"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 15 de março de 2012

OS POLÍTICOS BRASILEIROS CONFIRMAM A HISTÓRIA DO BARBEIRO COMUNITÁRIO

Recebi um e-mail com uma historinha parecendo ser engraçada, mas que traz uma realidade sobre o comportamento dos políticos brasileiros. A história é a seguinte:

O BARBEIRO

O florista foi ao barbeiro para cortar seu cabelo. Após o corte, perguntou ao barbeiro o valor do serviço e o barbeiro respondeu:

- Não posso aceitar seu dinheiro, porque estou prestando serviço comunitário essa semana.

O florista ficou feliz e foi embora. No dia seguinte, ao abrir a barbearia, havia um buquê com uma dúzia de rosas na porta e uma nota de agradecimento do florista.

Mais tarde, no mesmo dia, veio um padeiro para cortar o cabelo. Após o corte, ao padeiro querer pagar, o barbeiro disse:

- Não posso aceitar seu dinheiro, porque estou prestando serviço comunitário essa semana.

O padeiro ficou feliz e foi embora. No dia seguinte, ao abrir a barbearia, havia um cesto com pães e doces na porta e uma nota de agradecimento do padeiro.

No terceiro dia, veio um deputado para um corte de cabelo. Novamente, ao cliente pedir para pagar, o barbeiro disse:

- Não posso aceitar seu dinheiro, porque estou prestando serviço comunitário essa semana.

O deputado ficou feliz e foi embora. No dia seguinte, quando o barbeiro veio abrir sua barbearia, havia uma dúzia de deputados fazendo fila para cortar cabelo.

Essa é a diferença entre os cidadãos e os políticos.

Conforme foi amplamente divulgado e também objeto de postagem nesta blog no dia 5 deste mês (Leia aqui), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou a Resolução 23.376 estabelecendo que os políticos que concorreram nas eleições de 2010 e tiveram suas contas de campanha rejeitadas estão impedidos de concorrer nas eleições de outubro deste ano.

Pois bem, numa reunião em que participaram representantes de 18 partidos políticos – incluem-se entre eles partidos governistas e de oposição –, que decidiram se unir para pedir ao TSE que revogue aquela decisão.

E tem mais. Coube exatamente ao PT a iniciativa de recorrer ao TSE para revogar a decisão, com as demais legendas aderindo à iniciativa do partido da presidente Dilma Rousseff.
Interessante é que o pedido para a revogação da resolução tenha sido de iniciativa do partido cujo nome mais expressivo, o ex-presidente Lula, tenha chamado o tradicional Caixa 2 de ‘recursos de campanha não contabilizados’.
Parece que agora o PT quer que uma simples prestação de contas de recursos contabilizados, mesmo que as contas tenham sido rejeitadas.

Acontece que há uma projeção do TSE admitindo que cerca de 21 mil candidatos possam ficar impedidos de concorrer nas eleições municipais deste ano – somente nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais 1.756 políticos estariam impedidos de tentarem concorrer a prefeito ou vereador.
Pelo comportamento na grande maioria dos políticos brasileiros, dá para se desconfiar das razões por que eles não querem que a nova regra do TSE prevaleça. Alguns pleiteiam que a norma só vigore em 2014, e o PT quer que a resolução do TSE seja totalmente revogada.

Espera-se que o TSE resolva essa questão o mais rápido possível e que não sofra nenhum tipo de pressão dos partidos, ainda mais que existem as opiniões de vários juristas especializados em Direito Eleitoral dando total apoio à resolução da Justiça Eleitoral, que serve como reforça à limpeza que proporcionará no quadro político do Brasil, que necessita de uma imediata depuração de sua qualidade.

A Resolução 23.376 do TSE é mais um reforço à limpeza que já ocorrerá com a efetiva vigência este ano da Lei da Ficha Limpa. Cabe ao TSE deliberar com total imparcialidade. É o que o povo espera.

15 de março de 2012
Airton Leitão

QUEM TEM MEDO DO CONGRESSO NACIONAL?

Ver a trinca Sarney, Jucá e Renan levar uma rasteira nunca é razão pra chorar.
Mas a Dilma não bateu neles pelo que eles representam. Bateu só porque foi contrariada e desse jeito ela não brinca mais.

Eles todos se merecem.

Barraram a condução do meu amiguinho para a Agencia Nacional de Transportes? Não me deram a votação da lei que pune empresas que pagam menos às mulheres no Dia Internacional das Mulheres? Estragaram a minha festa?

Deixa estar, jacaré!

Bye bye, Jucá! E tome Eduardo Braga, seu Sarney!

E aproveita e prega o pé no dr. Vacarezza também que andou me contrariando na votação do Código Florestal. Aí ó!

Bem feito! Tá pensando!

Dona Dilma definitivamente não acordou de bom humor, seu Lula!.

A arraia miúda põe a boca no trombone. Passa recibo. Frisa a natureza comercial da transação. O PR "sai da coalizão", oficialmente porque perdeu a teta.

"Vocês resolvem a vida de todo mundo e não resolvem a nossa? PT saudações".

O Blairo tá à venda, sim. Mas é preciso pagar, qualé!

Já os profissionais só chacoalham os guizos.


O Sarney tá mesmo na porta da saída. Os outros dois têm sete anos de mandato no Senado, mais que o dobro dos três que restam à dona Dilma.

Não vai faltar oportunidade...

E, de repente, vai que tudo isso ainda não acaba virando oportunidade para mais lucros.

Pois já não estão todos de braços dados - PMDB, DEM, PSDB e PP - assinando a moção do PT ao TSE para melar o impedimento das candidaturas de quem tem dividas de campanha penduradas?

Amigos, amigos, negócios à parte. Afinal, o dinheiro compra ate o amor verdadeiro.

15 de março de 2012
fernaslm

ANSIOLÍTICOS: OS MEDICAMENTOS MAIS VENDIDOS NO BRASIL

Problema é que muitas pessoas não conseguem parar de usar esse tipo de medicamento, tornando-se dependentes

Uma pesquisa feita pela Anvisa revelou que os ansiolíticos, remédios que combatem a ansiedade e a tensão, são os medicamentos mais vendidos no Brasil.

O problema é que muitas pessoas não conseguem parar de usar o medicamento, tornando-se dependentes. Especialistas alertam que a ingestão de psicotrópicos sem necessidade é altamente prejudicial a médio e longo prazo.

Três ansiolíticos ou tranquilizantes são atualmente os medicamentos mais vendidos em todo o país.
O estado do Rio de Janeiro está no topo da lista onde esses remédios são mais consumidos. Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Espírito Santo aparecem em seguida.

15/03/2012

O CONSUMO DE ANSIOLÍTICOS

REINVENTANDO A DEMOCRACIA

O título é inspirado em artigo de Archon Fung sobre a América Latina. Fung acredita que a região pode estar passando por profundas transformações que significariam a reinvenção da democracia.

Seu texto é uma análise de quatro livros que tratam da democracia na região. Na verdade, apenas um trata da América Latina.

Os outros três tratam do Brasil. O mais importante em seu livro é considerar que o Brasil estaria no epicentro da revitalização democrática e da criatividade institucional.

Tal afirmativa é forte – e, para muitos, despropositada -, em se tratando de um país que ainda assiste a tantos escândalos e ainda apresenta traços arcaicos no modo de conduzir a política.

No entanto, por mais otimista que possa ser, a afirmação de Fung não é desprovida de fundamento.

Muitos estão ocupados em encontrar defeitos no sistema político nacional. Eu mesmo já escrevi milhares de linhas sobre isso.

É fácil. Difícil é encontrar bons exemplos que representem avanços concretos na direção do fortalecimento da democracia.

Um dos aspectos saudados como inovador por Fung é o Orçamento Participativo (OP), criação do PT gaúcho que institucionalizou o debate sobre as prioridades orçamentárias dos municípios.

O OP foi implementado em 1989 pelo ex-prefeito Olívio Dutra (PT), foi mantido pelo PT durante os 16 anos em que o partido governou Porto Alegre e foi seguido pelas gestões de José Fogaça (PMDB) e José Fortunatti (PDT).

Devido à sua longevidade, essa iniciativa de participação popular ganhou projeção nacional e internacional.

Mesmo com todo esse prestígio, o Orçamento Participativo foi muito questionado em Porto Alegre durante os governos do PT na cidade.

Como os prefeitos petistas não tinham maioria na Câmara de Vereadores, o OP também foi utilizado como uma forma de conquistar apoio popular, sobretudo nos bairros mais carentes.

Por conta disso, a oposição classificava o OP como uma medida que buscava enfraquecer a democracia representativa. Outra crítica era que as comunidades beneficiadas pelo OP eram aquelas cujos líderes comunitários tinham ligação com o PT.

Independentemente dessas avaliações, o fato é que o OP foi uma medida exitosa de democracia direta.

Outra iniciativa que deve ser saudada como parte do arsenal de medidas não eleitoreiras e que fortalecem a democracia é a criação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República (CDES).

Composto por 90 cidadãos representativos de vários setores, o CDES funciona como uma espécie de conselho consultivo para a Presidência acerca dos mais variados assuntos que impactam a sociedade.

Em pouco menos de dez anos de existência, o CDES foi capaz de propor soluções e ações que se materializaram tanto como políticas de governo quanto como leis aprovadas no Congresso.

Revelou-se interessante, ainda, para o Distrito Federal e para os estados.

Considerando nossas fragilidades institucionais, estamos longe de representar um modelo para a reinvenção da democracia. Os avanços são lentos e muitas vezes tolhidos de seus aspectos mais inovadores.

Porém, algumas das novas iniciativas – como as duas mencionadas – se revelam bastante interessantes para institucionalizar uma participação mais efetiva da sociedade civil na governança do país.

14 de março de 2012
Murillo de Aragão
Fonte: Brasil Econômico, 13/03/2012

O GUERRILHEIRO DE FESTIM QUE ARTICULOU O MENSALÃO E PROSPERA COMO FACILITADOR DE NEGÓCIOS TAMBÉM VIROU PALESTRANTE

Parida pelo governador Agnelo Queiroz e sustentada pelas estatais de sempre, a Bienal do Livro de Brasília tem a cara do pai e tanta compostura quanto as madrinhas.

É compreensível que o companheiro José Dirceu esteja no elenco de palestrantes do “evento literário” que pretende animar as noites da capital entre 14 e 23 de abril.
Segundo a programação de estreia, o chefe da quadrilha do mensalão vai discorrer sobre “O fim das utopias e a ditadura do mercado”.

Dirceu deveria aproveitar o tema para contar a verdadeira história do guerrilheiro de festim que caiu na vida para subir na vida. Como tal surto de sinceridade pode dar cadeia, o palestrante provavelmente dirá que só aceitou suspender por uns tempos a luta pela implantação da ditadura do proletariado depois de submetido a atrozes sessões de tortura por carrascos a serviço da elite golpista. Para sobreviver, conformou-se com o ofício de “consultor”.

É por estar sob o jugo da ditadura do mercado, portanto, que Dirceu anda ganhando um dinheirão como facilitador de negócios tramados por capitalistas selvagens. Tão logo recupere a liberdade, voltará a perseguir o paraíso socialista em tempo integral ─ e empunhando um trabuco, se necessário.

Diga o que disser, o palestrante vai embolsar o cachê de R$ 5 mil. É também por isso que Dirceu sempre quis ser Lula. Para contar mentiras, o chefe ganha 40 vezes mais.

PS - Não gosto de fazer nenhum tipo de comentário, quando a nota é brilhante. Ok. Tenho verdadeiro horror da palavra "Tremendão" , porque me dá a impressão que é a cafonice materializada, vestida para clamar o mais antigo dos mundos, quando ainda não existia nenhum produto no mercado para o chulé. Assim, é o Zé, o " Tremendão " da politicagem atual. Todos eles revelam esse traço da falta de bom gosto. Além, da malandragem intrínseca na alma, o corpo fala toda a indecência que se expande cada vez mais... Oh, " Koisa" com K.... Canalha!

