"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 22 de novembro de 2012

SAIBA QUEM SÃO OS DESTRUIDORES DOS VALORES DA CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL E DA SUA LIBERDADE INDIVIDUAL


http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=FhufA3k5Kas


O vídeo acima é a gravação do programa do jornalista, filosófo e escritor Olavo de Carvalho, que há pelo menos uma década vive nos Estados Unidos. Olavo é uma das poucas vozes conservadoras do Brasil e, por isso, injustamente agredido pela idiotia esquerdista e politicamente correta.
Trabalhou em diversos veículos da grande imprensa brasileira até ser escorraçado pela patrulha esquerdista da redação de O Globo, justamente ele, um dos poucos polemistas num país submerso na ditadura do pensamento único, onde quem ousa destoar postando-se à direita do espectro político ou ainda defendendo os cânones conservadores, quase corre o risco de ser linchado.
E, do jeito que as coisas caminham é bem possível que já não estejamos longe da fogueira ideológica a ser ateada em praça pública, tal o grau de estupidez e desinformação dominante. Os movimentos fanáticos começam execrando seus desafetos políticos verbalmente. Mais adiante normalmente passaram às vias de fato, como atesta a história.

O programa semana em vídeo de Olavo de Carvalho sempre é muito interessante já que aborda os temas que a maioria esmagadora da grande mídia transformou em tabu.

Destaco a análise muito pertinente de Olavo de um tema que tem sido recorrente aqui no blog e se refere a paulatina destruição dos valores da civilização ocidental. Olavo vai ao ponto quando se refere ao fato de que a grande mídia escamoteia uma realidade dramática para os cristãos que estão sendo perseguidos e assassinados em várias partes dos mundo, sobretudo nas ditaduras islâmicas.

Olavo de Carvalho tem razão quando chama a atenção para um fato que pode passar despercebido pela maioria das pessoas. Note-se que são os mesmos grupos, as mesmas forças políticas que fecham os olhos para os massacres de cristãos que são, ao mesmo tempo: comunistas, esquerdistas, petistas, politicamente corretos, ecologistas, anti-tabagistas e defensores da liberação da maconha e da cocaína e todos os demais entorpecentes, apoiadores do islamismo, dos terroristas do Hamas e, como não poderia deixar de ser, são também aqueles tipos nojentos que gostam de contar piadinhas de judeu, exibindo aquele sorriso cínico. Sim, toda essa gentalha é antissemita de carteirinha.

Aqui no Brasil esses tipos que declinei acima são unanimemente eleitores dos mensaleiros do PT. Nos Estados Unidos votam em Hussein Obama. Aqui lêem a Folha de S. Paulo e os blogs da esgotosfera; nos Estados Unidos lêem o New York Times e vêem a CNN.
No mais, sempre vale a pena ver o programa do Olavo de Carvalho.
 
22 de novembro de 2012

SOBRE O DEBATE "A DIALÉTICA DA SECULARIZAÇÃO REVISITADA", ENTRE JOSÉ GIANNOTTI E HENRIQUE ELFES


          Artigos - Cultura 
Na noite desta quarta-feira, dia 21 de novembro de 2012, a faculdade de Ciência Política da USP recebeu duas personalidades de inclinações intelectuais bastante diferentes para um debate sobre Religião, Razão e Estado Secular: José Arthur Giannotti, professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e Henrique Elfes, co-fundador do Instituto de Formação e Educação (IFE) e editor da revista Dicta e Contradicta.

O título que imprimia o selo do confronto era A Dialética da Secularização Revisitada: Razão, Religião e Estado Secular, uma alusão clara ao diálogo ocorrido em janeiro de 2004 entre Jürgen Habermas e o então Cardeal Joseph Ratzinger (Para Bento XVI), a respeito das bases pré-morais e políticas do Estado democrático na modernidade.

Giannotti começou tecendo considerações a respeito da posição habermasiana acerca da racionalidade na teoria comunicativa e deliberativa, demonstrando sua discordância quanto aos pressupostos de Habermas acerca do fundamento do Estado e da política em geral. Inclusive, chocou boa parte da platéia quando declarou concordar mais com Ratzinger do que com o próprio Habermas, a quem demonstrou aversão quanto ao postulado do reconhecimento da racionalidade na sociedade moderna. Atacou de forma veemente a noção de uma racionalidade capaz de decifrar aspectos e dados objetivos da realidade, afirmando a inexistência de padrões inteligíveis que possam oferecer ao agente dados conclusivos sobre o que quer que seja. Já em meio às perguntas e ao debate junto à platéia, afirmou categoricamente que não há uma razão, mas várias, além de categorizar que a política não é um espaço submetido a racionalidade, mas a mera luta de forças contrapostas. A razão, disse o professor, parafraseando Lutero, é uma prostituta. A política se resume ao decisionismo, a luta por espaços e territórios, a busca pela hegemonia, nos moldes gramscianos.

Como contraponto, Elfes começou dissertando sobre os auspícios da racionalidade ocidental a partir da noção medieval da sociedade. Afirmou que a sociedade medieval, dividida em duas espadas, máxima inspirada no ideal da separação entre autoridade espiritual e pode temporal, pressupunha uma divisão entre a sociedade espiritual, governada pelo Papa, e a sociedade política, coroada pela pessoa do Rei. Papa e Rei, nessa acepção, seriam os representantes de Cristo na terra.
Porém, a divisão, ao invés que favorecer o equilíbrio entre as duas esferas, acabou por transferir o pêndulo de forças para a comunidade eclesiástica, estabelecendo um enfraquecimento da sociedade temporal na cultura cristã de então. O cenário aí presente favoreceu um progressivo ressentimento laical, gerando nos leigos uma aversão cada vez maior à sociedade eclesiástica.
Foi justamente tal ressentimento que gerou o secularismo. Suas raízes medievais, mutatis mutandis, foram produzidas em um contexto sócio-cultural em que a sociedade leiga via-se cada vez mais distante dos centros catalisadores internos da Igreja. Frente ao forte clericalismo, culminado no auge da Idade Média, o secularismo entrou em cena.
 
Além disso, Elfes também destacou os três pontos salientes da história ocidental, em razão do privilégio cultural dado a cada um dos pontos seguintes em tempos sucessivos: o homem, o mundo e a modernidade líquida, em referência direta a obra de Zygmunt Bauman, neste último ponto.
Ou seja, a sociedade atual é gelatinosa, fluida, composta por antagonismos de posições e por valores diluídos. E o meio para se chegar ao consenso e a produção de direitos e responsabilidades é a razão. P
or fim, destacou a importância da racionalidade no contexto social e político, sem a qual a diluição de valores torna-se cada vez mais presente, além de potencializar a intolerância. Apoiado nas posições do Papa Bento XVI, Elfes assegurou a tese de que é a razão secular quem deve fundamentar a política. A racionalidade deve conduzir os assuntos públicos para a paz e a tolerância

Embora o debate entre Habermas e Ratzinger tenha sido o foco chamativo do evento, os dois debatedores não se prenderam aos pressupostos elucidados na disputa, voltando cada qual a atenção para pontos que entendiam relevantes. Gianotti, por exemplo, reagiu as perguntas da platéia com a utilização excessiva de citações de filósofos, sem, no entanto, descer aos pormenores do que os mesmos tenham de fato dito a respeito dos aspectos que comentava.
Citou Kant, Hegel e Husserl. Todavia, não demonstrou o que cada qual dissera acerca do que defendia. Além disso, usou de formas erísticas de discurso, e muitos argumentos de autoridade, para não responder às perguntas que lhe foram dirigidas.

