"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 21 de maio de 2012

A VERDADE VERDADEIRA, SEM RETOQUES...



GRÉCIA PODE FICAR ATÉ SEM CÉDULAS DE DINHEIRO

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Retorno do país ao dracma seria algo atraente a longo prazo, mas o cenário no curto prazo é aterrador

Uma eventual — e provável, segundo alguns analistas — saída da Grécia da zona do euro e, consequentemente, o retorno do país ao dracma, divisa usada antes da adoção da moeda única europeia, seria algo atraente a longo prazo, mas o cenário no curto prazo é aterrador.
Uma Grécia imediatamente pós-euro pode enfrentar uma crise de alimentos e de combustíveis devido às dificuldades que se anunciam para as importações. Especula-se que as novas cédulas de dracma sequer seriam impressas a tempo para fazer o dinheiro (qualquer um) circular normalmente no país.

Troca de bens e serviços

“Os bancos entrariam em colapso e seria preciso nacionalizá-los. Você não seria capaz de pagar ninguém, a não ser em cupons. Há apenas uma impressora [de moeda] na Grécia. Está no museu de Atenas e não funciona mais”, disse Marios Efthymiopoulos, presidente da Global Strategy, entidade sediada em Tessalônica.

“Seria o caos”, disse o professor. A vida cotidiana seria reduzida à troca de bens e serviços, e o Estado seria incapaz de pagar salários aos funcionários públicos. Já a longo prazo, um dracma desvalorizado — como provavelmente seria – tornaria a economia grega muito mais competitiva.

21 maio de 2012
opinião e notícia

ESTARIA O HOLOCAUSTO PRESTES A SE REPETIR?

Eventos atuais parecem se assemelhar à terrível era da Alemanha nazista

Livros de história relatam como 6 milhões de judeus, ou mais, morreram sob a Solução Final de Hitler; mas isso foi em outra geração, e nada desse tipo poderia acontecer hoje em dia, muitos acreditam.
Afinal, as atrocidades foram bem documentadas, depois que o general Dwight Eisenhower, que depois seria presidente dos Estados Unidos, ordenou um extenso registro em vídeos e fotos dos horrores descobertos por tropas americanas que libertaram os campos de concentração na Alemanha.
Eisenhower explicava suas instruções à medida que as câmeras da mídia e dos militares gravavam as cenas, dizendo: “Fiz a visita deliberadamente; assim tenho provas, em primeira-mão, sobre tudo isso, na eventualidade de que porventura no futuro surja a ideia de atribuir tais alegações a ‘mera propaganda’”.
Mas, de acordo com o jornal Washington Post, torcedores do Reino Unido ainda hoje podem comprar cachecóis e adesivos onde se lê: “Proibido judeus”.
E um poeta alemão ganhador de um Prêmio Nobel recentemente culpou Israel em público de ameaçar uma “paz mundial que já é frágil”.
Na França, o recente massacre de um homem armado visava judeus, e em Rutger, Nova Jersey, a edição de “1º de abril”de um editorial “exaltava Adolf Hitler”.
Isso fornece a base para o DVD chamado “The Forgotten People” (O Povo Esquecido), cujo trailer está aqui: http://www.youtube.com/watch?v=wuamyUWkBXI

Isso explica em detalhes o motivo de haver um Dia Internacional do Holocausto, para ser observado como o dia em que Israel se lembra dos cerca de 6 milhões de judeus que pereceram no holocausto.
O DVD relata como foi feita a descoberta dos campos da morte na Alemanha, quando um dos subcampos do famoso campo de Buchenwald foi capturado pelas forças aliadas.
Dos 250.000 judeus prisioneiros mantidos lá, apenas 4.000 ainda estavam vivos, explica o DVD. Ainda hoje,“apesar de montanhas de provas”, os negadores do holocausto crescem em uma nova onda de antissemitismo em escala mundial, explica o DVD.
O projeto, de autoria da organização Proclaiming Justice to the Nations, explica que os cristãos, em sua grande maioria, se mantiveram em silêncio à medida que o holocausto era revelado.
E a produtora Lauria Cardoza-Moore documenta o crescimento do ódio aos judeus, e o mais preocupante, “os paralelos entre o nazismo e o islamismo radical, e por que os cristãos precisam tomar o lado da justiça e defender as pessoas e a nação de Israel”.
No vídeo, o especialista em terrorismo Walid Shoebat afirma que o holocausto“nunca realmente terminou”.
Brad Young, professor de pós-graduação em teologia, afirma: “Escolas, educadores e professores cristãos precisam lidar com o problema do antissemitismo cristão”.
James Woolsey, ex-diretor da CIA, fala sobre os inimigos de Israel: “A solução deles, quando falam em ocupar a Palestina, está se referindo a Tel Aviv. Eles querem destruir o estado judeu”.
O DVD alerta que apesar de toda a documentação, hoje em dia o número de negadores do holocausto (os que dizem que ele nunca aconteceu) está crescendo “como uma onda mundial de antissemitismo que atinge níveis não vistos desde a ascensão da Alemanha nazista”.
Cardoza-Moore documenta o crescimento do ódio aos judeus, e o mais preocupante, “os paralelos entre o nazismo e o islamismo radical, e por que os cristãos precisam tomar o lado da justiça e defender as pessoas e a nação de Israel”.
O dia em memória do holocausto foi inaugurado em 1950 pelo primeiro-ministro de Israel David Ben-Gurion e pelo presidente Yatzhak Ben-Zvi. O dia é celebrado em dias variados durante a primavera. Muitas comunidades acendem velas e recitam o kadish, a oração dos mortos.
Pelo mundo, os cultos envolvem eventos nas sinagogas e grupos de vigílias. Muitos programas exibem entrevistas com sobreviventes do holocausto ou com descendentes diretos. Além disso, milhares de judeus e não-judeus pelo mundo se reúnem em Auschwitz para o que se tornou conhecida como “A Marcha dos Vivos”.
Bob Unruh
21 de maio de 2012
Traduzido por Luis Gustavo Gentil do artigo do WND: “Is the Holocaust about to happen again?

PEQUENA COMPARAÇÃO





Um cronista com um preparo intelectual respeitável, e muita experiência adquirida. Não foi redator-chefe da revista por acaso.
Eu já escrevi aqui no blog que a França pisou na merda, elegendo um esquerdista. Apesar de não deixar de ser verdade, Guzzo me fez repensar melhor, e olhar a situação com outros olhos, quando escreveu o que vem abaixo:

“A França é um dos países mais bem-sucedidos do mundo. Tem problemas, claro, e alguns deles são até reais. Mas é um país de verdade, com 65 milhões de habitantes, e não um parque de diversões – e tem uma situação admirável para quem chegou a esse porte. Não há um único buraco em seus 11 mil km de auto-estradas de primeiríssima classe.

O trem-bala existe; está sempre no horário, mantém velocidade média de 300km/h e sua rede já é 5 vezes maior que o trajeto entre Rio de Janeiro e São Paulo. A França tem um PIB per capita acima dos 42 mil dólares anuais. Soube aproveitar com inteligência, rapidez e eficácia todo o avanço tecnológico das últimas décadas. Produz mais que o Brasil, num território equivalente a 6% do nosso e com um terço da nossa população.
O salário mínimo é 5 vezes superior ao brasileiro, a saúde pública é impecável e a classe C já emergiu 100 anos atrás. O cidadão francês não sabe o que é um assalto a mão armada, e não tem a menor idéia do que possa ser um arrastão em prédios de apartamentos. Nunca ouviu falar em firma reconhecida, nem em desabamento de morros. Desconhece a existência de filas de ônibus. Rouba-se pouco, e jamais com prejuízo para os serviços públicos. Os fiscais não extorquem; apenas fiscalizam.

