"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 23 de agosto de 2012

FLORES, FLORES PARA OS MORTOS


Por Fernando Gabeira,
deputado federal

Sempre que os fatos ganham velocidade, costumo comprar um bloco de notas.

Anoto frases, idéias, intuições e deixo que se decantem com o tempo. Volto a elas, depois, para rejeitá-las ou desenvolvê-las. A primeira frase que me veio à cabeça foi a da vendedora de flores que encerra um filme. O pequeno bloco também tem idéias. Por exemplo: comparar a ditadura com o governo Lula. Uma neutralizou o Congresso pelo medo; o outro, pelo pagamento de mesada. Ditadura e governo Lula compartilham o mesmo desprezo pela democracia, ambos violentaram a democracia reduzindo o Parlamento a uma ruína moral.

Os militares prepararam sua saída de forma organizada. Nem muito devagar para não parecer provocação nem muito rápido para não parecer que estavam com medo. Já o núcleo duro do governo Lula parece perdido, batendo cabeça, ou melhor, enfiando-a na areia, sem perceber que a polícia está chegando e, daqui a pouco, alguém vai gritar na porta do Planalto: "Se entrega, Corisco".

Quando era menino e vivia em Juiz de Fora, fazíamos rodas de capoeira, bastante rudimentares, confesso. Mas cantávamos: "A polícia vem, que vem brava/quem não tem canoa, cai n´água".

Tudo isso jorra aos borbotões na minha caderneta. Anotei: chamar alguém do "Guinness", o livro dos recordes, para saber se algum tesoureiro de qualquer partido do mundo se desloca com batedores de motocicleta e carros clones para iludir perseguidores; se algum tesoureiro partidário se desloca com jatos particulares, semanalmente; se introduz no palácio associação de empreiteiros que receberam R$ 1,1 bilhão de dívidas.

Os militares batiam, davam choques e insultavam na sessão de tortura, mas vi muitos dizendo que me respeitavam porque deixei um bom emprego para combatê-los com risco de vida. Eles viam ideais no meu corpo arrasado pelo tiro e pela cadeia.

O PT queria que eu abrisse mão exatamente da minha alma, e me tornasse um deputado obediente, votando tudo o que o Professor Luizinho nos mandava votar. Os militares jamais pediriam isso. Desde o princípio, disseram que eu era irrecuperável e limitaram-se à tortura de rotina.

Jamais imaginei que seria grato aos torturadores por não me pedirem a alma. Não sabia que dias tão cinzentos ainda viriam pela frente. Que seria liderado por um homem que achava que Maurício de Nassau era um deputado de Pernambuco. Logo eu, que sou admirador de um deputado pernambucano chamado Joaquim Nabuco.

Foram os anos mais duros de minha vida. No meu caderno anoto frases e indicações da semelhanças da luta contra a ditadura e da luta contra este governo, desde que comecei a criticá-lo, com a importação de pneus usados. As pessoas têm suas carreiras, seus empregos, sua racionalizações. É preciso respeitá- las, atravessar o deserto sem ressentimentos.

Agora, sobretudo, é preciso respeitar o sofrimento dos vencidos. Outro dia, quando me referi a um núcleo na Casa Civil como um bando de ladrões que atentava contra a democracia, uma jovem deputada do PT estremeceu. Senti que não estava ainda preparada para essas palavras cruas. E fui percebendo pelas anotações que talvez esteja aí, para o escritor, o mais rico manancial de toda essa crise. Como estão as pessoas do PT? Como se ajustam a essa nova realidade, que destino tomaram na vida?

Procuro não confundir, entre os que ainda defendem o governo, aqueles que são cínicos cúmplices e os outros que apenas obedeceram a ordens sob a forma da aplicação do centralismo democrático. Alguns defendem porque ainda não conseguiram negociar com sua própria dor. Não podem suportá-la de frente. Mas terão de fazer algum dia, porque, por mais ingênuos que sejam, já perceberam que a mãe está no telhado.

Vamos ter de encarar juntos essa realidade. A grande experiência eleitoral da esquerda latino-americana, admirada por uma Europa desiludida com Cuba e Nicarágua, a grande novidade que verteu tintas, atraiu sábios, produziu livros e seminários, vai acabar na delegacia como um triste fato policial de roubo do dinheiro público e suborno de parlamentares.

Só os que se arriscarem a ir até o fundo dessa abjeção, compreendê-la em todos os seus detalhes mórbidos, têm chances de submergir para continuar o processo histórico. Por incrível que pareça, o Brasil continua, e a vontade de mudar é mais urgente do que em 2002. Por isso proponho agora um curto e eficaz trabalho de luto.

Anotação final: começa o espetáculo da CPI, secretárias e suas agendas, ex-mulheres e suas mágoas, arapongas, tesoureiros e seus charutos, vossa excelência para cá, vossa excelência para lá, sigilos bancários, telefônicos, emocionais. Viu, Duda, que cenas finais melancólicas quando um mercador tenta aplicar à complexidade da política a singeleza do vendedor de sabonetes?
23 de agosto de 2012

(*) Artigo originalmente publicado no jornal Folha de S. Paulo
(17 de março de 2012)

REDE DE CORRUPÇÃO


Se, como conclui a polícia, eram três as quadrilhas de agiotas agindo no Maranhão; se são 120 as prefeituras envolvidas nesse crime, e se a maior parte do dinheiro vinha da merenda escolar, compra de medicamentos e obras de infraestrutura; se somente de uma dessas prefeituras foram encontrados 20 talões de cheques na casa de Gláucio Alencar, apontado como mandante do assassinato do jornalista Décio Sá, estamos diante do fato inusitado, incrível, de que praticamente toda a administração do Estado era refém da agiotagem.

É uma situação tão perturbadora, que chega a ser digna das rocambolescas histórias de roubo contadas por Ponson Du Terrail. Para começo de assunto, fica difícil acreditar que tudo isso aconteceu durante tanto tempo sem que as autoridades políticas, policiais e judiciais tivessem conhecimento. É possível mesmo que essa seja a maior rede de corrupção já formada em um estado em todo o mundo com mais da metade de todos os municípios do Maranhão tendo seus recursos garfados, engolidos num nível de permissividade administrativa jamais visto que só pode ser descrita como depravação institucional.

Não há o que explique isso. Não conseguimos lembrar que a História tenha registrado o envolvimento de tantos gestores, tantas prefeituras com quadrilhas de agiotas ou qualquer outro tipo de quadrilha, vendendo o dinheiro do povo a preço tão alto. Isso faz do Maranhão uma verdadeira Caverna de Ali Babá, um gueto de bandidos travestidos de autoridades a negociar a fome, a baixa qualidade de vida, a desgraça de uma população que de dois em dois anos marcha inocentemente até as urnas para escolher os responsáveis pelo progresso e desenvolvimento de um estado eternamente atolado em miséria, em pobreza absoluta e corrupção.

