"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 8 de março de 2012

UM BASTA NA BANDALHEIRA QUE SE PRATICA NO BRASIL? SIIIMMMMMM!!!


Para fazer "a revolução", não precisamos pegar em armas ou acabar com a vida de ninguém. A nossa "arma", são as redes sociais, acredite no poder que nós temos. Basta cada um fazer a sua parte e ampliar.
Tá na sua mão. Na nossa mão.
Seja bastante coerente.

Tudo tem um começo,... e parte de um princípio! um dia a casa se "apruma"!
Esta é uma Matéria que vale a pena repassar, solicito que divulguemos com entusiasmo, chega de nepotismo e de interesses ardilosos!

A Carta publicada ontem no Globo
Por Gil Cordeiro Dias Ferreira


Que venha o novo referendo pelo desarmamento. Votarei NÃO, como da primeira vez, e quantas forem necessárias. Até que os Governos Federal, Estaduais e Municipais, cada qual em sua competência, revoguem as leis que protegem bandidos, desarmem-nos, prendam-nos, invistam nos sistemas penitenciários, impeçam a entrada ilegal de armas no País e entendam de uma vez por todas que NÃO lhe cabe desarmar cidadãos de bem.

Nesse ínterim, proponho que outras questões sejam inseridas no referendo:

· Voto facultativo? SIM!

· Apenas 2 Senadores por Estado? SIM!

· Reduzir para um terço os Deputados Federais e Estaduais e os Vereadores? SIM!

· Acesso a cargos públicos exclusivamente por concurso, e NÃO por nepotismo? SIM!

· Reduzir os 37 Ministérios para 12? SIM!

· Cláusula de bloqueio para partidos nanicos sem voto? SIM!

· Fidelidade partidária absoluta? SIM!

· Férias de apenas 30 dias para todos os políticos e juízes? SIM!

· Ampliação do Ficha-limpa? SIM!

· Fim de todas as mordomias de integrantes dos três poderes, nas três esferas? SIM!

· Cadeia imediata para quem desviar dinheiro público (elevando-se para a categoria de crime hediondo? SIM!. Atualização dos códigos penal e processo penal? SIM!

· Fim dos suplentes de Senador sem votos? SIM!

· Redução dos 20.000 funcionários do Congresso para um quinto? SIM!

· Voto em lista fechada? NÃO!

· Financiamento público das campanhas? NÃO!

· Horário Eleitoral obrigatório? NÃO!

· Maioridade penal aos 16 anos para quem tirar título de eleitor? SIM!

Um BASTA! na politicagem rasteira que se pratica no Brasil? SIM !

"O dinheiro faz homens ricos; o conhecimento faz homens sábios e a humildade faz homens grandes".


08 de março de 2012

AS MULHERES QUE VIVERÃO PARA SEMPRE E AS MULHERES QUE JÁ MORRERAM E NÃO SABEM...

... E que estas sejam cada vez em maior número e que nunca mais tenham que se curvar a preconceitos como estes:

As mulheres estejam caladas nas igrejas, porque lhes não é permitido falar, mas estejam submissas como também ordena a lei. E se querem ser instruídas sobre algum ponto, interroguem em casa os seus maridos, porque é vergonhoso para uma mulher o falar na igreja. 1 Coríntios 14:34-35


A mulher que se negar ao dever conjugal deverá ser atirada ao rio. Constituição Nacional da Suméria


Quando uma mulher tiver conduta desordenada e deixar de cumprir suas obrigações do lar, o marido pode submetê-la à escravidão. Esta servidão pode, inclusive, ser exercida na casa de um credor do seu marido e, durante o período em que durar, é licito a ele (marido) contrair novo matrimonio. Código de Hamurabi


A mulher deve adorar o homem como a um Deus. Toda manhã, por nove vezes consecutivas, deve ajoelhar-se aos pés do marido e, de braços cruzados, perguntar-lhe: Senhor, que desejais que eu faça? Zaratustra


As mulheres, os escravos e os estrangeiros não são cidadãos. Péricles


A mulher é o que há de mais corrupto e corruptível no mundo. Confúcio


A natureza só faz mulheres quando não pode fazer homens. A mulher é, portanto, um homem inferior. Aristóteles


Que as mulheres estejam caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar. Se querem ser instruídas sobre algum ponto, interroguem em casa os seus maridos. Paulo Apóstolo


Os homens são superiores às mulheres porque Alá outorgou-lhes a primazia sobre elas. Portanto, dai aos varões o dobro do que dai as mulheres. Os maridos que sofrerem desobediência de suas mulheres podem castigá-las: deixá-las sós em seus leitos, e até bater nelas. Não se legou ao homem maior calamidade que a mulher. Alcorão


Para a boa ordem da família humana, uns terão que ser governados por outros mais sábios que aqueles; daí a mulher, mais fraca quanto ao vigor da alma e força corporal, estar sujeita por natureza ao homem, em quem a razão predomina. O pai tem que ser mais amado do que a mãe e merece maior respeito porque a sua participação na concepção é ativa, e a da mãe, simplesmente passiva e material. Tomás de Aquino


Mulheres não deveriam ser educadas ou ensinadas de nenhum modo. Deveriam, na verdade, ser segregadas já que são causa de horrendas e involuntárias ereções em santos homens. Santo Agostinho


Inimiga da paz, fonte de inquietação, causa de brigas que destroem toda a tranquilidade, a mulher é o próprio diabo. Petrarca (poeta italiano do Renascimento)


Quando um homem for repreendido em público por uma mulher, cabe-lhe o direito de derrubá-la com um soco, desferir-lhe um pontapé e quebrar-lhe o nariz para que assim, desfigurada, não se deixe ver, envergonhada de sua face. E é bem merecido, por dirigir-se ao homem com maldade de linguajar ousado. Le Menagier de Paris (Tratado de conduta moral e costumes de França, século XIV)


O pior adorno que uma mulher pode querer usar é ser sábia. Lutero


As crianças, os idiotas, os lunáticos e as mulheres não podem e não tem capacidade para efetuar negócios. Henrique VIII


Enquanto houver homens sensatos sobre a terra, as mulheres letradas morrerão solteiras. Jean-Jacques Rousseau


Todas as mulheres que seduzirem e levarem ao casamento os súbditos de Sua Majestade mediante o uso de perfumes, pinturas, dentes postiços, perucas e recheio nos quadris, incorrem em delito de bruxaria e o casamento fica automaticamente anulado. Constituição Nacional Inglesa


A mulher pode ser educada, mas a sua mente não é adequada às ciências mais elevadas, à filosofia e algumas das artes. Friedrich Hegel


Beijos a todas as “vivas”.

FOLHA INAUGURA O DIA DA NEOMULHER

Neologismos são um recurso interessante para dar um novo brilho a palavras já gastas. Quem lembra dos maremotos? Só gente de idade. Maremoto é obsoletismo. A moda é tsunami. A palavrinha se tornou abrangente e agora transita até na economia internacional. Tsunami financeiro soa bem melhor que maremoto financeiro.

Ou homossexual. Parece que o conceito anda meio desbotado. Ano passado, o Supremo Tribunal Federal aprovou por unanimidade, com as fanfarras da imprensa, o reconhecimento da tal de união homoafetiva. A nova palavrinha designa o que antes chamávamos de homossexual. E ainda trouxe outra em seu bojo. O ministro Carlos Ayres Britto, relator do caso, pretendeu ter criado, por analogia, o neologismo heteroafetivo. Assim sendo, atenção à linguagem, leitor. Homossexuais não mais existem. Agora são todos homoafetivos.

Neste Dia Internacional da Mulher, a Folha de São Paulo, que adora criar novas conceituações – quem não lembra da “arquitetura anti-mendigos”, do "prédio-verdade"? – lançou hoje uma trouvaille que tem futuro: neomulher. Parece que travesti já não soa bem no mercado. O jorna entrevista três travestis – como se dizia ainda ontem – e lança o Dia das Neomulheres.

“Além de comemoração, o dia 8 de março marca a luta e manifestação pelos direitos femininos. Cristiane Gonçalves da Silva, professora e doutora da Unifesp/Santos, afirma que "é absolutamente justo que todas (a entrevistada refere-se aos antigos travestis) usem também essa data por reivindicações que permitam que elas sejam tão cidadãs quanto qualquer pessoa.”

Em defesa de sua tese, o jornal lança mão de um argumento que empestou o feminismo durante décadas:

“Em 1949, a escritora Simone de Beauvoir disse que ninguém nasce mulher, mas torna-se mulher. E, segundo antropólogos e sociólogos, assim realmente é. "Para a antropologia e a teoria de gênero, ser mulher ou homem é um aprendizado social, cultural e histórico", explica Heloísa Buarque de Almeida, professora de antropologia da USP. A própria transexualidade é uma radicalização dessa idéia: não basta simplesmente nascer com o corpo do gênero feminino. O que basta é sentir-se mulher."

O século XIX foi generoso em sandices, entre elas o marxismo, a psicanálise e a identidade de sexos. Verdade que estes três movimentos só vão consolidar-se no XX. No caso da identidade de sexos, a grande difusora da idéia foi Simone de Beauvoir. Se formos atribuir a alguém a frase mais idiota do século, a láurea vai sem dúvida alguma para Castor, como a chamava Sartre. De uma penada, Simone abolia as diferenças constitutivas de macho e fêmea.

Ano passado, comentei os reflexos desta proposição absurda na Escandinávia. Em Estocolmo, a pré-escola passou a proibir que crianças sejam tratadas como meninos e meninas. Em conformidade com um currículo escolar nacional que busca combater a "estereotipação" dos papéis sexuais, uma pré-escola do distrito de Södermalm, da cidade de Estocolmo, incorporou uma pedagogia sexualmente neutra que elimina completamente todas as referências ao sexo masculino e feminino. Os professores e funcionários da pré-escola Egalia evitam usar palavras como "ele" ou "ela" e em vez disso se dirigem aos mais de 30 meninos e meninas, de idades variando entre 1 e 6 anos, como "amigos".

O han e o hon (ele e ela), foram trocados pelo pronome neutro hen, palavra que não existe nos dicionários. Mas tampouco é nova. Foi proposta por Hans Karlgren em 1994. Mas já havia sido aventada por Rolf Dunas, no Upsala Nya Tidning, em 1966. Nesta proposta, hen era apresentado como substituição a han e hon e mais: henom substituiria henne/honom (dele/dela). A palavra parece ter sido inspirada no finlandês hän.

Acontece que ausência de gênero é uma característica do finês e não ideologia de feministas. Não se trata de eliminar todas as referências ao sexo masculino e feminino. É que as palavras não são masculinas nem femininas. Para a Folha, tanto homossexual como travesti parecem ter sumido do vernáculo. Temos agora a neomulher. Ou quem sabe o neomulher? O jornal não esclarece. A reportagem continua:

“Como qualquer mulher em uma sociedade machista, o desafio maior de quem se tornou uma continua sendo o preconceito. “Qualquer mulher sofre diversos tipos de discriminação. Imagine, então, quando ela nasceu com outro sexo", diz a professora de antropologia da USP”.

O jornal – que seguidamente critica o politicamente correto – caiu no engodo do politicamente correto. Ninguém nasce com outro sexo. Nascemos com um sexo só e o portamos pelo resto da vida, por mais esforços que a cirurgia plástica tente. Em nome de uma grossa besteira proferida em meados do século passado, a imprensa quer ganhar o jogo no tapetão das palavras. Dá-se um novo nome a uma realidade biológica e cria-se um novo personagem: a neomulher.

Todo travesti é homem, ora bolas! O leitor deve lembrar quando se falava de o travesti. Os tempos mudaram, a tendência é dizer a travesti. Se um homem quer ter um corpo feminino, isso em nada muda sua essência. Continua sendo um homem, com a diferença de que quer ter um corpo feminino. O que atrai um homem em um travesti não é exatamente sua forma feminina. Fosse por isso, buscava logo uma mulher. O que torna picante a relação com travestis é exatamente seu lado masculino.