15 de março de 2012
Por Augusto Nunes - Veja Online

VITÓRIA DE PIRRO

Nessa história de pedir que os chineses limitem suas exportações, o Brasil não fez um “negócio da China”

Há algumas semanas, o governo brasileiro pediu à China que restringisse voluntariamente suas exportações de têxteis, confecções, calçados e eletrônicos. Caso contrário, o país poderia impor limites diretos às importações, alternativa que deve fazer com que a China aceite a proposta brasileira.

Parece um ato de soberania, dos quais as autoridades, sempre que possível, se pavoneiam.

Trata-se, porém, do proverbial “tiro no pé” – se alguém fez um “negócio da China” nessa história, lamento informar que não foi o governo brasileiro.

Já tive a oportunidade de argumentar neste espaço sobre as restrições às importações, seja do ponto de vista macroeconômico seja do ponto de vista microeconômico.

Observada pelo prisma macro, tais medidas geram impactos inflacionários que, sob um Banco Central comprometido com o controle da inflação (lamentavelmente não é o nosso caso), reduziriam o escopo para taxas de juros mais baixas e crescimento mais vigoroso da demanda interna.

Já pelo prisma micro, o problema associa-se ao custo imposto ao consumidor, assim como a perda geral de eficiência.

Tudo isso permanece válido e é sempre necessário lembrar que tais medidas geram benefícios para poucos em troca de perdas para muitos, mas não é esse o assunto do qual quero tratar hoje. Minha questão é outra, a saber, se -dada a decisão (equivocada) de limitar o volume de importações- as restrições voluntárias de exportações dos parceiros são uma medida melhor do que a mera imposição de uma tarifa ou uma cota de importação.

Peço ao leitor que imagine um exemplo muito simples. Digamos que o país importe 50 unidades por ano de um determinado produto ao preço de R$ 10 por unidade, mas decida limitar as importações lançando mão de uma tarifa que gere as seguintes implicações: a quantidade importada cai de 50 para 40 por ano, fazendo com que preço interno salte de R$ 10 para R$ 15 por unidade, enquanto o valor líquido recebido pelo exportador chinês cai de R$ 10 para R$ 5 por unidade.

Em outras palavras, os consumidores, que antes gastavam R$ 500 pelas 50 unidades, agora têm de gastar R$ 600 para consumir 10 unidades a menos (presumivelmente teriam de gastar mais R$ 150 relativos às unidades compradas de produtores nacionais, mas esse não é meu argumento central). O exportador chinês ficaria com R$ 200 (40 unidades ao preço líquido de R$ 5 por unidade) e o governo brasileiro com os R$ 400 de diferença, relativos à incidência da tarifa (R$ 10) sobre as 40 unidades importadas.

Imagine, contudo, que -em vez de impor uma tarifa- o governo brasileiro resolva convencer o exportador chinês a restringir suas exportações a 40 unidades.

Como a disponibilidade do produto importado é a mesma que no exemplo acima, o preço a que o produto é vendido no Brasil também deve ser o mesmo, isto é, R$ 15 por unidade. Sob tais condições, portanto, o exportador chinês agora recebe R$ 600 por 40 unidades.

Não se impressionem pela receita chinesa agora ficar maior do que seria sem a restrição -esse não é um resultado geral, mas apenas fruto dos números particulares escolhidos para este exemplo.

O resultado geral (e mais importante no contexto) é que, se sob a tarifa o governo brasileiro e o exportador chinês dividiam a receita advinda dos consumidores locais, agora, sob a restrição voluntária às exportações, toda (isso mesmo, toda) a receita fica para o exportador chinês!

Não é preciso mais do que dois neurônios para concluir que, dadas as alternativas (restrição à importação versus restrição voluntária às exportações), a China sempre escolherá a segunda, ao custo de um governo que ignora as consequências dos seus próprios atos.

Pirro, o general macedônio que derrotou os romanos na batalha de Ásculo, perdendo, porém, 4.000 dos seus soldados, teria dito que mais uma vitória como aquela o liquidaria militarmente. Difícil não concluir o mesmo da “vitória” brasileira na negociação.

15 de março de 2012
Alexandre Schwartsman
Fonte: Folha de S. Paulo, 14/03/2012

ROBERTO ROMANO ALERFTA PARA A QUESTÃO JURÍDICA QUE PODE IMPEDIR O BLOQUEIO A POLÍTICOS COM CONTAS SUSPEITAS

Temendo o impacto da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de negar o registro eleitoral à políticos que tiveram contas eleitorais rejeitadas em 2010, o PT, apoiado por 18 partidos, entrou com um recurso para anular a definição. A resolução pode afetar 21 mil candidatos.

Apesar de ser favorável a resolução do TSE, o especialista do Instituto Millenium e professor da Universidade de Campinas (Unicamp), Roberto Romano, criticou a forma como ela foi implementada. “A medida é boa se você pensar na quantidade de políticos que não prestam contas corretamente. Por outro lado, ela tem problemas de ordem constitucional. Não se pode legislar retroativamente.”

O partido do governo argumenta que a legislação eleitoral não permite que sejam feitas mudanças no código a menos de um ano das eleições. A intenção é adiar a aplicação da exigência para as eleições de 2014.
Romano explicou que a questão jurídica pode impedir o bloqueio a candidatura de políticos com contas suspeitas.

“Ao invés de serem preventivas essas medidas quase sempre são retroativas. Para usar a linguagem do direito, elas sempre são efetuadas post pactum e não anti-pactum.”

Outro argumento do PT é o de que as contas são bloqueadas por pareceres de auditores ou de instâncias inferiores e para depois passarem por uma revisão.

Clique no informativo abaixo para entender o que foi aprovado pelo TSE:


Roberto Romano
15 de março de 2012
Fonte: O Globo

UM CHUTE NO TRASEIRO DA CONSTITUIÇÃO

Ao decidir que o Instituto Chico Mendes não podia existir legalmente por ter sido criado por lei baseada em medida provisória (MP) que havia transitado pelo Congresso sem obediência à premissa, prevista na ordem jurídica vigente no País, de passar por comissão especializada antes de ir ao plenário, o Supremo Tribunal Federal (STF) cumpriu sua tarefa comezinha de julgar o que é constitucional ou não. E nessa condição estão todos os efeitos jurídicos e práticos de cerca de 500 MPs vigentes e ilegítimas.

Ao recuar da decisão tomada no dia anterior, consciente de que, embora acertada, a jurisprudência poderia criar um caos jurídico sem precedentes na História da República, o órgão máximo do Poder Judiciário mostrou equilíbrio, sensatez e humildade, três virtudes políticas que faltam ao Executivo e ao Legislativo, cujos representantes são… políticos eleitos pelo povo.

Mas o STF não tinha alternativa à decisão que tomou de restabelecer o primado legal que havia sido abandonado por parlamentares e presidentes que, mesmo redigindo, votando, promulgando e assinando leis ou decretos, não podem descumprir cânones neles fixados.

Deu, então, prazo de 14 dias para uma comissão especial composta por senadores e deputados analisar, antes de encaminhar à votação final, a providência administrativa que o governo federal considere urgente e de alta relevância e Câmara e Senado com isso concordem.

Com a insensibilidade de ofício, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), teve o desplante de reclamar da insuficiência desse prazo, apelando para o débil argumento de que questões políticas postas em confronto na votação das medidas exigem prazo mais longo. “O Supremo não pode se meter nesse assunto”, disse o ex-líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP).

A política, tal como praticada no Brasil, é a arte de submeter os fatos aos argumentos. Então, sempre que algum prócer parlamentar ou executivo quer mandar a realidade às favas, convém recorrer à História para restabelecer a verdade.

As medidas provisórias são uma tecnologia parlamentar criada para amenizar um velho impasse entre gestão e negociação, comum em qualquer democracia, mas mais acirrado em sistemas parlamentares, em que cabe ao Parlamento gerir o interesse público.

Em princípio, ela foi acrescentada à Constituição como fórmula para permitir a instituição do parlamentarismo, alheio à tradição presidencialista da condução dos negócios públicos no Brasil.

Os mandachuvas da Constituinte eram parlamentaristas e a Carta foi encaminhada no sentido de permitir um sistema de governo que tornasse viável a substituição do estilo americano pelo europeu. No meio do caminho, contudo, tinha uma pedra no sapato parlamentarista e esse mineral se tornou maior do que o calçado.
Convicto de que a guinada do sistema de governo lhe furtaria mais poder para transferi-lo a Ulysses Guimarães, o então presidente José Sarney submeteu a Constituinte ao tacão do velho presidencialismo monárquico, adotando-o explicitamente.

Na prática, preparada para o parlamentarismo, mas entregue ao poder presidencial, a Constituição de 1988 permitiu a proliferação dos partidos e tolheu o poder do voto do cidadão: este só tem controle real sobre a escolha de seu representante nas eleições majoritárias para cargos executivos.

A mixórdia do voto proporcional instala a confusão federativa, ao alterar o peso do voto da cidadania pelo conceito inverso na composição da Câmara, jogando no lixo o próprio princípio da representatividade. A representação do Estado menor é maior do que a do Estado maior, proporcionalmente, anulando o conceito elementar da democracia saxônica, de acordo com o qual cada cidadão tem direito a um voto.

A composição da Câmara dos Deputados foge ao controle do cidadão e é entregue de bandeja às oligarquias partidárias, que recriaram o velho esquema do coronelismo da República Velha se aproveitando dessa cusparada em Pitágoras e Aristóteles, pois em nosso sistema o mais vale menos e o menos vale mais.

O neocoronelismo do voto eletrônico, instituído no Poder Legislativo tornado Constituinte, inventou o conceito cínico da governabilidade.

Segundo este, o presidente eleito pela maioria real submete-se ao tacão dos oligarcas partidários: só lhe é permitido governar se fatiar a máquina pública e distribuir as porções da carniça às legendas cuja legitimidade como representação popular é, na prática, nula. Por isso estamos sob a égide de uma paráfrase do antigo axioma de Artur Bernardes: “Ao político, tudo; ao cidadão, o rigor da lei”.

As medidas provisórias são o pacto do poder constituído no dilema entre o voto majoritário e o sufrágio desigual. Para governar o Executivo finge que tudo é “urgente e relevante” e encaminha ao Legislativo o que lhe convém, certo de que será aprovado em nome dos interesses do povo, que nunca chegou a ser cheirado nem ouvido.
O Legislativo recheia a vontade imperial do governo central com a escumalha dos interesses paroquiais dos chefetes das miríades de bancadas e, como dizia Justo Veríssimo, “o povo que se exploda”.

Os rompantes de Marco Maia e Cândido Vaccarezza sobre a única saída decente que restou ao STF adotar para descascar o abacaxi comprovam que, em nossa ordem vigente, na qual se trata a Constituição como subalterna ao regimento da Câmara, os barões dos partidos acham que têm a prerrogativa de cuspir nas normas que eles próprios redigiram, votaram e aprovaram.

A cínica substituição da letra da lei pelo pacto tácito entre políticos, por eles decretada dos lugares mais altos do pódio da representação popular, é o maior chute no traseiro que uma Constituição levou em nossa História. Nem os plantonistas no poder do Almanaque do Exército haviam chegado a esse ponto.
Se nem essa resolução do STF for cumprida, só nos resta passar unguento na contusão e chorar.

15 de março de 2012
José Nêumanne Pinto
Fonte: O Estado de S. Paulo

FIM DO FATOR PREVIDENCIÁRIO? POR QUÊ?

O fator previdenciário é a Geni da política brasileira, a ponto de o próprio ministro da Previdência se manifestar contra ele. Parte da rejeição decorre do fato de que ele não tem sido bem explicado pelos sucessivos governos.

