"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 11 de abril de 2013

A MARCHA DE 9 DE ABRIL E O FORO DE SÃO PAULO

    
          Notícias Faltantes - Foro de São Paulo 
Quando entrei no Hotel Tequendama, neste 8 de abril passado, me encontrei de frente com o congressista Iván Cepeda, filho do fariano Manuel Cepeda, em cujo nome está batizada a Frente mais sangrenta das FARC. Não lhe pronunciei palavra nem lhe dirigi olhar algum esperando, em retribuição, que não me impedisse de estar presente nesta reunião de conspiradores pró-terroristas do Foro de São Paulo.

Porém, nem bem havia entrado no salão Esmeralda do Hotel Tequendama - onde se desenrolava a reunião - Cepeda e Sergio de Zubiría Samper (comunista professor da Universidade Nacional e Universidade del Bosque) se aproximaram de Clara López Obregón e cochicharam não sei o quê para, ato contínuo, enviar-me uma delegação que me convidou a sair do recinto “por bem”. A razão? Que os membros do Polo, Progressistas, Marcha Patriótica-FARC, Partido Verde, Partido Comunista, etc., iam falar descaradamente sobre a Marcha do 9 de abril, as conversações com as FARC e os passos que estão dando para a tomada do poder.

Esta era uma reunião do Foro de São Paulo, um organismo do qual formam parte os partidos comunistas e as guerrilhas colombianas e da América Latina, e cujo objetivo é instaurar o neo-comunismo na região.

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Reunião do Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo em Bogotá, um dia antes da marcha pró-FARC. (Foto:Periodismo sin Fronteras)

A finalidade deste Grupo de Trabalho reunido em 8 de abril, como já se disse, era concretizar o apoio e a logística para a Marcha do 9 de abril, convocada pelo governo e pelas FARC. Também, certamente, o Grupo de Trabalho tinha como missão referendar seu respaldo às conversações com as FARC.

Assim, pois, cheguei muito cedo nessa manhã do 8 de abril, mas mal me deixaram permanecer lá 4 minutos. Nas horas da tarde voltei e, aproveitando que Iván Cepeda não estava, pude ficar um bom tempo, o suficiente para ouvir como os dirigentes do Foro, em meio aos aplausos dos presentes, rotulavam nossos militares de criminosos e assassinos, enquanto que qualificavam as FARC de “heróicas e gloriosas forças guerrilheiras”.

As loas e as palmas também se ouviram quando se lançaram “vivas” a Chávez e Maduro. Certamente também houve aplausos para Tirofijo, Reyes, o Mono Jojoy e Alfonso Cano.

Muitas coisas interessantes falaram lá nessa tarde. Foram muito claros em que a assinatura da paz não lhes interessava, e que isto era apenas um veículo para o que verdadeiramente buscam: a tomada do poder.
Dois membros do Foro de São Paulo falavam com delegados do Polo e asseguravam que haviam se reunido com o camarada presidente Juan Manuel Santos para lhe propor que se devia fazer o necessário para que a esquerda colombiana chegasse unida nas próximas eleições. Disseram que o presidente Santos os havia escutado e que iam se reunir, uma vez terminada a marcha.

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Indígenas comparecem à marcha sob ameaça das FARC (Foto: Periodismo sin Fronteras)
 
Falaram que as FARC não deveriam abandonar as armas nem se desmobilizar completamente, e que era necessário que os opositores à subversão fossem “calados” (leia-se “eliminados”) de que maneira fosse, já que - se não fizessem - estes opositores se converteriam em obstáculos para a tomada do poder na Colômbia. Citaram o caso da Guatemala, onde não se “calaram” os opositores da subversão e, como conseqüência, eles chegaram ao poder por votação popular.
 
Apoiaram cabalmente os diálogos em Havana e disseram que era imprescindível levar adiante o tema de terras e zonas de reserva camponesa, já que isto serviria para fazer presença e governar em territórios do país, conseguindo autonomia importante com vistas à tomada total do poder na Colômbia. Falou-se de mineração e da necessidade de taxar com mais de 38% a atividade desenvolvida pelas empresas estrangeiras, tal e como Chávez fez na Venezuela.

Comentou-se que delegados do Foro de São Paulo se reuniriam com membros do governo e das FARC na mesa de negociações em Havana. Isso também - disseram - se conseguiu com Santos. Igualmente, falou-se da reunião plena do Foro em julho próximo, onde estão como convidados de honra as FARC e o governo de Juan Manuel Santos. Santos se comprometeu - disseram - a contribuir com o que fosse necessário para essa reunião do Foro no Brasil, embora ainda não disse formalmente a quantia da “contribuição”.

Falou-se de que, graças a que a União Européia declarou que as FARC eram terroristas, a esquerda européia não pôde participar abertamente das conversações em Havana e que devido a isso as reuniões tiveram que se realizar na Noruega. Todos se alegraram com a notícia de que já se havia iniciado um desdobramento político para pressionar o parlamento europeu, com a finalidade de tirar das FARC o qualificativo de “terroristas”.

O Foro de São Paulo declarou também que a esquerda colombiana deve pressionar fortemente para que as negociações se dêem rapidamente uma vez que, disseram, o “imperialismo norte-americano” junto à “oligarquia guerreirista colombiana estão fazendo o impossível para impedí-lo”. Foram claríssimos em que não importa o conteúdo dos acordos, senão que se assine rapidamente o que seja.

Ratificaram que a contenda eleitoral não ia se dar entre Santos e Uribe, senão entre a esquerda e Uribe. E ressaltaram que depois da assinatura da paz, era necessário montar um grupo de memória histórica, sem incluir os inimigos da subversão.

Também aplaudiram que alguns membros das Forças Militares estivessem trabalhando com a esquerda colombiana, em especial com o grupo de Clara López Obregón.

Antes de sair, comentaram alvoroçados que os Progressistas (partido de Gustavo Petro), e a Marcha Patriótica (das FARC) solicitaram formalmente seu ingresso no Foro de São Paulo. Não disseram nada a respeito do Partido Verde. Será que já forma parte do Foro de São Paulo? Vai-se saber...