A soma de todas as suas dificuldades, considerando-se a vida como ela é, parece uma brincadeira quando comparada a de certos Brics (o grupo Brasil, Rússia, Índia e China, mais África do Sul, idéia do economista chefe da Goldman Sachs, Jim O’Neil), a começar pelo que é representado na letra B.”
Propala-se por aqui, na mídia escrita e televisada, que a crise é forte na Europa. Bem, utilizando-se dessa brilhante comparação, que não tem nada de mentiras, eu me pergunto:


– Que crise? Crise é o modo de vida normal de Pindorama, já há “trocentos” anos.

E José Roberto termina a crônica com chave de ouro: “Melhor para a França. Ela tem a sorte de não precisar de seus políticos para conservar tudo aquilo que já soube construir”.
Sendo pouco otimista, tenho que perguntar, de novo:

– Quantas décadas levaremos para atingir este último estágio político pois, com esse povaréu inculto e não interessado em construir cultura, que temos, elegem políticos que conseguem destruir o pouco que alguns políticos mais honestos conseguiram construir, a duras penas.

 E para encerrar, uma sugestão para o governo: Porque não instituir uma Comissão da Verdade, para esclarecer, de uma vez por todas, o que fazem com tanto dinheiro arrecadado, perdão, arrancado à fórceps do bolso dos nossos cidadãos?”.
21 de maio de 2012
magu

COMISSÃO DE ANISTIA TEM TUDO PARA JUSTIÇAR "CABO" ANSELMO EM JULGAMENTO MARCADO PARA 22 DE MAIO


Neste 22 de maio de 2012, o julgamento de um polêmico caso pode servir de indicador se a Comissão da Verdade seguirá ou não uma linha revanchista contra militares ou colaboradores do regime pós-1964. Depois de infinitas protelações, desde 2004, a Comissão de Anistia finalmente agendou para esta terça-feira o julgamento do pedido de anistia de José Anselmo dos Santos, mais conhecido como “Cabo” Anselmo – embora nunca tenha passado de um simples marinheiro de primeira classe.

O processo 2004.01.42.025 pode ser um divisor de águas na recente batalha ideológica travada em torno da Comissão da Verdade – oficializada semana passada. Até porque o Anselmo é vítima de uma brutal violação de seus direitos humanos. Embora tenha sido o centésimo cassado pelo Ato Institucional número 1, de 1964, até hoje e nem com a Lei de Anistia em vigor, Anselmo não foi anistiado. Sobrevive sem cidadania, ainda na clandestinidade, como pequeno produtor rural e artesão. Aos 72 anos de idade, saúde abalada, não tem documento de identidade em seu nome de batismo, nem aposentadoria.

O caso de Anselmo será relatado pelo petista Nilmário Miranda. Tudo indica que este ex-preso político e ministro dos Direitos Humanos no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ajudará a promover um “justiçamento” de Anselmo na Comissão de Anistia. Ainda não se sabe se o advogado de Anselmo, Luciano Blandy, terá direito a uma sustentação oral de defesa. Curiosa foi a velocidade com a qual o “caso Anselmo”, burocraticamente protelado, entrou na pauta logo depois de nomeados os sete membros da Comissão da Verdade.

Alguns membros da Comissão de Anistia já cometeram a indiscrição de se manifestar, publicamente, antecipando o absurdo e injusto pré-julgamento de que Anselmo não tem direito à anistia. Alega-se contra ele o fato de ter colaborado como “agente duplo da ditadura”. Como a atuação dele teria sido decisiva para desmontar grupos armados que desejavam promover uma guerra civil para implantar um regime comunista no Brasil, Anselmo não teria direito a ser anistiado – como tantos outros já o foram, inclusive recebendo milionárias indenizações.

Se Anselmo for novamente punido, com um novo justiçamento público, ficará evidente quais são as verdadeiras intenções da Comissão da Verdade. Anselmo já é vítima de uma covarde manobra burocrática dos governos Lula-Dilma que impedem a Marinha de lhe devolver a identidade de batismo, apesar das evidências (vide documento reservado do Gabinete de Identificação da Armada, acima). Mas existe a remota hipótese de a Comissão de Anistia “perdoar” Anselmo, sem lhe dar qualquer indenização ou apenas o pagamento de alguma quantia irrisória, apenas para lhe dar vida para uma futura aparição na teatral “Comissão da Verdade”.

O direito à anistia de Anselmo é inegável. Se a Comissão de Anistia decidir o contrário, ficará confirmado que vivemos sob uma democradura dos petralhas. Não importa o que Anselmo tenha feito antes ou depois. Ele é uma das vítimas dos acontecimentos ante e pós-1964 no Brasil. Caso não se repare um homem, agora idoso e doente, que sobrevive auto-exilado há quase 50 anos, sem o direito elementar a uma identidade ou a uma aposentadoria, a presidenta Dilma Rousseff corre o risco de ser alvo de uma representação na Corte Internacional de Direitos Humanos.

Breve História de Um Homem que Não Existe

Quando embarcou de gaiato no discurso de esquerda, o Marinheiro José Anselmo dos Santos, que nunca foi “Cabo”, liderou o movimento dos marinheiros e fuzileiros navais, entre 1962 e 1964, até a queda do Presidente João Goulart. Por ter ficado tão famoso na época, Anselmo foi o centésimo cassado pelo Ato Institucional número 1. Acabou preso, mas conseguiu fugir para o Uruguai, onde se encontrou com Leonel Brizola, sendo logo enviado para Cuba. Na ilha de Fidel, foi preparado, durante cerca de cinco anos, para voltar ao Brasil, no começo dos anos 70, como líder de um dos movimentos de guerrilha para implantar o comunismo no Brasil, destronando os militares do poder, através de uma sangrenta guerra civil.

Anselmo acabou preso, torturado e “mudou de lado”. Na verdade, admite que os anos em Cuba lhe produziram uma desilusão acerca do comunismo. Entregou alguns de seus companheiros de guerrilha. Segundo ele jura por Deus, teve a não-opção de morrer ou viver. Depois de três sessões de tortura, acabou sendo obrigado a colaborar com as equipes de repressão e de inteligência do Departamento da Ordem Política e Social – comandadas pelos delegados Sérgio Paranhos Fleury e Romeu Tuma (que raramente é citado, embora tenha sido a figura central da inteligência montada para a repressão ideológica e militar à guerrilha).

A partir da “colaboração forçada” até o recrudescimento da repressão ideológica no Brasil, O “Cabo” tornou-se um personagem ambíguo para ele mesmo. A autocrítica histórica lhe marcou profundamente. Depois disso, virou um clandestino, aparecendo para raras entrevistas que lhe causaram ainda mais danos pessoais, sem esclarecer sua verdadeira história.

Livro do Anselmo

Agora, para dar sua versão, Anselmo escreveu um livro que será lançado nos próximos meses por uma editora que teve a coragem de publicar sua verdade pessoal dos fatos históricos.

Tive a honra de colaborar com este livro do meu amigo pessoal José Anselmo dos Santos, que terá prefácio do jornalista e filósofo Olavo de Carvalho.

Breve, nossos leitores serão convidados a adquirir a obra, antecipadamente, como forma de ajudar Anselmo.

Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.
21 de maio de 2012
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

A TEMPESTADE VEM CHEGANDO

A inflação tem aumentado mais do que o previsto? Ponham a culpa nas empregadas domésticas! O dólar está disparando? Ah, mas isto é bom para os exportadores! Tungada na poupança? Ah, foi só um pouquinho...

Prezados leitores,

Nesta semana, tenho acompanhado os principais jornais televisivos, para extrair do conjunto uma constatação: o Brasil está começando a embicar a proa.
Percebam o esforço do governo e dos seus mandarins da área econômica no afã de minimizar ou justificar os índices desanimadores que estão chegando, ainda relativamente suaves, como a fina chuva que antecede as trágicas tempestades tropicais.

A inflação tem aumentado mais do que o previsto? Ponham a culpa nas empregadas domésticas! O dólar está disparando? Ah, mas isto é bom para os exportadores! Tungada na poupança? Ah, foi só um pouquinho, e continua a ser o investimento mais seguro e tão rentável quanto sempre...