Proponho ao leitor os seguintes pontos para reflexão:

a) Considere uma pessoa A, que começa a contribuir aos 20 anos e contribui ao longo de 35 anos, chegando aos 55 anos com a perspectiva de viver – pela expectativa de vida do IBGE – mais 25 anos, até os 80. Considere também uma pessoa B que tenha contribuído por 35 anos, mas por ter começado a contribuir mais tarde, se aposente aos 60, quando sua expectativa (pelo IBGE) será de viver até os 81 anos. Apesar de ambas terem contribuído pelo mesmo tempo, o INSS pagará benefícios a A durante 25 anos e a B durante 21. O fator previdenciário leva em conta não apenas o período contributivo, mas também o tempo esperado de aposentadoria, ajustando o benefício em função da expectativa de duração do mesmo. Qual é a injustiça disso?

b) Se valesse a idade mínima de 60 anos, sem fator previdenciário, com a exigência de 35 anos de contribuição para o homem, teríamos a seguinte situação: quem começou a contribuir aos 15 anos, com 45 de contribuição e quem começou aos 25, com 35 de contribuição, iriam receber, aos 60 anos, a mesma aposentadoria. Seria justo?

c) No Brasil, quem tem 35 anos de contribuição e menos de 60 anos de idade, aposenta-se com um fator inferior à unidade, ou seja, com um desconto em relação ao salário de contribuição. Já na Europa, em tais circunstâncias, a pessoa simplesmente não poderia se aposentar, por não respeitar a idade mínima – que em vários países começa a ser elevada acima de 60 anos – e/ou o tempo de contribuição – por vezes, de 40 anos.

O fator previdenciário aparece na tabela. Consideremos 3 situações diferentes, todas para um homem (para as mulheres, há algumas diferenças):

Um indivíduo começa a contribuir com 15 anos e se aposenta com 55 (40 de contribuição): o fator é de 0,82 (18% de desconto em relação à média). Pagando 31% do seu salário por 40 anos, receberá 82% dele por 23 anos, pela expectativa do IBGE.

Um indivíduo começa a contribuir com 20 anos e se aposenta com 55 anos (35 de contribuição): o fator é de 0,71. Pagando 31% do seu salário por 35 anos, receberá 71% dele pelos mesmos 23 anos do caso anterior.

Um indivíduo começa a contribuir com 20 anos e se aposenta com 60 anos (40 de contribuição): o fator é 1,00. Pagando 31% do seu salário por 40 anos, receberá 100% dele por 20 anos, face à expectativa do IBGE.

Não é claro onde está a injustiça, especialmente considerando que em geral a viúva do indivíduo herda uma pensão que é paga ainda por vários anos. Tenho recebido críticas dos leitores quando trato do tema e os questionamentos estão associados a três casos:

I) Os injustiçados. São pessoas que contribuíram sobre um teto de 20 salários mínimos (SM) e que foram prejudicadas pela mudança de regras. Aprendi no diálogo com os leitores que muitos têm razão em suas queixas, mas chamo a atenção para o fato de que a perda sofrida quando o teto caiu para 10 SM é independente do fator previdenciário. O ponto é que na opinião dessas pessoas a média está sendo mal calculada, mas o problema nesse caso é o cálculo da média e não o fator previdenciário em si;

II) Os que fizeram uma opção. São pessoas que escolheram se aposentar cedo, pela possibilidade de ter uma renda garantida, à qual passaram a somar a renda de uma atividade à qual começaram a se dedicar ao se aposentar. Anos depois, já inativos, tornam-se dependentes da renda do INSS, afetada pelo fator. É um problema sério, mas trata-se de uma realidade que era conhecida no momento da aposentadoria, uma vez que as pessoas já sabiam que a sua aposentadoria sofreria o desconto do fator; e

III) Os revoltados com o país. São indivíduos com alto grau de informação, indignados não pelo fato de terem que se submeter ao fator previdenciário, mas por isso acontecer ao mesmo tempo em que assistem a escândalos associados a políticos corruptos. Compreendo e compartilho a indignação cívica, mas não faz sentido que as regras de aposentadoria dependam do grau de corrupção do país.

Por essas razões, vale o mesmo que Churchill disse sobre a democracia: “É o pior dos regimes – excetuados todos os outros”. O fator é amargo, mas necessário. Sem ele, o país teria virado uma Grécia.

15 de março de 2012
Fabio Giambiagi

O GOVERNO DA RETRANCA

Com superávit comercial de US$ 77,5 bilhões no ano passado, o agronegócio, execrado por uma boa parte do governo federal, continuou sendo o principal fator de segurança do setor externo. Sua história de sucesso deve conter algum ensinamento a respeito de como vencer no mercado internacional. Mas os condutores da política econômica preferem continuar jogando na retranca, como se algum país se tornasse mais competitivo com uma política estritamente defensiva.

Em pouco mais de uma semana o governo mexeu duas vezes no IOF cobrado sobre empréstimos tomados no exterior. Na primeira, estendeu de dois para três anos o prazo das operações sujeitas à alíquota de 6%. Na segunda, ampliou a restrição para cinco anos.
Essa medida poderá, como as anteriores, funcionar por algum tempo, mas o mercado, como sempre, será capaz de contorná-la. Mesmo na melhor hipótese, no entanto, o controle de capitais e a consequente depreciação cambial seriam medidas de alcance limitado. Ao insistir nesse caminho, o governo demonstra, mais uma vez, uma notável incapacidade de aprender.
A tentativa de mudar o acordo automotivo com o México é mais uma prova disso – uma vergonhosa imitação da política argentina em relação ao Brasil.

Entre 2001 e 2011 o valor nominal das exportações brasileiras aumentou 339,1%, de US$ 58,3 bilhões para US$ 256 bilhões. Nesse período o câmbio foi flutuante. O aumento das vendas foi possibilitado, na maior parte do período, pela combinação de um cenário externo favorável (até 2008) com ganhos de eficiência acumulados a partir dos anos 90. Entre 1989 e 1998, com o câmbio controlado, as vendas externas haviam crescido apenas 48,7%. Desde a mudança cambial de agosto de 1968, a depreciação administrada havia servido principalmente para compensar e disfarçar inúmeras deficiências do setor produtivo. Até o começo dos anos 90, quando começou a abertura do mercado nacional, o protecionismo havia completado o disfarce, impondo ao consumidor produtos caros e bem abaixo do padrão internacional.

A abertura foi penosa para muitas indústrias. Alguns empresários se haviam preparado para a mudança e foram capazes de enfrentar a nova competição externa. Suas companhias prosperaram nos anos seguintes e muitas ganharam espaço no mercado internacional. Mas a mudança mais notável vinha ocorrendo, desde muito tempo antes, no setor agropecuário, graças à adoção de novas tecnologias, a políticas agrícolas eficazes e, finalmente, ao abandono dos velhos controles de preços.

Desde o relaxamento desses controles, velhas crises de abastecimento deixaram de ocorrer e o peso da alimentação no custo de vida diminuiu sensivelmente. Várias vezes, desde os anos 90, os institutos de pesquisa de preços refizeram a estrutura de seus índices e mudaram a ponderação do custo dos alimentos. Também isso contribuiu para aumentar a capacidade de consumo de bens duráveis e semiduráveis, com benefício importante para a indústria.

As exportações cresceram velozmente a partir da reforma cambial de 1999, mas a participação brasileira no comércio mundial continuou modesta. Passou de 1,2% em 2001 para 1,6% em 2o1o e continuou por aí no ano passado. Mas a participação das exportações agrícolas no total mundial deu um salto, no mesmo período, de 4,7% para 7,3%, segundo os últimos números consolidados do Ministério da Agricultura. Apesar do aumento de preços, o aumento da fatia brasileira decorreu principalmente da expansão do volume. Entre 1997 e 2010, as cotações aumentaram 23%, enquanto o volume cresceu 200%.

Os exportadores do agronegócio foram prejudicados, assim como os empresários industriais, pela sobrevalorização do real. Além disso, tiveram de competir com produtores altamente subsidiados e de batalhar pelo ingresso em mercados muito protegidos. Os exportadores brasileiros de carne foram os grandes fornecedores do mercado russo, durante anos, embora tivessem de operar fora das cotas, reservadas para outros países.

Com todas essas desvantagens, o agronegócio brasileiro tem sido capaz, no entanto, de se manter competitivo e de atemorizar os concorrentes, a ponto de se tornar alvo de campanhas protecionistas na Europa.

De onde vem a competitividade do agronegócio brasileiro? Os formuladores da política deveriam pensar seriamente no assunto. Se o fizessem, talvez confiassem menos em fórmulas velhas e comprovadamente limitadas, como o controle cambial e o protecionismo. Mas deveriam também dar uma espiada na competitividade da China. O sucesso chinês não decorre apenas do câmbio depreciado e da mão de obra barata. Modernização, pesquisa, educação e enormes investimentos em infraestrutura também são importantes. Os chineses, ao contrário de muitos desenvolvimentistas, cultuam a eficiência.

Fonte: O Estado de S. Paulo
15 de março de 2012
Rolf Kuntz

BUSCA DE ESPAÇO

A cada dia fica mais claro que a presidente Dilma está tentando ampliar seu espaço de manobra dentro do próprio governo, inclusive na coordenação política, contradição que já indica o tamanho do problema. Embora o objetivo esteja no caminho certo da busca da autonomia, por si só não garante a qualidade da equipe, e as últimas escolhas são desalentadoras, como exemplifica bem a indicação do senador Marcelo Crivella, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus , do bispo Macedo, para o Ministério da Pesca.

O choro da presidente na transmissão de posse, desde que se dê de barato que a atuação do deputado Luiz Sérgio, tanto na Coordenação Política quanto na Pesca, não merece que se derramem lágrimas por sua perda, pode ter sido provocado, pelo menos em parte (não esquecer que no dia anterior ela havia passado três horas conversando com o ex-presidente Lula), pela enorme dificuldade que está enfrentando na convivência com essa coalizão partidária.

Não tendo força para desmontar este xadrez que a obriga a dividir em feudos partidários o governo, ela tem de escolher dentro dos partidos quem seja mais fiel a ela, porque, se não, ficará sempre sujeita a pressões e a chantagens políticas.

Há muito tempo que as nomeações do Executivo não são medidas pela capacitação do indicado, mas pelo apoio político que ele tem ou deixa de ter.

As crises são geradas sempre por interesses particulares e não por programas ou teses. Não há um partido que se mobilize para vetar alguém por questões programáticas.

A retirada do senador Romero Jucá da liderança do governo se deve a dois fatores: a presidente deve ter identificado o seu ex-líder, se não como o mentor da rebelião que barrou a recondução de Bernardo Figueiredo ao comando da Agência Nacional dos Transportes Terrestres, pelo menos como um aderente ao movimento que tinha como objetivo provocar sua derrota pessoal.

Aproveitou a oportunidade para trocar esse líder que já não tinha sua confiança e estava no cargo mais por pressão do grupo dominante no Senado, e pôs no lugar um senador que fazia parte do grupo independente, o ex-governador do Amazonas Eduardo Braga, num sinal de que pretende ter uma atuação no Senado também independente do grupo do senador Renan Calheiros.

A reação foi imediata: Calheiros indicou Jucá para a presidência da fundamental comissão do Orçamento, onde ele terá oportunidade de demonstrar o quanto ficou magoado com a demissão.

É preciso saber agora como reagirá o presidente do Senado, José Sarney, que é muito ligado à presidente Dilma, mas faz parte dessa cúpula do Senado.

Na Câmara, a escolha do ex-presidente Arlindo Chinaglia para ocupar a liderança do governo mostra que ela quer buscar o entendimento com outros partidos além do PT, e Chinaglia tem bom relacionamento mesmo com a oposição.

A presidente Dilma está tentando montar um Ministério e uma equipe política no Congresso que deva mais a ela do que aos seus partidos ou até mesmo ao ex-presidente Lula, para, afinal, começar o seu governo.

Ainda a propósito da decisão do Supremo sobre a tramitação das medidas provisórias, o jurista Gustavo Binenbojm se coloca a favor dessa intervenção, entendendo que ela veio para fortalecer a democracia, e não o contrário.

Binenbojm diz que há duas objeções clássicas ao controle judicial sobre questões políticas: a primeira é o princípio da separação dos poderes; a segunda, a suposta ausência de legitimação democrática dos membros da Suprema Corte, que não estariam autorizados a rever as decisões dos agentes políticos eleitos do Legislativo e do Executivo.

A primeira objeção já foi há muito superada, diz ele, pelo entendimento que a separação de poderes não importa uma compartimentalização asséptica das funções legislativa, executiva e jurisdicional.

