"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 5 de abril de 2013

IMAGEM DO DIA

Fotógrafo flagra elefanta defendendo filhotes contra hienas na região de Savuti, no Parque Nacional de Chobe, em Botsuana
Fotógrafo flagra elefanta defendendo filhotes contra hienas na região de Savuti, no Parque Nacional de Chobe, em Botsuana - Jayesh Mehta/Caters/Grosbygroup
 
05 de abril de 2013

PROCURADORIA VAI APURAR SUPOSTO CAIXA DOIS EM CAMPANHA DE LULA. SUPOSTO?

 
Um dos procedimentos criminais abertos após acusações feitas no ano passado pelo operador do mensalão, Marcos Valério Fernandes de Souza, foi enviado ontem à Procuradoria Regional da República da 1ª Região.

Por se tratar de suposto caixa dois na campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Planalto em 2002, a denúncia será analisada pelo procurador eleitoral Renato Brill de Góes, responsável por esses casos no Ministério Público Federal.

"É uma questão de doação irregular para a campanha presidencial de Lula. Enviei por se tratar de material eleitoral. Não é um fato que envolve diretamente o ex-presidente", disse ontem à Folha o procurador José Robalinho Cavalcanti, que cuidava do caso até então.

Em março, a Procuradoria da República no Distrito Federal abriu seis procedimentos criminais em decorrência de acusações feitas por Valério. Esses procedimentos podem virar ou não inquéritos.

Marcelo Prates/Hoje em Dia/Folhapress
 
Empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, pivô do escândalo do mensalão, quando foi preso em dezembro de 2011 Leia mais

Condenado a 40 anos de prisão no julgamento do mensalão, Marcos Valério acusou, em depoimento o ex-presidente Lula de conhecer o esquema e de se beneficiar com recursos dele. Lula nega.

O depoimento foi prestado em meio ao julgamento no STF às procuradoras Raquel Branquinho e Cláudia Sampaio, esta última mulher do procurador-geral, Roberto Gurgel.

Em entrevista à Folha em janeiro, Gurgel avaliou os depoimentos com "elementos novos, mas nada de bombástico".

05 de abril de 2013
MATHEUS LEITÃO - Folha de São Paulo

FIFA VETA NOME DE GARRINCHA NO ESTÁDIO DE BRASÍLIA. QUEM SABE LULA, DIRCEU OU BEIRA-MAR?

Fifa veta nome de Mané Garrincha no estádio de Brasília no Mundial. Entidade diz que regra também foi adotada nas Copas da África do Sul e da Alemanha
 

Bicampeão do mundo pela seleção brasileira em 1958 e 1962, Garrincha está proibido pela Fifa

O ex-craque do Botafogo dá nome ao estádio da capital federal desde a década de 1980. No ano passado, virou lei no DF: o nome da arena é "Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha".

A Fifa, no entanto, decidiu que, durante as competições que organiza, o complemento "Mané Garrincha" não será permitido. E isso terá de ser respeitado em propagandas e divulgações dos eventos.

A entidade argumenta que as competições são de "interesse internacional" e que deve "manter a consistência dos nomes dos estádios".

Contudo, outros estádios que também possuem nomes tradicionais, e, em tese, de difícil compreensão semântica para o público internacional, como Maracanã e Mineirão, não sofrerão mudança.

No que depender do governo do Distrito Federal, a Fifa não terá problemas legais em mudar temporariamente o nome do estádio -que sediará a abertura da Copa das Confederações e sete partidas do Mundial em 2014.

Embora o governo tenha afirmado, em nota enviada à Folha, "estar certo de que não haverá necessidade de mudança na arena da capital federal", projeto de lei enviado semana passada pelo governador Agnelo Queiroz (PT) aos deputados distritais inclui artigo prevendo a troca.

Na prática, é uma manobra para atender a Fifa após derrota política em 2012. Já ciente do desejo da federação de não ter Mané Garrincha vinculado ao nome da arena, Agnelo vetou projeto de lei que assim o batizava. O veto foi derrubado pelos deputados.

Caso o texto agora proposto por Agnelo seja aprovado, abre-se também a brecha para que a Fifa associe o estádio a um determinado patrocinador. A entidade afirma que isso não irá acontecer.

Diz tratar-se de procedimento comum. Cita como exemplo os dois últimos mundiais, na África do Sul (2010) e na Alemanha (2006).

Neste último caso, o exemplo mais específico é a Allianz Arena, moderno estádio do Bayern de Munique, que durante a Copa de 2006 perdeu o nome da seguradora e recebeu um genérico: Arena de Munique.

05 de abril de 2013
BRENO COSTA e FILIPE COUTINHO - Folha de São Paulo

INFLAÇÃO DE DILMA. NO BRASIL, TOMATE CUSTA MAIS CARO QUE NOS EUA E NA EUROPA

 
Excesso de chuva em algumas regiões, estiagem em outras, e a redução da área plantada resultaram no aumento do preço do produto nos últimos meses

Modificação genética: tomates induzidos a produzir o peptídeo 6F ajudam a minimizar a ação do colesterol ruim
Tomates: preço no Brasil avançou mais de 100% em 12 meses (Thinkstock)

O preço do tomate nunca foi dos mais estáveis devido ao cultivo delicado e trabalhoso do fruto. Contudo, a alta do valor do produto nas gôndolas vem assustando as famílias brasileiras acostumadas a utilizá-lo amplamente nas saladas e no preparo de refeições. A situação ganha contornos alarmantes quando o preço do quilo do tomate ultrapassa valores praticados no exterior. Na Europa e nos Estados Unidos, onde a moeda é mais valorizada e a produção, menor, paga-se menos pelo produto.

Na rede de supermercados Pão de Açúcar, o quilo do tomate (que equivale a cerca de seis unidades) está sendo vendido a 10,58 reais. Em junho do ano passado, o quilo do tomate podia ser comprado por cerca de 3 reais. Em julho do mesmo ano, saltou para 5 reais.

Em outros países, que gozam de agricultura muito menos produtiva que o Brasil, os preços são mais baixos. Na loja on-line do Carrefour na França, a mesma quantidade do Pão de Açúcar brasileiro custa 3,49 euros, o equivalente a 9 reais. Já nos supermercados Sainsbury's, na Grã-Bretanha, o quilo do produto custa 2 libras, ou 5,10 reais.

Nos Estados Unidos, o valor do tomate também tem provocado debates. Muitas têm sido as críticas ao governo Obama porque o preço da libra do tomate (o equivalente a 450 gramas) pode, em breve, saltar de 2 dólares (ou 3,96 reais) para 4 dólares (7,84 reais). O aumento pode ocorrer porque o país recentemente demonstrou interesse em romper um acordo com o México em relação às importações do fruto. O país latino-americano é o principal fornecedor de tomates para os Estados Unidos.

Desde o segundo semestre de 2012 o preço do tomate brasileiro tem se mantido em níveis altos e a questão ganhou proporção maior após a tradicional cantina paulistana Nello's anunciar no Facebook que passaria a banir o item do cardápio enquanto os preços não voltassem ao normal.