Durante a palestra, fez uso invertebrado de argumentos desconexos, apoiados em premissas que, não raras vezes, se contradiziam. Por exemplo: afirmou que a tolerância é desejável.
Que a política é o espaço para a tolerância, mas que, pari passu, é um espaço de luta, conflito e hegemonia. Demonstrou forte inspiração em Marx e Gramsci.
Porém, quando indagado sobre a busca da tolerância pela política, disse tratar-se de um assunto estratégico, não racional, que as circunstâncias ora favoráveis, ora desfavoráveis do ponto de vista estratégico são as únicas vias para se atingir a tolerância.
Porém, negou o papel da razão nesse processo, dizendo tratar-se de um problema de hegemonia e luta entre amigos e inimigos, em menção direta a Carl Schmitt. Por fim, utilizou excessivos argumentos baseados em estereótipos para negar a posição da razão no contexto moderno, dizendo que a sociedade atual possui inúmeras facetas contraditórias e que é impossível decifrar a razão nesse contexto.

Eu mesmo, insatisfeito com tamanha demonstração de contradições evidentes, fui impelido a lhe perguntar, movido por pura curiosidade, o seguinte:
 
Dado que a palavra razão possui diversos enquadramentos, como por exemplo, (i) a posição que a razão ocupa no intelecto e na estrutura cognitiva, (ii) a posição que ocupa na teoria do discurso, da argumentação e da linguagem como um todo, (iii) a posição que ocupa nas ciências em geral e na produção de conhecimento, e por fim (iiii) a consideração que se dá à razão na história da filosofia, na tradição filosófica em geral e na cosmovisão ocidental, sob qual ou sob quais dessas perspectivas de análise o senhor ataca a razão? Ataca sob todos ou sob alguns desses quesitos?
 
A resposta, surpreendente, foi a de que eu lhe jogara a batata quente e que minha pergunta não tinha resposta. Após isso, movido por um acesso de fúria, disparou: você matou a razão, sua pergunta já demonstra ser irracional! A conclusão do professor era latente: se existem muitas acepções para a palavra razão, então não existe razão!
Para meu espanto e de alguns presentes que entenderam a pergunta, o choque foi inevitável. Após alguns segundos de restabelecimento de minhas faculdades cognitivas normais, percebi que estava diante de alguém cujo pretexto é o de usar de argumentos de autoridade e, quando não, de recursos erísticos para fugir de temáticas e problemas que lhe são absolutamente estranhos.
Frente a isso, só uma saída era-lhe possível: fugir da pergunta com ares de autoridade e fingir desprezar aquilo do qual não entende. Minutos depois, foi novamente submetido ao teste de fogo, perante uma platéia ávida por entender suas justificativas. Afirmou, com “sangue” nas palavras, que a política não era racional, para logo depois cair em outra contradição, dizendo que a política era um misto de racionalidade e irracionalidade.
Ora, como pode algo que é irracional ser também racional? A afirmação, embora pareça estúpida, possui uma justificativa sedimentada em sua estrutura cognitiva e ideológica, que o move a pensar assim.
É que para o professor, a história e a política são feitas de contradições e o único meio de agir nesse sentido é a praxis que, nos moldes marxistas, supõe a unidade entre o conhecimento e a ação. Em suma, a tolerância não é um fim desejável por si, mas um meio estratégico de obter a hegemonia.
 
Ficou latente, por outro lado, que o professor Henrique diagnosticou o empenho da Igreja pós-conciliar (Concílio Vaticano II) em assumir publicamente o compromisso com o diálogo em busca da tolerância, algo que só é possível reconhecendo a posição da razão como uma forma de compreender a realidade e o mundo.
O tom das perguntas, as saídas encontradas pelos debatedores, o respeito mútuo entre os interlocutores e a satisfação da platéia demonstrou que o evento foi um sucesso e que seus organizadores, especialmente o Fabio Lacerda, doutorando em Ciência Política na casa e um estudioso de futuro brilhante, conduziram a disputa da forma mais elegante e diligente possível.
 
Apesar de tudo, o professor Giannotti demonstrou muita simpatia e abertura para um diálogo aberto, sem fronteiras, aclarando suas reais posições sem o subterfúgio da máscara acadêmica. O mesmo fizera o professor Elfes que, sob o guarda-chuva da melhor teologia contemporânea, demonstrou fina racionalidade na defesa da razão secular.

Escrito por Marcus Boeira |

OLHO POR OLHO, DENTES POR DENTE

    
          Internacional - Oriente Médio 
hamasrocketsAlguns jornais brasileiros viram uma miragem no deserto bíblico da Terra Santa. E a publicaram, como se fosse realidade: a chuva de foguetes do Hamas que desabou sobre Israel, como tempestade de verão, seria a represália pelo assassinato de al-Jabari. Mas, e os anteriores, uai?

Passagens bíblicas parecem descrever a situação atual: "Porque Gaza será desamparada, e Ashkelon ficará deserta" (Sofonias). "Por isso meterei fogo aos muros de Gaza, fogo que consumirá os seus castelos" (Amós). Egípcios, assírios, persas, romanos, selêucidas, gregos, cananeus e filisteus a destruíram para conquistá-la, e então a reconstruíram, e enfim a perderam. Jônatas a cercou: "De lá seguiu para Gaza, que lhe fechou as portas; mas ele sitiou-a, incendiou e saqueou os arredores"(1 Macabeus 11, 61).

Gaza está mais uma vez em ruínas. O cerco agora é, de novo, dos israelenses, que a abandonaram em 2005, em troca de paz, depois que a tomaram na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Paz? Durou menos de um ano. O Hamas (Fervor, em árabe) venceu as eleições livres e democráticas de janeiro de 2006, e marginalizou o Fatah (A Conquista), alquebrado com a morte de seu líder, Yasser Arafat.

A divisão entre palestinos seguiu a geografia: na Cisjordânia, ficaram os favoráveis às negociações com os israelenses; e em Gaza, os que pregam a libertação total da Palestina e a eliminação de Israel, prescrita em sua Carta Nacional. O projeto de um túnel que os uniria para a formação de um Estado nunca saiu do papel.

O presidente dos moderados, Mahmoud Abbas, trabalha hoje para o reconhecimento de um estado palestino pela ONU, com status de não-membro, nessa quinta-feira, 29, exatos 65 anos depois de aprovada a Partilha da Palestina, por 33 votos a favor, 13 contra e 10 abstenções, em sessão histórica presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha. Os judeus a aceitaram; os árabes a rejeitaram. E Israel nasceu ao fim do Mandato Britânico, em 1948, atacado por todos seus vizinhos.

Mas quem liga para Abbas, o presidente da Autoridade Nacional Palestina? Ele foi inteiramente obliterado pelo líder do Hamas, Khaled Meshal. Apoiado e armado pelo Irã, beneficiado pela chegada ao poder no Egito da Irmandade Muçulmana e pelo florescimento da Primavera Árabe no jardim do Islã radical, ele passou 2012 disparando entre 750 e 800 mísseis contra povoados israelenses. Só no último dia 10, foram 121.

Queria um confronto. E o conseguiu: três dias depois, a paciência de Israel explodiu com fúria só igualável à invasão de Gaza por terra, ar e mar, em 2008-2009. O primeiro alvo foi o comandante militar Ahmed al-Jabari. Um míssil o matou enquanto dirigia seu carro.

Alguns jornais brasileiros viram uma miragem no deserto bíblico da Terra Santa. E a publicaram, como se fosse realidade: a chuva de foguetes do Hamas que desabou sobre Israel, como tempestade de verão, seria a represália pelo assassinato de al-Jabari. Mas, e os anteriores, uai? Faz lembrar a síndrome de Lula, para quem o Brasil só começou, de fato, quando ele tomou posse como presidente. E a vítima virou algoz. A legítima defesa de uma população de 3,5 milhões refém de bombardeios a esmo pesou menos do que o poder letal de sua aviação e artilharia já muito conhecido, às vezes dissuasivo.

