto não quer dizer que não seja válido criticar o fim a que se destina, pois – uma vez o tendo alcançado – pode, na melhor das hipóteses, implantar o neo-igualitarismo como doutrina oficial de um partido majoritário legitimado pelo voto e, na pior, tirar sua máscara democrática e revelar sua face autoritária.
Mas, entre os diversos riscos aceitos pela democracia, está justamente o da maioria dos eleitores não mais querê-la! Neste caso, é gerada uma situação assaz insólita: a democracia é – para usar a imagem do Bardo de Avon – Consum’d with that which it was nourish’d by [“Devorada por aquilo com que foi nutrida”] (Shakespeare: Soneto LXXIII).

O movimento da social-democracia – desde a época de E. Bernstein ao século XX (Benewick & Green, 1992, pp.23-5) – adotou, sem nenhum pejo, uma postura declaradamente reformista, como também sempre defendeu, com a maior veemência, uma forma de governo republicana associada a um regime parlamentarista.

Mas, se os social-democratas tinham em vista uma democracia representativa em que suas aspirações igualitárias eram remetidas para as decisões políticas de um Parlamento – cujos representantes gozavam da legitimidade conferida pelo voto – os neoigualitaristas têm colocado mais ênfase na sociedade civil organizada do que nas possíveis medidas “progressistas” tomadas pelos membros dos poderes Executivo e Legislativo. Assim sendo, não é de surpreender que esse novo igualitarismo retrocedesse em relação ao igualitarismo social-democrata e fosse buscar no século XVIII – mais especificamente na visão política rousseauniana – a idéia de uma democracia direta.

Ainda que estejamos dispostos a admitir que uma democracia direta possa ser a mais autêntica forma de exercício da soberania popular, sua efetiva viabilidade sempre enfrentou poderosos entraves, e se eles já se mostravam na Atenas do século V a.C – uma pequena Cidade-Estado com um número de escravos muito maior do que o de cidadãos – mostram-se com muito mais intensidade quando levamos em consideração as grandes populações das cidades e das nações da nossa época.

Como costumamos dizer, uma democracia direta só parece viável em pequenos cantões suíços em que não há grande dificuldade material para a realização de freqüentes plebiscitos ou então – coisa mais modesta mas não menos eficaz – em reuniões de condomínios. Talvez, a referida forma de democracia venha a se tornar viável em uma sociedade completamente informatizada em que todos tenham acesso a computadores, de tal modo que freqüentes plebiscitos possam ser feitos pela Internet, sem que isto venha a emperrar a requerida agilidade das tomadas de decisões dos governantes.

Contudo, é preciso por os pés no chão e reconhecer que ainda estamos longe de poder contar com essa possível e excelente contribuição da informática para o aperfeiçoamento da vida democrática. E ainda que venhamos a contar com a mesma em breve tempo futuro, não devemos endossar de modo acrítico as possíveis vantagens de um regime baseado em plebiscitos, sem refletir seriamente sobre suas possíveis desvantagens capazes de gerar um novo tipo de democratismo, semelhante à “tirania da maioria” justificadamente temida por A .de Tocqueville (1977).

Suspeitando da inviabilidade de uma democracia direta nas nossas condições históricas, os neoigualitaristas se voltaram para aquilo que costumam chamar de “democracia participativa” – expressão que fornece a forte impressão de se tratar de um belo pleonasmo, pois a participação dos representados faz parte da essência da democracia representativa, uma vez que podem fazer campanhas para seus candidatos, escolher seus representantes por meio do voto universal e secreto, acompanhar sua atividade legislativa, enviar sugestões, fazer lobbies e, em última análise – caso insatisfeitos com a representação a eles delegada – não reelegê-los.

Se a moralidade do lucro é o risco da falência – medida que passou a ser aplicada às companhias estatais até na China de Deng-Chiao-Ping, mas não às estatais no Brasil, país cuja mentalidade políticoeconômica é a vanguarda do atraso – a moralidade da democracia é o risco da não-reeleição. Se a primeira pressupõe a presença da competição leal e a ausência de reservas de mercado, etc., a segunda pressupõe um eleitorado consciente acompanhando de perto a atuação dos representantes do povo, de modo a verificar se eles estão se mostrando merecedores ou não do crédito concedido a eles pelos votos dos que os elegeram e pelo consentimento geral.

Mas se esses mesmos que participaram do pleito eleitoral nem se lembram mais em quem votaram nas eleições passadas, não parecem muito interessados na idéia de nenhuma democracia, nem representativa nem “participativa”, e – justamente por isto – acabam tendo mesmo os representantes que merecem. Como se pode alegar que eles não são legítimos representantes do povo? Eles são o que se pode chamar “a cara do povo” – e se ela é muito feia, que se pode fazer? Em vez de trocar de representantes, trocar de representados?

Resta acrescentar que o lobby em si mesmo – entendido como tentativa de persuasão exercida sobre representantes do povo, para fazer com que votem a favor ou contra determinado projeto de lei – faz parte do jogo democrático. Mas se, juntamente com a eloqüência e a pressão exercidas pelo(s) lobista(s), é oferecido dinheiro ou qualquer vantagem material em troca de uma decisão parlamentar, a coisa deixa obviamente de ser lobby e o lobismo passa a ser a arte dos lobos insaciáveis, ou seja: uma clara forma de corrupção ativa. (Pennock, 1979).

Mas que outras possíveis atividades desempenhadas por representados podem ser exercidas, para que uma democracia – além de representativa – passa a ser “participativa”?