Não há como ter qualquer forma de contemplação com essa gente. A “Operação Detonando II” está a descobrir a lama dentro da lama, a podridão dentro do podre, uma vilania sem precedentes na história da administração pública mundial. Nem as mais geniais obras de ficção política do mundo conseguiram imaginar os recursos da metade de um estado inteiro sendo empenhados por antecipação, a metade das prefeituras sitiadas financeiramente e o povo pagando o preço da falta de alimentação, da falta de escolas, de hospitais e postos médicos, de estradas para escoamento da produção... É alguma coisa para ser contada a nossos descendentes pelo resto dos séculos no melhor estilo “o impossível acontece”.

É triste dizer, mas o Maranhão extrapolou todas as expectativas de degradação pública. A Ong Transparência Internacional costuma divulgar o ranking de países mais e menos corruptos do mundo, incluindo republiquetas tomadas por tiranias sanguinárias, outras consumidas por um fanatismo religioso que a tudo torna permissível. No levantamento de 2011 estão, por exemplo, Coreia do Norte, Miramar, Afeganistão, Urbequistão etc. Entre 183 países, o Brasil ocupa a 73ª posição, mas podem apostar que os pesquisadores da Transparência Internacional sequer podiam imaginar que é possível acontecer o que aconteceu aqui.

23 de agosto de 2012
Da Redação
Jornal Pequeno (MA) (22/08/2012)

TESES EM XEQUE


Nas Entrelinhas

O efeito mensalão é tão drástico para o PT que, qualquer que seja a decisão da Justiça, as consequências já vieram. As prometidas doações ainda não desaguaram com força nas campanhas do partido. Resta agora a presença de Lula nos palanques como antídoto às notícias que vêm do STF

Com o julgamento da Ação Penal 470, vulgo mensalão, e o início do horário eleitoral gratuito, duas crenças petistas estarão em teste ao longo dos próximos 10 dias. No Supremo Tribunal Federal (STF), a primeira delas, a tese de que tudo não passou de caixa dois de campanha, esfarela-se. Ninguém acredita que essa justificativa se sustentará depois do voto do ministro-revisor, Ricardo Lewandowski, pedindo a condenação de parte do núcleo financeiro do esquema, e com o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato encabeçando a lista. Diante da decisão, os petistas aguardam o desenrolar dos próximos capítulos do julgamento na Suprema Corte certos de que, nesses 10 dias — hora de alavancar as campanhas —, o maior trunfo para fazer bonito nas urnas será ver confirmada a segunda crença: o poder de Lula.

A tese de que o ex-presidente é o maior eleitor absoluto é a outra em xeque nesse período. Afinal, nesses primeiro dias de campanha no rádio e na tevê, o eleitor presta atenção na propaganda eleitoral para saber quem são os candidatos. E, quem consegue alguns pontinhos, tende a se firmar. Daí, o uso abusivo da imagem de Lula em todas as campanhas petistas como um antídoto às notícias que vêm do Supremo.

Lula é o garoto-propaganda em São Paulo, Recife, Belo Horizonte e outros centros importantes, como Salvador. O receio do PT, entretanto, é o de que se repita nesta eleição o mesmo que ocorreu em pleitos municipais anteriores, quando a imagem de Lula — seja no papel de ícone do PT, ou presidente da República — ajudou, mas não serviu para garantir a vitória. Resta saber como será o poder de sedução do ex-presidente e de seus candidatos diante do julgamento do mensalão, que já apresenta alguns reflexos.

Por falar em julgamento...

O efeito mensalão é tão drástico para o PT que, qualquer que seja a decisão da Justiça, algumas consequências já se fazem sentir por seus integrantes. As prometidas doações ainda não desaguaram nos cofres das campanhas pelo país afora e candidatos começam a passar o pires entre alguns amigos em busca de recursos. Para completar a confusão, as trombadas eleitorais prometem afastar mais ainda os aliados. Hoje está claro para muitos que, se a presença de Lula não servir para debelar o carma do mensalão, os petistas estarão enfraquecidos para os próximos lances rumo a 2014.

Por falar em fraquezas...

Hoje, não interessa a ninguém fortalecer o PT. Em todos os aliados, sem exceção, há uma torcida velada contra os candidatos nos quais a agremiação de Lula mais aposta. Na avaliação de todos os partidos, a derrota do PT no STF e nas cidades mais estratégicas ajudarão a equilibrar os próximos lances do jogo político — seja dentro ou fora do raio de influência do governo de Dilma e de Lula. A oposição não vê a hora de quebrar a hegemonia do governo no tabuleiro da política. E os aliados de Dilma e de Lula, por sua vez, não veem a hora de quebrar a hegemonia do PT dentro do governo. Ou seja, uma derrota generalizada do PT hoje agrada a todos os demais personagens em cena, nem que seja para obrigar os petistas a pararem de jogar pensando apenas em seus próprios interesses.

O maior exemplo de egoísmo do PT citado nos bastidores por todos os partidos (sem exceção, vale registrar) é o tratamento dispensado ao PSB. O presidente socialista, Eduardo Campos, tirou os filiados do governo de Geraldo Alckmin em São Paulo, atendendo a um pedido de Lula. Em troca, não obteve o apoio dos petistas em nenhum dos grandes centros. Até no caso de Recife — antes do lançamento do nome de Geraldo Júlio (PSB) à prefeitura —, Eduardo foi avisado por telefone, pelo segundo escalão petista, que o diretório nacional havia decidido lançar a candidatura de Humberto Costa a prefeito. No primeiro debate na capital pernambucana, Humberto bateu firme em Geraldo Júlio, e já foi anunciado que Lula estará em Recife antes do feriado de 7 de setembro para reforçar a campanha petista. Em Salvador, é o PMDB que se ressente em ver Lula ao lado de Nelson Pelegrino. Ou seja, o caldo está engrossando e pode ficar indigesto para o governo.

Por falar em PMDB...

O líder o partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves, passou os dois últimos dias em jantares para tentar consolidar aliados em sua campanha para presidir a Casa. Esse é o próximo lance do jogo político. Vale registrar que, em tempos de mensalão no STF, Renan Calheiros, no Senado, e Henrique Alves, na Câmara, vestiram a fantasia de abajur apagado para coletar votos sem barulho. Os dois sabem que qualquer movimento brusco pode atrapalhar seus planos. Mas essa é outra história.
 
Denise Rothenburg
Correio Braziliense
23 de agosto de 2012

PARA O MUNDO


O julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) está queimando o filme do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT internacionalmente, por causa do desgaste provocado pelas reportagens dos correspondentes estrangeiros. Mas não arranha a administração da presidente Dilma Rousseff, nem do Judiciário brasileiro, muito pelo contrário.

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Segundo o líder do Democratas (DEM) no Senado, José Agripino (RN), a seriedade do julgamento em curso no STF estaria projetando positivamente a imagem do país no exterior. Jornais como Le Monde (França), El País (Espanha), The Guardian (Inglaterra) e Washington Post (Estados Unidos), entre os mais importantes do mundo, estão fazendo a cobertura diária do julgamento e destacando o ineditismo no Brasil em matéria de mudança de costumes políticos.

