"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 5 de março de 2013

COMO TODOS OS CHEFES DE SEITAS QUE INFESTAM O SUBCONTINENTE, HUGO CHÁVEZ LOGO SERÁ APENAS UMA MÁ LEMBRANÇA

 


Ditador da Argentina no começo dos anos 80, o general Leopoldo Galtieri apreciava uísque e cinema. Viu o filme que conta a história do general George Patton e, embalado por algumas doses de bom tamanho, achou-se muito parecido com o impetuoso militar americano. Meio litro depois, resolveu retomar da Inglaterra, à bala, as Ilhas que os ingleses chamam de Falkland e os argentinos de Malvinas. Galtieri descobriu tarde demais que não tinha nada em comum com Patton. Era fisicamente parecido com o ator George C. Scott, que encarnou no cinema o general de verdade.

Quem acreditou que venceria os exércitos ingleses, portanto, não foi um sargentão argentino. Foi um herói da Segunda Guerra. Essa divertida teoria do jornalista Elio Gaspari é a melhor explicação para a Guerra das Malvinas. Pode ser útil aos interessados em decifrar outras maluquices sul-americanas. O venezuelano Hugo Chávez, por exemplo, nomeou-se “herdeiro político de Simón Bolívar” tão logo chegou ao poder em 1999. Mais um pouco e descobriu que era uma cópia melhorada do original.

Ao menos em tese, Bolívar prezava a liberdade e a democracia. Chávez sempre foi mais um tiranete obcecado pelo mando ilimitado e perpétuo. El Libertador exibia um refinamento cultural que contrasta penosamente com a indigência intelectual do coronel com alma de sargentão. Bolivar liderou guerras de libertação que expulsaram os colonizadores de boa parte do subcontinente. Hugo Chávez passou a vida travando combates imaginários com o imperialismo ianque. Na segunda década do século 21, continuava alistado na Guerra Fria.

Recorrendo a chuvas de petrodólares, transformou em parceiros obedientes o Brasil de Lula e Dilma, a Argentina de Cristina Kirchner, a Bolívia de Evo Morales, o Equador de Rafael Correa, a Cuba dos Irmãos Castro e outras esquisitices cucarachas. Foi por ordem de Chávez, como registra o post de agosto de 2009 reproduzido na seção Vale Reprise, que as Farc acabaram promovidas a “organização beligerante” por um Lincoln de galinheiro, uma Doutora em Nada, uma Viúva Profissional, um Lhama-de-Franja e um Ditador-de-Adidas. Coerentemente, o venezuelano que viveu num mundo surreal morreu jurando implantar primeiro na América do Sul, depois no restante do planeta, o “socialismo do século 21″.

Nem o criador sabia descrever de modo inteligível a estranha criatura. “O socialismo do século 21 é a grande arma para evitar a contaminação do imperialismo e do neoliberalismo”, recitava. Algum parentesco com o pesadelo soterrado pelos escombros do Muro de Berlim? “Não tem nada a ver com o socialismo adotado pela antiga União Soviética”, despistava. A expressão grandiloquente, vista de perto, é um codinome do chavismo. E o chavismo é só mais uma entre as incontáveis seitas populistas que infestam a América Latina desde a chegada dos navegantes europeus.

Como todos os fenômenos do gênero, o chavismo nunca se apoiou num conjunto de ideias, mas nos interesses do chefe. Como todas, pode até agonizar alguns anos, mas não sobreviverá à partida do comandante supremo. Como tantos demagogos populistas, Hugo Chávez logo será apenas uma má lembrança. Mais uma.

05 de março de 2013
Augusto Nunes

CUMPANHÊRO LINCO

 

 
05 de março de 2013

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE



05 de março de 2013

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE



05 de março de 2013

HUGO CHÁVEZ???... MORREU!!!

 

Há coisas numa democracia que até um governo bolivariano tem que admitir.




Eis que de repente, não mais que de repente para o governo bolivariano da Venezuela, morreu Hugo Chávez. As causas ainda não foram reveladas, sabe-se no entanto que para os governantes foi morte súbita. Para o porta-voz do além, Nicolas Maduro, Chávez vendia saúde, energia e boa disposição até às duas horas da tarde de hoje. O governo venezuelano está perplexo. É duro acreditar, mas é a lei da vida. E tem coisas numa democracia que até um governo bolivariano tem que admitir. Pra morrer, basta estar vivo. Ainda mais num país que tem embaixada americana.
 
05 de março de 2013
sanatório da notícia

OLHAR O FUTURO

 

O debate recente sobre a existência ou não de um cadastro único para os programas sociais na transição do governo tucano para o petista é velho de quase dez anos. Os gestores do Fome Zero, que seria um guarda-chuva para os programas sociais da era Lula, criticaram o cadastro herdado do Comunidade Solidária, o que fez a antropóloga Ruth Cardoso vir a público defender os critérios adotados.
 
Mas ela considerava que fora prematura a união dos cadastros, que não estavam suficientemente avaliados, e também criticava a ampliação do programa e a redução das condicionalidades para receber as bolsas. Outro defeito sério que ela via era o Bolsa Família não ter uma meta para atingir.
 
No final, foi mesmo o cadastro herdado do governo FH que serviu de base para o início da unificação dos programas. O Cadastro Único foi instituído pelo Decreto n.º 3.877, de 24 de julho de 2001, assinado pelo então presidente, Fernando Henrique Cardoso. Tratava-se de uma base de dados capaz de subsidiar o planejamento de ações e políticas de enfrentamento à pobreza, com destaque para a implementação de programas de transferência de renda, nas diferentes instâncias de governo.
 
Dizer, portanto, que não havia cadastro único e que os governos petistas tiveram que começar do zero os programas sociais é apenas uma politização do debate pela presidente Dilma Rousseff, que não leva a lugar algum. Se o PT, com tanta gente qualificada na área social, não tivesse aperfeiçoado nestes dez anos os critérios cadastrais com a implantação do Bolsa Família, seria, aí sim, um grave caso de ineficiência.
 
O importante é fazer com que as famosas “portas de saída” dos programas sejam acionadas, superando um dos defeitos mais graves do Bolsa Família. Elas foram menosprezadas pela administração do ministro Patrus Ananias, que considerava mais importante a ampliação do programa do que o cumprimento das chamadas condicionalidades — comparecimento à escola e exames de saúde da família.
 
Houve dentro do governo naquela ocasião um choque de visões sobre o encaminhamento dos programas sociais. Criado para ser a referência do governo na área social, o Fome Zero perdeu-se na burocracia dos primeiros momentos e acabou sacrificando seu principal articulador, o ex-ministro Francisco Graziano.
 
Com a saída de Graziano do ministério, e a junção de sua secretaria com dois outros ministérios para se criar o Ministério de Desenvolvimento Social, as prioridades do governo foram em outra direção, colocando o Bolsa Família na frente do Fome Zero, que acabou desativado.
 
Foi Patrus Ananias quem vislumbrou o potencial político do Bolsa Família e desmontou os “comitês gestores” que funcionavam nos mais de dois mil municípios em que o Fome Zero já estava implantado. O grupo “ideológico” perdeu para os “eleitoreiros”, e os “comitês gestores” formados por voluntários da comunidade em cada município perderam sua autonomia diante dos prefeitos, que passaram a dominar os cadastros.
 
Como resultado, ninguém planejou a saída dessas famílias para o mundo produtivo, e na verdade está havendo uma distorção: o governo comemora quanto mais amplia o Bolsa Família, quando, ao contrário, teria que comemorar a redução do programa assistencialista, sinal de que as famílias estariam entrando no mundo produtivo.
 