Ora, as domésticas! A inflação somente tenderá a subir, desde que o salário mínimo está indexado a uma fórmula que soma inflação passada e PIB. Não aprendemos nada com os erros de Dilson Funaro! A inflação não tem outro caminho que não subir a rampa, uma vez que o país atravessa um notório processo de desindustrialização e redução da produção de alimentos, promovido pelo duplo garrote tributário-burocrático, e pela ostensiva perseguição ao agronegócio, a deprimir a oferta em face do crescimento da demanda, ainda mais estando esta última artificialmente estimulada pela irresponsável expansão do crédito para além de todos os limites.

Ora, o dólar! Ora, os exportadores! Não tem sido o dólar mantido em alta até então pelo próprio governo? Porque só agora o governo foi atinar que a desvalorização da moeda americana é boa para o Brasil – por ser boa para os exportadores? Não foi a própria Dilma, que com palavras postas na boca dela por seu ministro “Mantega” (ou será ministro “Maionese”?), ficou a reclamar do tsunami de dólares a invadir o país? - Percebam bem: reclamava daqueles que acediam à sua generosa oferta de títulos públicos! Imaginem um dono de uma churrascaria reclamar de seu estabelecimento estar lotado por cobrar dez reais pelo rodízio? Ora, se os dólares estão chegando, deveriam estar decrescendo em valor.

Ora, a poupança! Em cento e vinte anos, jamais a poupança foi tungada, a não ser por breve período em que o então presidente Collor a reteve como empréstimo compulsório – e mesmo assim sem ter os seus rendimentos afetados. Agora, olhem por quais mãos foi ferida: as do Partido dos Trabalhadores - PT, aquele que sempre se posicionou ante os holofotes como o defensor das classes pobres e operárias! Foi pouco?

Foi, sim, mas foi no “seu”, caro amigo! A diferença entre o dinheiro captado pela poupança e o dinheiro emprestado pelos bancos continua praticamente intocada, assim como incólume a ganância tributária estatal.
E já que estamos a falar dos juros, vamos a outro termômetro preocupante: os pátios das montadoras estão repletos! A mídia, abonadora do governo, tem investido no discurso das ótimas condições favoráveis aos consumidores e no “crédito responsável” praticado pelos bancos, negligenciando ao público que os calotes do setor têm escaldado os financiadores e que afinal, as pessoas não estão podendo mesmo trocar os seus carros, por já estarem atoladas em dívidas.
Estamos apenas vivenciando um momento de brumas. A tempestade vem chegando da Europa. Preparem-se.


Maus presságios que se confirmam

Publiquei na sexta-feira (18) o prognóstico acima, nada abonador, da situação econômica pela qual vivemos no país, desmentido o que vinha sendo divulgado pela grande mídia, a endossar as declarações diversionistas do governo ou servindo como antepara amortecedora às más notícias.


O artigo, em resumo, colocou aos leitores os fatos como estão acontecendo na realidade: Salário mínimo indexado, desindustrialização, redução da produção agrícola, aumento do crédito e tungada na poupança não podem resultar em prosperidade “sustentável” como agora está na moda dizer, mas apenas em um quadro duplamente depressivo e inflacionário.

Como há muito venho dizendo: não sou um gênio e gentilmente declino dos títulos que alguns leitores mais empolgados a mim conferem, como o de “doutor” e por favor, muito menos, o tal de “especialista”, ainda que eu tenha realmente um diploma de especialização em Direito Tributário. Faço isto em combate à “síndrome de doutorismo”, que assola o nosso país, pela qual qualquer imbecil acredita que com um canudo na mão se lhe atribua automaticamente a prerrogativa de afirmar com um olímpico semblante qualquer besteira sobre qualquer assunto que desconheça por completo. Está aí uma boa sugestão aos psiquiatras, para incluírem uma nova CID, isto é, se já não há.

Não, meus amigos! Sou só um brasileiro comum! A única diferença, e que parece cada vez mais se destacar, é que mantenho intacto o meu juízo, ciente que estou de todas as manobras gramscistas e marxistas performadas pelos empulhadores ideológicos, as quais acompanho permanentemente as pegadas. Só isto.
Se a mim se reputa algum “poder” de prever as coisas– e vocês podem conferir nos artigos que tenho publicado – não é por outra razão que não o conhecimento dos fundamentos da Escola Austríaca de Economia e de alguns grandes intelectuais clássicos, bem como o faro treinado para perceber o fedor dos embusteiros comuno-social-petistas. Quanto a estes, a regra é uma só: desconfie sempre do que dizem – todo discurso vindo de um comuno-social-petista tem segundas, terceiras e quartas intenções – aliás, frequentemente eles mesmos confessam isto ostensivamente, embora costumem imputar tal sentença a todas as pessoas, num gesto que em si já é a prova flagrante de suas urdiduras.

Meus textos tem gozado de credibilidade progressiva, considerando o número crescente de pessoas que passam a ler dos meus artigos com fidelidade e que repassam aos seus conhecidos! Sem nenhum tipo de patrocínio ou de propaganda – nem mesmo um mero cartão de visitas, dou-me o trabalho de distribuir - vou me virando para encontrar a verdade e apresentá-la aos leitores em linguagem destituída de tecnicismos que mais servem aos propósitos de ocultar.

Pois, ora, ora, vejam vocês que na própria noite da mesma data em que expus os maus fundamentos da nossa economia, o Jornal Nacional solta a boiada com a reportagem Índice considerado prévia do PIB cai pelo terceiro mês seguido, na qual que “a economia perdeu fôlego”. Segundo a matéria, “Os dados mais recentes mostram que a produção industrial e a demanda por crédito estão em queda, assim como a geração de empregos. A venda de carros nos primeiros meses de 2012 foi mais fraca e por isso os estoques das montadoras estão cheios.

Agora, preocupem-se e antecipem-se cada vez mais, porque o que vai agora é de lascar:
Como a atividade econômica está abaixo do que o próprio governo esperava, a presidente Dilma Rousseff pediu providências ao Ministério da Fazenda. Nesta sexta-feira, o ministro Guido Mantega se reuniu no fim da tarde, em São Paulo, com representantes do setor automotivo. Essa reunião faz parte de uma série de consultas que o ministro está fazendo com setores da economia. Em entrevista ao jornal Valor Econômico,Guido Mantega disse que na semana que vem vai anunciar um pacote de medidas para aumentar a oferta de crédito ao consumidor.

Como vocês podem ver, o ministro Maionese, isto é, Mantega, está anunciando que pretende conter o fogo com gasolina, ou ainda, que pretende tratar o diabético com doses extras de soro glicosado, para usar duas expressões bem clichês mas perfeitamente apropriadas.
A demanda por crédito está em queda, e não é por outra razão os brasileiros já estão fartos de se endividar!

Quem começar a atrair para si mais dívidas, tende a fazer faltar para si o básico, inclusive a feira. Acabou-se a farra do dinheiro ex-nihilo! O que o governo que fazer é insistir em torcer a garrafa vazia para ver se ainda sai uma gotinha da sua cachaça destilada lá em Keynesilândia.


Percebam os leitores o comportamento cúmplice do governo com relação aos seus “intocáveis”, a ponto de se consultar com o setor automotivo para saber deles o que é preciso para a economia começar a crescer! Mais protecionismo, é o que dirão! Ei, ei, ei! Eu também sou brasileiro! Eu também trabalho e pago impostos, assim como o “Seu” João, dono de uma fábrica de panelas, ou a “Dona” Maria, dona de um restaurante!
Para piorar um quadro nada alentador, ainda na semana passada, em ocasião em a “presidanta” Dilma Roussef condecorou a economista Maria da Conceição Tavares com o prêmio Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia de 2011, a suprema mandatária aproveitou para decretar que “o Brasil vive momento de ruptura com a prática de delegar a condução do crescimento exclusivamente às forças de autorregulação do mercado, excluindo o interesse da sociedade das decisões econômicas” e que “o país vive uma “benigna” transformação de subordinação da lógica econômica à agenda dos valores indissociáveis da democracia e da inclusão social.”