Motivo da alta - Três fatores fizeram com que os preços avançassem mais de 100% nos últimos 12 meses: o excesso de chuvas nas lavouras de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, a estiagem no Nordeste e a redução da área plantada em Goiás. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2009, o Brasil produzia 4,3 milhões de toneladas de tomate numa área de 67,6 mil hectares. Em 2012, foram produzidas 3,6 milhões de toneladas numa área de 57,8 mil hectares. Números da Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) mostram que, apenas no estado de Goiás, o maior produtor, a redução de área da lavoura de tomate foi de 41,85% em 2012.

Contudo, há expectativas de que a situação melhore no curto prazo. Segundo Carlos Schmidt, gerente da Associação dos Produtores e Distribuidores de Horti-Fruti do Estado de São Paulo (Aphortesp), há previsão de equilíbrio de preços dentro de 40 dias. "O ciclo entre o plantio e a colheita do tomate gira em torno de 100 a 120 dias. Assim, como as chuvas em São Paulo e Minas pegaram a plantação no início do ciclo, a situação deve se normalizar em até 40 dias", afirmou.

Inflação - Apesar de o país ter a expectativa de colher neste ano uma safra recorde de 185 milhões de toneladas de grãos, os preços dos alimentos - liderados pelo tomate - foram o principal foco de pressão inflacionária nos últimos 12 meses. Chegou-se ao ponto de o comportamento dos preços do tomate, da batata, do arroz e do feijão serem o fiel da balança na decisão do Banco Central (BC) de aumentar a taxa de juros para que a inflação não supere o teto da meta de 6,5% prevista para este ano.

Em 12 meses até março, os preços dos alimentos ao consumidor descolaram da inflação em geral e subiram mais de 30%. Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)-15 subiu 6,43% até março, os preços das frutas, verduras e legumes acumularam altas de 33,36%, revela um estudo feito pelos economistas da Universidade de São Paulo (USP), Heron do Carmo e Jackson Rosalino.

No Índice de Preços ao Consumidor (IPC), medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) de março, o fruto liderou o ranking de pressões de alta do indicador na capital paulista. O preço do item subiu 18,25%, praticamente o dobro da alta de fevereiro, de 9,25%. No acumulado do primeiro trimestre, o tomate apresentou elevação de 70,9% e nos últimos 12 meses encerrados em março uma alta impressionante de 104,11%.

Caso o problema da safra não se resolva no curto prazo, não deve demorar para que o governo considere o tomate um dos inimigos mortais da economia. Resta saber se repetirá o exemplo do ex-ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen, que declarou guerra ao chuchu quando o preço do alimento começou a subir descontroladamente. No final da década de 1970, o ministro chegou a culpar o insosso legume pela inflação que atormentava o país.

05 de abril de 2013
Veja Online

"DILMA CONTRA A SECA". A PICARETAGEM DE SEMPRE

Em Fortaleza, na sexta visita que fez ao Nordeste em dois meses, a presidente Dilma Rousseff anunciou um pacote de R$ 9 bilhões contra a estiagem no sertão. O pacote, chamado de "ação nova", mescla, na verdade, a manutenção de benefícios, verbas empenhadas ("dinheiro velho") e recursos carimbados para a região. Do total anunciado, um terço (R$ 3,1 bilhões) é uma estimativa de quanto o governo deixará de arrecadar até 2016 por causa da renegociação da dívida de 700 mil agricultores que perderam a safra por falta d'água.

Outros 17% se referem à prorrogação até o fim do ano dos programas Garantia Safra (que paga R$ 155 por mês à família atingida) e do Bolsa Estiagem (R$ 80 por família). Mas, segundo o Ministério da Integração Nacional, parte desse valor iria para o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste: então, o governo renunciou à arrecadação de recursos que, de qualquer forma, seriam destinados à região.

Outra parte do pacote - R$ 2,1 bilhões (23%) - financiará a compra de máquinas pesadas para 1.415 cidades, ação do PAC Equipamentos, anunciado em 2012. Um terço desse dinheiro tem sido empregado, desde o ano passado, na aquisição de retroescavadeiras e motoniveladoras.
 
Dilma atribuiu a não ocorrência de saques nas cidades sertanejas, comuns em períodos de estiagem, a obras (que ela chamou de "estruturais") de combate à seca iniciadas no governo Lula. Por isso, disse ela, "a cara da miséria na região" não foi aprofundada num período com índice pluviométrico 75% abaixo da média. Nas gestões petistas, o governo federal garante ter entregue 250 mil cisternas no semiárido. A providência melhorou, de fato, as duras condições de vida dos sertanejos pobres, mas nem todas as cisternas entregues chegaram a ser instaladas e muitas foram roubadas.

O Ministério da Integração Nacional informou ainda que empregou R$ 510,1 milhões na Operação Carro-Pipa, coordenada pelo Exército. Mas, apesar de 4.649 caminhões distribuírem água gratuita, os criadores da região calculam que a maior operação do gênero no País só atende 30% dos necessitados.

Os 7 milhões restantes usam suas escassas economias para adquirir água vendida de R$ 120 a R$ 180 a pipa. O sertanejo sofreu menos com a estiagem, mas a "indústria da seca" - exploração das dificuldades em benefício de alguns inescrupulosos - ainda prospera com a miséria.

Desde o Império, as secas periódicas dizimam plantações e rebanhos. Dom Pedro II prometeu vender o último diamante da Coroa para que nunca mais um cearense morresse de fome. E, apesar da precisão das previsões meteorológicas, as dimensões da estiagem surpreenderam o governo, conforme a presidente Dilma reconheceu.

Ora, se não bastassem tais recursos tecnológicos, não é de hoje que os meios de comunicação noticiam a ocorrência da maior seca dos últimos 50 anos no semiárido nordestino: a situação começou a se agravar em abril de 2012 - há um ano. Em seis Estados do Nordeste - Bahia, Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte - só veio a chover, desde então, no dia de São José, 19 de março, considerada a data-limite para a chegada da chuva.

Mas isso ocorreu em pontos isolados e não resolve a situação, conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A baixa temperatura dos Oceanos Pacífico e Atlântico, que provocou este ciclo trágico de falta de chuvas na região, ainda prejudica a vida de 10 milhões de sertanejos. Graças aos programas sociais do governo federal, eles não morrem mais de fome nem se veem obrigados a migrar para outras regiões, como era corriqueiro no passado. Mas continuam, como antes, perdendo as plantações e suas reses por falta d'água.

Falha na previsão e mau gerenciamento do governo se manifestaram na incapacidade de resolver o problema causado pela escassez de milho, principal alimento do gado, no Nordeste. Tendo a quebra de safra atingido 90%, os criadores sertanejos dependem do milho do Centro-Oeste. A Conab subsidia a compra. Mas os animais morrem de sede, porque não chove, e de fome, porque o milho não chega ao sertão.