A própria presidente Dilma vem ampliando significativamente a abrangência do Bolsa Família, e as preocupações com as saídas são secundárias no governo. Já há vários estudos entre os pesquisadores, tanto do Ipea quanto da Fundação Getulio Vargas, sobre o que deveria ser o que o economista Marcelo Neri, hoje dirigindo o Ipea, chama de Bolsa Família 2.0, que teria como uma parte importante a melhora da oferta da qualidade das políticas estruturais tradicionais, com saúde e educação ocupando lugar de destaque.
 
É também fundamental, além da melhoria da educação e da saúde, ter programas de inserção no mercado de trabalho, o que começa a ser pensado apenas agora.

05 de março de 2013
Merval Pereira, O Globo

A SORTE DA PRESIDENTE É QUE NINGUÉM ENTENDE DILMÊS

 

“O Brasil não pega pneumonia com espirro da crise externa”, acaba de avisar Dilma Rousseff. Certamente soprada pelo marqueteiro João Santana ou por Fernando Pimentel, ministro acompanhante, a bravata amalucada serve ao menos para sepultar o palavrório de Guido Mantega.

Segundo o ministro da Fazenda, as previsões que faz na primeira semana do mês e são invariavelmente desmentidas na última só não se concretizam porque nações afetadas pela crise econômica exportam para o Brasil, clandestinamente, o raquitismo do pibinho, a febre inflacionária ou a anemia da produção industrial.


Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Há três dias, o mais recente palpite foi tratado como se deve pelo site do jornal britânico Financial Times. “O disco quebrado de Guido Mantega”, resume o título do artigo. Trecho: O Brasil vai crescer entre 3% e 4% em 2013! E isso quem diz é Guido Mantega, o ministro da Fazenda, também conhecido como Guido, o Vidente.

Esse já virou piada internacional. Vai desfrutar da companhia de Dilma Rousseff assim que o Financial Times decifrar o que tenta dizer a presidente. A sorte da supergerente de araque é que ingleses não entendem dilmês.

A frase que juntou espirro e pneumonia, por exemplo, quer dizer que o Brasil não precisa de ajuda estrangeira para seguir colecionando taxas de crescimento bisonhas. Bastam Dilma e seus ministros.

05 de março de 2013
Augusto Nunes, VEJA

E O OSCAR DE EFEITOS ESPECIAIS VAI PARA... O PT

 

Abraham Lincoln e Luiz Inácio da Silva não são a mesma pessoa, mas quase. Na festa de 30 anos da CUT, o filho do Brasil e pai da maior máquina de perpetuação no poder já vista neste país voltou a se queixar em grande estilo, como é próprio das vítimas profissionais. Declarou que ele e o companheiro Lincoln são uns injustiçados: “Fiquei impressionado como a imprensa batia no Lincoln em 1860. Igualzinho bate em mim”.
 
As semelhanças não param por aí: Lincoln não ganhou o Oscar, Lula também não. Mais uma armadilha do sistema capitalista contra os heróis do povo. Como um sujeito que sai limpinho do mensalão, convencendo mais de 100 milhões de pessoas de que não sabia de nada, pode não ser premiado com o Oscar? É muita injustiça social mesmo. Só pode ser preconceito das elites contra o ex-operário.

 

Lincoln e Lula, os irmãos siameses da resistência contra a imprensa burguesa, passarão juntos à história da CUT apesar do boicote de Hollywood. Mas que os americanos não se animem muito com essa dobradinha.
 
Lincoln jamais seria capaz de eleger uma Dilma e, depois de um governo inoperante, preguiçoso, fisiológico, perdulário, destruidor das instituições com tarifas mentirosas e contabilidade idem, se encaminhasse para reelegê-la. Com todo o respeito à mitologia ianque e ao talento de Steven Spielberg, uma façanha dessas não cabe na biografia de Lincoln.
 
Como transformar uma militante inexpressiva em símbolo feminino nacional, sem que ela manifeste um único pensamento original em anos de vida pública? Lincoln teria de nascer de novo duas vezes para aprender essa com Lula.
 
Enquanto o líder máximo de todos os tempos das Américas demonizava a imprensa, ensinando a classe operária a suspeitar da informação livre, odiar o contraditório e só confiar no que seu guru diz, notava-se ao lado os sorrisos divertidos de Gilberto Carvalho, o chefe de gabinete vitalício do Brasil.

Carvalho é uma espécie de entroncamento entre Lula e Dilma, um avalista da continuação do final feliz petista no berço esplêndido do Estado brasileiro. Como se sabe, para que esse final feliz dure bastante, é necessário que o conto de fadas do oprimido prevaleça sobre a vida real - daí a implicância sistemática com a imprensa.
 
Ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho está sempre nos fóruns partidários prometendo à militância que o governo criará uma imprensa nova, confiável.

Parece piada chavista, mas é verdade. Por acaso, foi um subalterno de Carvalho que voltou de Cuba com um dossiê contra a blogueira Yoani Sánchez, caprichosamente gravado num CD. É o velho estilo petista de conspirar com o rabo de fora.
 
Na chegada da blogueira cubana ao Brasil, surgiram subitamente patrulhas organizadas de apoio ao regime de Fidel Castro, um movimento que ninguém imaginava que existia, que nunca mostrara sua cara em lugar nenhum.
De repente, num Brasil supostamente democrático e tolerante às diferenças ideológicas, esses grupos surgidos do nada simplesmente impediram os debates públicos com Yoani - no grito, na marra. Quem será que instrumentalizou essa turminha braba?
 
A inacreditável operação abafa contra uma blogueira, nesse espetáculo deprimente de censura que o Brasil engoliu, veio mostrar que o chavismo só não prosperou no Brasil porque o oxigênio da liberdade por aqui ainda é maior do que na Venezuela.
 
Mas o estado-maior petista não desistiu de sua doutrina da democracia dirigida e baba de inveja dos índices fabricados pela companheira Cristina Kirchner, em sua cruzada bolivariana pela informação de laboratório. Assim como Lincoln e Lula, Cristina também é uma vítima da imprensa reacionária, que tem essa mania mórbida de querer divulgar indicadores públicos verdadeiros.
 
O lucro do BNDES acaba de ser maquiado, graças a mais uma manobra genial dos companheiros que produzem superavit de proveta e passam blush na inflação. Quando se trata de picaretagem para se agarrar ao poder, é impressionante como a mediocridade do governo popular se transmuta em brilhantismo. Como disse Lula na CUT: “Nós sabemos o time que temos”.
É mesmo um timaço. Merece no mínimo o Oscar de efeitos especiais.

05 de março de 2013
Guilherme Fiúza, ÉPOCA

"O POVO QUE PAGUE"

 
As campanhas eleitorais brasileiras custam os olhos da cara, mas isso não tira o sono dos candidatos e seus partidos. Eles gastam literalmente o que têm e o que não têm, principalmente para pagar os publicitários e marqueteiros incumbidos, a peso de ouro, de mostrá-los ao eleitorado sob o ângulo mais favorável - uma proeza e tanto, em muitos casos, sendo o que é a qualidade da clientela para quem trabalham.

Os políticos vão em frente na gastança porque sabem que as milionárias dívidas acumuladas na temporada de caça ao voto - cobertas apenas em parte pelas doações declaradas de grandes empresas e pelo recebimento de "recursos não contabilizados" do caixa 2 - serão saldadas, mais dia, menos dias, pelo desvalido contribuinte.
 
A gazua que lhes dá acesso aos cofres públicos para onde são carreados os impostos cobrados da população atende pelo nome de Fundo Partidário, que merecia ser chamado, isto sim, fundo perdulário. Em nome do fortalecimento do pluripartidarismo - portanto, da democracia e da promoção da igualdade de oportunidades eleitorais entre as siglas -, no período de 10 anos até 2012, o Estado nacional transferiu-lhe aproximadamente R$ 2 bilhões.

Da dinheirama, 95% são distribuídos proporcionalmente à votação recebida pelas diversas legendas para a Câmara dos Deputados a cada pleito. O restante é rateado em partes iguais.

