"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

"INVENTORES DE ESCÂNDALOS"


 

Ficamos sabendo pelo jornal francês “Le Monde” que a presidente Dilma, que está de viagem por aquelas paragens, não tolera a corrupção.

Bom que o “Le Monde” nos avisou, porque a presidente, que estava mais uma vez na Europa para ensinar aos tacanhos governos austeros como é que se cresce perto de 1% ao ano arrecadando 35% do PIB em impostos e estourando as contas fiscais, não toca muito nesse assunto quando está entre nós.

Diria alguma alma maligna que não se fala de corda em casa de enforcado, porque a grei política (para usar um termo que o Estadão usava em editoriais algumas décadas atrás) à qual a presidente pertence, tem andado às voltas com alguns problemas bastante próximos a essa areia movediça que genericamente chamamos de corrupção.

Nem bem terminou o julgamento do Mensalão, do qual ainda sobraram algumas pendências complicadas, tal como a cassação ou não do mandato de parlamentares envolvidos, eis que a malvada roda da conspiração midiático-elitista-reacionário-burguesa volta a movimentar-se.

Como se não bastasse os conspiradores defenderem abertamente a tese retrógrada de que os condenados devem cumprir as penas que receberam, a máquina conspiratória não para de inventar novas histórias, com a ajuda inestimável da máquina de criar fábulas da Polícia Federal, do Ministério Público e da Procuradoria-Geral da República.

Surgiu o caso Rosemary Névoa, a senhora muito influente que era chefe do gabinete da Presidência em São Paulo e que nomeava diretores de agências reguladoras especialistas em negociar pareceres técnicos em benefício de certas empresas.

Ela foi defenestrada rapidamente pela presidente da República enquanto seus protegidos eram presos pela Polícia Federal.

Fofocou-se à vontade sobre a vida privada de dona Rosemary, quando na verdade o que deveria importar à Nação era o que ela fazia da vida pública, que é o que realmente nos interessa.

Enquanto a máquina de desmentidos pró-governo era posta a funcionar a todo vapor e o caso Rosemary começava a esvair-se no infinito emaranhado de escandalinhos e escandalões que já embaça a memória dos brasileiros, eis que emerge das trevas a voz soturna de Marcos Valério para reinaugurar com ares de novo um escândalo velho: ele disse à Procuradoria Geral da República que parte do dinheiro do mensalão pagou contas do ex-presidente Lula.

Nunca antes na História deste País uma presidente da República que detesta a corrupção e que já tinha demitido sete de seu governo por conta de denúncias , foi tão contrariada.

Só há uma explicação para isso: tem gente no governo que não gosta dela e inventa escândalos só para deixá-la nervosa.

14 de dezembro de 2012
Sandro Vaia,  com Blog do Noblat - Veja Online

"DIÁLOGOS CONTEMPORÂNEOS"

 
Contando ninguém acredita, mas é fato, é grampo, e está nos autos. Num dos diálogos digitais de Rose Noronha e Paulo Vieira ela está muito preocupada com o mensalão e se o Zé Dirceu vai ser preso. Ele a tranquiliza, assegurando que o Zé vai pegar no máximo 4 anos, e depois sua alma revolucionária se inflama: "Nós temos que ir para as ruas pela transparência da Justiça. Vamos parar o Brasil. O PT é bom nisso." Rose promete mandar um e-mail ao seu amigo PR.
 
Um pilantra indiciado por cinco crimes fala do mensalão como se fosse as Diretas Já, a campanha da anistia, ou o impeachment de Collor, e como se o PT tivesse feito tudo sozinho. Ou é de um cinismo antológico ou eles ainda vivem dos velhos mitos idealistas, das grandes mobilizações sindicais, da esperança que levava multidões às ruas por liberdade, democracia e ética na política. Seria a primeira vez na história que uma greve geral pararia um país para defender a corrupção e a impunidade.

Vieira e Rosemary são arquétipos de companheiros que já mentiram tanto para eles mesmos que acabaram acreditando nas velhas lorotas da honestidade inabalável do PT e seu poder de mobilizar multidões, de parar o País e, se for o caso ou a causa, até derrubar no grito um governo eleito ou um Judiciário que "traia o povo". Eles são seus próprios juízes, quem não concordar é de direita ou golpista.

Até o petista roxo Ricardo Kotscho, ex-porta-voz de Lula, escreveu em seu blog, avermelhando a milícia digital, que Lula e o PT têm que dizer alguma coisa sobre o "Rosegate" e que não dá mais para o partido continuar na velha tática de culpar os adversários por todos os seus erros.

Ou pior, se defender de qualquer acusação dizendo que os adversários já fizeram antes. E ficaram impunes.

Nem os militantes com pelo menos três neurônios aguentam mais isso, até o Tarso Genro já disse que é preciso mudar o disco. A quem esses "blogueiros progressistas", todos regiamente patrocinados por estatais, pensam que enganam? Estão ganhando para pregar para convertidos.

14 de dezembro de 2012
Nelson Motta
O Estado de São Paulo

BASTIDORES DO PODER

Estratégia dos procuradores para investigar Lula, o chefe da gangue

 
Como Lula será investigado. Conheça a estratégia dos procuradores da República para apurar o suposto envolvimento do ex-presidente com a quadrilha do mensalão. Quais serão as primeiras contas rastreadas e como o governo e o PT preparam a reação


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ALVO
Procuradoria quer apurar se dinheiro do
mensalão bancou despesas de Lula

Dois anos depois de deixar o Palácio do Planalto, aclamado como um dos presidentes mais populares do País, Lula se depara com o constrangimento de ser alvo de investigação cujo processo correrá na primeira instância da Justiça Federal. As recentes acusações de Marcos Valério, de que o esquema do mensalão teria ajudado a bancar despesas pessoais do ex-presidente em 2003, motivaram, nos últimos dias, a realização de uma série de reuniões entre o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, subprocuradores e pelo menos quatro ministros do STF, entre eles o presidente do Tribunal, ministro Joaquim Barbosa.

Nos encontros, ficou acertado que, logo depois do julgamento do mensalão, Gurgel irá pedir a abertura de um novo inquérito para apurar as denúncias de Valério que supostamente envolveriam diretamente o ex-presidente. Em depoimento à Procuradoria-Geral da República prestado no dia 24 de setembro, Valério disse que depositou, por intermédio de suas empresas de publicidade, cerca de R$ 100 mil na conta da empresa do ex-assessor da Presidência Freud Godoy. Segundo Valério, os recursos seriam destinados a custear gastos particulares do então presidente.

Gurgel se diz muito irritado com o vazamento do depoimento de Valério, colhido por sua esposa e pela procuradora Raquel Branquinho, pois isso acabou criando um ambiente de pressão sobre o MP. Mesmo assim, Gurgel entende que a Procuradoria será obrigada a aprofundar as investigações sobre Freud Godoy, uma espécie de faz tudo de Lula, sob risco de prevaricação.

Ainda há dúvidas se o inquérito será aberto logo após a aplicação das penas ou depois de transitado em julgado o processo do mensalão. Mas, por temer que a Procuradoria possa ser usada por Marcos Valério para chantagens políticas ou para benefício próprio, Gurgel e os subprocuradores definiram que o melhor caminho é mesmo uma nova investigação.

