"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 17 de abril de 2013

MAIS SETE PALHAÇOS PEDEM DESCRIMINALIZAÇÃO DAS DROGAS


Há anos venho escrevendo sobre esse debate retórico, a descriminalização das drogas. Retórico porque há muito as drogas estão descriminalizadas. Há quatro anos, mais precisamente em 23 de agosto de 2009, eu escrevia:

FHC ENVELHECEU E QUER PASSAR POR JOVENZINHO

Fernando Henrique Cardoso afirmou na sexta-feira passada que um mundo sem drogas é tão difícil quanto um mundo sem sexo. É o que leio na Folha de São Paulo. Presente à reunião de criação da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia, no Rio, ele defendeu a descriminalização do uso da maconha, a adoção de política de redução de danos e o atendimento a usuário de drogas na rede pública de saúde.

Esta atitude não é nova. Em fevereiro passado, o ex-presidente – que um dia disse que fumou mas não tragou, que um dia perdeu uma eleição ao vacilar ante a pergunta de Boris Casoy, se acreditava ou não em Deus, que um dia disse “esqueçam tudo o que eu disse” – anunciou que era favorável à descriminalização da maconha para consumo pessoal, defendendo a sua legalização.

Tarde piou o ex-presidente. Para começar, seria importante que dissesse isto quando era presidente. Ou, melhor ainda, quando era candidato a presidente. Mas, na época, isto era um risco de perder eleição. Continuando, considero absolutamente oportunistas as atuais defesas da descriminalização das drogas. As drogas estão há muito descriminalizadas, não só no Brasil, como em todo Ocidente.

Quando você viu, leitor, pela última vez, alguém ser preso por consumo de drogas? Talvez há uns trinta anos. De lá para cá, o consumo de toda e qualquer droga não implica punição alguma. As raves são regadas a drogas, não há quem não saiba disto, desde a polícia aos pais dos adolescentes que delas participam. As escolas têm distribuidores em seus portões, e ai do professor que ousar denunciar o uso da droga numa escola. Está arriscando sua vida. Todos professores sabem disto e todos permanecem silentes.

Hipocritamente, lá de vez em quando, para mostrar serviço, a polícia prende algum traficante. De preferência, os megatraficantes, que sempre podem render um bom suborno. É a mesma hipocrisia brandida no tratamento da prostituição. Prostituição não é crime. Mas a organização da prostituição é crime. Ora, toda profissional precisa de uma infraestrutura para trabalhar com tranqüilidade. Da mesma forma, se o consumo das drogas é permitido – como de fato o é – como terão os consumidores acesso às drogas se não houver um distribuidor? Se maconha ou cocaína não são vendidas em farmácias, é preciso que alguém as forneça.

São Paulo é emblemática no que diz respeito a esta hipocrisia. Já comentei o assunto. Enquanto José Serra proíbe o fumo – o mesmo José Serra que defendeu a indústria tabageira em Santa Cruz do Sul, quando era candidato à presidência da República – na Cracolândia centenas de farrapos humanos consomem crack à luz do dia e ao lado de viaturas da polícia. Hoje, numa rave, um adolescente entorpecido pelo ecstasy ou pela cocaína, pode ser advertido e expulso da festa se ousar acender um cigarro.

Essa gente que hoje defende a liberação das drogas está chovendo no molhado. As drogas há muito estão liberadas. Só não vê quem não quer. Por outro lado, ao afirmar que um mundo sem drogas é tão difícil quanto um mundo sem sexo, FHC está proferindo uma solene bobagem, indigna de sua carreira universitária. Álcool e tabagismo à parte, as demais drogas são decorrências do mundo contemporâneo. Se a cerveja existia desde o antigo Egito, se o vinho data dos tempos bíblicos, de lá para cá os seres humanos viveram muito bem sem maconha, cocaína ou crack.

Sem sexo não há seres humanos. Drogas são optativas. A humanidade não vai extinguir-se se não consumir drogas. Mas se extingue se não houver sexo.

FHC envelheceu e está querendo passar por jovenzinho. Fosse um analfabeto como Lula, seu gesto seria inteligível. Mas é homem que freqüentou a academia. Triste vê-lo igualado a um demagogo vulgar.

Isto eu escrevia há quatro anos. Ontem, a campanha pela descriminalização do uso de drogas ganhou o apoio de mais sete palhaços. No caso, sete ex-ministros da Justiça, que entregaram ao STF (Supremo Tribunal Federal) um manifesto defendendo que não se pode punir comportamentos praticados na intimidade que "não prejudiquem terceiros".

O documento é assinado por Nelson Jobim, José Carlos Dias, Miguel Reale Júnior, Aloysio Nunes Filho e José Gregori - que estiveram à frente da pasta durante o governo Fernando Henrique Cardoso-, além de Tarso Genro e Márcio Thomaz Bastos, que ocuparam o cargo durante os mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva.

A manifestação será enviada ao ministro Gilmar Mendes, relator de um recurso sobre o tema. O processo tem repercussão geral reconhecida - apesar de tratar de um caso específico, a decisão do STF terá um efeito genérico.

"O fracasso da guerra às drogas baseada na criminalização do consumidor revela a impropriedade das estratégias até hoje utilizadas", diz o manifesto. "Tratar o usuário como cidadão, oferecendo-lhe estrutura de tratamento, por meio de políticas de redução de danos, é mais adequado do que estigmatizá-lo como criminoso."

Como Fernando Henrique, quando estavam no poder, estes senhores jamais se manifestaram pela liberação das drogas. Até parecem generais, que viram valentes quando botam pijama e passam a criticar o governo. Se o Supremo decidir que não há crime, o usuário, em tese, não poderá receber nem advertência, a mais branda das punições previstas na lei.

Ou seja, o STJ vai perder tempo e dinheiro – tempo dos ministros, dinheiro do contribuinte – analisando se ratifica ou não uma lei que há muito é morta.


17 de abril de 2013
janer cristaldo

UM PAÍS DESTES PODE DAR CERTO?