Além disso, sempre que um partido aparece em rede nacional obrigatória de rádio e TV, o governo recompensa as emissoras pela publicidade comercial perdida no período, isentando-as do pagamento de impostos. No ano eleitoral de 2012, a renúncia fiscal chegou a R$ 606 milhões, apurou o repórter Daniel Bramatti, do Estado.

O maná do Fundo Partidário - reajustado com base na inflação e no crescimento do eleitorado - não sacia, porém, a fome da tigrada. Tanto que, nos dois últimos anos, ao tramitar no Congresso o Orçamento da União, deputados e senadores aprovaram um adicional de R$ 100 milhões ao total já corrigido. Vão repetir a dose agora em 2013, elevando o montante a R$ 293,7 milhões.

Os políticos dizem abertamente que as campanhas estão cada vez mais caras, logo maiores as dívidas - e o País que arque com a dolorosa. Em dezembro, um membro da Comissão Mista de Orçamento, o deputado pernambucano Paulo Rubem Santiago, cometeu a imprudência de se opor à nova sangria. "Me olharam com cara de metralhadora", lembra. E, obviamente, a objeção de nada adiantou.

Como a noite que se segue ao dia, quanto maior o subsídio oficial à atividade política, tanto maior o número de interessados no butim. O Brasil, que já lidera o ranking das democracias que mais despendem recursos públicos para esse fim - foram R$ 6,8 bilhões a contar de 2003 -, é uma indigesta sopa de letrinhas partidárias.

Em funcionamento, são 30 legendas. Em gestação, mais 23, entre eles um Partido dos Servidores Públicos e dos Trabalhadores da Iniciativa Privada do Brasil (qual seria a sua sigla?), um Partido dos Estudantes, um Partido Militar Brasileiro e um Partido da Mulher Brasileira. Por que seria diferente?

O desempenho de uma agremiação nas urnas, por pior que seja, não a impede de tirar uma lasquinha do Fundo e do tempo de TV. Afinal, em má hora o Supremo Tribunal Federal considerou inconstitucional a cláusula de barreira que pelo menos limitaria o acesso dos mal votados ao erário. Confunde-se direito de organização partidária com oportunidade de sugar o Estado.

Uma reforma política para valer teria de reduzir os custos extravagantes dos ciclos eleitorais. O tempo de propaganda na TV poderia durar menos, para onerar menos o contribuinte. (O ideal seria acabar com a onerosa pirotecnia de imagens publicitárias, como desejava o saudoso governador Mário Covas, mas isso é utópico.) Já o Fundo Partidário, no mínimo, deveria ficar imune a acréscimos como os que o Congresso tem aprovado cinicamente.

Do Estado, as agremiações deveriam receber não mais do que uma dieta de subsistência. Se querem se fartar, que tratem de ordenhar os seus filiados e mandatários, além dos eleitores que querem vê-las prosperar. Mas está para nascer - se é que nascerá - um Congresso que não vasculhe o bolso do povo.

05 de março de 2013
 Editorial do Estadão

AS DUAS METADES DE DILMA ROUSSEFF. NENHUMA FAZ QUALQUER SENTIDO.

 
A VOLTA TRIUNFAL DE CELSO ARNALDO: As duas metades de Dilma Rousseff. Nenhuma faz qualquer sentido (parte 1)

Há uma Dilma que, desde a campanha para suceder Lula e ao longo de seus dois anos na Presidência, só existe nesta coluna. Não se trata da supergerente com Ph.D em Brasil nem da intelectual amante das artes e da cultura que tem uma biblioteca na cabeça e uma pinacoteca num pendrive.

Não é também a primeira mulher presidente que, na grande mídia, só aparece dizendo coisas sensatas – é contra a miséria, a doença e a corrupção, é a favor da ética, da casa própria e do emprego para cada um dos 190 milhões de brasileiros, e um atendimento médico de Sírio-Libanês no posto de saúde de Belágua, o município mais miserável do Maranhão.

A Dilma que salta aqui, em cores e viva voz, sem disfarce, montagem ou edição, é a Dilma cuja capacidade de presidir um país como o Brasil, a sétima economia do mundo, é posta em xeque, gravemente, sempre que abre a boca. Sobre qualquer assunto. Qualquer.

Sua indigência verbal não é apenas vernacular, gramatical, sintática, lógica, metafórica, criadora – mas típica do pensamento rudimentar que certamente a precede e talvez justifique a má palavra.

Quando Dilma tem a palavra, ela nunca tem a palavra. Da saudação à despedida, qualquer grupo de palavras pinçado da fala de Dilma impediria uma pessoa, se hipoteticamente levados a sério os critérios de formação e mérito, a assumir um cargo de quinto escalão no governo. Numa empresa de porte médio, não resistiria 30 segundos diante do encarregado do RH. Falando uma espécie de patois brasileiro, em nada consoante com a língua culta ou média do país que preside, Dilma constrói raciocínios que seriam considerados desqualificadores numa redação de segundo grau.

Ela teve dois anos para, em intensivo treinamento prático, dar uma burilada no seu pífio raciocínio presidencial – que, em última análise, é a voz do Brasil. Não só piorou muito como, agora de volta ao palanque pela reeleição, readquiriu tiques da candidata improvável – com o dedo em riste e a palavra em chiste.

Em João Pessoa, na entrega de 526 unidades do Minha Casa-Minha Vida, essa nossa Dilma foi simplesmente assombrosa – começando pelos intermináveis “comprimentos” a autoridades que acabaram de chegar ao local junto com ela, à “nação potiguar” representada na cerimônia por meia dúzia de indígenas e ao grupo folclórico Nova Geração. Que, segundo a presidente, “cantaram aqui para nós, encheram nosso coração de alegria e nos lembraram do nosso ritmo, esse ritmo fantástico que ninguém escuta e consegue ficar parado”.

Fantástico mesmo, seja qual for esse nosso ritmo – ninguém fica indiferente a ele, mesmo não escutando nada.

É claro que nenhum discurso de Dilma sobre o Minha Casa-Minha Vida seria um discurso de Dilma sem ela tentar explicar para que serve uma casa – como se sabe, uma instituição criada em 2003 por Lulincoln. A casa de Dilma é sempre um palacete dialético:

“Além da casa onde essas famílias irão morar, a casa ser um lar, um lugar onde a gente cria filho, recebe amigo, conversa, toma uma cervejinha, faz uma festinha, a casa onde a gente volta do trabalho e descansa, a casa também representa cidadania. E o que é que é cidadania? Cidadania é o Estado brasileiro olhar para os moradores do Minha Casa-Minha Vida e querer que as casas sejam de qualidade”.

As casas do tempo de FHC não eram assim.

“Sabe qual é a diferença dessas moradias pra algumas outras que se fizeram no Brasil? Eu vou dizer para vocês qual é: essa moradia não é…”

Bem, Dilma não conseguiu dizer o que essa moradia não é. Faltaram as palavras certas. E apareceram estas:

“Eles, os que recebem a casa, não devem nada a ninguém. Nada a ninguém. Não devem à presidenta da República, não devem ao governador, nem devem ao prefeito, nem ao empresário que fez”.

Talvez fosse preciso explicar aos 526 contemplados do Residencial Jardim Veneza que se trata de uma linguagem figurada – o morador fica devendo à Caixa. Mas, espere: as casas são gratuitas e o comprador, segundo Dilma, ainda leva um bônus em dinheiro:

“A relação é assim: o dinheiro sai do governo federal e vai para a Caixa Econômica. Da Caixa Econômica, a Caixa contrata um empresário. Mas o empresário para receber tem que ter um morador, porque é para o morador que o dinheiro é destinado. É para o morador. É para quem mora ali, que é dono do dinheiro”.

Os milhões de unidades do Minha Casa-Minha Vida seguem essa lógica mirabolante – o único caso no mundo em que o adquirente de um imóvel, como se o tivesse comprado de si mesmo, recebe também seu valor equivalente em dinheiro. Daí o sucesso do programa, que vai longe:

“Nós não descansaremos até que o último brasileiro tenha acesso a uma moradia digna”.