Em conversas com subprocuradores e ministros do STF, na última semana, ISTOÉ obteve informações sobre a estratégia dos procuradores da República para apurar o suposto envolvimento de Lula com o mensalão e qual será o caminho da investigação.

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O primeiro passo será designar um procurador para ficar responsável pelo caso. Já se sabe que as primeiras contas rastreadas serão as das empresas em nome de Freud Godoy, como a Caso Sistemas de Segurança e a Caso Comércio e Serviços Ltda. Num primeiro momento, porém, a Procuradoria não vai ouvir nenhum depoimento.

Nessa fase inicial do inquérito, caberá ao procurador reunir, com base nas apurações já feitas pelos Legislativos e Judiciários estaduais, o maior número de documentos já produzidos nas investigações sobre Marcos Valério. Além de fazer um pente-fino sobre o que já foi investigado, o procurador escalado para o caso terá a tarefa de buscar os elos entre Valério e o ex-assessor Freud Godoy.

A CPI dos Correios, instalada em 2005 no Congresso na esteira do escândalo do mensalão, será uma das fontes de informação deste novo inquérito. Na CPI, poderão ser encontrados depoimentos do próprio Freud Godoy e notas fiscais emitidas por suas empresas entre 2003 e 2006.

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NOVO PROCESSO
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel (acima), está convencido da
necessidade da abertura de um inquérito para apurar as revelações de Marcos Valério (abaixo)
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Depois de realizado o raio X sobre as investigações já abertas contra Valério e Freud Godoy, aí sim será inaugurada a fase das oitivas das novas testemunhas. De acordo com interlocutores de Gurgel, o primeiro a ser ouvido será o próprio Valério. Em seguida, Godoy. Como os envolvidos não possuem foro privilegiado – nem mesmo o ex-presidente –, o novo inquérito correrá na primeira instância da Justiça Federal. No PT e entre os interlocutores mais próximos de Lula, esse fato foi enxergado de duas maneiras.

A primeira, negativa: as investigações estarão sujeitas à canetada de um juiz, que terá a prerrogativa de, por exemplo, aprovar a quebra de sigilos fiscais e telefônicos. Mas a situação também dará aos investigados a possibilidade de apresentar recursos às instâncias superiores da Justiça, como TRF, STJ e até ao STF, ampliando os recursos da defesa.

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Apesar do interesse de Valério em obter vantagens com os novos depoimentos, em princípio o processo não irá favorecê-lo. A não ser que as investigações comprovem a consistência de suas revelações ao Ministério Público Federal. Mas se, de outro lado, o depoimento de Valério se revelar incongruente ele ficará sujeito a ser alvo de um novo processo, dessa vez por emitir falso testemunho ou até por calúnia.

Em 24 de setembro, além das denúncias contra Lula, Valério encaminhou alguns documentos à Procuradoria da República, mas eles pouco contribuem para a futura investigação e não mostraram nada de novo aos procuradores. Entre os documentos está a cópia de um depósito de R$ 98 mil feito para a empresa de Freud Godoy, que, segundo Valério, pagaria as despesas pessoais do ex-presidente.

O depósito efetivamente ocorreu, mas os procuradores já sabiam disso, pois tal fato foi levantado durante da CPI dos Correios. Agora, o novo inquérito irá detalhar esse caso. O procurador tentará descobrir o caminho percorrido por esse dinheiro depois de creditado na conta da empresa de Freud. A versão de Godoy é de que o dinheiro – cerca de R$ 100 mil – teria sido usado para bancar gastos relativos à segurança durante a posse de Lula.

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CASO SANTO ANDRÉ
Inquérito vai apurar compra de jornal pelo
empresário Ronan Maria Pinto

Os procuradores também pretendem anexar ao novo inquérito a investigação já realizada pelo MP de Santo André envolvendo a compra do jornal “Diário do Grande ABC” pelo empresário Ronan Maria Pinto. No depoimento à Procuradoria-Geral da República, Valério afirmou que o PT teria pedido a ele R$ 6 milhões para que Ronan parasse de chantagear o ex-presidente Lula, o então secretário da Presidência Gilberto Carvalho e o ex-ministro José Dirceu.

Por trás das ameaças estaria a morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), executado em janeiro de 2002. Para o MP de Santo André, existem fortes suspeitas de que houve lavagem de dinheiro na aquisição do jornal, segundo indicam documentos em poder dos procuradores. O modo de operar o esquema seria semelhante ao do mensalão, com as verbas publicitárias sendo repassadas por meio de anúncios das empresas de Valério a terceiros.

“Entendo pelo depoimento de Marcos Valério que Ronan fez uma extorsão, recebeu aquele valor e lavou o dinheiro na compra do jornal”, diz o promotor criminal de Santo André, Roberto Wider, que promete abrir uma investigação sobre o caso. Para Wider, a suspeita de possíveis irregularidades na venda ganha força porque na época o periódico comprado por Ronan recebeu quase seis vezes mais verbas publicitárias de estatais do que os jornais paulistas de circulação nacional. “A suspeita de irregularidade é forte”, garante Wider.

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No campo político, a ordem no PT é tratar o depoimento de Valério como um gesto desesperado. Para blindar o ex-presidente Lula das acusações, durante a semana, o Planalto escalou ministros e integrantes do PT. O argumento repetido à exaustão é de que as denúncias são velhas, requentadas e o alvo é a imagem e a popularidade de Lula. De Paris, onde participou do Fórum do Progresso Social, além de afirmar que não se pronunciaria sobre “mentiras”, o ex-presidente articulou a reação.

Em conversas com Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, que também foi alvo das acusações de Valério, o ex-ministro Luiz Dulci e parlamentares do PT, especulou uma possível candidatura em 2014 e prometeu reeditar as caravanas da cidadania, com o objetivo de resgatar sua imagem.

“Encerrados os dois mandatos eletivos de presidente, continuo a fazer política porque tenho uma crença profunda na humanidade e na capacidade dos homens e das mulheres em lutar pela justiça”, declarou Lula, já em Barcelona, onde foi receber um prêmio do governo da Catalunha. Com a retomada das viagens, que Lula empreendeu pela primeira vez durante os anos 1990, pretende-se conseguir uma mobilização popular para manter alta a sua aprovação e fortalecê-lo como cabo eleitoral do PT.

14 de dezembro de 2012
Sérgio Pardellas - IstoE

ANDREA BOCELLI SENTE NA PELE A ROUBALHEIRA DA ERA LULA/DILMA

Andrea Bocelli diz ter recebido R$ 352 mil de show em Florianópolis que custou R$ 2,5 mi

  • Foto Rio News
    Andrea Bocelli durante apresentação única no Jockey Club de São Paulo, nessa quinta-feira (13)Andrea Bocelli durante apresentação única no Jockey Club de São Paulo, nessa quinta-feira (13)

O tenor italiano Andrea Bocelli disse à Justiça de Santa Catarina que recebeu apenas R$ 352 mil dos R$ 2,5 milhões que teriam sido pagos, segundo a Prefeitura de Florianópolis, por um show cancelado no Réveillon de 2009 na cidade. O empresário do cantor levou outros R$ 88 mil, elevando para R$ 440 mil as despesas com ele.