Impressionante. Sete ex-ministros da Justiça entregaram carta favorável à descriminalização da maconha para o ministro Gilmar Mendes, do STF: Tarso Genro e Márcio Thomaz Bastos, que integraram o governo Lula, e Nelson Jobim, José Gregori, Aloysio Nunes Ferreira, José Carlos Dias e Miguel Reale Jr., do governo Fernando Henrique Cardoso.
O STF está prestes a julgar a descriminalização da maconha.
Recentemente, no Uruguai, uma pesquisa mostrou que 64% dos uruguaios não estavam de acordo com a proposta do governo de regular o cultivo e o consumo da cannabis. O governo retirou a proposta. A pesquisa também revelou que os legisladores dos três partidos mais importantes do Uruguai tinham receios quanto ao projeto. Dentre os membros do partido do presidente Mujica, 53% eram contra a regularização. Entre os membros do Partido Nacional, 83% se opunham, juntamente com 82% dos votantes do Partido Colorado.
No Brasil, pesquisa Datafolha revelou, em 2008, que 76 % dos brasileiros eram contra a liberação da maconha. Em 2011, outra pesquisa mostrou que 72,5% dos brasileiros são contra. Outras pesquisas comprovam que o número não baixa. Mais de 3 entre 4 brasileiros são contra a liberação da droga. Neste aspecto, o governador Geraldo Alckmin foi exemplar ao criticar Fernando Henrique Cardoso, em recente entrevista:
"FHC é um grande homem, um grande político, um grande intelectual e revela um senso de atualidade ao abordar o tema. Mas. nesse particular, discordamos. Penso o contrário disso. Como podemos descriminalizar a maconha se nem conseguimos impedir que o álcool seja vendido a menores? Acho que a prioridade é outra. O Brasil tornou-se o principal consumidor de crack do mundo. E o segundo de cocaína. Isso é um descalabro."
Por que falo em Alckmin? Ele esteve ontem no Congresso Nacional, onde apresentou projeto de lei que prevê punições mais rígidas para menores de 18 anos. Em reunião com os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, Alckmin levou a proposta, assinada pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que amplia a pena máxima para reincidência em infrações análogas a crimes hediondos de três para oito anos. Segundo o governador, as mudanças seriam necessárias porque o Estatuto da Criança e do Adolescente não acompanhou “as mudanças da sociedade”. “O ECA é uma boa lei, garante os direitos dos jovens e dos adolescentes, mas não responde aos casos mais graves reincidentes”, defendeu.
Geraldo Alckmin vocaliza o desejo da esmagadora maioria dos brasileiros. A Folha de São Paulo de hoje informa que se dependesse apenas dos paulistanos, a maioridade penal no Brasil, que hoje é de 18 anos, seria reduzida para 16 anos. Pesquisa Datafolha mostra que 93% dos moradores da capital paulista concordam com a diminuição da idade em que uma pessoa deve responder criminalmente por seus atos. Outros 6% são contra, e 1% não soube responder. Para 35%, jovens de 13 a 15 anos deveriam ser considerados pela lei como adultos. Para 9%, até menores de 13 anos deveriam ter esse tratamento.
Quando é dada a opção de escolher o que seria mais eficaz para reduzir a criminalidade, há divisão: 42% dizem que seria ideal criar políticas públicas mais eficientes para jovens. Outros 52% afirmam que a redução da maioridade penal já implicaria na melhoria dos índices criminais. Há ainda 5% que acreditam que ambas as medidas são necessárias. "A demonstração de apoio à redução da maioridade penal revela um apoio a uma solução mais imediatista, mas a população também mostra que tem consciência de que é preciso que haja políticas públicas mais eficientes", afirmou Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha.
Em plena comoção com o assassinato do universitário Victor Hugo Deppman, 19 anos, mesmo sem ter reagido a um roubo de celular no último dia 9 em São Paulo por um criminoso que estava a três dias de fazer 18 anos não sensibilizou os ex-ministros da Justiça. Eles preferem defender a liberação da maconha, o que só vai aumentar a violência, pois o problema é que o usuário não tem dinheiro para comprar e por isso rouba, assalta e mata.
Infelizmente, foi sob o comando destes ex-ministros que o Brasil tornou-se uma terra sem lei. A violência atingiu números escandalosos. O tráfico de drogas instalou a epidemia do crack no país. O contrabando de armas atingiu índices alarmantes. Os sem-terra pintam e bordam invadindo propriedade privada. Índios barrigudos e vagabundos adentram o plenário da Câmara munidos de lanças e tacapes. Estes ex-ministros não têm credibilidade ou biografia para propor a liberação da maconha. Deveriam estar envergonhados da carta que assinaram.
 
17 de abril de 2013
in coroneLeaks

"SOBRA IRRESPONSABILIDADE E FALTA LUCIDEZ"

 
No momento em que mais precisava sinalizar responsabilidade com as contas públicas e zelo no combate à inflação, o governo Dilma fez justamente o contrário.

A proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2014, enviada ontem ao Congresso, promove um afrouxamento perigoso na política fiscal do país.

O PT está trocando a responsabilidade fiscal pela irresponsabilidade total.
Pela proposta apresentada ontem, o superávit primário, ou seja, a economia que o governo faz para pagar parte dos juros da sua dívida, pode cair para 0,9% do PIB. Oficialmente, a meta foi mantida em 3,1% do PIB, mas todo mundo já está cansado de saber que este compromisso é de mentirinha.

O governo agora se ocupou de deixar as brechas para desrespeitá-la já previamente autorizadas em lei.


A novidade da hora é que o esforço que estados e municípios precisam fazer para compor o superávit global poderá deixar de ter de ser compensado pelo governo federal. A mudança pode valer já para o Orçamento deste ano.

Só com isso, poderão ser torrados R$ 47,8 bilhões a mais até dezembro - num momento em que a economia se ressente do excesso de demanda que alimenta a inflação.

O sistema atual também já permite o abatimento de investimentos feitos em obras e ações do Programa de Aceleração do Crescimento e das desonerações tributárias.

São R$ 65 bilhões a menos no superávit de 2013.

Tudo considerado, a economia que o governo precisará fazer neste ano para pagar os juros e segurar o crescimento da dívida pública poderá cair de R$ 156 bilhões para apenas R$ 43 bilhões, o que equivale a 0,9% do PIB.


Na melhor das hipóteses, se estados e municípios surpreenderem e melhorarem seu desempenho fiscal em relação a 2012 (quando produziram o pior resultado desde 1999), a economia será de 1,5% do PIB, de acordo com o Valor Econômico.

"É mais um sinal de que o viés da política fiscal continua a ser expansionista, além de outro componente importante a pesar a favor da retomada do ciclo de aperto monetário", analisa o jornal.

"O governo abriu caminho para um afrouxamento sem precedentes da política de controle de gastos públicos adotada desde 1999", sintetiza a Folha de S.Paulo.
Sem o reforço da redução dos gastos públicos, o governo petista diminui mais ainda as já poucas alternativas de que dispõe para enfrentar a escalada da inflação. Restará apenas o amargo remédio do aumento da taxa básica de juros, que o Copom deve determinar na reunião que começa hoje e vai até amanhã.
O descompromisso da gestão petista com a solidez das contas públicas - e com seu impacto deletério sobre a inflação - tem ficado cada vez mais evidente. Nos três últimos anos, as metas fiscais foram descumpridas. Em 2012, só à custa de muita tortura contábil os números confessaram o que o governo federal queria.
"O processo orçamentário no Brasil está piorando e o Executivo está ganhando um poder fenomenal de decidir o que vai fazer",
resume Mansueto Almeida.
Na realidade, o orçamento público no país tem se transformado, cada vez mais, numa peça de ficção. O governo federal lança mão de toda sorte de manipulações, executa-o a seu bel-prazer - ou, melhor dizendo, não o executa - e acumula restos a pagar num montante que já se configura um orçamento paralelo: R$ 178 bilhões neste ano.

O momento de inflação em alta exigia que o governo Dilma reforçasse a transparência, demonstrasse clareza de compromissos e, assim, tentasse recuperar um pouco da credibilidade
perdida.

Como quem adora viver na corda bamba ou trilhar a contramão, a equipe econômica da presidente fez tudo ao contrário, adicionando mais uma pitada de incerteza num horizonte já turvo.
Sobra irresponsabilidade e falta lucidez.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela
17 de abril de 2013

NO BRASIL DE ESCÂNDALOS E IMPUNIDADE



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O Judiciário transformou em ações judiciais, no ano passado, 1.763 denúncias contra acusados de corrupção e lavagem de dinheiro, e 3.742 procedimentos judiciais relacionados à prática de improbidade administrativa.
Também em 2012, foram realizados 1.637 julgamentos que resultaram na condenação definitiva de 205 réus pelos mesmos delitos. Assim, o total de processos em tramitação no país sobre corrupção, lavagem de dinheiro e improbidade chegou a 25.799, no final do ano passado. Os números, levantados pelo Conselho Nacional de Justiça junto aos tribunais, também mostram que de 1º janeiro de 2010 a 31 de dezembro de 2011 foi declarada a prescrição de 2.918 ações e procedimentos penais relativos a tais ilegalidades.