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O fato de as sessões do Supremo Tribunal Federal serem transmitidas ao vivo pela TV Senado já era objeto de admiração nos meios jurídicos, um caso quase único no Ocidente. Agora, como o julgamento envolve políticos que ocuparam os mais altos postos no governo Lula, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, e o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, a repercussão internacional está sendo muito grande. "Neste momento, o Brasil está sendo passado a limpo para os brasileiros e para o mundo", avalia Agripino.

Congresso

O senador tucano Aloysio Nunes Ferreira (foto), de São Paulo, e o deputado Marcos Pestana (PSDB-MG) debatem uma proposta de congresso para reorganização do PSDB, que seria realizado em meados do próximo ano. A ideia é atualizar o programa do partido e reestruturá-lo de baixo para cima, no embalo dos resultados das eleições municipais.

Multa// O governo retirou de pauta ontem o projeto de lei que acaba com a cobrança do adicional de 10% do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a título de multa rescisória, pago pelo empregador em caso de demissão sem justa causa (PLP 200/2012). Estava na bica para a votação.

Absolvido

O ministro-revisor do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, também absolveu o ex-ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República do governo Lula Luiz Gushiken. "Estou convencido de que o réu Luiz Gushken não produziu a ação que lhe é imputada", disse, ao defender com veemência a absolvição do réu. O voto acompanhou o ministro-relator, Joaquim Barbosa, e a alegação final do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

Na muda

A CPI mista do caso Cachoeira voltou a funcionar na base do chove e não molha: ex-tesoureiro da campanha do governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB), Jayme Rincón e o ex-corregedor-geral da Secretaria de Segurança Pública do estado Aredes Correia Pires optaram por ficar em silêncio e foram dispensados, graças a habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF). Ontem, a Assembleia de Goiás decidiu entrar com um mandado de segurança no STF para impedir a reconvocação do governador Perillo.

Os jornais

Para o espanhol El País, "uma sentença exemplar, além de macular o legado de Lula, contribuiria para enfraquecer a arraigada cultura da corrupção e da impunidade dos poderosos no Brasil". Já o francês Le Monde dispara: "A esquerda brasileira parece não ter aprendido nada substantivo com o mensalão. A questão, além de financiamento de campanha, era o tipo de aliança formada pelo PT". O Washington Post, dos EUA, cujas denúncias levaram ao impeachment o presidente Richard Nixon, vaticina: "O mensalão é considerado o maior caso de corrupção da história do Brasil e seu resultado dará um sinal da saúde política num país onde os serviços públicos têm sido há muito prejudicados pela corrupção e pela impunidade".

De sangue

O senador Pedro Simon (foto), do PMDB-RS, disse que a presidente Dilma Rousseff está certa ao culpar os servidores públicos "de sangue azul" pelo impasse na negociação do governo com as categorias do funcionalismo que se encontram em greve. "O delegado quer ganhar que nem o promotor; o promotor quer ganhar que nem o procurador; o procurador quer ganhar que nem o ministro do Supremo; o ministro do Supremo quer ganhar como o presidente. Essa é a greve, e a CUT atrás", ironizou. Com a edição de ontem do Correio na mão, aproveitou para alfinetar o ex-presidente Lula: "O meu querido amigo Lula, esse, sim, amigão da CUT, que intervém em tudo e a qualquer pretexto, deveria conversar com a central para parar com isso".

Gasolina

A Petrobras vai mesmo aumentar a gasolina. Só não o fez ainda porque o ministro da Fazenda, Guido Mantega, quer adiar o reajuste. No último trimestre, a defasagem de preços já causou prejuízos à estatal de R$ 1,3 bilhão

Juros/ Com inédita perspectiva interdisciplinar, será lançado hoje na OAB/DF, às 18h, o livro Juros Bancários, de Fabiano Jandália, procurador do Banco Central e professor de direito bancário.

Bancada/Os três senadores do Distrito Federal estão na lista das 100 cabeças do Congresso: Rodrigo Rollemberg (PSB), Cristovam Buarque (PDT) e Gim Argello (PTB). A pesquisa do Diap foi feita por meio de entrevistas com deputados e senadores, assessores do Congresso Nacional, jornalistas, cientistas e analistas políticos.

Dominado/Eduardo Azeredo, presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, deu posse ontem ao deputado Antônio Imbassahy, que foi eleito para a segunda vice-presidência. O tucano Ruy Carneiro (PB) é o primeiro vice-presidente.

Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense
23 de agosto de 2012

O JULGAMENTO DO MENSALÃO PODE NO ACABAR BEM. OU SEQUER ACABAR



(Atualizado)

Se Carlos Ayres Brito, presidente do Supremo Tribunal Federal, não for capaz de pesar a mão, o julgamento do processo do mensalão não chegará ao fim. Ou não chegará ao fim bem.

O papel do ministro-revisor do processo é importante, mas secundário. Não se equipara ao do ministro-relator, o responsável pela condução do processo.

Cabe ao ministro-revisor apontar eventuais inconsistências e contradições no voto do relator e, naturalmente, discordar do voto dele se for o caso.

Lewandowski, o ministro-revisor, decidiu funcionar como uma espécie de ministro-relator do B. Está tentando fazer o papel de contra-ponto do relator, o ministro Joaquim Barbosa.

Se Barbosa vestiu a toga da acusação, como dizem alguns juristas com amplo trânsito no Supremo, Lewandovski vestiu a toga da defesa.

O deputado João Paulo Cunha (PT-SP), por exemplo, foi apontado por Barbosa como tendo cometido quatro crimes. O publicitário Marcos Valérios e seus sócios outros tantos. Lewandowski absolveu todos.

Nada de mais haveria nisso se Lewandovski não emitisse fortes sinais de que pretende se comportar assim até o fim do julgamento. Barbosa dirá "A". Lewandowski dirá "B".

Não é possível que "a verdade processual" seja algo tão diferente para um e para outro.

Ayres Brito tem até a próxima segunda-feira para amansar ou enquadrar Lewandowski, que ameaçou se afastar do julgamento se não desfrutar dos mesmos direitos de Joaquim.

Como ministros eles têm direitos iguais, sim. Como relator e e revisor, não - e isso está muito claro no regimento interno do tribunal.

Aconselha-se a Joaquim que tome cajuína para manter a calma.

23 de agosto de 2012
Ricardo Noblat
 

A DEPENDER DE CALABAR, O FORTE DOS REIS MAGOS SERIA NOSSO?

 
A Fortaleza da Barra do Rio Grande, mais conhecida como Forte dos Reis Magos, é o marco inicial de Natal e deve seu nome à data do início de sua construção, 6 de janeiro de 1598, dia de Reis pelo calendário católico.

Era uma paliçada de estaca e taipa com planta em formato circular, à moda indígena; depois, ao receber ordens da Coroa para que ser fortificada, a nova planta, atribuída ao jesuíta Gaspar de Samperes, "mestre nas traças de engenharia na Espanha e Flandres" e discípulo do arquiteto militar italiano Giovanni Battista Antonelli, tomou a forma clássica do forte marítimo seiscentista: um polígono estrelado, com o ângulo reentrante voltado para o Norte.


