Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
sexta-feira, 23 de março de 2012
MORRE CHICO ANYSIO, UM DOS GÊNIOS DO HUMOR BRASILEIRO
Com senso crítico que não poupou ninguém, o cearense Francisco Anísio Vianna de Oliveira Paula criou 209 personagens que marcaram gerações de brasileiros
Francisco Anísio Vianna de Oliveira Paula, o Chico Anysio (*12/04/1931 - +23/03/2012) (Oscar Cabral)
Chico foi um militante do politicamente incorreto, décadas antes do surgimento desse conceito. Debochou de feios, de gays, de gente burra, de pais de santo, e também de seus colegas de rádio e TV
São muitas as maneiras possíveis para definir quem foi Chico Anysio. A que menos faz justiça à abrangência de sua obra é o habitual “humorista”. O termo “sociólogo do riso”, cunhado pelo jornal O Globo em 1973, é uma muito boa tentativa. Mas ainda é pobre para dar conta de um talento multifacetado, que ao longo de 63 anos de carreira arrancou gargalhadas de gerações de brasileiros pobres, remediados e ricos, intelectuais e analfabetos.
O cearense de Maranguape Francisco Anysio Vianna de Oliveira Paula Filho, morto às 14h52m desta sexta-feira, aos 80 anos, foi um iconoclasta. Sua postura crítica não conhecia limites. Seu humor espicaçou a ditadura militar e invadiu a democracia denunciando a corrupção.
Na galeria de tipos cômicos criados por ele, é possível detectar vergonhas nacionais como o coronelismo, o populismo, o analfabetismo. Mas sua obra não se limita a temas “sérios”.
Ao contrário. Chico foi um militante do politicamente incorreto, décadas antes do surgimento desse conceito. Debochou de feios, de gays, de gente burra, de pais de santo, e também de seus colegas de rádio e TV. E passeou com desenvoltura por uma gama de personagens (209, de acordo com seu site) que iam do humor mais sutil ao mais escrachado.
Chico Anysio estava afastado da TV Globo, onde só fazia participações esparsas em Zorra Total, e não escondia sua mágoa. Mas o ostracismo recente não lhe roubou um lugar único na história da TV: nenhum outro expoente do humor – nem mesmo Jô Soares e Renato Aragão – teve reinado mais longo e inconteste na emissora de maior audiência no país. Por extensão, nenhum outro humorista exerceu tanta influência sobre os brasileiros quanto Chico Anysio.
Chico Anysio estava internado desde o dia 5 de dezembro no hospital Samaritano, no Rio. Ele chegou com infecção urinária. Recebeu alta no dia 21 de dezembro de 2011, mas voltou a ser internado no dia seguinte por causa de uma hemorragia intestinal. O quadro evoluiu para uma pneumonia. A causa de sua morte foi uma parada respiratório e falência múltipla dos órgãos, decorrente do choque séptico causado pela infecção pulmonar.
No começo de 2011, Chico passou três meses hospitalizado por causa de dores no peito. Na ocasião, ele foi submetido a uma angioplastia para desobstrução de artéria, seguida de uma traqueostomia e uma endoscopia.
Galeria: Confira imagens dos personagens mais marcantes criados por Chico Anysio
Personagens - Entre o começo dos anos 70 e a década de 90, ele criou personagens e bordões incorporados à memória do Brasil. O deputado Justo Veríssimo (“Quero que pobre se exploda!”), o pai de santo Painho (“Affe! Eu tô morta!), Pantaleão (“É mentira, Terta?”), Bozó (“E-eu trabalho na Globo, tá legal?”) fazem parte dessa galeria, composta também por Bento Carneiro, o vampiro brasileiro, o malandro Azambuja, o boleiro atrapalhado Coalhada, o funcionário público Nazareno e o Baiano, sátira dos músicos saídos da Bahia que fizeram sucesso nos anos 1960 e 1970. Boa parte deles apresentada ao público entre 1973 e 1980, durante o programa, o primeiro de longa duração da carreira televisiva de Chico que teve início em 1957 com o programa Noite de Gala, da TV Rio. Onze anos depois, em 1968, o humorista entraria para o elenco da Globo. Entre 1982 e 1990, ele apresentou o Chico Anysio Show.
Nenhum de seus personagens foi tão marcante e longevo quanto o professor Raymundo, criado por Haroldo Barbosa na rádio Mayrink Veiga em 1950. Em vez de “E o salário, ó...”, que o marcou na TV Globo, o catedrático terminava a atração com o bordão “Vai comendo, Raymundo. Quem mandou tu vim do norte?”. Dali por diante, o personagem ficou sendo dele. Barbosa lhe deu o direito de utilizá-lo onde e como quisesse. Na Globo, o personagem, que participaria de diversos programas, estreou em Balança, Mas Não Cai, dirigido por Lucio Mauro.
No início, o mestre submetia seus alunos a sabatinas. A partir de 1974, no Chico City, passou a dar aulas. Mais adiante, em 1991, ganhou uma escola – a Escolinha do Professor Raimundo, sucesso absoluto entre 1991 e 1992. Ali, foram revelados talentos como Tom Cavalcante, e resgatados artistas da velha guarda, como Walter d´Ávila (1911-1996). “Duas falas para cada um e estava resolvido”, dizia Chico.
Nessa época, Chico Anysio era campeão incontestável de audiência. Mas já começava a perder prestígio. Quando o assunto era o futuro do humor na TV Globo, ele era considerado representante do velho humor, e não mais conseguia impor seus pontos de vista à geração que surgiu e se afirmou naquele período, como o pessoal da TV Pirata e do Casseta & Planeta. Frustrado na expectativa de ocupar um cargo de supervisor de humor, passou a se expressar de forma amarga e ressentida em relação à emissora. "O diretor que exerce a função que almejei é o Guel Arraes", declarou.
Início - A atuação como humorista começou em um show de calouros – onde Chico imitou as vozes de 32 famosos, fazendo piada com cada um, e ficou atrás apenas de Silvio Santos, que mais tarde viria a ser o dono do canal SBT. Ganhou 150.000 réis, que se converteram em uma bicicleta, entregue como presente para o irmão Zelito, sete anos mais novo. O comediante passou a ganhar todos os programas de calouros do Rio, e tornou-se convidado proibido nessas atrações.
Ele seguiria então para São Paulo, onde também venceria todos os desafios. Mais uma vez vetado nos programas, chegou a pensar em ser advogado criminalista, quando apareceu um teste para humorista da rádio Guanabara, onde Anysio estrearia como comediante em 1949. “Perdi a minha chance de ser um Tarcísio Meira”, brincou ele.
Chico tinha 15 anos de idade quando se mudou para o Rio de Janeiro, depois que a empresa de ônibus de seu pai faliu. Seu sonho era ser jogador de futebol. Uma tarde, quando foi em casa buscar o par de tênis que havia se esquecido de levar para uma partida com amigos, encontrou a irmã Lupe saindo para um teste na rádio Guanabara.
Ele deixou o futebol de lado e seguiu com a irmã. Fez dois testes, um para rádio-ator e outro para locutor. Foi aprovado em ambos. Artista completo, escrevia os textos que interpretava. No rádio, além das estações Guanabara e da Mayrink Veiga, o humorista trabalhou nas rádios Clube de Pernambuco e Clube do Brasil. Também escreveu e atuou em cinema – com papéis em chanchadas da Atlântida – e se aventurou pela literatura e pela pintura.
Seus últimos trabalhos, além de Zorra Total, foram em Malhação e Caminho das Índias. Na minissérie Dercy de Verdade, Chico virou personagem, e foi interpretado por seu filho Nizo Netto.
Chico Anysio deixa esposa, a empresária Malga Di Paula, sete filhos de seis casamentos – entre eles o comediante Bruno Mazzeo, do casamento com a ex-modelo e atriz Alcione Mazzeo, o adotivo André Lucas, e Rodrigo e Vitória, da união com a ex-ministra Zélia Cardoso de Mello.
Francisco Anísio Vianna de Oliveira Paula, o Chico Anysio (*12/04/1931 - +23/03/2012) (Oscar Cabral)
Chico foi um militante do politicamente incorreto, décadas antes do surgimento desse conceito. Debochou de feios, de gays, de gente burra, de pais de santo, e também de seus colegas de rádio e TV
São muitas as maneiras possíveis para definir quem foi Chico Anysio. A que menos faz justiça à abrangência de sua obra é o habitual “humorista”. O termo “sociólogo do riso”, cunhado pelo jornal O Globo em 1973, é uma muito boa tentativa. Mas ainda é pobre para dar conta de um talento multifacetado, que ao longo de 63 anos de carreira arrancou gargalhadas de gerações de brasileiros pobres, remediados e ricos, intelectuais e analfabetos.
O cearense de Maranguape Francisco Anysio Vianna de Oliveira Paula Filho, morto às 14h52m desta sexta-feira, aos 80 anos, foi um iconoclasta. Sua postura crítica não conhecia limites. Seu humor espicaçou a ditadura militar e invadiu a democracia denunciando a corrupção.
Na galeria de tipos cômicos criados por ele, é possível detectar vergonhas nacionais como o coronelismo, o populismo, o analfabetismo. Mas sua obra não se limita a temas “sérios”.
Ao contrário. Chico foi um militante do politicamente incorreto, décadas antes do surgimento desse conceito. Debochou de feios, de gays, de gente burra, de pais de santo, e também de seus colegas de rádio e TV. E passeou com desenvoltura por uma gama de personagens (209, de acordo com seu site) que iam do humor mais sutil ao mais escrachado.
Chico Anysio estava afastado da TV Globo, onde só fazia participações esparsas em Zorra Total, e não escondia sua mágoa. Mas o ostracismo recente não lhe roubou um lugar único na história da TV: nenhum outro expoente do humor – nem mesmo Jô Soares e Renato Aragão – teve reinado mais longo e inconteste na emissora de maior audiência no país. Por extensão, nenhum outro humorista exerceu tanta influência sobre os brasileiros quanto Chico Anysio.
Chico Anysio estava internado desde o dia 5 de dezembro no hospital Samaritano, no Rio. Ele chegou com infecção urinária. Recebeu alta no dia 21 de dezembro de 2011, mas voltou a ser internado no dia seguinte por causa de uma hemorragia intestinal. O quadro evoluiu para uma pneumonia. A causa de sua morte foi uma parada respiratório e falência múltipla dos órgãos, decorrente do choque séptico causado pela infecção pulmonar.
No começo de 2011, Chico passou três meses hospitalizado por causa de dores no peito. Na ocasião, ele foi submetido a uma angioplastia para desobstrução de artéria, seguida de uma traqueostomia e uma endoscopia.
Galeria: Confira imagens dos personagens mais marcantes criados por Chico Anysio
Personagens - Entre o começo dos anos 70 e a década de 90, ele criou personagens e bordões incorporados à memória do Brasil. O deputado Justo Veríssimo (“Quero que pobre se exploda!”), o pai de santo Painho (“Affe! Eu tô morta!), Pantaleão (“É mentira, Terta?”), Bozó (“E-eu trabalho na Globo, tá legal?”) fazem parte dessa galeria, composta também por Bento Carneiro, o vampiro brasileiro, o malandro Azambuja, o boleiro atrapalhado Coalhada, o funcionário público Nazareno e o Baiano, sátira dos músicos saídos da Bahia que fizeram sucesso nos anos 1960 e 1970. Boa parte deles apresentada ao público entre 1973 e 1980, durante o programa, o primeiro de longa duração da carreira televisiva de Chico que teve início em 1957 com o programa Noite de Gala, da TV Rio. Onze anos depois, em 1968, o humorista entraria para o elenco da Globo. Entre 1982 e 1990, ele apresentou o Chico Anysio Show.
Nenhum de seus personagens foi tão marcante e longevo quanto o professor Raymundo, criado por Haroldo Barbosa na rádio Mayrink Veiga em 1950. Em vez de “E o salário, ó...”, que o marcou na TV Globo, o catedrático terminava a atração com o bordão “Vai comendo, Raymundo. Quem mandou tu vim do norte?”. Dali por diante, o personagem ficou sendo dele. Barbosa lhe deu o direito de utilizá-lo onde e como quisesse. Na Globo, o personagem, que participaria de diversos programas, estreou em Balança, Mas Não Cai, dirigido por Lucio Mauro.
No início, o mestre submetia seus alunos a sabatinas. A partir de 1974, no Chico City, passou a dar aulas. Mais adiante, em 1991, ganhou uma escola – a Escolinha do Professor Raimundo, sucesso absoluto entre 1991 e 1992. Ali, foram revelados talentos como Tom Cavalcante, e resgatados artistas da velha guarda, como Walter d´Ávila (1911-1996). “Duas falas para cada um e estava resolvido”, dizia Chico.
Nessa época, Chico Anysio era campeão incontestável de audiência. Mas já começava a perder prestígio. Quando o assunto era o futuro do humor na TV Globo, ele era considerado representante do velho humor, e não mais conseguia impor seus pontos de vista à geração que surgiu e se afirmou naquele período, como o pessoal da TV Pirata e do Casseta & Planeta. Frustrado na expectativa de ocupar um cargo de supervisor de humor, passou a se expressar de forma amarga e ressentida em relação à emissora. "O diretor que exerce a função que almejei é o Guel Arraes", declarou.