Para o jurista, a ideia do controle recíproco é imanente à democracia constitucional. “É próprio da democracia constitucional não haver poder sem controle”.

Ele se debruça com mais atenção na segunda objeção, “mais complexa”.

Gustavo Binenbojm lembra que a chamada “dificuldade contramajoritária” impõe ao Judiciário – em especial, ao Tribunal Constitucional – a obediência a determinados standards ou parâmetros de atuação, de modo a não criar tensões indesejáveis com os demais poderes nos quais se deposita, mais diretamente, a soberania popular.

Mas ele lembra que há um espaço de legitimidade próprio para a atuação da Suprema Corte. “Em linhas gerais, esse espaço é definido pela defesa das minorias, dos direitos fundamentais e das regras processuais da democracia”.

Binenbojm diz que hoje, com certa naturalidade, entende-se que a Constituição é o estatuto jurídico da democracia e que os direitos fundamentais, aí incluídos os direitos das minorias, e as regras do jogo democrático “são condições estruturantes e essenciais à própria existência do regime democrático”.

Assim, afirma, quando a Justiça Constitucional anula leis, atos ou procedimentos ofensivos a tais direitos e regras – ainda que aprovados pela maioria dos representantes eleitos pelo povo -, sua intervenção se dá a favor e não contra a democracia.

No caso das medidas provisórias, Binenbojm acha que o Supremo tem gradualmente atuado na correção de alguns “defeitos” do processo democrático, gerados pelo desrespeito a regras constitucionais que estabelecem o chamado devido processo constitucional legislativo.

“Pouco importa que tais regras envolvam o funcionamento interno do Poder Legislativo. O importante é que, ao ignorar ou manietar o alcance de tais regras da Constituição, o Legislativo provoca uma lesão ao próprio regime democrático brasileiro.”

O Supremo, por isso, agiu “de forma absolutamente legítima, proporcionando um reequilíbrio entre os poderes Executivo e Legislativo, e fortalecendo a deliberação democrática na tramitação das medidas provisórias”, afirma Gustavo Binenbojm.

Fonte: O Globo
15 de março de 2012
Merval Pereira

POLÍTICA CHINESA...

China: moderados vencem 1º round da sucessão
by fernaslm

A ala moderada do Partido Comunista Chinês (PCC) ganhou a primeira batalha da sucessão de vários membros do Politburo marcada para acontecer este ano.

Bo Xilai (foto), secretário do PCC da província de Chongqing, que despontava como o mais radical dos pretendentes ao mais alto cargo de poder na China foi defenestrado ontem assim que a seção anual de 10 dias do Parlamento chinês foi encerrada.

O expurgo decidido pelo Comitê Central do PCC foi anunciado em uma nota de uma única linha pela agência de notícias do governo, Xinhua, que não deixou claro se ele está preso ou não.

Poucas horas antes o primeiro ministro Wen Jiaobao, que, junto com o presidente Hu Jintao e outros cinco membros do Politburo de nove cadeiras, deve deixar esta que é a mais alta instância de poder na China no final deste ano, tinha feito criticas diretas a Bo Xilai em uma inusitada conferência de imprensa televisionada com a presença de jornalistas chineses e estrangeiros.

O caso é emblemático da barra pesada que é a política nesta China que todo o Ocidente trata de igual ($$) para igual ($$) e o governo Lula considera "uma plena economia de mercado".

Bo Xilai é filho de Bo Yibo, ex-vice-primeiro-ministro e veterano da Longa Marcha de Mao Tsetung, que iniciou a revolução comunista chinesa e, desde 2009, vinha acenando com o "Modelo de Chongking", uma versão nostálgica e brutalmente violenta da Revolução Cultural maoísta temperada com novos molhos populistas de grande sucesso entre as massas mais pobres daquela província.

Acusando-os de "atividade mafiosa", ele prendia os empreendedores privados de Chongqing, submetia-os a tortura e cobrava pesadas "multas" para libertar os mais ricos entre eles, usando o dinheiro para financiar políticas assistencialistas.
Parentes e amigos que se dispusessem a testemunhar a favor dos prisioneiros também eram presos e torturados.

Chongqing reeditou, de 2009 até ontem, os tempos do terror maoísta com milhares de pessoas enfiadas em "prisões secretas", seções de tortura, sentenças de morte, execração pública dos "chefes das máfias" e o mais do costume.

Mas o principal alvo dessa "cruzada contra os ricos" era Wang Yang, o antecessor de Bo no comando da seção de Chongqing do PCC e seu principal rival na disputa por um assento no Politburo. Todos os "empresários" atingidos tinham feito sua fortuna no governo do rival, cujo chefe de polícia Bo mandou executar em julho de 2010.

Seu grande erro foi voltar-se contra o seu próprio chefe de polícia, Wang Lijun, conhecido como "Robocop" ou "Crazy Wang", um homem sanguinário que tinha mania com armas pesadas e carros esportivos e que, "nas horas vagas, dedicava-se a fazer autópsias" e gabava-se de "ter inventado um método super eficiente de retirar órgãos de prisioneiros executados para transplantes".

Não se sabe exatamente por que - "tsu si gou peng" ("quando o cachorro não serve mais para caçar coelhos é ele que vai para a panela"), dizem os chineses - Bo e "Crazy Wang" se desentenderam e o chefe achou por bem queimar aquele arquivo vivo das barbaridades que tinha perpetrado em Chongqing.

Wang porem fugiu a tempo para o consulado americano da cidade vizinha e pediu asilo no mês passado. 24 horas depois saiu do consulado e foi preso por autoridades ligadas ao governo central "para investigação".

"A China está numa encruzilhada", dizia ha poucas semanas Jiang Weiping, veterano jornalista chinês exilado em Toronto. "Ou bem ela parte para uma reforma política e se moderniza, ou cai numa nova revolução cultural como quer Bo Xilai. Se ele vencer será um desastre para o país e para o mundo".

SENADO DRIBLA REGRAS E USA FUNCIONÁRIOS TERCEIRIZADOS NOS GABINETES PARA SUBSTITUIR QUEM NÃO TRABALHA

Reportagem de Josie Jeronimo e Erich Decat, no Correio Braziliense, mostra que os senadores ainda acham pouco ter décimo quarto salário, décimo quinto, ressarcimento de gastos com carro, casa, motorista, passagens aéreas, drible na Receita Federal etc.

Além das mordomias, eles encontraram uma forma de turbinar o número de funcionários no gabinete parlamentar sem botar a mão no bolso. Para fazer render os R$ 80 mil mensais que a Casa concede para a contratação da equipe de trabalho, os senadores requisitam funcionários terceirizados para fazer os serviços que os comissionados não querem fazer.

Dados de transparência da Casa mostram que pelo menos 268 trabalhadores terceirizados, contratados para realizar serviços gerais para a estrutura administrativa do Senado, foram desviados para servir exclusivamente gabinetes parlamentares.

A maior fornecedora de mão de obra terceirizada para o Senado é a Planalto Service, que tem contrato de R$ 27 milhões. Desse montante, R$ 22,3 milhões pagam o chamado “Grupo Operacional I” de funções de serviços gerais — 268 dos 614 funcionários pagos com esse montante são “requeridos” para exercer serviços exclusivos nos gabinetes parlamentares — na prática, mais uma extensão das regalias.

Se os parlamentares utilizassem a verba de contratação para suprir os serviços realizados pelos terceirizados, o Senado economizaria R$ 9,7 milhões em contrato com a empresa prestadora de serviço.

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MULTA POR SALÁRIO EXTRA

Em outra matéria, o repórter João Valadares mostra que o senador Sérgio Petecão (PSD-AC) conhece bem a ação do Fisco por ter recebido salários extras sem pagar o Imposto de Renda.
Quando era deputado estadual no Acre, a Receita Federal notificou a assembleia legislativa e obrigou os 24 parlamentares a restituir o Leão por não terem descontado IR no momento em que receberam os rendimentos adicionais.
Além disso, os deputados foram multados em 75% do valor devido. A grande parte deles responde, hoje, processo no Tribunal de Justiça do Acre.

No caso do senador Petecão, como ele tem foro privilegiado, a ação foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele mesmo informou que a Receita quer que ele devolva aproximadamente R$ 200 mil, valor referente aos atrasados, com multa e juros.

De 1995 para cá, o Fisco já conseguiu recuperar R$ 135,8 milhões de deputados de oito assembleias legislativas e conselheiros de tribunais de contas de vários estados que, assim como os senadores, embolsaram os rendimentos extras do décimo quarto e décimo quinto salários sem sofrerem qualquer tributação.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG

Aguarda-se que a Receita e a Justiça atuem contra os políticos com o mesmo rigor com que atuam contra o cidadão comum – ou, como diz o Helio Fernandes, o cidadão-contribuinte-eleitor.

15 de março de 2012

DENÚNCIA CONTRA AGNELO QUEIROZ COMPROVARIA 'APARELHAMENTO'

Reportagem de Rosa Costa, da Agencia Estado, informa que o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), disse hoje que os dados da Operação Panaceia apontando suposto envolvimento do ex-diretor do diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e hoje governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), em esquema de recebimento de propina comprovam que as agências estão “aparelhadas politicamente”. “Algumas foram sucateadas ou utilizadas desonestamente”, acusou.

A operação apreendeu uma agenda com registro de contabilidade da diretoria do laboratório Hipolabor. Os dados apontam supostos pagamentos ao petista em 2010, ano em que deixou a Anvisa para disputar o governo. No entender do líder tucano, as autoridades responsáveis pela operação devem “estabelecer a relação de promiscuidade com a doação feita a Agnelo”.

Uma das páginas da agenda, referente ao dia 24 de maio de 2010, traz a anotação “Agnelo” ao lado de “50.000″. No dia 30, há outra anotação, aparentemente abreviada: “Agnelo:50.”. “Se há a comprovação do repasse ilegal do dinheiro, trata-se de uma prova contundente de corrupção e impunidade administrativa”, disse Dias.

A agenda apreendida na Operação Panaceia, que contou com a colaboração de agentes da própria Anvisa e do Ministério da Justiça, seria a primeira evidência documental já apresentada do suposto esquema de propina na agência.

Um vídeo que está sendo examinado pela Procuradoria Geral da República (PGR) mostra Daniel Almeida Tavares, lobista de outra indústria farmacêutica, a União Química, acusando o governador de receber propina, quando diretor da Anvisa, para liberar licenças para a empresa.

O denunciante disse que o suborno de R$ 50 mil teria sido pago em 2008.

15 de março de 2012

A REVISÃO DA LEI DA ANISTIA E OS EXTREMISTAS DO SUCRILHO E DO TODDYNHO

Comissão da Vingança ignora a construção da democracia. Ou: Um recado àquele…

Um idiota truculento tentou ferrar a minha vida quando eu tinha 15 anos. Eu era, sim, ligado a um grupo de esquerda. Mas fui, vamos dizer, “descoberto” por causa de um concurso de redação, que venci — presente: uma Enciclopédia Barsa! Os mais jovens não têm noção do que é isso em tempos pré-Google (e ponham “pré” nisso…). O tema era o Dia da Árvore e a preservação da natureza. Fiz lá um texto alegórico — eu o tenho ainda, mas fica para as memórias, hehe… —, que era, na verdade, uma espécie de manifesto contra a ditadura; a árvore e a natureza viraram meros pretextos. Na comissão julgadora, havia um professor ligado o Dops. E a coisa engrossou. Eu era o pivô da perseguição, mas ele mirava mesmo era o colégio estadual em que eu estudava, onde julgava haver um núcleo subversivo. De fato, havia militantes de esquerda entre os professores — mas não me engajei por intermédio deles, não. Estamos falando do ano de 1976. A dita ainda era muito dura.

Não tenho razões pessoais — muito pelo contrário — para ter simpatias pelo “regime”, pela “ditadura” ou para “defender torturadores”, como querem alguns cretinos que não lutaram contra porcaria nenhuma. Não lutam nem contra a própria ignorância histórica. São radicais do sucrilho e do toddynho, como os chamo, influenciados pela “petização” da educação. O PT é uma derivação, vamos dizer, teratológica da própria esquerda. Esta chegou a reunir, sim, intelectuais de peso. Ainda que pudessem estar essencialmente enganados sobre muita coisa e cultivassem uma ética torta, tinham ao menos informação. O petismo educacional é o elogio da ignorância. Os alunos são estimulados a ficar do “lado certo da história”, não a estudar. Já me defrontei aqui e ali com esses tipos num debate ou outro. Ignoram os textos básicos do pensamento de que se dizem procuradores. É uma lástima!