Uma explicação oportuna: no Oriente Médio prevalece a voz dos fortes. O processo de paz entre Egito e Israel prosperou quando iniciado e tocado por dois ex-terroristas, os prêmios Nobel Anuar Sadat e Menachem Beguin. A "paz dos bravos" prosseguiu com Yitzhak Rabin e Ariel Sharon, generais e heróis de guerra. Gaza o confirma em seu próprio nome, Aza, do hebraico Az – "forte", em homenagem a um de seus cidadãos mais ilustres, o judeu Sansão. Ali ele morreu, traído por Dalila, cegado, mas não partiu sozinho… Por isso, Meshal dá as cartas e as embaralha, enquanto Abbas espera um curinga.

O primeiro-ministro de Israel, Bibi Netanyahu, se entrar no jogo, começa derrubando a mesa. Bill Clinton o conheceu em 1996, e saiu resmungando de uma reunião: "Mas, afinal, quem é a superpotência aqui?". Ao encontrar o secretário da ONU, Ban Ki-moon, anteontem, ele justificou a desproporção tão criticada entre os cerca de 150 mortos de um lado, e apenas (?) cinco do outro, na manhã do oitavo dia de confrontos: "Terroristas não compartilham a sua preocupação com a morte de civis. Sacrificam suas próprias crianças como escudos humanos".

A Lei de Talião (1780 a.C.), prescrevendo reciprocidade na dosimetria do crime e da pena, "olho por olho, dente por dente", foi alterada no Oriente Médio: a retaliação vai num crescendo sem ápice à vista. Quando a trajetória de um foguete iraniano aponta para um centro urbano, o sistema defensivo Iron Dome dispara um precioso míssil, a US$ 50 mil cada, que o explode ainda no ar, na maioria das vezes. Já foram interceptados mais de 350. Bastaria um deles apenas furar o escudo, endereçado a Tel-Aviv ou a Jerusalém, para que a simetria aplacasse a torcida pelo empate de mortos.

A Liga Árabe, a Turquia e até o presidente egípcio, Mohamed Morsi, apesar de ser o mediador e anfitrião das negociações para uma trégua, culpam apenas Israel pela nova violência que tirou de foco a guerra civil na Síria. Explodiu ontem um ônibus em Tel-Aviv, Gaza comemorou. Anunciado o cessar-fogo para as 21h, o Hamas disparou uma saraivada de mísseis. E a aviação israelense voltou a atacar. Nada de novo no front. 

22 de novembro de 2012
Moisés Rabinovici é diretor de redação do Diário do Comércio.

CARTA À COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE

  
          Artigos - Governo do PT 

       
Prezados Comissários do Povo,
Na LEI Nº 12.528 , em seu Artigo 1º, consta o seguinte:
 
"É criada, no âmbito da Casa Civil da Presidência da República, a Comissão Nacional da Verdade, com a finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas no período fixado no art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, a fim de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional."
 
Não consegui entender por que Claudio Fonteles veio a público dizer que a Comissão somente iria examinar as violações cometidas por agentes do Estado no período de 1964 a 1988. O que o antigo "militante" da Ação Popular fez foi arriar as calças em público e defecar em cima de uma Lei assinada pela presidente Dilma Rousseff, acompanhado com jatos de mijo dos demais comissários cubano-moscovitas. Afinal, a Lei é bem clara: a finalidade da Comissão é examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas no período de 18 de setembro de 1946 até a data da promulgação da Constituição, dia 5 de outubro de 1988.
 
Por que os senhores e senhoras comissários(as) não estão respeitando o que está escrito? O que está escrito é cristalino e está implícito que TODAS as violações de direitos humanos devem ser apuradas, não apenas as violações de quem combateu os grupos terroristas que queriam, não a volta da democracia, como costumam alardear, mas instalar no Brasil a ditadura comunista, tendo Cuba dos manos Castro como modelo, que é o farol que orienta ainda hoje todos os esquerdistas brasileiros - incluídos aí os membros da Comissão da Calúnia, como muito bem definiu o general Santa Rosa.
 
A Comissão, com este atentado contra a Lei, está praticando um crime e prestando um desserviço à nação brasileira. Não vejo problema algum examinar os "crimes" porventura cometidos por agentes do Estado, como está sendo feito no momento. No entanto, examinar apenas a metade da questão é patifaria pura e demonstra um inequívoco revanchismo contra as Forças Armadas.
 
O mais grave é que a presidente Dilma Rousseff não se pronunciou contra a patifaria feita pelos integrantes da Comissão. Isso prova que ela, na verdade, redigiu e assinou uma Lei apenas para inglês ver, pois já estava combinado com os comissários que a interpretação da Lei se faria apenas com o olho esquerdo, de modo a satanizar os militares e manter essa diabolização permanente na mídia. A mídia, por sua vez, dependente que é das publicidades governamentais, não se fez de rogada e bravamente abraçou a ideia, de modo que se tornou importante caixa de ressonância da desinformação.

A Comissão lembra os "Esquadrões de Reescritores" da distopia de George Orwell, 1984, e tenta reescrever a História recente do Brasil à sua cara, a cara da mentira. Na mesma obra orwelliana constam as inserções televisivas "Dois minutos de ódio", que a presidente Dilma transformou em "Dois anos de ódio contra as Forças Armadas", podendo essa cultura odiosa ser prorrogada por mais dois anos. Vale lembrar que a presidenta é a comandanta-em-chefa das Forças Armadas, as quais ela deveria respeitar, não destilar seu ódio e patifaria sem limites.
 
Finalizando, a História do Brasil, a antiga e a recente, deveria ser apenas escrita por historiadores, não por paus-mandados da vil ideologia socialista. Um dia, a História verdadeira do Brasil se imporá a seus habitantes, e o trabalho do Comando Vermelho de Dilma Rousseff será jogado na lata de lixo, onde ficará para sempre.

Atenciosamente,

Félix Maier
Brasília, 21 de novembro de 2012
 

O MITO DO DESVIO DAS FARC DO BOM CAMINHO

    
          Artigos - Terrorismo 
O conto de que as FARC “abandonaram” seus “ideaninasfarcis políticos” faz parte de um esforço de propaganda que procura legitimar a criação dessa maquinaria da morte.
O Partido Comunista Colombiano entrou em contato com os “bandoleiros” mais sanguinários dos anos 50 e 60, e conseguiu ganhar alguns deles para suas fileiras, precisamente os piores, para dar forma final a seu aparato armado ofensivo que mais tarde, em 1964, chamará de FARC.

Com freqüência, alguns porta-vozes da esquerda afirmam que as FARC, ao se dedicar ao narcotráfico, ao seqüestro e à extorsão, deixaram de ser uns “rebeldes com causa”, e “abandonaram” seus “princípios ideológicos” e seus “ideais políticos”. Essa mesma frase é empregada às vezes por colunistas, acadêmicos e religiosos. Alguns acrescentam que as FARC “traíram” o marxismo e as táticas revolucionárias. Inclusive e muito lamentavelmente, certos líderes uribistas exibem essa mesma crença.
Em 16 de dezembro de 2010, o diário calenho El País publicou as declarações do ex-presidente Álvaro Uribe durante uma visita a Buenos Aires. O ex-mandatário asseverou que as FARC trocaram sua “ideologia marxista” para se converter em “mercenários em busca dos recursos do narcotráfico”.

Salud Hernández-Mora, em sua coluna de El Tiempo, dizia dias atrás: “É inegável que as FARC tiveram princípios ideológicos em seu início, mas os abandonaram pelo caminho para se re-encarnar em um vulgar bando de delinqüentes. As FARC são mais uma Bacrim, com a diferença de que não pagam salário às crianças de dez, doze, treze anos que são recrutadas em manadas e cujos comandantes executam quando cometem infrações ‘graves’ (como roubar rapadura). Extorquem, contratam sicários, se assassinam entre eles em suas vendettas, são um poderoso cartel com conexões em outros países, se apropriam de fazendas e as entregam a testas-de-ferro, os chefes violentam as jovenzinhas, corrompem autoridades e contam com políticos afeitos a elas”.