Início - A atuação como humorista começou em um show de calouros – onde Chico imitou as vozes de 32 famosos, fazendo piada com cada um, e ficou atrás apenas de Silvio Santos, que mais tarde viria a ser o dono do canal SBT. Ganhou 150.000 réis, que se converteram em uma bicicleta, entregue como presente para o irmão Zelito, sete anos mais novo. O comediante passou a ganhar todos os programas de calouros do Rio, e tornou-se convidado proibido nessas atrações.
Ele seguiria então para São Paulo, onde também venceria todos os desafios. Mais uma vez vetado nos programas, chegou a pensar em ser advogado criminalista, quando apareceu um teste para humorista da rádio Guanabara, onde Anysio estrearia como comediante em 1949. “Perdi a minha chance de ser um Tarcísio Meira”, brincou ele.
Chico tinha 15 anos de idade quando se mudou para o Rio de Janeiro, depois que a empresa de ônibus de seu pai faliu. Seu sonho era ser jogador de futebol. Uma tarde, quando foi em casa buscar o par de tênis que havia se esquecido de levar para uma partida com amigos, encontrou a irmã Lupe saindo para um teste na rádio Guanabara.
Ele deixou o futebol de lado e seguiu com a irmã. Fez dois testes, um para rádio-ator e outro para locutor. Foi aprovado em ambos. Artista completo, escrevia os textos que interpretava. No rádio, além das estações Guanabara e da Mayrink Veiga, o humorista trabalhou nas rádios Clube de Pernambuco e Clube do Brasil. Também escreveu e atuou em cinema – com papéis em chanchadas da Atlântida – e se aventurou pela literatura e pela pintura.
Seus últimos trabalhos, além de Zorra Total, foram em Malhação e Caminho das Índias. Na minissérie Dercy de Verdade, Chico virou personagem, e foi interpretado por seu filho Nizo Netto.
Chico Anysio deixa esposa, a empresária Malga Di Paula, sete filhos de seis casamentos – entre eles o comediante Bruno Mazzeo, do casamento com a ex-modelo e atriz Alcione Mazzeo, o adotivo André Lucas, e Rodrigo e Vitória, da união com a ex-ministra Zélia Cardoso de Mello.
ÓDIO NA INTERNET
Os alvos de Melo, que já foi considerado “semi-imputável”: cristãos, judeus, negros, mulheres, homossexuais e crianças!!!
Na VEJA Online:
A Polícia Federal (PF) pôs fim nesta quinta-feira a sete anos de atividade criminosa de Marcelo Valle Silveira Melo, de 26 anos. Preso por pregar a intolerância e fazer ameaças em um site, ele era uma figura conhecida na internet por espalhar as mais terríveis mensagens. Melo passou de provocador inconsequente a um perigoso disseminador do ódio. Ele se valia da internet para passar uma imagem de superioridade que, na vida real, lhe faltava. Na rede, o garoto sem amigos se transformava em “Psycl0n”, ou “Ash Ketchum”.
A trajetória criminosa de Melo teve início em 2005, quando ele publicou uma sequência de ofensas contra negros em um fórum da Universidade de Brasília (UnB) no site de relacionamentos Orkut. Foi processado e condenado, em 2009, a um ano e dois meses de prisão. Recorreu da decisão e não passou um dia sequer na cadeia. Dois anos antes da condenação, em entrevista ao site Campus Online, da UnB, disse que foi mal compreendido: “Eu queria criticar o sistema de cotas, fazer uma ironia de como ele é injusto. Jamais ser racista, como estão dizendo por aí.”
Não era verdade: nos anos seguintes, Melo aprofundou seu arsenal de ofensas e ampliou o leque das vítimas. Os negros eram “macacos subdesenvolvidos”. As mulheres, merecedoras de estupro. Para os homossexuais, ele pregava o extermínio. Esquerdistas, cristãos, judeus e crianças também eram alvo de ataques. Ele distribuía ameaças de morte e, aos poucos, passou a concentrar suas mensagens no site www.silviokoerich.org, motivador da prisão. Até então, ele mudava frequentemente o veículo usado para divulgar suas ideias, o que dificultava o rastreamento.
Formado em Ciência da Computação pela Universidade Católica de Brasília, Melo também era um hacker habilidoso - e gostava de alardear sua capacidade de fraudar cartões de crédito.
Isolado, o jovem seria provavelmente apenas um desajustado inofensivo. Mas, na web, encontrou colegas que compartilhavam sua insanidade - como Emerson Eduardo Rodrigues, o paranaense que também foi preso pela Polícia Federal nesta quinta-feira.
Origem
Filho de uma funcionária do Serviço de Processamento de Dados (Serpro) da Presidência, Melo perdeu o pai ainda criança. Vivia em um apartamento confortável na Asa Norte, bairro central de Brasília.
No colégio onde estudou, era alvo de piadas por causa do sobrepeso e por se encaixar no estereótipo de “nerd”.
A vida sem sobressaltos financeiros lhe permitiu uma viagem ao Japão, país pelo qual era aficionado. Quando postou mensagens racistas em um fórum da UnB na internet, ele havia acabado de ser aprovado no curso de Letras - Japonês, que abandonou em seguida.
O jovem chegou a se submeter a tratamento psiquiátrico. Na primeira condenação, Melo teve a pena abrandada porque o juiz o considerou semi-imputável (apenas parcialmente consciente das consequências de seus atos). Após a sentença, passou a debochar também da Justiça “Fui condenado a três anos de liberdade”, postou. Intensificou as ameaças: por mais de uma vez, prometeu promover um massacre na Universidade de Brasília.
Seu principal alvo eram alunos das Ciências Humanas. Ele teria escolhido até a arma para o crime: o fuzil israelense Uzi - o mesmo usado pelo estudante que matou 32 pessoas na universidade Virginia Tech, nos Estados Unidos, em 2007. Melo é alvo de quase dez queixas na Polícia Civil do Distrito Federal, uma delas por agredir a mãe. Também responde a um segundo processo por racismo, aberto em 2011.
A defesa alegava insanidade mental, o que deve se repetir agora, com as novas acusações. Ao manter o site que levou à sua prisão, o pregador do ódio desdenhou também da Polícia Federal. Deve pagar o preço pelos próximos anos.
23 de março de 2012
Reinaldo Azevedo
Na VEJA Online:
A Polícia Federal (PF) pôs fim nesta quinta-feira a sete anos de atividade criminosa de Marcelo Valle Silveira Melo, de 26 anos. Preso por pregar a intolerância e fazer ameaças em um site, ele era uma figura conhecida na internet por espalhar as mais terríveis mensagens. Melo passou de provocador inconsequente a um perigoso disseminador do ódio. Ele se valia da internet para passar uma imagem de superioridade que, na vida real, lhe faltava. Na rede, o garoto sem amigos se transformava em “Psycl0n”, ou “Ash Ketchum”.
A trajetória criminosa de Melo teve início em 2005, quando ele publicou uma sequência de ofensas contra negros em um fórum da Universidade de Brasília (UnB) no site de relacionamentos Orkut. Foi processado e condenado, em 2009, a um ano e dois meses de prisão. Recorreu da decisão e não passou um dia sequer na cadeia. Dois anos antes da condenação, em entrevista ao site Campus Online, da UnB, disse que foi mal compreendido: “Eu queria criticar o sistema de cotas, fazer uma ironia de como ele é injusto. Jamais ser racista, como estão dizendo por aí.”
Não era verdade: nos anos seguintes, Melo aprofundou seu arsenal de ofensas e ampliou o leque das vítimas. Os negros eram “macacos subdesenvolvidos”. As mulheres, merecedoras de estupro. Para os homossexuais, ele pregava o extermínio. Esquerdistas, cristãos, judeus e crianças também eram alvo de ataques. Ele distribuía ameaças de morte e, aos poucos, passou a concentrar suas mensagens no site www.silviokoerich.org, motivador da prisão. Até então, ele mudava frequentemente o veículo usado para divulgar suas ideias, o que dificultava o rastreamento.
Formado em Ciência da Computação pela Universidade Católica de Brasília, Melo também era um hacker habilidoso - e gostava de alardear sua capacidade de fraudar cartões de crédito.
Isolado, o jovem seria provavelmente apenas um desajustado inofensivo. Mas, na web, encontrou colegas que compartilhavam sua insanidade - como Emerson Eduardo Rodrigues, o paranaense que também foi preso pela Polícia Federal nesta quinta-feira.
Origem
Filho de uma funcionária do Serviço de Processamento de Dados (Serpro) da Presidência, Melo perdeu o pai ainda criança. Vivia em um apartamento confortável na Asa Norte, bairro central de Brasília.
No colégio onde estudou, era alvo de piadas por causa do sobrepeso e por se encaixar no estereótipo de “nerd”.
A vida sem sobressaltos financeiros lhe permitiu uma viagem ao Japão, país pelo qual era aficionado. Quando postou mensagens racistas em um fórum da UnB na internet, ele havia acabado de ser aprovado no curso de Letras - Japonês, que abandonou em seguida.
O jovem chegou a se submeter a tratamento psiquiátrico. Na primeira condenação, Melo teve a pena abrandada porque o juiz o considerou semi-imputável (apenas parcialmente consciente das consequências de seus atos). Após a sentença, passou a debochar também da Justiça “Fui condenado a três anos de liberdade”, postou. Intensificou as ameaças: por mais de uma vez, prometeu promover um massacre na Universidade de Brasília.
Seu principal alvo eram alunos das Ciências Humanas. Ele teria escolhido até a arma para o crime: o fuzil israelense Uzi - o mesmo usado pelo estudante que matou 32 pessoas na universidade Virginia Tech, nos Estados Unidos, em 2007. Melo é alvo de quase dez queixas na Polícia Civil do Distrito Federal, uma delas por agredir a mãe. Também responde a um segundo processo por racismo, aberto em 2011.
A defesa alegava insanidade mental, o que deve se repetir agora, com as novas acusações. Ao manter o site que levou à sua prisão, o pregador do ódio desdenhou também da Polícia Federal. Deve pagar o preço pelos próximos anos.
23 de março de 2012
Reinaldo Azevedo
INFILTRADOS FORAM A CHAVE NO GOLPE ÀS FARC
Trabalhos de Inteligência preparando a "Operação Faraó", que terminou com 33 guerrilheiros mortos iniciou em dezembro.
Uma ação de infiltração na qual participaram várias pessoas e um trabalho de Inteligência de dois meses levaram as Forças Armadas e a Polícia colombianas ao golpe mais contundente contra as FARC em Arauca (departamento ao norte da Colômbia, fronteiriço com a Venezuela), em que morreram 33 narcoguerrilheiros e outros dois foram capturados, sendo um destes o subcomandante da Frente 10 da narcoquadrilha. (Leia mais detalhes sobre essa operação)
Por volta de uma hora da madrugada de quarta feira (21/3) foi desencadeada a 'Operação Faraó", que é o primeiro resultado do "Plano Espada de Honra", a nova estratégia contra a guerrilha - planejada pelo Ministro Juan Carlos Pinzón - que consiste no emprego de grupos especializados das Forças Armadas em objetivos militares bem definidos. Assim, antes os objetivos eram os membros do secretariado das FARC, agora são os chefes de nível médio, com importância estrutural para o grupo criminoso.
A operação, segundo os líderes militares, não se deu em resposta ao ataque das FARC ocorrido no fim de semana passado em Arauca, quando morreram 11 militares, mas já estava previamente planejada.
A Frente 10 das FARC havia sido restruturada há um ano, quando o narcoguerrilheiro conhecido como "Efrén", da confiança de "Mono Jojoy", assumiu o comando substituindo "Grannobles", irmão de "Jojoy", acusado de arbitrariedades contra a população civil e aos próprios guerrilheiros.
Em dezembro passado, informes dos infiltrados começaram a identificar as linhas de abastecimento do grupo, comandado por Juan Vicente Carvajal, vulgo "Misael", ferido e preso no dia 21.
Na continuação, os trabalhos de Inteligência se voltaram para a localização exata do acampamento golpeado e as rotinas dos guerrilheiros. Esses trabalhos foram realizados, de forma coordenada, pelo Exército e pela Polícia.
Os desmandos de "Misael" também contribuíram. Nos últimos meses havia se dedicado a intimidar a população civil com exigências de dinheiro. O golpe final iniciou na noite de terça-feira.
O acampamento foi localizado em Águas Claras, município de ARAUQUITA (Arauca). À uma da madrugada, os Super Tucanos da Força Aérea (FAC), com apoio de helicópteros Arpía, bombardearam o lugar.
Cinco minutos depois ocorreu o desembarque das tropas especiais da Brigada Móvel nº 5. "Foi uma operação de precisão cirúrgica, que mostra o treinamento e a capacidade dos pilotos da Força Aérea e das tropas de superfície, que tomaram o lugar de maneira rápida", assinalou o General Tito Saúl Pinilla, Comandante da FAC.
Segundo as fontes militares, logo após o desembarque e de uma inspeção visual, os soldados contabilizaram, além dos 32 guerrilheiros mortos, quatro lançagranadas, três morteiros, uma metralhadora, dois computadores e 31 fuzís. "Também achamos uma motocicleta bomba pronta para ser detonada, seguramente em alguma população próxima", disse o General Pinilla.
Posteriormente, em Nota à Imprensa, foi informado que o material apreendido durante a operação corresponde a 35 fuzis, seis pistolas, cerca de oito mil cartuchos, 41 granadas de morteiro de 40 mm, 21 granadas de morteiro de 60 mm, 250 estopins elétricos, 18 minas tipo ‘tatuco’, um lançafoguetes antitanque, um morteiro tipo comando, uma submetralhadora, um lançagranadas, uma carabina, uma granada de mão e 500 metros de estopim. Além de 31 coletes, 32 equipamentos falsificados, dois computadoras e dois radio scanner.