Parece exagero? Não, para Dilma:

“Por isso é que a gente conta a história: olha, nós já entregamos 1 milhão, mas não fica preocupado, nem nervoso, nem nervosa. Nós estamos construindo agora mais 1 milhão, em torno de 1,3 milhão de casas e faltam (sic) contratar 1,1 milhão. Então as pessoas podem ter certeza de que elas serão atendidas. E vamos supor que a gente chegue a 1 milhão e 100 e não deu conta de tudo. Aí nós contrataremos mais outro milhão. E assim nós iremos garantir que a população deste país tenha uma coisa que é fundamental: tenha um teto sobre sua cabeça. Mas que um teto, tenha um lar. E que nesse lar as famílias sejam felizes”.

Fácil, assim. E casa de Dilma é, sem sombra de dúvida, um substantivo feminino – não comum de dois.

“Nós focamos o recebimento dos recursos na mulher. Por que nós focamos na mulher? É alguma (sic) preconceito contra os homens? Não, não é! Até porque eu sempre digo: metade da população é mulher, a outra metade é filha dessa metade. Portanto, todo mundo em casa”.

Como? Analisemos a sociobiologia reprodutiva da presidente Dilma. A primeira metade é mulher. A segunda, homem. Essa segunda metade, essencialmente masculina, é filha da primeira. Ok. Mas, se não foi por geração espontânea – talvez um novo projeto do governo Dilma – a segunda metade é filha mas também é pai da primeira metade, com exceção dos que são pais de si mesmos, dentro da mesma metade. E mães da primeira metade, além de serem mães da segunda metade, também são mães de meninas da mesma metade, já que na segunda metade só há homens.

Não entendeu? Não se culpe, pertença você a qualquer uma das metades ou seja apenas uma cara-metade. Nem o pessoal da Presidência parece ter entendido – no vídeo editado para o Blog do Planalto, essa luminosa passagem do discurso foi eliminada. Mas se mantém no áudio com o discurso integral. Como diz Dilma, no fim das contas está todo mundo em casa.

Uma dúvida: a primeira presidente mulher defenderá sempre, exclusivamente, a primeira metade? Ou, quando lançar um novo programa de prevenção do câncer da próstata para a segunda metade, dirá, para ressaltar a importância da clientela-alvo, que metade da população é homem e a outra metade é filha dessa metade?

Faz sentido? Ou só metade?

Assombros do próximo capítulo:

*A Bolsa-Cerveja de Lula
*As incríveis crianças que não sabem se cuidar sozinhas
*O curso para tratador de doentes
*A visita a uma obra chamada Vertentes Litorâneas que não se chama Vertentes Litorâneas
*Brasileiro: um povo capaz das maiores e mais instantâneas intimidades
*As pessoas, na rua, quando veem Dilma, segundo Dilma: “Ói ela!”

Vídeo editado pelo Planalto:


Audio, na íntegra:

http://www2.planalto.gov.br/multimidia/galeria-de-audios/audio-do-discurso-da-presidenta-da-republica-dilma-rousseff-na-cerimonia-de-entrega-de-576-unidades-habitacionais-do-residencial-jardim-veneza-e-de-22-maquinas-retroescavadeiras-a-municipios-do-estado-da-paraiba-joao-pessoa-pb-32min01s

05 de março de 2013
CELSO ARNALDO ARAÚJO com Blog do Augusto Nunes - Veja Online

TITÃS CONSTRANGE PADILHA AO INDAGAR QUANDO A GANGUE DE LULA SERÁ PRESA

 

'Quando as penas serão cumpridas'

José Dirceu nem sabe, mas está devendo uma a Alexandre Padilha, que não é mensaleiro nem ladrão, mas passou por um constrangimento no show dos Titãs, sábado, em Brasília.

Padilha estava todo serelepe, curtindo no show, quando Paulo Miklos, um dos vocalistas da banda, cobrou:

- Nós queremos saber é quando as penas serão cumpridas.

Não parou por aí.

Depois do delírio da massa, os Titãs atacaram com a música Vossa Excelência, que diz: “Estão nas mangas dos senhores ministros, nas capas dos senhores magistrados, nas golas dos senhores deputados (…) senhores, senhores, filha da puta! Bandido! Corrupto! Ladrão!

05 de março de 2013
Por Lauro Jardim - Radar - Veja Online

AGINDO COMO TIRANO, LULA DÁ ORDENS NO GOVERNO E DECIDE O FUTURO DE DILMA E DOS COMPANHEIROS DO PT

 

Dono do mundo – Ainda fugindo da imprensa, Luiz Inácio da Silva não abre mão de ser o presidente-adjunto, por que não afirmar que é o dono do governo, e decidir o futuro de todos os integrantes do PT, começando pela presidente Dilma Rousseff.

Fora isso, Lula é quem toma as decisões finais no âmbito do projeto totalitarista de poder que o partido tenta implantar no País, uma espécie de golpe rumo à ditadura socialista.

Conforme noticiou a jornalista Vera Magalhães, em sua coluna no jornal “Folha de S. Paulo”, Lula já definiu que os ministro Aloizio Mercadante e José Eduardo Cardozo, da Educação e da Justiça, respectivamente, serão os coordenadores da campanha de Dilma Rousseff à reeleição. Com isso, o candidato petista o governo de São Paulo será o ministro Alexandre Padilha, da Saúde, um estranho no ninho no mais importante estado brasileiro.

Lula está apostando alto em uma jogada de risco, pois Mercadante não tem vocação para ser coordenador de campanha e Alexandre Padilha pode enfrentar a resistência do eleitorado paulista.
Paralelamente, o ex-presidente cuida do jogo rasteiro e imundo que tenta minar o projeto do governador Geraldo Alckmin de tentar a reeleição.
O primeiro golpe foi abrir uma vaga na Esplanada dos Ministérios para o PSD, partido de Kassab, para onde seguirá o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, instalando-se na pasta de Micro e Pequena Empresa.

Como a campanha foi antecipada pelo próprio Lula, que deseja causar tumulto e testar seus candidatos para, diante da necessidade de eventuais mudanças, encontrar substitutos, o tucano Alckmin precisa começar a se mexer, antes que seja tarde demais.

05 de março de 2013
ucho.info

ÚLTIMO CAPÍTULO

Informações sobre Chávez vazam e obrigam a antecipação do anúncio de sua morte

 
Último capítulo – Confirmando o que antecipou o ucho.info na edição de segunda-feira (4), que em questão de horas o governo da Venezuela confirmaria a morte do presidente Hugo Chávez, o anúncio se deu por volta das 18h45 (horário de Brasília) desta terça-feira.

O portador da informação foi o vice-presidente Nicolás Maduro, que com a morte de Chávez está automaticamente afastado do cargo.

Horas antes, Maduro acusou os Estados Unidos de conspirarem contra o governo bolivariano da Venezuela, expulsando dois funcionários da embaixada norte-americana em Caracas.
A decisão de anunciar a morte do caudilho venezuelano ficou evidente na fala de Nicolás Maduro, que acusou o governo dos Estados Unidos de ter inoculado o tumor em Chávez.

Esse suposto devaneio foi premeditado e serviu para marcar posição política diante do crescimento dos opositores do chavismo, que corre o risco de desaparecer sem a presença do líder da revolução bolivariana. Na noite de segunda-feira, a notícia de que o quadro respiratório do tirano se agravara foi a primeira evidência de uma decisão tomada em conjunto com familiares e os cubanos Raúl e Fidel Castro.

A segunda evidência de que a morte seria anunciada em algumas horas surgiu com uma informação publicada no Twitter por uma das filhas de Hugo Chávez, que em seu microblog escreveu que a vida do seu pai estava “nas mãos de Deus”. A terceira e derradeira evidência foi a participação de Adrián Chávez, irmão de Hugo Chávez, na reunião da cúpula político-militar venezuelana que aconteceu no Palácio de Miraflores.