La Nación, de Neiva, divulgou em 7 de janeiro de 2012 umas declarações de Monsenhor Rubén Salazar, presidente da Conferência Episcopal. O prelado manifestou que as FARC “deixaram de ser uma guerrilha que tinha ideais políticos e se converteram em um bando terrorista, deveriam ter permanecido em seu status e as coisas teriam sido diferentes. Desafortunadamente se deixaram contagiar pela criminalidade”.

Cristina de la Torre afirmou, em 5 de março de 2012, em El Espectador, que o narcotráfico é “um negócio que as FARC absorveram a mudou-as de rebeldes com causa em organização repleta de malfeitores. Finalmente, a perversidade inqualificável do seqüestro. Nas três fases bélicas que marcam a história desta guerrilha (a violência liberal-conservadora, a guerra contra-insurgente e a do narcotráfico) esta última transtorna seu natural político. E deposita na contraparte o desafio de conjurá-la apostando na despenalização da droga”.

O caso mais avançado de amnésia e revisionismo o apresenta Carlos Ossa Escobar que, em uma entrevista a El Espectador, em 4 de novembro de 2012, estimou que durante o governo de Virgilio Barco Vargas (1986-1990), “chegamos a pensar em um projeto de colonização dirigida na zona de La Macarena com os possíveis desmobilizados. Eram 400 mil hectares. Nos reunimos com a cartografia do lugar e inclusive levou-se assessores do Agustín Codazzi para fazer o levantamento topográfico. (...) Agora, observem que nessa época as FARC não destruíam pontes nem atentavam contra ambulâncias, não seqüestravam funcionários nem assassinavam crianças”.

Esses curiosos pontos de vista repousam sobre uma falsa representação: a de que as FARC um dia tiveram alguns “princípios ideológicos” que foram “abandonados” depois quando se meteram no narcotráfico e no seqüestro. Alguns tratam de fazer crer que esses “princípios ideológicos” eram legítimos e que, graças a eles, houve uma época feliz em que as FARC não cometiam crimes.

Entretanto, os adeptos dessa impostura são incapazes de dar uma data, nem aproximada nem exata, de quando as FARC romperam com seus “princípios ideológicos” tão bons e caíram na negatividade, no crime, na mentira, no narcotráfico.

Essa confusão vem de longe. Vários anos atrás, Francisco Mosquera, o falecido fundador do grupo maoísta MOIR, em seu livro Resistência Civil, afirmou que “na Colômbia a guerrilha (...) acabou se permitindo a licença indesculpável de recorrer ao seqüestro e ao ‘ingresso’ como confessaram seus próprios comandantes”. Nesse livro ele disse:

“Algo comparável acontece com os procedimentos criminosos como o seqüestro, elevado pelo fundador do M-19 à categoria de método proletário de combate, que desacreditam a causa revolucionária e fream a ascensão popular. O irrefutável de todo este longo período de confusão, do qual ainda restam liberais que vêem na sombra de Bateman o maior ideólogo da revolução, é que o MOIR se opôs só e resolutamente a tais desvios”.
Em que pese haver dito isso, Mosquera faz nesse mesmo texto a apologia de um chefe de Estado genocida e totalitário ao chamar Joseph Stalin de “chefe formidável” e o diretor do primeiro Estado socialista que “chegou a descolar, aquela idade madura e brilhante da revolução bolchevique”. Mosquera inclusive recomenda ao “proletário colombiano” a leitura dos discursos de Stalin, e rotula Krushchev de palhaço porque “renegou” o marxismo e porque “desfigurou” a memória de Stalin. Mosquera exigiu sempre que se “educasse as massas” na “compreensão dos misteres da luta de classes”.

O enfoque é absurdo. É como se alguém dissesse: estou contra o antissemitismo e a destruição dos judeus, e ato contínuo, exigisse que “as massas” sejam educadas “na compreensão dos misteres do nacional-socialismo”.

As FARC nunca tiveram “princípios ideológicos” decentes, nem foram uns “rebeldes” com uma causa “aceitável”. As FARC conceberam, desde o princípio, que a violência e todo tipo de crimes e mentiras eram instrumentos fundamentais para se impor sobre os demais. Desde o começo foram um vulgar bando de delinqüentes.

As FARC sempre proclamaram que o fim justifica os meios, que a supressão de centenas, milhares ou inclusive milhões de vidas humanas pode ser justificada se isso conduz ao socialismo. Essa é a moral leninista, a que desembocou na matança de dezenas de milhões de pessoas na URSS e no bloco comunista. As FARC não deixaram de ser leninistas. Essa moral lhes abriu precisamente as portas para que, desde o começo, se lançassem ao lodo de todos os crimes imagináveis, desde o assalto a um grupo de soldados, até a matança de civis, o assassinato de crianças, o êxodo de milhares de pessoas, a extorsão e o tráfico internacional de drogas.
Pois o marxismo nunca impediu que o delito comum fosse posto ao serviço da meta política. Ao contrário: justificou essa convergência.

Cristina de la Torre pretende, entretanto, que duas das três “fases bélicas” que ela atribui às FARC, quer dizer, “a violência liberal-conservadora” e a “guerra contra-insurgente”, seriam fases “políticas” (isto é, legítimas) e que a terceira, “a do narcotráfico”, seria ilegítima.

Quer dizer, que até abril de 1984, quando estoura o escândalo de “Tranquilandia”, um enorme laboratório de droga do Cartel de Medellín que estava sendo protegido pelas FARC, estas haviam atuado corretamente, “politicamente”. Em sua sexta conferência, de maio de 1982, com efeito, as FARC escreveram em um documento que os guerrilheiros deviam arrecadar uma gramagem - imposto por grama - de 80 pesos sobre o grama de cocaína refinada nas zonas onde eles tinham presença. Nessa reunião, as FARC adotaram a tática de concentrar suas ações “sobre os grandes capos, apoderar-se das mercadorias ou exigir fortes somas, velando para que o movimento não apareça como implicado nisso”.

Então, desde 1982, segundo Cristina de la Torre, as FARC teriam se “enchido de malfeitores”, pois antes eram uns “combatentes políticos honestos”. Essa análise é ridícula!

Quando o embrião das FARC participava e atiçava a luta fratricida entre liberais e conservadores, já nessa época esse embrião, orientado por Moscou, queimava vilarejos, assaltava fazendas, se apoderava de terras, seqüestrava e assassinava civis, sobretudo camponeses indefesos, recrutava bandoleiros e atacava a força pública. Durante a fase posterior, que Cristina de la Torre chama de “contra-insurgente”, esse embrião atuava e guiava, discretamente, os bandoleiros mais sanguinários do país, como “Sangrenegra”, “Desquite”, etc.

As FARC em formação, mesmo antes de seu aparecimento sob essa sigla, e depois, roubaram, perpetraram massacres, queimaram vilas, extorquiram, seqüestraram e assassinaram civis, prefeitos, políticos de todo tipo, empresários, pecuaristas, operários, mulheres, sindicalistas, indígenas, estudantes, e emboscaram patrulhas do Exército e da Polícia, e impuseram o terror em vários estados. Nunca houve umas FARC que lutaram pela justiça social, nem pela reforma agrária, nem em defesa dos camponeses. Esse mito não tem justificativa. As vítimas das FARC dessa época não podem ser lançadas ao esquecimento.

O conto de que as FARC “abandonaram” seus “ideais políticos” faz parte de um esforço de propaganda que procura legitimar a criação dessa maquinaria da morte. Tratam de fazer crer que esse ato político fundador (nem sequer decidido por colombianos) foi um ato “justo” que tinha “raízes sociais”. Nada disso é certo. As FARC não foram a emanação de nenhum movimento agrário. Tratam, por isso mesmo, de conseguir que a Operação Marquetalia seja vista por todos, pela direita e pela esquerda, como um “erro” de Guillermo León Valencia, o presidente que conseguiu salvar o país de uma boa parte dos grupos “bandoleiros”. É o mesmo que tratam de fazer hoje com a política de segurança democrática do ex-presidente Álvaro Uribe: que seja vista como outro “erro”, como um “crime”.