O relatório foi divulgado nesta segunda-feira (15/4).

Os dados comprovam o que a população já sente:
o país vive um clima de impunidade que abrange os mais variados setores, numa sequência de escândalos que traz à tona sentimentos de indignação e revolta.Enquanto vivemos a expectativa da realização da Copa do Mundo no Brasil, a autoridade máxima da entidade que comanda o futebol no país - José Maria Marin - se vê envolvida em uma série de escândalos, que vai desde o constrangedor flagrante em que foi pego botando no bolso medalhas durante cerimônia de premiação, até a suspeita de superfaturamento na compra da sede da CBF.

Mas na história recente do país este é apenas mais um escândalo que choca a população.

Ao longo dos últimos anos é possível enumerar fatos como a queda do edifício Palace II do empresário Sérgio Naya, na Barra da Tijuca, que provocou a morte de oito pessoas, além de deixar 150 famílias desabrigadas.
Ou ainda o escândalo do superfaturamento em obras do prédio do TRT-SP, que teve como protagonista o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto.
A queda de um helicóptero na Bahia, em 2011, trouxe à tona a íntima relação do governador do Rio, Sérgio Cabral, com o empresário Fernando Cavendish, dono da Delta.

Mesma empresa que pouco depois se viu envolvida em uma série de escândalos, chegando até ao bicheiro Carlinhos Cachoeira, outro protagonista de uma série de acusações envolvendo corrupção, política e dinheiro público.

Isso sem falar nas denúncias que provocaram trocas em comandos de ministérios, do mensalão - que ainda aguarda sua definição - e crimes como o massacre do Carandiru, que deixou 111 mortos e só 20 anos depois vê seu julgamento finalmente acontecer.

Nos últimos dias, mais um escândalo engrossou a lista:

ex-funcionários do Ministério das Cidades estariam se aproveitando do Programa Minha Casa, Minha Vida, usando uma empresa para fraudar contratos para a construção de casas populares.

Como se não bastasse, a população vê os principais estádios de futebol do Rio envolvidos em situações mal explicadas e que dão margens a mais desconfiança:
o Engenhão, seis anos após ter sido construído, já está interditado por risco em seus arcos de sustentação, e não se sabe quem são os culpados.

O Maracanã, cujos valores das reformas para a Copa já ultrapassaram, e muito, as estimativas iniciais, passa por uma licitação polêmica e envolta em situações nebulosas.

Por isso, o país precisa dar um basta para recuperar sua credibilidade e dar à população a esperança de que a Justiça dê um fim à impunidade.
 
Jornal do Brasil
17 de abril de 2013

"CONTAS FROUXAS"

Se ainda gozava de alguma credibilidade, a política nacional de controle de gastos sofreu um novo abalo com a decisão de afrouxar mais as já cambaleantes metas de superavit primário (saldo de receitas e despesas públicas antes dos dispêndios com juros da dívida).

A novidade libera o governo federal da obrigação de compensar com recursos próprios o que Estados e municípios deixarem de poupar. A meta para 2014 continua em R$ 167,4 bilhões (3,1% do PIB), mas o Planalto pode agora optar por não compensar os R$ 51 bilhões de saldo que deveriam vir de outros níveis de governo.

Como também será facultativo deduzir R$ 67 bilhões em investimentos do PAC e em desonerações tributárias, o abatimento pode chegar a R$ 118 bilhões. Ou seja, 70% da meta pode desmanchar-se no ar.

Na prática, o governo admite fazer um superavit primário inferior a 1% do PIB, mas sem deixar de cumprir o objetivo fixado na lei orçamentária. De afrouxamento em afrouxamento, perde tração na máquina estatal o impulso de austeridade simbolizado pela meta rigorosa, neste ano e no próximo.

Isso é péssimo, por duas razões principais. A primeira é o nexo claro entre relaxamento fiscal e inflação no Brasil. Quanto maior é o gasto público, maior é a demanda por produtos e serviços. Como a oferta não cresce no mesmo ritmo, o resultado é elevação de preços.

Em estudo recente, o Banco Central concluiu que nos últimos cinco anos a contenção orçamentária ajudou no controle da inflação só em 2011. Nos outros, o governo federal foi neutro ou jogou contra, adicionando demanda à economia já aquecida e com dificuldades para aumentar o investimento.

A segunda razão está no equilíbrio das contas do Estado. É enganosa a justificativa do Planalto de que apenas pratica uma política anticíclica (permitir aumento de gastos, temporariamente, para contrabalançar o PIB fraco).

Há risco de que a anemia econômica se revele persistente, o que já dura três anos. Se a receita de impostos não acompanhar os gastos crescentes, as contas oficiais enfrentarão desequilíbrio estrutural.

Em outros termos, se de fato o saldo primário ficar em torno de 1% do PIB em 2013 e 2014, é provável que a dívida pública volte a subir --o que seria uma reviravolta no padrão dos últimos dez anos.

O caminho do afrouxamento, assim, leva a presidente Dilma Rousseff a abandonar a âncora de uma relação dívida/PIB em nível baixo, que ainda autorizava a confiança de que o Brasil não venha a repetir tantos erros do passado.

17 de abril de 2013
Editorial da Folha de S Paulo

SAIBA POR QUE O BRASILEIRO DEVE TEMER A INFLAÇÃO

Não faz muito tempo, o Brasil era um país monotemático. Duríssimo era o inimigo que inquietava a nação: o dragão da inflação. Como a atmosfera era de guerra, não se exigia do governo grandes resultados noutras áreas.
A inflação, uma espécie de pesadelo do qual o brasileiro pelejava para acordar, obscurecia todos os outros problemas.

Nas últimas semanas, a inflação voltou às manchetes. Dilma Rousseff, que não mencionava a palavra em público senão para jactar-se de manter enjaulado o dragão, viu-se compelida a admitir o problema.
Entre a noite de segunda-feira e a tarde de terça, a presidente falou de inflação em três oportunidades.
Numa, disse que “jamais voltaremos a ter aqueles juros em que qualquer necessidade de mexida os elevava para 15%, porque estavam em 12%. Hoje, temos uma taxa de juros real bem baixa. Qualquer necessidade de combate à inflação será possível fazer num patamar bem menor.”
Noutra, declarou que “não teremos o menor problema em atacar a inflação sistematicamente. Queremos que esse país se mantenha estável, porque a inflação corrói o tecido social. Corrói, para o trabalhador, a renda. E corrói, para o empresário, seu lucro legítimo.”
Horas antes, dissera: “Faço parte de um governo no qual nunca negociamos com a inflação, não fazemos concessões à inflação e sempre combatemos e combateremos a inflação. O controle da inflação é uma conquista desses dez anos, não abriremos mão desse controle.”
Dilma disse tudo isso uma semana depois da divulgação de um dado inquietante: no acumulado de 12 meses, o IPCA, índice oficial de preços, bateu em 6,59% no mês de março. Ficou-se sabendo que a inflação ultrapassara o teto da meta do governo, que é de 6,5% ao ano. A notícia potencializou a suspeita de que, sob Dilma, as autoridades econômicas flertavam com a tese de que, na busca do crescimento perdido, é admissível conviver com alguma inflação.
No passado, os economistas também se dividiram em duas alas. Uma achava que era preciso enfrentar o dragão a qualquer custo. Outra imaginava que o Brasil podia continuar correndo na frente do dragão. Com as labaredas na nuca, diziam que o dragão não era tão ruim quanto todos imaginavam. Desde que a situação fosse bem administrada, uma economia bem passada não era o fim do mundo.