A informação dos valores está no depoimento do cantor prestado na noite dessa quinta-feira (13), no camarim do show que realizou no Jockey Club de São Paulo. Um oficial de Justiça e um intérprete tomaram o depoimento dele, com a mulher do artista como testemunha.

Bocelli disse que recebeu US$ 200 mil (na cotação da época, R$ 352 mil). O cancelamento foi decisão da prefeitura, não do cantor. Críticas na imprensa e ações na Justiça sobre gastança na festa da virada causaram o corte.

Em 9 de agosto passado, o TCE pediu a responsabilização do prefeito Dário Berger (PMDB), dos ex-secretários Augusto Hinckel, Mario Cavallazzi e Aloysio Machado Filho, além da empresa Beyondpar, organizadora do evento, por improbidade administrativa.

O conselheiro Salomão Ribas Junior pediu investigações para saber a quantia exata recebida por Bocelli - agora se sabe, de apenas R$ 352 mil. Em entrevistas na ocasião, Ribas disse que era preciso esclarecer "se se tratou de um show caro ou se houve desvio de recursos". Hoje, ele não estava disponível. A assessoria do prefeito Dario Berger, que deixa o cargo no fim do mês, não retornou as ligações do UOL.

O depoimento de Bocelli foi pedido pelo juiz Alexandre Rosa, da 4ª Vara Criminal de Florianópolis, numa ação criminal que corre em segredo de Justiça. O objetivo era saber por que houve dispensa de licitação na contratação do show. A resposta de Bocelli sobre os valores recebidos poderá agora servir ao TCE e à 4ª Vara.

14 de dezembro de 2012
Renan Antunes de Oliveira
Do UOL

SOMOS MAIS REALISTAS QUE OS REIS, EM TRÊS ATOS


Ato I

Brasil, um país em perene gestação. Se ao menos fosse um work in progress... Mas não é. É uma eterna chanchada. Vimos vindo do Janio até aqui numa corrida rumo ao nada. Tivemos uma luz com Mario Covas, mas o destino foi cruel conosco. Depois, outro brilho: Ruth Cardoso. Mas a coroa não era dela, era dele.

O Brasil é o tipo escarrado do novo rico sem categoria. Seu Lula e dona Dilma pegam o Aero-Lula e vão se exibir mundo a fora. Com ou sem necessidade, vão e levam amigos e amigas.
Como não temos berço, precisamos arrotar grandeza. Desde as toaletes – nada mais brega!
– até a hospedagem.

Imagine se vamos fazer feito Obama, Putin, Hu Jintao e outros pobretões e nos hospedar em nossas embaixadas. O que é isso? Nós, não. Vamos para o melhor hotel que houver. Dona Dilma agora, nessa viagem de SOS ao Lula, ficou no Le Bristol, em Paris (foto abaixo).


De Paris seguiu para Moscou. Comemora seu 65º aniversário lá. Num excelente hotel, isso não precisa dizer. Como será que se diz Happy Birthday em pa-ruski?

Ato II

Já não sei se foi no 'Entreatos' ou em algum desses longos depoimentos autolaudatórios que Lula fazia que eu o ouvi contar: “de noite, quando eu acordava com o estômago estufado, ia na geladeira tomar Coca-Cola escondido”.

Pois é, o grande líder da esquerda brasileira – a que ponto descemos, hein? – curvava-se ante o símbolo máximo da civilização americana. A pausa que refresca!

Pois foi a Coca-Cola que prestou uma das mais bonitas homenagens a Oscar Niemeyer: um pôster em seu Facebook que é uma pequena obra de arte, baseada nas curvas do Copan. E onde foi que eu encontrei esse pôster e o copiei? Na revista Exame, do grupo Abril, publicação voltada para o leitor capitalista.

Facebook da Coca-Cola - Foto Revista Exame
Mas os sabidos, os intelectuais de extrema direita, que não toleram ver quem pensa diferente deles ganhar dinheiro por seu trabalho, que ficam indignados ao saber que Chico Buarque tem apartamento em Paris, que Luis Fernando Veríssimo é de esquerda mas adora viajar e é um gourmet e tanto, os Ingos que acham Alexei um nome esquisito... será que eles em casa são verdadeiros democratas?

Porque o teste real da democracia não é o que dizemos em blogs ou em reuniões sociais. É o que fazemos em nossas casas e em nosso trabalho.

Ato III
O que é um espaço público.
Uma praça é um espaço público. A praça, é, como dizem, nossa. Mas nem por isso eu posso fazer o que me der na telha enquanto estou na praça.

O cinema é outro espaço público. Mas não posso, como espectadora, falar ao celular, conversar com o vizinho de poltrona, transar com meu namorado, abrir a cestinha de piquenique e traçar um frango assado com uma antártica gelada.

Uma livraria é um espaço público. Mas nem por isso eu posso me despir, jogar um travesseiro no chão e tirar uma soneca reparadora no meio do corredor.
A minha casa não é um espaço público. E eu não quero aqui dentro drogados, pessoas que desrespeitem minha religião, ou que resolvam, porque estão de mau humor, atirar minhas porcelanas pela janela.

Este Blog não é um espaço público, nem é a casa de seu titular. Mas é dele e ele publica aqui quem ele quer e como quer. E ninguém tem nada a ver com isso. Toda sexta-feira é a mesma cantilena: o horror ao Dirceu lhe dá uma audiência fantástica. O marciano há de dizer: como esse sujeito é amado! Que nada. Entram aqui para dizer que não o leram ou para dar ordens ao titular do Blog para que suspenda a publicação.

Vamos e venhamos, isso já virou palhaçada! Não quer ler o que o Dirceu tem a dizer? Quem te obriga?
O gato ou o rato?

 
14 de dezembro de 2012
Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa

30 MORTOS EM ESCOLA PRIMÁRIA AMERICANA. ATIRADOR MATOU O PAI E A MÃE

 

Ao menos 27 pessoas teriam morrido, incluindo 18 crianças. Polícia suspeita que o pai de um dos alunos seja o atirador

Um ataque a uma escola primária deixou ao menos entre 27 e 30 mortos e vários feridos nesta sexta-feira em Connecticut, segundo informações da agência AP e canais de TV. Ao menos 18 ou 20 das vítimas seriam alunos da Sandy Hook Elementary School, afirma a agência. O diretor e o psicólogo da escola também foram mortos. Informações iniciais indicam que o suspeito, Ryan Lanza, é um homem de 24 anos de Nova Jersey. Ele seria pai de um dos alunos.

Atualização das 17h55 - O atirador matou o pai antes de sair de casa. E a mãe na escola onde ela era professora e dava aula. Depois de matá-la, atirou nos alunos dela.







Fotos: Reuters

Leia mais em Ataque a escola primária deixa dezenas de mortos em Connecticut

14 de dezembro de 2012
O Globo

LEITE DERRAMADO

 



O que é uma crise? Depende da situação. Tanto pode refletir uma instabilidade momentânea quanto designar um momento de ruptura.

A questão da perda dos mandatos dos deputados condenados no processo do mensalão não se enquadra em nenhuma das duas hipóteses. Não há perturbações objetivas no presente nem risco de rompimentos futuros.