Alguém aí quer apostar contra um avanço da malfadada interferência estatal na economia daqui por diante?
Para quem não conhece a condecorada ou andava meio esquecido, trata-se daquela bolorenta portuguesa naturalizada petista que com sua voz de taquara rachada e modos de um dono de bar de estivadores vivia em frente às câmeras televisivas a declamar as piores críticas às medidas econômicas realizadas pelos governos antecessores de Lula. Nunca falou algo que prestasse.
Um amigo meu aludiu ao seu título de doutorado como o mais mixuruca do sistema de ensino, praticamente o “Mobral” da pós-graduação. Como lhe respondi, a um petista o que importa é o canudo, as comendas vêm no automático.
Pelo visto, o governo pretende simbolizar na figura da homenageada a fórmula da sua condução da política econômica. Escrevam aí: cuidem-se!

Klauber Cristofen Pires
21 de maio de 2012

SEM CACHAÇA E SEM 'MARQUETINGUE'


"PARA O BRASIL SEGUIR MUDANDO"  CUMPRINDO    PROMESSA :PIB/ INVESTIMENTO / INFRAESTRUTURA/MOBILIDADE URBANA



O mercado manteve a estimativa para a taxa básica de juros, a Selic, e reduziu a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012. De acordo com relatório Focus do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira, a previsão mediana ainda é que a Selic terminará 2012 em 8,00% ao ano.

Mas a projeção para o PIB diminuiu, para um crescimento de 3,09%, ante 3,20% esperados no relatório da semana passada.

O documento mostrou ainda que o mercado continua acreditando que o BC reduzirá a Selic dos atuais 9% ao ano para 8,50% na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em maio.

Para 2013, os analistas passaram a esperar uma Selic de 9,50% no fim do ano, enquanto na semana passada esperavam 9,75%.

A redução na estimativa de crescimento econômico veio acompanhada de queda na projeção mediana para a inflação, medida pelo IPCA. No último boletim, economistas esperavam um IPCA de 5,21% neste ano, enquanto na semana anterior projetavam uma taxa de 5,22%.

Para 2013, a perspectiva é de aumento maior dos preços, com o IPCA fechando o ano em 5,60%.

Investimentos

Em um cenário de desaceleração econômica, o governo federal reduziu o ritmo dos seus investimentos e trava, por falta de decisão, obras que podem ser realizadas pelo setor privado.

O primeiro quadrimestre registrou queda de 5,5% nos gastos com novas obras públicas, compras de equipamentos e bens permanentes em relação ao mesmo período do ano passado, que já havia sido considerado fraco.

O valor caiu de R$ 11,1 bilhões em 2011 para R$ 10,5 bilhões
No governo, as previsões são pessimistas. Interlocutores da presidente Dilma Rousseff temem que as reduções de juros e as medidas para alavancar o crédito não deem conta, sozinhas, de impulsionar o crescimento.

A depender dos números até dezembro, Dilma chegará ao terceiro ano de mandato com taxa de crescimento semelhante à média do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), de 2,3%.

A performance do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) também segue aquém do desejado. Os investimentos caíram 24% no quadrimestre -R$ 5,5 bilhões contra R$ 4,2 bilhões em 2011.

Os principais responsáveis pela redução nos gastos federais são órgãos ligados ao Ministério dos Transportes, onde a queda nos pagamentos de obras chegou a 55%.

Obras de infraestrutura de mobilidade urbana

Em 2010, a previsão para este ano era ter R$ 43 bilhões em investimentos em transportes, sendo R$ 28 bilhões financiados pelo governo. No entanto, devido a atrasos de governos estaduais, municipais e do próprio governo federal, apenas R$ 400 milhões foram desembolsados até o mês passado pelos bancos financiadores.

O ritmo das obras também sofre efeito do atraso nos anúncios de marcos regulatórios e decisões prometidos pelo atual governo em praticamente todos os setores da infraestrutura concedidos à iniciativa privada.

Por isso, decisões de novos investimentos por concessionários do setor elétrico, portos, estradas, ferrovias e aeroportos estão engavetadas.

Em alguns casos, a falta de decisão já afeta o financiamento das empresas, que enfrentam dificuldades para conseguir empréstimos necessários a seus projetos.

Fontes:
O Globo e Folha
21 de maio de 2012

CARINHOSA (MENTE): PROMETER É FÁCIL. a DÍVIDA DOS PROGRAMAS DE CRECHE


Ainda de madrugada, Ivonilde Pereira dos Santos atravessa algumas ruas para deixar
Ainda de madrugada, Ivonilde Pereira dos Santos atravessa algumas ruas para deixar Ezequiel, filho mais novo de uma prole de sete, na casa de uma conhecida. Pelos cuidados com o menino de três anos, a auxiliar de serviços gerais desembolsa R$ 130 por mês.

"Faz muita falta esse dinheiro no meu orçamento", diz a mulher, depois de um dia de trabalho que começa às 6h e termina às 15h.

A solução encontrada por Ingrid Araújo de Jesus foi largar o emprego em uma sorveteria no Plano Piloto quando Yasmin, de um ano, nasceu. "Não ia compensar. Teria que pagar R$ 150, no mínimo. O jeito é esperar que ela cresça mais um pouco", diz a mãe da bebê.

Tanto Ivonilde quanto Ingrid já perderam as esperanças de ter uma creche pública para atendê-las.

Não se encantam nem com a promessa requentada pela presidente Dilma Rousseff, que na última semana anunciou a construção de 6.247 unidades de educação infantil até 2014.

A meta é exatamente a mesma do Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil, existente desde 2007 e conhecido pela sigla ProInfância, agora rebatizado de Brasil Carinhoso.

O Ministério da Educação, que gerencia o ProInfância, já repassou recursos a prefeituras para a construção de 4.050 creches em todo esse período, mas apenas 347 unidades estão em funcionamento — 5% das obras encomendadas.

Outras 86 unidades que já foram levantadas, e por isso constam nos registros do governo federal como "concluídas", embora não tenham aberto as portas, padecem de todo tipo de problema, desde demora nas licitações até falta de dinheiro para equipar os espaços e contratar profissionais.

Diante do quadro, não é difícil compreender por que no Brasil apenas 12,4% das crianças de até 3 estão matriculadas em unidades educacionais.
Até os 5 anos, o índice sobe para 18%.

O cientista político Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, observa que, embora a creche seja a etapa escolar que demanda mais dinheiro, cerca de R$ 7,4 mil por mês para cada aluno, é a que menos recebe investimentos.

"A média dos recursos repassados pelo Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) para as prefeituras é de R$ 2 mil.

E sabemos que 85% dos municípios não têm arrecadação, então dependem apenas desses repasses", afirma o especialista. Para fins de comparação, o custo de um aluno no ensino fundamental ou no ensino médio não ultrapassa R$ 3 mil.

Os dados foram calculados pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, no estudo Educação pública de qualidade:
quanto custa esse direito?

Outra meta longe de ser atingida, quando o assunto é creche no Brasil, está no Plano Nacional de Educação, que previa 50% das crianças de até três anos matriculadas em 2010. "A evolução tem sido tão ruim, que o novo plano, prevendo as metas para 2020, repete esse índice", afirma o conselheiro do Movimento Todos Pela Educação, Mozart Neves Ramos.

Segundo ele, a dificuldade na construção das unidades de educação infantil começa pela especificidade da obra. "Não dá para ampliar, reformar, como no ensino regular.
É uma modalidade completamente diferente, em que o aluno precisa mais de cuidado do que de educação no sentido estrito", afirma.

RENATA MARIZ,  PAULA FILIZOLA Correio Braziliense
21 de maio de 2012

A LUTA DOS VINGADORES CONTRA A REPÚBLICA DOS "ENGANADORES"!