Como demonstrado no vídeo que ilustra o texto, o Brasil só conseguiu debelar a superinflação depois de se livrar das mágicas. Dilma tortura a historiografia ao dizer que “o controle da inflação é uma conquista desses dez anos” do PT no poder. Em verdade, se dependesse do ex-PT, a estabilidade não existiria. Lula teve o mérito de beijar a cruz e preservar os avanços. Como tem a ambição de ser reeleita, Dilma inflaciona suas declarações sobre inflação por pragmatismo eleitoral.
Diz-se que o brasileiro não tem memória. Mas o que o brasileiro não tem mesmo é muita curiosidade. Há toda uma geração de eleitores que não viveu a experiência de receber um salário que, roído pela carestia, condenava o dono do contracheque a um fim de mês perpétuo. Quando perceber que o tomate 122% mais caro é uma forma de taxação que pode ser imposta sem legislação, mesmo a menos curiosa das criaturas vai olhar para trás. E logo perceberá que observar passivamente o pretérito passando não faz sentido.
 
17 de abril de 2013
Josias de Souza

MARGARET THATCHER - UMA LÍNGUA FELINA

Conheça algumas das melhores frases da Dama de Ferro

NO AUGE Margaret Thatcher, em retrato de 1979, logo após se tornar primeira-ministra.  Segundo Mitterrand, “olhos de Calígula e lábios de Marilyn Monroe” (Foto: Granger/Other Images)

“Toda mulher que saiba cuidar do lar poderá entender os problemas de um país”

“Eu não devo nada ao feminismo”

“A missão do político não é agradar todo mundo”

“Não há liberdade sem liberdade econômica”

“Deixe-me dizer em que acredito: no direito do homem de trabalhar como quiser, de gastar o que ganha, de ser dono de suas propriedades e de ter o Estado para lhe servir e não como seu dono. Essa é a essência de um país livre, e dessas liberdades dependem todas as outras”

“Quando todos os objetivos do governo incluem a busca da igualdade – além da igualdade perante a lei – o governo faz uma ameaça à liberdade.”

“Não existe essa coisa de sociedade. O que há são indivíduos”

“Nós derrotamos os alemães duas vezes, e agora eles voltaram”

“Nós não conseguimos reduzir as fronteiras do Estado na Grã Bretanha para agora vê-las impostas novamente, em nível europeu, por um superestado com sede em Bruxelas”

“A moeda comum europeia está destinada ao fracasso, política e socialmente, apesar de o tempo, a ocasião e as consequências disso ainda serem incertas”

saiba mais

17 de abril de 2013
JOSÉ FUCS - Epoca

EVANGÉLICOS PROTESTAM CONTRA GANGUE DE LULA NA CCJ

Cerca de 20 manifestantes pedem a saída de Genoino e João Paulo Cunha; ataque foi usado por Feliciano para continuar na Comissão de Direitos Humanos
 
Um grupo de evangélicos faz um protesto contra a presença dos deputados José Genoino (PT-SP) e João Paulo Cunha (PT-SP), condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. O ataque aos condenados já foi usado pelo pastor Marco Feliciano (PSC-SP) para continuar à frente da Comissão de Direitos Humanos.
O protesto é silencioso. Cerca de 20 manifestantes seguram cartazes com as frases "Fora dep. Genuíno (sic)" e "Fora dep. João Paulo Cunha". O grupo é formado por pastores e fiéis da igreja Assembleia de Deus do Gama, cidade satélite de Brasília, e tem frequentado as reuniões da comissão de Direitos Humanos para dar apoio a Feliciano.

João Paulo Cunha ainda não compareceu à comissão, enquanto Genoino tenta ignorar a manifestação. "Não respondo a provocação", disse ele a jornalistas.

17 de abril de 2013
Eduardo Bresciani, de O Estado de S.Paulo

93% DOS PAULISTANOS QUEREM REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

Se dependesse apenas dos paulistanos, a maioridade penal no Brasil, que hoje é de 18 anos, seria reduzida para 16.

Pesquisa Datafolha mostra que 93% dos moradores da capital paulista concordam com a diminuição da idade em que uma pessoa deve responder criminalmente por seus atos. Outros 6% são contra, e 1% não soube responder.

Editoria de arte/Folhapress


Os pesquisadores ouviram anteontem 600 pessoas. A margem de erro é de quatro pontos (para mais ou menos).

Em consultas anteriores, em 2003 e 2006, a aprovação à medida pelos moradores da cidade foi de 83% e 88%, respectivamente --a margem de erro era de dois pontos
.
Sobre a idade a partir da qual um adolescente deveria passar a ser responsabilizado criminalmente, parte dos entrevistados, em respostas espontâneas (sem haver opções no questionário), defende que menores de 16 anos sejam enquadrados.

Para 35%, jovens de 13 a 15 anos deveriam ser considerados pela lei como adultos. Para 9%, até menores de 13 anos deveriam ter esse tratamento.

Quando é dada a opção de escolher o que seria mais eficaz para reduzir a criminalidade, há divisão: 42% dizem que seria ideal criar políticas públicas mais eficientes para jovens.

Outros 52% afirmam que a redução da maioridade penal já implicaria na melhoria dos índices criminais. Há ainda 5% que acreditam que ambas as medidas são necessárias.

"A demonstração de apoio à redução da maioridade penal revela um apoio a uma solução mais imediatista, mas a população também mostra que tem consciência de que é preciso que haja políticas públicas mais eficientes", afirmou Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha.

Um levantamento da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República em 53 países aponta que 42 adotam a maioridade penal a partir dos 18 anos.


Entre os que responsabilizam mais jovens estão os EUA --a partir dos 12 anos, dependendo do Estado.

O debate sobre a alteração na legislação voltou à tona depois do assassinato do universitário Victor Hugo Deppman, 19, mesmo sem ter reagido a um roubo de celular no último dia 9 em São Paulo.

O suspeito pelo crime é um jovem que estava a três dias de fazer 18 anos. Ele foi detido e levado para a Fundação Casa (antiga Febem).

Na avaliação de Paulino, a alta aprovação à redução da maioridade penal está dentro do contexto de violência praticada por um adolescente.

O levantamento feito em 2003 também foi realizado pouco tempo depois da morte de um casal de namorados (Liana Friedenbach, 16, e Felipe Caffé, 19) por um jovem que na época tinha 16 anos --conhecido como Champinha.