A Força Tarefa "Quirom", encarregada da operação, foi ativada pelo Presidente Juan Manuel Santos em dezembro passado e teve como primeiro objetivo reorganizar as unidades militares.
Segundo o Comandante do Exército, General Sergio Mantilla, esta operação desestabiliza estrategicamente a estrutura mais poderosa do Bloco ABC (Arauca, Boyacá, Casanare) das FARC. As estruturas de Arauca haviam sido quase impenetráveis desde os anos 90, quando deslocaram o ELN e tiraram a hegemonia da Frente Domingo Laín dessa guerrilha.
Os capturados
Vicente Carvajal Isidro, vulgo "Misael"- Juan
Este homem, segundo em mando da Frente 10 das FARC - que no sábado passado (17/3) matou 11 soldados em um ataque - controlava as extorsões a empresas petroleiras em Arauca e a comerciantes em ambos lados da linha fronteiriça com a Venezuela. Tem 42 anos e levava 24 nas FARC. É requerido para extradição aos Estados Unidos. Na Colômbia enfrenta um processo por rebelião, terrorismo, concerto para delinquir, porte ilegal de armas e narcotráfico.
- Miguel Pérez Ramírez, vulgo "Indio Gonzalo"
Era o encarregado da cobrança de extorsões contra comerciantes e transportadores da zona de Arauquita e era o chefe de milicias das FARC nessa zona do país. Segundo o Exército, o 'Indio Gonzalo' está há 21 anos nas FARC. A Polícia informou que este guerrilheiro participou nos ataques a Miraflores, El Billar e Puerto Rico.
As outras frentes da zona
Com o golpe recebido pela Frente 10 das FARC en Arauca, a guerrilha foi reduzida no departamento, porém não tanto para considerá-la acabada. Segundo o General Ernesto Maldonado Guarnizo, Comandante da Oitava Divisão de Exército, da Frente 10 restariam uns 130 insurgentes.
Da Frente 45, que também opera en Arauca, restariam 25, e das Frentes 38 e 28, que delinquem em departamentos vizinhos e eventualmente ingressam na região, há 14 e 20, respectivamente.
A Frente 10 se move entre Arauquita, Fortul, Tame e Arauca. A Frente 45, sob o comando de 'Antonio Pescador', tem sua jurisdição no municipio de Tame. As Frentes 28 e 38, comandadas respectivamente por 'Alberto Guevara' e 'Guillermo Duarte Piragua', tem influencia em Tame.
23 de março de 2012
Fonte: tradução livre de El Tiempo e do Exército Colombiano
Uma ação de infiltração na qual participaram várias pessoas e um trabalho de Inteligência de dois meses levaram as Forças Armadas e a Polícia colombianas ao golpe mais contundente contra as FARC em Arauca (departamento ao norte da Colômbia, fronteiriço com a Venezuela), em que morreram 33 narcoguerrilheiros e outros dois foram capturados, sendo um destes o subcomandante da Frente 10 da narcoquadrilha. (Leia mais detalhes sobre essa operação)
Por volta de uma hora da madrugada de quarta feira (21/3) foi desencadeada a 'Operação Faraó", que é o primeiro resultado do "Plano Espada de Honra", a nova estratégia contra a guerrilha - planejada pelo Ministro Juan Carlos Pinzón - que consiste no emprego de grupos especializados das Forças Armadas em objetivos militares bem definidos. Assim, antes os objetivos eram os membros do secretariado das FARC, agora são os chefes de nível médio, com importância estrutural para o grupo criminoso.
A operação, segundo os líderes militares, não se deu em resposta ao ataque das FARC ocorrido no fim de semana passado em Arauca, quando morreram 11 militares, mas já estava previamente planejada.
A Frente 10 das FARC havia sido restruturada há um ano, quando o narcoguerrilheiro conhecido como "Efrén", da confiança de "Mono Jojoy", assumiu o comando substituindo "Grannobles", irmão de "Jojoy", acusado de arbitrariedades contra a população civil e aos próprios guerrilheiros.
Em dezembro passado, informes dos infiltrados começaram a identificar as linhas de abastecimento do grupo, comandado por Juan Vicente Carvajal, vulgo "Misael", ferido e preso no dia 21.
Na continuação, os trabalhos de Inteligência se voltaram para a localização exata do acampamento golpeado e as rotinas dos guerrilheiros. Esses trabalhos foram realizados, de forma coordenada, pelo Exército e pela Polícia.
Os desmandos de "Misael" também contribuíram. Nos últimos meses havia se dedicado a intimidar a população civil com exigências de dinheiro. O golpe final iniciou na noite de terça-feira.
O acampamento foi localizado em Águas Claras, município de ARAUQUITA (Arauca). À uma da madrugada, os Super Tucanos da Força Aérea (FAC), com apoio de helicópteros Arpía, bombardearam o lugar.
Cinco minutos depois ocorreu o desembarque das tropas especiais da Brigada Móvel nº 5. "Foi uma operação de precisão cirúrgica, que mostra o treinamento e a capacidade dos pilotos da Força Aérea e das tropas de superfície, que tomaram o lugar de maneira rápida", assinalou o General Tito Saúl Pinilla, Comandante da FAC.
Segundo as fontes militares, logo após o desembarque e de uma inspeção visual, os soldados contabilizaram, além dos 32 guerrilheiros mortos, quatro lançagranadas, três morteiros, uma metralhadora, dois computadores e 31 fuzís. "Também achamos uma motocicleta bomba pronta para ser detonada, seguramente em alguma população próxima", disse o General Pinilla.
Posteriormente, em Nota à Imprensa, foi informado que o material apreendido durante a operação corresponde a 35 fuzis, seis pistolas, cerca de oito mil cartuchos, 41 granadas de morteiro de 40 mm, 21 granadas de morteiro de 60 mm, 250 estopins elétricos, 18 minas tipo ‘tatuco’, um lançafoguetes antitanque, um morteiro tipo comando, uma submetralhadora, um lançagranadas, uma carabina, uma granada de mão e 500 metros de estopim. Além de 31 coletes, 32 equipamentos falsificados, dois computadoras e dois radio scanner.
A Força Tarefa "Quirom", encarregada da operação, foi ativada pelo Presidente Juan Manuel Santos em dezembro passado e teve como primeiro objetivo reorganizar as unidades militares.
Segundo o Comandante do Exército, General Sergio Mantilla, esta operação desestabiliza estrategicamente a estrutura mais poderosa do Bloco ABC (Arauca, Boyacá, Casanare) das FARC. As estruturas de Arauca haviam sido quase impenetráveis desde os anos 90, quando deslocaram o ELN e tiraram a hegemonia da Frente Domingo Laín dessa guerrilha.
Os capturados
Vicente Carvajal Isidro, vulgo "Misael"- Juan
Este homem, segundo em mando da Frente 10 das FARC - que no sábado passado (17/3) matou 11 soldados em um ataque - controlava as extorsões a empresas petroleiras em Arauca e a comerciantes em ambos lados da linha fronteiriça com a Venezuela. Tem 42 anos e levava 24 nas FARC. É requerido para extradição aos Estados Unidos. Na Colômbia enfrenta um processo por rebelião, terrorismo, concerto para delinquir, porte ilegal de armas e narcotráfico.
- Miguel Pérez Ramírez, vulgo "Indio Gonzalo"
Era o encarregado da cobrança de extorsões contra comerciantes e transportadores da zona de Arauquita e era o chefe de milicias das FARC nessa zona do país. Segundo o Exército, o 'Indio Gonzalo' está há 21 anos nas FARC. A Polícia informou que este guerrilheiro participou nos ataques a Miraflores, El Billar e Puerto Rico.
As outras frentes da zona
Com o golpe recebido pela Frente 10 das FARC en Arauca, a guerrilha foi reduzida no departamento, porém não tanto para considerá-la acabada. Segundo o General Ernesto Maldonado Guarnizo, Comandante da Oitava Divisão de Exército, da Frente 10 restariam uns 130 insurgentes.
Da Frente 45, que também opera en Arauca, restariam 25, e das Frentes 38 e 28, que delinquem em departamentos vizinhos e eventualmente ingressam na região, há 14 e 20, respectivamente.
A Frente 10 se move entre Arauquita, Fortul, Tame e Arauca. A Frente 45, sob o comando de 'Antonio Pescador', tem sua jurisdição no municipio de Tame. As Frentes 28 e 38, comandadas respectivamente por 'Alberto Guevara' e 'Guillermo Duarte Piragua', tem influencia em Tame.
23 de março de 2012
Fonte: tradução livre de El Tiempo e do Exército Colombiano
MOSCOU, SARCÁSTICA, SOBRE O AFEGANISTÃO DE OBAMA
A entrevista exclusiva que o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, concedeu ao canal de televisão Tolonews (e que foi ao ar no domingo à noite) será atentamente analisada em todas as chancelarias do mundo – tanto em termos do conteúdo quanto em termos da oportunidade. O pensamento dos russos sobre a situação afegã e multidimensional.
Pode-se dizer que ali se misturam memória e prazer, porque os EUA estão hoje em situação comparável à que a União Soviética vivia na última metade dos anos 80. A principal diferença é que Moscou não inflige qualquer dor aos EUA, em retaliação ao que Washington fez para sangrar o Exército Vermelho durante a Jihad afegã. Mas, ao mesmo tempo, veem-se risinhos bem humanos em Moscou, ante as voltas que a História dá.
Um traço forte do pensamento estratégico russo é a lógica gélida, além do realismo e de um pragmatismo que jamais descuida dos interesses nacionais. E, nesse caso, os EUA estão lutando a guerra dos russos contra o radicalismo e o terrorismo islamista – não importa se intencionalmente ou contra vontade. O que interessa à Rússia é erradicar os elementos extremistas perniciosos que ameaçam a estabilidade da Ásia Central a qual, lógico, é “o subventre macio” e mais vulnerável da Rússia.
Moscou constata, deliciada, que o ocidente está tomando conta dessa importante questão, que economiza muitos recursos russos que, não fossem as coisas como são, teriam de ser investidos nesse front.
A Rússia sempre calcula os rublos que tenha no bolso – bolcheviques em discussões incendiárias por fúteis questões ideológicas são exceção tola na história russa; e, depois deles, a história retomou o curso sobre o Volga. Assim sendo, se e quando Moscou dará algum apoio ao esforço de guerra de EUA e OTAN é questão que, compulsivamente, se trata em termos comerciais.
Diferente do efervescente general Pervez Musharraf, que concorda espontânea e entusiasticamente em oferecer rotas aéreas pelo espaço paquistanês, portos e rodovias por terras e mares, para o transporte ad infinitum de suprimentos para a OTAN, Moscou insiste em cobrar de Bruxelas gordos impostos de passagem. E, se a OTAN quer helicópteros russos para o esforço de guerra, não haverá problema algum, desde que Bruxelas pague. A Rússia já firmou até um contrato de prestação de serviços com a OTAN, para reparos e manutenção dos helicópteros.
Alguma coisa desse realismo inabalável e sem vacilações bem deveria ser muito admirada por paquistaneses (e indianos), admirada e copiada. A Índia, ao que parece, gastou mais de 1 bilhão de dólares no desenvolvimento da infraestrutura afegã. Mas, como Lavrov diz na entrevista, a disposição dos russos para reparar, consertar ou reconstruir a estrada (e túnel) Salaang (vital, como elo de comunicação entre o sul e o norte do Afeganistão) depende completamente de encontrarem-se outros financiadores para o projeto, apesar de a estrada e o túnel Salaang terem sido originalmente construídos pelos soviéticos e de Moscou conservar os desenhos e projetos daquela deslumbrante maravilha da engenharia. (Sugiro uma caminhada por dentro do túnel, como fiz uma vez, pelos 2,6 km de extensão do Salaang. Há até dutos de oxigênio, muito necessários naquela altitude de 4.000 m)
Bem, obviamente Moscou lastima que os EUA, que estão sem dinheiro, tenham resolvido que “chega!” e estejam inclinados a zarpar o mais rapidamente possível do Afeganistão. Lavrov diz enfaticamente e sem piscar, que EUA e OTAN têm de cumprir o mandado que o Conselho de Segurança lhes deu, e que não podem sair de lá enquanto não houver estabilização alguma; e que nada justifica a retirada dos soldados em prazos definidos por “transição” ao longo de 2013, ou algum fim de alguma “missão de combate” em 2014.
Para quem assista de longe, é como se Lavrov tivesse traçando o projeto para a OTAN, como se a Rússia fosse membro da OTAN. E isso significaria que Moscou, de repente, virou entusiasta da guerra – como se vê na Índia, a qual mais entusiasmada impossível, com a guerra liderada pelos EUA?
Claro que não. Minha impressão é que Lavrov está perfeitamente consciente de que Barack Obama sempre decidirá a favor do que indiquem, exclusivamente, os interesses dos EUA; e, naquela dada situação, o que interessa aos EUA é livrar-se logo, de algum modo, daquela guerra inútil, que drena os recursos dos EUA e pesa como um albatroz no pescoço dos EUA, impedindo que prossiga sua marcha imperial de ataque a todos os recursos globais comuns.
A questão, portanto, é por que Lavrov disse que a “missão de combate” tem de continuar. Em minha opinião – de quem observa há muito tempo as circunvoluções do pensamento de Lavrov –, ele está, exclusivamente, chamando a atenção de todo o mundo para a contradição fundamental que há nas políticas dos EUA: de um lado, dizem que já não há necessidade de “missão de combate”, e, por isso, sairão de lá até 2014; mas, simultaneamente, insistem em que é necessário permanecer lá… nas bases militares, até muito depois de 2014.