Mulher já era, leitoras! Inaugurou-se hoje o Dia da Neomulher.

08 de março de 2012
janer cristaldo

JORNALISTA VENEZUELANO NELSON BOCARANDA SOFRE AMEAÇA DE SEQUESTRO E EXECRAÇÃO PÚBLICA

O jornalista Nelson Bocaranda, um dos mais importantes da Venezuela, inclui uma nota em sua coluna postada nesta madrugada de quinta-feira denuncia umm plano de agentes do governo chavista destinado a destruir sua reputação. O plano, segundo o jornalista, incluiria sequestro. Bocaranda foi quem revelou pela primeira vez que Chávez sofria de câncer. Em tradução livre, esta é a nota postada por Bocaranda que está aqui em seu site e também no jornal El Universal, o mais importante diário da Venezuela que publica sua coluna diária. Leiam:

"A reação da canalha vermelha ante as verdades que escrevo e não podem desmentir urde um plano para desprestigiarme por sua rede de meios de comunicação públicos que incluiria um sequestro e a posterior aparição "drogado" em um hotel para após tomar-me fotos para uma montagem vultar com o que pretendemdestruir minha credibilidade. Um dos envolvidos confessou a uma amiga colunista de outro diário recomendando que não ande sozinho. Faço responsável o governo de qualquer coisa que se passe comigo ou aos meus entes queridos. Seguirei informando."

08 de março de 2012
Jornalista Nelson Bocaranda

EN ESPAÑOL

La reacción de la canalla roja ante las verdades que escribo y no pueden desmentir urde un plan para desprestigiarme por su red de medios públicos que incluiría un secuestro y la posterior aparición “drogado” en un hotel tras tomarme fotos para un montaje vulgar con el que pretenden dañar mi credibilidad. Uno de los involucrados se lo confesó a una amiga columnista de otro diario recomendándome no andar solo. Hago responsable al más alto gobierno de cualquier cosa que me pase a mí o a mis seres queridos. Seguiré informando.

A ILUSÃO DO ESQUERDISMO MODERADO

Artigos - Movimento Revolucionário

Existem duas formas de se avaliar a religião política (esquerda): o modelo fundamentalista e sua versão “moderada”.

Na versão fundamentalista, os cânones da doutrina são seguidos a risca.

No caso dos marxistas, eles vivem em guerra contra os “burgueses” e lutariam dia e noite pela ditadura do proletariado, da forma mais violenta quanto possível. No caso dos social democratas, eles nada mais são do que uma versão “moderada” dos marxistas. No caso dos neo ateus, o seu primeiro autor (Sam Harris) é bastante explícito que os islâmicos devem ser bombardeados por causa de sua doutrina e que um governo global deve ser implementado para “salvar” o mundo”.

Seguir as doutrinas da religião política não só torna difícil a convivência dos esquerdistas em termos sociais muito difícil para o mundo atual, como também os coloca em situação ridícula várias vezes. Outro problema do esquerdismo fundamentalista é que alguns deles, em especial os marxistas, teriam que destruir até seus líderes, que enriquecem por causa de sua crença. (ver Beneficiários e Funcionais).

Imagine se a cada 3 meses tivesse que existir uma revolução em Cuba, só pelo fato de que os líderes que tomaram o poder enriqueceram após chegar lá. É claro que uma sociedade assim não se sustentaria, entrando em colapso, e por isso até o marxismo em Cuba hoje tem que adotado em uma versão “moderada”. Isso, é claro, depois que o barbudo tomou o poder por lá.

Isso nos leva a uma sociedade em que o esquerdismo hoje é aceito normalmente e chegamos até a tratar um marxista que anda com camisa do Che Guevara como uma pessoa normal. Ele muitas vezes adota uma versão moderada de seu marxismo para conviver em sociedade. Há um amigo meu que é marxista e trabalha como gerente em uma empresa de TI. Ao invés de estar incitando uma guerra para a tomada da empresa e distribuição da propriedade aos “pobres” (transferência dos meios de produção para os pobres), ele adota uma visão “moderada” e consegue trabalhar.

A única razão pela qual ele adota um esquerdismo moderado é pelo fato de que sua vida seria muito complicada caso ele adotasse a versão fundamentalista de sua crença.

Isso nos leva a um dilema: será que o esquerdismo moderado é uma posição razoável considerando tudo que já aprendemos sobre as consequências das idéias esquerdistas implementadas à risca, desde os tempos das pessoas guilhotinadas em série na Revolução Francesa?

Alguns poderiam dizer que os norte-americanos, com seu progressismo água com açúcar, não são tão totalitários quanto os marxistas russos e chineses. Capaz, mas isso é apenas uma versão moderada por conveniência. Como já disse, é um recurso para tornar a vida do esquerdista menos complicada e sua postura mais aceitável para os oponentes.

Outros poderiam dizer que os humanistas seculares, com sua luta por “promover a empatia universal”, não seriam tão totalitários quanto os positivistas e humanistas que apoiaram o Massacre da Vendéia, na França dos jacobinos. Mas, assim como no exemplo anterior, esta postura somente mostra uma tentativa de criar uma versão “light” da crença, para garantir a aceitação deles perante os oponentes.

Nos dois casos, podemos até suspeitar de que estão tentando enganar os oponentes por sua “moderação” simulada.

Porém, o grande problema com a religião política moderada é que ela não nos fornece nenhuma proteção contra o extremismo esquerdista e a violência totalitária, quando o esquerdismo finalmente for implementado com sucesso e o ganho político da crença esquerdista finalmente for obtido.

Hoje em dia, um humanista poderá dizer que o mundo “será empático, de paz e prosperidade, mas tire os religiosos da frente”, mas em uma situação de colapso econômicos, em níveis continentais, quando for necessário um expurgo de pessoas, se a criação de rancor contra os religiosos estiver nesse caminho o destino dos cristãos não será muito diferente do que ocorreu com os judeus no Holocausto Nazista. Ou seja, idéias de esquerda, que sempre dependem do apontamento de bodes expiatórios, tendem a ser pagas com sangue no futuro. E geralmente é o sangue dos bodes expiatórios apontados pelos esquerdistas.

Outro motivo para duvidarmos do esquerdismo moderado é o Occupy Wall Street. Como já disse, o progressismo norte-americano aparenta ser uma doutrina de “paz e tolerância, com ênfase nas minorias, nos gays e no direito ao aborto”, mas eles sempre trabalham definindo bodes expiatórios. O Partido Democrata é essencialmente progressista e… quando surgiu o movimento Occupy Wall Street, focado em baderna, pregando o “fim do capitalismo” e até criando a cultura dos hackers Anonymous (algo criminoso em essência), vemos que o socialismo mais radical estava lá, sendo gerado na barriga dos progressistas “moderados”. Até Obama acabou reconhecendo o Occupy Wall Street como algo legítimo.

Isso nos prova que esquerdismo moderado é uma ilusão. O esquerdismo só é praticado de forma moderada para facilitar o convívio de esquerdistas junto aos não-esquerdistas, e para evitar que os oponentes do esquerdismo percebam o que está por vir.

O esquerdismo puro, por seu framework (*), é essencialmente totalitário e genocida. Muitos, no entanto, seguem uma versão “light” do esquerdismo para conviverem em sociedade e não atraírem muita atenção dos oponentes do esquerdismo.Tudo isso gera um conflito na mente de alguns direitistas, olhando para os esquerdistas como “ele é esquerdista, mas é meu amigo, pois é moderado”. Ele poderá até dizer: “olha, ele nem cospe na minha cara por eu ser cristão”. O grande problema é que essa versão light serve como fachada para o esquerdismo radical, que é aquele a ser praticado quando a tomada do poder acontece. Por isso, os esquerdistas moderados seriam como “lobos em pele de cordeiro”, mesmo que sejam sinceros em sua crença. (Até por que o processo de formação destas turbas é feito pelos beneficiários, e os funcionais apenas seguem, com um ardor sincero pelos ideais).

A conclusão a que podemos chegar é a seguinte: não importa o nível de moderação do esquerdista, a refutação e o desmascaramento deve ser o mesmo. Aliás, o próprio esquerdismo moderado é essencialmente perigoso pois muitas vezes ele é de difícil detecção.

O preço da liberdade é a eterna vigilância em relação aos esquerdistas. E, em relação ao esquerdismo moderado, a vigilância deve ser maior ainda.

Luciano Ayan
08 Março 2012

Nota:

(*) Segue o framework, para não esquecermos:

1) Projeção de paraíso em Terra

2) Simulação de que se pertence ao grupo que criará este paraíso

3) Definição de bodes expiatórios (que seriam aqueles que não deixam o paraíso ocorrer)

UNIVERSIDADE E ESCOLA BÁSICA: O CORONELISMO ACADÊMICO


Artigos - Educação


A universidade transforma o diploma numa patente (“Você sabe com quem está falando?”), mas submete o professor da escola básica a avaliações humilhantes feitas por crianças de 11 anos.

Nessa escola idealizada pelas correntes pedagógicas hegemônicas não há espaço para a responsabilidade. O aluno é um “sujeito de direitos”, isento de qualquer dever.

A greve dos professores da rede pública de ensino do Estado de Goiás fez aflorar uma tese recorrente no imaginário social – a de que os políticos não investem em educação para manter o povo na ignorância e, dessa forma, poder manipulá-lo com mais facilidade. Isso pode ter sido verdade no antigo sertão de Paulo Honório, o personagem-narrador do romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, que não gostava de ver a própria mulher, a professora Madalena, ensinando os cabras de seu latifúndio conquistado mediante esbulho. Hoje, a realidade é bem outra: quem deseja manter o povo na ignorância não são os políticos – são os mestres e doutores universitários. Eles criaram na pós-graduação das universidades uma ciência esotérica e inútil, mas paradoxalmente militante, cujo principal propósito não é o ensino, mas a manipulação. E as primeiras vítimas dessa educação malsã são os professores da escola básica – tratados com evidente menosprezo nas dissertações e teses da academia.

Encastelados especialmente nas universidades públicas, os coronéis do conhecimento (exibindo suas vistosas patentes de “doutor” na Plataforma Lattes) não costumam aceitar críticas. Sua reação a elas varia da fingida indiferença à descabelada indignação. E se a crítica parte de quem não é acadêmico, a atitude dos coronéis de beca tende a ser a mesma dos velhos coronéis de bacamarte: “Você sabe com quem está falando?”

Foi essa a reação ao meu artigo “O fracasso do mérito”, publicado na edição passada do Jornal Opção, tratando da greve dos professores da rede estadual de ensino. Imaginando que sou leigo no assunto, alguns acadêmicos reagiram de modo risível nas redes sociais e no próprio espaço de comentários do jornal.
Um deles, mestre em educação pela UFG e doutorando em educação pela PUC de Goiás, depois de indagar a um oponente que defendia o meu artigo se o mesmo tinha mestrado ou doutorado, chegou a afirmar textualmente:
“Conversar sobre meritocracia com quem não tem nem currículo na Plataforma Lattes e são apenas graduados é difícil demais. Esta é a verdade”.

Como não chega a ser um coronel acadêmico de alta patente, com um exército de orientandos na pós-graduação, o autor dessa afirmação merece ser preservado de si mesmo e não vou revelar o seu nome. Mas o menosprezo que ele manifesta em relação a quem não tem título de doutor ou mestre é um espelho fiel da velha cultura do bacharelismo, que, ao contrário do que se imagina, ficou ainda mais grave com a expansão dos cursos de pós-graduação nas duas últimas décadas.

Antes, a cultura dos bacharéis era um vírus que atacava apenas médicos, advogados e engenheiros; hoje, ela se disseminou por todas as áreas do conhecimento, a ponto de alunos de graduação e especialização lato sensu encherem a boca para falar do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) e do título que ele possibilita, uma espécie de patente de cabo na hierarquia da caserna acadêmica. É o diploma substituindo o mérito em vez de expressá-lo.