Repetindo o que aconteceu com alguns ditadores, o anúncio da morte de Hugo Chávez foi adiado desde o começo de janeiro, pois era preciso costurar nos bastidores um acordo político que garantisse a continuidade do chavismo no poder. Além disso, membros da família do coronel Hugo Chávez precisavam ter garantias de que participariam do governo do próximo ditador que assumir o comando da Venezuela.
O acordo, informalmente chamado de Pacto de Havana, foi conduzido pelo ditador cubano Raúl Castro, que também tem interesse na continuidade do chavismo. Nos últimos anos, Hugo Chávez abasteceu financeiramente o governo da ilha caribenha, além de ter fornecido enormes quantidades de petróleo.

As mentiras que foram rascunhadas para prorrogar a notícia final mostraram o viés amador de quem estava no comando da operação que tinha como objetivo enganar a opinião pública. O fato de alguns chefes de Estado terem viajado a Havana sem conseguir se encontrar com Chávez foi o primeiro sinal de que algo errado existia na capital cubana. De igual modo foi mentirosa a informação de que Chávez foi transferido de Havana para Caracas, onde completaria o tratamento.

Chávez jamais deixou Cuba e seu corpo foi trasladado de maneira secreta na última noite para a ilha venezuelana de La Arguila, onde fica a residência presidencial, que é cercada por forte esquema de segurança. No hospital militar de Caracas, no qual Chávez supostamente estava internado, não havia qualquer sinal de sua presença. Nem mesmo nesta terça-feira, dia em que sua morte foi oficialmente anunciada.

Sofrendo de um câncer na região pélvica, Hugo Chávez não aparecia em público desde 11 de dezembro, quando se submeteu a uma arriscada cirurgia em Havana para tentar conter a metástase de um sarcoma que se espalhou e atingiu a medula e sistema nervoso, o que provocou a paralisia de parte do corpo do venezuelano.
Durante a cirurgia, os médicos foram obrigados a estancar uma grave hemorragia que atingiu os pulmões do ditador bolivariano. Além disso, aproximadamente meio metro de seu intestino foi retirado por causa dos tumores.

Como a hemorragia atingiu os pulmões, Chávez foi alvo de uma grave infecção pulmonar, decorrente de septicemia que foi controlada por antibióticos extremamente fortes e de última geração. Nesse quadro de vulnerabilidade do organismo em termos de imunidade, quimioterapia, como foi anunciado pelo Palácio Miraflores, é o caminho menos recomendado, até que o paciente se recupere e estabilize a quantidade de plaquetas para suportar a agressividade do tratamento.

Desde as primeiras complicações decorrentes da cirurgia, Chávez entrou em estado de coma e jamais recobrou a consciência, ao contrário do que afirmou o agora ex-vice-presidente Nicolás Maduro, que insistia em dizer que o comandante estava se recuperando, fazendo exercícios, conversando normalmente e opinando sobre assuntos políticos da Venezuela.

Quando o ucho.info, na madrugada de 1º de janeiro, afirmou que Hugo Chávez estava morto, não o fizemos por sensacionalismo barato ou oportunismo midiático, mas apenas porque tínhamos informações seguras de integrantes do serviço secreto de quatro países, respeitadíssimos nesse quesito, de que o caudilho já havia se despedido da vida. Dos quatro países, pelo menos três têm agentes infiltrados na Venezuela.

O anúncio da morte de Hugo Chávez estava programado para acontecer até o final desta semana, mas informações de que o bolivariano não estava no hospital militar de Caracas começaram a vazar e obrigaram o governo a antecipar a informação.
A notícia de que Chávez havia sido transferido para a residência presidencial, na ilha de La Arguila, não passou de contra-informação plantada por agentes secretos cubanos e russos, que atuam deliberadamente na Venezuela, que ganhou o noticiário internacional a partir de um jornal espanhol.

05 de março de 2013
ucho.info

APÓS POPULISMO DE CHÁVEZ, ECONOMIA DA VENEZUELA TEM FUTURO SOMBRIO

Pedro Palma, um dos maiores críticos da política econômica chavista, diz que, independentemente do novo presidente, país terá de passar por um duro ajuste

Ana Clara Costa
Cartaz com imagem do presidente Hugo Chávez é visto na favela Petare, em Caracas
Pobreza em Caracas: populismo deteriorou a economia (Raul Arboleda/AFP)
 
Ante a hipótese cada vez mais remota de que o caudilho Hugo Chávez leve a termo um novo mandato, o debate sobre quem tomará as rédeas do país mobiliza a população venezuelana.

Independentemente de quem suceda Chávez, quer seja o vice-presidente Nicolas Maduro, quer outro político govenista ou da oposição, uma coisa é certa: o novo presidente liderará uma nação com perspectivas sombrias na economia.
A avaliação é do economista venezuelano Pedro Palma, PhD em Wharton, a prestigiada Faculdade de Negócios da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos; professor do IESA, renomado centro de formação de executivos da Venezuela; diretor da consultoria econômica Ecoanalítica e ex-vice-presidente da consultoria Booz-Allen em seu país.
Palma também é um dos fundadores da Academia Nacional de Estudos Econômicos da Venezuela.

Pedro Palma, economista venezuelano
Pedro Palma, economista venezuelano

Ele faz parte de um círculo restrito de renomados economistas venezuelanos – que inclui nomes como Ricardo Hausmann, de Harvard, e Roberto Rigobon, do MIT – que se opõem abertamente à política chavista. Em artigos e entrevistas, propaga a ideia de que o populismo chavista exterminou o que restava de dinamismo e complexidade na economia local. Em entrevista ao site de VEJA, Palma descreve a situação econômica venezuelana como "nada animadora" e garante que ajustes profundos terão de ser feitos, a começar pela desvalorização do bolívar (a moeda venezuelana), mantido em cotação fixa em relação ao dólar há mais de dez anos.

O que esperar da economia venezuelana, caso Hugo Chávez morra ou se veja incapacitado de continuar governando?
Tudo depende de a eleição para presidente acontecer no curto prazo, como todos esperam, ou não. E, acima de tudo, depende de quem ganhar. Se o presidente Hugo Chávez não voltar ao governo, a Constituição prevê novas eleições em trinta dias. O Congresso pode argumentar que não há tempo hábil para eleger um novo presidente em um mês e pode tentar postergar. Mas isso ainda é uma hipótese. Considerando que as eleições ocorram em breve, se o vice de Hugo Chávez, Nicolás Maduro, ganhar, acho difícil que as coisas mudem radicalmente. Ele deve insistir na mesma política populista até o momento em que o estado não aguentar mais. As perspectivas de médio prazo num governo de continuidade do comunismo do século XXI são terríveis. Já Henrique Capriles, candidato da oposição que teve 45% dos votos nas últimas eleições, pode ter alguma chance de fazer as coisas de forma diferente. Mas não acredito que alguma mudança substancial aconteça no curto prazo.

Por quê? O problema na hipótese de uma vitória de Capriles seria de governabilidade?
As coisas estão muito complicadas. Não será fácil para Capriles executar ajustes porque a oposição ainda é minoria. O próprio resultado das últimas eleições é um exemplo claro de quanto o país está dividido. Capriles teve 45% dos votos, mesmo com toda a pressão exercida pelos partidários de Chávez; com o exército nas ruas, com a utilização dos recursos do estado para mobilizar eleitores, com todas as ameaças feitas às pessoas de que se não votassem nele lhes seriam tirados benefícios sociais, entre outros absurdos. O fato é que os votos da oposição subiram 50% nessas eleições. Isso mostra que o país quer mudanças. Ainda assim, há outros fatores que devem ser levados em consideração que vão além da vontade do novo presidente.