De fato, a Rússia já entendeu – e está furiosa com isso – que os EUA estejam convertendo a guerra do Afeganistão em álibi, no movimento para instalar uma plataforma, com a qual os EUA contam para continuar a perseguir seus ‘alvos’ globais.
É geopolítica, estúpido! De fato, Lavrov não poupa palavras em oposição ao plano de jogo dos EUA, para instalar bases militares no Afeganistão. Moscou vê claramente que Obama anseia por conseguir alinhavar algum pacto estratégico com Karzai antes da reunião de cúpula da OTAN em Chicago. Quer dizer: Moscou estima que esteja próxima a hora de a onça beber água.
Parte substanciosa da entrevista de Lavrov tem por objeto a questão da reconciliação nacional no Afeganistão. O pensamento russo, parece, flui do seguinte modo:
A) Moscou não se oporá à reconciliação com os Talibãs como tal.
B) Mas Moscou quer que a reconciliação seja parte de um processo intra-afegãos.
C) Moscou desaprova os contatos clandestinos entre EUA e os Talibãs e a total falta de transparência de todo o processo.
D) Por outro lado, Moscou apoia Karzai – e pode-se pressupor que esteja sendo encorajada pela decidida disposição do presidente afegão de cuidar da própria vida e encontrar caminho próprio.
E) A coisa toda deve andar na direção de um acordo inclusivo, que acomode os vários grupos afegãos.
F) Gente de fora deve ter participação mínima, como meros facilitadores.
Interessante. Lavrov não fez qualquer crítica, direta ou indireta, ao Paquistão. Nem defendeu qualquer papel especial para a Rússia nem, sequer, para a Organização de Cooperação de Xangai. Não parece esperar qualquer rápida estabilização no Afeganistão.
Sem dúvida, Moscou planeja manter o problema afegão como uma espécie de referência, no “reset” das relações EUA-Rússia. A Rússia tem algumas vantagens aqui, e planeja servir-se delas. Exemplo mais recente e espantoso disso é a Rússia ter oferecido Ulyanovsk como armazém de passagem para transporte de suprimentos para a OTAN.
MK Bhadrakumar (Indian Punchline)
23 de março de 2012
Pode-se dizer que ali se misturam memória e prazer, porque os EUA estão hoje em situação comparável à que a União Soviética vivia na última metade dos anos 80. A principal diferença é que Moscou não inflige qualquer dor aos EUA, em retaliação ao que Washington fez para sangrar o Exército Vermelho durante a Jihad afegã. Mas, ao mesmo tempo, veem-se risinhos bem humanos em Moscou, ante as voltas que a História dá.
Um traço forte do pensamento estratégico russo é a lógica gélida, além do realismo e de um pragmatismo que jamais descuida dos interesses nacionais. E, nesse caso, os EUA estão lutando a guerra dos russos contra o radicalismo e o terrorismo islamista – não importa se intencionalmente ou contra vontade. O que interessa à Rússia é erradicar os elementos extremistas perniciosos que ameaçam a estabilidade da Ásia Central a qual, lógico, é “o subventre macio” e mais vulnerável da Rússia.
Moscou constata, deliciada, que o ocidente está tomando conta dessa importante questão, que economiza muitos recursos russos que, não fossem as coisas como são, teriam de ser investidos nesse front.
A Rússia sempre calcula os rublos que tenha no bolso – bolcheviques em discussões incendiárias por fúteis questões ideológicas são exceção tola na história russa; e, depois deles, a história retomou o curso sobre o Volga. Assim sendo, se e quando Moscou dará algum apoio ao esforço de guerra de EUA e OTAN é questão que, compulsivamente, se trata em termos comerciais.
Diferente do efervescente general Pervez Musharraf, que concorda espontânea e entusiasticamente em oferecer rotas aéreas pelo espaço paquistanês, portos e rodovias por terras e mares, para o transporte ad infinitum de suprimentos para a OTAN, Moscou insiste em cobrar de Bruxelas gordos impostos de passagem. E, se a OTAN quer helicópteros russos para o esforço de guerra, não haverá problema algum, desde que Bruxelas pague. A Rússia já firmou até um contrato de prestação de serviços com a OTAN, para reparos e manutenção dos helicópteros.
Alguma coisa desse realismo inabalável e sem vacilações bem deveria ser muito admirada por paquistaneses (e indianos), admirada e copiada. A Índia, ao que parece, gastou mais de 1 bilhão de dólares no desenvolvimento da infraestrutura afegã. Mas, como Lavrov diz na entrevista, a disposição dos russos para reparar, consertar ou reconstruir a estrada (e túnel) Salaang (vital, como elo de comunicação entre o sul e o norte do Afeganistão) depende completamente de encontrarem-se outros financiadores para o projeto, apesar de a estrada e o túnel Salaang terem sido originalmente construídos pelos soviéticos e de Moscou conservar os desenhos e projetos daquela deslumbrante maravilha da engenharia. (Sugiro uma caminhada por dentro do túnel, como fiz uma vez, pelos 2,6 km de extensão do Salaang. Há até dutos de oxigênio, muito necessários naquela altitude de 4.000 m)
Bem, obviamente Moscou lastima que os EUA, que estão sem dinheiro, tenham resolvido que “chega!” e estejam inclinados a zarpar o mais rapidamente possível do Afeganistão. Lavrov diz enfaticamente e sem piscar, que EUA e OTAN têm de cumprir o mandado que o Conselho de Segurança lhes deu, e que não podem sair de lá enquanto não houver estabilização alguma; e que nada justifica a retirada dos soldados em prazos definidos por “transição” ao longo de 2013, ou algum fim de alguma “missão de combate” em 2014.
Para quem assista de longe, é como se Lavrov tivesse traçando o projeto para a OTAN, como se a Rússia fosse membro da OTAN. E isso significaria que Moscou, de repente, virou entusiasta da guerra – como se vê na Índia, a qual mais entusiasmada impossível, com a guerra liderada pelos EUA?
Claro que não. Minha impressão é que Lavrov está perfeitamente consciente de que Barack Obama sempre decidirá a favor do que indiquem, exclusivamente, os interesses dos EUA; e, naquela dada situação, o que interessa aos EUA é livrar-se logo, de algum modo, daquela guerra inútil, que drena os recursos dos EUA e pesa como um albatroz no pescoço dos EUA, impedindo que prossiga sua marcha imperial de ataque a todos os recursos globais comuns.
A questão, portanto, é por que Lavrov disse que a “missão de combate” tem de continuar. Em minha opinião – de quem observa há muito tempo as circunvoluções do pensamento de Lavrov –, ele está, exclusivamente, chamando a atenção de todo o mundo para a contradição fundamental que há nas políticas dos EUA: de um lado, dizem que já não há necessidade de “missão de combate”, e, por isso, sairão de lá até 2014; mas, simultaneamente, insistem em que é necessário permanecer lá… nas bases militares, até muito depois de 2014.
De fato, a Rússia já entendeu – e está furiosa com isso – que os EUA estejam convertendo a guerra do Afeganistão em álibi, no movimento para instalar uma plataforma, com a qual os EUA contam para continuar a perseguir seus ‘alvos’ globais.
É geopolítica, estúpido! De fato, Lavrov não poupa palavras em oposição ao plano de jogo dos EUA, para instalar bases militares no Afeganistão. Moscou vê claramente que Obama anseia por conseguir alinhavar algum pacto estratégico com Karzai antes da reunião de cúpula da OTAN em Chicago. Quer dizer: Moscou estima que esteja próxima a hora de a onça beber água.
Parte substanciosa da entrevista de Lavrov tem por objeto a questão da reconciliação nacional no Afeganistão. O pensamento russo, parece, flui do seguinte modo:
A) Moscou não se oporá à reconciliação com os Talibãs como tal.
B) Mas Moscou quer que a reconciliação seja parte de um processo intra-afegãos.
C) Moscou desaprova os contatos clandestinos entre EUA e os Talibãs e a total falta de transparência de todo o processo.
D) Por outro lado, Moscou apoia Karzai – e pode-se pressupor que esteja sendo encorajada pela decidida disposição do presidente afegão de cuidar da própria vida e encontrar caminho próprio.
E) A coisa toda deve andar na direção de um acordo inclusivo, que acomode os vários grupos afegãos.
F) Gente de fora deve ter participação mínima, como meros facilitadores.
Interessante. Lavrov não fez qualquer crítica, direta ou indireta, ao Paquistão. Nem defendeu qualquer papel especial para a Rússia nem, sequer, para a Organização de Cooperação de Xangai. Não parece esperar qualquer rápida estabilização no Afeganistão.
Sem dúvida, Moscou planeja manter o problema afegão como uma espécie de referência, no “reset” das relações EUA-Rússia. A Rússia tem algumas vantagens aqui, e planeja servir-se delas. Exemplo mais recente e espantoso disso é a Rússia ter oferecido Ulyanovsk como armazém de passagem para transporte de suprimentos para a OTAN.
MK Bhadrakumar (Indian Punchline)
23 de março de 2012
A "TRANSPOSIÇÃO" DA CARAVANA DA CACHAÇADA PARA A CARAVANA DA VERDADE
Há pouco mais de um mês, Dilma Rousseff esteve no semiárido nordestino. Afirmou, na ocasião, que foi lá para garantir que as obras da transposição do rio São Francisco andariam. Foram palavras ao vento: a situação continua tão ruim quanto estava, com o agravante de que, neste meio tempo, o governo espetou mais R$ 2,65 bilhões na conta do empreendimento.
A transposição é um dos mais gritantes equívocos em série promovidos pela gestão petista. Seu custo não para de escalar, seus benefícios são duvidosos, sua viabilidade é questionável. É o que a caravana formada por parlamentares do PSDB, do DEM e do PPS poderá conferir in loco hoje no Ceará.
A transposição começou custando R$ 4,8 bilhões. Escalou a R$ 6,8 bilhões em julho passado e agora decolou para R$ 8,2 bilhões. Ou seja, ficou 71% mais cara - sem, contudo, fazer chegar uma gota d'água ao semiárido, conforme mostra hoje O Estado de S.Paulo.
O governo alega que a forte demanda sobre a construção civil e a construção pesada pressionou os valores dos contratos. Mas, no mesmo período em que o preço da transposição quase dobrou, os custos da construção civil só subiram cerca de 7%, tanto no Nordeste quanto na média do país.
No primeiro exercício de Dilma, nove dos 12 lotes do empreendimento chegaram a parar. Para retomar as obras, o governo apelou para o "jeitinho" - o mesmo no qual Aldo Rebelo aposta para o Brasil não fazer feio nas obras da Copa.
Como os aditivos esbarravam no teto legal de 25%, foram criados seis novos contratos, perfazendo mais R$ 2,65 bilhões a serem gastos em obras que já deveriam ter sido cobertas pelos contratos atuais, como mostrou o Jornal do Commercio há dez dias. Os "resíduos" mais caros estão no Eixo Norte, com uma soma de R$ 1,9 bilhão.
Uma das reais razões para o inchaço dos contratos é que, no afã eleitoral, as obras foram tocadas apenas com base em projetos básicos - isto é, pouco mais do que rascunhos e intuição.
Na dura realidade do semiárido, as construtoras depararam-se com situações muito diferentes do que estava no papel - levando, inclusive, a acidentes como o desmoronamento de parte do túnel de Cuncas, que com seus 15 km corta a divisa entre Ceará e Paraíba, em abril de 2011 - e tiveram de tirar o pé do acelerador.
Vedetes do PAC, hoje as obras da transposição estão mesmo é praticamente em ponto morto. 2011 marcou o pior ano de execução do empreendimento, com avanço de apenas 5%. Dos R$ 1,3 bilhão reservados no Orçamento da União do ano passado, apenas 13% foram executados.
Não há mais chance de Dilma inaugurar a transposição integralmente, segundo o próprio balanço oficial do PAC divulgado no início do mês. O eixo norte, que deveria ficar pronto neste ano, tem apenas 19% executados. Na melhor das hipóteses, só será concluído em dezembro de 2015. O leste, prometido para 2010, tem 48% de execução e previsão de término no último mês da gestão Dilma - num claro indício de que a data estimada é fajuta.
A população não foi enganada apenas por custos e cronogramas irreais: o discurso oficial de que a transposição resolverá o problema de abastecimento de água da população do semiárido também é falso.
Apenas 4% da água desviada será usada para consumo humano, mostrou Washington Novaes n'O Estado de S.Paulo: "Desde o estudo de impacto ambiental, foi afirmado que 70% da água transposta iria para irrigação em grandes projetos de exportação, 26% para uso industrial".
Enquanto isso, iniciativas bem-sucedidas de abastecimento humano, como a construção de cisternas de concreto para armazenar água de chuva, foram escanteadas pelo governo federal. A meta, definida por uma coligação de ONGs, a Articulação do Semiárido, era chegar a 1 milhão, mas só 30% foram feitas.
Para piorar, a gestão petista anunciou recentemente que pretende passar a adotar cisternas de plástico, que simplesmente estorricam sob o calor nordestino e custam cinco vezes mais.
Em 2009, já no clima de vale-tudo que moveria o PT na campanha eleitoral, Dilma Rousseff aboletou-se ao lado de Lula para protagonizar a "caravana da transposição". Já naquela época, o teatro ficou evidente.