Falar em crise institucional entre os Poderes Legislativo e Judiciário é, portanto, mera figura de retórica. Serve a um teatro montando para atender a dois interesses.

De um lado, o intuito de desqualificar as decisões do Supremo Tribunal Federal. De outro, a tentativa oportunista do Congresso de fazer o papel de vítima para passar um verniz em sua arruinada imagem com o discurso de defesa do Estado de Direito.

Não haverá confronto entre STF e Parlamento pela simples razão de que para isso é preciso disposição das duas partes. Se a Câmara for de fato à guerra, caso o voto de minerva do ministro Celso de Mello determine a cassação dos mandatos, vai ficar falando sozinha. O Judiciário não entra na briga.

O Supremo não vai ao ringue, dá sua sentença e ponto. A Câmara fica com o esperneio e as consequências de postergar uma decisão que inexoravelmente terá de ser cumprida quando estiver tudo transitado em julgado.

Nesse meio tempo o Congresso ficará sangrando em praça pública como soldado do mau combate. Os parlamentares alegam que defendem a legalidade, o princípio do equilíbrio e da independência entre Poderes.

Para começar, os ministros votam baseados na Constituição. Presente a ambiguidade expressa em dois artigos, vencerá não a vontade, mas a interpretação jurídica da maioria.
Caso a decisão venha a ser a pretendida pela Câmara, ou mesmo se não for e houver revisão na fase dos embargos, os deputados ficam com a palavra final.
 
Muito bem, é de se perguntar o que fará com ela. Uma resposta que pode dar em breve em relação ao deputado Natan Donadon, cujos recursos ao STF acabam de ser recusados.
 
Se pretender preservar os mandatos, precisará explicar à sociedade porque não vê mal em ter presidiários entre seus pares. O Parlamento não tem moral para tanto. Bem como carece de autoridade para se apresentar como guardião constitucional.
 
Tal apreço à Constituição não se manifesta na prática. Constantemente o Congresso ignora seus mandamentos, entre os quais o cumprimento de suas funções de legislar conforme o interesse público e fiscalizar os atos de governo com independência.
 
No lugar disso, cada vez mais abre mão de suas prerrogativas para se curvar às ordens do Planalto. Desequilíbrio existe, mas decorre da subserviência do Legislativo em relação ao Executivo.
O Judiciário não tem nada com isso. Muito menos pode ser acusado de usurpar do Congresso autonomia há muito e por vontade própria perdida.
 
Longo prazo. O processo contra o deputado Natan Donadon, condenado por peculato e formação de quadrilha, chegou ao fim dois anos depois da sentença, mas estava pronto para votação desde novembro de 2011, quando a relatora Cármen Lúcia concluiu seu trabalho.
 
De lá para cá, entrou na pauta do plenário 13 vezes. Se ontem tivesse havido sessão do mensalão, teria sido o 14.º adiamento.
 
Trata-se de um caso de apenas um réu, cujo advogado apresentou uma petição de 104 páginas alegando a existência de omissões, contradições e obscuridade no acórdão do tribunal.
 
Na ação 470 são 25 réus. Todos têm direito a esse tipo de recurso, o embargo de declaração. Para os que receberam quatro votos pela absolvição, cabe também o embargo infringente para tentar alterar as sentenças.
 
De onde não pode ser vista como pessimista a previsão do procurador Roberto Gurgel de que os mensaleiros tenham suas penas executadas só em 2014.

14 de dezembro de 2012
Dora Kramer - O Estado de S.Paulo

COMO A QUADRILHA DE ROSE TENTOU MELAR O JULGAMENTO DO MENSALÃO

Trecho da reportagem de capa de ÉPOCA deste fim de semana


Às 9h47 do dia 12 de novembro deste ano, a chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, ou Rose, ligou para Paulo Vieira, diretor da Agência Nacional de Águas, espécie de operador jurídico da quadrilha descoberta pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro.

No telefonema de 11 minutos, interceptado pela PF e a que ÉPOCA teve acesso, os dois não discutem como vender facilidades a empresários interessados em canetadas do governo – nem a distribuição do butim da quadrilha, conforme já se revelou. Ambos discutem o julgamento do mensalão.

Naquele dia, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como já se esperava, viriam a definir as penas dos principais integrantes do núcleo político do mensalão: os petistas José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. Na conversa, Paulo Vieira pede a Rose que consiga o apoio de Dirceu para as articulações secretas que ele, Paulo, fazia em Brasília. Elas tinham um objetivo claro: tumultuar o julgamento. Ou, ao menos, impedir que os mensaleiros cumprissem suas penas.

"Eu vou protocolar amanhã ou quarta aquela outra questão que eu queria que você mostrasse para o JD (José Dirceu). Você lembra qual é, né?”, diz Paulo Vieira no diálogo.

Embora ele não tenha especificado a que “questão” se referia, naquele momento integrantes da quadrilha dos pareceres – Paulo Vieira, o deputado Valdemar Costa Neto, condenado pelo mensalão, e o empresário e ex-senador Gilberto Miranda – movimentavam-se nos bastidores para pressionar os ministros do Supremo a mudar votos, aliviar nas penas ou acatar futuros recursos dos advogados dos réus.

Queriam até nomear um amigo para o STF, na vaga aberta pela aposentadoria do ministro Carlos Ayres Britto. Contavam com a proximidade de Rose com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com Dirceu, como demonstram as provas reunidas pela PF. Os delegados miravam na quadrilha dos pareceres. Acabaram acertando numa operação para melar o julgamento do mensalão.

Na conversa, Rose sabia do que Paulo falava. Mas Paulo estava preocupado com a disposição de Dirceu em articular ao lado da quadrilha: “Não sei se o JD está com cabeça para mexer com essas coisas”. Rose o tranquiliza: “Eu vou viajar com ele (Dirceu) no feriado. Nós vamos para a Bahia. Eu converso bastante com ele. (…) Ele não pode ficar preso dentro de casa, né. A vida corre. Eu falo com ele. Eu tive com ele no feriado, eu falo com ele”. Paulo pergunta, então, como está o ânimo de Dirceu. Rose diz: “Está bastante chateado. Estão preparando umas coisas. (…) É o Gilberto Miranda que está ajudando ele. Estão fazendo várias reuniões na casa dele”.

Paulo conhecia essas articulações – participava delas. “Isso eu tenho mais ou menos ideia do que eles estão falando”, diz ele. Ato contínuo, Rose conta como ficou sabendo das articulações: “Ele (Dirceu) me disse… A mulher dele (de Dirceu, Evanise Santos) disse que eles têm reunião lá na casa dele (Gilberto Miranda)”. Paulo diz: “O Gilberto Miranda é muito bem (sic) para articular, viu. (…) Eu não sabia que eles estavam apostando tantas fichas dessa questão, tá”. “Parece que tão”, diz Rose.

Paulo sonda Rose sobre a eventual participação de Lula nas operações de bastidores para melar o julgamento. De acordo com a PF, quando ambos falam de “Deus”, é a Lula que se referem. Segue-se o diálogo:

– Eu não sabia que o JD (Dirceu) tava dando esse peso todo para o Giba (Gilberto Miranda), não. Mas eu continuo apostando que o melhor peso que tem é o… Deus, viu – diz Paulo.