Criança avalia professor

Paradoxalmente, essa universidade que se protege atrás de uma hierárquica barreira de títulos é a mesma universidade que despe o professor da escola básica de qualquer autoridade institucional e o obriga a se apresentar como um igual – ou até mesmo um inferior – diante de seus alunos.
Hoje, nas escolas públicas, a inversão de valores é tanta que já não é o professor quem avalia o aluno, mas o aluno quem avalia o professor.
É o que se constata no “Manual de Orientação para a Avaliação de Estágio Probatório dos Docentes da Secretaria Estadual de Educação”, um documento de 57 páginas, elaborado por 19 gestores com formação acadêmica e publicado em 2008.

Como se sabe, de acordo com o artigo 41 da Constituição, todo servidor concursado só adquire estabilidade após um estágio probatório de três anos, em que passa por avaliações periódicas e, se não for aprovado, perde o cargo.
Ou seja, o estágio probatório é algo extremamente sério, pois decide a própria vida profissional do servidor.

Agora, pasmem: na Secretaria Estadual de Educação, alunos de apenas 11 anos de idade, representando turmas de 5ª série (6º ano) do ensino fundamental, participam das comissões que avaliam o professor concursado em estágio probatório. Uma criança dessa idade é chamada a decidir o próprio destino profissional de um pai ou mãe de família que passou num concurso público, tem até pós-graduação e, sobretudo, é uma pessoa adulta, que – em nenhuma circunstância – pode ser avaliada por uma simples criança.

Para se ter uma ideia da avacalhação a que o professor da escola básica é submetido – com a cumplicidade dos intelectuais universitários – a ficha de avaliação do professor que a criança de 5ª série preenche (Ficha II) é idêntica à que é preenchida pelo professor-coordenador da escola (Ficha I), pelo próprio professor que está sendo avaliado (Ficha III) e até pelo presidente da comissão de avaliação (Ficha IV).

O representante dos alunos – que, repito, pode ter apenas 11 anos de idade –atribui uma nota de 0 a 10 ao professor em cinco requisitos: idoneidade moral; assiduidade e pontualidade; disciplina; eficiência e aptidão. E a criança, a exemplo dos adultos, tem de justificar cada nota dada em um por um dos requisitos que estão sendo avaliados.

Em relação à “eficiência”, o manual explica para todos os avaliadores, inclusive a criança, que se trata da “ação competente e criativa do professor para atingir com eficácia os objetivos propostos pela Unidade Escolar e pela Secretaria, na busca de resultados com qualidade”.

Ora, como é que um aluno de 11 anos poderá saber se o professor que lhe ministra as aulas atingiu com eficácia as diretrizes propostas pela Secretaria de Educação? E com que critério uma escola aceita que uma criança seja eleita para falar em nome dos colegas num assunto de tamanha gravidade, instituindo uma espécie de meritocracia do acaso?

Só mesmo uma pedagogia ideologicamente embriagada – que não tem o menor respeito por si mesma – pode obrigar um professor a se ajoelhar dessa forma aos pés da criança que tem por aluno. Os médicos concursados da rede pública de saúde também se submetem a estágio probatório; mas é possível imaginar um pediatra sendo avaliado profissionalmente por crianças de 11 anos?

Reizinho indisciplinado


Por que o Sintego (Sindicato dos Trabalhadores da Educação no Estado de Goiás) nunca denunciou essa forma de avaliação do estágio probatório da rede estadual de ensino? Não resta dúvida que esse tipo de tratamento dado ao professor – que é regra, não exceção – chega a ser mais deletério em sua carreira profissional do que os baixos salários.
Muitos profissionais de comunicação, por exemplo, ganham igual ou menos do que o professor e não têm estabilidade no emprego, mas submetem-se a precárias condições de trabalho apenas pelo relativo prestígio que a profissão oferece. Já o professor, na maioria das vezes em que faz greve, pensa menos no aumento de salário do que no tempo em que ficará livre dos alunos e seus celulares ubíquos.
Creio que muitos nem se dão conta disso quando aderem ao movimento grevista, mas só o descanso que a greve oferece pode explicar a insistência com que paralisam as atividades quase todo ano, mesmo sabendo que, ao cabo do movimento, as conquistas são ínfimas e muitas vezes se reduzem a não ter os pontos cortados. Se o professor se sentisse realizado em seu trabalho, com alunos e pais que o valorizassem, é provável que, mesmo ganhando pouco, relutaria em fazer greve.

Todavia, como é que pais e alunos vão valorizar o professor da escola básica se as próprias universidades não o respeitam e insistem em tratá-lo como um despreparado, que precisa não apenas ser capacitado por elas, mas até mesmo aprender com os próprios alunos?
Infelizmente, o Sintego é parceiro das faculdades de pedagogia e demais cursos de licenciatura, com quem professa o pensamento dos derivados modernos e pós-modernos do marxismo, como Antonio Gramsci (1891-1937), Lev Vygotsky (1896-1934), Paulo Freire (1921-1997), Michel Foucault (1926-1984), Pierre Bourdieu (1930-2002) e Emilia Ferreiro (1936), entre vários outros. Todos os mestres e doutores contemporâneos que se filiam a essas ou outras correntes das humanidades têm em comum a crença de que a função da escola é “construir sujeitos” e “transformar a sociedade”.
Daí a unção do construtivismo de Jean Piaget (1896-1980), que se tornou uma espécie de religião pedagógica da esquerda, assim como o evolucionismo de Charles Darwin (1809-1882) é a religião biológica dessa gente.

Nessa escola idealizada pelas correntes pedagógicas hegemônicas não há espaço para a responsabilidade. O aluno é um “sujeito de direitos”, isento de qualquer dever. Logo, todo e qualquer fracasso desse reizinho indisciplinado é jogado sobre os ombros do professor.
É o que se vê, por exemplo, na Resolução nº 4, de 13 de julho de 2010, do Conselho Nacional de Educação, que define as “Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica”. Composta de 60 artigos e uma infinidade de parágrafos, alíneas e incisos, essa resolução – sintomaticamente publicada na data de aniversário do famigerado Estatuto da Criança e do Adolescente – é um documento que oscila entre a insanidade e a arrogância, exigindo do professor o impossível e do aluno, nada.
Seus autores – entre os quais estão algumas sumidades acadêmicas do país, como o professor Mozart Neves Ramos, um dos pais do movimento “Todos pela Educação” – deviam ser condenados a aplicá-lo pessoalmente numa escola de periferia brasileira, ganhando o que ganham os professores da rede básica.

As “Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica” inviabilizam qualquer proposta de uma escola meritocrática, pois não se pode cobrar mérito apenas do professor, deixando o aluno à vontade para fazer o que quer, como ocorre hoje.
Mesmo a proposta de premiar os bons alunos, como prevê o “Pacto pela Educação” do governo Marconi Perillo, tende a não funcionar. Se o aluno indisciplinado não pode ser suspenso muito menos expulso da escola, a sala de aula se torna insalubre para o aprendizado e não há caderneta de poupança para o aluno que dê jeito nisso, como acredita o secretário estadual de Educação, Thiago Peixoto.

Sem contar que, pelos critérios amorais – e até imorais – da pedagogia moderna, nada impede que um aluno indisciplinado, violento ou drogado, apenas por um rasgo de bom comportamento, venha a ser premiado com uma poupança escolar, em detrimento de um aluno bem comportado.
A cultura da imoralidade – cultivada na academia – está arraigada na educação e não será o esqueminha de aluno de administração da Bain & Company, importado pelo secretário, que irá mudar essa realidade.

Enganando os pobres

Se o professor tiver de cumprir as Diretrizes Curriculares Nacionais da Escola Básica, ele não poderá conjugar nenhum outro verbo na vida a não ser “trabalhar”. E mesmo sem comer, dormir ou amar, cada dia do professor precisaria ser como um dia do planeta Vênus (243 dias terrestres) para que ele pudesse dar conta de todas as responsabilidades que lhe são impostas. Exemplo disso é o artigo 47 das Diretrizes, que reza:
“A avaliação da aprendizagem baseia-se na concepção de educação que norteia a relação professor-estudante-conhecimento-vida em movimento, devendo ser um ato reflexo de reconstrução da prática pedagógica avaliativa, premissa básica e fundamental para se questionar o educar, transformando a mudança em ato, acima de tudo, político”.

Reparem no caráter imoral dessa resolução: ela deixa claro que o objetivo da escola não é ensinar o aluno a ler, escrever e contar, mas usá-lo – “acima de tudo” – como instrumento político, a partir de um professor transformado em militante.

Os acadêmicos que escreveram essa resolução – entre eles, a goiana Clelia Brandão, ex-reitora da PUC de Goiás – deveriam ter a coragem de sustentar na cara do pedreiro e da faxineira que a função da escola não é dar ao filho desses operários a formação que seus pais não tiveram e, sim, usá-lo como massa de manobra da utopia de transformação do mundo.
E quando o pedreiro e a lavadeira perguntassem a esses doutores universitários se seus próprios filhos também recebem uma educação “acima de tudo, política”, como a que é oferecida na escola pública, os acadêmicos deveriam ter a honradez de confessar a verdade:

“Não, seu Zé, não, dona Maria, nossos filhos precisam passar nos concorridos concursos públicos e nos vestibulares de medicina e direito das universidades públicas, onde vão estudar de graça, por isso nós os matriculamos em boas escolas privadas, onde aprendem muita matemática, português, biologia e química”.

Mas esses coronéis do conhecimento só têm respeito pela própria patente de doutor, como fica claro na linguagem utopicamente desabusada das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica do Conselho Nacional de Educação. O seu artigo 55 estabelece que a gestão democrática da escola “constitui-se em instrumento de horizontalização das relações, de vivência e convivência colegiada, superando o autoritarismo no planejamento e na concepção e organização curricular, educando para a conquista da cidadania plena e fortalecendo a ação conjunta que busca criar e recriar o trabalho da e na escola”.

Como se vê, o Conselho Nacional de Educação, influenciado pelas universidades, impõe à escola básica a “horizontalização das relações”, o que significa igualar completamente professor e aluno, retirando toda autoridade do mestre; no entanto, não existe nada mais vertical do que a hierarquia da pós-graduação nas universidades.
Um aluno só chega ao doutorado de uma universidade pública se contar com o apadrinhamento dos coronéis de beca, pois as linhas de pesquisa nesse nível da pós-graduação são geridas de modo subjetivo, dependendo de cartas de apresentação de um doutor para outro.

Inventar a escola

Um exemplo das exigências sobre-humanas que são feitas ao professor está no parágrafo 3º do artigo 13 das Diretrizes Curriculares Nacionais da Escola Básica.
Diz o texto que “a organização do percurso formativo, aberto e contextualizado, deve ser construída em função das peculiaridades do meio e das características, interesses e necessidades dos estudantes, incluindo não só os componentes curriculares centrais obrigatórios, previstos na legislação e nas normas educacionais, mas outros, também, de modo flexível e variável, conforme cada projeto escolar”, e assegurando, entre outras questões, “a ampliação e diversificação dos tempos e espaços curriculares que pressuponham profissionais da educação dispostos a inventar e construir a escola de qualidade social, com responsabilidade compartilhada com as demais autoridades que respondem pela gestão dos órgãos do poder público, na busca de parcerias possíveis e necessárias, até porque educar é responsabilidade da família, do Estado e da sociedade”.

Que norma prolixa e doentia é essa que manda o professor “inventar” a escola de qualidade social? Alô, Sintego e Faculdades de Pedagogia, o Conselho Federal de Medicina ficaria calado diante de uma norma do Ministério da Saúde que mandasse o médico “inventar” o hospital de qualidade?