Por motivo do chamado “processo de paz” em Oslo e Havana, essa falsa lenda volta a tomar força. Não por acaso, Luciano Marín Arango, cognome ‘Iván Márquez’, em sua perorata de Oslo, insistiu nesse ponto e escandalizou o país quando disse que o Estado colombiano havia “atacado” humildes camponeses em Marquetalia, que as FARC são “inocentes”, que elas não são uma força agressora senão que são as “vítimas” do governo.

Essa impostura não pode ser consolidada se antes não se consegue amordaçar a imprensa e mutilar e deformar a história recente do país. Um exemplo do que se faz hoje nesse sentido tem a ver com o papel do Partido Comunista da Colômbia (PCC) na fundação, orientação e desenvolvimento das FARC. Procura-se esconder tudo isso. Para regozijo do PCC, essa amnésia foi-se instalando pouco a pouco na opinião pública, de sorte que alguns pensam que as FARC são uma coisa e o PCC é outra. Alguns chegam a admitir, como grande coisa, que entre essas duas organizações há só um ponto ideológico comum: o marxismo.

Foi esse partido quem entrou em contato com os “bandoleiros” mais sanguinários dos anos 50 e 60, e conseguiu ganhar alguns deles para suas fileiras, precisamente os piores, para dar forma final a seu aparato armado ofensivo que mais tarde, em 1964, chamará de FARC. Assim, os mais sanguinários “bandoleiros” chegaram a estar sob a tutela do PCC. Trata-se de criminosos como ‘Sangrenegra’, ‘Desquite’, ‘Chispas’, ‘Pedro Brincos’, ‘Capitán Ceniza’, ‘Capitán Tolima’, ‘Capitán Veneno’, ‘Capitán Richard’, ‘Calzones’, ‘El Mosco’ e, certamente, Pedro Antonio Marín Marín, cognome ‘Tirofijo’, entre outros. O período mais intenso desse “trabalho” ocorreu entre os anos 1960-1964. ‘Pedro Brincos’ também teve contatos com o FUAR e com o MOEC.

José William Ángel Aranguren, cognome ‘Desquite’, era membro do PCC. Pedro Antonio Marín era membro do PCC desde 1952 e dez anos depois foi eleito membro do Comitê Central do PCC. Seu antigo chefe, e conotado assassino, Jacobo Prías Alape, ou Fermín Charry, cognome ‘Charronegro’, foi eleito membro do Comitê Central do PCC em 1958. Durante esses anos, ‘Tirofijo’ utilizou o seqüestro, a extorsão e todo tipo de crimes para escapar da justiça e construir seu bastião na “república independente de Marquetalia”. Do mesmo modo fez seu chefe ‘Charronegro’. Todos eles contaram com a colaboração da grande delinqüência do momento, dos “bandoleiros” que alguns tratam de apresentar agora como bandidos “sem partido” e sem ambições políticas.

Nessa época (e nos anos que se seguiram) os comunistas praticaram o terrorismo urbano. As autoridades, a classe política, e a imprensa liberal e conservadores da época, chamavam esses atos de terrorismo. Atentados como a explosão sucessiva de 19 bombas em uma só noite em Bogotá, e a série de explosões simultâneas de bombas em Barranquilla, Cali, Santa Marta foram muito freqüentes nesses anos. Agora foram esquecidas. Outras facções marxistas radicalizadas, como o MOEC e o FUAR, também praticaram o terrorismo.

O bando M-19, uma emanação das FARC e a ANAPO, se apresentou em público com um ato delinqüencial: o roubo da espada de Bolívar da Quinta de Bolívar em Bogotá, em 17 de janeiro de 1974. Em 1975 seqüestrou o empresário norte-americano e gerente dos armazéns Sears, Donald Cooper; em 1976 seqüestrou, torturou e assassinou o presidente da CTC, ferrenho anti-comunista, José Raquel Mercado. Em 1977, seqüestrou o gerente de Indupalma, Hugo Ferreira Neira. Em 1978 seqüestrou, torturou e assassinou em cativeiro, Nicolás Soto Escobar, gerente da Texas Petroleum. Em 19 de janeiro de 1981, seqüestrou e assassinou o norte-americano Chester Allan Bitterman.

Desde sua fundação, o M-19 cometeu atos criminosos - aqui enumeramos uns poucos, pois a lista é longa. Em junho de 1988, seqüestrou o líder conservador Álvaro Gómez Hurtado, depois de assassinar sua escolta. O M-19 se “desviou” de seus objetivos “políticos” ao incorrer nesses delitos? O ato mais bárbaro e cruel que o M-19 cometeu foi o assalto ao Palácio da Justiça, em 6 de novembro de 1985. Fez isso em combinação com uma potência do narco-tráfico: o Cartel de Medellín. Os tratos com Pablo Escobar vinham desde o início dos anos 80. Em seu livro Razones de vida, Vera Grave narra como esse capo emprestava suas fazendas para dar refúgio aos militantes do M-19. Ela conta como nessas fazendas houve hospitais improvisados para atender os feridos do M-19. O M-19 se “desviou” de seus objetivos políticos por ter tratos com Pablo Escobar? “Desviou-se” de seus “ideais políticos” ao assaltar o Palácio da Justiça? “Desviou-se” de sua aventura “política” quando seu “batalhão América” assassinava camponeses no Valle del Cauca?

Os politólogos e os jornalistas deveriam voltar-se sobre esse período e admitir a realidade dos fatos, e reconsiderar esse ponto de vista tão errado. O seqüestro, a extorsão, os massacres, o terrorismo, não são crimes “recentes” das FARC. Essa organização e seus grupos satélites sempre utilizaram esses métodos, e lhes deram o epíteto errado e desinformador de “formas de luta”.

Não, as FARC não se “desviaram” nem “abandonaram” sua ideologia inicial. Esta é a mesma de hoje e é a mesma que os leva a fazer o que fazem. As atrocidades de hoje lembram tristemente as atrocidades de ontem. A única diferença é, talvez, de ordem quantitativa, mas não qualitativa. Admitir a verdade histórica poderia ser decisivo para os que irão a Havana em nome do governo. Lá deveriam tratar de dialogar com os chefes das FARC sobre uma base real, e não sobre uma plataforma de amnésia e de paisagens fictícias.


22 de novembro de 2012
Carlos Romero Sánchez & Eduardo Mackenzie
Tradução: Graça Salgueiro

DIANTE DE DILMA E DO PETISTA MARCO MAIA, FUX DIZ: NÓS, OS JUÍZES, NÃO TEMEMOS NADA, NEM NINGUÉM"

 
Coube ao ministro Luiz Fux fazer, em nome dos demais ministros, o discurso de saudação a Joaquim Barbosa. Disse um monte de coisas com as quais não concordo. Oportunamente, tratarei do assunto, que é, sim, relevante. Mas dou destaque agora àquele que poderia ser considerado o centro de seu discurso.
 
Diante da presidente Dilma Rousseff e do petista Marco Maia (RS), presidente da Câmara, declarou a independência do STF e afirmou que o tribunal não teme o eventual conflito com quaisquer forças. Foi ainda mais explícito:
 
“Nós, os juízes, não tememos nada nem ninguém”, pouco importa, destacou, se a campanha é dirigida contra o tribunal como um todo ou contra um de seus membros.
Como é sabido, os petistas estão em franca campanha contra o tribunal e contra Barbosa em particular, tratado como um “traidor”.
 
22 de novembro de 2012
Por Reinaldo Azevedo

CIVILIZAÇÃO?!

Civilização!
1. Imagens que chocam o mundo!
 
a. Soldados do Exército norte americano urinam em cadáveres de talibãs
Em janeiro de 2012, o Exército americano anunciou ter aberto uma investigação para apurar a atuação de soldados americanos em ação no Afeganistão. No vídeo, pode-se ouvir um dos soldados que urina sobre os cadáveres dizer em inglês "passem um bom dia, meus caros".
 