Para informação de quem deseje, aqui está a lista de alguns dos participantes deste Grupo de Trabalho de apoio às FARC:

Piedad Córdoba (senadora pelo Partido Liberal, destituída. Marcha Patriótica), Iván Cepeda Castro (Representante na Câmara pelo Polo Democrático Alternativo), Clara López Obregón (presidente do Polo), Carlos Romero (Comunista, do Polo, esposo de Clara López), Gloria Flórez, Parlamentar Andina (de Progressistas), Carlos German Navas Talero (do Polo), Carlos Bula (Polo), Jaime Dussán (Polo), Glicerio Perdomo (Progressistas, guerrilheiro do M-19), Glória Inés Ramírez (Partido Comunista), Jaime Caicedo (Partido Comunista), Fermín González (Presentes pelo Socialismo), Estefan Balet (Presentes pelo Socialismo), Jaime Zubieta (Vice-presidente do Polo e membro do Comitê Executivo do Foro de São Paulo em Bogotá), Nelson Linares (Polo), José Fernando Castro (Polo), Hilda Carrera (do grupo de Iván Cepeda), Sergio de Zubiria Samper (Relações Internacionais do Partido Comunista Colombiano), Ángela María Robledo (Representante da Câmara de Bogotá pelo Partido Verde), Mauricio Piña (Vice-presidente das juventudes de Bogotá, pelo Polo), Jorge Armando Crispín (Secretário Executivo do Polo em Bogotá), Gonzalo Arcila Ramírez (Polo), José Rubiel Vargas (JUCO - Juventude Comunista -, detido em 2004 por nexos com as FARC) e um representante do senador Jorge Enrique Robledo (Polo).

Como delegados internacionais esteve um deputado da Esquerda Unida da Espanha, e da direção do PIE (Partido de Izquierda Europea). Também acudiram ao chamado Rolando Carrasquilla (Partido Comunista panamenho), Diego Torres (Partido Comunista do México). Um representante de “Movimentos Sociais para a ALBA”, outro do País Basco, de Organizações Juvenis. Hugo Cabieses (Partido Socialista do Peru, e da secretaria Andino-Amazônica do Foro de São Paulo).

E outros vários delegados representantes de vários países da América Latina (Argentina, Brasil, El Salvador, Guatemala, México, Nicarágua, Panamá, Peru, Uruguai e Venezuela) e da esquerda européia. Certamente não faltaram os guerrilheiros comunistas da Nicarágua, Guatemala e México, e posso adivinhar que três tenebrosos personagens colombianos que estavam ali eram das FARC.

Foro de São Paulo e a marcha do 9 de abril

Sobre a marcha do 9 de abril, foi meridianamente claro o apoio que o Foro de São Paulo prestou a esta jornada. Estive na Praça de Bolívar, onde me impactou a grande maioria de marchantes indígenas, seguido pelas comunidades negras e, em menor escala, funcionários oficiais. E não me surpreendeu ver membros do Foro de São Paulo no palanque que colocaram na Praça de Bolívar.

Falei com uns indígenas que me asseguraram, não sem temor, que as FARC visitaram fazenda por fazenda no Cauca e ameaçaram camponeses e indígenas. Disseram-lhes que se não enviassem um ou dois membros de cada família à marcha, eles lhes cobrariam uma multa de 600 mil pesos [1].

Quase todos os da marcha vestiam camisetas da Marcha Patriótica, repartiram tamales [2] grátis, e a maconha circulava como pão quente entre a multidão. Vi cartazes do M-19, da JUCO, do ELN, do Partido Comunista, do Polo Democrático, do movimento “cristão” MIRA, do Poder Gay, do Che Guevara, de Chávez, de Maduro, de Fidel Castro.

Petro decretou dia cívico, porém obrigou os empregados oficiais a ir à marcha, sob pena de duras sanções (como trabalhar jornada completa, apesar de ser dia cívico). O Decreto fala de que a marcha se faz porque, dentre outras razões, há um “conflito armado interno que necessita ser resolvido pelas duas partes” (FARC-Estado) de maneira pacífica.

Tirando conclusões desta falida jornada pró-terrorista, podemos dizer que os convocantes foram: a Marcha Patriótica-FARC (que pôs a maioria dos participantes), o camarada Santos (que convocou empregados do governo e membros da Força Pública), Gustavo Petro (que obrigou os empregados oficiais a participar) e a hierarquia católica, mais exatamente o cardeal comunista Rubén Salazar. Dos meios de comunicação, convocaram El Tiempo, Caracol e um setor de RCN.

Deve-se ressaltar que essas convocatórias não tiveram êxito em outras cidades, e que em Bogotá pôde-se apreciar uma multidão porque as pessoas do interior foram trazidas à cidade pelas FARC-Marcha Patriótica.

Honestamente, não assistiram em Bogotá mais de 40 mil pessoas e, sendo generosos, no resto do país apenas conseguiram somar 10 mil. Essa será a votação por Santos e/ou a esquerda nas próximas eleições.

O que vimos em 9 de abril de 2013 é a capacidade de convocatória de Santos, Petro, FARC, a hierarquia da Igreja e El Tiempo. Indubitavelmente eles foram os grandes derrotados. De nada valeram os tamales grátis, os concertos e a maconha que abundou nos locais de concentração.

E a conclusão final. O Foro de São Paulo tem razão. A próxima contenda eleitoral não será entre Santos e Uribe, senão entre a esquerda terrorista e Uribe. E a candidata que se aclamou foi Clara López Obregón. Para que vão vendo.

Notas da tradutora:

[1] O equivalente a R$ 600,00.

[2] “Tamal” é uma espécie de empanada feita com farinha de milho, envolvida em folhas banana comprida, que se cozinha no vapor ou no forno e recheada com ingredientes variados.

[3] Acerca deste tema ver também as publicações: Santos faz passeata em apoio às FARC e O Foro de São Paulo e a ingerência nas eleições presidenciais latino-americanas.
 
11 de abril de 2013
Ricardo Puentes Melo
Tradução: Graça Salgueiro

COMEMORANDO A SEGURANÇA DOS BANDIDOS

    
          Artigos - Desarmamento 
A taxa de homicídios cresceu no mesmo período analisado em praticamente todos os estados brasileiros, em especial naqueles onde os cidadãos mais participaram das tais campanhas voluntárias de desarmamento.


No dia 1º de abril, data emblemática, o IPEA apresentou um estudo sobre o impacto do chamado Estatuto do Desarmamento na aquisição de armas de fogo no Brasil, que em tese indica uma queda de mais de 35% nos gastos das famílias brasileiras com esses produtos. O lançamento foi acompanhado por autoridades e organizações, todas favoráveis ao desarmamento da sociedade civil.