– É, mas ele não vai fazer absolutamente nada – responde Rose.

– Você está achando que Deus não está a fim de…

– Não! Eu acho que não está a fim, não.

– É! Às vezes ele tem medo de arrumar confusão, né, Rose?

Antes que Rose explicasse a que problemas se referia, Paulo a interrompe. Diz que eles não podem “falar essas coisas por telefone”. Paulo, porém, não seguia o próprio conselho. Muito menos os demais integrantes da turma conhecida como quadrilha dos pareceres – uma turma que, agora se descobre, era bem mais influente do que se imaginava.

ÉPOCA teve acesso, com exclusividade, ao relatório que a PF preparou sobre todas as autoridades que conversavam com integrantes da quadrilha ou eram por eles citadas – aqueles que fazem jus a foro privilegiado na Justiça. No documento de 98 páginas, há um capítulo para cada uma das 18 autoridades.

Cada capítulo descreve em detalhes as circunstâncias em que elas aparecem nas investigações. Estar no relatório, é bom deixar claro, não significa integrar a quadrilha; nem é prova de algum crime – embora, em alguns casos, como de Valdemar Costa Neto, as evidências sejam fortes.

Como essas autoridades têm o privilégio de ser investigadas e, eventualmente, julgadas nos tribunais de Brasília, os delegados da PF enviaram o relatório, na quarta-feira da semana passada, ao presidente do STF, Joaquim Barbosa, e ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Caberá aos dois avaliar se há elementos suficientes para iniciar uma investigação.

14 de dezembro de 2012
in ricardo noblat

TENTARAM MELAR O JULGAMENTO DO MENSALÃO

 

A Polícia Federal atirou no que viu e acertou no que não viu. Atirou no comércio de pareceres fraudulentos bancado pela quadrilha encabeçada pelos irmãos Vieira (Paulo e Breno) e Rosemary de Noronha, ex-chefe de gabinete da presidência da República, em São Paulo.
Acertou numa manobra promovida pela quadrilha e seus comparsas para tentar melar o julgamento do processo do mensalão.

Esse é o tema de capa da revista ÉPOCA, que começará a circular amanhã.

ÉPOCA teve acesso à integra dos documentos que fazem partre da Operação Porto Seguro, encaminhados, esta semana, à Procuradoria Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal.

Ali são citadas várias cabeças coroadas da República - Sarney, Kassab, Adams, Advogado Geral da Unioão, dois ministros do Supremo (Dias Toffoli e Lewandowski), dois ministros do Superior Tribunal de Justiça e pelo menos seis deputados federais de vários partidos.

14 de dezembro de 2012
in ricardo noblat

FRASE DO DIA (EU CONSIDERO A DO ANO)


"Eu não tolero a corrupção, e meu governo também não."


Dilma Rousseff, em entrevista ao jornal francês Le Monde

14 de dezembro de 2012

UMA SOCIEDADE DOENTE

 

Alguém que entra armado numa escola, metido em um casaco à prova de balas, de posse de quatro armas de fogo, dispara mais de 100 vezes, mata cerca de 30 pessoas, entre elas de 18 a 20 crianças, e depois se mata, só pode ser doente.

Com toda a certeza é doente. Um doente tão grave que antes de sair de casa matou o pai, e que na escola foi direto à sala onde a mãe dava aula e a matou. Em seguida atirou nos 18 alunos dela.

Gente doente assim existe por toda parte, infelizmente. Embora apenas nos Estados Unidos esse tipo de tragédia costume se repetir com uma regularidade espantosa.

Foto: Reuters

Desde a chacina de Columbine, em 1999, onde 12 crianças e um professor foram mortos, ocorreram 18 episódios semelhantes nos Estados Unidos, quatro a mais que em todo o resto do mundo, segundo o jornal espanhol El País.

O que explica tantas mortes absurdas é a combinação perversa de uma série de razões - algumas delas históricas. Os americanos são individualistas por excelência. Ocuparam espaços ermos quando colonizaram o atual território onde vivem.

Como não contavam com proteção, nem acreditavam que governos incipientes fossem capazes de protegê-los, se armaram. E nunca mais se desarmaram.

O direito a ter uma arma virou até artigo da Constituição. Alastrou-se a cultura da violência, presente em todas as formas de manifestação. Nenhum país do mundo foi mais à guerra nos últimos 200 anos do que os Estados Unidos.

Arma e voto ali são parentes próximos. A indústria das armas é uma das maiores doadoras de dinheiro para campanhas eleitorais. Financia igualmente os partidos Republicano e Democrata.

Candidatos a a cargos eletivos não ousam enfrentá-la. Ou se beneficiam dela ou se calam. Somente este ano, 16.800.000 armas form vendidas, segundo o organismo que controla tal tipo de comércio. Não há controle sobre cerca de 40% das armas comercializadas.

Entre 2006 e 2011, a venda de escopetas cresceu cerca de 30%. No ano passado, de 14 mil assassinatos cometidos nos Estados Unidos, 10.000 o foram por armas de fogo. Em 2009, armas de fogo mataram por acidente 600 pessoas. Delas se valeram naquele ano 19 mil suicidas.

A ocorrência de tragédias como a de hoje em Connecticut não tem contribuído minimamente para endurecer as regras que orientam a venda de armas nos Estados Unidos. Pelo contrario. As regras têm amolecido. Há Estados onde ja é permitida a exibição de armas em locais públicos. E dentro de carros.


Um Obama com a voz embargada falou há pouco na tv solidário com os pais que perderam seus filhos. É só o que ele parece disposto a fazer.

14 de dezembro de 2012
in ricardo noblat

VAI, VIGARISTA... BOA VIAGEM!



Ele passou os dois últimos anos negando veementemente a existência do mensalão, mas a condenação de pessoas ligadas diretamente, comprovaram a veracidade do escândalo, esse fato abalou seu prestígio e para agravar tudo, sem que tenha tido tempo de respirar fundo, chegou ao conhecimento público as trapalhadas de sua amante Rosemary Noronha, e as acusações frontais de Marcos Valério, feitas à Procuradoria-Geral da República.

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Fontes palacianas, inclusive os mais próximos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, consideram nos bastidores que será inevitável uma investigação contra ele.

Por outro lado, a presidente Dilma Rousseff deu ordens para que todo seu ministério o ajude.
A partida foi dada por Gilberto Carvalho, que nessa quarta feira (12) disse que Lula está “profundamente indignado” com as declarações de Marcos Valério e que este não merece credibilidade alguma, pois mentiu tanto “nos detalhes quanto no conteúdo mais profundo”.

“Ele [Lula] está sem nenhum medo, apenas profundamente indignado com a atitude desse senhor e impressionado da credibilidade que, de repente, esse que era uma espécie de fábrica de males passa a ser agora tido agora como legitimo e digno acusador. Nós sabemos que não é, infelizmente não é”,

Para o ministro, Lula não deve se dar ao trabalho de responder às denúncias classificadas por ele como “falácia”.

A defesa feita por Carvalho perde substância, quando se ouve João Bosco Rabello, diretor da sucursal de Brasília do Estadão. Ele afirma que o depoimento de Valério chama a atenção por sua substância (veja o vídeo – “Novo depoimento de Valério encaixa peças que faltaram à CPI do mensalão”).