Quando digo que essas diretrizes oscilam entre a arrogância e a insanidade, estou usando de eufemismo, para evitar um julgamento moral. Pois, no fundo não são loucas, são charlatãs. Ou é possível levar a sério uma resolução que fala em “escolha da abordagem didático-pedagógica disciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar pela escola, que oriente o projeto político-pedagógico e resulte de pacto estabelecido entre os profissionais da escola, conselhos escolares e comunidade, subsidiando a organização da matriz curricular, a definição de eixos temáticos e a constituição de redes de aprendizagem”?
Eu queria ver um dos autores dessa resolução, numa sala de aula, separando concretamente, em sua prática didático-pedagógica, o que é “pluridisciplinar” do que é “interdisciplinar” e do que é “transdisciplinar”. Eis o coronelismo acadêmico exibindo sua patente em forma de linguagem cuja suposta complexidade é apenas um disfarce para o vazio do cérebro.

A resolução diz que a “escolha da abordagem didático-pedagógica” deve orientar o “projeto político-pedagógico” e, ao mesmo tempo, deve resultar de “pacto estabelecido entre os profissionais da escola, conselhos escolares e comunidade”, que, por sua vez, vai subsidiar “a organização da matriz curricular, a definição de eixos temáticos e a constituição de redes de aprendizagem”. Ora, um pacto entre os profissionais da escola e a comunidade já pressupõe a existência de um “projeto político-pedagógico”; logo, a “escolha da abordagem didático-pedagógica” vai derivar desse projeto e não orientá-lo. Inclusive porque a abordagem didática é um insumo da educação que pode variar de uma aula para outra, enquanto um projeto político-pedagógico é um conjunto de diretrizes gerais que norteiam todo o ensino num dado estabelecimento educacional.

Como se vê, os autores das Diretrizes Curriculares Nacionais da Escola Básica, encastelados no Conselho Nacional da Educação, não sabem o que estão escrevendo. Juntam palavras apenas pelo seu valor ideológico, como “construção”, “sujeito”, “cidadania”, “pluralidade”, “diversidade” e outros abracadabras do gênero.

Entretanto, mesmo diante de todas essas exigências que o Conselho Nacional de Educação faz ao professor da escola básica, o pedagogo José Carlos Libâneo – ao criticar o “Pacto pela Educação” do governo estadual – teve a coragem de indagar: “Onde estão as professoras que dominam os conteúdos, que sabem pensar, raciocinar, argumentar e têm uma visão crítica das coisas?” Sem dúvida, o próprio Libâneo – e não Thiago Peixoto – é quem, olhando-se no espelho, deveria dar resposta a essa pergunta.

Afinal, quem tem de saber onde estão essas professoras são as Faculdades de Pedagogia, que não fazem outra coisa senão preparar seus graduandos para um mundo que não existe. Os cursos de formação de professores das universidades, na maioria dos casos, fazem é deformar os professores, começando por incutir-lhes uma falsa ideia de liberdade, que os leva a romper com o mundo real para perder-se em utopias. Isso porque a pedagogia construtivista – que manda o professor respeitar a realidade do aluno – jamais respeita a realidade do professor. É, sobretudo, contra essa arrogância acadêmica que o professor da escola básica deve lutar. Ao contrário do que pensam os professores em greve, o governante de plantão é um mal passageiro – o coronelismo acadêmico é que é um mal permanente.

08 de março de 2012
Publicado no Jornal Opção.
José Maria e Silva é sociólogo e jornalista.

O PASTOR E OS LOBOS

Artigos - Religião

A atuação do Pe. Paulo Ricardo tem contribuído bastante para a compreensão da calamitosa situação em que se encontra o Brasil e têm fornecido armas diversas para que o homem comum combata essa situação.

Constantemente, aqueles que tomam para si a árdua e, por vezes, ingrata missão de lançar luzes esclarecedoras sobre as trevas de obscurantismo tirânico em que vivemos conseguem provar empiricamente o valor de seus argumentos e de suas admoestações ao se converterem em alvos de perseguição. Um grande exemplo contemporâneo em nossa Terra Brasilis é, sem dúvida, o Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior.

Pe. Paulo Ricardo, sacerdote pertencente à Arquidiocese de Cuiabá, realiza um trabalho admirável tanto no campo religioso quanto no campo político-social. Seus vídeos, suas palestras e seus artigos objetivam dar nomes aos bois que têm pisoteado freneticamente os valores sobre os quais nossa sociedade foi construída, destruindo a imagem que fazem de si mesmos como novilhos mansos e bondosos.

A atuação do Pe. Paulo Ricardo tem contribuído bastante para a compreensão da calamitosa situação em que se encontra o Brasil e têm fornecido armas diversas para que o homem comum combata essa situação. Suas palestras sobre o marxismo cultural, a revolução gramsciana e todos os pilares do processo de sublevação em que vivemos são preciosos colírios para uma nação de cegos que, a tatear no escuro, não se dão conta do perigo que, pouco a pouco, consolida-se no poder.
Suas constantes denúncias não poupam nem mesmo membros da Igreja Católica – pertencentes ou não à Hierarquia – que não apenas têm silenciado sobre o caminho de destruição que temos trilhado, mas que têm ativamente auxiliado em sua pavimentação.

No dia 27 de fevereiro, um grupo de sacerdotes resolveu dirigir uma carta à Arquidiocese de Cuiabá contra Pe. Paulo Ricardo. O objetivo da carta não é, como seria de se supor, apenas exarar repúdio contra comportamentos adotados pelo sacerdote que pudessem ser considerados reprováveis. Após um verdadeiro desfile de calúnias e ataques virulentíssimos ao Pe. Paulo Ricardo, os missivistas fazem seu pedido:

Solicitamos, portanto, de Vossas Excelências Reverendíssimas que Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior seja imediatamente afastado das atividades de magistério no Sedac [Studium Eclesiástico Dom Aquino Corrêa] e das demais atividades por ele desenvolvidas nas diversas instituições formativas sediadas na Arquidiocese e fora dela tais como direção espiritual de seminaristas, palestras, conferências e celebrações, pois não tem saúde mental para ser formador de futuros presbíteros.
Pedimos também que seja afastado de todos os meios de comunicação social em todo e qualquer suporte, isto é, meios eletrônicos, meios impressos, mídias sociais e rede mundial de computadores.

Para aqueles que não compreenderam, podemos traduzir o pedido acima transcrito: silenciem o Pe. Paulo Ricardo.

A infiltração totalitária que vemos em nossa sociedade é de tão grande monta que nem mesmo a Igreja Católica escapa a essa ignomínia. É triste constatar que, no seio da organização que foi uma das maiores responsáveis pelo esplendor da civilização ocidental, da defensora perpétua das leis naturais e morais sob as quais o homem pode ser verdadeiramente livre, também haja lobos em pele de cordeiro, ciosos e ansiosos por cravar suas presas de morte nos pastores que realmente guiam o rebanho para a senda reta.

Independente da denominação religiosa de cada um, devemos reconhecer o papel importante que o Pe. Paulo Ricardo tem desempenhado. Não podemos, de modo algum, furtar-nos a demonstrar a ele, e a todos os seus verdugos, que seu trabalho é necessário e que sua voz não será calada.
Assim sendo, convoco todos os leitores para assinar uma petição de apoio ao Pe. Paulo Ricardo e a divulgá-la a todos os seus contatos. Nós temos o dever de mostrar aos totalitários de plantão que não calarão a voz de quem luta pela Liberdade e pela Verdade!

08 de março de 2012
Felipe Melo

CASERNA EM CRISE: SUCATEAMENTO E REPASSE

Mesmo com o orçamento sucateado, militares perdem mais R$ 402,3 milhões para o fundo dos aeroportos

Decreto presidencial transferiu R$ 402,3 milhões do orçamento do Ministério da Defesa para a Presidência, beneficiando o Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac). O governo alega que o remanejamento ocorreu para abastecer o programa de aeroportos, da Secretaria de Aviação Civil (SAC), responsável pela administração dos terminais.

Mas a decisão de realizar o remanejamento por decreto, três meses depois da votação da lei orçamentária, desagradou quadros da Aeronáutica. Militares ouvidos pelo Correio discordam da estratégia de reforçar somente o caixa da SAC e "sucatear" as atividades da Defesa que ainda têm incumbências na área da aviação civil.

"As nossas Forças estão sucateadas, e em vez de aumentar os recursos, cortam. O sistema de radar que cobre o Brasil não é civil, é militar. Estão privatizando os aeroportos, mas o controle de tráfego não. Vai transferir isso tudo para a área civil? Então não vamos mais andar de avião", protesta um militar.

O secretário de Aeroportos da Sac, Juliano Noman, afirmou ao Correio que os aportes no Fnac não significam, necessariamente, recursos exclusivos para a secretaria. De acordo com Noman, o dinheiro pode "retornar" ao Ministério da Defesa, se os órgãos tiverem projetos comuns de investimento da aviação civil.

"Quando a lei orçamentária foi feita, não tinha o Fnac pronto. Com ações coordenadas, os recursos podem ir da Defesa para o Fnac e do Fnac para a Defesa. Não sei se a atividade fim da Aeronáutica é administrar aeroportos. Atualmente, 21 são administrados pela aeronáutica, mas não são terminais com perfis comerciais."

A assessoria de imprensa do Ministério da Defesa afirma que o corte de R$ 402,3 milhões no orçamento foi um "acerto de contas" com a aviação civil e que não trará perdas para a pasta. A Presidência, por sua vez, informa que o fundo é um assunto "específico", por isso não foi contemplado nas discussões do Orçamento no Congresso em 2011.

O governo está preocupado em conseguir recursos para acelerar o plano de recuperação do sistema de aviação civil. A Medida Provisória nº 551 de 2011, que já está na pauta do plenário da Câmara, propõe a criação de adicional de 35,9% sobre as tarifas aeroportuárias como forma de angariar recursos para reformar, expandir e melhorar as instalações dos terminais.

Os recursos arrecadados também irão para o Fnac, sendo que 74,76% ficarão com o governo federal e 25,24% serão distribuídos aos estados, para a manutenção de aeródromos.

Portos

Além das reclamações dos militares sobre o remanejamento de recursos da Defesa para a Presidência, as Forças discordam dos rumos administrativos que deram à Secretaria de Portos vantagens em relação à aplicação de recursos oriundos de tarifas de navegação.

Os recursos, afirmam militares, poderiam ser prioritários para a indústria naval e não à construção de novos terminais portuários.

Os militares reclamam que o Ministério da Defesa tem sido excluído de todas as atividades de gerência de recursos, para se transformar em órgão coadjuvante das secretarias de porto e aviação.

08 de março de 2012
JOSIE JERONIMO Correio Braziliense

O PAC ESTÁ emPACado. NÃO ANDA... PARECE UM JEGUE QUANDO EMPACA.

EXECUÇÃO DO pac : "MODUS OPERANDI" - FALSAS PREVISÕES E CONVERSA PRA BOI DORMIR


Não há esforço de publicidade que dê jeito:
o Brasil precisa investir para crescer, mas não consegue. Balanços cor-de-rosa divulgados de tempos em tempos não são capazes de alterar esta realidade, que atravanca o desenvolvimento do país.


Ontem foi a vez de evidenciar-se a fragilidade da execução do PAC. Como parte de sua estratégia de marketing, o governo agora se concentra em falar da "segunda fase" do programa, mesmo que a primeira tenha redundado em fiasco, com rol enorme de obras ainda inacabadas.

Resultados apresentados de maneira agregada até tentam dar verniz de bom andamento ao programa, que em 2011 teria executado 21% do previsto para os quatro anos da gestão Dilma Rousseff.

Parece bom, mas nem a mais deslavada manipulação livra os números da constatação do fracasso.

Para começar, a maior parte do valor realizado no ano passado (36,7%) refere-se a financiamentos habitacionais. Empréstimos, por mais nobre que seja a finalidade, não são investimento, mas o governo do PT prefere não se dar conta disso: desembolsos imobiliários, inclusive para compra de moradias usadas, sempre foram o maior fermento do PAC.

A segunda parcela mais relevante é a das estatais, que responderam por 30% do que o governo computa como executado no ano passado. Ou seja, sem, principalmente, a Petrobras, o PAC seria uma sombra ainda mais pálida. Ao setor privado, couberam outros 17%.