Agora, caravanas bem mais verdadeiras servirão para mostrar o que, de fato, está acontecendo no país: uma realidade bem diferente do discurso oficial. E tristemente pior.
23 de março de 2012
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
A transposição é um dos mais gritantes equívocos em série promovidos pela gestão petista. Seu custo não para de escalar, seus benefícios são duvidosos, sua viabilidade é questionável. É o que a caravana formada por parlamentares do PSDB, do DEM e do PPS poderá conferir in loco hoje no Ceará.
A transposição começou custando R$ 4,8 bilhões. Escalou a R$ 6,8 bilhões em julho passado e agora decolou para R$ 8,2 bilhões. Ou seja, ficou 71% mais cara - sem, contudo, fazer chegar uma gota d'água ao semiárido, conforme mostra hoje O Estado de S.Paulo.
O governo alega que a forte demanda sobre a construção civil e a construção pesada pressionou os valores dos contratos. Mas, no mesmo período em que o preço da transposição quase dobrou, os custos da construção civil só subiram cerca de 7%, tanto no Nordeste quanto na média do país.
No primeiro exercício de Dilma, nove dos 12 lotes do empreendimento chegaram a parar. Para retomar as obras, o governo apelou para o "jeitinho" - o mesmo no qual Aldo Rebelo aposta para o Brasil não fazer feio nas obras da Copa.
Como os aditivos esbarravam no teto legal de 25%, foram criados seis novos contratos, perfazendo mais R$ 2,65 bilhões a serem gastos em obras que já deveriam ter sido cobertas pelos contratos atuais, como mostrou o Jornal do Commercio há dez dias. Os "resíduos" mais caros estão no Eixo Norte, com uma soma de R$ 1,9 bilhão.
Uma das reais razões para o inchaço dos contratos é que, no afã eleitoral, as obras foram tocadas apenas com base em projetos básicos - isto é, pouco mais do que rascunhos e intuição.
Na dura realidade do semiárido, as construtoras depararam-se com situações muito diferentes do que estava no papel - levando, inclusive, a acidentes como o desmoronamento de parte do túnel de Cuncas, que com seus 15 km corta a divisa entre Ceará e Paraíba, em abril de 2011 - e tiveram de tirar o pé do acelerador.
Vedetes do PAC, hoje as obras da transposição estão mesmo é praticamente em ponto morto. 2011 marcou o pior ano de execução do empreendimento, com avanço de apenas 5%. Dos R$ 1,3 bilhão reservados no Orçamento da União do ano passado, apenas 13% foram executados.
Não há mais chance de Dilma inaugurar a transposição integralmente, segundo o próprio balanço oficial do PAC divulgado no início do mês. O eixo norte, que deveria ficar pronto neste ano, tem apenas 19% executados. Na melhor das hipóteses, só será concluído em dezembro de 2015. O leste, prometido para 2010, tem 48% de execução e previsão de término no último mês da gestão Dilma - num claro indício de que a data estimada é fajuta.
A população não foi enganada apenas por custos e cronogramas irreais: o discurso oficial de que a transposição resolverá o problema de abastecimento de água da população do semiárido também é falso.
Apenas 4% da água desviada será usada para consumo humano, mostrou Washington Novaes n'O Estado de S.Paulo: "Desde o estudo de impacto ambiental, foi afirmado que 70% da água transposta iria para irrigação em grandes projetos de exportação, 26% para uso industrial".
Enquanto isso, iniciativas bem-sucedidas de abastecimento humano, como a construção de cisternas de concreto para armazenar água de chuva, foram escanteadas pelo governo federal. A meta, definida por uma coligação de ONGs, a Articulação do Semiárido, era chegar a 1 milhão, mas só 30% foram feitas.
Para piorar, a gestão petista anunciou recentemente que pretende passar a adotar cisternas de plástico, que simplesmente estorricam sob o calor nordestino e custam cinco vezes mais.
Em 2009, já no clima de vale-tudo que moveria o PT na campanha eleitoral, Dilma Rousseff aboletou-se ao lado de Lula para protagonizar a "caravana da transposição". Já naquela época, o teatro ficou evidente.
Agora, caravanas bem mais verdadeiras servirão para mostrar o que, de fato, está acontecendo no país: uma realidade bem diferente do discurso oficial. E tristemente pior.
23 de março de 2012
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
O NOVO RITO DA MEDIDA PROVISÓRIA
Pelo novo rito, Medida Provisória não vigora antes de dois meses, em média.
O Senado Federal e a Câmara dos Deputados se preparam para instalar, na próxima segunda-feira (26), a primeira comissão mista para análise de medidas provisórias após decisão nesse sentido do Supremo Tribunal Federal (STF).
O processo foi desencadeado com a edição da MP 562/12 pela presidente Dilma Rousseff, publicada na última quarta-feira (21), e que, entre outras medidas na área de educação, destina recursos do Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica) para instituições comunitárias que atuam na educação rural.
Calendário de tramitação da MP 562/12:
•Instalação da comissão mista: 24 horas após a designação de sua composição;
•Emendas: até 27 de março;
•Prazo para análise da Câmara: até 17 de abril de 2012;
•Recebimento previsto no Senado: 17 de abril de 2012;
•Prazo para análise no Senado: de 18 de abril a 1º de maio;
•Data para o Senado devolver a MP emendada à Câmara: dia 1º de maio;
•Prazo para revisão das emendas pela Câmara: de 2 a 4 de maio;
•Regime de urgência com obstrução da pauta de votações: a partir do dia 5 maio (46º dia de tramitação da MP 562/12);
•Prazo final para votação pelo Congresso: 19 de maio.
A democracia, sem dúvida alguma, ficou bem melhor no Brasil. E os senhores parlamentares vão ter que trabalhar mais, o que é ótimo para o país.
23 de março de 2012
coroneLeaks
O Senado Federal e a Câmara dos Deputados se preparam para instalar, na próxima segunda-feira (26), a primeira comissão mista para análise de medidas provisórias após decisão nesse sentido do Supremo Tribunal Federal (STF).
O processo foi desencadeado com a edição da MP 562/12 pela presidente Dilma Rousseff, publicada na última quarta-feira (21), e que, entre outras medidas na área de educação, destina recursos do Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica) para instituições comunitárias que atuam na educação rural.
Calendário de tramitação da MP 562/12:
•Instalação da comissão mista: 24 horas após a designação de sua composição;
•Emendas: até 27 de março;
•Prazo para análise da Câmara: até 17 de abril de 2012;
•Recebimento previsto no Senado: 17 de abril de 2012;
•Prazo para análise no Senado: de 18 de abril a 1º de maio;
•Data para o Senado devolver a MP emendada à Câmara: dia 1º de maio;
•Prazo para revisão das emendas pela Câmara: de 2 a 4 de maio;
•Regime de urgência com obstrução da pauta de votações: a partir do dia 5 maio (46º dia de tramitação da MP 562/12);
•Prazo final para votação pelo Congresso: 19 de maio.
A democracia, sem dúvida alguma, ficou bem melhor no Brasil. E os senhores parlamentares vão ter que trabalhar mais, o que é ótimo para o país.
23 de março de 2012
coroneLeaks
UMA VELA PARA DEUS E OUTRA PARA O DIABO
Vamos recordar: o Brasil é um país de quase 200 milhões de habitantes. Abriga duas espécie de bípedes: as pessoas e os políticos.
As pessoas são seres humanos animados, erectos e despolitizados; os políticos são entes quase sempre invertebrados, que se apóiam em duas pernas, andam em bandos, partidos, ou facções predatórias e vorazes, a tal ponto de se comerem uns aos outros.
Essa rebordosa que se dá hoje no Congresso Nacional, des/encontro da Câmara com o Senado, é só uma histórica demonstração de maus costumes, de maus hábitos, de malfeitos. Coisa de malfeitores. Paganismo oceânico num mar de lama que busunta a pátria das pessoas, entulhadas até à alma pela marolinha que emporcalha o país.
Veja bem, a bancada evangélica que se sente à vontade no Congresso, grande casa de tolerância nacional, combate - porque Deus é fiel - o consumo de bebida alcoólica durante os jogos da Copa de 2014. Jura que não quer aborto, jogatina, cigarro, crack, drogas & rock'n roll, o kit gay, a união homossexual, namoriscos entre travestís, o adultério, a trairagem, as pernas de fora, os decotes convidativos e uma centena de pecadilhos mortais.
Pois não é que os evangelicais parlamentares agora se entregam de corpo e alma à prática explícita da chantagem?!? Só votarão a favor da tal Lei Geral da Copa que a Fifa acertou com a pandilha de Lula, lá em Genebra na boa e velha Suiça se, em troca, levarem ministérios, cargos, salários e mordomias estatais.
Reprodução
É assim que eles acendem uma vela pra Deus e outra pro diabo.
Tratam da coisa como se apenas propina em dinheiro corrente paga aos "gestores de compras" dos organismos estatais fosse coisa de corruptos e corruptores.
Para eles que vivem de dízimos e trízimos em suas igrejas de esquina, cargos, mordomias, ministérios e bocas-ricas da coisa pública, a extorsão descarada não têm nada a ver com moeda sonante de compra e venda.
Eles não se julgam os vendilhões do templo da democracia brasileira. Só se darão conta de que são malfeitores de malfeitos continuados e impuros quando começarem a levar chibatadas. O diabo é que Cristo já não vive por aqui e nem Deus continua sequer sendo brasileiro.
Chibatada em político vai tem que ser mesmo coisa de pessoas - espécie bípede, erecta, boa, humana e singelamente justa que ainda habita o Brasil.
23 de março de 2012
sanatório da notícia
As pessoas são seres humanos animados, erectos e despolitizados; os políticos são entes quase sempre invertebrados, que se apóiam em duas pernas, andam em bandos, partidos, ou facções predatórias e vorazes, a tal ponto de se comerem uns aos outros.
Essa rebordosa que se dá hoje no Congresso Nacional, des/encontro da Câmara com o Senado, é só uma histórica demonstração de maus costumes, de maus hábitos, de malfeitos. Coisa de malfeitores. Paganismo oceânico num mar de lama que busunta a pátria das pessoas, entulhadas até à alma pela marolinha que emporcalha o país.
Veja bem, a bancada evangélica que se sente à vontade no Congresso, grande casa de tolerância nacional, combate - porque Deus é fiel - o consumo de bebida alcoólica durante os jogos da Copa de 2014. Jura que não quer aborto, jogatina, cigarro, crack, drogas & rock'n roll, o kit gay, a união homossexual, namoriscos entre travestís, o adultério, a trairagem, as pernas de fora, os decotes convidativos e uma centena de pecadilhos mortais.
Pois não é que os evangelicais parlamentares agora se entregam de corpo e alma à prática explícita da chantagem?!? Só votarão a favor da tal Lei Geral da Copa que a Fifa acertou com a pandilha de Lula, lá em Genebra na boa e velha Suiça se, em troca, levarem ministérios, cargos, salários e mordomias estatais.
Reprodução
É assim que eles acendem uma vela pra Deus e outra pro diabo.
Tratam da coisa como se apenas propina em dinheiro corrente paga aos "gestores de compras" dos organismos estatais fosse coisa de corruptos e corruptores.
Para eles que vivem de dízimos e trízimos em suas igrejas de esquina, cargos, mordomias, ministérios e bocas-ricas da coisa pública, a extorsão descarada não têm nada a ver com moeda sonante de compra e venda.
Eles não se julgam os vendilhões do templo da democracia brasileira. Só se darão conta de que são malfeitores de malfeitos continuados e impuros quando começarem a levar chibatadas. O diabo é que Cristo já não vive por aqui e nem Deus continua sequer sendo brasileiro.
Chibatada em político vai tem que ser mesmo coisa de pessoas - espécie bípede, erecta, boa, humana e singelamente justa que ainda habita o Brasil.
23 de março de 2012
sanatório da notícia
GUANTÂNAMO PODE! MASMORRAS CUBANAS NÃO!
Senadores não querem interferir nas masmorras cubanas onde presos de consciência morrem de fome. Mas querem soltar os terroristas de Guantânamo.
Alguém ouviu falar de que esposas de presos políticos estejam sendo espancadas todos os domingos em Washington como ocorre com as Damas de Blanco em Havana?
Alguém ouviu falar que presos políticos morram em greve de fome em presídios americanos como morrem nas masmorras cubanas? Alguém ouviu falar que os americanos estejam proibidos de sair do país pelos militares como acontece com os cubanos?
Ontem a Comissão de Relações Exteriores do Senado do Brasil aprovou uma resolução pedindo que os Estados Unidos da América suspendam o embargo econômico contra Cuba, que fechem as portas de Guantânamo e que liberem cinco terroristas cubanos presos naquele país. E rejeitaram uma resolução que pedia que Cuba libertasse centenas de presos políticos e permitisse que os seus cidadãos pudessem entrar e sair livremente do seu próprio país.
É compreensível que os senadores brasileiros tenham agido assim. Os Estados Unidos da América, por serem uma democracia, aceitam com naturalidade todas as críticas. Podem fazer resoluções à vontade, pois aquele é um país livre.
Já Cuba, que é uma ditadura assassina e sanguinária, mantida em cima da diáspora de milhões de cubanos e de dinheiro a fundo perdido repassado pelo Brasil, poderia considerar tal pleito uma ofensa, como definiu Fernando Collor de Mello, senador alagoano e ex-presidente impichado, que preside a Comissão.
23 de março de 2012
coroneLeaks
Alguém ouviu falar de que esposas de presos políticos estejam sendo espancadas todos os domingos em Washington como ocorre com as Damas de Blanco em Havana?