05 de abril de 2013
Editorial do Estadão

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE





05 de abril de 2013

O LIXO LEGISLATIVO: CADA POVO COM SUA MEDIDA

 

Pergunte-se a um representante do povo no Parlamento brasileiro que critérios guiam a tarefa legislativa.

É provável que aponte o número de projetos apresentados, corroborando a ideia de que vale mais a quantidade do feijão plantado sobre a terra do que a qualidade da semente.

Amparadas pela força da lei, coisas estapafúrdias como o Dia da Joia Folheada e outras esquisitices povoam o manual do joio legislativo, escrito por parcela ponderável do corpo parlamentar. Cada povo com sua medida legislativa.



Não bastasse a progressão geométrica daquilo que se pode chamar Produto Nacional Bruto da Inocuidade Legislativa (PNBIL), forças exógenas emprestam sua colaboração para adensar o volume de normas inúteis.
A Copa das Confederações e a Copa do Mundo anunciam um conjunto de normas para mudar o comportamento do torcedor brasileiro. Serão proibidos, nos estádios, xingamentos a jogadores e juízes.

Risível, não? O fato é que a Fifa quer mudar por decreto a maneira brasileira de ser. Tem mais: que ninguém tente se levantar para comemorar um gol de seu time ou reclamar impedimento de jogador do time adversário. Cerveja pode, mas fumar, nem pensar.

Esses são os nossos trópicos. A fúria legisferante que entope as vias institucionais e chega ao cotidiano tem muitas significações. Para começar, somos um país que ainda não cortou as amarras da secular árvore do carimbo.

A autenticação e os selinhos de cartórios trazem obsoletos costumes ao nosso cotidiano, pavimentando os caminhos da burocracia.

Explica-se o cartorialismo, ainda, pela capacidade de fortalecer a estrutura de autoridade; esta, por sua vez, se expande na esteira de leis que procuram impor a ordem do mundo ideal.
Trata-se da visão platônica de plasmar a realidade por força da lei.

LEIS E MAIS LEIS

A floresta legislativa agiganta-se nessa vertente. De 2000 a 2010, o país criou 75.517 leis, 6.865 por ano. Em 2012, na Alemanha, o Parlamento foi muito criticado por ter aprovado 20 leis.

Outra questão é a desobediência ao império legal. Infringir a lei torna-se rotina no país. Não por acaso, entramos no chiste como a quarta modalidade de sociedade no mundo.

A primeira é a inglesa, em que tudo é permitido, com exceção do que é proibido; a segunda é a alemã, em que tudo é proibido, salvo o que for permitido; a terceira é a totalitária, em que tudo é proibido, mesmo o que for permitido; e a quarta é a brasileira, em que tudo é permitido, mesmo o que for proibido.

Nossas leis caem no esquecimento. E ainda há um monte de leis inconstitucionais. Nos últimos dez anos, o STF julgou quase 3.000 ações diretas de inconstitucionalidade; mais de 20% foram julgadas inconstitucionais. Imensa quantidade do arsenal legislativo não atinge a vida dos cidadãos.

São floreios para adornar uma galeria de homenageados. Datas comemorativas e louvações tomam a agenda de nossos representantes.

Por último, pérolas formam o PNBIL: em Santa Maria (RS), um vereador propôs a lei do silêncio dos animais para evitar latidos de cachorros após as 22h. E, em Porto Alegre, cavalos e burros teriam de usar fraldas. Ufa!

(transcrito de O Tempo)
Gaudêncio Torquato

AGORA É OFICIAL: PROCURADORIA PEDE INVESTIGAÇÃO SOBRE PARTICIPAÇÃO DE LULA NO MENSALÃO

 

A Procuradoria da República no Distrito Federal pediu sexta-feira à Policia Federal a abertura de um inquérito para investigar acusações feitas pelo operador do mensalão, Marcos Valério de Souza, contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro Antonio Palocci.



É primeira vez que será aberto inquérito para investigar se Lula atuou no mensalão. A Polícia Federal terá um trâmite burocrático até a abertura oficial do inquérito, que inclui análise de competência para a investigação e quais crimes serão investigados. mas não tem atribuição de arquivar o caso sem investigar.

Em depoimento em setembro, no meio do julgamento do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal), Valério afirmou que Lula negociou com Miguel Horta, então presidente da Portugal Telecom, o repasse de US$ 7 milhões para o PT.

Segundo pessoas com acesso ao depoimento, sob sigilo, Valério afirmou que o ex-presidente e Palocci reuniram-se com Horta no Palácio do Planalto e combinaram que uma fornecedora da Portugal Telecom em Macau, na China, transferiria o valor combinado para o PT. Palocci sempre negou que a reunião tenha ocorrido.

O dinheiro teria sido usado em campanhas petistas, segundo Valério. Horta também deverá ser investigado quando o inquérito for aberto.

05 de abril de 2013
Matheus Leitão e Fernando Mello (Folha)

MENSALEIRO EM PÂNICO: JOAQUIM BARBOSA DIZ QUE ACÓRDÃO SERÁ PUBLICADO NOS PRÓXIMOS DIAS


O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, disse hoje que será publicado nos próximos dias o acórdão do julgamento da Ação Penal 470, conhecida como mensalão.

O prazo regimental para a publicação terminou no último dia 1°. Não foi cumprido porque nem todos os ministros liberaram a revisão de seus voto. Só após a publicação do documento os condenados podem recorrer.

"Deve sair nos próximos dias. Tem que sair", disse Barbosa a jornalistas, após fazer palestra sobre educação para estudantes da Universidade de Brasília.

Os advogados dos condenados terão cinco dias após a publicação do acórdão para apresentar dúvidas sobre o resultado do julgamento. O STF condenou 25 dos 37 réus, sendo que 11 deles devem cumprir regime inicialmente fechado. As sentenças serão executadas quando não houver mais possibilidade de recurso.

Barbosa também comentou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37 que tramita no Congresso Nacional e retira o poder de investigação do Ministério Público em matérias criminais."Acho péssima. A sociedade brasileira não merece uma coisa dessas", respondeu.

 
05 de abril de 2013
Yara Aquino (Agência Brasil)

SACRIFICAR O PRIMEIRO MANDATO EM FAVOR DO SEGUNDO?


Conseguirá a presidente Dilma botar ordem no galinheiro em que se transformou a aliança de partidos que apóiam seu governo, mas mantém-se arredios quanto à reeleição, numa evidente manobra de chantagem? Força, ela vem fazendo, até para engolir sapos, como no caso da devolução dos ministérios dos Transportes e do Trabalho ao PR e ao PDT.

Ainda espera que o governador Eduardo Campos reflua em seu furor sucessório, sem esquecer o oferecimento ao PSD do trigésimo-nono ministério. Isso depois de haver contemplado o PMDB com um troca-troca de ministros, ao tempo em que demonstra a mesma fidelidade ampla e irrestrita ao Lula e ao PT, como ainda na quarta-feira ao deslocar-se a São Paulo para beijar-lhes a mão.