Como é difícil imaginar quais sejam, somos levados a suspeitar que se trata de mais uma dessas success-words que pululam nos nossos dias – um adjetivo que pode não acrescentar nenhum significado ao substantivo “democracia”, assim como “social” nada acrescenta ao substantivo “justiça”, apesar de estas e outras expressões do mesmo tipo costumarem produzir efeitos bastante positivos de marketing político, principalmente sobre espíritos impensantes e incautos, que – independentemente de classe social ou grau de instrução – parecem, infelizmente, constituir a maioria dos eleitores em uma época em que o espírito crítico parece estar agonizando em seu leito de morte.

Às vezes, no entanto, a coisa vai um pouco além do referido efeito, quando é ligada à noção de democracia “participativa” a idéia de uma contribuição efetiva dos cidadãos na elaboração de um “orçamento participativo”. Ora, juntamente com a prática de uma democracia direta, em reuniões de condomínio – como se sabe – o síndico e os condôminos costumam elaborar um orçamento participativo. Só não participa da elaboração do mesmo aquele condômino que não deseja e que, por isto mesmo, não deve fazer nenhuma reclamação de qualquer decisão tomada pelos participantes, pois ele abriu mão voluntariamente de exercer um direito que lhe cabia.

De qualquer modo, vale dizer que a democracia não começa quando votos são depositados nas urnas, mas sim com as entediantes, porém indispensáveis, reuniões de condomínios e de comunidades de bairro – estas bem mais eficazes quando vigora o voto distrital (puro ou misto), ambos capazes de estimular uma aproximação maior dos representantes e dos representados, inibir falsas promessas costumeiramente feitas pelos primeiros aos segundos e favorecer os compromissos assumidos por ambas as partes.

Pode ser até que uma prefeitura de uma cidadezinha do interior possa realizar satisfatoriamente tanto a democracia direta como o orçamento participativo, mas quando aumenta drasticamente o número dos participantes, surgem insuperáveis empecilhos referentes à execução do processo. Aí a democracia corre o sério risco de se transformar em um assembleísmo, que não só emperra a agilidade das decisões como – o que é pior – abre as portas para a demagogia e para a manipulação dos participantes, no sentido de favorecer os interesses deste ou daquele grupo mais coeso e com maior poder de reivindicação. Aí estamos a um passo da ditadura da maioria, como advertiu oportunamente Tocqueville (1977).

E isto não está muito longe das causas que levaram ao fracasso da democracia ateniense. Em uma democracia representativa, no entanto, a prática de um orçamento participativo soa como uma grande incongruência, pois o eleitor – ao delegar poderes de representação a um representante – delega também a ele um poder de decisão. Mas se é assim, como pode o delegante querer interferir no processo decisório sem que, com isto, não usurpe o referido poder entregue por ele ao delegado? Porém, seja por ignorância ou má fé, os neoigualitaristas não costumam levar em consideração certas mediações indispensáveis na vida de uma democracia representativa.

O que é autenticamente democrático em uma pequena assembléia – como é o caso da reunião de condomínio ou de comunidade de bairro – pode deixar de ser em outras circunstâncias em que o aumento da quantidade prejudica a qualidade. O que é autenticamente democrático dentro da sociedade como um todo, pode não ser em determinadas instituições dentro desta mesma sociedade. E aqui temos em vista o caso particular da universidade. Em maio de 1968, os estudantes parisienses acalentavam idéias temerárias aliadas a raciocínios extremamente simplistas, como, por exemplo, o de que se as eleições são um processo democrático dentro do todo, porque não seriam dentro de uma parte do todo?

Ou seja: se são um processo democrático dentro da sociedade, por que não dentro da universidade? Desse modo, admitindo que efetivamente o fossem, professores, alunos e funcionários – estes últimos pertencentes ao quadro administrativo, porém alheios ao acadêmico – deveriam gozar do direito de eleger seu reitor, assim como gozam do direito de eleger aqueles que vão ocupar cargos no Executivo ou no Legislativo.

Mais que isso: os estudantes parisienses reivindicavam algo análogo ao “orçamento participativo” em que, entre outras coisas, os alunos participariam da elaboração de currículos. Se a primeira reivindição decorria de uma profunda incompreensão das peculiaridades da universidade como instituição cultural – entre outras coisas, teorias científicas e avaliação da competência dos alunos não devem ser eleitas pela vontade da maioria, mas sim pelos tecnicamente capacitados a julgar tais coisas – a segunda só podia ser encarada como uma piada de mau gosto.

14 de outubro de 2011
Mario Guerreiro

Referências bibliográficas

Benewick, R & Green, Ph. (1998) The Routledge Dictionary of Twentieth Century Political Thinkers. Londres. Routledge.
Carvalho, O. (1997) O Imbecil Coletivo. Rio de Janeiro. Faculdade da Cidade.
___________(1998) O Imbecil Coletivo, II. Rio de Janeiro.Topbooks.
Dunstan, J.L. (1961) Protestantism. Nova Iorque. George Braziller.
Martins Filho, I.R. (1996) A Rebelião Estudantil. Campinas. Mercado das Letras.
Mendoza, P.A.,Montaner, C.A. & Vargas Llosa, A.(1996) Manual do Perfeito Idiota
Latino-Americano. Rio de Janeiro.Bertrand do Brasil.
Pennock, J.R. (1979) Democratic Political Theory. Princeton University Press.
Peyrefitte, A.(1976) Le Mal Français. Paris. Plon.
Tocqueville, A. (1997) A Democracia na América. Belo Horizonte. Itatiaia.
____________ (1979) O Antigo Regime a A Revolução. Brasília. EDUNB.
Wainwright, H. (1998) Uma Resposta ao Neoliberalismo. Argumentos para uma
nova esquerda. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Editor.