Em 1602 já estava artilhada e guarnecida por um destacamento de duzentos homens. Sofreu muitas outras reformas e em 1614 sua formação era a atual. As muralhas foram melhoradas, recebeu contrapiso e contrafortes de reforço pelo lado do mar, bem como obras internas de habitação em edifícios de dois pavimentos, concluídos em 1628.


Durante a segunda Invasão Holandesa (1630/1654) o Forte dos Reis Magos, por sua localização e por estar muito bem aparelhado, foi cobiçado pelos invasores que, depois de algumas tentativas fracassadas conseguiram, ferido o comandante da praça, e à revelia deste, negociar a rendição com alguns de seus ocupantes, entre eles Domingos Fernandes Calabar, personagem altamente controverso.

Na entrada do Forte somos acolhidos pela imagem dos Reis Magos Gaspar, Belquior e Baltasar, doada por José I de Portugal (1750-1777).

Abaixo, foto da elegantíssima capela das munições:



Em 1654, após a expulsão definitiva dos holandeses, conseguida em Pernambuco, quando os portugueses chegaram a Natal, o forte já estava abandonado. Na chamada Revolução Pernambucana de 1817 o forte serviu como prisão política para alguns de seus implicados.

Tombado pelo IPHAN, o forte é uma das mais belas obras de engenharia/arquitetura no Brasil. Ilumina o litoral, já belo por sí só, da linda Natal.


Fica difícil falar nesse forte sem lembrar da história de Calabar. E mais difícil ainda não recordar a fantástica peça musical de Chico Buarque e Rui Guerra, Calabar, o Elogio da Traição. É um dos melhores momentos de nossa dramaturgia. Você pode não ter assistido ao musical, mas aposto que já cantou Não existe pecado ao sul do Equador...

E aqui o primeiro "retrato" do forte, um belo óleo sobre madeira de Frans Post.


Forte dos Reis Magos, Natal, Rio Grande do Norte
 
23 de agosto de 2012
in blog do noblat

QUEM DEU ESSA MEDALHA?!




23 de agosto de 2012

O MESMO CAMINHO

 

 Mesmo que tenha deixado para hoje o caso do ex-presidente petista da Câmara João Paulo Cunha, o revisor Ricardo Lewandowski dificilmente deixará de o condenar ao menos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, pois o corruptor é o mesmo, e o método também, do esquema que condenou ontem. 
O revisor, surpreendendo a maioria, seguiu o relator em todas as condenações pedidas para Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil, Marcos Valério e seus sócios. Até no caso do bônus de volume, que Lewandowski considerou corretamente direcionado para a agência de propaganda e não para o Banco do Brasil, o revisor avaliou que houve desvio de parte dele, caracterizando o peculato.
 
Como Lewandowski deixou para abordar por último o caso do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, quando o relator Joaquim Barbosa tratou dele em primeiro lugar, há uma expectativa de que tenha feito isso para criar um clima que permita absolver o petista.
 
Seria manobra justificada por pressões políticas que estaria sofrendo por parte de setores do PT. Acho, porém, que, pela linha de raciocínio adotada, é improvável que o revisor defenda João Paulo Cunha de todas as acusações.
 
Pode haver discussão sobre o desvio do dinheiro público se o revisor não ficou convencido de que os contratos com a agência de Marcos Valério não foram realizados, embora o relato do voto de Joaquim Barbosa tenha sido, a meu ver, bem eficiente no sentido de demonstrar que o contrato era desviado para os interesses pessoais de Cunha e do PT.
 
Quando anunciou que iniciaria seu voto pelo ex-diretor do Banco do Brasil, Lewandowski disse que o faria “por uma questão de racionalidade”. Quem sabe ele não está fazendo isso para poder ter um respaldo para condenar o petista?
 
Assim como Pizzolato, quando diretor do Conselho de Administração da Previ, recebeu um pacote de R$ 326 mil da SMP&B, retirado por um contínuo no Banco Rural no Rio de Janeiro, autorizado por Marcos Valério, também João Paulo Cunha recebeu na boca do caixa do Banco Rural em Brasília R$ 50 mil, retirados por sua mulher.
 
O fato de o dinheiro ter sido registrado pelo Rural como “pagamento a fornecedores” pela SMP&B caracterizou, para o relator e para o revisor, a corrupção passiva e a lavagem de dinheiro, pois tanto Pizzolato quanto Cunha não declararam o recebimento desse dinheiro.
 
Retirar a acusação de peculato contra Cunha vai ser difícil, pois o revisor terá de encontrar uma razão para justificar o fato de que o então presidente da Câmara recebeu um dinheiro ilegal, já que a tese do caixa dois eleitoral está superada pela aceitação do revisor de que houve desvio de dinheiro público, entre outros, no Banco do Brasil através do Visanet, no valor de R$ 73,851 milhões para a agência DNA, de Valério, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz.
 
Não pode passar despercebido pelos ministros do STF que em outro processo, o chamado mensalão tucano de Minas, o mesmo lobista Marcos Valério é acusado de ter montado originariamente esse mesmo esquema de desvio de dinheiro público para financiar partidos políticos.
 
Esse esquema de distribuição de dinheiro “para fins ilícitos”, como salientou Lewandowski, está ficando cada vez mais claro à medida que o julgamento vai transcorrendo, e é de salientar a concordância entre o relator, Barbosa, e o revisor, Lewandowski.
 
O revisor, com bom humor, a certa altura pediu ao relator que guarde sua réplica “para outro dia”, deixando no ar que pode discordar em algum momento do voto do relator.
 
Ficando estabelecido, por esses dois primeiros votos, que receber dinheiro na boca do caixa do Rural representa lavagem de dinheiro e corrupção passiva, todos os demais réus que eram congressistas à ocasião estarão automaticamente incluídos nesse rol de acusados por parte de Barbosa e Lewandowski.
 
Será inexplicável se, a esta altura do julgamento, o revisor vier a reviver a tese de que os repasses de dinheiro da agência SMP&B para os políticos representariam simplesmente caixa dois eleitoral, como insistem os advogados de defesa.
 
Com o imenso esquema financeiro que está sendo confirmado e desvendado no julgamento, fica claro que não importa se essa dinheirama toda tenha até sido usada em campanhas eleitorais. O dinheiro que foi distribuído entre políticos e funcionários públicos teve origem ilegal para financiar atos ilícitos.

23 de agosto de 2012
Merval Pereira, O Globo

FRASE DO DIA


"Houve uma visão muito otimista de que terminaríamos o julgamento até o final de agosto. Mas agora não avisto nem mais no final de setembro."


Marco Aurélio Mello, ministro do STF, que também afirmou que eventuais prisões só devem ocorrer em 2013

23 de agosto de 2012

CANSAÇO DE GUERRA

 

Celso Russomanno pode se eleger prefeito de São Paulo, bem como pode não resistir à supremacia do tempo de televisão e à força das máquinas federal, estadual e municipal que trabalham para levar a tradicional dicotomia entre PT e PSDB à reta final da disputa tida como a mais importante dessas eleições.
 