"Há um acúmulo de eventos dessa natureza, que tiveram grande repercussão e geram sensação de impunidade que influenciam na opinião da população." (AFONSO BENITES)

17 de abril de 2013
FOLHA DE SÃO PAULO

"BRASIL É A PROJEÇÃO NO ESPELHO DE UMA IMAGEM FEIA DO MÉXICO" - DIZ FINANCIAL TIMES


O México está bonito na foto e o Brasil aparece feio. Esse é o resumo de uma reportagem publicada nesta quarta-feira em especial do site do jornal Financial Times sobre moedas e investimentos estrangeiros em 2013.
Com o título "Brasil é a projeção no espelho de uma imagem feia do México", o texto repete a tese de que o baixo crescimento da economia ameaça a atratividade do País na disputa por capitais estrangeiros.
Para a reportagem, o governo e o Banco Central "estão mais ou menos" comprometidos com a meta de inflação e o câmbio flutuante.

"Brasil, o original guerreiro cambial acostumado a desencorajar os fluxos de capital durante os anos de boom entre 2009 e 2011, encontra-se agora em um mundo diferente no mercado cambial e no comércio global", diz o texto assinado por Joe Leahy, chefe da sucursal do FT em São Paulo. "O Brasil foi um crítico da política monetária frouxa dos Estados Unidos e outros países desenvolvidos. Isso desencadeou uma enxurrada de dinheiro para o País, fortalecendo a moeda e tornando a indústria nacional menos competitiva. Mas o desafio de longo prazo parece cada vez mais ser como atrair o fluxo de capital estrangeiro ao invés de repeli-lo", diz o jornalista.

Leahy argumenta que os fluxos de capitais para países emergentes devem continuar após o histórico pacote de incentivo anunciado pelo Japão e a manutenção por mais alguns meses das medidas nos Estados Unidos. Nesse ambiente, diz, "aumenta a concorrência entre os países em desenvolvimento para atrair a atenção dos investidores".

"É nesse desfile de beleza que o Brasil, com o crescimento de menos de 1% no ano passado e uma deterioração da conta corrente, está parecendo menos atraente para atrair recursos para portfólio e investimento estrangeiro direto quando comparado a países, como o México, que estão envolvidos em reformas políticas e econômicas", diz a reportagem, que ouviu analistas de instituições financeiras e agências de classificação de risco.

A reportagem reconhece que o Brasil "não enfrenta nenhum tipo de crise", mas acusa as autoridades brasileiras de serem apenas "mais ou menos comprometidas" com dois pilares do tripé macroeconômico: a meta de inflação e o câmbio flutuante. "O País ainda tem uma das maiores reservas mundiais, com cerca de US$ 377 bilhões, um sistema financeiro sólido e um governo e um Banco Central ainda mais ou menos comprometido com a meta de inflação e em manter uma taxa de câmbio flutuante", diz.

Nesse desfile de beleza com o Brasil menos atrativo e o México com cada vez mais fãs, o FT reconhece, porém, que o governo brasileiro tem "uma série de cartas na manga" para tentar reavivar o interesse no mercado nacional. Entre eles, a reportagem cita a possibilidade de alteração de alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

17 de abril de 2013
Yolanda Fordelone
Fernando Nakagawa, correspondente da Agência Estado
Leia matéria em inglês aqui

"NÃO RESPONDO A PROVOCAÇÕES" - DIZ GENOÍNO SOBRE PEDIDO PARA DEIXAR COMISSÃO

Alvo de um grupo de evangélicos durante a reunião da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, o deputado federal José Genoino (PT-SP) evitou polêmica.

Grupo de evangélicos cobra saída de petistas de comissão da Câmara

Andre Borges - 30.jan.2013/Folhapress
Deputado José Genoino durante reunião do PT na Câmara; grupo cobra sua saída de comissão
Deputado José Genoino durante reunião da bancada do PT na Câmara; grupo de evangélicos cobra sua saída de comissão

"Não respondo a provocações", disse nesta quarta-feira (17) após deixar a reunião.

Um grupo de cerca de 40 evangélicos lotou a sala da CCJ para pedir a saída de Genoino e de João Paulo Cunha (PT-SP) do colegiado. Ambos foram condenados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento do mensalão.

O grupo está na Câmara para defender a permanência do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) no comando da Comissão de Direitos Humanos. O deputado, que é pastor evangélico, é alvo de protestos por expressar opiniões consideradas racistas e homofóbicas. Feliciano nega e atribui as críticas a interpretações equivocadas.

Na semana passada, em meio a polêmica para que renuncie, Feliciano, em tom de ironia, disse que sairia se os dois petistas condenados no mensalão fossem retirados da CCJ.

Genoino presenciou o protesto, mas não fez nenhum comentário. Ele deixou a reunião para fazer discursos em plenário. Os integrantes da CCJ também não comentaram.

Pedro Ladeira/Folhapress
Manifestantes pedem a saída de deputados condenados no julgamento do mensalão de comissão da Câmara
Manifestantes pedem a saída de deputados condenados no julgamento do mensalão de comissão da Câmara

17 de abril de 2013
MÁRCIO FALCÃO - Folha Online

5,8 MIL VOOS DEJATINHOS EM 14 MESES DE GOVERNO DILMA!!! É A CASA DA "MÃE DILMA"

Tribunal de Contas deve agir contra a espantosa FARRA DOS JATINHOS OFICIAIS — 5,8 mil voos em 14 meses de governo Dilma!

 

Esta foto de divulgação da Embraer mostra vários tipos de aeronaves, não necessariamente correspondentes aos 18 jatos executivos da FAB usados para viagens de figurões do governo. Uso a foto para ilustrar a "farra dos jatinhos" -- uma vez que, até por estarem a todo momento levando alguém para algum lugar, é inviável fotografar os aparelhos da FAB estacionados no mesmo aeroporto

Até que enfim alguém faz alguma coisa.

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União deve pedir aos ministros a realização de uma auditoria sobre o uso de jatinhos da Força Aérea Brasileira (FAB) por parte de ministros e outros funcionários graúdos do governo Dilma.

A iniciativa é do procurador Marinus de Vries Marsico, que analisa o caso que relato abaixo antes de tomar providências.

Enquanto a FAB, com infinita paciência, espera há mais de uma década a atualização de sua obsoleta frota mais avançada de defesa aérea do país, objeto de uma interminável concorrência que já rola há quatro mandatos presidenciais, figurões do governo se refestelam espantosamente em viagens a torto e a direito, ocupando nessas mordomias recursos e oficiais aviadores.

Durante o governo Dilma — que inclui 2011 e, em 2012, os meses de janeiro e fevereiro — oficiais aviadores da FAB tiveram que realizar, em 18 diferentes aeronaves, 5,8 MIL VOOS levando ministros e figurões do governo! O equivalente a 630 VOLTAS AO REDOR DA TERRA ou 10 VIAGENS DE IDA E VOLTA À LUA.

O jornal O Estado de S. Paulo solicitou ao Departamento de Engenharia Aeronáutica da USP em São Carlos e publicou um levantamento histórico com esses e outros dados, num louvável serviço público prestado ao país, mostrando dados absolutamente estarrecedores sobre os abusos praticados às custas da gloriosa FAB.

Isso num governo que, quando seus quadros estavam na oposição, criou um escândalo em torno de uma única viagem de um ministro do presidente Fernando Henrique Cardoso e que não cessou de criticar o “excesso de viagens” internacionais do próprio FHC — algo que, como se sabe, o lulalato superou em mais de 200%.

E — vejam bem! — depois que, no começo de seu mandato, Dilma recomendou “parcimônia” no uso de jatinhos. A “parcimônia” resultou num aumento de 5% na farra dos jatinhos já no primeiro ano de seu governo em relação ao ano anterior, e o tempo de voo a bordo das aeronaves da FAB cresceu 10%.