Por seu lado Lula disse a amigos, que sua ação de defesa mais enfática começará em fevereiro ou março de 2013, quando voltará a fazer pelo país as caravanas que ficaram famosas em suas primeiras campanhas ao Palácio do Planalto.
O ex-presidente considera que a melhor forma de responder às acusações é conversar diretamente com o povo e defender o seu legado.

Mas essa intenção de Lula, aparentemente ingênua, está cheia de subversão escondida, ele pretende intimidar a justiça, levantando o povão contra ela. Não estou fazendo juízo temerário, estou baseado no que disse lula em 2/12/2010, numa das inúmeras vezes que negou a existência do mensalão.

Em entrevista às rádios comunitárias, disse que a crise política de 2005 (conhecida como mensalão) foi uma tentativa de golpe.
Ele afirmou que só não foi afastado do poder porque a oposição tinha medo do que poderia acontecer, pela sua relação com o povo:

“Tentaram fazer comigo o que vocês viram em 2005 e só não foram mais adiante porque eles tinham medo da minha relação com a sociedade brasileira e eles não sabiam o que poderia acontecer neste País”.

Pois é, resta esperar o que ele vai fazer quando cair na real.

14 de dezembro de 2012
Giulio Sanamrtini

MATERIAL DA MESMA ESTERQUEIRA


dilma-roussef-le-12-decembre-a-parisJosé Dirceu, quando ainda era o poderoso ministro chefe da Casa Civil, ao fazer um balanço dos 2 anos de governo (16/12/2004), citou as medidas adotadas para combater a fraude e a corrupção no setor público, e concluiu com uma frase que se tornou emblemática: “Este é um governo que não rouba e não deixa roubar”.

Menos de 6 meses depois, se pôde constatar que a afirmação do ministro era falsa, pois no dia 14 de maio de 2005, a revista Veja divulgou de uma gravação de vídeo na qual o ex Chefe do DECAM/ECT Maurício Marinho, solicitava e também recebia vantagem indevida para ilicitamente beneficiar um empresário.

Também expôs, com riqueza de detalhes, o esquema de corrupção de agentes públicos existente naquela empresa pública, conforme se depreende da leitura da reportagem divulgada na revista Veja, com a capa “O vídeo da corrupção em Brasília”.

Este foi o ponto inicial do vazamento do mensalão, quando se constatou, que ao contrário do que havia afirmado, Dirceu chefiava o roubo e deixava seus asseclas roubarem às pamparras.

Seguindo-lhe as mesmas pegadas, pelo menos na semelhança da frase, nesse dia 11, a presidente Dilma Roussef, em entrevista dada à revista francesa Le Monde, com habitual prepotência e com um sinistro sorriso mais falso que nora de 15 reais (foto), soltou a seguinte pérola:
 “Eu não tolero a corrupção e meu governo também não”.

Ora “dona presidenta”, tenha a santa paciência, não insulte nossa inteligência.
Além da cumplicidade que está demonstrando com as desonestidades de Lula, ela tem uma mazela antiga.
Durante a campanha eleitoral, num debate televiso entre candidatos, Plínio Sampaio (PSOL), perguntou curto e grosso:

“No último debate, você ficou meio nervosa com meu comentário sobre o escândalo Erenice. a verdade é que a corrupção bateu na sala ao lado. Aí é uma coisa ou outra: ou você é conivente ou você é incompetente”, ao que Dilma respondeu sem o mínimo pejo:

“Caso eu seja eleita e se o atual governo não ter concluído a apuração do caso da Casa Civil, eu te asseguro que eu irei investigá-lo até o fim.”

Mais uma vez ela mentiu, pois nada foi apurado, Erenice Guerra continua impune, e pior, continua cometendo suas falcatruas. (leia mais Bonnie & Clyde de Brasília – 12/11/2012)

14 de dezembro de 2012
Giulio Sanmartini

TODO PROFETA É FALSO


Me escreve Celso Hartmann:
Prezado Janer.

Tive a satisfação de receber email contendo a sua opinião e comentários a respeito das Igrejas Milagreiras.

O seu artigo traduz com fidelidade o que os olhos do Governo não querem ver ou talvez tenham a pretensão de usufruir de algum desses "milagres". Vejo com grande preocupação o que acontece com a exploração de pobres coitados que não enxergam à grande enganação a que são submetidas por falsos representantes de Jesus Cristo, que sem procuração Dele prometem operar curas e soluções financeiras de roldão.

Ao comentar em família sobre essa ATITUDE CRISTÃ e manifestado minha indignação, minha mulher diz que na própria Bíblia menciona a respeito da vinda de falsos pastores mas que eles sabem (???) que serão castigados e que não deveremos fazer qualquer julgamento prévio desses "Santos Pastores".

Mas não me conformo. Será que os nossos governantes continuam "sem ver, sem saber e sem ouvir" e os mais diversos "Grandes Milagres" seguirem acontecendo e Catedrais da Mentira sendo erguidas?

Gostaria que a sua voz não fosse somente a de poucos que enxergam essa barbaridade ou de muitos que se calam diante desse martírio a que estão sendo submetidas essas pessoas, muitas delas ludibriadas na mais boa fé.

Que a indenização de Lajeado se confirme e que seja ela o início da "Purificação Condenatória" em larga escala apesar de que a ignorância e a fraqueza mental continuarão a imperar em solo fértil para a atividade milionária desses Santos Aproveitadores da dor alheia!

Um "quebra-costelas"


Bom, meu caro Hartmann, acho que essa gente que se deixa esbulhar, simploriamente, no fundo bem que merece ser esbulhada. O pastor Valdemiro é um gênio das finanças. Quem imaginou um dia, nesta nossa sociedade capitalista, que meias sujas poderiam dar lucro? É preciso conhecer a fundo o ser humano para conceber tal mercadoria.

Mas não há falsos pastores na Bíblia, Hartmann. E sim falsos profetas. Jeremias, no Deuteronômio, previne:

Nos profetas de Samária bem vi eu insensatez; profetizavam da parte de Baal, e faziam errar o meu povo Israel. Mas nos profetas de Jerusalém vejo uma coisa horrenda: cometem adultérios, e andam com falsidade, e fortalecem as mãos dos malfeitores, de sorte que não se convertam da sua maldade; eles têm- se tornado para mim como Sodoma, e os moradores dela como Gomorra. Portanto assim diz o Senhor dos exércitos acerca dos profetas: Eis que lhes darei a comer losna, e lhes farei beber águas de fel; porque dos profetas de Jerusalém saiu a contaminação sobre toda a terra. Assim diz o Senhor dos exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas, que vos profetizam a vós, ensinando-vos vaidades; falam da visão do seu coração, não da boca do Senhor.

Mais adiante:

Portanto, eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que furtam as minhas palavras, cada um ao seu próximo. Eis que eu sou contra os que profetizam sonhos mentirosos, diz o Senhor, e os contam, e fazem errar o meu povo com as suas mentiras e com a sua vã jactância; pois eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e eles não trazem proveito algum a este povo, diz o Senhor.

É Mateus quem usa a expressão pela primeira vez: Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores.