Também não passei a admirar os meus algozes, não. Tampouco mudei de lado! Se quiserem, mudei, sim, de perspectiva, e já faz tempo!, e escolhi a democracia — e isso é inegociável. Querem saber onde estão as 136 pessoas desaparecidas, prováveis vítimas da repressão? Eu apoio a iniciativa. É preciso uma Comissão da Verdade pra isso? É evidente que não! Rejeito que se use uma reconstituição parcial da história para, a um só tempo, mentir sobre o passado e reforçar posições de determinadas correntes ideológicas no presente. E rejeito justamente porque tal prática não cabe na democracia — aquela que abracei.

Já lembrei aqui: a honestidade intelectual doeu, por exemplo, mais no ex-ministro do Supremo Eros Grau do que em mim. Ele foi preso e torturado. Eu não fui — embora eu sinta ainda hoje um profundo ódio daqueles canalhas que não viram mal nenhum em perseguir um garoto. Mesmo assim, Grau fez uma candente defesa do alcance da Lei da Anistia, demonstrando — ao lado de outros ministros, como Gilmar Mendes e Celso de Mello, por exemplo — que ignorá-la significaria fraudar os fundamentos do estado democrático e de direito.

Assim, não me venham alguns tontos e tontas, que não têm a menor noção do que significa, de fato, combater um regime autoritário tirar o traseiro do sofá para apontar o dedo acusatório. Trata-se de uma combinação asquerosa de covardias. É covarde porque miram em inimigos que não podem reagir — pudessem, é provável que os valentes de agora estivessem em silêncio. É covarde porque é a democracia que não construíram que lhe faculta tal prática. E essa democracia que não construíram só existe porque pactos políticos, tornados história, foram feitos e incorporados ao processo de pacificação do país.

Eu não perdoei aquele idiota que me perseguiu e me pôs sob um sério risco. Faço as contas aqui. Talvez esteja morto. Se não estiver, uma saudação pra ele: “Vá à merda!” Mas o processo político o anistiou — sei lá que outras barbaridades ele aprontou. Como anistiou os que comandavam grupos que assaltavam bancos ou executavam pessoas em nome da “causa”.

Esses que agora se querem defensores da “Comissão da Verdade” e meia-dúzia de procuradores que têm a ousadia de desrespeitar a lei, ademais, se querem os donos da história; acham que podem privatizar o passado do país para definir “a” verdade. Que boa parte desses radicais estouvados não tenha vivido aqueles dias, isso é evidente — e a juventude, observo com humor, é um mal que invejo, mas que tem cura e é perdoável. Que apostem, no entanto, na depredação do estado de direito, ah, isso é imperdoável!


15/03/2012
Reinaldo Azevedo

A COMISSÃO DA VERDADE É REVANCHISTA, SIM!

De todas as tolices que se dizem sobre a tal “Comissão da Verdade”, a maior delas é a que sustenta que ela não tem nada a ver com revanchismo. Ora… Trata-se de revanche, sim, ainda que ela se situe no terreno da pura narrativa. As pessoas diretamente envolvidas com essa comissão já deixaram mais do que claro que se trata de contar a história segundo a ótica das esquerdas. Como elas perderam aquele confronto — curiosamente, só chegaram ao poder por meio do método que rejeitavam: as “eleições burguesas”!!! —, tentam agora vencer a outra luta: a do “bem” (elas) contra o “mal” (os outros).

O nome disso é revanche. A ideia de que o Estado defina uma “verdade” oficial, diga-se, já é de um autoritarismo escandaloso. O país é livre. As universidades são autônomas. Os historiadores podem trabalhar à vontade. Por que há de ser o aparelho estatal a dizer “a” verdade? O fato de a academia — com raras e honrosas exceções — não reagir ao estabelecimento de uma “verdade oficial” e apoiar a iniciativa dá conta da indigência intelectual média da turma. Sigamos.

Essa Comissão da Verdade não resiste a algumas indagações básicas.
1 - Vai reconstituir, no detalhe, o assassinato do soldado do Exército Mário Kozel Filho, morto a 11 dias de completar 19 anos? Serão listados os participantes do atentado que o matou e os chefes das organizações terroristas?
2 - Serão reconstituídos as últimas horas de vida do tenente da Polícia Militar Alberto Mendes Júnior, que teve o crânio esmagado a coronhadas por Carlos Lamarca e seu bando?
3 - Vão reconstituir, em suma, as circunstâncias da morte de pelos menos 119 pessoas, assassinadas por grupos de extrema esquerda?
4 - Terá a comissão a coragem de contar também esse lado da “verdade”, indicando, reitero, os nomes dos chefes dessas operações — e Dilma Rousseff foi, sim, dirigente de duas organizações que mataram pessoas?
5 - A comissão será independente o bastante para demonstrar que a maioria desses mortos não tinha nem mesmo ligação com a luta política?

As minhas perguntas são meramente retóricas porque eu já sei a resposta. Ora, se o objetivo da Comissão da Verdade é reconstituir a história segundo o exclusivo ponto de vista da esquerda, partindo das premissas falsas de que os terroristas de então queriam democracia e só optaram pela luta armada porque não tinham uma alternativa, não é Comissão da Verdade, mas da mentira; não é aposta na pacificação, mas na revanche.

Os xingamentos todos eu já conheço; espero contra-argumentos.

15/03/2012
Reinaldo Azevedo

HISTÓRIAS DO FOLCLORE POLÍTICO BRASILEIRO

LEMBRANÇAS DE JUSCELINO

“Tres dias antes de morrer, Juscelino viera de sua fazendinha em Luziania e pernoitara no apartamento do primo Carlos Murilo, em Brasília. Estava triste e deprimido por tantas injustiças e perseguições, e fez a esse seu primo e meu xará a seguinte confissão que, autorizado por ele, agora, pela primeira vez, vou revelar :

- “Meu tempo, aqui na terra, está acabado. Tenho o quê, de vida? Mais dois, tres ou cinco anos? O que eu mais quero agora é morrer. Não tenho mais idade para esperar. Meu único desejo era ver o Brasil retornar à normalidade democrática. Mas isso vai demorar muito e eu quero ir embora”.

“Tres dias antes de morrer, Juscelino viera de sua fazendinha em Luziania e pernoitara no apartamento do primo Carlos Murilo, em Brasília. Estava triste e deprimido por tantas injustiças e perseguições, e fez a esse seu primo e meu xará a seguinte confissão que, autorizado por ele, agora, pela primeira vez, vou revelar :

- “Meu tempo, aqui na terra, está acabado. Tenho o quê, de vida? Mais dois, tres ou cinco anos? O que eu mais quero agora é morrer. Não tenho mais idade para esperar. Meu único desejo era ver o Brasil retornar à normalidade democrática. Mas isso vai demorar muito e eu quero ir embora”.

Estava sem dinheiro e tomou 10 mil cruzeiros emprestados. Tendo Ulysses Guimarães e Franco Montoro como companheiros de vôo, viajou para São Paulo e desceu em Guarulhos, porque o aeroporto de Congonhas estava fechado. Ficou hospedado na Casa da Manchete, em São Paulo”.

***

“No dia seguinte, JK despediu-se de Adolfo Bloch, que depois revelava:

- “Ele deu-me um abraço tão forte e tão prolongado que parecia estar adivinhando ser aquele o nosso ultimo encontro. E chegou a mostrar-me o bilhete da Vasp, como prova da sua viagem, naquela noitinha, para Brasília”.

E morreu dormindo. Mas, desde a véspera, havia telefonado para seu fiel motorista, Geraldo Ribeiro, pedindo-lhe que fosse a São Paulo busca-lo de carro, e marcando um encontro no posto de gasolina, quilometro 2 da Dutra.

Pergunta-se hoje : por que Juscelino estava despistando e escondendo a sua real intenção de não ir para Brasília e sim de retornar ao Rio? Não queria que dona Sarah soubesse? Seria algum encontro amoroso?

E era”.

***

Esta é uma das muitas, numerosas historias contadas pelo veterano jornalista e acadêmico Murilo Melo Filho (nasceu em Natal, com a revolução de 30), com mais de meio século de redações, em seu ultimo livro, “Tempo Diferente” (primorosa edição da Topbooks, breve nas livrarias) sobre 20 personalidades da política, da literatura e do jornalismo brasileiro:

- “Aqui estão contadas historias reais e verazes, acontecidas com tantos homens importantes no universo literário e político do pais, que viveram num tempo diferente” : Getulio, JK, Jânio, Café Filho, Lacerda, Chateaubriand, Tristão de Athayde, Augusto Frederico Schmidt, Carlos Drummond de Andrade, Celso Furtado, Evandro Lins, Austregésilo de Athayde, Guimarães Rosa, Jorge Amado, José Lins do rego, Rachel de Queiroz, Raimundo Faoro, Roberto Marinho, Carlos Castello Branco, Otto Lara Rezende.

Agora que Lula, com a água no queixo, agarra-se à memória de Juscelino como a um tôco na água, e, nesta semana em que ele faria 103 anos, segunda-feira, dia 12, e a imprensa e sobretudo a televisão quase o esqueceram, é bom relembrar outras historias contadas pelo depoimento de testemunha de Murilo, no capitulo “JK, do Seminarista ao Estadista”.

***

- “Eu era então (em 56) chefe da seção política da “Tribuna da Imprensa”, jornal de oposição, dirigido por Carlos Lacerda, que movia feroz campanha contra JK. Apesar disso, ele sempre me distinguiu com especial atenção e, na sua segunda viagem a Brasília, me convidou para acompanha-lo.

Saímos do Rio num Convair da Aerovias-Brasil e aterrissamos numa pista improvisada, perto do Catetinho, que tinha sido inaugurado no dia 1o de novembro. Às quatro horas da madrugada do dia seguinte, ainda noite escura, JK já estava de paletó esporte, camisa de gola rolê, chapéu de aba larga, botinas e um rebenque, batendo à porta de nossos quartos, e convidando-nos para irmos com ele visitar as obras de Brasília, naquele imenso descampado :

- Aqui será o Senado, ao lado da Câmara, mais adiante os Ministérios. No outro lado, o Supremo e o palacio do Planalto, onde irei despachar”.

***

- “Naquela nossa primeira noite em Brasília, após um dia de calor escaldante, os engenheiros estavam na varanda do Catetinho, em torno de uma garrafa de uísque, que era bebido ao natural, isto é, quente, porque em Brasília não havia ainda energia eletrica e, portanto, não havia gelo, que era artigo de luxo. Juscelino, presente, comentou :

- Vocês sabem que eu não gosto de uísque. Mas que uma pedrinha de gelo, aí nos copos, seria muito bom, seria.

Nem bem ele acabou de pronunciar essas palavras, o céu se enfaruscou e uma chuva de granizo despencou sobre aquele planalto, levando os boêmios candangos a aparar as pedras, jogar nos copos e tomar uísque com gelo”.

Era o primeiro milagre de Brasilia.

***

E este bilhete de Adolfo Bloch a Murilo, já na “Manchete” em Brasília:

- “Murillo, ai vai esta lancha para você fazer relações publicas no lago de Brasília. Não faça economia em relações publicas. Nós, os judeus, perdemos o Cristo por falta de relações publicas. E fizemos um mau negocio, porque um homem como aquele não se perde”.

do jornalista sebastião nery
15 de março de 2012

REQUIÃO REFORÇA A SUSPEITA: QUEM COME MAMONA TEM CENSURA NA CABEÇA

Em fevereiro de 2006, o governador Roberto Requião apareceu no Planalto para outro beija-mão estrelado pelo presidente Lula.
Para mostrar ao companheiro paranaense que o Brasil estava pronto para brilhar também no mundo maravilhoso dos biocombustíveis, o anfitrião resolveu presenteá-lo com um um vidro cheio de sementes de coloração estranha. A cena assombrosa foi exibida pelo Jornal Nacional.