 
Autoridade do Departamento da Defesa comentou que pelo tipo de capacete e das armas vistas nas imagens, os soldados americanos envolvidos no escândalo pertencem a um grupo de atiradores de alta precisão. Esse tipo de comportamento contraria o Código da Justiça Militar americana.

b. Soldados americanos com símbolo nazista
 
Em mais uma imagem polêmica, dez homens da Marinha aparecem armados e com trajes militares ao lado de duas bandeiras: uma dos EUA e outra nazista, com o símbolo da SS. A foto foi tirada em setembro de 2010, mas caiu na rede nesta semana (fevereiro de 2012), causando revolta entre internautas.
 
 
Os soldados não serão castigados. Segundo o canal de televisão Fox, os homens teriam confundido o significado da bandeira. Para eles, o símbolo da SS era na verdade uma abreviação da palavra sniper scouts (algo como francoatiradores escoteiros, em tradução livre).
 
Fonte: YAHOO Notícias

2. Imagens que não chocam o mundo!
 
a. A Batalha de Mogadíscio
 
Em 1993, tropas norte americanas atuavam na Somália, e atiradores somalis conseguiram abater dois helicópteros yankees.
O resgate dos sobreviventes gerou o episódio conhecido como a "Batalha de Mogadíscio", que deu origem a livros e a um famoso filme - "Black Hawk Down" ou "Falcão Negro em Perigo" - e durou praticamente um dia inteiro.
Dezoito soldados estadunidenses morreram, 73 ficaram feridos, e do lado somali, mais de mil mortos e três mil feridos.
Os corpos dos soldados mortos na queda dos helicópteros foram despidos e arrastados pela população.
 


















b. Palestinos acusados de colaborar com Israel são executados em Gaza
 
Seis palestinos acusados de colaborar com Israel foram executados nesta terça-feira na Cidade de Gaza, informaram testemunhas, que acrescentaram que o braço militar do Hamas havia reivindicado as execuções em mensagens presas nos corpos.
 

"Homens armados em um micro-ônibus foram ao bairro, colocaram os seis homens para fora e os mataram sem sair do veículo", contaram as testemunhas à AFP. Um dos cadáveres chegou a ser amarrado em uma moto e arrastado pelas ruas de Gaza.
Na sexta-feira, membros do braço armado do Hamas, no poder em Gaza, executaram um homem acusado de colaborar com Israel, segundo fontes palestinas.
Em virtude da legislação palestina, qualquer pessoa considerada culpada de colaborar com o ocupante pode ser condenada à pena de morte.
 
 
Fonte: Zero Hora
22 de novembro de 2012
COMENTO: ninguém pode pensar que urinar em cadáveres seja uma atitude normal. Nem mesmo a raiva de ter companheiros mortos ou feridos pelos inimigos pode justificar esse desrespeito.
Por outro lado, o nazismo e seus símbolos foram considerados malditos por boa parte da sociedade moderna por ter provocado o terrível genocídio denominado II Guerra Mundial.
Os crimes provocados por outra filosofia infame, o comunismo, poucos se atrevem criticá-los. A suástica e seus derivados são satanizados.
O dístico da foice junto ao martelo reina impune e altaneiro. A ojeriza aos dísticos nazistas provoca repulsa e protestos até mesmo a uma bandeira contendo duas letras "S" estilizadas.
É o ridículo do "politicamente correto" agindo. Por outro lado, a ação de somalis ou de palestinos arrastando cadáveres é minimizada pela grande imprensa.
Pouco se leu, viu ou ouviu de críticas à violência contra os cadáveres dos soldados yankees na Somália.
Buscando na grande rede mundial, encontra-se até justificativas de que é uma "manifestação cultural" o vilipêndio dos inimigos mortos.
Ontem, diversos jornais publicaram a foto de um defunto palestino sendo arrastado por uma moto.
É a guerra. É a selvageria. Mas me parece pior a tentativa de justificação: qualquer colaborador com o ocupante pode ser condenado à morte.
Ter os despojos arrastados pela rua deve ser uma pena assessória cultural. Eis o bicho gente vivendo em pleno 21º século de civilização!
 
22 de novembro de 2012

A FOLHA CONTRA CRISTINA KIRCHNER

 

Vejo, na Folha, um ataque a Cristina Kirchner, presidente da Argentina. Ela estaria, mais uma vez, ameaçando a “mídia independente”.



Bem, vamos deixar claro. Ninguém é a favor de ameaças à “mídia independente”, assim como ninguém é a favor da miséria e do câncer.

Mas de que independência a Folha está falando? Do governo? Certo: é importante. Vital. E, a rigor, a mais fácil: em democracias como a brasileira, você pode demonstrar coragem, aspas, facilmente com violentas críticas aos governantes.

E a outra independência, a que o leitor não vê? Reportagens da Folha que tenham algum tipo de delicadeza financeira – que envolvam, por exemplo, um credor da empresa – estão longe de serem independentes.

Dentro da Folha, elas são chamadas de “Operação Portugal”. Quem me contou foi o jornalista Nelson Blecher, que editou o caderno de Negócios da Folha. Quando havia reportagens complicadas, Nelson era um dos convocados para fazer as sempre bem-comportadas Operações Portugal. Nelas, o rabo da Folha estava devidamente preso, mas fora da vista do leitor.

Há anos aprendi que a verdadeira independência editorial de uma publicação em regimes democráticos, a real prova de bravura e destemor, está não nas páginas de política – mas nos cadernos de economia.

Repare a diferença no tom. Os artigos políticos são quase sempre contundentes. Rugem. As colunas de negócios são invariavelmente cor de rosa. Miam. Todas pertencem à mesma categoria da Operação Portugal.

O que motivou a ira da Folha foi uma cláusula que o governo argentino pretende colocar numa nova lei para regular a mídia.

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INGLATERRA

Só para registrar: na Inglaterra está em marcha uma nova legislação para a mídia. O escândalo do tabloide News of the World, de Rupert Murdoch, precipitou um debate sobre quais são os limites da mídia. O NoW invadia caixas postais de milhares de pessoas para obter furos e, com isso, vender mais.

Pode? Não. O que se viu na Inglaterra é que a auto-regulação da mídia simplesmente não funcionou. Interesses econômicos – vender mais, ter relevância a qualquer preço – podem se sobrepor aos interesses públicos. Empresas jornalísticas são negócios com fins lucrativos, e não instituições filantrópicas.
Provavelmente o resultado será a formação de um órgão independente para fiscalizar a mídia britânica. Sem vínculo com o Estado, para evitar controle — mas atenção: igualmente sem vínculo com as próprias empresas, para evitar que em nome do interesse público, aspas, elas façam os horrores que vinham fazendo.

Ninguém, na Inglaterra, ousou dizer que o que estava em curso era uma tentativa de “calar a mídia independente”. A mídia está subordinada à sociedade, e não acima dela. Não poucos notaram, na Inglaterra, o baixo nível de muitas publicações – que deseducam em vez de educar, com uma massa sinistra de fofocas de celebridades e fotos de beldades seminuas.

No Brasil, a mídia não paga imposto no papel em que publica revistas de fofocas como Caras, Contigo e Quem, que fazem seus leitores crer que o importante é saber que ator de novela está saindo com que atriz.

É o chamado “papel imune”, isento de imposto pelo caráter supostamente educativo da publicação. Faz sentido? Talvez para jornais e revistas sérios. Mas para tudo?

O objeto específico do ataque da Folha a Cristina Kirchner é um trecho da nova legislação em que é afirmada a “questão de consciência”. É mais ou menos o seguinte: imagine que um jornalista receba uma ordem para escrever uma coisa que lhe cause repugnância. Ele poderia se recusar.

Em situações normais, a “questão de consciência” seria supérflua. Os jornalistas poderiam trabalhar em jornais e revistas com os quais se sintam identificados. Na Inglaterra, um jornalista de esquerda vai trabalhar no Guardian. Um conservador, no Times de Murdoch.