 
A imprensa, em quase sua totalidade, repercutiu a apresentação do estudo como uma espécie de troféu, como se fosse a coroação de uma política bem sucedida em prol do cidadão. Mas a verdade é bem diferente do que o IPEA – órgão vinculado diretamente ao governo federal, sabidamente o maior entusiasta deste tipo de ação – tentou provar.
 
Primeiramente, impossível não questionar por qual motivo o instituto simplesmente ignorou o principal, ou seja, a indagação de se a redução trouxe algum real benefício para sociedade. Se houve diminuição, por exemplo, no uso ilegal de armas de fogo no Brasil. E no número de homicídios? A resposta a essas questões seria, por óbvio, negativa. 
 
O fato é que a taxa de homicídios cresceu no mesmo período analisado em praticamente todos os estados brasileiros, em especial naqueles onde os cidadãos mais participaram das tais campanhas voluntárias de desarmamento. Outros crimes, então, como os roubos em residências e pequenas propriedades rurais, simplesmente explodiram.
 
Outro ponto importante é saber o motivo pelo qual foram utilizados os dados do IBGE e não da Polícia Federal.
Os do primeiro são autodeclaratórios, em que o entrevistado é que diz ou não se adquiriu uma arma no período pesquisado - e, convenhamos, quem se sente à vontade em declarar que comprou uma arma para um agente do governo? 
Ao contrário, os dados oficiais da Polícia Federal são independentes da declaração, uma vez que somente com autorização e registro nesse órgão há a compra legal de uma arma de fogo.
 
Há muitas outras dúvidas sem resposta, mas uma certeza aflora cristalina: se há algo para comemorar, é por parte dos criminosos, que cada dia que passa têm a certeza que estão mais seguros.

11 de abril de 2013
Bene Barbosa, especialista em segurança pública e presidente do Movimento Viva Brasil.

O BRASILEIRO É UM POVO FÚTIL?

   
          Artigos - Economia 
futilO paradoxal é que quanto menos se tem acesso ao capitalismo, maior o valor de status dos bens capitalistas.

No relatório de consumo de países emergentes da Credit Suisse, o Brasil é o país com um consumo “discricionário mais prevalente”, o que é uma forma educada de dizer que gastamos mais dinheiro com futilidades do que outros países emergentes.

Entre os brasileiros com uma renda de até U$1.000 (PPP), 62% dos participantes disseram que pretendem comprar roupa ou tênis 'de marca' nos próximos 12 meses.

A proporção sobre para 74% entre os que ganham mais de U$2.000, mais do que nos demais países emergentes do relatório. Lembrando que, mesmo em paridade de poder de compra, 'roupa de marca' é mais cara aqui que em outros países emergentes.


Não sei dizer se somos mais fúteis. Se somos, não saberia explicar como ficamos assim, mas, a la Rousseau, vou propor uma hipótese de economia política para justificar parte da suposta futilidade nacional.
Todo consumo humano tem um significado que vai além da sua prometida utilidade prática.

Quando compramos um sapato, estamos comprando um calçado mas também um símbolo de distinção para com outras pessoas. Thorstein Veblen fala sobre esse consumo distintivo em The Theory of the Leisure Class: “O elemento da distinção e o elemento da eficiência bruta não são separáveis na apreciação de mercadorias feitas pelo consumidor”.
Em termos secos e econômicos, pagamos o preço da sinalização do nosso status social. Parte do que uma logomarca faz é comunicar tacitamente o status social do dono.

Mesmo antes de haver Farragamo e Prada, a incrementação supérflua sempre serviu de sinalização do produto. Quanto mais essa incrementação ultrapassa o necessário para que o produto possa ser funcional, maior seu status. Vá em qualquer museu histórico e repare como que de utensílios a estruturas, qualquer objeto tem formas e detalhes que vão além da sua função primária. Ou pense nos relógios que são fabricados com mais técnica e detalhes do que um indivíduo precisa para saber as horas a qualquer momento. Antes da revolução industrial, a incrementação de um produto exigia alto grau de tempo e esforço.

Tudo mudou com o progresso capitalista dos últimos 200 anos. Desde a revolução industrial, são as máquinas, não os seres humanos, que conseguem realizar maior incrementação e precisão técnica. Nos países em que os pobres têm amplo acesso ao capitalismo, a produção em massa populariza a incrementação industrial, desmanchando sua propriedade sinalizadora.

Na margem, essa popularização da produção industrial separa do preço a incrementação e a precisão técnica. A produção de um relógio incrementado e tecnicamente preciso fica mais barata que um relógio produzido de modo mais artesanal. Ter um smartphone ou um tênis Nike não serve para sinalizar status nas ruas de Londres ou nos cafés de Paris.

Nesses cenários, produtos menos industriais e mais artesanais ganham em valor de sinalização. Dedicar tempo de trabalho pessoal para a criação de um bem que pode ser produzido industrialmente parece um desperdício. Mas é um desperdício de trabalho que substitui o desperdício da incrementação.
De maneira que, diz Veblen, até as “imperfeições e irregularidades nas linhas do artigo artesanal” ganham valor de status.

O Brasil não está dentro do mesmo capitalismo global. Nossos produtos industrializados continuam sendo bastante caros. Por um lado, porque tributamos a industrialização – você é penalizado se quiser aumentar sua produtividade empregando máquinas. Por outro lado, sufocamos a importação com barreiras de exclusão comercial e com uma burocracia indecifrável.

Enquanto a diminuição dos custos da incrementação industrial diminui radicalmente seu valor sinalizador lá fora, aqui dentro ela continua sendo custosa. O que não é sinal de distinção em outros países passa a ser sinal de distinção dentro do Brasil.

Acabamos sendo um país que gasta mais com futilidades não porque os brasileiros são necessariamente tão mais fúteis, mas em parte porque nosso consumo de status se dá por meio de futilidades industrializadas, principalmente pela juventude.

O adolescente gringo sinaliza status andando de tênis de lona; o adolescente brasileiro sinaliza status andando de tênis cheio de amortecedores. O gringo sinaliza status bebendo um café artesanal; o brasileiro, comendo um sanduíche industrial. O gringo usa uma camisa de tricot; o brasileiro usa uma polo de marca. O gringo sinaliza status andando de bicicleta; o brasileiro, andando de carro com adesivos e aerofólios. O gringo sinaliza status saindo à noite para ver uma apresentação musical independente; o brasileiro, saindo para ouvir música industrial com um DJ. O gringo planeja passar as férias em Costa Rica ou na Indonésia; o brasileiro planeja pasar férias em Las Vegas ou na Disney.