 A CONTINUAR NESTA TOADA, O BRASIL REAL ASSENHOREADO, SÓ SE SALVARÁ NA FICÇÃO.

Os fragmentos de narrativa e de conversas que vão vazando das escutas feitas pela PF nas operações Vegas e Monte Carlo vão nos fazendo perder a noção do todo. Aos poucos, os vários pedaços da verdade vão contribuindo para construir o que tem tudo para ser uma grande mentira e um elogio à impunidade. Pensemos.

”Será que Fernando Cavendish, o dono da Delta, está envolvido com jogo do bicho, caça-níqueis, essas coisas?” Não há, até agora, nenhum sinal, certo?
Não existem evidências, pois, de que Cavendish seja sócio de Cachoeira na contravenção, mas há indícios de sobra de que este era parceiro daquele em alguns empreendimentos.
Estão acompanhando?

Outra questão relevante. Ainda que não existisse uma Delta, Cachoeira seria quem é no mundo da contravenção. Essa sua atividade específica independe de contratos com o governo, licitações, obras públicas etc. Assim, ele tem de ser investigado e, dado o que já se sabe, punido por suas ações no jogo.

Atenção para isto:
o contraventor já existia antes de a Delta ser o que é.
Haveria a obrigação de investigá-lo ainda que ele não tivesse contato com construtora nenhuma.

O que estou querendo dizer é que a investigação tem de ser dividida em dois grupos: num deles, encontramos Cachoeira, os caça-níqueis, a exploração do jogo etc.
É coisa séria, que merece atenção? É, sim!
Afinal, ele contava até com parlamentares que atuavam como despachantes de seus interesses, a exemplo do que se depreende de seus diálogos com o senador Demóstenes Torres.

Restringir, no entanto, a investigação a Cachoeira, como quer o PT — defendeu essa posição até numa resolução nacional —, corresponde a fraudar de forma espetacular a verdade.

Quem é Cachoeira mesmo?

Cachoeira é um contraventor que tem de ser punido na forma da lei, independentemente de seus vínculos com Cavendish. MAS ELE TAMBÉM ERA O HOMEM DA DELTA NA REGIÃO CENTRO-OESTE. E agora chegamos ao ponto:
Cavendish não aparece nas conversas de Cachoeira sobre jogo porque, de fato, não tem nada com isso! O bicheiro era o seu operador e intermediário em assuntos no Centro-Oeste.

Seu raio de ação não ia muito além dessa região, especialmente Goiás e o Distrito Federal.

Assim, insisto:
duas investigações precisam ser feitas:
a) a que envolve as ações ilegais do bicheiro como bicheiro;
b) a que envolve as ações do bicheiro como parceiro da Delta.

E é nesse ponto que a coisa fica interessante:
Cachoeira era apenas um dos, digamos, “escritórios” que cuidavam do interesse da empresa. Cavendish, que já declarou ser possível comprar um senador por R$ 6 milhões, ESTABELECEU UMA PARCERIA COM ELE EM ASSUNTOS LOCAIS.
Mas certamente não era o bicheiro que atuava como procurador da Delta no Rio, por exemplo.

Quando Cândido Vaccarezza mandou aquele torpedo amoroso para o governador Sérgio Cabral (PMDB), já sabia que o nome do governador do Rio não frequenta as conversas do bicheiro com sua turma. ORA, NEM PODERIA! Tanto no jogo ilegal como no assalto ao erário, a região de Cachoeira, insisto, é o Centro-Oeste.

O leitor esperto já se tocou, não?

Cumpre perguntar:
quem é o braço operativo de Cavendish no Rio, por exemplo?
O bicheiro pode ser hábil, poderoso e tal, mas aquela não era uma área que ele dominasse.
Podem virar do avesso os contratos de R$ 1,1 bilhão do estado do Rio com a Delta, e duvido que se encontre por ali o dedo de Cachoeira.

A construtora, está claro como a luz do dia, tinha operadores regionais. No Cetro-Oeste, ficamos todos sabendo, parece difícil fazer um negócio sem se molhar na fonte do contraventor, mas não fora dali. Tendo a achar que isso explica aquele rasgo vaccarezzo-shakespeariano.
O petista dirceuzista estava dando garantias a Cabral de que a CPI vai se limitar ao Centro-Oeste e não quer saber dos outros “Cachoeiras” espalhados Brasil afora.

Quem não se lembra?

A Polícia Federal e a Controladoria Geral da União (CGU) acusaram maracutaias da Delta no Ceará, em 2010!!! A operação Mão Dupla identificou de tudo por lá: propina, fraudes em licitações, desvio de verbas, superfaturamento, pagamentos irregulares e emprego de material de qualidade inferior ao contratado em obras comandadas pelo Dnit.

Um diretor local da Delta, Aluizio Alves de Souza, e o superintendente no Dnit no Estado, Joaquim Guedes Martins de Neto, foram presos. Mesmo assim, o governo celebrou com a construtora outros 31 contratos, no valor de quase R$ 800 milhões. Pergunto: o Ceará estava sob a jurisdição de Cachoeira??? Não! O “homem” da construtora no Estado era outro.

Pergunto outra vez:
“Quem será, hein, o ‘Cachoeira’ de Cavendish no Rio?
Assim como, no Centro-Oeste, foi preciso recorrer ao estado paralelo cachoeirístico para viabilizar negócios, quem terá, nas terras fluminenses, feito pela Delta o que fazia Cachoeira na região central do Brasil? Entenderam o busílis?

Uma coisa é apurar a infiltração da contravenção no estado etc. e tal…
É grave? É grave!
Mas isso, convenham, para os cofres públicos, beira a irrelevância quando se pensa, só para ficar nas obras do PAC, em R$ 4 bilhões! A INVESTIGAÇÃO QUE MAIS INTERESSA É OUTRA:
QUAIS SÃO OS BRAÇOS QUE OPERAM O ESQUEMA DELTA NO BRASIL?
Esse é o ovo de Colombo.
E parece que é isso o que a CPI quer esconder.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que deixou por um tempos a militância em favor da descriminação da maconha para cuidar de outros baratos na CPI, chama a possibilidade de investigar a Delta em escala nacional de “devassa”!!!
Esse é um dos que preferem perseguir a imprensa a ficar no encalço de larápios, que roubam os cofres públicos.

Agora, sim!

Agora, sim!, as coisas parecem mais claras.
Misturar no mesmo imbróglio a jogatina — que tem de ser investigada e punida! — e o esquema Delta corresponde a mentir de forma asquerosa para os brasileiros. No Centro-Oeste, em razão das atividades preexistentes de Cachoeira, essas duas coisas se cruzaram.

Cachoeira ainda é um contraventor local, com aspirações de estender nacionalmente a sua influência. A Delta, nesse sentido, lhe era um canal e tanto.
A teia verdadeiramente nacional é outra:
chama-se Delta.
E é preciso saber o nome dos outros “cachoeiras”.
PARA QUE TODOS SEJAM PUNIDOS POR SEUS EVENTUAIS CRIMES.

Punir apenas Carlinhos Cachoeira, Demóstenes e mais um, dois ou três não é injusto, não, no que diz respeito à turma e às suas ações. Punir apenas essa gente é injusto com o Brasil!
E se trata de mais uma aposta na impunidade, que está na raiz de toda essa lambança.

Se a CPI não investigar para valer a Delta no Brasil inteiro, estará mandando um recado aos demais “Cachoeiras” do esquema:
“Vocês são nossos, nós somos seus, e o Brasil e os brasileiros que se danem”.

Transcrito do Original :
Chega de conversa mole! Matando a charada:
 “Carlinhos” é só um dos “Cachoeiras” da Delta. Pergunto: “Quem é o ‘Cachoeira’ do Rio, por exemplo?
 
21 de maio de 2012
Por Reinaldo Azevedo

BRASILEIRO DEVE R$ 22 BILHÕES NO CHEQUE ESPECIAL





 O brasileiro que precisa recorrer ao cheque especial para fechar as contas do mês usa esse tipo de crédito um dos mais caros do mundo por 22 dias, em média. Ou seja, o salário desses correntistas dura apenas oito dias na conta. Depois disso, começam a usar o limite.