Alguém ouviu falar que presos políticos morram em greve de fome em presídios americanos como morrem nas masmorras cubanas? Alguém ouviu falar que os americanos estejam proibidos de sair do país pelos militares como acontece com os cubanos?
Ontem a Comissão de Relações Exteriores do Senado do Brasil aprovou uma resolução pedindo que os Estados Unidos da América suspendam o embargo econômico contra Cuba, que fechem as portas de Guantânamo e que liberem cinco terroristas cubanos presos naquele país. E rejeitaram uma resolução que pedia que Cuba libertasse centenas de presos políticos e permitisse que os seus cidadãos pudessem entrar e sair livremente do seu próprio país.
É compreensível que os senadores brasileiros tenham agido assim. Os Estados Unidos da América, por serem uma democracia, aceitam com naturalidade todas as críticas. Podem fazer resoluções à vontade, pois aquele é um país livre.
Já Cuba, que é uma ditadura assassina e sanguinária, mantida em cima da diáspora de milhões de cubanos e de dinheiro a fundo perdido repassado pelo Brasil, poderia considerar tal pleito uma ofensa, como definiu Fernando Collor de Mello, senador alagoano e ex-presidente impichado, que preside a Comissão.
23 de março de 2012
coroneLeaks
CORRUPÇÃO NA CABEÇA, INVERTIDO E DE PRIMEIRO AO QUINTO
Gravações da Polícia Federal revelam que o senador Demóstenes Torres (GO), líder do DEM no Senado, pediu dinheiro e vazou informações de reuniões oficiais a Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, acusado de chefiar a exploração ilegal de jogos em Goiás.
Relatório com as gravações e outros graves indícios foi enviado à Procuradoria Geral da República em 2009, mas o chefe da instituição, Roberto Gurgel, não tomou qualquer providência para esclarecer o caso. O documento aponta ainda ligações comprometedoras entre os deputados Carlos Leréia (PSDB-GO) e João Sandes Júnior (PP-GO) com Cachoeira.
O relatório, produzido três anos antes da deflagração da Operação Monte Carlo, escancara os vínculos entre Demóstenes e Cachoeira. Numa das gravações, feitas com autorização judicial, Demóstenes pede para Cachoeira “pagar uma despesa dele com táxi-aéreo no valor de R$ 3 mil”. Em outro trecho do relatório, elaborado com base nas gravações, os investigadores informam que o senador fez “confidências” a Cachoeira sobre reuniões reservadas que teve no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. Parlamentar influente, Demóstenes costuma participar de importantes discussões, sobretudo aquelas relacionadas a assuntos de segurança pública.
O relatório revela ainda que desde 2009 Demóstenes usava um rádio Nextel (tipo de telefone) “habilitado nos Estados Unidos” para manter conversas secretas com Cachoeira. Segundo a polícia, os contatos entre os dois eram “frequentes”.
A informação reapareceu nas investigações da Monte Carlo. Para autoridades que acompanham o caso de perto, esse é mais um indicativo de que as relações do senador com Cachoeira foram mantidas, mesmo depois da primeira investigação criminal sobre o assunto. O documento expõe também a proximidade entre Cachoeira e os deputados Leréia e Sandes Júnior
23 de março de 2012
Relatório com as gravações e outros graves indícios foi enviado à Procuradoria Geral da República em 2009, mas o chefe da instituição, Roberto Gurgel, não tomou qualquer providência para esclarecer o caso. O documento aponta ainda ligações comprometedoras entre os deputados Carlos Leréia (PSDB-GO) e João Sandes Júnior (PP-GO) com Cachoeira.
O relatório, produzido três anos antes da deflagração da Operação Monte Carlo, escancara os vínculos entre Demóstenes e Cachoeira. Numa das gravações, feitas com autorização judicial, Demóstenes pede para Cachoeira “pagar uma despesa dele com táxi-aéreo no valor de R$ 3 mil”. Em outro trecho do relatório, elaborado com base nas gravações, os investigadores informam que o senador fez “confidências” a Cachoeira sobre reuniões reservadas que teve no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. Parlamentar influente, Demóstenes costuma participar de importantes discussões, sobretudo aquelas relacionadas a assuntos de segurança pública.
O relatório revela ainda que desde 2009 Demóstenes usava um rádio Nextel (tipo de telefone) “habilitado nos Estados Unidos” para manter conversas secretas com Cachoeira. Segundo a polícia, os contatos entre os dois eram “frequentes”.
A informação reapareceu nas investigações da Monte Carlo. Para autoridades que acompanham o caso de perto, esse é mais um indicativo de que as relações do senador com Cachoeira foram mantidas, mesmo depois da primeira investigação criminal sobre o assunto. O documento expõe também a proximidade entre Cachoeira e os deputados Leréia e Sandes Júnior
23 de março de 2012
MUTIRÃO DA DEFESA SELETIVA: A DEFENSORIA PÚBLICA DE SP E A IGUALDADE JURÍDICA
Mutirão da defesa seletiva: a Defensoria Pública de SP e a igualdade jurídica
Artigos - Direito
Num contexto de revolução cultural, como o que se vê no Brasil, a desconstrução e a ressignificação da igualdade jurídica correspondem a uma degradação do direito e prenunciam um novo totalitarismo.
A atuação seletiva da Defensoria Pública de São Paulo voltada a defender o “casal” gay mostra a aplicação prática de um direito sombrio que está sendo gestado na academia.
A igualdade jurídica fundamenta uma série de dispositivos legais e justifica ações positivas do Estado para garanti-la. Ela é indispensável para a justiça e para a manutenção da democracia representativa.
A Constituição Federal de 1988 consagra no seu art. 5º a igualdade de todos perante a lei e no inciso LIV do mesmo artigo estabelece que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Para garantir que o inciso LIV do art. 5º não se restringisse às pessoas com poder aquisitivo suficiente para pagar advogados para defendê-las, a Constituição prescreveu que “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos” (art.5º, LXXIV), criando com isso a obrigação para a União e para os Estados-membros de legislarem sobre essa assistência jurídica gratuita e, na medida do possível, criarem, dentro de suas competências, Defensorias Públicas, para prestar orientação jurídica e defender, em todos os graus, os necessitados (art. 134 da Constituição).
Tendo em vista que a atuação da Defensoria Pública é custeada com dinheiro público, a instituição não pode fazer acepção entre os necessitados que deve orientar e defender. Portanto, convém mostrar e refletir sobre uma estranha atuação dessa instituição...
No dia 07 de março de 2012 o website Band.com.br noticiou que uma criança tinha sido agredida por um casal homossexual. Segue abaixo a notícia:
Uma criança foi agredida por um casal homossexual na zona norte de São Paulo. Quem levou a criança ao hospital foi a faxineira da casa.
De acordo com ela, o casal homossexual dizia que a criança morava com a mãe na Bahia e que ela tinha cedido a guarda do menino para eles.
Na última sexta feira, a trabalhadora percebeu que a criança estava com febre e como o casal não estava, a faxineira o levou para casa. Durante o banho do garoto, ele contou que estava com muita dor.
A mulher levou o menino para o hospital, onde o menino deu entrada com desidratação, desnutrição, broncopneumonia e tinha marcas de agressão pelo corpo.
[...]
A vítima passou por exames de ultrassom e raio-x, mas não tinha nenhuma lesão grave. O garoto contou para a faxineira que sofria maus tratos e abuso sexual.
A ocorrência foi registrada no 13º DP e o Conselho Tutelar foi acionado.
O que aqui se pretende destacar é um detalhe específico mostrado numa reportagem do programa Brasil Urgente do dia 10 de março de 2012, que abordou o mesmo caso, trazendo novas informações, tais como o fato do garoto maltratado ter apenas cinco anos e principalmente a designação de quatro defensores públicos para acompanhar o caso (confira aqui a matéria, a partir dos 02:00). O acompanhamento do caso por quatro defensores públicos, conforme se pode ver na reportagem, chamou a atenção do delegado, que disse:
“Em trinta e quatro anos de polícia, esse é o primeiro caso na minha carreira que eu vejo que a Defensoria Pública vem acompanhar dois indivíduos que estão sendo investigados e...com quatro integrantes [...]”.
Os estudiosos do direito costumam identificar três tipos históricos de sistemas processuais penais, a saber: o inquisitório, o acusatório e o misto. O sistema inquisitório trazia a figura do juiz inquisidor, investigador, produtor de provas, e era marcado por um déficit de contraditório e de ampla defesa. Já o sistema acusatório é caracterizado pelo actum trium personarum, ou seja, pela presença de três pólos envolvidos no processo (o acusador, o defensor e o juiz), e também pelo apego ao contraditório e à ampla defesa. Por fim, os processualistas lembram que há também um sistema misto, no qual se distinguem duas fases: uma inquisitorial e outra acusatória, sendo que a primeira é representada pelo inquérito policial (sem contraditório e ampla defesa) e a segunda pelo processo penal (com contraditório e ampla defesa).
O Código de Processo Penal brasileiro (CPP) adotou o sistema misto. Em que pese alguns juristas sustentarem que com a Constituição o sistema tornou-se plenamente acusatório, o inquérito nunca deixou de ser um procedimento inquisitorial, de natureza administrativa e não processual (1).
No ordenamento jurídico pátrio uma pessoa só poderá ser condenada se for devidamente processada. Acontece que, em regra, antes de se iniciar uma ação penal contra uma pessoa, é realizado um inquérito policial, no qual, reitere-se, não há contraditório nem ampla defesa. Isso não significa dizer que um advogado nada pode fazer pelo seu cliente nessa fase. A atuação de um advogado no inquérito pode ser significativa. No entanto, o acompanhamento do inquérito por um advogado só efetivamente ocorre quando esse é pago para isso. Defensores públicos não costumam atuar durante o inquérito.
Um sujeito investigado pela polícia ser acompanhado por um defensor público é um fenômeno raro. Embora a Defensoria Pública, hipoteticamente, sempre tenha podido acompanhar investigados pela polícia, a realidade é que a instituição só costuma aparecer em cena na ação penal (processo).
No entanto, a Lei Complementar nº 132/2009 (LC 132), transformou a possibilidade de uma atuação mais ampla da Defensoria Pública durante o inquérito policial numa verdadeira função institucional.
A LC 132 informou diretamente a elaboração da Lei nº 12.403/2011, que trouxe mudanças ao CPP, dentre as quais o §4o do art. 289-A, que diz que se o preso autuado não informar o nome de seu advogado, a Defensoria Pública deverá ser comunicada. Cumpre destacar que o § 4º do art. 289-A traz somente o vocábulo “preso”, sem distinguir o tipo de prisão que deve ser comunicada à Defensoria Pública. Assim, a função de acompanhar inquéritos é reforçada quando se trata de investigado preso.
Mas quais foram e quais serão as consequências da função de acompanhar inquéritos atribuída à Defensoria Pública pela LC 132 e pela Lei nº 12.403/2011? Passou a ser comum a presença de defensores públicos nas delegacias para acompanhar a investigação de suspeitos? As inovações não esbarram na falta de estrutura e de recursos? Embora faltem estudos sobre os efeitos concretos da formalização dessa nova função da Defensoria Pública, o fato é que o simples espanto do delegado diante da presença de defensores públicos acompanhando um inquérito policial permite dizer que, na prática, ainda é incomum ver defensores públicos frequentando delegacias.
É previsível que para o caso em tela as inovações legislativas supramencionadas venham a ser invocadas para dizer que a Defensoria Pública do Estado de São Paulo está apenas cumprindo suas funções institucionais, mormente pelo fato de os suspeitos terem sido presos preventivamente, mas o que justifica tanto cuidado para com esse “casal”?
Apesar da raridade, não deve ter sido a primeira vez que a Defensoria Pública atua num inquérito policial, mas será que alguma outra vez a instituição demonstrou tamanho zelo?
A presença de quatro defensores públicos para acompanhar a investigação dos suspeitos homossexuais é um fruto tardio dos “avanços” (2) institucionais e legislativos verificados no Brasil e no Estado de São Paulo.
Paralelamente à elaboração do PNDH-II (3) (mas antes da implementação do mesmo), o Estado de São Paulo, sob a gestão do então governador Geraldo Alckmin (PSDB), tornou-se o primeiro Estado da federação a promulgar uma lei destinada especificamente a penalizar administrativamente a prática de discriminação em razão de orientação sexual: a Lei Estadual nº 10.948/2001. Com o objetivo de implementar essa lei, firmou-se, em 24 de outubro de 2007, um acordo entre a Defensoria Pública de São Paulo, a Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado e a Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual da Prefeitura de São Paulo.
Dessa forma, no Estado de São Paulo, dois gays investigados serem assistidos por um defensor público é algo absolutamente previsível e potencialmente justo, pois tal assistência pode ser destinada a todos os suspeitos que não possam pagar por um advogado. Entretanto, quando se vê quatro defensores acompanhando um inquérito policial não há como não sentir um estranhamento e não sentir a necessidade de refletir sobre o caso.
O acompanhamento dos gays por quatro defensores transcende o exercício das funções da Defensoria Pública e vai além até mesmo do acordo que a instituição firmou com a Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado e a Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual da Prefeitura de São Paulo. Trata-se de uma atuação voltada a proteger não os gays investigados pelo fato de serem investigados, mas sim a proteger os investigados pelo fato de serem gays.