“É mamona”, previne Lula. Alheio ao aviso, Requião coloca as sementes na boca e começa a mastigar. “Isso é mamona, pô!”, espanta-se o presidente, rindo do delírio gastronômico. “É bom”, balbucia o trapalhão vocacional. “Você sabe que isso tem uma toxina que não pode comer?”, alerta Lula. Só então a ficha cai: assustado, Requião dá as costas para a câmera e cospe o biocombustível do futuro.



Seis anos depois, como informa a coluna de Ricardo Setti, o agora senador Roberto Requião continua sonhando com projetos que liquidem ou reduzam a liberdade de imprensa.

É hora de divulgar intensivamente o vídeo que documenta a performance do comedor de biocombustível, acrescido da frase indispensável:

“O Brasil que presta adverte: mamona faz mal à cabeça”.

15 de março de 2012
toma mais uma

SERENI APONTA NÃO PARA DANTE, MAS PARA A BÍBLIA

Na crônica de ontem, contei ter antecipado, há seis anos, a condenação da obra de Dante pelos radicais multiculturalistas. E comentei os propósitos de Valentina Sereni, presidente da Gherush92, que quer retirar a Divina Comédia das escolas na Itália, por ter alusões ofensivas a Maomé e aos judeus. Mas faltou um pedacinho. A moça condena também o fato de Dante ter jogado os homossexuais aos infernos.

“Mesmo os homossexuais, os sodomitas na linguagem de Dante, seriam colocados no índice do poema de Alighieri – diz a moça -. Aqueles que tiveram relações sexuais "contra a natureza" são de fato punidos no inferno: os sodomitas, os pecadores mais numerosos do círculo, são descritos quando correm sob uma chuva de fogo, condenados a não parar. No Purgatório, no canto XXVI, os sodomitas reaparecem juntamente com os heterossexuais lascivos”.

"Nós não defendemos a censura, nem a fogueira - diz Sereni - mas nós gostaríamos que se reconhecesse, de forma clara e sem ambigüidade, que na Comédia existem conteúdos racistas, islamófobos e anti-semita. A arte não pode estar acima de qualquer crítica. A arte é feita de forma e conteúdo, e mesmo que haja na Comédia diferentes níveis de interpretação, simbólica, metafórica, iconográfico, estética, não se pode retirar o significado textual da obra, cujo conteúdo é claramente depreciativo e contribui, hoje como ontem, para divulgar falsas acusações que, durante séculos, milhões e milhões de mortos. Perseguições, discriminações, expulsões, fogueiras, foram sofridas por parte dos cristãos, judeus, homossexuais, pessoas morreram, infiéis, hereges e pagãos, a quem Dante coloca nos mesmos círculos do inferno e purgatório. Isto é racismo que uma leitura simbólica, metafórica e estética da obra, obviamente, não remove”.

De novo a moça está apontando para a Bíblia. O livro é claro. No Levítico, lemos: “Com homem não te deitarás como se fosse mulher; é abominação.” E logo mais adiante: “Se também um homem se deitar com outro homem, como se fosse mulher, ambos praticaram coisa abominável; serão mortos; o seu sangue cairá sobre eles”.

Ao que tudo indica, Sereni não ousou atacar um livro milenar, que hoje é base de inúmeras religiões, preferindo ater-se ao poeta florentino. Há horas venho afirmando que a militância homossexual, que pretende proibir qualquer crítica ao homossexualismo, mais dia menos dia iria tropeçar com a Bíblia.

Aconteceu no Brasil, em maio passado. A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) convocou simpatizantes a um evento em Brasília, em que seriam queimados exemplares da Bíblia. Uma mensagem no site do grupo afirmava: "em frente a Catedral, nós ativistas LGBTT iremos queimar um exemplar da Bíblia Sagrada. Um livro homofóbico como este não deve existir em um mundo onde a diversidade é respeitada."

Se você sair por aí pregando a pena de morte para homossexuais, evidentemente será condenado como homófobo. Mas é o que diz o Livro. Será a Bíblia então proibida? A senadora Marta Suplicy, ciente desta implicação absurda, abriu uma exceção no projeto de lei. Nos templos, seria permitida a condenação do homossexualismo. Com isto deixa claro que, fora dos templos, qualquer crítica ao homossexualismo está sujeita às penas da futura lei. Se um padre ou pastor ler o Levítico em um templo, tudo bem. Se ler em praça pública, cadeia nele.

Considero a Bíblia um livro importante, tanto como registro de épocas históricas, mas também como repositório de mitos e lendas, poesia e filosofia. Mas jamais a consideraria um código normativo. Se ela condena à morte os homossexuais – e também as adúlteras –, isto foi nos tempos de Abraão e Moisés. Não se pode transpor para nossos dias códigos de mais de três mil anos.

A Bíblia também prega a lei de talião: olho por olho, dente por dente. Talvez pudesse ser hoje traduzido por lente por lente, ponte por ponte. Mesmo assim, tal lei fere qualquer código de Direito contemporâneo. Os católicos já não insistem muito nas antigas interdições sexuais, tanto que até os últimos papas foram complacentes com o homossexualismo e pedofilia de seus padres. Quem ainda insiste nisto são os evangélicos.

Se Sereni quer banir das escolas obras que um dia condenaram esta ou aquela etnia, este ou aquele comportamento, terá um trabalho enciclopédico pela frente. Para enquadrar nos parâmetros politicamente corretos das esquerdas contemporâneas as literaturas de diferentes épocas, seria necessário queimar não poucas bibliotecas.

Antes de qualquer outro livro, a Bíblia. A propósito, republico artigo que escrevi há sete anos.

15 de março de 2012
janer cristaldo

SANITIZANDO A BÍBLIA *

Nestes dias em que o “politicamente correto” virou cartilha no Brasil, surge nos Estados Unidos o insólito “film sanitizing”. O presidente norte-americano George W. Bush assinou, em abril passado, uma Lei de Entretenimento Familiar e Direitos Autorais, destinada a “sanitizar” a comercialização em DVDs de produções de Hollywood. Seriam produzidas novas versões que excluem cenas de violência excessiva, homossexualismo e até relações extraconjugais. É o que nos dizem os jornais. As novas medidas nada têm a ver com proteger a infância. Segundo Robert Rosen, especialista em cinema da Universidade da Califórnia, "há todo tipo de motivações religiosas, políticas e ideológicas por trás disso". A maioria das companhias sanitizadoras, que têm nomes como Filmes Família, Filmes Limpos e Jogo Limpo, começou a operar no Estado de Utah, atendendo sobretudo à grande população mórmon.

Ou seja, um cineasta faz um filme e você vê outro.
No filme The Hurricane, (1999), de Norman Jewison, todas as agressões verbais racistas feitas por policiais contra o protagonista foram retiradas. De The Sponge Bob Square Pants Movie, desenho animado de Stephen Hillenburg, foram retiradas as cenas homossexuais.

"Nós não odiamos homossexuais", afirma Sandra Teraci, porta-voz de uma empresa sanitizadora. Apenas não acreditamos que esse estilo de vida deva ser glorificado. Isso é crescente em cada vez mais gêneros de filmes."
A empresa Filmes Limpos, por exemplo, já tem mais de 800 produções sanitizadas em seu catálogo para aluguel ou venda, desde que começou o negócio, em 1999. Quanto ao autor, que se lixe.

Imagine o leitor se algum cineasta quisesse filmar hoje episódios da Bíblia. Para poupar trabalho aos sanitizadores, os produtores já poderiam começar sanitizando o roteiro. (A bem da verdade, muitos episódios bíblicos já foram filmados, sempre devidamente sanitizados, muito antes da censura dos mórmons de Utah). Não teriam pouco trabalho. Pra começar, seria oportuno eliminar o momento culminante do Gênesis: “Porque, passados ainda sete dias, farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites, e exterminarei da face da terra todas as criaturas que fiz”.

Hoje, bastam algumas centenas de mortos para a ONU falar em genocídio. Mas seria necessário enquadrar Jeová em uma nova definição de crime. Pancídio, talvez. Se a palavra não existe, eu a cunho agora. Pois “pereceu toda a carne que se movia sobre a terra, tanto ave como gado, animais selvagens, todo réptil que se arrasta sobre a terra, e todo homem”. Em sua ira, Jeová não poupa nem mesmo os demais seres vivos. (É de supor-se que tenham sobrevivido peixes e demais animais aquáticos). O que já o enquadra, concomitantemente, em outra tipificação de crimes, os ecológicos. Nem Hitler, nem Mao, nem Stalin, nem Pol Pot pretenderam tanto. Estes senhores pelo menos não tinham nada contra os animais. E tampouco poderes para executar o trabalho colossal de Jeová. Como era grande a maldade do homem na terra, por ela pagaram todas as espécies. Sem julgamento, nem direito de defesa. Violência excessiva. Sanitizing já!

Em suma, o Gênesis é rico em episódios que excitariam a sanha dos sanitizadores. Lá pelas tantas, o santo homem escolhido por Jeová para sobreviver às águas planta uma vinha. Como era de esperar-se, bebe do vinho. Embriagado, apresenta-se nu a Cão, seu filho. Alcoolismo e pedofilia, no mínimo. Tesoura de novo no Gênesis.

No episódio de Sodoma e Gomorra, Jeová retoma seus ímpetos genocidas e faz tabula rasa das duas cidades. Seus habitantes haviam pecado contra o Senhor e portanto deveriam ser exterminados. Só é salvo o único homem justo de Sodoma, Ló (e os seus), por sinal sobrinho de Abrão, que tinha canais privilegiados com o Senhor. Ou seja, nepotismo não é coisa de hoje nem exclusividade do Congresso Nacional.

O Senhor envia dois anjos para parlamentar com Ló, o que despertou os desejos dos sodomitas. Os homens de Sodoma cercaram sua casa, “tanto os moços como os velhos, todo o povo de todos os lados e, chamando a Ló, perguntaram-lhe: Onde estão os homens que entraram esta noite em tua casa? Traze-os cá fora a nós, para que os conheçamos”.

Para salvar seus hóspedes, o único homem justo de Sodoma oferece à turba suas duas filhas, “que ainda não conheceram varão; eu vo-las trarei para fora, e lhes fareis como bem vos parecer: somente nada façais a estes homens, porquanto entraram debaixo da sombra do meu telhado”.
O que não deixa dúvidas sobre o significado bíblico de conhecer. Aliás, a tradução da Bíblia feita por André Chouraqui é mais precisa: “Faze-os sair até nós, vamos penetrá-los”. Responde Ló: “Tenho duas filhas que homem algum jamais penetrou”. Sanitização urgente!

Não bastasse esta oferta indecorosa aos sodomitas – que, diga-se de passagem, não demonstraram interesse algum pelas moças – o santo homem Ló, como Noé, também era chegado ao fruto das vinhas.
Eis então que o eleito do senhor toma novo porre e dorme com suas duas filhas, desprezadas pelos sodomitas. A primogênita dá à luz Moabe, o pai dos moabitas. A mais nova gera outro filho, Ben-Ami, o pai dos amonitas. Alegam as filhas que pretendiam conservar a descendência do pai. Fica a pergunta no ar: se o propósito era legítimo, para que embriagar o pai? Sei lá. Por via das dúvidas, melhor sanitizar. Incesto, ainda que com a mais nobre das intenções, não fica bem num filme-família.