Tanto faz. Ainda que o "azarão" sucumba ao peso das estruturas, os presumidos favoritos chegarão ao segundo turno sob o efeito de uma mensagem do eleitorado que, se bem compreendida e traduzida, lhes será de grande utilidade para o futuro.
 
O recado é claro: notadamente nas grandes cidades - e a maior delas sai na frente na exposição dessa evidência - o eleitor preza sua autonomia, não segue o roteiro montado nas "oficinas" partidárias nem responde aos ditames das regras do manual do político profissional.
 
Como se dissesse: não tentem me manipular, não queiram me enquadrar porque tenho autonomia de voo.
 
Pelo "livrinho" de ritos, Russomanno serviria ao PT para impedir a ampliação do quadro de alianças e para tirar votos do PSDB. A este, a presença do candidato do PRB prestaria o mesmo serviço com sinal trocado, além de avançar sobre a periferia órfã com a ausência de Marta Suplicy da disputa e da campanha.

Na teoria, tudo bem montadinho em conformidade com as normas da esperteza. Na prática, um belo de um fiasco.
 
Inevitável? Depende. Se considerada a defasagem da cabeça da maioria dos políticos em relação às demandas de quem os escolhe, a resposta é positiva.
 
Quando tomam a si mesmos como referência e consideram que suas manobras terão o efeito desejado por obra de uma programação teórica cujo parâmetro é o prejuízo que podem impor ao adversário, são inevitavelmente pegos de surpresa.
 
Não por falta de exemplos. Do pragmatismo do eleitorado já se tem amplo conhecimento. Votou pela estabilidade econômica com o mesmo sentimento que aderiu ao misto de distributividade social e benesses consumistas oferecidas pelo grupo sucessor e com igual desprendimento incorporou os feitos como conquistas suas, sem se sentir na obrigação de retribuir.
 
O eleitor quer sempre mais, aconchega-se a quem enxerga como defensor de seus interesses. E o que é Celso Russomanno nessa perspectiva senão um paladino do consumidor/eleitor, seja de produtos ou de maus serviços prestados pelo Estado?
 
Entrou com força em cena no exato momento em que os dois principais atores, PT e PSDB, davam sinais de cansaço apegando-se a velhas fórmulas: os tucanos apostando que Serra poderia representar um porto seguro e os petistas escorando-se na figura de Lula e na receita exitosa da eleição de Dilma Rousseff.
 
Nenhuma inovação, nenhuma concessão consistente à expectativa de mudanças. Boas, más, inócuas ou mesmo falsas, o eleitorado está sempre em busca delas.

Nessa avaliação não entra o cotejo do erro ou do acerto. Voto, pelo que já se viu, não tem vacina nem prima pela excelência do mérito.

Russomanno na essência repete a fórmula de Fernando Collor, que em 1989 atropelou todas as figuras eminentes da República - Ulysses, Covas, Lula, Brizola, Maluf e companhia - no vácuo do cansaço preenchido com promessas justiceiras de algo compreendido pelo eleitor como "novo" por transitar numa linha de identificação com suas demandas.

O mesmo conceito pode ser transposto para a eleição presidencial de 2014. Por inércia e ausência de contraponto, Dilma por ora encarna o papel.

Mas, se daqui até lá a economia não assegurar conforto e o governo não conseguir lidar com suas gritantes falhas de gestão - em boa medida herdadas do modo publicitário petista de governar - haverá espaço aberto para qualquer tipo de aventura.

Não necessariamente igual àquela que terminaria em impeachment. Não quer dizer que a história vá se repetir, mas significa que as forças políticas que pretendem disputar o poder em 2014 precisam estar atentas ao esgotamento que impõe urgente renovação das respectivas cartilhas.

23 de agosto de 2012
Dora Kramer - O Estado de S.Paulo

LEWANDOWSKI SE APRESENTA PARA LIDERAR A MARCHA DA PIZZA

 
Lewandowski se apresentou hoje para liderar a marcha da pizza do Supremo. Vamos ver quantos vão segui-lo. Parece que a escolha estratégica da turma é mais ou menos esta: não dá para inocentar todo mundo porque aí seria um excesso de desmoralização. Então o negócio é pegar alguns bodes expiatórios, mas livrar a cara dos medalhões.
 
23 de agosto de 2012
Por Reinaldo Azevedo

IMAGEM DO DIA

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  • Crianças no campo de refugiados de Darul-Aman, em Cabul, no Afeganistão
    Crianças no campo de refugiados de Darul-Aman, em Cabul, no Afeganistão - EFE
     
    23 de agosto de 2012

    LÁ DAS BANDAS DO SANATÓRIO...

    23/08/2012


    Surpresa! Os graúdos começaram a ser absolvidos

    Surpreeesa! Os graúdos começaram a ser absolvidos! Depois de fisgar a arraia-miúda, Ricardo Lewandowski tirou as sandálias de pescador e voltou a ser o caçador de bala perdida e sem mira de um filme de ação que a gente já viu. Não apontou prova nenhuma nos autos que fizesse de João Paulo Cunha um corrupto passivo, ou autor do crime de peculato.
    Então, você já sabe: qualquer um dos seus filhos - se você permitir que chegue a tanto - quando alcançar a desdita de presidir a Câmara de Deputados, pode proceder exatamente como agiu João Paulo Cunha. E então você e sua família dormirão tranquilos pelo exemplo de moral e de virtude que será o seu filho.

    De nossa parte, o Sanatório da Notícia ficaria feliz e em paz porque você não é nosso pai e na lavanderia deste nosocômio ninguém é parente nem mesmo da sua lavadeira.
    O ministro Lewandowski apresenta daqui a pouco o seu voto sobre o mensaleiro João Paulo Cunha que, por acaso é do PT.

    Prepare-se. Você pode se espantar novamente. Lewandowski deixa a nítida impressão de que tem muito mais prazer quando surpreende do que quando julga. Então se alguém espera uma nova condenação por parte do renitente e douto magistrado fique absolutamente certo de que ela virá. Ou não. O Supremo é uma caixinha de surpresas.
     
    23 de agosto de 2012
    sanatório da notícia

    A ABSOLVIÇÃO ABSURDA FOI ANTECIPADA PELO SOTAQUE DO AFILHADO DE MARISA LETÍCIA

    O ministro Ricardo Lewandowski acaba de justificar a suspeita exposta no debate de ontem por Reinaldo Azevedo: caprichando na pose de homem da lei, acaba de absolver o mensaleiro João Paulo Cunha dos pecados passados, presentes e futuros.

    E os R$ 50 mil embolsados pela mulher do então presidente da Câmara dos Deputados, por exemplo? “Penso que ficou bem demonstrado que o réu solicitou por R$ 50 mil diretamente ao partido, autorizados pelo tesoureiro Delúbio Soares, para custear uma campanha devidamente realizada”, delirou o revisor do processo do mensalão.