O custo da estripulia financeira é estratosférico.

No Brasil, os juros cobrados nessa modalidade são de 185% ao ano. Os dados mais recentes do Banco Central (BC) mostram que mesmo num momento de crescimento dos empréstimos e de consolidação de linhas de financiamento mais baratas como o consignado , o volume de crédito no cheque especial cresceu 15,6% somente nos três primeiros meses do no.

Ao todo, são R$ 21,9 bilhões negativos.

Se todo esse dinheiro fosse dividido pelo número de correntistas do país, significaria que cada pessoa que tem conta em banco está R$ 190 no vermelho.
Jovem solteiro é o maior cliente do cheque especial

Nem o BC nem a Febraban têm um perfil do endividado no cheque especial, mas as instituições financeiras fazem de perto esse controle não apenas para calcular o risco que correm, mas também para prever os lucros.

Na Caixa Econômica Federal, os clientes que mais usam essa modalidade de crédito são os solteiros.

O banco identificou ainda que são pessoas entre 25 a 35 anos, sem filhos, e com ensino médio completo e renda mensal entre R$ 700 e R$ 2 mil.

Já o Banco do Brasil constatou que os correntistas que recebem salário pela instituição são os que mais ficam no vermelho. O banco alega que só permanece nessa ciranda financeira quem desconhece o programa de redução dos juros lançado recentemente que permite um refinanciamento da dívida.

Itaú, Bradesco e Santander se recusaram a informar quais as características dos seus clientes que vivem pendurados no cheque especial. Juntos, esses cinco bancos detém mais de 70% dos ativos do mercado bancário brasileiro.

Durante anos, o BC tem alertado correntistas sobre o peso pesado desses juros. Proibitivo é o adjetivo usado recorrentemente pela autarquia para classificar a taxa do cheque especial. A palavra foi adotada no vocabulário do brigadista Rafael Rocha.

Ele descobriu a duras penas que bastava entrar no vermelho que o seu banco aumentava o limite. Começou com R$ 40 negativos. Quando deu por si, estava com um rombo de R$ 400 na conta. A dívida não cabia mais no bolso. Rafael precisou fazer um acerto com a instituição para estancar os juros.

Aproveitou o momento da economia com taxas menores ao consumidor , foi à agência, negociou com o gerente e trocou seu débito caro, que não parava de crescer, por um crédito mais barato e com juros fixos acertados no início do contrato.

Hoje, só usaria o cheque especial em uma situação em que eu precisasse muito e se estivesse perto de receber salário, só para não correr o risco de cair de novo nos juros conta Rafael.

Especialista recomenda cortar gastos supérfluos

Renegociar dívidas é o conselho do educador financeiro Ronaldo Domingos. O economista, presidente do instituto Dsop, recomenda que o endividado faça um diário por um mês. O prazo curto é para não tornar chata e cansativa a tarefa de controlar as finanças. Todas as despesas devem ser contabilizadas para que a família tenha a exata noção para onde vai o salário e onde está o desperdício.

De acordo com um levantamento da bandeira de cartão Visa, o brasileiro não sabe onde gasta 26% de tudo o que ganha. A pesquisa da empresa mostra que, em média, o descontrole consome R$ 2,4 mil por ano de cada brasileiro.

Para Domingos, é com esse dinheiro que o endividado crônico deve quitar sua dívida no cheque especial. Por isso, considera tão importante o diagnóstico feito durante o primeiro mês para cortar supérfluos e reestruturar as despesas.

Geralmente, essa pessoa vê que gasta mais do que ganha argumenta Domingos.

Se frear o consumo não for o suficiente para sair do sufoco, ele sugere pegar créditos mais baratos como o desconto em folha de pagamento. Nessa situação, é preciso abolir o cheque especial para não correr o risco de acumular mais dívida.

Domingos alega que este é o momento ideal para fazer essa transição. Com a queda dos juros bancários determinada pela presidente Dilma, que usou instituições públicas para forçar a concorrência, os principais bancos reduziram as taxas .

Para o especialista, a tarefa é difícil, principalmente porque o brasileiro que se afunda no cheque especial é jovem, que, para aproveitar a vida, incorpora a linha de crédito ao salário e usa o dinheiro para consumir:

É uma ciranda, a consequência é a inadimplência .


21 de maio de 2012
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OSSADA?!



21 de maio de 2012

ACREDITE SE QUISER...

Lewandowski diz que 'toda sua equipe' está trabalhando no mensalão

Revisor da ação penal que julgará o mensalão, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski diz que está trabalhando “intensamente” para concluir seu voto.

A entrega do relatório de Lewandowski é o último passo que falta para o julgamento do mensalão começar.

“Nós estamos trabalhando intensamente nesse processo. A equipe do meu gabinete está praticamente toda dedicada a isso”, afirmou o ministro, acrescentando: “Este ano ainda julgaremos.
A expectativa é não apenas dos ministros [do STF], mas da sociedade brasileira e também minha”, disse.
Lewandowski disse que entregará seu voto “o mais breve possível”, mas não quis falar em datas.

A Folha apurou que o ministro e sua equipe fizeram um reunião prolongada de trabalho na noite de quinta-feira, mas ele não quis falar a que se dedicou.
“É comum. Os ministros do Supremo fazem sempre”, disse.

Lewandowski lembrou que está ocupado com “muitas questões” além do processo do mensalão, como a relatoria do processo da CPMI do empresário Carlinhos Cachoeira.
(Transcrito da Folha)

21 de maio de 2012
Estelita Carazzai

ESCASSEZ DE ÁGUA AMEAÇA O PLANETA

 

A escassez de água na Terra é um assunto que vem ganhando cada vez mais destaque em pesquisas, grupos de debate e na mídia. O último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) colocou o tema em foco e desviou um pouco as atenções que estavam todas voltadas para as emissões de carbono na atmosfera responsáveis pelo agravamento do efeito estufa e do aquecimento global.

Apesar de agora estar em evidência, a questão da falta de recursos hídricos não é uma ameaça futura. "Já enfrentamos o problema da escassez e do mau uso, com doenças e sérios comprometimentos sócio-econômicos", afirma o biólogo e pesquisador da UFF Marcelo Bernardes. "Até mesmo em países com grande disponibilidade de recursos hídricos há sérios problemas de escassez", alerta a engenheira Heloisa Firmo, professora adjunta do DRHIMA (Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente) da Escola Politécnica da UFRJ. Ela complementa que, com a falta dos recursos superficiais, pode haver aumento da exploração e da poluição dos aqüíferos subterrâneos.

A maior parte da água no planeta é salgada: 97,5%. Os 2,5% do total que são constituídos água doce podem parecer pouco, mas seriam suficientes para a população humana, se bem utilizados. No entanto, algumas regiões que um dia já tiveram água em abundância e de qualidade hoje vivem a baixa oferta do recurso, comprometido por um crescimento populacional elevado no último século e uma demanda exponencial desprovida de uso racional – conforme explica Bernardes, acrescentando que se pode relacionar as causas de uma escassez não apenas à intensificação da demanda gerada pelo intenso crescimento mas principalmente ao mau uso, que inclui consumo em excesso e o descarte impróprio da água não tratada.

"O problema da oferta de água é que ela é muito mal distribuída no planeta, ou seja, onde há muita disponibilidade, há poucos habitantes, e nas grandes cidades, onde há maior concentração populacional, a água está tão poluída que é caro demais recuperá-la. Há regiões onde a escassez se dá por razões de clima e morfologia do solo, que não retém a umidade", explica Heloisa, que aponta outra dificuldade particularmente associada aos recursos hídricos. Ao contrário do que acontece com a energia, que graças às linhas de transmissão pode ser gerada num determinado local – Tocantins, por exemplo – e distribuída para outros, as bacias hidrográficas não se comunicam, a não ser que haja transposição de águas em bacias vizinhas. "Os problemas também são quase independentes. Por exemplo, se economizarmos água na bacia do Tocantins, não vai sobrar água na bacia do Paraná".