Já que estamos falando de família, pulemos para Samuel. Mesmo admitindo-se que Noé, único sobrevivente do pancídio, precisava preservar a espécie, tampouco fica bem no livro que embasa a Santa Madre Igreja Católica aquele mulherio todo do sábio rei Davi: Mical, Abigail, Ainoã, Maacá, Hagite, Abital e Eglá, isso sem falar em seu adultério com Bate-Seba.
Tampouco é muito honrosa para a biografia de um ascendente de Cristo mandausufruir dos encantos de sua mulher.
Ponde Urias na frente onde for mais renhida a peleja, e retirai-vos dele, para que seja ferido e morra”. Urias morreu. Poligamia, assassinato e adultério no livro da Igreja que prega o casamento indissolúvel? Sanitizemos Samuel.r o heteu Urias, marido de Bate-Seba, para a frente de combates, para melhor

Sem falar na ordem dada a seu filho Salomão, de matar Joabe e Simei, Davi carrega a morte de 70 mil israelitas. Davi faz um censo de seu povo, o que provoca a ira de Jeová. Como castigo, pode escolher entre três opções: “ou três anos de fome; ou seres por três meses consumido diante de teus adversários, enquanto a espada de teus inimigos te alcance; ou que por três dias a espada do Senhor, isto é, a peste na terra, e o anjo do Senhor façam destruição por todos os termos de Israel".
O sábio rei Davi não tem dúvidas, escolhe os três dias de peste. "Mandou, pois, o Senhor a peste a Israel; e caíram de Israel setenta mil homens". Sanitização imediata, antes que alguém confunda a vontade do Senhor com holocausto. Holocausto é palavra que se usa apenas para os crimes de Hitler.

Incesto, poligamia, homossexualismo, assassinatos, vinganças, massacres em massa, genocídio. Devidamente sanitizado, talvez um filme sobre a Bíblia pudesse ser visto por mães e pais de família. Last but not least, não esquecer de cortar aquele inexplicável massacre de criancinhas, encomendado por um profeta careca.

Estava Eliseu subindo a Betel, quando alguns meninos saíram da cidade e começaram a gritar: “sobe, careca; sobe, careca”. O santo homem amaldiçoou-os em nome do Senhor. Duas ursas saíram do bosque e despedaçaram quarenta e dois daqueles meninos. O politicamente incorreto é mais antigo do que se pensa e suas sanções eram bem mais duras que as hodiernas.

Isso sem falar na escravidão, que permeia a Bíblia de ponta a ponta, desde o Levítico até o Novo Testamento, onde é aprovada por Paulo, O fundador do cristianismo. Mas isso é outro assunto. Sanitizing now!


* 16/05/2005

15 de março de 2012
janer cristaldo

CHÁVEZ E SUA COMITIVA PERMANECEM EM CUBA

CHÁVEZ JÁ GASTOU QUASE 4 MILHÕES DE DÓLARES NOS 20 DIAS EM QUE PERMANECE EM CUBA PARA ONDE TRANSFERIU A SEDE DO GOVERNO VENEZUELANO, DENUNCIA DEPUTADO!

Foto que circula na internet: Chávez abraçando Fidel na cama

O deputado oposicionista venenzuelano Carlos Barrizbeitia assegurou nesta quarta-feira que o caudilho Hugo Chávez já gastou quase 4 milhões de dólares nos 20 dias em que permanece em Cuba, onde foi operado de um novo tumor canceroso e de onde segue exercendo a Presidência do país.

O parlamentar calcula que a comitiva presidencial do caudilho está integrada por mais de 200 pessoas, entre assessores, jornalistas, ministro, familiares e casa militar, as quais tem gerado uma despesa diária ao Estado venezuelano de U$ 200 mil dólares.

"O presidente tem que justificar porque não delegou temporariamente seu cargo e porque está gastando esta imensa quantidade de dinheiro em algo desnecessário e, que além disso, é inconstitucional", assinalou o deputado Berrizbeitia, ao sublinhar de "insólito", que Chávez esteja "despachando" desde a capital cubana há 20 dias.

Integrante da aliança de oposição Mesa da Unidade Democrática (MUD) com o partido Projeto Venezuela, o deputado afirma que os quase 4 milhões de dólares gastos em Cuba estão sendo assumidos pela rubrica Despacho da Presidência, sem que a viagem seja "uma missão oficial".

E conclui alertando: "Chávez tem duas enfermidades. Uma é lastimavelmente câncer, e a outra, uma enfermidade de poder que não lhe tem deixado ceder nem sequer um tempo que necessita seu corpo para restabelecer-se e não confia sequer na sombra de seu vice-presidente e seus amigos mais próximos".

GRITO SILENCIOSO. ATIVISTAS PRÓ-VIDA POSTAM VÍDEO SOBRE O ABORTO



Esse vídeo é antigo, mas é um ótimo vídeo já feito sobre o aborto, porque mostra o que o aborto realmente é. O Dr. Bernard Nathanson foi um dos pioneiros em aborto nos EUA, até que surgiu a tecnologia de ultrassonografia e ele viu que matava bebês.

Arrependeu-se profundamente de fazer abortos, fechou suas clínicas de aborto e se tornou um dos maiores defensores da vida no mundo, até o final de sua vida.

SIM, ELES QUEREM O CHAVISMO

Notícias Faltantes - Foro de São Paulo

Valter Pomar, secretário de assuntos internacionais do PT declarou: “O que fazemos no Brasil, com o governo de Lula, que esteve oito anos na presidência, é o que Chávez fez aqui, está fazendo e queremos que continue fazendo”.

E na imprensa brasileira nada foi dito a respeito.

A dualidade Lula x Chávez perpassou a política latino-americana nos últimos anos e foi, a meu ver, um dos “mitos” mais difundidos e, ao mesmo tempo, mais perniciosos para a avaliação política da região.

Muitos analistas, especialistas, etc. repetiram à saciedade que, na esquerda latino-americana, Luiz Inácio Lula da Silva representava o modelo do esquerdista convertido à economia de mercado, o democrata que renunciara a aspirações populistas ou totalitárias, respeitador do Estado de Direito; em contraposição a Chávez, símbolo de uma esquerda revolucionária, desrespeitadora das instituições e violadora das regras mais elementares da democracia representativa. Ainda de acordo com essa “mitologia”, Lula seria o homem que conteria os arroubos do caudilho venezuelano.

Sinceramente, nunca aceitei essa dicotomia. Escrevi textos que a desmascaravam, baseado sempre em fatos, e em inúmeras rodas de conversa insistia na falácia que a mesma continha.

Estilos diferentes; metas idênticas

Reconheço que Lula e Chávez têm estilos diferentes de fazer política. Antes de tudo pelo temperamento pessoal. A psicologia própria do público e circunstâncias inerentes à realidade política, social e cultural de cada país também condicionaram o lulismo e o chavismo.
Mas estou convencido de que o lulo-petismo (ontem com Lula, hoje com Dilma) e o chavismo são duas etapas de um mesmo processo revolucionário, socialista e autoritário.

Os fatos falam por si: o papel “moderador” de Lula sobre Hugo Chávez em muito pouco se fez sentir, pois o caudilho prosseguiu seu rumo político tranqüilamente. Mais ainda, Lula tornou-se o verdadeiro fiador do radicalismo de Hugo Chávez, já que em todos os momentos de inconformidade interna com os rumos políticos na Venezuela, ou de pressões externas sobre os abusos e desmandos perpetrados pelo líder venezuelano, o então presidente Lula saiu invariavelmente em seu auxílio. Afinal não foi Lula quem proclamou que nenhum regime era mais democrático do que o chavista?

Notas “chavistas” de Lula

Na verdade, a política externa do governo Lula passou a servir os interesses geopolíticos do “chavismo”. Basta mencionar a triste aventura diplomática em Honduras ou a humilhação sofrida na Bolívia, com a invasão das instalações da Petrobras por militares do país, sob a inspiração de Hugo Chávez.

No campo interno, Lula tentou por diversas vezes violar as regras do regime democrático.
Instigou movimentos sociais a desrespeitarem a lei e a propriedade e lhes deu abrigo no governo; procurou censurar a imprensa, com o “controle social da mídia”; flertou com a ideia de um terceiro mandato; promoveu o aparelhamento do Estado pelo PT; tornou a corrupção sistêmica, como bem está assinalado no processo do Mensalão, para “garantir a continuidade do projeto de poder do Partido dos Trabalhadores”. E com a tentativa de instaurar no País o PNDH-3, o lulo-petismo pretendeu subverter a organização do Estado e a autonomia de suas instituições, consagradas na Constituição, bem como impor uma “religião” laica, diametralmente oposta aos valores cristãos de nosso povo.

Estranho fascínio entre “conservadores”

Entre os que se deliciam em alimentar este “mito” da dualidade Lula x Chávez encontram-se estranhamente certos políticos ditos “conservadores”. Na América Latina, alguns deles, quando candidatos, para demonstrar repulsa a Chávez e a seu modelo autoritário, afirmam inspirar-se no modelo Lula.

É exatamente o que acaba de fazer o candidato único de oposição na Venezuela, Henrique Capriles Radonski, que deverá disputar as eleições presidenciais contra Chávez, em outubro deste ano. Escolhido em prévias da Mesa de la Unidad Democrática (coalizão de partidos de oposição ao chavismo), Capriles, atual governador do Estado de Miranda, afirmou inspirar-se no ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

“O que Lula fez no Brasil é o que Chávez faz na Venezuela”
A resposta a Capriles não tardou. Resposta direta, objetiva e dada por um alto dirigente petista, Valter Pomar, secretário de assuntos internacionais do Partido dos Trabalhadores (PT):

“É engraçado que a direita pretenda dizer que quer parecer-se a nós; o que Lula fez no Brasil é o mesmo que Chávez está fazendo na Venezuela”.

As declarações de Valter Pomar apareceram no canal oficial Venezolana de Televisión (8.mar.2012) e no próprio site do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV), o partido criado por Chávez para consolidar na Venezuela seu regime socialista totalitário.


Transcrevo a matéria:

“ Se me pergunta se o PT tem uma opinião acerca do que é melhor para a América Latina e o Caribe, eu não tenho dúvida: que vença Chávez. Uma vitória da direita na Venezuela causaria um enorme problema para os processos de integração. Seria negativo”, sentenciou o dirigente Valter Pomar, secretário de Assuntos Internacionais do Partido dos Trabalhadores (PT) do Brasil, ao anunciar que o partido governista brasileiro apoia a reeleição do presidente Hugo Chávez no pleito de 7 de outubro.

Disse ainda que as tentativas da direita venezuelana de apropriar-se das marcas, das bandeiras e dos projetos da esquerda representam uma conduta generalizada, em escala continental.

“Se não faz isso não tem a menor possibilidade eleitoral e em muitos países está acontecendo o mesmo. É engraçado que um candidato de direita diga aqui que deseja fazer o que a esquerda faz em outro país”, disse Pomar.

Desta forma o PT do Brasil respondeu ao candidato da oposição da Venezuela, Henrique Capriles Radonski, o qual afirmou que sua “visão progressista” é similar à do ex-presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, figura orgânica do Partido dos Trabalhadores.

“Não creio que um Governo como o de Capriles Radonski tenha interesses reais na integração. Há uma parte da direita latino-americana que se interessa pela integração, mas eles não têm interesse na integração entre os povos. Essa é uma diferença fundamental”, asseverou Valter Pomar.

Reafirmou que somente a esquerda latino-americana garante a integração entre os povos, com governos como o do presidente Hugo Chávez. Por isso, reafirmou que o mandatário venezuelano garante a marcha rumo à unidade latino-americana.

Por último, sublinhou: “O que fazemos no Brasil, com o governo de Lula que esteve oito anos na presidência, é o que Chávez fez aqui e está fazendo e queremos que continue fazendo. Por isso, para nós é engraçado ver que a direita pretenda dizer que quer parecer-se ao que estamos fazendo no Brasil (Reuters/Agencias/VTV). ”

As declarações de Valter Pomar não são apenas uma resposta a Capriles Radonski. São uma resposta a todos aqueles que alimentaram e alimentam esse “mito”, por má-fé, por comodismo ou por ingenuidade.

O PT quer o chavismo para a Venezuela!

Não é por acaso que, segundo revelou o jornal El Universal, de Caracas, José Dirceu viajou à Venezuela, acompanhado do embaixador do País em Brasília, para colaborar com a campanha de Hugo Chávez à Presidência.

O PT quer o chavismo também para o Brasil!

O lulo-petismo tem um projeto de hegemonia político-ideológico que utiliza as regras e as instituições do regime democrático para asfixiar a própria democracia.

Como um post-scriptum: por que motivo a mídia brasileira fez absoluto silêncio a respeito destas declarações de Valter Pomar?