O preço dessas concessões está sendo alto demais em termos de eficiência governamental, pois inchado e composto em parte por nulidades flagrantes, seu governo deixa a desejar. Mesmo distribuindo benesses para o empresariado, como a desoneração de encargos trabalhistas nas folhas de pagamento, a redução no IPI para produtos industrializados, o crédito fácil e a farra dos empréstimos promovidos pelo BNDES, a Caixa Econômica e o Banco do Brasil, além da contratação de obras remuneradas acima dos preços do mercado e a proposta de novas características para portos e rodovias – ainda assim as elites querem mais.

Para demonstrar o tamanho de suas garras e presas, grandes industriais contribuem conscientemente para reduzir sua produção, sob o pretexto da falta de investimentos. Banqueiros, inconformados com a queda dos juros, limitam suas atividades. Empreiteiros exigem pagamento antecipado pelos projetos não iniciados. A serviço desses interesses, parte da imprensa não perdoa, desenvolvendo nítida campanha derrotista. Os principais jornalões refletem a má vontade e o golpe de sua clientela diante do governo, utilizando a ameaça de torpedear a reeleição.

O problema é que se Dilma vem cedendo aos políticos e aos empresários, logo sentiremos a presença do terceiro pé dessa mesa instável, no caso, as forças sindicais. Elas também começam a cobrar a sua parte na divisão do bolo. Reivindicarão mudanças na jornada de trabalho, reajustes salariais mais densos e outros benefícios, mediante a mesma chantagem, de não apoiar a tentativa de mais quatro anos.

Em suma, a presidente vem-se tornando prisioneira do segundo mandato, fazendo o que não deseja e comprometendo o primeiro. Conseguirá recuperar o tempo e as realizações perdidas que antes prometeu, no suposto novo período por conquistar em 2014? Pode ser. Afinal, uma vez reeleita, seus compromissos fisiológicos poderão ser mandatos passear. Talvez forme o ministério de seus sonhos, ao mesmo tempo promovendo reformas econômicas e sociais capazes de situá-la na galeria de antecessores do tipo Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e, de certa maneira, o próprio Lula?

Ficará, de qualquer forma, a indagação inicial: terá valido à pena sacrificar o primeiro mandato para poder exercer o segundo como desejaria? Em vez de postergar, compor e ceder, não teria sido melhor ter empreendido seu programa nos quatro anos iniciais?

POR VIA DAS DÚVIDAS…
A historia é conhecida mas merece ser repetida: Voltaire passou a vida inteira lutando contra a Igreja, a existência de Deus, o sobrenatural e o metafísico. Tornou-se o pesadelo das elites de seu tempo. Perto de morrer, com mais de oitenta anos, mandou chamar um padre. Queria confessar seus pecados. Os amigos escandalizaram-se, cobrando dele a incoerência, já que renegava todo um passado. Sua explicação foi de que continuava sem acreditar em nada, a morte encerraria tudo. Mesmo assim, por cautela, cedia aos ensinamentos religiosos: "e se por acaso eles estiverem certos?"

Recorda-se o episódio a propósito da informação de que o Lula, a partir de agora, retornará às origens, desenvolvendo intensa campanha de mobilização das massas em favor de reformas sociais profundas, que abandonou faz tempo.

05 de abril de 2013
Carlos Chagas

COINCIDÊNCIAS TRIANGULARES

 

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A entrevista do Financial Times com Isabel dos Santos, “a primeira bilionária africana”, segundo a Forbes, reproduzida hoje no Valor (aqui só para assinantes), fez-me voar longe esta manhã.
Isabel é mais um dos produtos indiretos da “luta pela democracia” nos anos 70, que em tudo faz lembrar o nosso “Lulinha” só que mais andada na senda do poder.

Ela vem a ser a filha de José Eduardo dos Santos, ex-”comunista” e ex-paladino da luta “pela libertação” da África que, ha 33 anos ininterruptos tem sido o presidente de Angola.

Quando comecei a trabalhar em jornal, já lá vão 38 anos, a primeira coisa de maior responsabilidade que fiz foi assumir a redação dos textos que o Estdão publicava sobre as guerras de libertação da África.

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Naqueles anos de generalizada conflagração ideológica, coisa que quem não viveu jamais poderá imaginar a que ponto de pressão e de detalhe chegou, não afirmar que os guerrilheiros africanos eram santos heróis da democracia era quase tão grave quanto negar que os generais brasileiros fossem os demônios do mal em pessoa.

Hoje estão no poder lá e cá os que, naquela altura, treinados por Cuba e empunhando armas russas, tentavam derrubar as ditaduras estabelecidas nos dois lados do Atlântico.

O pai de Isabel, aliás, casou com sua mãe, uma jogadora de xadrez russa, no Azerbaijão, base avançada então ocupada pelos soviéticos onde a nata da KGB, a polícia política soviética, preparava as lideranças comunistas africanas envolvidas na disputa pelo poder naqueles países de localização estratégica e tão imensamente ricos em petróleo e diamantes que se preparavam para iniciar seu vôo solo.

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Passados 35 anos da “libertação” os angolanos continuam pobres, ainda que “com uma classe média em crescimento”, no julgamento de Isabel, e democracia é uma palavra de que já ninguém se lembra. Mas os antigos guerrilheiros comunistas que se tornaram seus governantes estão podres de ricos.

O regime de José Eduardo dos Santos, um homem obcecado pelo segredo sobre o qual paira sempre uma nuvem de mistério, “tornou-se sinônimo de desvio de recursos públicos para bolsos privados”, nas palavras de seus críticos, “uma espécie de capitalismo de compadrio” onde as pessoas ligadas ao Fatungo, como é conhecido o círculo íntimo do presidente, levam tudo, especialmente o petróleo e os diamantes (sim, aqueles “de sangue“), ficando o resto do país com as migalhas.
Faz lembrar alguma coisa?

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Ainda não? Pois veja:
A duas vezes bilionária (em dólares) filha do presidente diz que seu estrondoso sucesso econômico nada tem a ver com a posição do pai.
Eu tinha um talento para negócios desde muito novinha. Eu vendia ovos de galinha quando tinha seis anos”.

Assim como o talentosíssimo “Lulinha” que começou como zelador de parques zoológicos, Isabel deu sorte e saltou das galinhas para o ramo das telecomunicações onde fez seu primeiro grande negócio no fim dos anos 90, “ganhando uma licitação” para a operação de uma rede de telefonia móvel, a Unitel.

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Outra coincidência é que pai José, assim como pai Lula, perdoou os inimigos do passado. Hoje é umbilicalmente associado com os antigos colonizadores que combateu. Isabel não é menos desprendida.
Ela detém participações em dois bancos portugueses, o BIC e o BPI e uma participação indireta na Galp, um grupo do setor energético com interesses em vários países, de Moçambique à Venezuela. “Nada a ver com a Sonangol, a estatal angolana de petróleo“, é claro. Tudo é recompensa daquele seu talento nato…

Finalmente, Isabel é dona também da ZON Multimédia, um conglomerado de rádios, jornais e TVS na antiga África Portuguesa. A terceira ponta desse triângulo fecha-se também no Brasil.