Mas e quando você tem uma brutal concentração de mídia como na Argentina? O grupo Clarín, fora o jornal do qual extraiu o nome, é dono de 240 emissoras de TV a cabo, 10 estações de rádio e quatro canais de televisão.

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MEU PAI

Tenho uma história pessoal a contar, neste campo. Por coincidência, ela ocorreu na própria Folha.
Em meados dos anos 1960, meu pai era editorialista da Folha. O Brasil vivia uma ditadura militar. Presos políticos iniciaram uma greve de fome em São Paulo.

O dono da Folha, Octavio Frias de Oliveira, mandou que meu pai escrevesse um editorial no qual fosse dito que não havia presos políticos. Todos eram presos comuns. Meu pai recusou.
O editorial saiu, escrito por um grande jornalista que a cada dia passava por meu pai e dizia, aflito: “Emir, já são x dias. Minha mulher tem muitos amigos entre os grevistas.” Meu pai foi colocado na geladeira imediatamente por Frias.

Jornalista, para servir ao interesse público, tem que ser mais que uma máquina de escrever o que o dono pensa. Não é o que julgava o jornalista Evandro Carlos de Andrade, que ganhou de Roberto Marinho o posto de editor do Globo com uma infame declaração de que era “papista”, um servo do Papa Roberto Marinho, mas é o que motiva qualquer profissional que veja mais que cifrões pela frente.

Definitivamente, o ponto levantado por Cristina Kirchner, o da “questão de consciência”, é mais complexo do que a Folha gostaria que fosse.

22 de novembro de 2012
Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)

OS JUÍZES E A VORAGEM DO PODER

 

Alguns juízes do STF – felizmente nem todos eles – estão vivendo dias de soberbo deslumbramento, com a condenação dos réus da Ação 470. Sentem-se os senhores da República. Para tal, não se ativeram apenas à letra dos códigos, à jurisprudência conhecida, ou ao saber da experiência feito.



Diante do clamor de comentaristas de alguns jornais e emissoras de televisão, decidiram que decepariam a cabeça de alguns acusados de corromper membros do poder legislativo. O objetivo, segundo a denúncia do MP, seria o da aprovação de medidas consideradas necessárias à governabilidade.
 
Dosadas as penas, conforme a linguagem que usaram, os intransigentes defensores da moralidade pública flutuam – sobre as alvas e brandas nuvens da popularidade.
 
Um dos alvos preferenciais dos justiceiros foi o ex-chefe da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu. Não nos alinhamos ao maniqueísmo ideológico, e, portanto, não vemos em Dirceu o esquerdista incendiário do passado, mas tampouco o grande estadista dos últimos anos.
Quando de sua cassação, lembramos que fizera desafetos, por não ter atuado com a necessária cortesia política, mais exigida ainda quando lhe cabia negociar com o parlamento, em nome do Chefe de Governo.
Até mesmo os ministros ditatoriais, quando civis, atuam com essa atenção. Delfim Neto ficava em seu gabinete até a madrugada, a fim de dar uma palavra amável a todos os que aguardassem ser chamados. Mas esse comportamento, incomum a alguém que nasceu em Minas, foi punido com exagerado rigor com a decisão de seus pares.
 
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DOMÍNIO DO FATO
 
Ativeram-se, os que o condenaram a mais de 11 anos de prisão, a uma doutrina absolutamente alheia ao processo: a teoria do domínio do fato. Essa teoria, por mais interessante possa ser, não faz parte de nossos códigos, nem da tradição de nossos pensadores do Direito.
Ela, embora tenha nascido na Idade Média, associada a razões teológicas, foi reavivada em Nuremberg, para punir os chefes nazistas. Atualizada há poucos anos pelo jurista alemão Claus Roxin, serviu para punir, entre outros, o general Videla, na Argentina, e Fujimori, no Peru.
 
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Roxin foi claro, ao afirmar que o seu pensamento não foi devidamente assimilado pelos juízes do STF: para estabelecer o “domínio do fato” é necessário mais do que a presunção do julgador.
É preciso que haja provas incontestáveis de que a ordem para a execução dos delitos apontados tenha realmente partido do réu – como as houve no caso dos dois ditadores latinoamericanos. Enfim, falta o “ato de ofício” – ausência que socorreu Collor, mas não José Dirceu.
 
A “neutralidade” ativa dos que o condenaram – e condenaram outros na mesma situação – está sendo glorificada por parte da opinião publicada. Até que a História trate devidamente do assunto.

22 de novembro de 2012
 Mauro Santayana

PARLAMENTARES INDEPENDENTES PEDEM À PROCURADORIA-GERA DA REPÚBLICA QUE SÉRGIO CABRAL E AGNELO QUEIROZ SEJAM INVESTIGADOS

 

Conforme anunciaram, os parlamentares independentes da CPI do Cachoeira (eles Onix Lorenzoni, Miro Teixeira, Pedro Simon, Randolfe Rodrigues, Pedro Taques e Rubens Bueno) entregaram ao Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, uma representação com dados e sugestões, pedindo o indiciamento de Fernando Cavendish, da empreiteira Delta, e uma investigação de suas relações e negócios com os governadores Sergio Cabral (RJ) e Agnelo Queiroz (DF), pois o relatório da CPI só indiciou Marconi Perillo (PSDB-GO).


Os três governadores em suspeição

Os parlamentares explicaram que a representação é uma manifestação de repúdio ao relatório do deputado petista Odair Cunha, considerado por eles um instrumento de retaliação política e desrespeito ao Ministério Público Federal.

“O documento que nós preparamos é fruto de meses de trabalho de nossas assessorias técnicas. Foram técnicos que tiveram o único comprometimento de buscar a verdade”, disse o deputado Onix Lorenzoi (DEM-RS), acrescentando:. “Começamos com uma investigação em torno de uma organização de Carlinhos Cachoeira e descobrimos outra muito maior que movimenta volumes de recursos extraordinários que é a empresa Delta. Esta organização se espalhou de maneira tentacular em vários estados e também se apropriou de recursos federais, particularmente, no DNIT, órgao do Ministério dos Transportes”.

Em entrevista na Procuradoria-Geral da República, o deputado gaúcho explicou a Roberto Gurgel que na representação de mais de 80 páginas consta um levantamento da transferência de cerca de R$ 550 milhões da Delta para empresas laranjas. Desse montante, apenas R$ 109 milhões foram investigados pela CPI.

A atitude dos parlamentares independentes é louvável, claro, mas dificilmente terá consequências. A Justiça brasileira está apodrecida. todos sabem.

22 de novembro de 2012
Carlos Newton

O RELATÓRIO DO BOBO DA CORTE...

E NA TAL CPI DA "SOBRIEDADE E FOCO"II : Parte do PMDB reluta em aprovar relatório DE ODAIR CUNHA O BOBO DA CORTE DOS CANALHAS