O mais interessante, porém, é constatar a pífia execução dos investimentos que cabem diretamente ao governo federal. Dos R$ 204 bilhões que, segundo os números oficiais, teriam sido executados em 2011, somente R$ 20 bilhões saíram do Orçamento Geral da União. Isto é, apenas um de cada dez reais.

Em moeda sonante, o setor privado investiu quase o dobro do que saiu do Orçamento (R$ 35 bilhões) e as estatais aplicaram o triplo do desembolsado pela União (R$ 60 bilhões).

Para piorar, a maior parte dos desembolsos do governo refere-se a restos a pagar: do total pago, apenas um terço são obras efetivamente previstas para 2011.

O chamado PAC 2 tem orçamento total de R$ 955 bilhões. Destes, pelo menos R$ 247 bilhões (26%) referem-se a obras que não serão concluídas até 2014. Em alguns casos, o atraso é monumental, como mostra hoje o Valor Econômico.

"Dezenove obras 'estruturantes' do país, com orçamento de R$ 166 bilhões, se afastaram do cronograma desenhado pelo governo e serão entregues com até quatro anos de atraso. Projetos que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretendia inaugurar ainda em seu mandato agora correm risco de não ser mais concluídos sequer no governo Dilma", informa o jornal, em manchete.

Na lista estão, entre outras, a ferrovia Nova Transnordestina, o Arco Rodoviário do Rio de Janeiro e a pavimentação da BR-163. Todas previstas para 2010, só serão entregues, na melhor das hipóteses, no último mês da gestão atual.

É notória a dificuldade do governo petista em aplicar o dinheiro do contribuinte em obras e ações que melhorem as condições de vida da população e aprimorem a infraestrutura para o setor produtivo.

Em 2011, "o investimento da União perdeu participação no PIB e contribuiu para a desaceleração do crescimento", analisa a Folha de S.Paulo.

Neste começo de ano, a situação não mudou. Segundo o site Contas Abertas, "nos dois primeiros meses deste ano, os investimentos da União (Executivo, Judiciário e Legislativo) atingiram R$ 3,6 bilhões. O montante total desembolsado é R$ 1,1 bilhão menor do que o pago no mesmo período de 2011". A redução chega a 23%.

O baixo desempenho dos investimentos é um dos principais fatores que limitam a capacidade de crescimento sustentado do país, como restou mais uma vez claro com os resultados do PIB de 2011.

Nossa taxa atual é insuficiente para que o Brasil avance a um ritmo anual acima de 4%. Gastar é fácil; o difícil é investir.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela
O PAC não anda

DILMA DECIDE: MULHER É INFERIOR E TEM QUE GANHAR MENOS DO QUE HOMEM

O governo recuou da ideia de sancionar o projeto de lei que pune as empresas que pagarem salário menor para as mulheres contratadas para a mesma atividade realizada por empregados homens.
Na quarta-feira, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) anunciaram a decisão de aprovar a proposta no plenário nesta quinta-feira, deixando tudo pronto para a presidente Dilma Rousseff sancioná-la na próxima terça-feira, no Senado, numa solenidade alusiva ao Dia Internacional da Mulher, comemorado hoje, dia 8 de março.

A presidente Dilma Rousseff fez, no início da noite de hoje, um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, por ocasião do Dia Internacional da Mulher.

"Sinto alegria de chefiar um governo que tem o maior conjunto de programas de apoio à mulher na nossa história. Mas sei que governo e sociedade precisam fazer muito mais para a valorização plena da mulher", disse.
Na fala de hoje, a presidente pregou um exercício de igualdade, alertando que "a luta pela valorização da mulher é, portanto, um dever de todos: brasileiras e brasileiros de todas as classes, de todos os credos, de todas as raças e de todas as regiões do País".

Dilma, no entanto, admitiu que sua chegada ao comando do País representou um novo momento de valorização da mulher no Brasil.
"Minha chegada à Presidência significou um momento único de afirmação da mulher na sociedade brasileira", destacou. Mas ela também alertou: "Não podemos aceitar o falso triunfalismo, mas também não devemos nos render ao amargor derrotista".

08 de março de 2012
coroneLeaks

SUPREMO REVÊ DECISÃO QUE PODERIA INVALIDAR MEDIDAS PROVISÓRIAS

STF picareta.

Como é que o Supremo Tribunal Federal decide uma coisa ontem e revê hoje, pois não mediu os efeitos da sua decisão, sob nenhuma dimensão? Temos, definitivamente, um STF picareta, que não serve à Justiça e à Lei, mas a interesses de toda a ordem.
08 de março de 2012
coroneLeaks


Após pedido da AGU (Advocacia-Geral da União), o Supremo Tribunal Federal modificou o efeito de uma decisão tomada ontem que colocaria em risco centenas de leis, editadas por MP (medida provisória).

Na sessão da última quarta-feira (7), os ministros declararam a inconstitucionalidade da legislação, fruto de MP, que criou o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e deu um prazo de 24 meses para que o Congresso reeditasse a lei que criou o órgão respeitando os tramites legais.

STF dá dois anos para Congresso 'recriar' Instituto Chico Mendes
Decisão do STF sobre MPs traz 'insegurança jurídica', diz líder

O tribunal entendeu que houve um "vício" na tramitação, pois a medida provisória foi aprovada em 2007 diretamente pelos plenários da Câmara e do Senado, sem passar por uma comissão mista, conforme determina a Constituição.

Com a decisão, o governo constatou que mais de 400 MPs foram aprovadas desta maneira e as normas corriam o risco de serem declaradas inconstitucionais. Segundo o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, cerca de 50 MPs tramitam hoje no Senado, sem terem passado pela tal comissão e que, se a decisão prevalecesse elas caducariam imediatamente.

Com os argumentos da AGU, apresentados em questão de ordem durante a sessão desta quinta-feira, os ministros do Supremo reverteram a decisão de ontem, entendendo que ela não se aplica às MPs já aprovadas ou em tramitação, mas somente àquelas enviadas ao Congresso a partir de agora.

O entendimento vale, inclusive, no caso do ICMBio, que não precisará mais ser recriado. O relator do caso, ministro Luiz Fux, afirmou que a decisão deveria ser encarada de forma "consequencialista", ou seja, observando os efeitos da decisão tomada.

"De fato, a situação é muito grave, talvez uma das mais graves com as quais já tenhamos nos deparado. Tendo em vista que a dimensão vai muito além do que o caso que foi objeto da discussão", disse o ministro Gilmar Mendes.

PPS

O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), defendeu hoje a paralisação imediata da tramitação de todas as medidas provisórias em análise no Congresso.

Ele cobrou dos presidentes da Câmara, Marco Maia (PT), e do Senado, José Sarney, que convoquem com urgência todos os líderes partidários para discutir as medidas a serem adotadas.

"O mais grave é que isso não ocorreu apenas com essa medida provisória. Nenhuma MP aprovada pelo Congresso desde 2001 teve parecer de uma comissão mista. Na prática, todas podem ser questionadas na Justiça", disse Freire.

Desde 2011, quando foi promulgada a Emenda Constitucional 32, o Executivo já editou 560 medidas provisórias.

"O primeiro passo a ser tomado é mandar retornar todas as MPs em tramitação para as comissões mistas. Em segundo lugar, o Congresso precisa preparar com urgência uma nova lei que garanta a funcionamento do Instituto Chico Mendes", sugeriu Freire.

08 de março de 2012
CLAUDIO ANGELO FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA

BASE ALIADA DO GOVERNO JÁ NÃO FAZ JUS À DENOMINAÇÃO E PRESSIONA DILMA ROUSSEFF

A mensagem é mais do que clara. Logo na primeira votação secreta no Senado, depois da divulgação do manifesto em que parlamentares do PMDB exigem mais espaço no governo, por coincidência foi rejeitada a recondução de Bernardo Figueiredo à diretoria-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Após longa discussão na qual diversos senadores acusaram Figueiredo de estar sob suspeição por causa de irregularidades apontadas na agência pelo Tribunal de Contas da União, a votação terminou com 36 votos contra a recondução, 31 a favor e uma abstenção.

O principal opositor de Figueiredo foi o senador Roberto Requião (PMDB-PR), que falou diversas vezes sobre os processos aos quais ele responde. Requião acusou o ex-diretor da ANTT de ocupar o cargo para defender interesses das empresas para as quais trabalhou antes.

“O Sr. Bernardo Figueiredo é um tecnocrata híbrido, defendendo o interesse do setor privado na associação nacional, assinando a concessão e modelando a privatização. Por muito menos este plenário já rejeitou indicações de administradores públicos”, disse o senador paranaense.

Apesar de Requião ter sido apoiado por diversos senadores de oposição, a principal justificativa dos governistas para a derrota é a insatisfação da base aliada do governo. Após a votação, o petista Lindbergh Farias (RJ) disse que a votação teve a ver “com tudo, menos com a ANTT”. “O governo foi derrotado pela base aliada”, disse o senador. Na opinião dele, os aliados mandaram “vários recados” para a presidenta Dilma Rousseff e os integrantes do governo.
Por se tratar de votação secreta, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), admitiu que a margem para dissidências na base de apoio ao governo era maior.

Ele também reconheceu que muitos senadores dos partidos que dão apoio à presidenta Dilma estão insatisfeitos com a maneira como vem sendo tratados pelo governo.
Segundo ele, os aliados reclamam que não são recebidos pelos ministros e não têm suas demandas analisadas pelo governo.
Agora, o Planalto terá que indicar outro nome, que precisará passar por nova sabatina e aprovação na Comissão de Infraestrutura, antes de ter o nome analisado pelo plenário da Casa.

Traduzindo tudo isso: o fisiologismo continua imperando na capital, onde os três poderes apodrecidos vivem num mundo à parte, muito longe do Brasil real. É justamente por isso que Brasília é chamada de Ilha da Fantasia.

Carlos Newton
08 de março de 2012

GOVERNISTAS FOGEM DO DEBATE, OPOSIÇÃO SE RETIRA, MAS ASSEMBLÉIA GAÚCHA APROVA "APARELHAMENTO" DA BRIGADA

O projeto 448/2011 foi protocolado no apagar das luzes da virada do ano e houve pedido regime de urgência. A idéia era não discutir nada, como ocorreu também no plenário, onde os deputados do PT e seus satélites fugiram das discussões.
A nova lei introduz critérios subjetivos majoritários para promover oficiais petistas ou simpatizantes, o que resultará em aparelhamento da Brigada, subvertendo sua hierarquia e disciplina.

A base governista não conseguiu colocar seus 32 deputados no plenário, mas ainda assim patrolou a oposição na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e aprovou esta semana o projeto elaborado pelo Executivo que modifica os critérios de promoção para oficiais da Brigada Militar.
Em meio a protesto de policiais, que lotaram as galerias da Casa, a proposta foi discutida por cerca de três horas. A oposição retirou-se em bloco, deixando o ônus pela aprovação do monstrengo jurídico por conta do PT e seus satélites.

Na sessão, apenas parlamentares da oposição se manifestaram na tribuna. Os deputados governistas têm usado a tática de fugir dos debates, confiando cegamente na sua maioria. Além de criticarem o projeto, os oposicionistas questionam o regime de urgência do Palácio Piratini para a apreciação do projeto.

O deputado Raul Pont (PT) foi um dos únicos da base do governo a defender as mudanças nos critérios — veja aqui a modificação. Ao tentar falar, ele foi vaiado por oficiais da BM presentes na Assembleia.
Quando o deputado Ernani Polo anunciou a saída da oposição do plenário, ainda havia quórum para a votação — 28 deputados governistas presentes, que aprovaram o projeto.

Em protesto, os oficiais nas galerias ficaram de costas para os parlamentares. Eles carregavam cartazes pedindo o adiamento da votação. para melhor esclarecimento, mas não foram ouvidos.