A ZON chamava-se PT Multimédia e foi desmembrada da Portugal Telecom em 2007, quando estava em curso o plano do governo socialista de José Sócrates para criar, por baixo do pano, usando testas de ferro, uma rede de imprensa simpática à sua administração a ser comprada com dinheiro surrupiado da telefônica portuguesa que deu origem à nossa Vivo.

O principal agente do golpe, denunciado antes que fosse a cabo, era Nuno Vasconcelos.

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Infiltrado na Portugal Telecom por banqueiros portugueses com ações na companhia, Nuno enriqueceu fulminantemente mas teve de vir colocar os ovos amealhados para chocar – adivinhem! – no Brasil, depois que a conspiração socialista foi denunciada e barrada em Portugal.

O plano dos banqueiros portugueses estragado pela irrefreável sede de vingança de José Sócrates contra a “imprensa golpista” local era criar uma rede de mídia (jornais, rádios e TVs) e telecomunicações em todo o “universo lusófono” (Brasil, África e Ásia).

Degredado, Nuno comprou aqui os jornais do Grupo O Dia, do Rio de Janeiro, uma licença de TV a cabo e fundou o jornal Brasil Econômico, homônimo de sua matriz portuguesa, tudo contra a lei vigente.

E, claro, a atual mulher de Jose Dirceu, Evanise Santos, vem a ser a “diretora de marketing” do “grupo” ao qual pertence o portuguesíssimo Brasil Econômico

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A ZON Multimédia, que foi praticamente roubada de dentro da Portugal Telecom, acabou, como estamos vendo agora, nas mãos da “princesa” duas vezes bilionária de Angola.

E agora o melhor: para quem não se lembra, o banco associado a todo esse esquema vem a ser o Banco Espírito Santo, agente da operação de acerto de contas de campanha entre o PT e o PTB de Roberto Jefferson que acabou resultando no escândalo do Mensalão, aquele que nem Joaquim Barbosa em pessoa consegue vingar.

Donde se conclui que a “lógica triangular” do sistema colonial português unindo por laços estreitíssimos Portugal, Brasil e Angola, uma fornecendo braços escravos para as plantações de açúcar do outro, uma história cheia de personagens fascinantes que está magistralmente contada no livro “O Trato dos Viventes”, de Luis Felipe de Alencastro (aqui), deixou rabos que se arrastam até hoje atrás da mesma raça de ratazanas de sempre.

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05 de abril de 2013
vespeiro

UM LIVRO FASCINANTE

 

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Não é novo nem nada, mas já que falei dele…
Deixei pendurada no final da última postagem a indicação do livro de Luis Felipe de Alencastro, O Trato dos Viventes, sobre “a lógica triangular do sistema de colonização português” falando em aventuras e personagens fascinantes, mas sem dar nenhuma pista a mais sobre esse lado saborosíssimo dessa obra tão original da excepcional produção historiográfica brasileira dos últimos anos.
Pois lá vai.

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Quando os holandeses tomaram Pernambuco, conhecedores da dependência da economia canavieira do Brasil dos escravos africanos, eles tomaram também Angola, de modo a estrangular pelas duas pontas o esquema colonial português.

Portugal montou três expedições para tentar recuperar Angola e fracassou sempre.
Enquanto isso, no Rio de Janeiro, Salvador de Sá, uma figura impressionante para seu tempo que tinha ambições sobre o continente inteiro, tendo casado suas filhas com poderosos de Buenos Aires e das minas do Potosi, no Peru, via seus canaviais minguarem em função da interrupção do fluxo de escravos.

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Decidiu, então, não esperar mais pelas ações da coroa portuguesa já muito enfraquecida. Ele que, alguns anos antes, tinha construído o maior navio de seu tempo que desfilou com grande alvoroço pelos principais portos europeus para os quais mais de um rei e até o papa se deslocaram para ver com os próprios olhos aquela “maravilha tecnológica”, entendeu que era tempo de por mãos a obra.

Ali mesmo, na Baia de Botafogo, construiu uma grande esquadra, e enquanto a armava, enviou seus emissários para arregimentar os mais temíveis e experimentados guerreiros da colônia.

Seus navios partiram para a costa de Angola levando índios, capoeiras e bandeirantes de São Paulo calejados no uso da espada e do arco.

Para não caracterizar um ato de rebeldia, uma única nau tomou o rumo Nordeste e seguiu para Lisboa levando uma carta em que Salvador “pedia ordem ao rei” para atacar Angola.

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Mas os dados já tinham sido lançados.
O desembarque em Angola é qualquer coisa de memorável. As tribos locais, que tinham escorraçado os portugueses três vezes, usavam uma espécie de machadinha que conseguia romper as armaduras europeias, o que tinha determinado sua vitória.
Mas antes de precisarem usá-las, recebiam os invasores soltando na praia dezenas de leões famintos o que, em geral, provocava pânico e desorganização entre os inimigos.
Só então atacavam.

Os feras de Salvador de Sá, entretanto, levaram a melhor sobre as feras dos africanos com as quais muitos se atracaram em lutas corpo-a-corpo e, na sequência, caíram em cima dos seus donos e retomaram Angola.

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Nesse meio tempo um navio vindo de Lisboa aportava no Rio com uma carta indignada do rei proibindo seu vassalo de meter-se com as suas conquistas e ir a Angola. É claro que, meses depois, ao saber do resultado da desobediência, sua majestade não só perdoou o súdito voluntarioso como premiou-o com a prerrogativa de escolher o novo governador de Angola (não me lembro se não foi ele próprio, aliás, que ocupou esse cargo).
O fato é que desde então Angola foi sempre governada por portugueses do Brasil…

Está aí, portanto, uma janelazinha para vislumbrar a ancestralidade das relações especiais entre Brasil e Angola, que vão além da dívida moral e da contribuição cultural dos “emigrados” forçados de lá para cá, teve mão dupla, e para ter-se um gostinho do sabor deste livro que proporciona a quem o lê uma outra visão do que comumente se aprende por aqui sobre a História do Brasil.
Vale a pena lê-lo.

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05 de abril de 2013
vespeiro

NOTAS POLÍTICAS E HISTÓRIAS DO JORNALISTA HÉLIO FERNANDES

Em Valença, foi vendida a fazenda de Sebastião Lacerda, sobre a qual um neto, Carlos Lacerda, escreveu seu melhor livro, com o título "A casa do meu avô". Graça Foster garante que "as ações da Petrobrás vão subir". Sérgio Gabrielli, na Folha, tenta defender e justificar os 7 anos de incompetência na presidência da empresa.

 
Ministro do Supremo muito moço, Sebastião Lacerda descobriu Valença, se apaixonou, construiu ali o que ele chamou de fazenda-biblioteca. Terras enormes, livros aos milhares. Nas folgas do Supremo, ia para lá, que tempos, de trem. Saltava na estação de Comércio (hoje, merecidamente com o nome dele), andava 300 metros, estava em casa.