Não perca esse extraordinário levantamento do Estadão clicando aqui.

17 de abril de 2013
 Ricardo Setti - Veja Online

PROTESTOS TOMAM RUAS DE CARACAS E CAPRILES DETALHA DENÚNCIAS

Nas ruas de Caracas, o panelaço contra o foguetaço. Capriles detalha irregularidades eleitorais enquanto partidários da oposição fazem barulho com panelas e apitos. Chavistas respondem com foguetes
 

Manifestantes fazem panelaço pró-Capriles e pela recontagem dos votos na Venezuela
Manifestantes fazem panelaço pró-Capriles e pela recontagem dos votos na Venezuela (Carlos Jasso/Reuters)

A noite desta terça-feira em Caracas, a capital da Venezuela, foi barulhenta. Partidários do governo e da oposição saíram às ruas dois dias após a eleição presidencial de domingo em uma ruidosa batalha que evidencia a profunda divisão do país e a contrariedade de uma enorme parcela da população com a eleição de Nicolás Maduro, contestada pelo adversário e líder opositor Henrique Capriles, que aponta fraude no processo eleitoral.

Milhares de partidários de Capriles organizaram panelaços e soaram apitos e buzinas também das janelas e varandas de suas residências, enquanto a militância chavista, acionada por Maduro, soltou fogos de artifício como resposta à manifestação. Os panelaços oposicionistas foram convocados por Capriles para exigir do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) a recontagem de 100% dos votos, após a vitória chavista por apenas 1,78% no domingo – Maduro foi eleito com 50,75% dos votos, contra 48,97% para Capriles.

"Esta noite, às oito, vamos voltar a fazer a onda, faremos novamente o panelaço. Amanhã, de novo, porque é ilegítima a posse (de Maduro) na sexta-feira, quando voltaremos com a onda'', conclamou Capriles em entrevista. Depois dos confrontos que ocorreram na noite de segunda, deixando sete mortos e 61 feridos, o líder da oposição suspendeu uma marcha até a sede do CNE em Caracas, prevista para esta quarta-feira, e pediu aos manifestantes que evitem o conflito nas ruas.

Diante dos panelaços oposicionistas, o recém-eleito presidente Nicolás Maduro convocou um foguetaço no mesmo horário como forma de contra-ataque. "Convocamos, a partir de hoje e para todos os dias às oito, um grande foguetaço do povo em todo o país, o povo nas ruas", disse Maduro em rede nacional de rádio e TV. "Se eles (a oposição) convocam um panelaço de ódio, de intolerância e de agressão à família, nós convocamos um grande foguetaço bolivariano, chavista", afirmou Maduro, acrescentando que a ideia partiu de vários dirigentes, incluindo o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, e o chefe de sua campanha eleitoral, Jorge Rodríguez.

A tensão política e social na Venezuela aumentou muito depois que foi anunciada a vitória de Maduro por estreita margem sobre Capriles na eleição presidencial para escolher o sucessor de Hugo Chávez. O opositor denunciou fraude eleitoral, pediu a recontagem de votos e o governista disse no dia da eleição que aceitaria. Mas depois o CNE proclamou Maduro presidente eleito, sem que a recontagem fosse feita.

Denúncias – Sem reconhecer a vitória de Maduro, Capriles detalhou nesta terça-feira irregularidades detectadas durante a votação pela coalizão que o apoia. Entre elas estão fiscais da oposição retirados à força, inclusive com a "exibição de armas de fogo", de 283 seções eleitorais; mais de 600.000 eleitores falecidos que ainda constam no registro eleitoral; violência e pressão contra eleitores em 397 seções eleitorais e voto de cabresto, com funcionários públicos e pessoas beneficiadas por programas do governo sendo acompanhadas até as urnas para a votar em Maduro em 564 seções.

Além disso, o líder da oposição venezuelana destacou a existência de toldos do partido PSUV (chavista) em 421 seções, 535 urnas eletrônicas danificadas do total de 39.000 utilizadas em todo o país e discrepância entre o número de eleitores registrados e contabilizados pelo CNE numa seção, onde no carderno eleitoral constavam 536 votantes e na ata do CNE existiam 717.

Para completar, Capriles ressaltou o aumento espetacular de votos para Maduro em 1.176 seções, onde o candidato governista teve mais votos do que o próprio Chávez na eleição de 7 de outubro do ano passado. Em algumas urnas, Maduro teve desempenho inacreditável na comparação com o falecido padrinho, obtendo mais 943% em uma seção, mais 530% em outra e mais 493% numa terceira.

Medidas arbitrárias – Nesta terça, o chefe da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, que é vice-presidente do partido governista PSUV, anunciou que não reconhecerá e não concederá o direito de palavra aos parlamentares de oposição que não aceitem a vitória de Maduro. “Se não reconhecem Maduro como presidente, se não reconhecem as instituições, aqui não terão direito de palavra. Se quiserem, podem ir embora”, disse Cabello.

A ‘mordaça’ foi anunciada durante a discussão de um projeto de homenagem ao CNE, às Forças Armadas e ao candidato eleito, informou o jornal venezuelano El Mundo. O primeiro deputado atingido pela decisão foi Ismael García, do partido Avanzada Progresista, que apoia Capriles. Antes de iniciar sua intervenção, Cabello perguntou se ele reconhecia Maduro como presidente. Diante da resposta negativa, o chefe do Legislativo cedeu a palavra a outro deputado, do PSUV.


Maduro também disse que não reconhecerá nenhum governador que não reconheça sua vitória, incluindo Capriles, governador de Miranda. “Governador que não me reconheça, eu não reconheço. Pronto. Não reconheço governador golpista que não reconheça a Constituição. Os recursos dos estados eu darei diretamente ao povo por meio de projetos”. À decisão arbitrária, o governista acrescentou que convocará uma reunião do Conselho Federal de Governo, que reúne os governadores de todo o país, “para que tudo seja revisado”.

17 de abril de 2013
Veja Online
(Com agências France-Presse e EFE)

ESTADOS UNIDOS QUEREM RECONTAGEM DE VOTO PARA RECONHECER MADURO

Segundo o secretário de Estado americano, o governo ainda não se posicionou

Nicolas Maduro segura lembrança religiosa com uma imagem do falecido presidente Hugo Chávez durante coletiva de imprensa no comitê eleitoral em Caracas neste domingo (14) - Carlos Garcia Rawlins/Reuters
Os Estados Unidos ainda não reconheceram Nicolás Maduro como presidente da Venezuela e aguardam que uma recontagem de votos esclareça a situação no país, disse o secretário de Estado americano, John Kerry, nesta quarta-feira. No último domingo, Maduro foi eleito na Venezuela por uma margem pequena o suficiente para provocar protestos da oposição.

Essa avaliação ainda não foi feita pelo governo americano, disse ele à Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, quando perguntado se Washington havia reconhecido o resultado das eleições de domingo. "Achamos que deve haver uma recontagem dos votos", pontuou Kerry aos legisladores.

A eleição presidencial da Venezuela teve um resultado apertado, com 50,75% a favor de Maduro e 48,97% para Capriles. A pequena diferença e as milhares de denúncias de fraude eleitoral levaram Capriles a pedir uma auditoria com a recontagem total dos votos. O Poder Eleitoral, dominado por chavistas, rejeitou o pedido, apesar de Maduro inicialmente ter dito que concordava com a recontagem.