    O palavrório é suficiente para transferir Lewandowski da cadeira de ministro para a bancada dos bacharéis do mensalão. Em 2005, quando se descobriu que Márcia Cunha havia retirado R$ 50 mil de uma conta de Marcos Valério no Banco Rural de Brasília, João Paulo saiu-se com uma desculpa que figura na antologia dos álibis imbecis. Ela usara o dinheiro para lpagar uma conta de TV a cabo, balbuciou.

    Demorou alguns dias para trocar a mentira bisonha por outra inventada por embusteiros menos idiotizados: torrara a bolada em “despesas de campanha”, descobriu. O problema é que o saque foi feito em setembro de 2003, ano em que não houve eleição nenhuma. A menos que João Paulo tenha sido candidato a síndico e usado os R$ 50 mil para conseguir o apoio dos moradores do prédio.

    A decisão absurda foi antecipada pela voz. Nesta quinta-feira, desde o começo da sessão do Supremo Tribunal Federal, o afilhado de Marisa Letícia está falando com sotaque de Márcio Thomaz Bastos.

    23 de agosto de 2012
    Augusto Nunes

    EX-SENADOR TERÁ DE DEVOLVER R$ 468 MILHÕES DESVIADOS DO TRT DE SÃO PAULO

    “É o maior valor [já acordado para pagamento] em caso de corrupção”, disse procuradora

     
    Autoridades da Advocacia Geral da União (AGU) assinaram acordo com o Grupo OK, de Luiz Estevão, nesta quinta (Foto: Antonio Cruz/ABr )
     
    A Advocacia-Geral da União (AGU) firmou nesta quinta-feira (23) com a equipe do empresário e ex-senador Luiz Estevão um acordo histórico para o pagamento de R$ 468 milhões aos cofres públicos federais.
    Porém, à vista, o empresário se comprometeu a pagar R$ 80 milhões - o restante, R$ 338 milhões, será pago em 96 parcelas, no valor de R$ 4 milhões. O acordo foi assinado entre a AGU e o Grupo OK, que pertence ao ex-senador.

    Os valores referem-se a duas ações de execução de decisões do Tribunal de Contas da União (TCU) relativos ao desvio de recursos destinados à construção do prédio do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo, na década de 1990.

    O dinheiro será repassado aos cofres do Tesouro Nacional. Uma das ações cobra a multa e outra o débito principal do valor desviado da obra.

    Como garantia de que o pagamento das 96 parcelas será feito, a AGU manterá 1.250 imóveis penhorados, além de R$ 2,5 milhões por mês de aluguéis em crédito e mais a penhora de R$ 30 milhões do Grupo OK. Porém, não há consenso sobre o pagamento de R$ 542 milhões.
    O Grupo OK diverge da AGU sobre os termos para o cálculo da dívida, não reconhecendo os critérios adotados para chegar ao valor final.

    A procuradora-geral da União, Helena Maria de Oliveira Bettero, disse que não houve concessões por parte da União em relação aos valores cobrados. “É o maior valor [já acordado para pagamento] em caso de corrupção. Representa uma mudança de paradigma. É um resgate de valores muito grande e recompõe [parte do patrimônio público”, disse ela.

    O advogado do Grupo Ok, Marcelo Bessa, disse que o empresário acompanha todo o processo da negociação e está tranquilo em relação ao desfecho. “É uma decisão pragmática. Por uma questão pragmática, retomamos a busca por um acordo”, acrescentou.

    saiba mais

    O ex-senador Luiz Estevão foi condenado por sonegação fiscal no DF
     
    O superfaturamento no TRT de São Paulo virou um caso emblemático, pois envolveu o então presidente do tribunal, Nicolau dos Santos Neto, conhecido como Lalau, que foi aposentado e condenado a prisão domiciliar. O então senador Luiz Estevão foi cassado devido ao envolvimento no processo.

    O presidente do TRT da 2ª Região, Nelson Nazar, comemorou o acordo e disse que ele representa um resgate da confiança da sociedade na Justiça. “Representa o resgate da fé que o povo brasileiro tem na Justiça e a competência dos advogados da União. [O acordo] conta com o nosso apoio”, afirmou o presidente.

    23 de agosto de 2012
    AGÊNCIA BRASIL
    Revista Época
     

    LEWANDOWSKI, POUPE-NOS AO MENOS DO AUTOVEXAME, A TAL VERGONHA ALHEIA...

     
    Na defesa entusiasmada que faz do petista João Paulo Cunha, Ricardo Lewandowski acaba de evocar o testemunho de José Eduardo Cardozo. E diz que seu depoimento é “altamente qualificado” porque, afinal, o homem é ministro da Justiça.
    Só se esqueceu de dizer que Cardozo era deputado da bancada petista quando aqueles fatos ocorreram e é ex-secretário geral do PT, partido de João Paulo.
     
    Por Reinaldo Azevedo

    A corrupção passiva, a conversa mole sobre ato de ofício e João Paulo

    Vou voltar a uma questão que eu sei polêmica. Advogados de defesa, inclusive amigos meus, repudiam o meu entendimento, mas não posso fazer nada. Se as palavras fazem sentido, acho que estou certo.
    O que diz o Artigo 317 do Código Penal, que trata de corrupção passiva? Isto:
     
    Art. 317 – Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
     
    Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763 , de 12.11.2003)
     
    § 1º – A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
     
    Voltei

     De novo: as palavras fazem sentido? Se fazem, NÃO É PRECISO ato de ofício coisa nenhuma para definir a corrupção passiva. Basta que haja a perspectiva de um benefício indevido.
     
    A lei trata, sim, do ato de ofício, mas lá Capítulo 1º, como elemento agravante. Pergunto e a resposta é óbvia: não houvesse o parágrafo 1º na lei, o caput perderia sentido? Ora… Caso se entenda o ato de ofício como a assinatura de um documento, por exemplo, aí estamos no pior dos mundos. Então a lei serve como estímulo aos larápios: “Não assinem nada; resolvam tudo no boteco da esquina”.
     
    Mas atenção! No caso em questão, o que não falta são atos de ofício. Leiam, reitero, o voto de Joaquim Barbosa para constatar quantas foram as vezes em que João Paulo autorizou operações que eram do interessa da agência de propaganda de cuja conta sua mulher sacou R$ 50 mil.
     
    Neste momento, 17h19, Lewandowski está rejeitando a segunda acusação de peculato contra João Paulo, no caso da contratação da empresa de assessoria IFT. O voto de Lewandowski é escandaloso quando cotejado com os fatos.
     