Quem são os falsos profetas? São os que profetizam profecias contrárias ao Deus de Israel. Acontece que não há falsos profetas. Todos os profetas são falsos. Os redatores do Antigo Testamento descobriram um método singelo de profetizar. Anunciavam fatos futuros – em verdade já ocorridos – e datavam a profecia de antes destes fatos.

O profeta Aías é emblemático. Lemos no I Reis:

E sucedeu naquele tempo que, saindo Jeroboão de Jerusalém, o profeta Aías, o silonita, o encontrou no caminho; este se tinha vestido duma capa nova; e os dois estavam sós no campo. Então Aías pegou na capa nova que tinha sobre si, e a rasgou em doze pedaços. E disse a Jeroboão: Toma estes dez pedaços para ti, porque assim diz e Senhor Deus de Israel: Eis que rasgarei o reino da mão de Salomão, e a ti darei dez tribos. Ele, porém, terá uma tribo, por amor de Davi, meu servo, e por amor de Davi, meu servo, e com Jerusalém, que eu escolhi entre todas as tribos de Israel. (...) Todavia não tomarei da sua mão o reino todo; mas deixá-lo-ei governar por todos os dias da sua vida, por amor de Davi, meu servo, a quem escolhi, o qual guardou os meus mandamentos e os meus estatutos. Mas da mão de seu filho tomarei e reino e to darei a ti, isto é, as dez tribos. Todavia a seu filho darei uma tribo, para que Davi, meu servo, sempre tenha uma lâmpada diante de mim em Jerusalém, a cidade que escolhi para ali pôr o meu nome. Então te tomarei, e reinarás sobre tudo o que desejar a tua alma, e serás rei sobre Israel. E há de ser que, se ouvires tudo o que eu te ordenar, e andares polos meus caminhos, e fizeres o que é reto aos meus olhos, guardando os meus estatutos e os meus mandamentos, como o fez Davi, meu servo, eu serei contigo, e te edificarei uma casa firme, como o fiz para Davi, e te darei Israel. E por isso afligirei a descendência de Davi, todavia não para sempre.

Em Mentiras Fundamentais da Igreja Católica, escreve Pepe Rodríguez:

“Deixando de lado esta profecia ter sido escrita em Judá pelo deuteronomista (o profeta Jeremias) no século VII a.C., ou seja, quase três séculos depois de se ter produzido a cisão dos reinos (922 a. C.)que anuncia, e de na data da sua redação a dinastia davídica de Judá se achar em plena revitalização – circunstâncias que por si só justificam a exactidão da promessa de Javé - , repare-se como o texto é redigido de forma sinuosa, escudando-se sempre em condicionais (“se me obedeceres em tudo quanto te ordenar”) e em truques do mesmo gênero para evitar pronunciar-se de forma clara e contundente e não se expor, portanto, ao inevitável desmentido dos verdadeiros factos. A linguagem dos profetas bíblicos é semelhante às que utilizam os videntes urbanos actuais para surripiar uns tostões à sua clientela crédula”.

Como não havia bibliotecas nem jornais nem arquivos na época, não era fácil dectetar o embuste. Pelo jeito, o Cristo era um amador nas artes de profetizar, pois como profeta foi um desastre. Para Cristo, o apocalipse era eminente, ocorreria em sua própria geração. Através de Marcos, diz:

Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também dele se envergonhará o Filho do homem quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos. Disse-lhes mais: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus já chegando com poder.

Ainda em Marcos, Cristo volta ao assunto:

Então verão vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glória. E logo enviará os seus anjos, e ajuntará os seus eleitos, desde os quatro ventos, desde a extremidade da terra até a extremidade do céu. Da figueira, pois, aprendei a parábola: Quando já o seu ramo se torna tenro e brota folhas, sabeis que está próximo o verão. Assim também vós, quando virdes sucederem essas coisas, sabei que ele está próximo, mesmo às portas. Em verdade vos digo que não passará esta geração, até que todas essas coisas aconteçam.

Cristo previu o fim dos tempos a muito curto prazo. Bom profeta é aquele que profetiza para um futuro distante. Acontece que as gerações iam morrendo e o fim dos tempos não chegava.

Em Pedro II, tenta-se consertar a profecia desastrada do Cristo:

(...) mas os céus e a terra de agora, pela mesma palavra, têm sido guardados para o fogo, sendo reservados para o dia do juízo e da perdição dos homens ímpios. Mas vós, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia.

Ah bom, então tá! Se mil anos é como um dia, então o Cristo não disse bobagem.


14 de dezembro de 2102
janer cristaldo

MANDELA FOI DO PARTIDO COMUNISTA: ELE NEGOU POR DÉCADAS

   
          Artigos - Movimento Revolucionário 
       
mandelafidel
Um novo livro afirma que as primeiras acusações de 50 anos atrás sobre Mandela ser comunista, ao fim das contas, são verdadeiras.
"Isso foi escrito em um encontro partidário fechando sem que qualquer um estivesse preocupado em impressionar ou enganar o público."

Por décadas, esse foi um dos mais duradouros motivos de disputas na frente anti-apartheid sul-africana.
 
Nelson Mandela, o líder do African National Congress (ANC), era realmente um comunista secreto como alegou o então governo branco da época? Ou, como ele reivindicou durante os infames processos de 1963 que o sentenciou à prisão perpétua, era mais uma manobra para desacreditá-lo em um mundo guiado pelas tensões da Guerra Fria?
 
Agora, após quase cinquenta anos depois do processo que o tornou o mais bem conhecido prisioneiro de consciência, um novo livro alega que seja qual tenha sido a injustiça que se perpetrou, os promotores da era do apartheid estavam certos pelo menos em uma questão: Mandela, no final das contas, era um membro do Partido Comunista.
 
O ex-presidente sul-africano, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1993, sempre negou ter sido um membro da filial sul-africana do movimento, que montou uma guerrilha de resistência armada junto do ANC.
 
Mas uma pesquisa do historiador britânico, professor Stephen Ellis, desenterrou novas evidências de que durante os primeiros anos de ativismo o Sr. Mandela era do alto escalão do Partido Comunista Sul-Africano (PCSA). Ele diz que Mandela entrou para o PCSA para atrair a ajuda das superpotências comunistas para a campanha armada do ANC contra o governo branco.
 
O livro também traz novas evidências detalhadas de como o setor militar do ANC teve lições de como fazer bombas com o IRA e treinamento de técnicas de inteligência com a Stasi da Alemanha Oriental; tais técnicas foram usadas para conduzir interrogatórios brutais com suspeitos de "espionagem" em prisões secretas.
 