Lacerda e seu melhor livro

Teve um filho, Mauricio Lacerda, notável orador e grande polemista. Em 1916 os alemães afundaram navios do Brasil, aqui mesmo na nossa costa. Fez extraordinário discurso-libelo na escadaria do Teatro Municipal, pedindo a declaração de guerra.

O presidente Wenceslau Braz declarou guerra à Alemanha, mas absurdamente mandou prender o deputado. O advogado de Mauricio foi um jovem de 23 anos, chamado Peixoto de Castro, cujo futuro era visto e previsto por todos. Absolveu Mauricio Lacerda, mas logo casava com Zelia Gonzaga, das maiores fortunas do Brasil. (Abandonou tudo, virou mpresário, isso é outra história).

Mauricio foi pai de Carlos Lacerda , que nascido em 1914, de 1934 em diante viveu um tempão na fazenda-biblioteca do avô. Devorou aqueles livros, sua formação intelectual, que era inata e hereditária, se aprofundou ali.

LACERDA FOI COMUNISTA?

Foi preso em 1934 e 1935, eram tempos de repressão indiscriminada. Estava na Faculdade de Direito, era praticamente obrigação, como o pai e o avô. (Mas não passou do primeiro ano, abandonou, o que aconteceu também com Roberto Marinho, a vida inteira grandes amigos e inimigos irreconciliáveis).

Quando dirigi a Manchete durante 22 meses, de janeiro de 1951 a dezembro de 1952 (da falência à consagração), fazia reportagens curtas com textos e fotos. Uma delas, com muita repercussão, se chamava “Os generais de Imprensa”. Texto curto sobre os donos dos jornais da época, geralmente com revelações.

Sobre Lacerda, escrevi: “Pertenceu ao Partido Comunista por algum tempo”. Me escreveu (publiquei, claro) carta maior do que eu publicara, ele era assim. Dizia: “Helio, nunca pertenci ao Partido Comunista. Durante certo tempo, posso dizer que estive à beira da Juventude Comunista, mas nunca assinei ficha alguma, não cheguei a pertencer a nada ligado ao partido.

Não acreditei nem desacreditei, a posição de Lacerda sempre foi controversa e contraditória em matéria de ideologia. Não muito mais tarde publicou a matéria enorme que o acompanharia (negativamente) pelo resto da vida. Hostilizou brutal e duramente os comunistas (e o próprio partido) num mensário chamado “Observador Econômico e Financeiro”, do empresário Valentim Bouças.

O genro desse empresário era o melhor amigo de Lacerda, grande advogado, Fernando Veloso, filho do Almirante Braz Veloso, chefe da Casa Militar do presidente Washington Luiz.

Depois, seguido pela polícia, Lacerda ia para a fazenda, os beleguins sabendo que o avô era ministro do Supremo, desapareciam. Foi com o ministro já morto que Lacerda começou a escrever o admirável “A casa do meu avô”, que concluiria mais tarde, no Rio. Saiu em formato álbum, com tanto sucesso que foi repetido em livro, tamanho normal.

Agora o filho de Lacerda, bisneto do ministro e também Sebastião, vendeu a fazenda-biblioteca. O bisneto, excelente figura, intelectual nato, melhorou a condição como diretor-proprietário da Editora Nova Fronteira, fundada pelo pai, quando ficou rico, vendendo a sua Tribuna para Nascimento Brito, genro da dona do Jornal do Brasil.

O PASTOR SATANÁS

Além de todas as acusações que são feitas ao pastor corrupto Marco Feliciano, ele mesmo aumenta a lista: tolo e falastrão, dizendo que “todos os ex-presidentes presidiam a Comissão, com ajuda Satanás”. Tão inútil que provocou a revolta do próprio líder do seu partido.

Não parou por aí. Presidentes e ex-presidentes da Comissão presidida por Feliciano estão preparando o pedido de cassação dele através da Comissão de Ética. Resposta surpreendente do pastor: “Não estou preocupado, vou provar a acusação que fiz”.

Pelo que se depreende ou se entende, o pastor tem “ligação ” com Satanás, não “usou seu santo (para ele) nome em vão”. Essa constatação melhora ou piora a situação? Era “insustentável” (royalties para Henrique Eduardo Alves), o que será pior do que isso?

DONA GRAÇA FOSTER

Ficou um tempo fora do noticiário, presidir a ex-maior empresa do país, agora com patrimônio menor do que a cervejeira Ambev, não é fácil. Pelo produto das duas empresas poderiam falar em patrimônio líquido.

Mas Dona Graça voltou otimista e generosa: “As ações da Petrobras vão subir”. Falando pública e antecipadamente, Dona Graça se livrou de uma acusação de “informação privilegiada”, existente e evidente em muitos (quase todos) mercados financeiros do mundo.

O QUE É MELHOR PARA A PETROBRAS

Perguntinha inútil e ingênua: quando essas ações irão subir? E qual será a percentagem dessa alta, lembrança de que ações da Petrobras já estiveram a 52 reais e agora oscilam entre 16 e 18 reais? Quantos passos gigantes serão dados para retomar a caminhada?

Para os que gostam de conclusões apressadas, estou defendendo a empresa. Sou “petrobrasista” de sempre, de antes, de agora, só tento lutar para que haja um depois. Exatamente o contrário do senhor Sergio Gabrielli, que publicou artigo na Folha, cheio de contradições. Um período desmentindo o outro, um parágrafo negativo em cima de outro positivo.

Altamente compreensível: Gabrielli defendia seus 7 anos como presidente da Petrobras, os mais tenebrosos de todos os tempos. Poderia citar presidentes desprezíveis e incompetentes da Petrobras e compará-los com esses 7 anos tão citados. Prefiro deixar Gabrielli sozinho, na tentativa de se eleger governador da Bahia, que não merece isso.

MUDANÇA NO ORÇAMENTO. NINGUÉM QUER, NEM A BASE

Desde a República, o orçamento é meramente autorizativo. Em 5 constituintes, tentaram modificar o sistema, não conseguiram. Poder excessivo do Executivo, falta de interesse do Legislativo.
Afonso Arinos, notável figura, na Câmara e no Senado, discursou muitas vezes propondo: “Temos que trocar o orçamento AUTORIZATIVO pelo IMPOSITIVO. Com enorme liderança e carisma, era aplaudido e abraçado, mas ficava tudo igual. Como agora.

05 de abril de 2013
Hélio Fernandes

MERCADANTE FALA ABSURDOS SOBRE A CRISE E MOSTRA QUE AUTOPLÁGIO FOI SAÍDA PARA DOUTORADO EM ECONOMIA

 


Curto-circuito – Ministro da Educação apesar de ter fraudado a si mesmo em tese de doutorado, o petista Aloizio Mercadante é um utópico inconteste quando o assunto é economia. Guindado à Esplanada dos Ministérios porque fez palanque para Dilma em São Paulo na eleição de 2012, Mercadante, o irrevogável, agora consegue provar os motivos da inocuidade de sua passagem pelo Senado Federal.