Políbio Braga
08 de março de 2012

DIA INTERNACIONAL DA MULHER E OS EXEMPLOS DE MULHERES DE CORAGEM

Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, vale conhecer a história de vida da ex- esposa de Guimarães Rosa, a luta da magistrada corregedora do Conselho Nacional de Justiça Eliana Calmon e o trabalho da major Pricilla Azevedo, da PM do Rio de Janeiro.

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ARACY GUIMARÃES ROSA

Paranaense, nasceu em Rio Negro, e ainda criança foi morar com os pais em São Paulo. Em 1930, Aracy casou com o alemão Johan von Tess, com quem teve o filho Eduardo Carvalho Tess, mas cinco anos depois se separou, indo morar com uma irmã de sua mãe na Alemanha. Por falar quatro línguas (português, inglês, francês e alemão), conseguiu uma nomeação no consulado brasileiro em Hamburgo, onde passou a ser chefe da Secção de Passaportes.

No ano de 1938, entrou em vigor, no Brasil, a Circular Secreta 1.127, que restringia a entrada de judeus no país. Aracy ignorou a circular e continuou preparando vistos para judeus, permitindo sua entrada no Brasil.

Nessa época, João Guimarães Rosa era cônsul adjunto. Ele soube do que ela fazia e apoiou sua atitude, livrando muitos judeus da prisão e da morte.
Aracy permaneceu na Alemanha até 1942, quando o governo brasileiro rompeu relações diplomáticas com aquele país.
Seu retorno, porém, não foi tranquilo. Ela e Guimarães Rosa ficaram quatro meses sob custódia do governo alemão, até serem trocados por diplomatas alemães. Aracy e Guimarães Rosa casaram, então, no México, por não haver ainda, no Brasil, o divórcio.

Sua biografia inclui também ajuda a compositores e intelectuais durante o regime militar implantado no Brasil em 1964, entre elesGeraldo Vandré, de cuja tia Aracy era amiga.
Aracy ficou viúva no ano de 1967 e morreu no dia 3 de março de 2011, em São Paulo, aos 102 anos.

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ELIANA CALMON

Ao liderar a luta pela devolução ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) do direito de investigar magistrados, independentemente das ações nas corregedorias estaduais, a ministra Eliana Calmon, corregedora do CNJ, ganhou a admiração de todos os brasileiros pela luta obstinada em favor da transparência no Poder Judiciário. E, mais, para o bem da democracia, processos disciplinares contra juízes serão julgados agora em sessão pública.
Um ato de coragem que marca a história do combate a corporativismo, indesejável em qualquer dos Poderes da República e em classes profissionais.

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PRICILLA DE OLIVEIRA AZEVEDO

Ela é negra, corpo seco e musculoso, cabelos sempre presos num coque bem apertado. Tem 1,65 metro e não deve pesar muito mais do que 60 quilos. Não fosse por uma certa dureza, logo notada, a major da Polícia Militar Pricilla, de 34 anos, poderia até ser descrita como uma mulher de aparência frágil. Engano.

Depois de expulsar o tráfico do Morro Dona Marta, em Botafogo, como primeira comandante de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Rio, ela ligou na terça-feira dos EUA, na hora do almoço, para contar ao secretário de Segurança, José Beltrame, outro feito. Meio sem jeito, disse que era uma das dez vencedoras do Prêmio Internacional Mulheres de Coragem 2012.

Estudante de Direito, Pricilla de Oliveira Azevedo tem origem humilde, parecida com a dos moradores da comunidade que protegeu por três anos. No início, chegou a andarde fuzil pelas vielas. Depois da pacificação, adotou a pistola. Mas a arma da major sempre foi mesmo a conversa.

Mulher coragem. O título faz sentido. Em 2007, ela sofreu um sequestro-relâmpago. Foi levada com uma arma enfiada na boca até uma favela em Niterói. Quando a identificaram como policial, ela apanhou. Na cara. E muito. Ficou cheia de hematomas. Mas conseguiu fugir. Catou um por um seus detratores; só falta um. Logo chegará o dia dele.

Aracy, Eliana e Pricilla são três belos exemplos de mulheres coragem a serem reverenciadas, entre bilhões de mulheres heróis e anônimas no mundo, neste 8 de março.

Parabéns, mulheres, pela lutas e conquistas.

Milton Corrêa da Costa
08 de março de 2012

DENÚNCIA

Cesar Maia denuncia mais um negócio imobiliário de Eduardo Paes no Rio

Em seu blog, o ex-prefeito Cesar Maia faz marcação cerrada a seu sucessor Eduardo Paes, que entrou na política apadrinhado por ele e hoje é seu arquiinimigo. Maia denuncia o estranho e curioso resultado da licitação do Parque Olímpico.

“Só um consórcio (Andrade Gutierrez, Odebrecht, Carvalho Hoskens) participou. Se é um bom negócio, por que outros não se interessaram? Se é um mau negócio, por que esse consórcio de empresas experimentadas entrou? O valor estimado – e não demonstrado – das obras é de 1 bilhão e 400 milhões de reais. Valor virtual para efeito de avaliação.

O consórcio vencedor tem a concessão de 800 mil m² para construir e vender apartamentos, casas, lojas e escritórios. Não foi apresentado cálculo de valor potencial. A área total do condomínio Novo Leblon, na Barra, com amplas áreas de esporte e lazer, são 500 mil m² para 5 mil unidades habitacionais. Um apartamento no Novo Leblon vale pelo menos uns 500 mil reais e uma casa uns 2 milhões de reais. Valor potencial de vendas para uma área de 800 mil m², uns 6 bilhões de reais.

A prefeitura ainda entrará com 525 milhões de reais em médio prazo. As obras serão iniciadas assim que as obras do novo autódromo em Deodoro forem iniciadas.
Que haja máquinas de calcular para especialistas e interessados avaliarem.

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PRIVATIZAÇÃO DA SAÚDE

Cesar Maia também ataca o descaso de Eduardo Paes com a área da Saúde e transcreve uma entrevista do Arcebispo de São. Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer à Folha de SP, nos seguintes termos:

“A saúde vai muito mal no Brasil. É, o SUS, foi muito mal avaliado. Não basta que poucos tenham condições de ter acesso a ótimos hospitais. É uma questão de fraternidade, solidariedade, levantar a questão, reclamar, mostrar a situação real nos grotões do país, nas periferias das grandes cidades.

E não é só isso. A saúde pública vive um processo de terceirização, de comercialização. Refiro-me por exemplo às OSs. Na medida em que se terceiriza os serviços de saúde, vira comércio, eles acabam sendo submetidos às leis de mercado. Isso pode comprometer o atendimento dos pacientes. Saúde é um bem público, um direito básico, fundamental.
Impostos são recolhidos para esse fim”, denuncia Dom Odilo.

08 de março de 2012
tribuna da internet

NEM TUDO ESTÁ PERDIDO

Gilmar Mendes começa a seguir a trilha de Eliana Calmon na limpeza do Judiciário.

Em entrevista a Felipe Recondo, do Estadão, o ministro Gilmar Mendes, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, defende enxugar os benefícios do Ministério Público que hoje são atribuídos aos magistrados, como licença-prêmio e auxílio-moradia. Além disso, critica a falta de critério para os pagamentos de atrasados e denuncia que a lei não permite a venda de férias pelos magistrados, como está ocorrendo no país inteiro.

O ministro, que agora parece estar seguindo a trilha da ministra Eliana Calmon, corregedora do Conselho Nacional de Justiça, que se empenha na limpeza do Judiciário, um dos poderes apodrecidos da União, sugere também não ser possível discutir a punição a militares, porque já existe decisão do STF sobre a Lei de Anistia, e a punição não acontecerá nem mesmo se a Comissão da Verdade vier a identificar responsáveis por crimes cometidos durante a ditadura militar.
E critica também a Lei da Ficha Limpa.

A seguir, os principais trechos da entrevista a Felipe Recondo.

O Congresso deveria mudar a Lei da Ficha Limpa?

Me parece que a Lei da Ficha Limpa vai causar vítimas em todos os partidos com essa amplitude. É uma roleta russa feita pelos partidos com todas as balas no revólver. Ainda vamos ouvir falar muitas vezes da Lei da Ficha Limpa. Vamos ter muitas peripécias. Acredito que o Congresso, passado o momento eleitoral, terá que rever essa lei, porque são muitas as perplexidades. O Congresso terá de assumir a responsabilidade em face da opinião pública. O Congresso talvez venha a se conscientizar de que não pode ficar aprovando leis simbólicas.

Que problemas o senhor vê na lei?

Por exemplo, os prazos de inelegibilidade são elásticos e infindáveis. A inelegibilidade pela rejeição de contas de prefeitos, por exemplo, pelos tribunais de contas. Será que isso é bom? Nós sabemos que temos problemas hoje nos tribunais de contas. Há uma excessiva politização e partidarização dos tribunais de contas. Ou nós não sabemos disso?

O tribunal pode se deixar contaminar pela opinião pública no julgamento do mensalão?

Tenho a impressão de que não. A minha expectativa é de que isso não vai afetar, embora alguns discursos sugerindo esse tipo de atendimento da opinião pública, como no caso específico da Ficha Limpa, quase levariam no caso do mensalão a um tipo de juízo condenatório prévio. Tenho impressão de que todos nós estaremos conscientes de nossas responsabilidades.

O mensalão será julgado neste ano?

Tenho a impressão de que deveríamos julgar este caso. É um caso que onera o tribunal. Não temos mais justificativa para atrasos. O relator já apresentou o processo, o gabinete do ministro Lewandowski, que é o revisor, é um dos mais organizados do tribunal. Ele dispõe de condições inequívocas de trazer esse processo ainda neste semestre. Todos os ministros estão se debruçando sobre este caso. Portanto, não vejo justificativa para não julgar este caso logo.

O senhor acha que o foro privilegiado ajudou o trâmite desse processo?

Esse caso desmente a dita ineficácia do foro privilegiado. Qualquer sujeito minimamente alfabetizado sabe que esse processo complexo só está sendo julgado porque está num foro concentrado. Se estivesse espalhado por aí, teríamos tantos incidentes e habeas corpus que muito provavelmente isso não terminaria nem em 2099.

Qual é o risco?

O risco é o tribunal perder a sua função de órgão de controle de constitucionalidade, de tutela dos direitos fundamentais. Essas maiorias que se formam no Congresso, muitas vezes, são ocasionais.

O senhor considera que isso ocorreu na votação da Ficha Limpa?

Olhando a Lei da Ficha Limpa, veremos que ela não teria esse aplauso que teve no passado se fosse votada hoje. Aquele foi um momento muito específico.

Era um período pré-eleitoral, a maioria dos membros do Congresso concorreria às eleições e não queria ficar contra a opinião pública. Foi por isso, inclusive, que se produziu essa lei que é, do ponto de vista jurídico, um camelo. É uma lei mal feita. Quem passou por perto dela tem que ter vergonha. Quem trabalhou na sua elaboração tem que ter vergonha. Porque ela é uma lei extremamente mal feita. Não merece o nome de jurista quem trabalhou nessa lei. E o debate no STF serviu para mostrar isso.

Como o senhor analisa o pagamento vultoso de atrasados a juízes?

Esse acúmulo de vantagens gera até uma insegurança jurídica muito grande nos estados e deve debilitar as finanças estaduais. Não há clareza sobre qual é o numerário necessário para sustentar o judiciário local. Lembro-me que a presidente de um tribunal do Nordeste dizia que tinha créditos acumulados de férias em torno de R$ 600 mil. Eu não consegui entender. Isso não existe nos tribunais superiores.

O Estado mostrou que a proposta de uma resolução parada no CNJ poderia resolver essa questão.
Essa resolução esteve para ser aprovada creio na minha última sessão do CNJ. Talvez por acúmulo de pauta, ela não foi votada. Acredito que se impõe votá-la. Essa resolução já foi adotada pela Justiça Federal e pela Justiça do Trabalho. É uma resolução que dá segurança a todos.

Hoje há uma suspeita que parte desses pagamentos decorre também de uma falta de critério dos índices de correção monetária, aos juros que eventualmente sejam impostos.