Tensão - O opositor venezuelano Leopoldo López disse nesta quarta-feira que foi emitida uma ordem de prisão contra ele e Henrique Capriles. Na noite de terça, Capriles suspendeu a marcha que havia convocado para pedir a recontagem dos votos da eleição presidencial realizada no domingo, diante das ameaças de Maduro, que prometeu "radicalizar a revolução".

Capriles, por sua vez, responsabilizou Maduro por qualquer eventual dano a sua pessoa. “O ilegítimo fala de amor, de não-violência, e mandou atacar minha residência oficial como governador de Miranda. O que quer que aconteça comigo lá, aponto como responsável Nicolás Maduro”, afirmou o opositor. Capriles convocou panelaços para pedir o fim da "perseguição contra pessoas que estão pedindo a recontagem de votos".

Os conflitos pós-eleições já deixaram ao menos sete mortos e mais de 60 feridos.

17 de abril de 2013
Veja Online
(Com agência Reuters)

PAIS GAYS SÃO PREJUDICIAIS PARA AS CRIANÇAS?


          Artigos - Ciência 
       
Não é preciso uma opinião conservadora para ver que “diferentes” significa, quase sempre, “pior”.

Em seu novo estudo publicado pela Social Science Journal Mark Regnerus faz uma pergunta:
 “Quão diferentes são os adultos criados por pais que possuem relacionamentos homossexuais?”
A resposta para isso – tanto na literatura acadêmica quanto no imaginário do público americano – mudou dramaticamente em menos de uma geração.
 
“Quinze anos atrás”, explicou Regnerus em um evento no neutro Institute for American Values, famílias biológicas heterossexuais eram “consideradas reflexivamente como o melhor ambiente para crianças”. Subsequentemente, isso deu lugar para a noção de que não havia “nenhuma diferença significativa” na criação de crianças em arranjos familiares não-tradicionais. Finalmente, sugeriu-se que crianças “podem se sair melhor sendo criadas por um casal gay”.
 
Ainda que haja pouquíssimas evidências que dão suporte a essa conclusão, defensores do casamento homossexual e da adoção gay declararam que a ciência já o provou.
Talvez a mais famosa dessas declarações é um artigo de 2010, escrito pelos cientistas sociais Judith Stacey e Timothy Biblarz, que propalou que “baseado estritamente em publicações científicas, pode-se argumentar que duas mulheres criam uma criança melhor do que uma mulher e um homem, ou pelo menos uma mulher e um homem com uma divisão tradicional de papéis familiares”.
 
Esse argumento – de que pais homossexuais são iguais ou melhores do que as estruturas familiares tradicionais – encontrou seu caminho em nosso diálogo acadêmico, legal e cultural, e raramente é questionado.
Daí a declaração da Nona Corte de Apelação: “Crianças educadas por pais gays ou lésbicas podem ser tão saudáveis, bem-sucedidas e bem-ajustadas quanto crianças educadas por pais heterossexuais. Pesquisas que apontam para essa conclusão são indubitavelmente aceitas no campo da psicologia do desenvolvimento.”

O estudo de Regnerus foi desenvolvido para reexaminar essa questão – uma tarefa difícil, para dizer o mínimo – ao expandir a amostragem analisada e aprimorar a metodologia das pesquisas anteriores. O Censo dos EUA, por exemplo, coleta uma porção de informações úteis, mas, por não conter questões sobre orientação sexual, muito de sua contribuição ao assunto deve ser inferido.
 
Da mesma forma, muitos estudos acadêmicos que utilizam a “técnica bola-de-neve” de amostragens pequenas – um processo no qual os sujeitos que participam do estudo recrutam pessoas conhecidas para participarem dele – podem ser confusos.
Um desses estudos, abordado no artigo de Regnerus, analisou mulheres que leem jornais e frequentavam livrarias e eventos lésbicos; o problema com essa abordagem popular é que ela restringe a amostragem aos mais educados, ricos e socialmente similares, resultando em uma compreensão limitada. Estudos assim pulularam nos últimos anos.
 
Em busca de suas respostas, Regnerus entrevistou 15.088 pessoas. Destas, os pesquisadores encontraram 175 pessoas que foram criadas por mães que estavam em um relacionamento lésbico, e 73 pessoas que foram criadas por pais que tiveram relacionamentos gays – ainda assim, um grupo relativamente pequeno.

A primeira coisa que Regnerus descobriu foi que residências gays com crianças são localizadas nas mesmas áreas geográficas que os lares de casais heterossexuais com crianças. Ao contrário do que se pensa, não há concentração real de crianças onde gays vivem em massa.
Por exemplo, como há poucas crianças nas residências de San Francisco, há também poucas crianças vivendo com gays em San Francisco. De fato, a Georgia é o estado com mais crianças vivendo com casais do mesmo sexo.
Apesar da fama de serem menos amigos dos gays, os estados do Meio-Oeste americano estão bem representados na medição demográfica de casais gays com crianças. E, fazendo jus à tendência geral, casais gays latinos têm mais crianças do que casais gays brancos.

Regnerus descobriu que as crianças do estudo raramente passaram suas infâncias inteiras nas casas de seus pais gays e seus parceiros. Apenas dois dos 175 sujeitos que declararam ter a mãe em um relacionamento lésbico passaram toda a sua infância com o casal, e nenhuma criança estudada passou toda sua infância com dois homens gays.
Os números também caem bastante quanto ao tempo decorrido: por exemplo, 57% das crianças passaram mais do que 4 meses com mães lésbicas, mas apenas 23% passaram mais de 3 anos com elas. Isso é muito interessante, mas tem implicações sérias para o estudo – implicações sobre as quais voltarei a falar depois.

Por último, Mark Regnerus buscou responder se as crianças com pais em relacionamentos homossexuais experimentaram desvantagens quando comparadas com crianças criadas por seus pais biológicos.
A resposta, contra o zeitgeist, parece ser um retumbante sim.
Crianças com pais em relacionamentos homossexuais possuem baixo desempenho em quase todos os quesitos. Algumas dessas diferenças podem ser relativamente inofensivas – como em que presidente votaram na última eleição, por exemplo –, mas a maioria não é.
 
Um déficit é particularmente preocupante: menos de 2% das crianças de famílias biológicas intactas sofreram algum tipo de abuso sexual, mas o número correspondente às crianças de casais homossexuais é de 23%. Igualmente perturbador é que 14% das crianças de casais homossexuais passaram algum tempo em abrigos temporários, comparado com 2% do total da população americana. Índices de prisão, contato com drogas e desemprego são bem maiores dentre filhos de casais homossexuais.

O que podemos concluir disso? Bom, é aqui que a coisa se complica. Comparar filhos de pais homossexuais com o “padrão-ouro” – ou seja, pais biológicos que permaneceram casados – é problemático. Dado como o estudo foi feito, alguém poderia perguntar justamente se a questão não é tanto a comparação entre criação homossexual e criação heterossexual, mas entre instabilidade e estabilidade na infância.
Por definição, qualquer filho de duas pessoas do mesmo sexo sentirá falta de pelo menos um de seus pais biológicos e provavelmente experimentará alguma instabilidade em mudar da díade biológica para qualquer arranjo que a substitua. E, como explicado acima, a maior parte dos sujeitos do estudo passaram apenas alguns anos com pais do mesmo sexo, o que torna provável que seu arranjo familiar mudou mais de uma vez e, assim, resultou em uma infância instável.