Também não se pode, segundo Bernardes, desvincular a questão da escassez de água de outros problemas ambientais. "O mau uso da água está diretamente relacionado ao mau uso da terra. Hoje podemos ver regiões em processo de desertificação relacionada ao desmatamento excessivo; elevados índices de mortalidade vinculados ao lançamento de efluentes domésticos; escassez devido ao excesso na captação ou desvio de água entre bacias, entre outros", afirma o biólogo.

É preciso atenção ainda ao fato de que a humanidade já vem lançando mão da água presente nos lençóis subterrâneos – que representa 29,9% do total de água doce do planeta, sendo que 68,9% estão nas calotas e geleiras, 0,3% nos rios e lagos e 0,9% em outros reservatórios – e essa utilização traz alguns riscos. "Os aqüíferos subterrâneos são mais protegidos, portanto, é mais difícil serem contaminados. Por outro lado, uma vez contaminados, é muito mais difícil tratar suas águas.
Eles são reservas estratégicas de água para um futuro não muito distante", diz Heloisa, lembrando que iniciativas já estão sendo tomadas em direção à resolução de problemas relacionados a essa questão.

"Há um esforço conjunto feito pelo Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina para o estudo, coleta de informações e adoção de medidas de preservação e uso sustentável do aqüífero Guarani, maior reserva de água doce da América do Sul e cujas águas cobrem mais de 1 milhão de km2, sendo 80% dele no Brasil".

O que fazer

Bernardes acredita que para evitar que os recursos hídricos se acabem é preciso que todos se envolvam. "Devemos absorver este problema como nosso e não dos outros, local e regionalmente. Somente assim iremos ver alguma resposta global. Sugiro que individualmente façamos o uso devido da água, que socialmente sejamos representados nos comitês de bacias hidrográficas e que valorizemos os projetos de uso sustentável, recuperação e monitoramento das águas". Esses comitês seriam formados por representantes legais de toda a esfera da sociedade e sem tendências políticas. O pesquisador acredita que o modelo é eficiente porque garante idoneidade, considerando toda a unidade de uma bacia hidrográfica.

Segundo Heloisa, os fatores que poderiam levar à escassez de água no planeta são o desperdício, a contaminação dos aqüíferos, a não-realização de obras para a coleta de esgoto e a falta de medidas de gestão dos recursos hídricos, como a implementação de políticas sérias – que incluem não só a participação da sociedade civil organizada por intermédio dos comitês de bacias hidrográficas, opinião que ela compartilha com Bernardes, como o fortalecimento das instituições atuantes na política, tais como as agências nacional (ANA) e estaduais; o cumprimento das medidas definidas nos planos estratégicos de bacias hidrográficas; a adoção dos instrumentos para a gestão, como, por exemplo, a cobrança e a outorga dos recursos hídricos; a construção de obras necessárias para a adução da água.

Para a água ser utilizada da melhor maneira, seu aproveitamento deve ser projetado de forma integrada, atendendo ao maior número e tipo de usuários possível – explica Heloisa, lembrando que a prioridade no Brasil é melhorar as condições de saneamento, já que dados do IBGE mostram que em torno de 75% dos municípios brasileiros despejam o esgoto in natura em seus rios. De acordo com relatório recente da ANA, a perda de água na captação e distribuição encontra-se na faixa dos 30%, valor que sobre para 50% se forem contabilizados os prejuízos por cadastros desatualizados e ligações clandestinas.

Paralelamente à necessidade de medidas mais difíceis como a implementação efetiva da Política Nacional dos Recursos Hídricos e a realização das obras para instalação de redes de coleta de esgotos e de abastecimento de água, a pesquisadora aponta iniciativas mais fáceis e práticas, que todos podem tomar: a diminuição do desperdício, a não-utilização de mangueiras como "vassouras hidráulicas" para a lavagem de calçadas; evitar banhos demorados, lavagem excessiva de roupas, fechar a torneira enquanto se escova os dentes. "É importante também a educação quanto ao respeito ao meio ambiente no sentido de não se jogar detritos nem lixo nos nossos rios, já tão deteriorados".

21 de maio de 2012

VINDE A MIM ÀS CRIANCINHAS *

Um dos botecos que freqüento em fim de tarde, acho que já contei, está cercado de forças místicas. De um lado, um oratório da TFP, aquele mesmo que nos idos de 1969 recebeu uma bomba. Obra de comunistas, segundo os devotos filhos de Maria. Do outro lado, fenômeno recente, um templo evangélico, mais um desses que brotam como cogumelos após a chuva, nestes dias em que tanta gente busca muletas espirituais.
Nem um nem outro jamais me incomodaram. Enquanto peco no boteco, os marianos rezam ajoelhados ao lado de minha mesa, rezam talvez pela redenção deste pecador. Não são proselitistas. Fazem suas orações em voz baixa, recitam seus salve-rainhas, ave-marias e pai-nossos discretamente, muita vezes sob a chuva e em meio a madrugadas mais ou menos gélidas. Já os evangélicos, estes são mais barulhentos. Muito som, muita fúria e muito fanatismo. Como ficam a uma distância suportável do bar, não chegam a atrapalhar minhas horas de recolhimento.

Num destes dias, em que o famigerado espírito natalino paira sobre a cidade, mal acabo de pecar e estou voltando para casa, fui abordado por quatro ou cinco pivetinhas, na faixa dos dez anos, de bíblias em punho. Eivadas da palavra divina, estavam sedentas para trazer ovelhas ao rebanho.

— O senhor é católico? — perguntou-me a menor delas, pelo jeito a mais audaz.
— Não.
— É evangélico?
— Também não.
Com um ar incrédulo, de quem não queria acreditar no que iria ouvir, insistiu:
— O senhor é ateu?
— Sou.

Foi a vez de intervir uma mulatinha dentuça, que me exibiu suas canjicas e todo seu espanto, como se tivesse encontrado um dinossauro:
— Ateeeeuu? Mas Deus existe, moço. Falo com ele todos os dias.
A discussão é muito antiga e longe de mim pretender debater tema tão batido com uma criança. Ainda mais nesta época em que qualquer vedetinha da televisão fala com Deus a qualquer hora, sem sequer pedir audiência ao Supremo. Aceitei os alegados da mulatinha dentuça. Existe e matou um monte de gente, não é verdade? Em Sodoma, sabia?

Ela pensou um pouco:
— É! Mas eles estavam pecando. Deus avisou antes para pararem de pecar.
— Tudo bem, minha filha. Mas teu pai não peca de vez em quando? Os homens não pecam todos os dias? Isso é motivo para matá-los?
Ela ficou matutando.
— Vou perguntar para o pastor.
Sugeri que perguntasse também quem era o único homem justo de Sodoma.
— Isso eu sei. Era o Ló.
Muito bem. Ela conhecia bem o roteiro. E com quem dormiu Ló depois que fugiu de Sodoma?
Ela não sabia. Com as duas filhas, expliquei. Isso é exemplo?
— Vou perguntar ao pastor — defendeu-se a menina.
O pastor teria trabalho naquela noite.

A mais novinha me atacou com o Velho Testamento:
— O senhor conhece este livro?
— Claro que conheço, moça. Era aquele que falava de Adão e Eva, não era? Os dois viviam sós no paraíso, tiveram dois filhos...
— Caim e Abel — atalhou a apostolazinha.
— Exato. Depois o que aconteceu?
— Caim matou Abel.
— Isso mesmo. Depois Caim procriou, teve filhos, não é isso?
— É — disse a pivetinha.
— Muito bem. Com quem Caim teve filhos?
A menininha pensou um pouco, botou um dedo na boca, e teve de admitir:
— Com Eva, ué!
— E quem era Eva?
Ela puxou mais um pouco pela memória e respondeu, já um pouco assustada:
— Era a mãe dele, não é?