O senhor concorda com esse modelo: um juiz tenha 60 dias de férias, pode vender 30 dias e, passados anos, receber até meio milhão de reais em atrasados?

Em algum momento na história se estabeleceu os dois meses de férias. Mas a lei não estabelece a possibilidade de venda das férias. E o argumento da necessidade de 60 dias de férias briga com a possibilidade de venda.
Os magistrados argumentam que procuradores podem vender férias e licenças-prêmio.

No Ministério Público, a lei prevê os dois meses de férias e a possibilidade de venda, o que gera no Judiciário a busca desse paradigma. A jurisprudência do STF entende que, desde a Lei Orgânica da Magistratura, não há que se falarem licença-prêmio.
A despeito disso alguns tribunais mantêm a licença-prêmio e aceitam a venda. Tudo isso gera esse acúmulo. A magistratura não se devia raciocinar tentando incorporar os benefícios do MP, mas defender a supressão dos benefícios do MP, benefícios que não são condizentes com a atual cultura institucional.

A saída: parar de pagar impostos

Ou se transfere a capital federal de volta para o Rio ou se inaugura outra em São Paulo, em Minas, no Amazonas ou no Rio Grande do Sul. Porque continuar em Brasília é a vergonha das vergonhas. Não dá mais para a cidade continuar desgovernada como anda.

Nos idos de sua inauguração era uma vez por mês, sempre que caía uma tempestade. De algumas décadas para cá passou a ser toda semana, mesmo sem chuva. Agora, sem a menor explicação, é diária a interrupção do fornecimento de energia elétrica. E atingindo mais do que alguns bairros ou subúrbios, de forma intermitente, por poucos minutos, como acontecia antes. Agora Brasília inteira fica apagada.

O apagão chegou ao centro nervoso do Distrito Federal. Terça-feira a capital parou. Permaneceram sem luz o setor comercial, a Esplanada dos Ministérios, a Avenida W-3 e tudo em volta, desde os bairros nobres ao redor do Lago até as cidades-satélites da periferia.

Claro que nos palácios do Planalto, da Alvorada e do Jaburu, no Congresso e nos tribunais superiores, logo entraram em funcionamento os geradores pagos por quem paga imposto mas fica reduzido à idade das trevas. Nas residências e gabinetes dos governantes locais, a mesma coisa. Fora deles, um caos generalizado, com o colapso dos semáforos, dos telefones fixos e celulares.

Os hospitais maiores, para os ricos, também se salvaram, com geradores próprios, mas os demais ficaram no escuro, como postos de saúde, escolas, estações de metrô, rodoviárias e a parte do aeroporto destinada à plebe.
Dos restaurantes, não há que falar. Com as geladeiras sem funcionar, perderam toda a sorte de alimentos, porque por uma tarde inteira e parte da noite Brasília ficou sem energia.
Não raro dez, doze ou vinte horas. Como também ficamos sem informações, a não ser a abominável desculpa de não haver previsão de retorno, isso quando por milagre se conseguia comunicar com as repartições do setor.


Na década de cinqüenta, o Rio ainda era a capital e pegou fogo um dos edifícios mais badalados da Zona Sul, na confluência do Leme com Copacabana. Era o prédio da boite Vogue, carecendo os bombeiros de escadas capazes de atingir os últimos andares. Muita gente morreu queimada.

O comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Saddok de Sá, deu memorável conselho aos cariocas: quem morasse em andares altos deveria comprar a sua cordinha, para chegar ao limite das possibilidades da corporação que dirigia.

Aqui, seria bom que os cidadãos não privilegiados carregassem no bolso a sua vela e uma caixa de fósforos, porque mesmo durante o dia, quando falta luz, fica difícil descer pelas escadas escuras, quando não se fica preso nos elevadores.
Os trabalhos perdidos por cada profissional ou operário só ultrapassam o tempo desperdiçado pelos médicos e dentistas em seus consultórios, os advogados e contadores em seus escritórios, os estudantes inutilmente debruçados sobre seus livros.

O prejuízo para o brasiliense é enorme, imagine-se para aqueles que todos os dias demandam Brasília para trabalhar ou resolver negócios, imaginando retornar à noite às suas origens.
Fazer o quê? Votar não adianta mais, porque tanto faz se os governadores são do PT, do PDT, do PSDB ou do PMDB. Incompetência não tem partido, mostra-se presente em todos.
Protestar pela imprensa adianta pouco, as verbas publicitárias do governo local falam mais alto. Só tem uma saída: desobediência civil.

Parar de pagar impostos, de preferência os estaduais, mas de olho também nos federais, porque a União carrega sua parcela de culpa pelo que se verifica por aqui. Uma campanha para deixar o governo local sem dinheiro para funcionar redundaria em um, de dois resultados: ou os governantes iriam embora, envergonhados, ou tomariam jeito.

Deixar as coisas como estão não dá mais, e olhem que só falamos dos apagões. Fica para outro dia lembrar sermos a cidade onde mais se assalta, no caso, à mão armada, além dos cofres públicos; onde o trânsito é gerido pelo Capeta; o desemprego apresenta-se em qualquer cruzamento; a saúde pública leva o povo ao desespero e a educação diploma jovens sem oportunidades nem esperança.

Para ninguém esquecer: o governador atual chama-se Agnelo Queirós, mas já foi Joaquim Roriz, Cristóvam Buarque e outros.


08 de março de 2012
Carlos Chagas

É PRECISO PENSAR (BEM) PARA PERCEBER O QUE É MUITO VISÍVEL

Com esta frase (título do texto), o pesquisador e historiador Luis Fernando da Silva Pinto germina seu belo livro, fruto de um trabalho de muitos anos e incontáveis pesquisas, sobre as raízes estratégicas do Ocidente nascidas também no Oriente milênios antes de Jesus Cristo.

LFSP, engenheiro e professor de profissão, intelectual por vocação, atravessa a história numa aventura fascinante e fotografa a Grande Antiguidade, considerando-se como inspiração do planejamento estratégico dos tempos modernos, para citar Chaplin.
Mas acrescento: o planejamento estratégico nos dias de hoje. Muitos planos tiveram e têm êxito, outros não. Mas o planejamento, de forma consciente ou subconsciente, está eternamente no ser humano. Portanto no âmago dos homens e mulheres, de todos os tempos.

O Trigo, A Água e O Sangue, este é o primeiro título que Luis Fernando dá a seu trabalho. E acentua: As Raízes Estratégicas do Ocidente. Eu apanho sua frase final e me inspiro no intraduzível Finnegans Wake de Joyce, propondo um projeto circular de leitura. Joyce nesse romance o inicia com o fim de uma frase. E termina com o início da mesma.

Eu acho que o ex-presidente da Legião Brasileira de Assistência, cuja diretoria integrei por escolha sua, partiu de uma chave joyceana para encontrar a extrema importância das comunidades na história. Vale a pela ler a obra. Não se assustem com suas 464 páginas. A leitura é fácil, leve como Hemingway, aditiva como poucas outras ao conhecimento e à consciência.
A estratégia é um ponto de atração na obra de Silva Pinto.

Ele a identificou em Pedro Grande, da Rússia bem anterior à revolução de 1917, a identificou com Celso Furtado, em Roberto Campos, e principalmente na importância de seu pai, Mário da Silva Pinto. A encontrou também em Mário Henrique Simonsen, seu grande amigo fraterno. Iluminou Rômulo Almeida, Hélio Jaguaribe. Todos esses, inclusive Mário o pai, muito contribuíram para sua formação de pensador, sempre em dúvida, pois se não houver dúvida não existe evolução. Se Einstein não tivesse, em 1905, rompido com a lei de Newton, nunca chegaria ele, e chegaríamos nós, à relatividade.

Homem de integridade absoluta, dou meu testemunho como diretor seu que fui de uma entidade que ele propunha transformar numa agência de desenvolvimento social. Representaria importância também para a economia, quando foi criada por Vargas em 1951. Infelizmente esta solução de vanguarda esbarrou na porta do destino.

Pode algum leitor pensar que o tema raízes estratégicas nada tem com a antiga LBA. Engano. A estratégia está presente em tudo, assim como a matemática. No caso que exponho, a convergência encontra-se na força do poder comunitário. Muito maior do que se possa pensar à primeira vista. A comunidade está fortemente presente na história do mundo.

Está na Roma de Júlio Cesar, 45 anos de Jesus Cristo nascer. Está na heróica resistência inglesa ao nazismo de Hitler. Foi ele, com sangue, suor e lágrimas, como afirmou o próprio Winston Churchill, que suportou os bombardeios em série contra a Londres heróica. Milhares saiam diariamente de suas casas e, quando sirenes tocavam, não tinham certeza, primeiro se voltariam, depois se encontrariam suas residências de pé. Foi a comunidade que suportou e enfrentou um inferno de 40 a 44. Foram quatro anos de afirmação comunitária plena. Sem sono e sem sonho.

Para LF, as configurações estratégicas repetem-se no tempo com frequência impressionante.Creta, Grécia, Homero, Suméria, Egito, Cartago, viajam pelas linhas mágicas da obra como um tapete das mil e uma noites. Tudo isso porque, como o autor cita, foi com a grande antiguidade que se aprendeu a pensar. E pensar é como navegar o infinito. Pensar para perceber (e traduzir) o que não é muito visível. Não só ver o fato, mas no fato. Pensar para existir.

Pedro do Coutto
08 de março de 2012

HISTÓRIAS DO SEBASTIÃO NERY

As duas gordinhas

Gordinha, redondinha, simpática, competente, os adversários dizem que ela é “oportunista, pragmática e liberal”. Filha de um pastor protestante diretor de Seminário na cidade medieval de Templin, na Alemanha Oriental, a 85 quilometros de Berlim, Angela Markel entrou na Juventude Comunista e jamais fez oposição ao regime soviético.
Quando o muro de Berlim foi derrubado, ela pulou logo o muro. Tinha vários partidos para escolher: “A Esquerda” (Die Linke) de seus ex-companheiros comunistas e esquerdistas, os Verdes, o Partido Social Democrata (SPD) de Willy Brandt e os Democratas Cristãos (CDU), a direitona poderosa de Helmut Kholl. Foi exatamente para lá que ela foi.
Em pouco tempo era presidente do partido e em 2005 derrotou o social-democrata (SPD) Gerhard Schroder numa eleição apertada, fez uma aliança com o adversário e assumiu o governo com eles, mas sempre de olho no Partido Liberal (FDP), seu novo aliado ideal, ainda mais à direita.

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MERKEL

Evangélica, divorciada, casada de novo, sem filhos, Ângela Merkel é uma das mais poderosas lideranças da Europa hoje: ela e o presidente da França, Sarcozy. Uma mulher de coragem política. Aliada dos social-democratas durante quatro anos, fez a campanha dizendo que estava doida para se ver livre deles, que tinham vários ministérios, inclusive o Exterior: se o Partido Liberal garantisse à CDU maioria no Parlamento, ela se aliaria.
Ele cresceu e ela chutou os socialdemocratas do SPD, uniu-se ao FDP e criou nova maioria para um governo bem à direita: a CDU e o FDP.
Eu estava em Frankfurt nas eleições, de 27 de setembro de 2009. Percorri a cidade para ver alemão votar. Quase não vi. Eles votam escondidinhos, silenciosamente, em escolas, no fundo de igrejas. Não há comícios. Só palestras e cartazes pregados no pé dos postes,
Mas é um surpreendente índice de comparecimento. Embora o voto não seja obrigatório, sempre passou de 85% , às vezes passando os 90%. Por isso levaram um susto em 2009 e ficaram decepcionados com só 72%.