Não obstante, é lícito cogitar que a atuação da Defensoria Pública de São Paulo destina-se também proteger a agenda do movimento gay dos impactos negativos que a eventual condenação de um “casal” gay pode trazer. Ademais, a atuação da Defensoria Pública de São Paulo se mostra assentada num amplo programa de resignificação dos direitos humanos e de modificação e esvaziamento do campo semântico que lastreia a democracia brasileira.
Ser assistido por um defensor público, quando não se tem recursos para custear um advogado, é um direito de todo cidadão, seja ele heterossexual, homossexual, bissexual, etc. Ser assistido por quatro defensores públicos já é ser beneficiado por um desvio de finalidade; é ter para si um privilégio; é ser favorecido por uma afronta à igualdade jurídica.
Por meio do PNDH-II tucano, do PNDH-III petista, do PLC 122/2006 e da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) elaborada pela Comissão Especial de Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), os GLBTT[...] estão paulatinamente se tornando uma classe de pessoas diferenciadas, uma espécie de supercasta de sujeitos que não podem ser simplesmente protegidos pelas leis em vigor no país - que já preveem punição aos que cometem homicídio, agressão física, ou ofendem a honra de alguém (arts. 121, 129, 138 e ss. do Código Penal) -, mas devem ter uma proteção especial, ainda que às expensas dos direitos e liberdades civis dos demais cidadãos.
A simples existência de projetos como o PLC 122/2006 já evidencia a desconstrução da noção histórica de igualdade jurídica. A atuação da Defensoria Pública de São Paulo no presente caso do “casal” gay só vem a mostrar que uma nova perspectiva de igualdade jurídica, já ressignificada pela revolução cultural, está sendo implementada.
No atual cenário acadêmico, a igualdade jurídica é vista com um desdém pedantesco. Há até quem diga que ela é uma mera formalidade destinada a ocultar as desigualdades reais e que, portanto, não vale muita coisa. Apesar disso, os engenheiros sociais sabem que não é possível acabar com a igualdade jurídica. Pega mal tirá-la do papel. É mais fácil ressignificá-la.
O caso que aqui se abordou significa muita coisa para ideia de igualdade jurídica no âmbito do sistema penal, pois ele indica uma preferência da Defensoria Pública de São Paulo pelo público gay, pois mesmo sendo raríssimo se ver defensores públicos cuidando de sujeitos investigados pela polícia, foram mobilizados nada menos que quatro defensores para orientar e defender o “casal”. Contudo, o caso não pode ser visto apenas dentro âmbito penal.
Quando inserido num contexto marcado pelo surgimento de programas que constroem novos direitos humanos sob novas perspectivas e pela criação de leis que visam cercear a liberdade de expressão e a liberdade religiosa dos cristãos, o caso assume uma importância ímpar para a manutenção do que resta de liberdade e democracia no Brasil.
Mexer com a igualdade jurídica implica subverter o campo semântico (4) que define a democracia representativa contemporânea.
Na lição de Robert Alan Dahl, uma democracia só existe e se desenvolve se há uma lógica da igualdade que permita que os membros de uma comunidade se reconheçam como iguais (5). A lógica da igualdade não versa de outra igualdade senão a jurídica. Sem a igualdade jurídica, a titularidade do poder, o fundamento da democracia, resta distorcido.
Num contexto de revolução cultural, como o que se vê no Brasil, a desconstrução e a ressignificação da igualdade jurídica correspondem a uma degradação do direito e prenunciam um novo totalitarismo, no qual só os grupos escolhidos pelo Estado terão representação política, amparo legal, participação no espaço público e, doravante, quem sabe, assistência jurídica gratuita em mutirão.
A atuação seletiva da Defensoria Pública de São Paulo voltada a defender o “casal” gay mostra a aplicação prática de um direito sombrio que está sendo gestado na academia. Por ser uma atuação muito escandalosa, talvez a instituição não se arrisque a repeti-la. Se a defesa seletiva em mutirão se tornará ou não uma tendência só o tempo poderá dizer.
De qualquer forma, é preciso que todos fiquem vigilantes para que esse tipo de atuação da Defensoria Pública seja denunciada e criticada publicamente.
Uma das funções implícitas da Defensoria Pública é assegurar a igualdade jurídica aos mais desfavorecidos. Dar suporte à revolução cultural não é exercício de função destinado a promover a igualdade; é desserviço à justiça e à democracia.
Notas:
1 - Processo e procedimento são coisas distintas.
2 - O vocábulo ‘avanço’ é mantra usado de forma fetichista pelos engenheiros sociais e seus seguidores.
3 - O PNDH – II – tucano - já trazia propostas voltadas ao combate à “homofobia” (v.g. propostas 241 e 244 do programa).
4 - A definição de um termo como a democracia implica a definição de outros termos a ela conexos. Uma definição de democracia tem de comportar a cadeia de significados que a caracterizam.
5 - DAHL, Robert Alan. Sobre a democracia. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2009, p. 20.
23 de março de 2012
Saulo de Tarso Manriquez é mestre em Direito pela PUC-PR.
Artigos - Direito
Num contexto de revolução cultural, como o que se vê no Brasil, a desconstrução e a ressignificação da igualdade jurídica correspondem a uma degradação do direito e prenunciam um novo totalitarismo.
A atuação seletiva da Defensoria Pública de São Paulo voltada a defender o “casal” gay mostra a aplicação prática de um direito sombrio que está sendo gestado na academia.
A igualdade jurídica fundamenta uma série de dispositivos legais e justifica ações positivas do Estado para garanti-la. Ela é indispensável para a justiça e para a manutenção da democracia representativa.
A Constituição Federal de 1988 consagra no seu art. 5º a igualdade de todos perante a lei e no inciso LIV do mesmo artigo estabelece que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Para garantir que o inciso LIV do art. 5º não se restringisse às pessoas com poder aquisitivo suficiente para pagar advogados para defendê-las, a Constituição prescreveu que “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos” (art.5º, LXXIV), criando com isso a obrigação para a União e para os Estados-membros de legislarem sobre essa assistência jurídica gratuita e, na medida do possível, criarem, dentro de suas competências, Defensorias Públicas, para prestar orientação jurídica e defender, em todos os graus, os necessitados (art. 134 da Constituição).
Tendo em vista que a atuação da Defensoria Pública é custeada com dinheiro público, a instituição não pode fazer acepção entre os necessitados que deve orientar e defender. Portanto, convém mostrar e refletir sobre uma estranha atuação dessa instituição...
No dia 07 de março de 2012 o website Band.com.br noticiou que uma criança tinha sido agredida por um casal homossexual. Segue abaixo a notícia:
Uma criança foi agredida por um casal homossexual na zona norte de São Paulo. Quem levou a criança ao hospital foi a faxineira da casa.
De acordo com ela, o casal homossexual dizia que a criança morava com a mãe na Bahia e que ela tinha cedido a guarda do menino para eles.
Na última sexta feira, a trabalhadora percebeu que a criança estava com febre e como o casal não estava, a faxineira o levou para casa. Durante o banho do garoto, ele contou que estava com muita dor.
A mulher levou o menino para o hospital, onde o menino deu entrada com desidratação, desnutrição, broncopneumonia e tinha marcas de agressão pelo corpo.
[...]
A vítima passou por exames de ultrassom e raio-x, mas não tinha nenhuma lesão grave. O garoto contou para a faxineira que sofria maus tratos e abuso sexual.
A ocorrência foi registrada no 13º DP e o Conselho Tutelar foi acionado.
O que aqui se pretende destacar é um detalhe específico mostrado numa reportagem do programa Brasil Urgente do dia 10 de março de 2012, que abordou o mesmo caso, trazendo novas informações, tais como o fato do garoto maltratado ter apenas cinco anos e principalmente a designação de quatro defensores públicos para acompanhar o caso (confira aqui a matéria, a partir dos 02:00). O acompanhamento do caso por quatro defensores públicos, conforme se pode ver na reportagem, chamou a atenção do delegado, que disse:
“Em trinta e quatro anos de polícia, esse é o primeiro caso na minha carreira que eu vejo que a Defensoria Pública vem acompanhar dois indivíduos que estão sendo investigados e...com quatro integrantes [...]”.
Os estudiosos do direito costumam identificar três tipos históricos de sistemas processuais penais, a saber: o inquisitório, o acusatório e o misto. O sistema inquisitório trazia a figura do juiz inquisidor, investigador, produtor de provas, e era marcado por um déficit de contraditório e de ampla defesa. Já o sistema acusatório é caracterizado pelo actum trium personarum, ou seja, pela presença de três pólos envolvidos no processo (o acusador, o defensor e o juiz), e também pelo apego ao contraditório e à ampla defesa. Por fim, os processualistas lembram que há também um sistema misto, no qual se distinguem duas fases: uma inquisitorial e outra acusatória, sendo que a primeira é representada pelo inquérito policial (sem contraditório e ampla defesa) e a segunda pelo processo penal (com contraditório e ampla defesa).
O Código de Processo Penal brasileiro (CPP) adotou o sistema misto. Em que pese alguns juristas sustentarem que com a Constituição o sistema tornou-se plenamente acusatório, o inquérito nunca deixou de ser um procedimento inquisitorial, de natureza administrativa e não processual (1).
No ordenamento jurídico pátrio uma pessoa só poderá ser condenada se for devidamente processada. Acontece que, em regra, antes de se iniciar uma ação penal contra uma pessoa, é realizado um inquérito policial, no qual, reitere-se, não há contraditório nem ampla defesa. Isso não significa dizer que um advogado nada pode fazer pelo seu cliente nessa fase. A atuação de um advogado no inquérito pode ser significativa. No entanto, o acompanhamento do inquérito por um advogado só efetivamente ocorre quando esse é pago para isso. Defensores públicos não costumam atuar durante o inquérito.
Um sujeito investigado pela polícia ser acompanhado por um defensor público é um fenômeno raro. Embora a Defensoria Pública, hipoteticamente, sempre tenha podido acompanhar investigados pela polícia, a realidade é que a instituição só costuma aparecer em cena na ação penal (processo).
No entanto, a Lei Complementar nº 132/2009 (LC 132), transformou a possibilidade de uma atuação mais ampla da Defensoria Pública durante o inquérito policial numa verdadeira função institucional.
A LC 132 informou diretamente a elaboração da Lei nº 12.403/2011, que trouxe mudanças ao CPP, dentre as quais o §4o do art. 289-A, que diz que se o preso autuado não informar o nome de seu advogado, a Defensoria Pública deverá ser comunicada. Cumpre destacar que o § 4º do art. 289-A traz somente o vocábulo “preso”, sem distinguir o tipo de prisão que deve ser comunicada à Defensoria Pública. Assim, a função de acompanhar inquéritos é reforçada quando se trata de investigado preso.
Mas quais foram e quais serão as consequências da função de acompanhar inquéritos atribuída à Defensoria Pública pela LC 132 e pela Lei nº 12.403/2011? Passou a ser comum a presença de defensores públicos nas delegacias para acompanhar a investigação de suspeitos? As inovações não esbarram na falta de estrutura e de recursos? Embora faltem estudos sobre os efeitos concretos da formalização dessa nova função da Defensoria Pública, o fato é que o simples espanto do delegado diante da presença de defensores públicos acompanhando um inquérito policial permite dizer que, na prática, ainda é incomum ver defensores públicos frequentando delegacias.
É previsível que para o caso em tela as inovações legislativas supramencionadas venham a ser invocadas para dizer que a Defensoria Pública do Estado de São Paulo está apenas cumprindo suas funções institucionais, mormente pelo fato de os suspeitos terem sido presos preventivamente, mas o que justifica tanto cuidado para com esse “casal”?
Apesar da raridade, não deve ter sido a primeira vez que a Defensoria Pública atua num inquérito policial, mas será que alguma outra vez a instituição demonstrou tamanho zelo?
A presença de quatro defensores públicos para acompanhar a investigação dos suspeitos homossexuais é um fruto tardio dos “avanços” (2) institucionais e legislativos verificados no Brasil e no Estado de São Paulo.
Paralelamente à elaboração do PNDH-II (3) (mas antes da implementação do mesmo), o Estado de São Paulo, sob a gestão do então governador Geraldo Alckmin (PSDB), tornou-se o primeiro Estado da federação a promulgar uma lei destinada especificamente a penalizar administrativamente a prática de discriminação em razão de orientação sexual: a Lei Estadual nº 10.948/2001. Com o objetivo de implementar essa lei, firmou-se, em 24 de outubro de 2007, um acordo entre a Defensoria Pública de São Paulo, a Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado e a Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual da Prefeitura de São Paulo.
Dessa forma, no Estado de São Paulo, dois gays investigados serem assistidos por um defensor público é algo absolutamente previsível e potencialmente justo, pois tal assistência pode ser destinada a todos os suspeitos que não possam pagar por um advogado. Entretanto, quando se vê quatro defensores acompanhando um inquérito policial não há como não sentir um estranhamento e não sentir a necessidade de refletir sobre o caso.
O acompanhamento dos gays por quatro defensores transcende o exercício das funções da Defensoria Pública e vai além até mesmo do acordo que a instituição firmou com a Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado e a Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual da Prefeitura de São Paulo. Trata-se de uma atuação voltada a proteger não os gays investigados pelo fato de serem investigados, mas sim a proteger os investigados pelo fato de serem gays.
Não obstante, é lícito cogitar que a atuação da Defensoria Pública de São Paulo destina-se também proteger a agenda do movimento gay dos impactos negativos que a eventual condenação de um “casal” gay pode trazer. Ademais, a atuação da Defensoria Pública de São Paulo se mostra assentada num amplo programa de resignificação dos direitos humanos e de modificação e esvaziamento do campo semântico que lastreia a democracia brasileira.