Quais fatores?
Há uma situação adversa na Venezuela que deverá ser enfrentada por qualquer um que chegue ao poder. No médio prazo, se a política populista feita até agora continuar, o futuro do país não é nada animador. O populismo de Chávez dilacerou a economia. A Venezuela está prestes a sofrer um baque recessivo e um aumento muito grande da inflação. E será necessária a desvalorização da moeda, o bolívar. É algo inevitável e que vai causar um choque inicial. A inflação deve chegar a 30% neste ano.

Por que a desvalorização é necessária?
Há dez anos o governo exerce controle cambial. O câmbio fixo é de 4,30 a 5,30 bolívares por dólar, mas essa cotação é irreal, muito acima do que deveria. No mercado negro, um dólar é negociado a 18 bolívares, para se ter ideia. É uma diferença muito grande. O fato é que esse câmbio é insustentável. O estado não vai conseguir bancar essa diferença por muito mais tempo e terá de subir a cotação para algo mais próximo da realidade. Quando isso acontecer, o que deve ser muito em breve, a inflação será diretamente afetada, pois praticamente tudo que é consumido na Venezuela é importado e os preços subirão. E tudo isso independe de quem será o próximo governante.

Uma obsessão de Chávez era reduzir a dependência dos importados americanos. Isso aconteceu?
De forma alguma. Atualmente, a Venezuela depende muito mais das importações do que antes de Chávez. A política de desapropriação e de caça à iniciativa privada fez com que os investimentos estacionassem. Os produtores nacionais são completamente desestimulados pelo governo. Eles tampouco podem voltar sua produção ao mercado externo devido à valorização artificial do bolívar, que torna impossível competir no exterior. Todo esse cenário faz com que a dependência do país das receitas do petróleo seja cada vez maior. Com isso, a economia fica muito vulnerável e exposta a turbulências externas, isto é, a situações que estão fora do controle da Venezuela.

Qual é o pior efeito da política econômica implantada por Chávez?
Certamente, a inflação, que se mantém acima de 20% ao ano há seis anos consecutivos. Em 2012, por ser ano eleitoral, houve um controle de preços muito severo por parte do governo. Esses controles são insustentáveis e já estão sendo revistos. Se considerarmos a iminência da desvalorização do bolívar, a tendência é que a alta dos preços ultrapasse facilmente a casa dos 30%, pois isso encarecerá os preços dos importados. Por fim, esse cenário terá efeito recessivo na economia já a partir do segundo semestre. Há uma séria possibilidade de contração do PIB no médio prazo.

O endividamento público da Venezuela subiu de 37% para 51% do PIB durante o governo Chávez. Esse aumento compromete a solidez fiscal do país?
Na verdade, o endividamento é muito maior do que esse devido, justamente, à cotação irreal do dólar fixada pelo governo. A dívida pública externa oficial está em 107 bilhões de dólares. A ela somam-se outros compromissos do estado, como a dívida da estatal de petróleo, a PDVSA, com fornecedores e sócios e os débitos do governo com empresas expropriadas que estão em processo de arbitragem em Washington. No total, o endividamento chega a 140 bilhões de dólares. Já o PIB é convertido na moeda americana por Caracas utilizando a cotação fixa de 4,30 bolívares por dólar. Com base nessa cotação, o PIB fica em cerca de 330 bilhões de dólares, o que faz com que o endividamento pareça próximo de 50% do PIB. No entanto, se o PIB fosse convertido de maneira mais realista para o dólar, com uma cotação em torno de 9 bolívares, seu valor passaria a mais de 170 bilhões de dólares. Com isso, o endividamento público ficaria próximo de 100% do PIB.

Vislumbra-se a possibilidade de um calote nos próximos anos?
Não no curto prazo. O país continua a ser um bom destino de investimentos porque tem receita oriunda do petróleo. O preço do barril fechou 2012 na máxima histórica. Então, a Venezuela continuará a contar com um fluxo importante de divisas. Mas se o processo de endividamento prosseguir no ritmo acelerado que está, e com governantes insensatos, não há como garantir que todos os compromissos sejam pagos dentro de alguns anos. Aí sim pode haver um default.
 
Até quando a Venezuela dependerá do petróleo?
A quantidade de petróleo nas reservas da Venezuela é incomparável. Se nos próximos 200 anos o preço do barril continuar subindo, a Venezuela seguirá exportando. O problema é como explorar isso de forma eficiente. Atualmente, o país produz menos de 3 milhões de barris por dia. Esse número é inferior ao de 2007 e é a metade do que a PDVSA havia projetado produzir, cerca de 6 milhões de barris por dia. A estatal anunciou que em 2018 produzirá 5,8 milhões de barris por dia. Para isso, terá de investir 206 bilhões de dólares nos próximos anos. É uma fantasia que não vai se concretizar.
 
Por quê?
Porque a PDVSA está submetida a um processo constante de saque por parte do governo. A empresa já repassou mais de 100 bilhões de dólares a um fundo estatal administrado pela presidência e ninguém sabe para onde vai esse dinheiro. Além disso, o Banco Central é obrigado a injetar dinheiro das reservas internacionais na companhia para compensar esses saques. O BC transformou-se no principal financiador da PDVSA, e isso é surreal. Como ela vai ter mais de 200 bilhões de dólares para investir? Não vai. A situação é gravíssima porque todos sabem que retirar dinheiro das reservas para cobrir gastos estatais põe qualquer país no caminho de uma inflação galopante como aquela que atingiu o continente, inclusive o Brasil, nos anos 1970. Foi justamente o financiamento do gasto público por parte do BC. E a Venezuela está entrando nesse processo.
 
Os programas sociais são a grande marca do chavismo. E Capriles já afirmou, em campanha, que não acabaria com eles. É possível conciliar o ajuste nas contas públicas com a continuidade desses gastos?
Os programas sociais que Chávez implantou guardam muitas diferenças entre si. Uns foram eficientes, outros foram extremamente ineficientes e discriminatórios. Os cidadãos que não apoiam o presidente não recebem nada: nem casa, nem ajuda. Não é possível levar programas dessa forma. Mas isso não significa que eles devem ser extintos – e sim geridos de uma forma mais eficiente. O governo se gaba de ter gasto, nos últimos quatorze anos, 500 bilhões de dólares em investimentos sociais. A cifra é exagerada. Se olharmos detidamente para ela, verificamos que há enorme corrupção. Não se sabe ainda quanto dinheiro foi desviado a outros países, como a Nicarágua, a Bolívia, países do Caribe e Cuba. Logo, se a gestão for honesta, esses programas podem custar muito menos para o estado do que atualmente custam.
 
Independentemente de quem esteja na presidência, os programas devem continuar por seu efeito sobre a pobreza?
O efeito sobre a pobreza tem nuances. O governo devota a esses programas a maior parte da propaganda oficial e tem neles um de seus alicerces. Na verdade, são medidas que funcionam como doações, presentes, ajudas, bolsas, etc. Esses projetos sociais têm impacto importante na vida das pessoas porque representam um alívio. Elas mitigam a miséria. Porém, não estão orientadas a solucionar as causas da pobreza. Se o governo não se interessa em melhorar, de fato, a vida das pessoas por meio da educação, pela formação de capital humano sólido, esses programas acabam se tornando ineficazes. Por outro lado, se trabalhados e modificados, eles podem se tornar um grande veículo de desenvolvimento.

05 de março de 2013
Veja

MORRE HUGO CHÁVEZ FRIAS, 58 ANOS, E COM ELE O CHAVISMO

 

Hugo Chávez
 
Anúncio foi feito pelo vice-presidente Nicolás Maduro em rede nacional de TV. Hora anunciada da morte é 16h25. Com ele, morre também seu estilo de governar, que mistura o pior do populismo, do ultranacionalismo, do esquerdismo, do caudilhismo e do ‘socialismo do século XXI’

http://veja.abril.com.br/multimidia/galeria-fotos/a-trajetoria-de-hugo-chavez

CHÁVEZ, AGORA MORTO, FOI VÍTIMA, ISTO SIM, DA PRÓPRIA FARSA. E O QUE NÃO TEVE TEMPO DE APRENDER COM LULA

Pobre Venezuela!