José Carlos Sepúlveda da Fonseca
15 Março 2012

A PANDEMIA PORNOGRÁFICA: ESTAMOS INUNDADOS DE PORNOGRAFIA

Artigos - Cultura

O vício da pornografia é agora comum entre adultos e é até mesmo um problema crescente para crianças e adolescentes. Poucos dos que são viciados conseguirão ajuda, e as consequências podem durar a vida inteira, de forma grave.

Numa conversa com um padre em minha diocese, compartilhei o relatório do meu diretor espiritual de que de cada duas confissões que ele ouve de homens, uma envolve o pecado da pornografia. A resposta do padre foi chocante: “Oh, é muito pior do que isso!” Desde então, essa triste realidade vem sendo confirmada por muitos outros: O pecado da pornografia está assolando os homens católicos.

A pornografia é agora mais popular do que o futebol. Aliás, se tornou o passatempo dos Estados Unidos, e estamos inundados de pornografia. A pornografia está em nossos computadores, em nossos smartphones e nossas TV a cabo ou satélite. É comum em nossos hotéis e até mesmo em muitos estabelecimentos comerciais e postos de gasolina. Para muitos homens — e cada vez mais, mulheres — é parte de suas vidas diárias.

Contudo, o ensino católico sobre o assunto é claro. O uso da pornografia é uma “ofensa grave”. O Catecismo da Igreja Católica declara: “A pornografia… é uma ofensa contra a castidade porque perverte o ato conjugal, a doação íntima dos cônjuges um para o outro. Provoca grave dano à dignidade de seus participantes (atores, vendedores, o público), pois cada um se torna um objeto de prazer vil e lucro ilícito para outros” (2354).

No livro A Vida de Cristo (Life of Christ), o arcebispo Fulton J. Sheen escreveu: “A pena para aqueles que vivem perto demais da carne é jamais entenderem o espiritual”. A pornografia explícita na internet oferece um oceano de perversão.

Leva a mente aonde jamais deveria ir, soltando suas amarras morais e deixando-a a deriva num traiçoeiro oceano de pecado. Esse é o destino trágico daqueles que se entregam à pornografia: Eles se acham só com suas imagens e um apetite insaciável por mais.

Embora seja assombroso para muitos, os usuários de pornografia acabam pondo a religião, o casamento, o trabalho e as amizades em segundo lugar depois de seu desejo por pornografia. Eles querem mudar, voltar à vida como era antes da pornografia, mas a maioria voltará e descerá muito mais. A Dra. Mary Anne Layden, diretora do Programa de Trauma Sexual e Psicopatologia do Centro de Terapia Cognitiva da Universidade da Pensilvânia, assemelha a pornografia ao crack. Num depoimento juramentado no Senado dos EUA em novembro de 2004, ela comentou: “Esse material é potente, viciador e fica permanentemente implantado no cérebro”.

Lamentavelmente, para o consumidor normal de pornografia, a confissão e contrição são geralmente insuficientes para se desprender da pornografia porque, como o vício das drogas, a pornografia não é só um mau hábito — é muitas vezes um vício.

Um desejo que não satisfaz

O vício da pornografia é agora comum entre adultos e é até mesmo um problema crescente para crianças e adolescentes. Poucos dos que são viciados conseguirão ajuda, e as consequências podem durar a vida inteira, de forma grave.

A força viciadora da pornografia é consequência de mudanças neuroplásticas de longa duração, às vezes permanentes, no cérebro. O psiquiatra Norman Doidge, autor do livro best-seller “O Cérebro que se Transforma” (The Brain That Changes Itself, Penguin, 2007), escreve: “A pornografia, ao oferecer um harém interminável de objetos sexuais, hiperativa o sistema apetitivo. Os que veem pornografia desenvolvem novos mapas em seus cérebros, com base nas fotos e vídeos que veem. Pelo fato de que se não exercitarmos nosso cérebro, ele ficará fraco, quando desenvolvemos uma área de mapa, ansiamos mantê-la ativada. Exatamente como nossos músculos se tornam impacientes para exercício se ficamos o dia inteiro sentados, assim também nossos sentidos têm fome de ser estimulados” (108).

Com a pornografia, em outras palavras, o sistema de prazer de nosso cérebro que excita nossos desejos é ativado, mas não há real satisfação. Isso explica a razão por que usuários conseguem passar horas sem fim fazendo busca por pornografia na internet.

Doidge comenta, além disso, que os que veem pornografia desenvolvem tolerâncias de modo que eles precisam de níveis cada vez mais elevados de estímulo. Por isso, eles muitas vezes avançam para pornografia mais explícita e pervertida. Mais de uma década atrás, Margaret A. Healy, professora adjunta da Escola de Direito da Universidade Fordham, e Muireann O’Brian, ex-diretora da organização Acabe com a Pornografia, Prostituição e Tráfico de Crianças (APPTC), observaram uma ligação entre pornografia adulta e infantil. Desde aquele tempo, grande número de autoridades policiais, em atividade ou aposentadas, notou que muitos consumidores de pornografia adulta acabam avançando para a pornografia infantil, ainda que não sejam pedófilos e não tivessem nenhum interesse em tal material no início. Essas descobertas explicam, em parte, a prevalência de pornografia infantil no mundo de hoje.

Ver pornografia muda a atitude do usuário para com o sexo, seu cônjuge e a sociedade. Ele ou ela usa fantasias sexuais para se estimular sexualmente, tenta fazer com que os parceiros imitem as cenas pornográficas, tem mais probabilidade de se envolver em assédio sexual ou agressão sexual, e vê o sexo como um privilégio casual, não íntimo e recreativo. Laydon e outros psicólogos clínicos relataram que, ironicamente, a disfunção erétil é comumente associada ao constante uso da pornografia entre os homens. Um dos motivos para isso é que a constante busca de imagens sexuais e masturbação que muitas vezes acompanha isso levam à insatisfação com o próprio cônjuge. Afinal, a esposa de um homem não consegue manter uma imagem que compita com as mulheres no mundo de fantasia dos vídeos e imagens pornográficos. O consumidor normal de pornografia se prepara para desapontamentos e desintegração quase certa de seu casamento.

O amor conjugal foi feito para ser uma entrega total de si para um parceiro permanente e fiel. É uma entrega confiante e abnegada. Em contraste, o sexo pornográfico é egoísta, degradante e mecânico. Em sua catequese sobre a teologia do corpo, o Papa João Paulo 2 frisou que existe uma “bondade moral” no casamento, que é a fidelidade. Essa bondade pode ser adequadamente alcançada apenas no relacionamento exclusivo de ambas as partes. Muitas pessoas não conseguem compreender essa bondade singular e se contentam com o excitamento temporário, pervertido e insatisfatório da pornografia.

Protegendo nossas crianças

Um pai tem o dever de proteger seus filhos da pornografia e uma obrigação sagrada de dar um exemplo de pureza para sua família. Que maior autoridade poderia um pai ter acerca dos danos da pornografia do que as palavras de Cristo? “Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” (Mateus 5:28)

Se você se tornou consumidor de pornografia, faça a seguinte pergunta para você mesmo:

Será que sou o mesmo homem que prometeu fidelidade à minha esposa no dia do meu casamento? Não dá para se manter fidelidade se há consumo de pornografia. As esposas de consumidores de pornografia se sentem como se seus maridos estivessem cometendo adultério. Adultérios mentais são tão destrutivos quanto os adultérios do coração.

Os advogados que trabalham com divórcio relatam que há uma elevada correspondência entre consumo de pornografia e divórcios. Determinado estudo de 2004 na revista Social Science Quarterly com o título de “Adult Social Bonds and Use of Internet Pornography” (Vínculos Sociais Adultos e Uso de Pornografia de Internet) revelou que as pessoas que têm um caso extraconjugal tinham uma probabilidade três vezes maior de ter acessado a pornografia de internet do que as pessoas que não tinham casos. Além disso, aqueles que tiveram alguma experiência de sexo pago tinham uma propensão 3,7 maior de estar usando pornografia de internet do que aqueles que não tiveram.

Se você tem um hábito de pornografia, seus filhos poderão seguir seu hábito.

Muitos viciados em pornografia relatam que sua primeira exposição à pornografia foi quando descobriram a coleção de pornografia de seus pais, a qual os iniciou numa vida de confusão e exploração sexual. Uma pesquisa de 2006 do Centro Nacional de Crianças Desaparecidas e Exploradas revelou que 79 por cento dos jovens sofrem exposição indesejada à pornografia dentro de casa.

Para uma criança, a pornografia normaliza os danos sexuais, de acordo com a Dra. Sharon Cooper, pediatra da Universidade da Carolina do Norte. “As pesquisas mostram que o córtex pré-frontal — onde reside a capacidade de avaliar, o bom senso, controle de impulsos e emoções — só fica completamente maduro quando o jovem tem 20-22 anos de idade”, explicou ela. A introdução da pornografia no córtex pré-frontal do cérebro é, pois devastadora para as principais áreas do desenvolvimento de uma criança e pode provocar alterações que durarão a vida inteira. “Quando uma criança vê pornografia adulta… o cérebro dela a convencerá de que ela está realmente experimentando o que está vendo”, acrescentou Cooper. Em outras palavras, o que uma criança vê na pornografia é o que ela acredita que é a realidade.

Algumas crianças realmente procurarão imitar o que veem na pornografia e tentarão experiências com seus irmãos, parentes e amigos. Muitos estudos mostram que crianças expostas à pornografia iniciam a atividade sexual muito precocemente, têm mais parceiros sexuais e têm múltiplos parceiros num curto período de tempo. Um estudo de 2001 na revista Pediatrics também revelou que meninas adolescentes expostas a filmes pornográficos têm sexo mais frequentemente e têm um desejo forte de engravidar.

Há ajuda e esperança

Felizmente, há organizações, conselheiros e recursos que fornecem esperança para aqueles que sofrem dos efeitos destrutivos da pornografia em crianças, casamentos, relacionamentos e sociedade. Muitos que estão viciados — adultos e crianças igualmente — receberam ajuda por meio de aconselhamento ou instruções detalhadas online oferecidas por serviços de restauração.

Entretanto, é muito importante que cada pessoa e cada família faça uma checagem da realidade. Pergunte para você mesmo se você e sua família estão protegidos do flagelo da pornografia. Você exerce controle adequado do que seus filhos veem ou tem softwares de filtragem no computador de sua casa? O computador está numa área aberta de sua casa? Se você tem filhos, você já conversou com eles acerca do custo espiritual e social da pornografia?

Você tem canais pagos de satélite ou a cabo em sua TV que oferecem pornografia em pacotes normais?

Se você está vendo pornografia ou material indecente, você está prejudicando sua própria alma e talvez a alma de seus filhos e seu cônjuge. O aviso bíblico é sério: “Se teu olho te faz pecar, arranca-o” (Marcos 9:47) No mínimo, certifique-se de que seu computador em casa e no escritório tenha filtros e que você tenha um “companheiro a quem prestar contas” — talvez sua esposa ou um bom amigo — que tenha acesso ao seu computador e aos sites que você visita. Em conclusão, envolva-se na guerra contra a pornografia. Vale a pena lutar por você, sua família e sua nação.

Patrick A. Trueman é o presidente de Morality in Media. Membro do Conselho São Francisco Xavier 6608 em Buffalo, Minnesota, Trueman serviu como diretor da Seção de Exploração e Obscenidade Infantil da Divisão Criminal do Ministério da Justiça dos EUA, durante os governos dos presidentes Ronald Reagan and George H.W. Bush.

Há numerosos recursos para ajudar homens e mulheres com vício pornográfico. Eis apenas alguns em inglês:

* How to Deal with Your Sexual Addiction

* Porn Addiction – Identification and Help.

* Catholic Porn Help for Those Struggling with Pornography &Resources for Men Desiring to Maintain Their Purity

Dá para se encontrar muitos outros pesquisando a internet.

Patrick Trueman
15 Março 2012

Tradução: Julio Severo
Fonte: http://noticiasprofamilia.blogspot.com
Veja também este artigo original em inglês: http://www.lifesitenews.com/news/the-pornographic-plague