Um alemão hipster continua sinalizando tanto status quanto um brasileiro playboy. Nos dois casos, o desperdício funcional continua a ser sinal de status, mas em Berlim se desperdiça menos na incrementação industrial, e mais na mão de obra: consumo ambientalista, localista, zen, fair trade etc são todas formas de sinalizar status com desperdício funcional.

O paradoxal é que quanto menos se tem acesso ao capitalismo, maior o valor de status dos bens capitalistas. No Brasil, esse encarecimento político afeta de modo desproporcional pobres e ricos, porque os pobres são excluídos do capitalismo a que o rico tem acesso. Quando o capital é escasso, futilidade é desperdiçar capital. Quando a mão de obra é escassa, futilidade é desperdiçar mão de obra.

A vantagem é que o hipster vai rir da sua própria hipsterice com mais facilidade que o playboy brasileiro consegue rir de si mesmo.


Publicado primeiramente no blog do autor, Capitalismo para os pobres e no site do Instituto Ordem Livre.
 
11 de abril de 2013
Diogo Costa é presidente do Instituto Ordem Livre.

A CULTURA DO COITADISMO

    
          Artigos - Cultura 
A sociedade que permite e advoga esse direito ao coitadismo generalizado está condenando a si mesma. Nela, as pessoas ficarão cada vez mais fracas e cada vez mais burras.

Estamos vivendo uma época muito estranha. Não sei se vocês estão percebendo, mas hoje em dia, todo mundo se apressa para se encaixar no perfil de vítima, injustiçado, incompreendido. Parece uma doença psicológica que se alastra e acomete cada vez mais pessoas. Mesmo aqueles que, em outras épocas, jamais seriam tidos por sujeitos passivos de qualquer tipo de preconceito, atualmente, na primeira oportunidade que têm, levantam suas vozes para reclamar.


O que antes era próprio de grupos específicos, que, justa ou injustamente, sofriam ou tinham a percepção de serem vítimas de preconceito, difundiu-se por todos os cantos da sociedade moderna.
As pessoas tornaram-se policiais em defesa de si mesmas, prontas para gritar: "Preconceito, preconceito!" para qualquer manifestação alheia que considerem aviltantes em relação a elas mesmas. O que era a voz de alguns excluídos tornou-se uma cultura geral, que vem se impregnando cada vez mais profundamente na alma do povo.

Essa cultura do coitadismo se encontra em todos os estratos sociais, em todos os níveis culturais e em todas as faixas etárias. É um abundante padecimento por si mesmo, uma autoproteção neurótica que acaba tornando todos os outros potenciais agressores, ainda que estes se manifestem com expressões pueris e inócuas.

Antes eram apenas os negros, as mulheres e os homossexuais. Hoje, são os gordos, os esquerdistas, os professores, os pobres, os ricos, os burros, os cultos, os ateus, os cristãos, os macumbeiros, as crianças, os velhos, os feios, as loiras, as empregadas domésticas, os consumidores e qualquer grupo que se encaixe em algum perfil específico. Até jogador de futebol se diz discriminado, quando algum comentarista o critica.

A cultura da reclamação está criando uma proibição à crítica. Falar mal de alguém, direito sagrado de todos os tempos, está se tornando algo impossível. O que antes era uma mera questão de bons modos se transforma, a passos largos, em matéria de Direito Penal e situa qualquer pessoa como um potencial criminoso.

O resultado de tudo isso, além do cerceamento absurdo da liberdade, é um emburrecimento colossal de uma população já pouco afeita ao conhecimento. A crítica, a exposição livre do pensamento, inclusive dos preconceitos, das ideias, ainda que absurdas, dos sentimentos e das vontades sempre foram o alicerce da inteligência. É neste campo livre e aberto, onde as cercas situam-se em extremidades longínquas, que o pensamento e a ciência se desenvolvem.
A liberdade é o seu alimento.
A inteligência, se não puder dizer o que pensa, se não puder discordar e se manifestar, tende a atrofiar.

Por isso, a sociedade que permite e advoga esse direito ao coitadismo generalizado está condenando a si mesma. Nela, as pessoas ficarão cada vez mais fracas e cada vez mais burras. Daqui a pouco, seremos meramente uma manada de porcos, possuídos por espíritos baixos, se lançando, estupidamente, no abismo sem fundo da ignorância e da irrelevância.

11 de abril de 2013
Fabio Blanco é advogado e teólogo.

DUAS PERGUNTAS

    
          Notícias Faltantes - Foro de São Paulo 
Chávez foi apenas o espantalho usado pela esquerda para distrair os observadores norte-americanos, que concentravam nele as suas atenções enquanto empreendimentos de muito maior envergadura, dirigidos desde o Brasil, isto é, desde o foro de São Paulo, iam consolidando a posição das esquerdas no continente.

A “Intelligencer”, revista acadêmica do Patrick Henry College, de Purcellville, Virginia, enviou-me esta semana algumas perguntas sobre a situação política na América Latina. As respostas que ofereci a pelo menos duas delas não me parecem desprovidas de interesse para o leitor brasileiro.

A primeira pergunta foi:

“Quais foram as causas da mudança da América Latina para o socialismo/comunismo depois de a região ter alcançado algum sucesso no capitalismo?”


Resposta: A história da América Latina no último meio século pode se dividir em três etapas. Primeiro vieram as ditaduras militares e a derrota da esquerda armada. Depois, a volta da democracia e uma fase de entusiasmo epidérmico pelo capitalismo liberal, coincidindo com a queda do comunismo no leste europeu. Por fim, a ascensão geral das esquerdas. É evidente que a terceira etapa foi preparada durante a segunda, quando a opinião pública parecia imaginar que o comunismo estava morto e enterrado para sempre, mas na verdade apenas se fazia de morto para assaltar o coveiro.

O que aconteceu foi que, na época, a direita não entendeu de maneira alguma o processo de transformação interna do movimento comunista. Os militares haviam se concentrado no combate à esquerda armada, sem fazer praticamente nada contra o comunismo no campo ideológico e cultural, que, precisamente na época da maior repressão, ia sendo discretamente dominado pelos esquerdistas.