Dá para saber quando um destino cruel aguarda um povo. Destino? Trata-se, na verdade, de uma construção. Desgraçadamente, a resposta que o país encontrou para uma elite dirigente que entrou em falência foi o chavismo, um misto de banditismo político com delírio ideológico retrô.
 
É evidente que sérias turbulências virão pela frente porque o modo de governo inventado por Hugo Chávez, que morreu nesta terça, só funcionava com o carisma do caudilho. Agora morto, os gângsteres que o cercavam iniciarão a luta intestina pelo poder — ainda que a imagem do mártir garanta ao menos mais uma eleição para a turma. A questão é que, em breve, mais de um poderá dar murro na mesa.
É patético! É melancólico! É triste!
 
Imaginem quão sem saída está um regime obrigado a inventar uma conspiração, que estaria na origem da doença que matou o líder. Nicolás Maduro sugere, em sua fala, que o câncer do comandante foi obra dos EUA. Ninguém sabe ao certo o mal que acometeu o ditador. Uma coisa é evidente: Cuba não era o melhor lugar para ele se tratar. É aí que se percebe que o bandido farsante obrigou-se a ser, ao menos, verossimilhante.
 
Entendam o que estou querendo dizer: neste particular ao menos, Chávez foi mais burro e mais fiel ao credo que proclamava do que Lula, por exemplo — que fez muito bem, claro!, em se tratar no Sírio-Libanês.
O Apedeuta é infinitamente mais inteligente do que era o bandoleiro de Caracas e faz da incoerência uma arma política. Ele não foi se tratar via SUS — que, segundo chegou a dizer, estava “perto da perfeição”. Escolheu um hospital de ponta e proclamou: todos deveriam ter direito àquele tratamento especializado.
 
Pouco importa o tipo de câncer de Chávez, suas chances teriam sido evidentemente maiores no Brasil, nos EUA e em alguns países europeus. Mas isso, para a sua mística, seria entendido como uma espécie de rendição.
Médicos brasileiros e um grande hospital chegaram a ser sondados. O ditador queria, no entanto, a garantia de que poderia ter aqui a cortina de silêncio que lhe foi assegurada em Cuba. Ao saber que não seria possível porque a democracia brasileira não permite, restava-lhe escolher, deixem-me ver, entre Cuba e a Coreia do Norte…
 
Boa parte de seu padecimento, que certamente não foi pequeno, se deve ao fato de que resolveu levar adiante a sua farsa. Não aprendeu as artes de Lula, que jamais é refém da própria palavra. Muito pelo contrário: a cada vez que ele joga no lixo o que disse antes para afirmar o contrário, proclama a própria inteligência, a própria esperteza.
 
Em lugar de Chávez, o Apedeuta se trataria, como se tratou, num hospital de ponta e ainda diria:

 “Eles (*) acham que um metalúrgico não pode ter hospital de rico. Mas eu quer dizer que, nestepaiz, um dia, todo mundo vai se tratar no Sírio-Libanês. E vai ser tudo pelo SUS. Eu acho de que (!) as elites brasileiras precisam aprender que o trabalhador tem direito também a essas máquinas caras…. “
 
E todos aplaudiriam. A Marilena Chaui mesmo ficaria extasiada: “Olhem! Parece a deusa Métis falando; quando Lula fala, o mundo se ilumina!”. O nosso Apedeuta tem um lado macunaímico. Se lhe derem folga, “brinca” (este verbo terá sentido pleno para quem leu o livro) até durante o expediente. Mas não se deve toma-lo por tolo. Sabe ser calculista e autoritário se preciso, e o país, institucionalmente, regrediu muito sob o seu comando e/ou orientação.
 
Lula não traz consigo aquela mística da “sangre” da América espanhola, do “resistiremos até o último homem”. Enquanto permitirem que ele avance, ele vai — se ninguém reclamar, chega à ditadura. Se a coisa começar, no entanto, a se complicar demais, ele dá um jeito de chupar balas Juquinha… A fidelidade à própria farsa obrigou Chávez a experimentar o fel.
 
05 de março de 2013
Reinaldo Azevedo
 

MURIÓ HUGO CHÁVEZ FRIAS

Foto del dia

Murió Chávez

La tarde del 05MAR13, Nicolás Maduro informó que Hugo Chávez Frías falleció a las 4:25 pm.

05 de março de 2013
notícias clic

AMEAÇAS VAZIAS


          Artigos - Globalismo        
A guerra está por vir, pois as guerras sempre estão no horizonte. Estaremos despreparados para a guerra, pois esse é o modo de sermos. É assim que funciona a história. Se isso não é percebido no Ocidente, com certeza o é no Oriente.

Em 2009, a manchete do The Atlantic foi: “Netanyahu para Obama: Pare o Irã – ou eu o farei”. Quatro anos depois constatamos que nada aconteceu. O Primeiro Ministro israelense bufou aos montes e o presidente dos EUA manteve-se imóvel. Não houve ataque israelense ao Irã e provavelmente não haverá. Alguns relatos já dão como certa a existência de armamento nuclear iraniano e uma futura ampliação. Por conta de o presidente Obama querer uma solução diplomática, as negociações e os encontros não têm fim. Com efeito, Obama e o presidente russo Vladimir Putin já concordaram em se reunir para discutir o problema iraniano durante o encontro vindouro do G-8 na Irlanda do Norte. Então como devemos considerar as futuras ameaças israelenses?


Existe uma regra implícita na política: não se deve jamais fazer ameaças. Nada expõe tão flagrantemente as fraquezas quanto as ameaças vazias. Se você pode fazer algo, então faça. Não fique falando. A esse respeito, as falas sem ações fazem todos suspeitarem que você seja impotente. Como dizem, o falatório é vão. As ações, por outro lado, dizem algo completamente diferente. Se as ações forem coerentes com as palavras, então as pessoas ficaram genuinamente abaladas pelo que disseres. Se quatro anos passam sem ação, as pessoas concluirão que você é um falador.

O jornal Times of Israel publicou a seguinte manchete no último domingo: “Negociações sobre armamento nuclear só serviram para dar mais tempo ao Irã”. Do lado americano, a fala é um meio para desperdiçar um precioso tempo. As negociações entre as cinco potências (mais uma) feitas no Cazaquistão serviram muito bem ao Irã, pois enquanto as potências conversavam, o Irã estava construindo sua bomba; E uma vez que o Irã tivesse a bomba, ninguém se atreveria a agir. Mesmo porque, quem atacaria uma nação que tem uma bomba nuclear? O Primeiro Ministro Netanyahu é citado no artigo dizendo que o Irã está “continuadamente desafiando a comunidade internacional [...] Assim como a Coreia do Norte, que continua a desafiar todos os padrões internacionais, de modo que tal ato pede que os demais países reforcem suas sanções e deixem claro que se isso continuar haverá sanções militares”.

Incrivelmente mais uma ameaça foi feita. De fato, por que se fez tal afirmação? A qual propósito isso serve? Os líderes iranianos não foram intimidados. E, como disse o próprio Ministro do Exterior de Israel, todos sabem que o Irã não recuará. Seja como for, os iranianos têm muitos meios de adquirir uma bomba. Eles obviamente estão trabalhando com os norte-coreanos e poderiam – se necessário – produzir armas nucleares sob os auspícios de Pyongyang. Tais armas poderiam ser levadas da Coreia do Norte até o Irã via submarino e ninguém jamais saberia. Portanto, mesmo que houvesse um ataque às instalações nucleares iranianas, de nada adiantaria. E verdadeiramente falando, neste contexto atual, quem se atreveria a bombardear o regime norte-coreano? É um governo que já possui várias armas nucleares e está totalmente preparado para bombardear Tóquio ou até mesmo lançar um míssil com uma ogiva nuclear contra os Estados Unidos.