Escalado para ser um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff pela reeleição, o ministro tentou minimizar o fraco desempenho da economia em 2012, cujo crescimento ficou no vergonhoso patamar de 0,9%, e disse que “o PIB, para o povo, é emprego e renda”. “É possível, sim, combater a inflação e manter a estabilidade preservando o emprego”, completou Aloizio Mercadante.

O ex-senador por São Paulo deixa claro que mesmo não entendendo de economia sua vocação para papagaio de pirata é incontestável, pois repete sem tropeços a cartilha palaciana, que insiste em ludibriar a parcela não pensante da opinião pública.

Mercadante pode dizer o que bem quiser, pois o Brasil ainda é uma democracia, mesmo que teórica, mas não há como negar que a situação econômica do País é grave e preocupante. Nove entre dez pessoas reclamam do momento enfrentado pelo País e que já dura mais de dois anos e deve se estender até 2015, pelo menos.

Nem mesmo um estreante em economia, saído recentemente da faculdade, diria que é possível combater a inflação e manter o emprego. Isso só será possível se o governo abrir mão da parte que lhe cabe, que é representada pela aviltante carga tributária.

Mercadante participou, durante sete horas, de reunião com Lula e a presidente Dilma, como se o ex-metalúrgico fosse integrante do governo e tivesse deixado aos brasileiros um legado louvável. Lula conseguiu vender ao mundo uma bolha de virtuosismo que começa a estourar e alcançou a proeza de ressuscitar o mais temido fantasma da economia, a inflação.

O que esses soberbos integrantes do governo do PT deveriam fazer, mas não fazem, é adquirir conhecimentos básicos de planejamento, pois uma nação não pode ser conduzida da mesma maneira como se administra um boteco de porta de fábrica, como os que Lula frequentou quase que diuturnamente no passado.

05 de abril de 2013
ucho.info

MANTEGA E O TOMATE DE R$ 22 O KG

Mantega garante que a economia está vencendo a crise, mas um quilo de tomate custa R$ 22 em SP


(Foto: Ucho Haddad)

Virou piada – Entrevistas exclusivas o ainda ministro da Fazenda só concede aos veículos de comunicação que regularmente passam no caixa do Palácio do Planalto, pois do contrário se depararia com perguntas impossíveis de serem respondidas.

Repetindo o discurso falso e visguento de Dilma Rousseff, que precisa se apoiar na mentira para seguir adiante com sua campanha pela reeleição, Mantega insiste em afirmar que o Brasil está bem e que a economia está em lenta e contínua recuperação.
Isso é uma inverdade, pois as mudanças necessárias, em caráter definitivo, não serão feitas pelo governo do PT.

Diferentemente do que pensam os palacianos, a crise econômica brasileira não será combatida com o controle da inflação por meio do gerenciamento de preços, mas, sim, com a solução dos problemas que compõem o chamado processo inflacionário.
E para tal são necessários investimentos em infraestrutura, reforma tributária e melhoria da logística, o que tiraria a natureza da linha de tiro, pois a culpa sempre é da chuva ou da seca.

Para que o Brasil não ficasse às escuras por causa do baixo nível de água dos reservatórios das hidrelétricas, a cúpula do governo torceu por chuvas torrenciais. Os reservatórios de água atingiram 50% da capacidade, o que ainda é preocupante, mas o País escapou do blecaute, como gosta de dizer a “gerentona” inoperante Dilma.
No contraponto, o brasileiro enfrenta um apagão de tomate nas refeições, como destacou o editor em recente artigo.

Nesta sexta-feira (5), em uma feira livre da capital paulista o quilo de tomate da marca Momotaro (foto), utilizado em saladas, era vendido a R$ 22 o quilo. Quando um governo resolve culpar o tomate pela alta da inflação, é porque seus integrantes não passam de um agrupamento de incompetentes que resistem em enxergar o óbvio. O produto está custando tão caro, que não é possível afirmar que Dilma diariamente pisa no tomate.

Nesse país de todos e sem miséria, não demorará muito para que empresas comecem a oferecer seguro contra assaltos à geladeira. Aproveitando a profecia chicaneira do comunista de botequim Lula, “nunca antes neste país” um quilo de tomate custou 3,25% do salário mínimo, que vale a fortuna de R$ 678. Mesmo assim, ainda tem alguns incautos que contratam as palestras de Lula.

05 de abril de 2013
in ucho.info

VAZAMENTO DE DOCUMENTOS ABRE CHANCE DE DESVENDAR PARAÍSOS FISCAIS

 


Corda bamba – Arquivos fornecidos por fonte anônima, equivalentes a 500 mil cópias da Bíblia, podem ajudar a jogar luz sobre o mundo sombrio da evasão de impostos, que só à União Europeia custa cerca de 1 trilhão de euros ao ano.
São 260 gigabytes de documentos que, impressos, equivaleriam a 500 mil cópias da Bíblia.

A gigantesca quantidade de dados foi entregue há mais de um ano ao Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) por uma fonte anônima. Mais de dois milhões de e-mails e outros documentos confidenciais fazem o esboço de um mundo sombrio, paraísos fiscais em que mais de 130 mil pessoas, de 170 países, investem seu dinheiro. A análise de todos esses dados é uma tarefa difícil, e ainda está longe de ser concluída.
     
A fonte anônima obteve os dados secretamente a partir de dois servidores corporativos e depois os transferiu via internet. “Infelizmente, para proteger nossa fonte, não podemos fornecer mais nenhum dado exato, mas é claro que foi um vazamento substancial de informação”, disse o jornalista alemão Sebastian Mondial, um dos envolvidos na análise desses dados.

Segundo o jornal alemão Süddeutsche Zeitung, muitos desses dados não estavam organizados e alguns documentos ainda precisavam passar por uma leitura óptica. “Tivemos sorte de podermos utilizar um software forense especial, que normalmente é utilizado na área criminal”, explicou Mondial.

Isso, segundo ele, possibilitou escanear e analisar o material e descobrir as conexões existentes entre dados, como quando os documentos foram criados, quando e-mails foram enviados, quem os enviou e quem recebeu cópias ocultas desses e-mails.

Sol, praia e evasão fiscal

As Ilhas Virgens Britânicas, as Ilhas Cook, Seychelles e o Panamá têm algo muito interessante a oferecer a empresas e pessoas físicas: anonimato. “‘Venha a nós e você não precisa ter medo das autoridades fiscais’. Esse é o tipo de oferta tentadora que os chamados paraísos fiscais oferecem para atrair pessoas ricas de todo o mundo”, diz Thomas Eigenthaler, da União Tributária Alemã (DSTG, na sigla em alemão).

Ele explica que a sonegação fiscal é facilitada pelo fato de o contribuinte não ter que lidar diretamente com ela. Existe toda uma indústria que auxilia, orienta e oferece soluções personalizadas aos clientes. Sebastian Mondial acrescenta que muitos dos paraísos fiscais não mantêm qualquer tipo de registro com informações sobre donos de empresas ou capital.