Na quase totalidade dos países da América Latina, estes dominavam o aparato cultural e jornalístico justamente no instante em que a queda da URSS lançava entre eles um estado de confusão ideológica muito propício a uma revisão estratégica profunda, que veio a acontecer com rapidez extraordinária sem que a direita, então embriagada de ilusão triunfalista, nem sequer o percebesse.
Essa revisão foi composta dos seguintes itens:

(1) reforma organizacional dos partidos comunistas, que abandonaram a antiga linha vertical de comando para adotar uma organização mais
 flexível em “redes” e propiciar a articulação estratégica entre todas as facções de esquerda, passando por cima de antigas dissensões ideológicas;

(2) mudança radical no discurso ideológico, que, em vez da transformação estrutural da economia, passou a enfatizar toda sorte de interesses grupais antagônicos ao sistema, ao qual já não se declarava guerra abertamente, mas se combatia desde mil lados ao mesmo tempo, lançando na sociedade uma confusão dos diabos.

Essas transformações refletem aquilo que Augusto del Noce chamou, um tanto ironicamente, de “suicídio da revolução”: dissolvida toda visão clara de um futuro socialista, a luta revolucionária esfarelou-se em mil e uma linhas de combate aparentemente inconexas que, segundo o mesmo del Noce, não faziam avançar a causa socialista ostensivamente, mas iam corroendo todos os valores morais e culturais da sociedade capitalista, que, assim, assumia feições cada vez mais malignas e odiosas.

As novas gerações de adeptos do capitalismo, já educadas fora dos valores morais e culturais que sustentavam o regime, colaboraram nesse processo, entregando-se a um pragmatismo amoral que transformava o capitalismo precisamente no monstro que os esquerdistas desejariam que ele fosse.
Os esquerdistas, por sua vez, aproveitavam-se disso para fomentar a corrupção e ao mesmo tempo denunciá-la, lançando as culpas no capitalismo.

O conjunto tornou-se tão confuso que ninguém, na direita, compreendia o que estava acontecendo. Atônitos e paralisados, os políticos conservadores e liberais (no sentido latino-americano do termo) foram cedendo a um avanço ideológico cujo perfil comunista de conjunto lhes escapava por completo, Foi assim que a facção que no começo dos anos 90 parecia quase extinta veio a se tornar a dominadora quase absoluta do continente.

Segunda pergunta:
“O presidente Chávez foi amplamente responsável por essa mudança?”


Resposta: Não, de maneira alguma. Chávez foi apenas o espantalho usado pela esquerda para distrair os observadores norte-americanos, que concentravam nele as suas atenções enquanto empreendimentos de muito maior envergadura, dirigidos desde o Brasil, isto é, desde o foro de São Paulo, iam consolidando a posição das esquerdas no continente.

O governo e a mídia dos Estados Unidos entraram num tal estado de alienação que chegaram a acreditar que havia na América Latina duas esquerdas, uma totalitária e ameaçadora, representada por Hugo Chávez, outra democrática e até pró-americana, personificada por Lula, mas Lula foi o fundador e, por doze anos, o dirigente máximo do Foro de São Paulo.

Mais realista foi a visão das FARC, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, que logo enxergaram na fundação dessa entidade a salvação e o futuro do movimento comunista.
Chavez só se tornou membro do Foro quando essa entidade já tinha cinco anos de existência e seus planos estratégicos para o domínio continental já estavam em plena execução.

Nunca houve entre Chávez e o Foro, ou entre Chávez e Lula, a mais mínima divergência. O próprio Lula, em dois discursos, que chegaram a ser reproduzidos no site oficial da Presidência da República brasileira, reconheceu que o Foro tinha elevado e mantido Hugo Chávez no poder.
Chávez foi sempre um instrumento dócil do Foro, encarregado de condensar em si os temores internacionais, acobertando as operações de conjunto do Foro no restante do continente.

11 de abril de 2013
Olavo de Carvalho
Publicado no Diário do Comércio.

CONTROLE TÉCNICO DAS PAIXÕES COMO ARMA POLÍTICA

       
          Artigos - Cultura 
libidodominandiAqueles que desejam liberar o homem da ordem moral precisam impor controles sociais tão logo eles o consigam, porque a libido liberada conduz inevitavelmente à anarquia. No curso de dois séculos, aquelas técnicas tornaram-se mais e mais refinadas, resultando num mundo onde as pessoas fossem controladas, não por forças militares, mas pelo controle técnico de suas paixões.

('Libido dominandi,sexual liberation and political control', de E. Michael Jones).


A bancada LGBT do Brasil faz parte de um movimento internacional que não pretende somente exigir suporte estatal para suas próprias práticas ou desejos sexuais. Nem mesmo ela age exclusivamente no intuito de modificar ou expandir o conceito de normalidade às fronteiras dos seus próprios vícios.
 
Não é este o objetivo. Ela pretende estender a toda a sociedade o desejo de lutar selvagemente pela garantia das demandas mais torpes e primitivas, visando legitimar a instauração de rígidos controles estatais, tudo em nome dos "direitos humanos" e até mesmo da moralidade, devidamente re-conceituada conforme a atuação de grupos de pressão como os gayzistas, feministas, etc..Enquanto o controle totalitário não é obtido, o desenvolvimento do processo permite que se vá controlando as condutas mediante ideias e promessas de realização, o que Santo Agostinho chamou de libido dominandi.
 
Michael Jones, na obra Libido Dominandi: Sexual Liberation and Political Control, usa do termo agostiniano para afirmar que a liberdade humana não depende da natureza ou das leis, mas é uma função do estado de moralidade em que ele vive. O autor lembra do conhecido Marques de Sade, que já em princípios do século XVIII, dera início à frutuosa parceria entre revolução sexual e política, abrindo as portas do inferno para a Revolução Francesa, iniciando o processo que culminará em nossos dias. Depois dele, muitos intelectuais propagaram essa ideia por verem nela o potencial que lhes propiciaria o futuro controle social desejado.
 
A luta sexual gayzista está sendo somente um meio útil aos objetivos revolucionários. Não há diferença, para eles, se pelo poder é preciso defender os direitos dos gays ou fuzila-los em praça pública, como fizeram e fazem as ditaduras revolucionárias. Os cristãos que hoje estão sendo atacados pela militância gayzista e vistos como inimigos do povo, serão os únicos que continuarão a defender a vida quando a ira do Grande Irmão voltar-se contra gays, feministas e todos os idiotas úteis que trabalham sem saber pela sua própria aniquilação.
Analisando os tópicos reivindicados pela militância GLBT, o jornalista Peter Heck chamou a atenção recentemente para o fato de que a luta pela instituição das uniões civis entre pessoas do mesmo sexo, não tem por base dar uma nova definição para o “casamento”.
Para isso deveria haver uma definição alternativa sendo defendida. Ao contrário, segundo ele, o que se está querendo é antes uma “indefinição” do casamento. “Uma tentativa para obliterar qualquer parâmetro fundamental para o que é percebido como comportamento sexual moral e imoral”, diz Heck. Para qualquer um que tenha acompanhado o desenvolvimento desse assunto na grande mídia e na cultura pop nas últimas duas décadas, esse esforço não parece ser nenhuma novidade.