O Ocidente já esperou demais para agir em outras ocasiões. Em 1949 Stálin tinha sua própria bomba – e provavelmente ele foi o mais mortífero psicopata de todos. Mao Tsé-Tung conseguiu sua bomba em 1964. E nós, o que fizemos? Convivemos com isso e provavelmente iremos assim até morrer. O fato é que os loucos já possuem a bomba e um dia eles irão usá-la. (Oh sim, eles irão). A álgebra estratégica é inegável, embora vivamos em uma sociedade e uma cultura que nega tais coisas, mesmo por que nosso próprio modo de vida depende de tal negação.

A guerra está por vir, pois as guerras sempre estão no horizonte. Estaremos despreparados para a guerra, pois esse é o modo de sermos. É assim que funciona a história. Se isso não é percebido no Ocidente, com certeza o é no Oriente. Na última semana, o Presidente Putin ordenou que os líderes militares fizessem “melhorias urgentes” às forças armadas. “Esforços estão sendo feitos para equilibrar a balança estratégica”, disse Putin em uma assembleia de oficiais militares russos. “As forças armadas da Rússia devem se lançar para um novo nível de capacidades nos próximos três ou cinco anos”. Nesse ínterim, de volta aos EUA, as forças armadas estão enfrentando cortes automáticos e uma drástica redução das capacidades.

A presente situação é perfeitamente óbvia. Netanyahu fará muito barulho, Obama negociará e os iranianos construirão a bomba. O padrão está definido e ninguém pode alterar o que vem sendo construído há décadas. Todo período de declínio é pontuado por reveses econômicos e militares. Atualmente estamos no estágio do revés econômico. Em breve veremos o revés militar.
 
Publicado no Financial Sense.
Tradução: Leonildo Trombela Júnior

ARMADOS E DESARMADOS

       
          Artigos - Desarmamento 
Obama, ainda enxugando aquela lagriminha forçadíssima e festejadíssima que dedicou às crianças mortas de Newtown, acha horrível colocar guardas armados nas escolas, mas envia suas filhas a uma onde há pelo menos onze deles.

O Homeland Security está distribuindo às escolas, igrejas, clubes e outras instituições um vídeo em que ensina como reagir a um invasor armado de pistola, rifle ou metralhadora. Receita número um: saia correndo. Número dois: esconda-se debaixo da mesa. Número três: ataque o sujeito com uma tesoura, um hidrante, um cortador de papéis, um grampeador ou algum outro instrumento mortífero em estoque no almoxarifado. E assim por diante . (Não é gozação minha. Veja em http://www.youtube.com/watch?v=5VcSwejU2D0).
     

A hipótese de manter um guarda armado ou de permitir que funcionários habilitados portem armas não é nem mesmo mencionada. É exorcizada. Há lugares, é claro, onde o exorcismo não funciona: a comissão de educadores da cidade de Newtown, aquela onde duas dezenas de crianças morreram assassinadas por um atirador alucinado, já declarou que vai seguir a sugestão da National Rifle Association e não as lições sapientíssimas do Homeland Security.

Para sua própria proteção, é claro, o Homeland Security apela ao remédio exatamente inverso daquele que recomenda aos outros. Alegando, vejam só, "defesa pessoal", o departamento acaba de comprar sete mil fuzis AR-15 – aquele mesmo que o governo quer tomar dos cidadãos – e dois bilhões, sim, dois bilhões de balas hollow point, daquelas que espalham estilhaços no corpo da vítima. Essa munição é proibida para uso militar pela Convenção de Genebra, só podendo ser usada, portanto, contra a população civil. O inferno não está cheio só de boas intenções.

O Homeland Security é o monstro burocrático criado após o 11 de setembro, teoricamente com a finalidade de impedir o ingresso de inimigos no território. Hoje é a menina-dos-olhos do presidente Barack Hussein Obama, que conta com ele para desarmar a população e, de quebra, intimidar seus inimigos políticos.

Uma de suas grandes realizações foi instalar nos aeroportos aquelas máquinas de raios-x que revelam às autoridades o tamanho dos pênis e os modelos das calcinhas. Nenhum terrorista foi jamais descoberto por esse meio. Em compensação, milhões de velhinhas passaram mal, milhões de senhoras e senhoritas se sentiram bolinadas, milhões de empresários perderam encontros de negócios e milhões de maridos estão até hoje tentando explicar por que chegaram tarde em casa. Mas nem tudo é prejuízo: é possível que algum namoro tenha começado nas filas de espera.

Uma das funções básicas do Homeland Security é, por definição, impedir o ingresso e a permanência de imigrantes ilegais nos EUA, mas, com o mesmo desvelo com que vasculha as partes íntimas dos viajantes nos aeroportos, o departamento se empenha em facilitar o ingresso e assegurar a permanência dos invasores: sabendo que a massa dos ilegais não vem por via aérea, desarticula a vigilância nos postos de fronteira, franqueando a passagem dos indesejáveis, e faz corpo mole na hora de expulsar os que já entraram, alegando que são muitos e não há condições de pegar um por um.

Não é preciso dizer que o presidente Barack Hussein Obama enxerga nos ilegais um delicioso contingente de futuros eleitores do Partido Democrata, assim como vê na metade nacionalista, conservadora e armada da população americana um inimigo a ser destruído por todos os meios, a começar pela sua rotulação – por enquanto oficiosa – de radical e terrorista.

Por isso mesmo, o departamento que acha impossível expulsar doze milhões de ilegais não recua ante o projeto infinitamente mais ambicioso e complexo de desarmar uma quantidade doze vezes maior de cidadãos americanos; e aliás, como vimos, já se prepara para isso estocando armas e munições, o mais convincente argumento contra os obstinados e recalcitrantes.

O presidente tem boas razões para apostar todas as suas fichas no Homeland Security, já que o pessoal das polícias estaduais não está nem um pouco assanhado para desarmar os americanos e muito menos para atirar neles.

Em vários Estados, as associações de xerifes já declararam que, se algum agente federal aparecer por lá para tomar as armas dos cidadãos, vão simplesmente prendê-lo.

Se há uma realidade que se torna mais óbvia a cada dia que passa, é esta: o governo Obama não quer desarmar a população – quer é desarmar os inimigos e armar os amigos, exatamente como fez Hitler nos anos 30. O próprio Obama, ainda enxugando aquela lagriminha forçadíssima e festejadíssima que dedicou às crianças mortas de Newtown, acha horrível colocar guardas armados nas escolas, mas envia suas filhas a uma onde há pelo menos onze deles; e ainda tem a cara de pau de espalhar uma foto onde aparece disparando um rifle de caça capaz de estourar os miolos de um elefante.

Outro dia, o repórter Jason Mattera encostou na parede um dos mais fanáticos desarmamentistas, o prefeito novaiorquino Bloomberg, ao surpreendê-lo circulando pela cidade com cinco seguranças armados, mas não conseguiu obter dele uma resposta à pergunta: "Por que diabos você tem o direito de se proteger, e nós não?" Em vez de responder, o prefeito mandou um dos seguranças seguir o repórter para assustá-lo.

São essas coisas, que constituem o arroz com feijão das conversações populares na América hoje em dia, que a grande mídia americana tenta esconder do seu público, ainda que não o consiga.
Por que faz isso? É simples: noventa por cento dos leitores e telespectadores estão nas mãos de apenas seis empresas – GE, Newscorp, Disney, Viacom, Time-Warner e CBS –, das quais somente uma, a Newscorp, não está totalmente a serviço do esquema obamista, embora o esteja pela metade.

05 de março de 2013
Olavo de Carvalho

Publicado no Diário do Comércio.