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FRANKFURT

A vitoria da Merkel se deveu sobretudo à decisão de ter sido o primeiro dirigente político da Europa, na hora em que o sistema financeiro americano faliu, a dizer que a crise era americana mas, se a Europa não reagisse, todo o sistema financeiro mundial explodiria. E pôs o Tesouro e o Banco Central alemão a socorrerem quem estava quebrando na Alemanha. A direita não sabe cuidar do povo. Mas do dinheiro dela ela cuida.
Não por acaso Frankfurt, a pequena cidade de 650 mil habitantes, com um magnífico centro histórico medieval, é o maior centro financeiro da Europa, mais forte do que Londres. Nasceu para isso. Os romanos chegaram lá no século primeiro depois de Cristo e no ano 550 os francos começaram a usar o rio Meno, que se une ao Reno e ao Danúbio. Era preciso dominar e usar o rio. A ponte de pedra e ferro está de pé até hoje.
E surgiu a Universidade, a primeira da Europa criada por uma fundação particular. Em 1412 fundaram o primeiro banco. Em 1605 nasceu a Bolsa de Frankfurt. E seu primeiro jornal, o “Diário de Frankfurt”. A cidade tinha 19 mil habitantes e 3 mil judeus. Em 1749, o primeiro teatro, a “Casa da Comédia”. E nasce Goethe. (Arthur Shopenhauer, Theodor Adorno,Thomas Mann, depois). Em 1848, o primeiro Parlamento alemão.

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ESTADOS UNIDOS

No segundo semestre de 1944, os americanos já sabiam que Hitler estava cercado e derrotado. Mas queriam chegar a Berlim antes dos russos, que afinal chegaram. E os americanos começaram a bombardear a História. Não tocaram nas industrias, porque depois precisariam delas. Nem nos bancos e grandes instalações agrícolas. Queriam só os monumentos.
Os alvos eram a catedral, igrejas, museus, prédios históricos. Em Frankfurt massacraram tudo. Até a velha ponte de ferro, já 17 vezes destruída e reconstruída. A “Cidade Velha” foi totalmente arrasada. E 11 mil judeus da cidade mortos ou queimados nos fornos de Hitler.
A cidade está hoje totalmente reconstruída. Seus bancos levantam torres enormes, os edifícios mais altos da Europa; O aeroporto é um dos de maior movimento do mundo. Você olha para cima, há sempre um avião.
O charme político está em Berlim, lá fica a embaixada brasileira. Mas os negócios estão em Frankfurt. E uma rica vida cultural. Por isso o mais importante consulado está ali, comandado pela competência e dedicação do jovem e culto economista, embaixador Cezar Amaral.

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DILMA

Cordiais, sorridentes, vimos as duas na TV : Merkel e Dilma. Fisicamente parecidas, mas Dilma mais bonita. Politicamente, uma total divergência. Merkel pegou 8 trilhões de euros dos governos e distribuiu com os bancos. Dilma denunciou que esse tsunami de dinheiro a juros zero está invadindo os outros paises e engordando a especulação dos bancos.

Sebastião Nery
08 de março de 2012

A ORIGEM DO 8 DE MARÇO

Texto de formação sobre a origem do dia Internacional da Mulher

Era oito de março de 1857 quando trabalhadoras da fábrica têxtil Cotton de Nova Yorque entraram em greve contra suas péssimas condições de trabalho. As operárias trabalhavam de 14 a 16 horas por dia e recebiam salários miseráveis, menores que o dos homens, como acontece ainda hoje. Muitas tinham que levar os filhos pequenos para trabalhar junto. Não havia licença-maternidade. Diante da negativa da empresa ante suas reivindicações, 129 mulheres ocuparam a fábrica.

O patrão chamou a polícia, que fechou as portas da fábrica e pôs fogo no edifício. Todas elas morreram queimadas. Dizem que, quando elas pararam as máquinas, estavam tecendo um tecido lilás, por isso essa cor é tão usada na luta das mulheres trabalhadoras.

Foi em memória a essas mártires do movimento operário que o oito de março foi dedicado a mulher oprimida e sua luta. Isso evidentemente não tem nenhuma relação com o caráter que vem tomando essa data hoje, em que imprensa e políticos burgueses fazem homenagens para as mulheres burguesas, ou seja, as empresárias, governantes, parlamentares e estrelas da mídia.

O 8 de março portanto não diz respeito a qualquer mulher, diz respeito à mulher do povo. Fica contraditório homenagear as ricas, que pertencem à mesma classe daquele patrão que em 1908 assassinou as operárias. Por isso, é uma data por excelência para dizer que a luta dos oprimidos continua, e que em meio a tragédias como essa, trouxe também muitas conquistas.

ROSELI NUNES

Nasceu em 1954 e teve sua vida encerrada com apenas 33 anos. Ela lutou por uma reforma agrária justa. Rose, como era conhecida, nos últimos dias de gravidez, participou da ocupação da fazenda Anoni, em 1985. Foi a maior ocupação realizada no Rio Grande do Sul. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, MST, estava começando na região. Logo em seguida, ela participou da caminhada de 300 quilômetros até Porto Alegre, onde os trabalhadores ocuparam a Assembléia Legislativa, permanecendo acampados por seis meses, até ser dada uma solução para as 3 mil famílias que estavam na fazenda Anoni. Rose foi mãe da primeira criança a nascer no acampamento Sepé Tiaraju. Em 31 de março de 1987, durante um protesto contra as altas taxas de juros e a indefinição do governo em relação à política agrária que se estendeu por vários municípios, um caminhão desgovernado investiu contra uma barreira humana formada na BR-386, em Sarandi, RS. O caminhão feriu 14 agricultores e matou três: Iari Grosseli, de 23 anos; Vitalino Antonio Mori, de 32 anos, e Roseli Nunes, com 33 anos e mãe de três filhos.

ROSA PARKS

No dia 1º de dezembro de 1955, nos Estados Unidos, esta costureira negra de quarenta e dois anos, fatigada por um dia de trabalho, entrou num ônibus superlotado para voltar para casa. Por sorte, descobriu um lugar vago no princípio da seção reservada aos negros. Quando o ônibus lotou, o motorista ordenou aos negros que se levantassem para que os brancos pudessem sentar-se, e a Sra.

Parks negou-se a ceder seu lugar. Foi imediatamente presa e levada para o Palácio da Justiça. Rosa foi libertada sob fiança por E.D. Nixon, homem que sempre se dedicou à luta pelos direitos civis; e foi ele quem, farto de tantas injustiças, entrou em contato com todas as associações e movimentos dos negros. A resistência de Rosa Parks motivou o Conselho Político Feminino de realizar um dia de boicote aos ônibus logo começou a germinar e, foi tão bem aceita que o boicote durou trezentos e oitenta e dois dias.

ANASTÁCIA

Escrava negra, filha de uma princesa africana. A aldeia dessa princesa foi invadida pelos portugueses e um comerciante português engravidou-a à força, trazendo - a em seguida para o Brasil. Anastácia teria nascido durante a viagem entre a África e o Brasil.

A princesa Anastácia, como era chamada, viveu algum tempo na Bahia, mas foi em Minas Gerias que ela passou a maior parte da sua vida, ajudando os escravos quando eram castigados, ou facilitando-lhes a fuga, de Anastácia ficou a imagem de uma mulher de grande beleza, personalidade forte, que tinha consciência da injustiça e crueldade da escravidão. Mas sua beleza acaba atraindo os desejos de um jovem branco fazendeiro, e passa a ser assediada de várias formas, inclusive com oferta de dinheiro por sua virgindade. Mas após sua recusa sistemática, Anastácia repete o destino da mãe, é violentada. Mas o crime sexual acontece após a resistência dela, que fere seu agressor.Como castigo pela resistência ao ato sexual, Anastácia é obrigada a usar uma mascara, sendo apenas retirada para que pudesse alimentar-se.

Extremamente doente, Anastácia foi levada para o Rio de Janeiro e lá se torna famosa junto à população, por lhe serem atribuídos vários milagres.

Foi enterrada na Igreja do Rosário, no Rio, mas um incêndio ocorrido posteriormente nessa igreja destruiu a documentação que poderia nos fornecer mais elementos sobre a história da princesa Anastácia.

Fonte: Cartilha "Mulher Negra tem História"

Alzira Rufino, Nilza Iraci, Maria Rosa, 1987.

ESPERTIRINA MARTINS

As condições de trabalho no início do século passado eram as piores possíveis. As fábricas não tinham janelas, se trabalhava mais de 14 horas por dia, 6 vezes por semana, os salários eram miseráveis. Não existia aposentadoria, nem licença-maternidade, nem férias. Em 1920, no Brasil, a maioria dos trabalhadores de fábricas eram mulheres e crianças.

Em 1917, houve muitas greves em nosso país. Os operários lutavam pelo fim do trabalho infantil, jornada de 8 horas, alimentos, água e transporte. Em 1917, haviam 30.000 trabalhadores em greve, e todos os dias havia piquetes, manifestações, barricadas e ocupações de fábrica.

Em meio a toda essa luta, a brigada mata um operário. O enterro dele foi também um protesto, com centenas de operários e operárias em marcha, na Avenida João Pessoa. Na frente da procissão, estava a operária Espertirina Martins, com apenas quinze anos, carregando um buquê de flores.

Do lado contrário da avenida, vinha a Brigada Militar para reprimir os operários e operárias. Onde hoje é o parque da Redenção, a carga de cavalaria da Brigada e os operários e operárias se encontram.

Espertirina com seu buquê de flores se aproxima dos brigadianos e joga o seu buquê no meio deles. O buquê explode, matando metade da tropa e assustando os cavalos. Começa então uma verdadeira batalha, que graças ao preparo dos homens e das mulheres em luta, quem ganha são os trabalhadores.

Graças a toda essa luta, foram conquistadas as 8 horas,a licença-maternidade, o fim do trabalho infantil, a aposentadoria, a idenização para acidentes de trabalho, e outros direitos.

HILMA CARDOSO

Hilma nasceu no interior do RS, seus pais eram colonos pobres que mantinham a família com a agricultura.

Quando moça, Hilma veio para Porto Alegre tentar a vida na cidade grande. Por causa da falta de trabalho e condições de vida, se tornou uma líder popular no Parque dos Maias, na luta por moradia. Por causa de seu envolvimento nessa luta, sofreu um atentado a bala, que levou seu marido e a deixou paralítica.

Com filhos pequenos para criar sozinha e paralítica, Hilma faz pão caseiro para vender na comunidade, em sua cadeira de rodas.

Nessa situação fez uma promessa: se voltasse a caminhar de novo, dedicaria o resto de sua vida à causa dos pobres. Com esforço e fé, voltou a caminhar.

Hilma toma contato então com um grupo de catadores da Rubem Berta, e se integra nessa luta. Com um estilo espontâneo e combativo, Dona Hilma, como era chamada, leva adiante várias lutas com os catadores, conquista de melhores equipamentos, moradia, saúde, etc.

Reúne várias associações que juntas vão formar a Federação das Associações de Catadores do RS, e logo inicia junto a outros estados do Brasil a organização do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais recicláveis (MNCR), e participa do seu Congresso de Fundação. Chega a participar de algumas mobilizações, mas já está muito doente por causa do câncer, e morre.

Ainda lúcida em seu leito de morte, Dona Hilma diz que só queria viver para continuar lutando com os catadores. Ela se tornou um símbolo de luta para os catadores do RS e do Brasil.

JUANA AZURDUY

No Alto Peru, onde hoje é a Bolívia, emerge a figura de Juana Azurduy (1781-1862), índia que lutou contra a dominação espanhola e pela independência e liberdade de seu povo. Ela foi uma dentre muitas mulheres que pegaram em armas para defender a liberdade e expulsar o inimigo espanhol. Juana e seu esposo, Manuel Padilla, organizaram muitos combates contra os dominadores. Há uma música popular que diz "Juana Azurduy, flor do alto Peru, não há outro capitão mais valente que tu / O espanhol não vai passar, com mulheres terá que pelear".

Seu destino foi duro: viu quatro de seus cinco filhos morrer de fome e de doenças. Seu marido foi pego e sua cabeça foi exibida durante vários dias até que corajosamente Juana a recuperou. Morreu na miséria aos 81 anos.

Cabe dizer que o Alto Peru se tornou independente em 1825, depois de 15 anos de luta.