    23 de agosto de 2012
    Por Reinaldo Azevedo

    COM UM POUCO DE PACIÊNCIA ELE VAI SE LEMBRAR...

    droga marijuana maconha folha
    Nesses tempos republicanos da mediocridade, quando se discute a descriminalização das drogas, só para incomodar, coloco novamente o vídeo do Gilberto Gil, que atende claramente ao que os estudos sobre a marijuana aponta com relação a memória, acrescentando ainda que o uso contínuo da droga provoca estados de psicose, segundo pesquisadores.

    http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=SLIgBKoK7f8

    23 de agosto de 2012
    m.americo

    QUEM VOTA MERECE


    Quem me lê sabe que faz mais de vinte anos que não voto. Meu último voto, confesso sem pejo algum, eu o dei a Collor. Não por seus belos olhos. Mas porque o outro candidato era Lula. Hoje, se ainda votasse, entre Lula e Maluf, votaria no “esforçado filho do imigrante árabe”, como já foi chamado. No que, suponho, não seria reprovado por nenhum petista. Afinal, Maluf hoje é unha e carne com Lula.

    Político, escrevia eu há pouco, é um homem que mente. As regras do jogo o impelem necessariamente a mentir. O que importa é arrebanhar votos. Político diz o que cada platéia pede. E omite tudo o que cada platéia rejeita. Se não mente por intenção, mente por omissão. Se não mente hoje, mentirá amanhã. Políticos pertencem a partidos. Precisam seguir a política de seus partidos, mesmo que dela discordem. Se o partido decide fazer coligação com um canalha, o candidato tem de aderir ao canalha. Se for preciso bajular grupos religiosos que não passam de operosos caça-níqueis, bajulados sejam.

    O último Censo trouxe dados significativos sobre a expansão de igrejas de uma forma ou outra ligadas ao cristianismo no país. O segmento que mais cresceu foi o dos evangélicos, passando de 15% em 2000 para 22%, um aumento de cerca de 16 milhões de pessoas (de 26 milhões para 42 milhões).

    A religião evangélica que mais cresceu entre 2000 e 2010 foi a Assembléia de Deus, passando de 8,4 milhões para 12,3 milhões. Já a Igreja Universal do Reino de Deus perdeu quase 300 mil adeptos, passando de 2,102 milhões para 1,873 milhões. Os católicos foram comidos pela concorrência, passando de 73,6% em 2000 para 64,6% em 2010, uma redução de 12,2%. Em 20 anos, a queda foi de 22,4%.

    Junto ao crescimento dos evangélicos, houve uma pulverização sem precedente dos mesmos na última década, na cidade de São Paulo. É o que leio no Estadão. Segundo os novos dados do Censo, o número de evangélicos sem laços com uma igreja determinada aumentou mais de quatro vezes entre 2000 e 2010, enquanto a quantidade de fiéis que frequentam templos menores cresceu 62% nesse período. Juntos, esses dois grupos foram responsáveis por 96% do crescimento do rebanho evangélico da capital em uma década, de 825 mil fiéis.

    Ainda segundo o jornal, o crescimento dos evangélicos não determinados em São Paulo foi tão grande que eles hoje representam a terceira maior corrente religiosa da cidade – perdem para os católicos e os sem religião, mas ultrapassaram a Assembléia de Deus, denominação evangélica que tem o terceiro maior rebanho do País.

    Segundo o antropólogo Ronaldo de Almeida, "há uma diversificação e uma maior infidelidade a uma instituição específica. O sujeito ainda se identifica principalmente como evangélico, mas hoje ele molda sua experiência religiosa. Quando quer ouvir um louvor com mais música, vai a uma igreja, quando quer cura, vai a outra, quando busca mensagem espiritual mais forte, busca outras."

    A antropóloga Diana Nogueira, por sua vez, faz um paralelo com pessoas que querem perder peso e vão migrando de médico em médico. "A religião fortalece e ajuda as pessoas, mas não resolve muitos dos desafios que uma vida de periferia urbana lhes impõe. Com isso, algumas dessas pessoas vão de igreja em igreja, buscando soluções".

    É o que chamo de fé à la carte. São igrejas voltadas a nichos específicos. Se este deus não me serve, busco outro. Aqui perto de onde moro há uma Igreja da Comunidade Metropolitana, voltada para o público homossexual, dirigida por uma pastora lésbica. Tampouco faltam igrejas ao gosto de roqueiros adeptos do thrash metal ou surfistas. Pagando bem, que mal tem?

    É óbvio que candidato algum seria insensível a tal clientela. José Serra, por exemplo, tem tentado atrair o apoio de líderes evangélicos na cidade. Para tanto, o tucano criou um comitê evangélico na campanha. Como este apoio aos operadores de caça-níqueis não cai bem junto a outros setores do eleitorado, os encontros com líderes religiosos não são divulgados em sua agenda pública, mas têm ocorrido desde abril. Algumas igrejas, como a Convenção Geral das Assembléias de Deus e a Igreja Mundial, já declararam apoio a Serra.

    A Igreja Mundial, para quem não sabe, é aquela fundada pelo apóstolo milionário Valdemiro Santiago, que usa o dinheiro da igreja para comprar bens pessoais, como fazendas no Pantanal e cabeças de gado. Somando tudo, gado, terras e benfeitorias, o investimento total de Valdemiro chega a R$ 50 milhões em dinheiro vivo, mais do que a maioria dos prêmios da Mega-Sena acumulada. É um eleitor de vulto.

    O outro candidato mais cotado à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, foi mais ecumênico. Disse ontem que, se for eleito, gostaria de uma igreja em cada quarteirão. "Vou preservar todas as igrejas, regularizando a situação delas, e gostaria que em cada quarteirão houvesse uma igreja pregando o amor ao próximo".

    Hábil, não manifestou preferência por esta ou aquela igreja. Quer um caça-níqueis em cada quarteirão, seja lá qual fé professar. Segundo o candidato, a linha religiosa das pessoas evita mortes e crimes. "As pessoas não matam ou roubam porque a lei proíbe, mas porque têm uma linha religiosa. Existe igreja porque a população é temente a Deus, porque a população acredita".

    Nunca deve ter dado pelo menos uma trecheada na Bíblia, livro em que o bom deus dos judeus ordena matanças e saques a todas as tribos que não o cultuam. Parece tampouco conhecer a sociedade em que vive, onde as pessoas matam e roubam, apesar de a lei proibir matar e roubar.

    Os tais de evangélicos, que tanto crescem, têm feito em tempo recorde a fortuna de pastores que há muito deviam estar na cadeia. E só não estão devido a uma estúpida legislação que releva exploração da fé pública, extorsão e lavagem de dinheiro em nome de uma suposta liberdade de crença. A estes vigaristas, os candidatos oferecem apoio e pedem apoio.

    E não poderia ser diferente. Os evangélicos são legião e são eleitores. Os candidatos precisam de votos. Compactuar com a vigarice se impõe.

    Quem neles vota, bem que os merece.


    23 de agosto de 2012
    janer cristaldo

    A FUGA...



    23 de agosto de 2012

    A FÚRIA ANTI-RELIGIOSA DAS ELITES NEOGNÓSTICAS


              Artigos - Conservadorismo 
    “A religião não só é a condição da liberdade eficaz do pensamento, como é a condição da função hígida do pensamento”.
    Fernando Pessoa


    Chamo a vossa atenção para um ensaio de Thomas Bertonneau (parte I, e parte II) que se centra em T.S. Eliot e na cultura, neste caso, na cultura ocidental. Aconselho veementemente a sua leitura.