Como evidência da afiliação de Mandela ao Partido Comunista, o professor Ellis cita uma ata de um encontro secreto do PCSA em 1982 descoberta em uma coleção de documentos privados da Universidade da Cidade do Cabo, onde um veterano ex-membro, o falecido John Pule Motshabi, fala sobre Mandela ter sido um membro do partido duas décadas antes.
Nas atas, Motshabi é citado dizendo: "Há uma acusação de que nos opomos à entrada de Nelson [Mandela] e Walter (Sisulu, um colega ativista) na Família (palavra codificada para se referir ao partido)... nós não fomos informados porque isso estava crescendo após as campanhas de 1950 (uma série de protestos nas ruas). O recrutamento veio dois anos depois."
Embora outros membros do PCSA já tenham confirmado a afiliação de Mandela, muitos desses testemunhos foram dados sob a coação do interrogatório policial, onde pode ter havido a intenção de incriminá-lo. No entanto, as atas do encontro do PCSA em 1982, segundo o Professor Ellis, oferecem provas mais confiáveis. "Isso foi escrito em um encontro partidário fechando sem que qualquer um estivesse preocupado em impressionar ou enganar o público", disse o historiador.
Embora Mandela aparentemente tenha se filiado ao PCSA mais por suas conexões políticas do que por suas ideias, sua filiação poderia ter causado danos àquilo que ele defendia perante os olhos do Ocidente caso isso fosse descoberto enquanto ele ainda lutava contra o apartheid.
 
A África foi um campo de batalha para as "guerras por procuração" da Guerra Fria até o final dos anos 1980; e o suporte internacional para a causa, que incluiu a campanha Liberte Nelson Mandela, atraiu olhos em parte por conta de sua figura que não tinha compromissos nem com o Oriente nem com o Ocidente.
 
"A reputação de Mandela é baseada tanto na sua habilidade de superar animosidades pessoais quanto na sua generosidade para com todos sul-africanos, fossem negros ou brancos, e isso impressionou o mundo", disse o professor Ellis, um ex-pesquisador da Anistia Internacional que fica na Universidade Livre de Amsterdã. "Mas isso mostra que, como qualquer político, ele estava preparado para fazer alianças oportunistas".
"Penso que a maioria das pessoas que apoiaram o movimento antiapartheid não queriam conhecê-lo muito a fundo. O apartheid foi visto como uma questão moral e pronto. Mas se as verdadeiras provas fossem mostradas naquela época, talvez alguns teriam pensado diferentemente."
Mandela negou sua afiliação ao Partido Comunista no depoimento inicial do processo de Rivonia, onde ele e nove outros membros-líderes do ANC foram julgados por 221 alegados atos de sabotagem cuja intenção era derrubar o sistema do apartheid. Os réus também foram acusados de promoverem as metas do comunismo, um movimento que então era ilegal na África do Sul.
Falando à corte, Mandela declarou "nunca ter sido um membro do Partido Comunista" e que ele não concordava com o menosprezo que o movimento tinha pela democracia parlamentar típica do Ocidente.
Ele acrescentou: "A sugestão feita pelo Estado de que a luta na África do Sul está sob a influência de estrangeiros ou comunistas está inteiramente incorreta. O que quer que eu tenha feito foi como indivíduo e líder do meu povo, tanto por causa da minha experiência na África do Sul quanto pelo meu orgulhoso passado africano e não por causa de algo que algum forasteiro tenha dito".
Mandela entrou para o ANC em 1944, quando a liderança ainda se opunha ao confronto armado contra o estado pró-apartheid. Todavia, no começo dos anos 1950 ele se convenceu que uma guerrilha era inevitável; perspectiva confirmada pelo massacre de Sharpeville em março de 1960, quando a polícia abriu fogo contra manifestantes negros no distrito de Townsvaal matando 69 pessoas.
 
Mas mesmo após outros líderes do ANC terem se alinhado ao mesmo modo de pensar de Mandela após o massacre de Sharpeville, o grupo ainda não tinha acesso a armamentos ou suporte financeiro. Como alternativa, disse o professor Ellis, Mandela buscou ajuda com os comunistas — que ele já tinha contato próximo — por conta de compartilharem da oposição ao apartheid.
 
"Ele conheceu e confiou plenamente em muitos ativistas comunistas. Parece que ele foi cooptado direto para o comitê central sem necessidade de experiências prévias", disse Ellis. "Mas é justo dizer que ele não era um convertido; era apenas uma jogada oportunista".
Meses após Sharpeville, membros do Partido Comunista visitaram secretamente Beijing e Moscou, onde lhes ficou assegurado suporte para as ações da guerrilha. Em conjunto com outros membros-líderes do ANC eles montaram uma organização militar nova e nominalmente independente, conhecida como Umkhonto we Sizwe ou Lança da Nação. Com Mandela como comandante, a Umkhonto we Sizwe deu início aos primeiros ataques em 16 de dezembro de 1961.
A campanha de "sabotagens" e atentados à bomba nas três décadas que se seguiram levaram a vida de dúzias de civis e fizeram com que a organização fosse classificada como grupo terrorista pelos Estados Unidos.
Eu seu livro, o professor Ellis, que também publicou um livro sobre a guerra civil na Libéria, trabalha os aspectos mais obscuros do passado do ANC. Um desses episódios trata-se do treinamento que o ANC recebeu dos peritos em bomba do IRA em uma base secreta em Angola no final da década de 1970.
 
Essa ligação foi desvelada ano passado com as memórias póstumas de Kader Asmal, um político sul-africano de origem indiana que estava exilado na Irlanda. Ele foi um membro do movimento irlandês antiapartheid que, segundo o professor Ellis, tinha estreitos laços com os partidos comunistas da Inglaterra e da África do Sul.
A tutoria do IRA, que foi alegadamente intermediada em parte pelo líder do Sinn Féin, Gerry Adams, levou os combatentes do ANC a melhorarem consideravelmente suas habilidades com bombas graças à perícia do que o prof. Ellis descreve como o "mais sofisticado grupo de guerrilha urbana do mundo".
 
A Angola também foi base para o "Quatro", um notório centro de detenção do ANC, onde dezenas de integrantes do próprio movimento eram torturados e às vezes mortos pelo serviço de segurança interna por serem suspeitos de espionagem, sendo que alguns deles "mal eram adolescentes". Os instrutores da Alemanha Oriental ensinaram os agentes de segurança interna que qualquer um que desafiasse o dogma oficial do ANC deveria ser visto como um potencial espião ou traidor.
 
Na semana passada, um porta-voz da Fundação Nelson Mandela disse: "Não acreditamos que há provas de que Madiba (o nome de clã de Mandela) era um membro do partido... As evidências que foram mostradas são comparativamente fracas em relação às evidências do oposto, além disso, temos a consistente negação de Madiba por quase 50 anos. É concebível que Madiba pudesse cometer um deslize em um caso legal, mas não que ele fizesse um depoimento totalmente falso."
 
"O recrutamento e a entrada no partido era um processo que acontecia por partes durante um período de tempo. É possível que Madiba tenha iniciado o processo, mas jamais completado. O que está claro é que durante certa época da luta ele era suficientemente confiável como um líder do ANC a ponto de participar dos congressos do Partido Comunista. E é provável que ao comparecer em tais encontros, possa se ter pensado que ele foi um membro".
 
Mandela atualmente está com 94 anos, está fora da vida pública desde 2004 e está com a saúde debilitada. Ele fez, no entanto, uma alusão a uma relação simbólica com os comunistas em seu best-seller Longa caminhada até a liberdade. “Sempre haverá aqueles para dizerem que os comunistas estavam nos usando”, disse Mandela. “Mas quem disse que nós não estávamos usando-os?”

14 de dezembro de 2012
Colin Freeman & Jane Flanagan

Publicado no The Telegraph.
Tradução: Leonildo Trombela Júnior