Era, e aí começa o problema. O mito bíblico explica o mundo a partir de um incesto. Não quis explicar à menina que nada tenho contra incesto, aliás tampouco nossa legislação, quem quiser levar a mãe para a cama que tenha bom proveito. Mas nesse momento já havia chegado reforço. Mais três ou quatro meninos, mais crescidos, nos cercavam e seguiam com interesse a discussão. Um deles, o mais taludo, aventou:

— Ah! Mas o Caim foi procurar mulher em Ur.
Tão pequeno e já falacioso. Ali estava uma vocação irreversível para o jornalismo mentiroso. Ur dos Caldeus, expliquei ao futuro safado, é uma cidade no sul da Babilônia, de onde teria vindo Abraão. Não existia nos tempos de Adão. Aliás, nem é preciso conhecer a bíblia para saber disto. Basta fazer palavras cruzadas.

Um outro, gorduchinho mas já sofismador, tentou salvar a turma:
— É, mas tem primo casando com prima.
— Sei disso. Nada melhor que namoro de prima em cozinha, diziam os antigos. Mas pai com filhas — e com as duas — me parece um pouco pesado.
— Vamos perguntar ao pastor — responderam num coral improvisado.

O pastor, já inquieto, estava chegando e recolheu a meninada, que atacava este pobre incréu como uma matilha de cães ensandecidos. Orre, bem feito! Quem manda os pais soltarem criancinhas imaturas na fé nas ruas desta São Paulo, infestada de ateus empedernidos? Liberto do cerco, continuei meu caminho, um vago sorriso me perpassando a alma. Havia confundido meia dúzia de crianças e dado trabalho ao pastor. Antes tarde do que nunca. Estava feita minha boa ação do ano.

* 29/12/2000

21 de maio de 2012
janer cristaldo

SUSPENSÃO DE SITE GERA INDIGNAÇÃO NO MEIO ACADÊMICO


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No ar há três anos, site compartilhava para download obras raras e fora de catálogo

Autores e pesquisadores defendem o site Livros de Humanas, ameaçado judicialmente por promover o compartilhamento digital de livros raros

Há três anos, ele tem se mostrado uma ferramenta essencial para estudantes e pesquisadores. Diversos livros esgotados podiam ser baixados de graça em formato PDF ou Epub pelo Livros de Humanas, site de compartilhamento de publicações de ciências humanas. Para o público da área, era a chance de ter contato com obras teóricas raras sobre filosofia, antropologia, literatura e psicanálise, muitas vezes impossíveis de serem encontradas. No entanto, desde esta quinta, 17, os usuários se depararam com a seguinte mensagem ao acessar o site: “Olá. O site está fora do ar porque recebemos notificação judicial da ABDR (Associação Brasileira dos Direitos Reprográficos). Por ora é o que podemos informar”.

Criado em 2009 por um estudante da USP, o Livros de Humanas era o maior e mais conhecido site de compartilhamento de livros. Em pouco mais de dois anos de existência, já havia formado uma biblioteca maior do que a de muitas faculdades brasileiras. A biblioteca do Livros de Humanas era toda formada sem qualquer autorização. O motivo da ameaça judicial teria sido dois livros, um de Jacques Lacan, que estava esgotado até o ano passado, e outro do professor de letras e linguista brasileiro José Luiz Fiorin. Ao mesmo tempo, outros sites do gênero também saíram do ar por causa de ameaças judiciais, como o IOS Book e EpuBr. Mais tarde, chegaram informações de que os responsáveis pelas ameaças judiciais eram duas editoras didáticas, Contexto e Forense. Esta última um selo do grupo Gen, editora de apostila didática para concurso, cujo presidente, Mauro Koogan Lorch, é diretor da ABDR.

O processo que resultou na retirada temporária dos sites coloca em xeque a cultura de compartilhamento de livros digitais. A ampliação da circulação de obras promovida pelo sistema de trocas na internet revolucionou o acesso ao conhecimento, mas bateu de frente com os interesses das editoras. Por outro lado, a medida provocou indignação no meio acadêmico. Professores e pesquisadores, muitos deles autores de livros (e, portanto, diretamente interessados) se manifestaram nas redes sociais em apoio ao site.

O antropólogo Eduardo Viveiros de Castro defendeu a cultura de compartilhamento de livros, afirmando em seu Twitter que “Sites que permitem a leitura gratuita de livros de difícil acesso, esgotados ou absurdamente caros, são fundamentais para a difusão do saber. O que a internet perturba é o CONTROLE, pela editora, da relação entre autor e leitor. Ninguém perde economicamente. A questão é política. Exceto, é claro, no obscuríssimo mercado de livros didáticos, onde a instrumentalização do saber e a concentração de poder são a regra”.

O antropólogo também acredita que o ataque ao site é “uma excelente ocasião para se inventariar o negócio do ‘livro didático’ no Brasil, das editoras ao MEC”.
Ele aproveita para questionar os dogmas da ABDR e do mercado editorial: “Nunca vendi tantos livros (nunca foram muitos, mas enfim) como depois que meus livros entraram nas bibliotecas públicas da rede”, contou. Ele também afirma que “jamais COMPREI tanto livro como depois que pude começar a baixar livros GRATUITAMENTE pela rede”.

Quanto mais downloads, mais vendas

A teoria de Viveiros de Castro é a mesma de muitos especialistas da área; a de que o público que baixa livros é o mesmo que compra livros. Recentemente, ninguém menos do que Paulo Coelho, um dos autores mais vendidos do mundo, confessou que vazava propositalmente seus livros na internet, já que isso ajudava a promovê-los. O autor notou que suas vendas aumentaram em países onde costumava ser menos popular, como a Rússia, logo depois que traduções em russo de seus livros foram disponibilizadas para download.

“Mais pessoas leram meus livros graças ao @Livrosdehumanas que por qualquer outra via”, lembrou em seu Twitter Idelber Avelar, professor de literatura na Universidade de Tulane em New Orleans. “Como autor, sou profundamente grato e quero ajudar”. Ele também promoveu uma mobilização: “A internet tem que dar uma resposta contundente a esse ataque da ABDR contra @Livrosdehumanas. Levantar grana, boicotar, encarar a luta.”

A ideia de boicote às editoras foi levantada por diversos perfis no Twitter. O professor e poeta Eduardo Sterzi afirmou que “Em resposta ao ataque que fizeram a uma das mais democráticas bibliotecas brasileiras, nunca mais comprarei livros da Forense e da Contexto”.
Sterzi acrescentou: “Sites de compartilhamento de livros têm de ser vistos e respeitados como bibliotecas. É o que eles são. Combatê-los é fomentar a ignorância”.

Não é a primeira vez que o Livros de Humanas sofre com ameaças judiciais. Em 2011, já havia recebido mensagens de violação dos termos de uso. Ameaçado, foi obrigado a sair do WordPress e ir atrás de um servidor fora do país.
O site, no entanto, sempre funcionou sem nenhum interesse comercial. Promovia “vaquinhas” entre os usuários para comprar livros e digitalizá-los. Na prática, trata-se de um sistema de trocas que sempre aconteceu: diversas pessoas se mobilizam para comprar um livro e repassá-lo uns para os outros. A internet apenas deu à prática um alcance global. Além do mais, o site só digitalizava obras esgotadas e de difícil acesso.

“É óbvio que o blog desrespeita a legislação vigente”, havia dito o criador da página em entrevista ao Globo, em 2011, logo após as primeiras ameaças judiciais. “Mas não porque somos bandidos, mas porque a legislação é um entrave para o desenvolvimento do pensamento e da cultura no país”.

Vale lembrar que, segundo o próprio site da ABDR, o Livros de Humanas não aparece entre os enquadrados na categoria pirataria editorial. No Twitter oficial do site, o administrador anuncia que “a discussão se fará em juízo” e disse que já está “consultando advogados”.

Bolivar Torres
21 de maio de 2012