    A tese principal do ensaio é a de que não é possível uma cultura sem religião. Aqui, “cultura” é entendida como cultura antropológica, e não como cultura intelectual em sentido estrito. Portanto, e melhor dizendo, não é possível a formação de uma cultura antropológica sem uma religião.
    Podemos discutir se essa religião é A ou B, se deve ser esta ou aquela, mas devemos aceitar como racional a proposição segundo a qual não é possível a formação de uma cultura antropológica — e a sua manutenção como instrumento de coesão social — sem uma religião.

    Montesquieu estava certo quando afirmou que “se Deus não existisse, teria que ser inventado”. E o problema da nossa sociedade moderna é o de que os deuses que se inventaram para substituir o Deus da religião cristã, são deuses humanos — e por isso coloca-se o problema das autoridades de direito e de fato, não só na ética mas também na fundamentação das normas do Direito. Q
    uando os seres humanos pretendem fundamentar a ética sem Deus, criam para si mesmos um problema enorme e irresolúvel, como podemos verificar na eterna polêmica, sem fim à vista, entre os dois tipos de ceticismo da modernidade: o ceticismo de Hume (externalista) e o de Kant (internalista).

    A tese de Eric Voegelin do ataque dos gnósticos modernos - leia-se: gnósticos modernos, elites modernas, ou a chamada “ruling class”- à cultura antropológica europeia e ocidental, tem como fundamento a ação propositada e deliberada de destruição, por parte das elites modernas e contemporâneas, da espiritualidade humana presente na cultura antropológica, a qual advém da própria religião que contribuiu decisivamente para a formação dessa mesma cultura antropológica.

    As elites gnósticas modernas justificam o seu ataque feroz e destrutivo à cultura antropológica e, portanto, à religião cristã, mediante o conceito de “igualitarismo”. Mas este argumento é contraditório em si mesmo, porque a noção de “elite” é, por sua própria natureza, não-igualitarista. Segue-se que o argumento do igualitarismo é apenas e só um pretexto de que a elite se serve para prosseguir uma agenda política de destruição da espiritualidade e da religião que cimentam a cultura antropológica do ocidente.

    Tal como aconteceu com os gnósticos da antiguidade tardia, o objetivo dos gnósticos modernos é o de fraturar a sociedade em duas categorias de pessoas: os novos “pneumáticos” — os que, alegadamente, detém o conhecimento e o saber, e por isso, destinados à “salvação” — e os novos hílicos, que constituem a maioria e também a “escória da sociedade” — são os que precisam ser guiados, como se de animais irracionais se tratassem, porque se presume não têm salvação possível.
    Este maniqueísmo gnóstico é “desmontado” por T. S. Eliot no ensaio de Thomas Bertonneau, quando se coloca em causa a autoridade do saber e o conhecimento dos gnósticos modernos, e na medida em que a especialização acadêmica não é sinônimo de saber e de conhecimento absolutos: a especialização é apenas e só um saber parcial.

    A sub-ideologia igualitarista, que faz parte do politicamente correto do nosso espírito do tempo, nada mais é do que a tentativa de formatar a sociedade gnóstica que não vingou na antiguidade tardia por ação contrária do Cristianismo — sublinhando uma clivagem social e cultural abrupta entre as “bestas” [o povo], por um lado, e os “tios”, sendo que estes últimos fazem parte da ruling class.
    A actual ruling class não é uma aristocracia propriamente dita, tal como existiu no Ancien Regime, porque embora a aristocracia seja composta por indivíduos, qualquer indivíduo da aristocracia do Ancien Regime estava intimamente ligado ao povo mediante a cultura antropológica que é comum e transversal à sociedade inteira — o que não acontece hoje com as elites: pelo contrário, as elites modernas revoltaram-se contra o povo, em nome de um paternalismo em relação ao povo.

    É dentro deste espírito de segmentação das sociedades ocidentais entre os “tios” gnósticos e minoritários, por um lado, e as “bestas” maioritárias, por outro lado (sendo que os primeiros se opõem deliberadamente aos segundos quando pretendem a destruição da cultura antropológica) que assistimos à sinificação das sociedades ocidentais; e esta tentativa de sinificação das sociedades ocidentais encontra eco num compromisso tático entra a plutocracia globalista, por uma lado, e a esquerda radical e gnóstica por excelência, por outro lado.

    “O princípio do regime totalitário é a fé dos militantes e o medo dos dissidentes” (Raymond Aron em 'Democracia e Totalitarismo', 1965).

    Para além do argumento do igualitarismo, os gnósticos modernos, aka, elites modernas, utilizam um outro argumento: o argumento dos “direitos humanos” que, alegadamente, justificam hoje o ideário da absoluta autonomia do indivíduo.

    O francês Marcel Gauchet — que de conservador tem quase nada, e portanto, é insuspeito — chamou à atenção para esta estratégia dos gnósticos modernos no seu livro “Os Direitos Humanos Não São Uma Política” (1983). Nas chamadas democracias liberais ocidentais, as elites gnósticas modernas e coevas [ruling class] servem-se da bandeira dos Direitos do Homem para irem aumentando paulatinamente a organização burocrática da sociedade por intermédio do combate às tradições e à religião; e essa organização burocrática em crescimento é tutelada por essas mesmas elites neognósticas.

    Este incremento da burocracia nas democracias liberais (por exemplo, na imposição da burocracia da União Europeia a todas as democracias da Europa) conduz a um anonimato generalizado (atomização da sociedade), em que o conhecimento social de todas as espécies possíveis e imagináveis de direitos e liberdades (por exemplo, no Bloco de Esquerda) têm como contraponto o retraimento narcísico do indivíduo, e o seu desinteresse pela coisa pública.

    E a onipresente encenação da liberalização dos costumes (por exemplo, “casamento” gay, adoção de crianças por pares de homossexuais, eutanásia, divórcio unilateral e na hora, aborto a pedido e discricionário, tolerância legal em relação ao infanticídio, políticas dirigidas contra a família natural, etc.), defendida pela elite neognóstica contra a cultura antropológica que inclui naturalmente a religião, encobre a propensão para um mimetismo, um seguidismo e um conformismo sem precedentes, e que constituem, em si mesmos, um rastilho para a explosão de um novo tipo e, por isso, inédito, de totalitarismo.

    Chegamos a um ponto em que vamos ter que reaprender a cultura antropológica e a História que as elites modernas e gnósticas tudo fizeram para destruir. E a religião, principalmente a religião católica, tem um papel histórico e único a desempenhar neste caminho necessário de reaprendizagem da cultura antropológica e da herança histórica, sem as quais entraremos inexoravelmente em uma nova era totalitária.
    Adendo:saiu uma terceira parte do ensaio de Thomas Bertonneau.

    23 de agosto de 2012
     Escrito por Orlando Braga (17 Agosto 2012)
    Publicado originalmente com o título Se não pararmos para pensar, vamos ter que aprender tudo de novo.