Há um processo de injeção de assuntos no público que gera uma indução de condutas. Estas condutas, por sua vez, vão funcionar como motores de justificação. Para compreender como isso acontece, segundo algumas técnicas sociais, podemos recorrer tanto à dissonância cognitiva como à teoria do Agenda-Setting.

Na dissonância cognitiva, de Leon Festinger, uma das tantas teorias estudadas para o uso na engenharia social ao longo do século XX, o desconforto causado pelas contradições internas entre a prática e os conhecimentos induzem a um rearranjo cognitivo que pode se dirigir à mudança de comportamento ou justificação racional do mesmo. Mas a tese de Festinger se ocupa especialmente do último caso.
O potencial de uso dessa teoria para a determinação de comportamentos sociais, utilizada em conjunto a outras técnicas como a do agendamento, favorece imensamente a difusão de ideias justificadoras que viabilizam o poder do “governo invisível” referido por H. G. Wells, sugerido por Walter Lippmann, já desde a década de 1920, além de tantos outros intelectuais.

Basicamente, como dissemos, a teoria dá conta do processo de redução da dissonância, isto é, redução da contradição interna entre comportamento e ideias, o que faz com que a mente busque alívio na justificação das suas ações ao invés do abandono do comportamento. A dissonância coloca as duas opções ao indivíduo: ou modifica a prática adequando-a à cognição que tem da coisa ou modifica a cognição para justificar a ação.

Para que isso funcione de forma espontânea e em favor das mudanças desejadas pelos engenheiros sociais, porém, é preciso gerar um contexto em que o desejo de redução da dissonância se torne uma condição psicológica para a convivência social, da qual o cidadão dependa em alto grau.
É fácil perceber que para elevar o nível de desejo subjetivo de modo a torná-lo necessário à realização pessoal, inicialmente é preciso associá-lo a valores já existentes na sociedade. Vamos falar de dois valores essenciais na democracia que pressupõem garantias do estado como condições democráticas: os direitos e as opiniões. Comecemos pelos direitos.
A regulamentação jurídica do casamento, por exemplo, não surgiu na sociedade como atendimento a uma necessidade subjetiva das duas partes ou direito civis, mas como solução à condição objetiva do problema da partilha de bens diante da descendência. A lei civil do casamento existe em função da potencial geração de filhos, o que fez com que se buscasse instituir civilmente os costumes familiares que já existiam.


O feminismo foi a primeira luta política que condicionou a conquista de direitos civis à modificações nos fundamentos da moralidade vigente. Por meio da revolução cultural e sexual do século XX, foi sendo associada a progressiva conquista de direitos civis objetivos na modernidade, como os direitos trabalhistas, às lutas de caráter subjetivo como o feminismo. À medida que as subjetividades ganhavam atenção de acadêmicos das ciências sociais, eram paralelamente elevados a um patamar de direitos políticos, culminando com a revolução sexual das décadas de 1960-70. Abriu-se o precedente para a mais inconsequente subjetivação dos direitos políticos.
 
Edward Bernays, o mágico da propaganda, deu novo impulso à sociedade americana, nas décadas de 1930-40, ao motivar o consumo, que antes restringia-se ao campo da necessidade material, ao desejo subjetivo mediante estímulos e associações simbólicas e subliminares. A ascensão da sociedade de consumo soube vazar as suas demandas individuais também para a luta política.

Outro valor essencial e propício a este tipo de associação no mundo moderno são as opiniões e estas podem ser facilmente associadas a direitos. Ora, as opiniões são quase obrigatórias na sociedade democrática moderna e gozam, por assim dizer, de uma posição de verdadeiras virtudes. O indivíduo que não tem uma opinião formada sobre cada um dos temas presentes no debate público é um despolitizado e, consequentemente, não é cidadão. Ao menos é assim para as classes letradas, de onde brota a chamada "Opinião Pública".

O uso da teoria do agendamento como técnica de formação da opinião pública tem sido percebido não só na prática jornalística, orientada pelos donos da mídia, mas por pesquisas acadêmicas que buscam influenciar o processo pelo agendamento visando admitidamente a modificação ou ampliação de debates que gerem necessidades de mudança social. Antes, a opinião só era associada a desejos subjetivos em caso de mal uso, de imoralidade ou deficiência de caráter. Aos poucos, porém, o subjetivo foi sendo tratado como uma condição inevitável na formação da opinião e, mais tarde, desejável. Mas como essa associação se transforma em automatismo na mente contemporânea? A resposta está no controle do fluxo de informações e, consequentemente, das emoções humanas por meio da contrariedade. Expliquemos.

Um dos pesquisadores das opiniões da massa, o francês e mentor globalista Gabriel Tarde, dizia que a opinião só existe quando há contrariedade. Isso quer dizer que não há opinião sobre temas que não são motivo de oposição, o que Festinger chama de “relações irrelevantes”.
A teoria do Agenda-Setting – abordada como técnica – também ajuda a explicar este fenômeno quando afirma que uma qualidade atribuída a um elemento ou tema só pode existir quando o assunto se torna debatível, ou seja, é elevado à pauta pública, tornado relevante. Bernard Cohen disse que a mídia não tem grande capacidade de definir como as pessoas pensam, mas pode com certeza influenciar o que vão pensar. O que Cohen não disse é que, depois de definir “o que” pensar, fica fácil atribuir-lhe qualidades desejadas.

Para tornar um tema relevante, justamente por isso, vale tudo. O homossexualismo se tornou assunto público quando das campanhas contra a pederastia, nos EUA, nas décadas de 1940, que alertavam para o perigo destes “elementos desordenados” da sociedade. Para fugir do arquétipo criminoso, intelectuais trabalharam para transformar o homossexualismo em doença diagnosticável e, portanto, livrá-los da condenação pública.