O PT pode ter dificuldades em aprovar o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira. O texto, divulgado oficialmente ontem pelo relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), enfrenta rejeição total dos chamados "independentes" e da oposição; e parcial do PMDB e da base aliada.
A avaliação dos pemedebistas é de que não há provas suficientes para pedir o indiciamento do jornalista da revista "Veja" Policarpo Júnior. O partido também considera haver "superimputação" de crimes ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), além de não ver necessidade no pedido de investigação ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) sobre o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
São posições que foram defendidas pelo PMDB no decorrer dos trabalhos da comissão, algumas com mais publicidade, no caso da defesa da não convocação do jornalista, ou com menos, na defesa de Gurgel e de Perillo. Mas que agora, no final dos trabalhos da CPI, o partido quer defender. Ainda mais porque não foi consultado sobre o teor final do relatório.
O apoio do PMDB na defesa do relatório de Cunha é fundamental para o PT por diversos motivos. Primeiro, por deter o maior número de votos na comissão. Segundo, porque sua posição é intermediária em relação à dos "independentes" e da oposição. E terceiro, devido a sua influência sobre outros partidos da base, como PR e PP.
"O relatório da forma como está, muito abrangente, tem difícil aprovação. É preciso ter mais convergência. Vamos reunir a bancada para decidirmos o procedimento. Mas é possível adiantar que parece não haver provas suficientes para indiciar jornalistas", disse o deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ).
Odair Cunha precisou adiar para hoje a leitura do relatório prevista para ontem. Foi a saída encontrada diante das críticas de que não houve tempo para tomar conhecimento do relatório, que foi colocado no site do Senado durante a madrugada de ontem. Além disso, muitos defenderam uma nova convocação de Cachoeira, já que ele foi solto da prisão ontem.
O real motivo do adiamento, contudo, foi a rejeição ao que alguns classificaram de "direcionamento político" do relator. "Esse relatório é um instrumento de perseguição política", disse o senador Pedro Taques (PDT-MT). "Esta CPI está se transformando em uma grande pizza porque não investigamos o que deveríamos investigar", completou.
Qualquer que seja o encaminhamento, é certo que haverá outros dois relatórios paralelos, uma vez que há pouca esperança de que o texto de Cunha seja alterado. Um deles, será do PSDB. "O relatório apresentado é incorrigível, não tem salvação. Provavelmente foi escrito na Executiva do PT", disse o senador Alvaro Dias (PR). Segundo ele, os tucanos não aceitarão a sugestão de Cunha de apresentar sugestões ao seu texto.
"Não vamos propor nenhuma alteração, mas sim outro texto." Os senadores Pedro Taques e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e os deputados Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e Rubens Bueno (PPS-PR) também irão propor um relatório deles, no qual deverão constar indiciamentos dos governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e investigação sobre o do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).
22 de novembro de 2012
camuflados

DE GENUINO NÃO TEM NADA!

OS INOCENTES ! JUIZ : "qual é a sua bronca?" RESPOSTA : "Ah, doutor, armaram pra NÓIS, num FIXEMUS nada". ZÉ CASSADO E AQUELE QUE DE GENUÍNO NÃO TEM NADA , O GENOINO.
 
Se alguém entrar numa penitenciária e conversar com os presos, individualmente, verificará uma situação muito curiosa, até mesmo engraçada: não há ali nenhum culpado. Quando se pergunta ao preso, como todo juiz faz, ao longo da carreira, "qual é a sua bronca?", logo vem a resposta: "Ah, doutor, armaram pra mim, eu num fiz nada".

Se houver insistência quanto ao tipo de crime de que são acusados, quase todos se saem do mesmo jeito: "O meu é o 155", ou o 158, ou o 171, e assim por diante. Quase sempre há dificuldade em obter do preso afirmações como "eu matei", "eu roubei", "eu trafiquei drogas" e outras que tais, porque, afinal, todos se dizem inocentes. Por isso acham preferível dizer o número do artigo do Código Penal pelo qual foram enquadrados, julgados e condenados.

O mesmo poderá acontecer com os condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares quando estiverem na cadeia, porque, conforme eles propagam o tempo todo, nada fizeram de errado e o que ocorreu - na desculpa esfarrapada com se encobrem - foi o julgamento de um partido político vitorioso. Sim, na visão que procuram propagar, o que houve foi tão somente um julgamento político de pessoas inocentes, tão inocentes que talvez pudessem até ser canonizadas.

Enfim, quando José Dirceu, já preso, for indagado a respeito de sua "bronca", depois de reiterar a proclamação de inocência, ele poderá dizer que é o 333, ou seja, corrupção ativa, e o 288, formação de quadrilha. O primeiro prevê pena de 2 a 12 anos e o segundo, de 2 a 5 anos, além de multa, podendo ser aumentada da metade se a vantagem ilícita for também destinada a servidor ou agente público.

Dada a gravidade da conduta, por envolver o então chefe da Casa Civil, o cargo mais poderoso da República após o de presidente, não se pode alegar que tenham sido severas as penas a ele impostas. Para os ministros do STF Ricardo Lewandowski, revisor do processo, e Dias Toffoli, não havia prova alguma contra José Dirceu e José Genoino. Havia, sim, provas contra todos os outros, menos contra esses dois mais poderosos.

Na visão desses dois juízes, os mesmos delitos, decorrentes das mesmas condutas criminosas, foram admitidos para a imposição de penas aos demais réus, mas não a José Dirceu e Delúbio Soares. Isso equivale a dizer que as provas dos autos foram válidas para condenar e para absolver, conforme as pessoas, sugerindo um paradoxal silogismo jurídico, capaz de entortar o cérebro de quem buscar entendê-lo.

Consequência disso está no infeliz surgimento de anedotas que mostram sempre o relator, Joaquim Barbosa, em posição de antagonismo com o revisor, Ricardo Lewandowski. Numa delas, que circula de boca a boca e também pela internet, aparece um preso, na hora do julgamento, pedindo, pelo amor de Deus, para ser julgado por Lewandowski. Apesar de ser tão sério o assunto, o espírito jocoso do brasileiro sempre encontra uma forma de se divertir.

Contribui para tal o comportamento desse ministro, ao causar a impressão de que se opõe deliberadamente aos julgamentos e à forma de julgar do relator, Joaquim Barbosa. Lewandowski parece não se haver dado conta de que está sob a luz dos holofotes e de que milhões de brasileiros acompanham, pela televisão, cada gesto, cada olhar, cada palavra dele.

Sua irritação quando se retirou do plenário do Supremo porque Barbosa alterou a ordem dos julgamentos, prerrogativa do relator, serviu para demonstrar que Lewandowski anda com os nervos à flor da pele. Não se vê o mesmo nervosismo em Gilmar Mendes, em Celso de Mello, em Marco Aurélio nem em nenhum outro.

Essa atitude o diferencia e o deixa numa situação realmente desconfortável perante o julgamento que cada pessoa faz dos ministros daquela Corte. Sim, os ministros estão sendo julgados por cada um de nós e esse ponto é positivo para o reforço de uma instituição que há anos vem sofrendo processo de deboche e desmoralização.

Também ganha com esse histórico julgamento a democracia brasileira. Exemplo disso está no próprio José Dirceu, que, ameaçadoramente, afirma que não se vai calar e que vai continuar lutando. Para sua sorte, ele está no Brasil e aqui vai cumprir pena, porque se estivesse na sua amada Cuba, cujo regime sonhou importar para nós, nunca mais poderia abrir a boca, a não ser para cantar o hino cubano e dar vivas a Fidel Castro.

É curioso observar que o canto de sereia marxista, que encantou gerações e, felizmente, já não seduz, continuou a fazer estragos e vítimas no Brasil. José Dirceu e José Genoino são duas delas. A geração deles, a mesma da presidente Dilma Rousseff, passou anos a fio estudando Marx e discutindo se foi certa ou errada a opção de Stalin ou de Trotsky para substituir o moribundo Lenin.


Até hoje, alguns desse grupo ainda acham que a matança de mais de 10 milhões de adversários, por Stalin, não é fato relevante nem deslustra o encanto do verdadeiro comunismo. Sempre é bom que cada um de nós pergunte a si mesmo se o verdadeiro comunismo é aquele de Cuba, o da China ou o que foi sepultado na Alemanha Oriental, com a queda do Muro de Berlim.

Enfim, pelo jeito, foi por água abaixo o sonho do pequeno grupo que pretendeu usar dinheiro público - dinheiro nosso, arrecadado dos impostos que pagamos - para a aventura consistente em comprar votos no Congresso Nacional, em atos de corrupção e de formação de quadrilha, com o propósito de implantar no Brasil uma República sindical socialista.

Por trás das grades, terão tempo suficiente para refletir. Dirceu e Genoino já cumpriram pena antes, mas, desta vez, a prisão a eles imposta não vem de ditadura alguma, mas do cumprimento da lei, à qual todos estamos subordinados.

22 de novembro de 2012
Aloísio de Toledo César O Estado de S. Paulo
Os inocentes Dirceu e Genoino