A União Europeia estima que a cada ano cerca de 1 trilhão de euros são perdidos em sonegação ou evasão fiscal. Segundo um estudo realizado pela ONG Tax Justice Network Unidos em 2011 foi de aproximadamente 15,1 trilhões.
Os números não incluem bens como ouro, uma fortuna estimada entre 21 e 32 trilhões de dólares está investida em paraísos fiscais. Como comparação, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados, propriedades e iates de luxo navegando sob bandeiras estrangeiras.



“De acordo com meus colegas que trabalham no projeto, há um truque muito esperto quando alguém é processado por uma empresa offshore. Eles fazem um acordo, e a queixa é retirada”, explica Mondial. Então o dinheiro do acordo, que é parte do processo, não sofre desconto do imposto e pode ser transferido para uma conta em paraísos fiscais.

Existem outros truques, como por exemplo, quando uma empresa cria uma filial em um paraíso fiscal para lidar com suas operações no exterior, evitando assim o pagamento de impostos sobre o lucro obtido fora do país de origem.

Riscos também na Alemanha

Quem vive na Alemanha tem que pagar até 45% de imposto de renda. Empresas com sede no país têm de arcar com imposto corporativo e comercial. Mas, mesmo em território alemão, há brechas na lei que podem ser utilizadas pelo contribuinte.

“Se uma empresa sediada na Alemanha buscar, por exemplo, a consultoria de uma empresa offshore, a empresa enviará uma nota e o pagamento será feito. Para a administração fiscal, a transação parece perfeitamente normal”, explica Mondial. No entanto, isso significa que o dinheiro foi levado para fora do país sem que nenhum imposto tenha sido descontado dele.

Segundo Eigentahler, o peso de fiscalizar é demais para o sistema alemão. “Não temos capacidade para checar todas as transações. Às vezes esperamos anos pela resposta de autoridades estrangeiras. Mas há também uma falta de vontade política. Eu sempre tenho a impressão de que quem está no topo é negligente em sua procura por sonegadores de impostos”, completa .

Além disso, a influência do Estado alemão acaba em suas fronteiras. “Se o dinheiro é gasto pelos alemães no exterior, as autoridades fiscais alemãs não têm como localizá-lo, a não ser que a Alemanha tenha um acordo fiscal de intercâmbio de informações”, explicou Eigentahler.

Luta internacional

Por anos, entidades internacionais como a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) vem tentando desenvolver medidas contra a evasão fiscal e para a padronização de regras. De acordo com a entidade, progressos foram feitos depois que uma lista negra, nomeando os paraísos fiscais, foi publicada em 2009. Desde então, 700 acordos de troca de informações foram firmados e cerca de 40 decisões judiciais levaram a mudanças nas leis.

Os novos dados podem ajudar na luta internacional contra fraudes fiscais, mas apenas indiretamente, de acordo com o jornalista Sebastian Mondial: “Esperamos que esses dados nunca sejam publicados”.

O objetivo do exercício não é simplesmente colocar as informações dessas empresas na internet para que todos possam ver quem transferiu quanto dinheiro, ou quem é o dono dessas companhias.
“Os parlamentares e seus respectivos países têm que encontrar de alguma forma uma maneira de estabelecer essa transparência”, conclui Mondial. (Do Deutsche Welle)

05 de abril de 2013
in ucho.info

NEURÔNIO SEDENTO

“Mas queria dizer uma coisa muito especial aqui desta Arena Fonte Nova. Eu me refiro a algo que foi bastante, mas bastante enfatizado pelo governador, que é essa ferradura. Esta ferradura dá uma atitude, um perfil e uma cara especial a este estádio. Mostra esta que é uma das características maiores desse povo, que é a criatividade. Um estádio que tem um momento especial em que ele se vira e se volta para nossa querida – pra mim, querida, porque me lembra minha infância – Fonte do Tororó, onde eu fui beber água”.


Dilma Rousseff, no discurso de inauguração da Arena Fonte Nova, em Salvador, internada por Celso Arnaldo depois de insinuar que ferradura rima com cavalgadura e que foi ao Tororó beber água e não achou.

05 de abril de 2013
Augusto Nunes

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Insisto em plagiar o que certamente escreveria "omascate": "potaquepareu!!!"
Se alguém encontrar uma interjetiva melhor, por favor, indique!
m.americo

"O PT E DILMA ABREM MÃO DA COMUNIDADE EVANGÉLICA NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES"

 

 

O pastor Silas Malafaia, que se tornou também alvo da militância que pretende tirar o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) da presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, escreve na Folha de hoje um artigo sobre o tema. Encerra o texto com uma conclusão: “PT e Dilma Rousseff estão sinalizando que abrem mão da comunidade evangélica nas próximas eleições.”
Seguem trechos do texto.

Por que tanta pressão para que Marco Feliciano não continue na Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados? Discordar é um direito, porém não podemos ser contra alguém em tudo só porque não gostamos dessa pessoa.
Eu mesmo tenho divergências com Feliciano, mas não permito que as diferenças se sobreponham ao meu senso de justiça e caráter. E, por trás dessa perseguição que mobilizou a opinião pública e a imprensa, sei que existe um sórdido jogo político para esconder questões sérias.
(…)

Toda essa mobilização [contra Feliciano] tinha um motivo maior: desviar os holofotes do PT. Afinal, enquanto se discutia a posse de Feliciano na CDHM, dois deputados condenados pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão, João Paulo Cunha (PT-SP) e José Genoino (PT-SP), tornaram-se membros da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, a mais importante comissão da Câmara.
No currículo desses parlamentares do PT constam condenações por corrupção. Mas, a imprensa se voltou apenas para o caso do deputado que fez declarações infelizes (…).
Independentemente de concordar ou não com as declarações de Feliciano, não posso esquecer que ele foi eleito pelo povo e que tem o direito de expressar a sua opinião, sendo resguardado pelo inciso IV, do artigo 5º da Constituição Federal. Mais do que isso, a Carta Magna lhe garante o direito à liberdade religiosa (incisos VI e VIII do mesmo artigo) (…)
Pergunto: se a oposição pode acusar os que discordam deles de homofóbicos e racistas, por que o povo evangélico não pode chamar essa perseguição de evangelicofobia? Dentro desse Estado democrático de direito, onde a maioria é cristã, a democracia só vale para a minoria?
O fato é que os ativistas gays e seus defensores não suportam o debate. Pode-se falar mal do presidente da República, do Judiciário, dos católicos, dos evangélicos, mas, se criticarmos a prática homossexual, somos rotulados de homofóbicos.
O crime de opinião já foi extinto de nosso país com o fim da ditadura militar. (…) Diante dessas manifestações, só podemos chegar a uma conclusão: PT e Dilma Rousseff estão sinalizando que abrem mão da comunidade evangélica nas próximas eleições.
05 de abril de 2013
Por Reinaldo Azevedo