Uma vez chamados de doentes, coube aos intelectuais relativizarem a loucura e a doença, elevando aspectos doentios da própria sociedade. Alfred Kinsey ficou famoso por seus relatórios que traziam dados (hoje sabidamente falsos) sobre a imoralidade sexual na sociedade americana. Kinsey é um dos pioneiros da campanha pelos direitos gays nos EUA e ainda hoje é tido como mestre inspirador do movimento internacional, embora tenha sido condenado por crimes de pedofilia.
O homossexual tornaria-se então uma vítima da sociedade preconceituosa e hoje já ganha ares de ilha de sanidade em meio do oceano de perversões sociais que o oprimem. Com a luta pela “união homoafetiva”, o que já foi doença transfigura-se agora em direito civil ao ponto de haverem leis que criminalizem a mera opinião contrária.

A pedofilia não poderia trilhar outro caminho. Entrou em debate público como um problema, uma chaga social a ser resolvida. A criança era a grande vítima do abuso. Iniciaram-se campanhas contra a pedofilia, instigando o povo a denunciar. Aumentando denúncias, obviamente aumenta-se os casos conhecidos e a sociedade habitua-se com o crime. Hoje há quem defenda que a pedofilia é uma doença e o processo avança à medida que formam-se associações de pedófilos no mundo todo a exigir direitos sexuais de crianças. Leis que criminalizem a opinião contrária à pedofilia não estão fora de cogitação, como já disse o filósofo Olavo de Carvalho.

Ora, Gabriel Tarde falava da contrariedade como condição à existência de opinião. Observando a história desses movimentos e das teorias que dominam o campo da comunicação, concluímos ser bem conhecido por engenheiros sociais o fato de que quando se diz não à pedofilia, o “sim” surge como possibilidade lógica e ganha os campos da imaginação. Se há opiniões contrárias à pedofilia, por que não haver as favoráveis?
 
O “legalize já”, jamais teria existido sem as décadas de “diga não às drogas”. A normalização de uma prática ou fato é essencial para a sua institucionalização assim como o casamento que, historicamente existente e praticado há séculos, acabou tendo como resultado a sua regulamentação civil na sociedade. A pauta da união civil gay é uma tentativa de imitar essa condição, a condição de prática existente a ser garantida civilmente.

Do mesmo modo, uma das principais justificativas para a legalização do aborto são os números de abortos. Então inflaciona-se, alardeia-se. Celebridades assumem a homossexualidade para simular à opinião pública de que se trata de uma realidade gritante que precisa ser reconhecida, quando na verdade não é mais do que uma fantasia de uma minoria desregrada e imoral que tenta subjulgar a maioria e obrigá-la, por pressão de leis, a abraçar o seu modo de vida, o que fatalmente ocorrerá e resultará num reforço de suas reivindicações, além da justificação às suas perturbadas consciências. Entortar o mundo parece ser a melhor maneira de se parecer direito.

Assim, uniões civis gays, pedofilia, drogas, aborto e, mais ainda, a poligamia e o que mais a imaginação mandar, serão facilmente institucionalizados enquanto os direitos e opiniões estiverem balizados pelos desejos. Porque os desejos existem no campo da imaginação e, sem moral, não há limites para o que se pode imaginar e desejar. Viveremos para ver o surgimento de instituições que garantam direitos a canibais, comedores de fezes, lunáticos de todo o tipo?
 
Mas quanto pior for o caos sexual e moral a que a sociedade seja submetida, mais imoral será a reação, a solução final desejada pelos verdadeiros financiadores das perversões sexuais que virão, poderosos e triunfantes, deitar sobre o povo a imoralidade da solução totalitária e controladora do governo mundial ao qual as grandes massas clamarão, com suas opiniões devidamente modeladas conforme o gosto dos gestores dos fluxos de informação.

11 de abril de 2013
Cristian Derosa
é jornalista.

SANTOS FAZ PASSEATA EM APOIO ÀS FARC


A mídia nacional e internacional divulgou fotos mostrando um mar de gente que acudiu à marcha, entretanto, o que ninguém revela é “quem” e “como” participou.

Na edição passada o Notalatina denunciou que o Grupo de Trabalho (GT) do Foro de São Paulo (FSP) havia se encontrado em meados de março no México, para agendar as ações a serem seguidas por todos os países-membros em relação às eleições presidenciais na Venezuela, além de manifestações em memória de Chávez. Mas não foi apenas isso.
Ontem eles se encontraram em Bogotá, no luxuoso Hotel Tequendama (procurem no Google. Comunistas adoram os luxos do capitalismo!), para apoiar a eleição do agente cubano Nicolás Maduro no próximo domingo (14) e a marcha em favor das FARC que ocorreu hoje na Colômbia.

A marcha foi convocada pelo presidente Juan Manuel Santos, que pretendia mostrar ao mundo que os colombianos o apóiam e apóiam esta patifaria que não pretende devolver a paz ao país posto que, para as FARC, só haverá paz quando ELES estiverem no poder - e poder total -, e a Colômbia for um país comunista a mais, fechando o círculo vermelho dentro do continente.

Tudo isso está descrito no seu Plano Estratégico que Santos conhece mas finge não saber da existência. O ex-presidente Uribe sempre rechaçou e conhece bem o FSP mas Santos aderiu a ele prazerosamente desde que tomou posse e declarou Chávez seu “mais novo melhor amigo”.

Opositores à marcha pró-FARC providenciaram uma enorme faixa denunciando Santos, posta estrategicamente no Capitólio, sede do parlamento
 
Essa marcha foi, na verdade, convocada pelas FARC através de seu “braço político”, a chamada “Marcha Patriótica”, que é coordenada pela embaixadora das FARC, a ex-senadora Piedad Córdoba, vulgo “Teodora de Bolívar”. Hoje o ministro da Defesa declarou que parte do financiamento dessa manifestação veio do dinheiro sujo do narco-tráfico das FARC, entretanto, Juan Manuel Santos em seu delírio psicótico não se ruborizou nem teve o mínimo respeito ao levar para a manifestação soldados mutilados e em cadeiras de rodas, vítimas desses terroristas. Este ser infeliz desconhece o que é dignidade, respeito ou honra porque a única coisa que lhe interessa é a re-eleição, e em caso de não conseguir, o Prêmio Nobel da Paz ou o cargo de Secretário Geral da OEA, conforme analisa brilhantemente o Coronel Villamarín neste artigo. Na foto abaixo vê-se no semblante do soldado o constrangimento de estar ali numa marcha promovida por e para seus algozes, enquanto Santos finge solidariedade empurrando-lhe a cadeira de rodas.

Santos empurra a cadeira de rodas de soldado mutilado pelas FARC, levado à marcha em apoio aos seus verdugos, numa afronta à sua dignidade.