Ademais, dado que o estudo é um retrato de um período de tempo que precedeu a legalização do casamento homossexual (em alguns estados), alguém poderia especular que o estigma social teve seu papel nos dados de Regnerus, e que tal estigma terá um efeito menor em pesquisas futuras.
De fato, poder-se-ia afirmar que o estudo de Regnerus poderia ser utilizado para justificar o casamento gay no sentido de que desaprovação social a casais gays não-casados gera a própria instabilidade que leva as crianças a passar por experiências negativas: o casamento de parceiros gays leva ao melhoramento da estabilidade familiar e, portanto, é benéfica para as crianças.
Considero isso como um passo muito avançado, pois o alto índice de divórcio entre os gays não indica que casais homossexuais serão em breve um modelo de estabilidade –, mas pode merecer alguma reflexão.
 
O estudo de Regnerus é um sucesso na medida em que responde à questão fundamental se crianças educadas por casais homossexuais são diferentes: está claro que sim, e não é preciso uma opinião conservadora para ver que “diferentes” significa, quase sempre, “pior”.
É discutível, todavia, se isso é culpa das famílias homossexuais ou da instabilidade. De fato, a maior conclusão do relatório não é de que famílias homossexuais sejam negativas, mas mais uma afirmação de que famílias biológicas intactas são uma positivas. De modo simples, se você quer que seus filhos tenham uma vida melhor, você deveria tê-los dentro de um matrimônio e mantê-lo firme. Mas isso nós todos já sabíamos.

17 de abril de 2013
Charles C. W. Cooke
é editor associado da National Review, onde este artigo foi originalmente publicado.
Tradução: Felipe Melo

A VENEZUELA É HOJE UMA DITADURA NARCOBOLIVARIANO-MILITAR

Governo assassinava sete pessoas em protestos enquanto Dilma parabenizava o ditador Maduro


O chavismo não existe, como muitos supunham. O que existe é um processo ditatorial que mantém debaixo do porrete a sociedade venezuelana. Os ditos bolivarianos compraram parte considerável das Forças Armadas da Venezuela, hoje infiltradas pelo narcotráfico e em parceria com os narcoterroristas das Farc.
Cada vez mais, anotem aí, o país assumirá as características de uma ditadura militar convencional — mas sem abrir mãos dos rituais homologatórios das eleições encabrestadas e fraudadas pelos bolivarianos.
Em suma, trata-se de uma ditadura narcobolivariano-militar
Leiam texto publicado na VEJA.com. Volto em seguida.
 
Os conflitos pós-eleição presidencial na Venezuela deixaram até agora um saldo de sete mortos, 61 feridos e 135 detidos, afirmou nesta terça-feira a procuradora-geral do país, Luisa Ortega. Mais cedo, a agência estatal de notícias AVN havia falado em quatro mortos.
 
“O mais grave é que nestes atos violentos morreram sete venezuelanos, um deles policial de Táchira (oeste)”, disse a procuradora, que criticou o candidato da oposição Henrique Capriles por convocar panelaços.
 
“Até agora o candidato que não foi beneficiado não compareceu perante o CNE para tentar nenhum recurso, nenhuma ação que o ordenamento jurídico do estado lhe garante”, disse Luisa, que acusa Capriles de ordenar ‘atos desestabilizadores’. “Não podemos permitir que se atente contra a paz e a tranquilidade de um povo”, disse, completando que as atitudes de Capriles podem constituir ‘crimes de instigação ao ódio e rebelião civil’.
 
A eleição presidencial da Venezuela teve um resultado apertado, com 50,75% a favor de Nicolás Maduro e 48,97% para Henrique Capriles. A pequena diferença, de pouco mais de 260.000 votos, e as milhares de denúncias de fraude eleitoral levaram Capriles a pedir uma auditoria com a recontagem total dos votos.
O Poder Eleitoral, dominado por chavistas, rejeitou o pedido, apesar de Maduro ter pedido ao CNE em um primeiro momento a abertura das urnas.
 
Diante da acelerada proclamação de Maduro como presidente na segunda-feira, Capriles convocou os venezuelanos a panelaços a favor de uma recontagem de votos. Os chavistas responderam pedindo novas mobilizações, e o resultado foi uma violenta noite de segunda-feira. O governo diz que simpatizantes de Capriles atacaram centros do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e do Conselho Nacional Eleitoral.
 
Prisões

 Em Barinas, capital do estado de mesmo nome, 17 pessoas que foram detidas em manifestações nas imediações do CNE devem se apresentar nesta terça ao tribunal local. Um dos detidos, um dirigente juvenil, disse ao jornal El Universal que se trata de uma “prática comum do governo para tentar frear as reclamações nas ruas, atribuindo delitos a quem enfrenta suas irregularidades”.
 
Na manhã desta terça-feira, tanques militares tomaram as cidades de Barquisimeto, a quinta mais importante da Venezuela, e Palavecino em um clima de tensão que impediu crianças de irem à escola.
 
O CNE de Barquisimeto está sob forte proteção militar diante da marcha convocada pela oposição para entregar um documento que exige a recontagem dos votos. Na noite de segunda-feira, os militares lançaram bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes dos panelaços.
 
Oposição

 Também nesta terça, Capriles pediu aos venezuelanos, através do Twitter, para não cair em provocações e ratificou que a luta da oposição “é firme, mas pacífica”. “A nós o que interessa é que reine a paz! Ao ilegítimo, não”, disse, em referência a Maduro.
 
Comento

 Quem é Luisa Ortega, a tal procuradora-geral? É só mais um dos esbirros do regime ditatorial instalado na Venezuela. Ainda que Capriles recorresse, pergunta-se: que chance teria?
 
A Venezuela, há muito tempo uma ditadura, agora terá de involuir para o estado policial se quiser manter o atual regime. A razão é clara: de fato, a maioria da população já se opõe ao governo, mas não encontra os caminhos para apeá-lo do poder.
Capriles teve quase 50% dos votos. A abstenção passou de 20%. Numa sociedade extremamente mobilizada pelas milícias chavistas, essa taxa traduz um misto de medo e desesperança.
As eleições são fraudadas desde a origem, uma vez que a oposição não têm os mesmos direitos na disputa. Parte considerável das Forças Armadas se tornou sócia da súcia bolivariana; a Justiça e o Parlamento estão, igualmente, a serviço dos bandoleiros.
No ano passado, o então presidente da corte suprema fugiu do país, confessou que atuava em favor do narcotráfico sob a orientação do governo e acusou altas autoridades civis e militares de fazer parte da máfia.
 
Delinquência

 Por alguns instantes, Nicolás Maduro fingiu aceitar a recontagem dos votos. Era, como alertei aqui, mero truque. Horas depois, mudou de ideia e preparou a proclamação oficial da sua vitória, mesmo em meio a uma mar de denúncias de fraude.
 
O Brasil, alegremente, apoia um regime delinquente, que responde a protestos de rua contra uma eleição fraudada com tanques e assassinatos.
Ontem, enquanto a ditadura bolivariano-militar matava venezuelanos na rua, Antonio Patriota, chanceler brasileiro, demonstrava a disposição de trabalhar com Maduro, e Dilma dava os parabéns ao ditador.
 
17 de abril de 2013
Por Reinaldo Azevedo