A mídia nacional e internacional divulgou fotos mostrando um mar de gente que acudiu à marcha, entretanto, o que ninguém revela é “quem” e “como” participou. Os colombianos de bem desejam a paz, como qualquer pessoa normal que não agüenta mais ver tanto sangue inocente derramado, mas não uma paz com impunidade, não uma paz que premie os incontáveis e atrozes crimes e atos de terrorismo com o perdão e anistia para os bandidos das FARC não compareceram. Pessoas que foram observar para registrar, ou que trabalhavam próximo à Praça de Bolívar onde culminou a concentração, afirmaram que foram contratados 400 ônibus para deslocar indígenas e camponeses até Bogotá, que receberam o equivalente a R$ 100,00 mais alimentação. Além disso, conforme mostra a foto abaixo, veio uma delegação chavista da Venezuela para fazer propaganda política para Maduro e apoiar as FARC, seus parceiros.


Delegação chavista venezuelana faz propaganda política para Maduro na marcha das FARC

O que mais se viu na “marcha para a paz” foi bandeiras de países ou movimentos comunistas, que nunca foram promotores da paz em lugar nenhum onde existem. Segundo o Semanário Voz, órgão do partido Comunista Colombiano e criador das FARC, foi designada uma “importante delegação de partidos de esquerda para acompanhar a marcha pela paz”, decisão tomada no encontro do GT-FSP no México.

Que fazem bandeiras comunistas e terroristas em marcha "pela paz"?

O mais insólito deste evento foi que o terrorista prefeito de Bogotá, Gustavo Petro e o próprio presidente Santos, deram o dia de hoje como feriado para obrigar todos os funcionários públicos a participar da marcha, sob pena de perder o emprego. Isto me lembrou dos eventos em Havana, em que Fidel Castro fazia concentrações na Praça da Revolução, e que toda a população era obrigada a participar sob pena de retaliações contra seus filhos ou prisão. Foram essas as pessoas que participaram da marcha, forçadas ou compradas, nada comparável à estupenda marcha contra as FARC ocorrida em 4 de fevereiro de 2008.
E por que a mídia não denuncia isto e finge que foi um espetáculo de civismo e apoio ao nati-morto “processo de paz”? Segundo me comentou um distinto amigo colombiano, as empresas colombianas se debilitaram muito com o governo Santos e já não dispõem de tantos recursos para investir em publicidade, então, recorrem às propagandas governamentais. Todos os ministérios têm propagandas na mídia de maneira que elas estão com o rabo preso com o governo. Se contam o que de fato está acontecendo no país, e nesse caso específico da marcha, a retaliação não se faz esperar: cortes de verba, intervenção, processos e demissões de jornalistas mais ousados e/ou uribistas, como ocorreu há não muito tempo com José Obdulio Gaviria, William Calderón e o ex-vice-presidente Francisco Santos que, apesar de ser primo de Juan Manuel, é seu frontal, corajoso e declarado opositor.
No último fim de semana ocorreu mais um cessar fogo militar, para que se pudesse transportar mais dois terroristas a Havana. Alguém informou ao ex-presidente Uribe que denunciou o fato em sua conta de Twitter, dando o local com as coordenadas onde ia se dar o traslado. Isso provocou a ira do governo que afirmou tratar-se de “risco à segurança nacional”, quer dizer, há que se proteger - e sigilosamente - a vida de um terrorista, mesmo que para tal se deixe parte do país a mercê dos ataques das FARC por dois dias. O comandante das Forças Militares, general Alejandro Navas, disse que ia abrir um inquérito para averiguar de onde saiu a informação e os partidários de Santos querem processá-lo por “traição à Pátria”. É uma total inversão de valores!
Há seis meses as FARC estão nessa farsa de “negociações de paz” com o governo sem que a sociedade saiba, até hoje, em que pontos se avançou, embora Santos insista em que vão “por bom caminho”. O que todos têm visto é que os terroristas mentem e vão continuar mentindo porque é do seu mister, e até que consigam dobrar Santos totalmente. O governo dos Estados Unidos denunciou que, como era de se esperar e aconteceu nas outras tentativas, nesse período de negociações as FARC compraram à rede Al-Qaeda mísseis terra-ar, conforme pode-se comprovar neste vídeo aqui.

Mas, enquanto isso, as FARC continuam manipulando o país e o mundo com esta farsa, chegando mesmo a gravar um vídeo conclamando a população a participar da marcha, que o desejo “sincero” deles é o fim do “conflito armado”, num discurso totalmente dissociado da realidade de seus atos hediondos. Vejam o que diz o mais novo integrante do grupo de negociadores, “Pablo Catatumbo”, um dos membros do Comando Central:
 
Durante o governo do ex-presidente Uribe, com seu magnífico plano de Segurança Democrática, as FARC se esconderam e negavam participar de organizações às quais pertencem e têm direito a voz e voto, como o Foro de São Paulo. Agora, com o protagonismo internacional que Santos lhes proporcionou, elas não mais temem ser citadas publicamente com pronunciamentos feitos nesse foros. No XVII Seminário Internacional do Partido do Trabalho do México, que também é membro do FSP, a delegação das FARC enviou uma mensagem onde, entre outras coisas, pedem o fim das Forças Armadas e declaram, sem meias palavras, que seu objetivo é a sociedade comunista.

Dizem eles:

“Os ares bolivarianos que percorrem nosso continente, unidos ao ressurgimento da resistência nacional, depois dos horrores do terrorismo de Estado, que ainda não acabou de açoitar nossa pátria, permitem-nos pensar que é possível dobrar o militarismo assentado na Colômbia e guiado desde a Casa Branca e conseguir uma saída incruenta ao conflito social e armado de mais de 60 anos”. E mais adiante: “Consideramos inadiável a construção de novo poder, de democracia popular, não é pleonasmo, encaminhada para o socialismo como passo inicial à sociedade comunista”.
Mais claro, impossível! E mesmo tendo conhecimento de tudo isso, Santos, em seu psicótico egocentrismo, defende e vende o país a um bando narcoterrorista que há malditos 60 anos ensangüenta o país com seus atos hediondos. Isto não tem perdão! Não há palavras adequadas que possam descrever fielmente o mal que este traidor apátrida está cometendo contra seu próprio povo e país, mas a história o julgará como o mais infame, o mais degenerado, o mais desumano de todos os colombianos. Fiquem com Deus e até a próxima!


11 de abril de 2013
Graça Salgueiro