Ser assistido por um defensor público, quando não se tem recursos para custear um advogado, é um direito de todo cidadão, seja ele heterossexual, homossexual, bissexual, etc. Ser assistido por quatro defensores públicos já é ser beneficiado por um desvio de finalidade; é ter para si um privilégio; é ser favorecido por uma afronta à igualdade jurídica.
Por meio do PNDH-II tucano, do PNDH-III petista, do PLC 122/2006 e da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) elaborada pela Comissão Especial de Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), os GLBTT[...] estão paulatinamente se tornando uma classe de pessoas diferenciadas, uma espécie de supercasta de sujeitos que não podem ser simplesmente protegidos pelas leis em vigor no país - que já preveem punição aos que cometem homicídio, agressão física, ou ofendem a honra de alguém (arts. 121, 129, 138 e ss. do Código Penal) -, mas devem ter uma proteção especial, ainda que às expensas dos direitos e liberdades civis dos demais cidadãos.
A simples existência de projetos como o PLC 122/2006 já evidencia a desconstrução da noção histórica de igualdade jurídica. A atuação da Defensoria Pública de São Paulo no presente caso do “casal” gay só vem a mostrar que uma nova perspectiva de igualdade jurídica, já ressignificada pela revolução cultural, está sendo implementada.
No atual cenário acadêmico, a igualdade jurídica é vista com um desdém pedantesco. Há até quem diga que ela é uma mera formalidade destinada a ocultar as desigualdades reais e que, portanto, não vale muita coisa. Apesar disso, os engenheiros sociais sabem que não é possível acabar com a igualdade jurídica. Pega mal tirá-la do papel. É mais fácil ressignificá-la.
O caso que aqui se abordou significa muita coisa para ideia de igualdade jurídica no âmbito do sistema penal, pois ele indica uma preferência da Defensoria Pública de São Paulo pelo público gay, pois mesmo sendo raríssimo se ver defensores públicos cuidando de sujeitos investigados pela polícia, foram mobilizados nada menos que quatro defensores para orientar e defender o “casal”. Contudo, o caso não pode ser visto apenas dentro âmbito penal.
Quando inserido num contexto marcado pelo surgimento de programas que constroem novos direitos humanos sob novas perspectivas e pela criação de leis que visam cercear a liberdade de expressão e a liberdade religiosa dos cristãos, o caso assume uma importância ímpar para a manutenção do que resta de liberdade e democracia no Brasil.
Mexer com a igualdade jurídica implica subverter o campo semântico (4) que define a democracia representativa contemporânea.
Na lição de Robert Alan Dahl, uma democracia só existe e se desenvolve se há uma lógica da igualdade que permita que os membros de uma comunidade se reconheçam como iguais (5). A lógica da igualdade não versa de outra igualdade senão a jurídica. Sem a igualdade jurídica, a titularidade do poder, o fundamento da democracia, resta distorcido.
Num contexto de revolução cultural, como o que se vê no Brasil, a desconstrução e a ressignificação da igualdade jurídica correspondem a uma degradação do direito e prenunciam um novo totalitarismo, no qual só os grupos escolhidos pelo Estado terão representação política, amparo legal, participação no espaço público e, doravante, quem sabe, assistência jurídica gratuita em mutirão.
A atuação seletiva da Defensoria Pública de São Paulo voltada a defender o “casal” gay mostra a aplicação prática de um direito sombrio que está sendo gestado na academia. Por ser uma atuação muito escandalosa, talvez a instituição não se arrisque a repeti-la. Se a defesa seletiva em mutirão se tornará ou não uma tendência só o tempo poderá dizer.
De qualquer forma, é preciso que todos fiquem vigilantes para que esse tipo de atuação da Defensoria Pública seja denunciada e criticada publicamente.
Uma das funções implícitas da Defensoria Pública é assegurar a igualdade jurídica aos mais desfavorecidos. Dar suporte à revolução cultural não é exercício de função destinado a promover a igualdade; é desserviço à justiça e à democracia.
Notas:
1 - Processo e procedimento são coisas distintas.
2 - O vocábulo ‘avanço’ é mantra usado de forma fetichista pelos engenheiros sociais e seus seguidores.
3 - O PNDH – II – tucano - já trazia propostas voltadas ao combate à “homofobia” (v.g. propostas 241 e 244 do programa).
4 - A definição de um termo como a democracia implica a definição de outros termos a ela conexos. Uma definição de democracia tem de comportar a cadeia de significados que a caracterizam.
5 - DAHL, Robert Alan. Sobre a democracia. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2009, p. 20.
23 de março de 2012
Saulo de Tarso Manriquez é mestre em Direito pela PUC-PR.
KROKODIL A MANIFESTAÇÃO FÍSICA DO MAL E SEUS ANTECEDENTES ( PARTE 1)
Artigos - Cultura
“Os que estiverem vivos invejarão tanto os mortos que desejarão a morte, mas a morte os enganará.” >(Apocalipse 9:6)
De certa forma, os filmes de zumbis e mortos-vivos prepararam nosso imaginário para as imagens que acompanham este artigo. Tudo começa com um esverdeamento da pele, escamação, putrefação e apodrecimento dos tecidos. Surgem feridas que aumentam até o desaparecimento dos músculos e nervos que cobrem os ossos e o resultado são verdadeiros mortos-vivos agonizando até a morte certa. Em muitos casos, também os ossos são carcomidos por uma acidez mortificante que lembra as mais horripilantes produções cinematográficas.
Estes são os efeitos da droga mais popular da Rússia, o krokodil, e suas imagens distribuídas pela internet nos evocam um profundo medo sobre o que pode vir da macabra combinação entre a indústria farmacêutica, o narcotráfico e as políticas de “redução de danos” apoiadas pela ONU em todo o mundo. O fato é que tanto a imprensa internacional quanto as organizações de saúde pelo mundo têm mostrado uma preocupação velada e feito um certo silêncio em torno do assunto.
As drogas ilícitas já são uma epidemia na Rússia há bastante tempo – entre elas o ópio vindo da China, confirmando o temor milenar dos russos de uma invasão chinesa-mongol. Recentemente, um artigo do jurista e professor Walter Fanganiello Maierovitch publicado no Terra Magazine (talvez o único texto veiculado na mídia brasileira sobre o assunto), trouxe informações oficiais sobre o consumo de drogas no país do agente Putin.
São 70% de jovens com menos de 30 anos, entre os 6 milhões de usuários de drogas do país. E a situação tem se agravado com a proliferação da nova droga chamada krokodil (crocodil ou coaxial), um substituto da heroína feito à base de desomorfina, uma substância cerca de 10 vezes mais forte que a morfina. A mistura é feita pelos próprios usuários em um processo simples e caseiro.
O artigo de Maierovitch dá ênfase no interesse da única rede de farmácias que produz os medicamentos com os quais são feitos o krokodil, que são o Terpincod, o Codelac e o Pentalgin. Acontece que a rede de farmácias Pharmastandard pertence aos filhos da ministra da Vigilância Sanitária, Tatiana Golikova com o ministro Viktor Khristenko, da pasta de Indústria e Comércio. Vladimir Kalanda, do serviço federal russo Antidrogas, diz que os efeitos imediatos do krokodil são semelhantes aos da heroína, mas o custo para o usuário é três vezes menor.
“Em 2005, poucas regiões do país usavam fármacos contendo codeína para preparar a desomorfina. Atualmente, o consumo da desomorfina se popularizou”, disse Kalanda em entrevista à mídia européia. Diferente da heroína, porém, os usuários do krokodil morrem num período médio de 2 anos.
A substância provoca necrose da pele, que fica enrugada e esverdeada. A acidez em face de certos insumos usados no preparo chega a dissolver o tecido ósseo. As mortes decorrem de (1) envenenamento do sangue, (2) pulmonite, (3) miningite ou (4) putrefação. (Kalanda)
Não é difícil perceber uma tendência ao barateamento e maior acessibilidade de drogas que se tornam cada vez mais pesadas e mortais. No Brasil, desde a popularização da maconha o consumo de cocaína veio crescendo e hoje o crack tem substituído a cocaína, sendo que é notadamente mais forte e mortal.
A divulgação de vídeos e fotos dos efeitos de drogas como o krokodil tem sido perigosa e indesejável para aqueles que defendem a liberação das drogas e pretendem lucrar com isso, já que infunde uma impressão negativa à proposta que hoje tem alcance global graças à influência de grupos ligados a centros de pesquisa psiquiátrica que as desenvolve e até de seitas que as utilizam em cerimônias místicas. Muitas agendas, portanto, seriam atendidas com a liberação total das drogas hoje ilícitas.
Além de movimentar mais de US$ 320 bilhões no mundo, a maioria das drogas possui comprovadamente efeitos esterilizantes no corpo humano, o que reduziria a população mundial e atenderia ao anseio de centenas de cientistas e engenheiros sociais que acreditam estarem acabando com a pobreza ao impedir o nascimento de pobres, atendendo também às expectativas motivadas pelas teorias eugenistas.
Os últimos relatórios da ONU têm demonstrado certa preocupação com o crescimento do uso de drogas sintéticas no mundo. Mas para combater o problema, os relatórios do órgão, estranhamente, sugerem maior repressão aos produtores das drogas simultaneamente à descriminalização do uso destas. Além é claro das políticas de redução de danos que são amplamente apoiadas em todo o mundo e já há casos claros de engajamento do próprio narcotráfico nestas campanhas.
No mundo inteiro crescem as campanhas pela legalização das drogas, concomitantemente às restrições ao uso de tabaco e álcool, usadas como artifício de credibilidade científica e demonstração de boa fé e preocupação com a saúde humana. Difícil é acreditar nesta boa fé depois de assistir aos vídeos disponíveis na internet sobre os efeitos do devastador krokodil.
(N. do E.: Imagens muito fortes.)
Mas de onde vem o interesse na liberação do uso de drogas de modo geral? Quais os reais motivos da defesa do uso para variados fins? Essa é uma pergunta difícil de responder e seria necessária uma ampla pesquisa de fontes e uma sequência de depoimentos de acesso ainda mais complicado.
Uma das respostas, talvez a mais simples a partir do que temos à disposição, com certeza está na grande vantagem a uma possível governança global sobre cidadãos apáticos e sedados por prazeres mundanos e sensitivos, rebanho fácil e rentável a qualquer empreendimento de poder.
Nisso também os apelos sexuais têm o seu papel, que torna o ser humano mais aberto às sugestões externas justamente por lhe faltar controle aos estímulos internos.
Mas essa vantagem que o poder tem com as drogas mais fortes nos fornece uma pista a uma resposta ainda mais provável que se encontra um tanto escondida do público, embora tenha influência determinante nos rumos globais.
É na possibilidade psicológica da alienação total das multidões que entra um dos fatores hoje especialmente determinantes no curso das políticas sociais globais: o poder crescente das seitas.
Peter Kreeft, autor do livro Como Vencer a Guerra Cultural, afirma que a religião mais popular dos Estados Unidos hoje não é mais o cristianismo, mas a chamada “espiritualidade”, ou seja, o arranjo sincrético de variadas formas espirituais muitas vezes contraditórias, mas, por definição, anticristãs.
As milhares de seitas espalhadas pelo mundo hoje têm uma origem comum, o gnostícismo pré-cristão, especificamente aquele que se aliou ao poder durante o período iluminista e que orientou a maioria dos rumos científicos, por meio da figura do alquimista, expressa na metáfora gnóstica das luzes.
Milhares de seitas ocultistas gnósticas hoje se utilizam de drogas em suas cerimônicas. O Santo Daime é o exemplo mais conhecido e se engana quem crê que a sua abrangência se restringe ao Brasil.
Composto da folha de chacrona (psychotria viridis), cipó jagube (banisteriopsis caapi), água e, em alguns casos, anfetamina, a ayahuasca “eleva” o nível de consciência dos praticantes e os “aproxima de Deus”, segundo os seus líderes.
A ayahuasca é usada por muito mais gente do que se imagina, assim como a participação de celebridades nacionais e internacionais no culto do Santo Daime.
A morte do cartunista Glauco no ano passado levantou a questão da seita na mídia, mas sem grandes aprofundamentos.
O Santo Daime é proibido em quase todos os países do mundo, o que atrai grande número de adoradores a países como o Brasil, movidos pela curiosidade acerca do chá tropical que aqui é liberado. Em muitos casos, é utilizado acrescido de anfetamina o que torna o usuário fatalmente vítima de problemas psíquicos, como a paranóia e esquizofrenia.
O perigo das drogas aliadas às seitas místicas espalhadas pelo mundo tem motivado a criação de institutos de pesquisa e investigação sobre o assunto. Na França, a União Nacional das Associações de Defesa das Famílias e Indivíduos Vítimas de Seitas (http://www.unadfi.org) alertou recentemente que as drogas não só estão presentes em todas as seitas esotéricas como são parte essencial da “espiritualidade” trabalhada por elas.
Em outras palavras, o uso de drogas é o que mantém crível a proposta de muitas seitas. Segundo muitos teóricos das próprias seitas, a droga possibilita uma abertura ao transcendente e uma maior compreensão das informações proveniente das “dimensões superiores”, o que o aproxima das aspirações gnósticas e esotéricas em geral.
O uso de drogas estimula no usuário uma abertura, de fato, a teorias e explicações que o seu efeito confirme, daí o crescimento proporcional do uso de drogas e de seitas pelo mundo. Estas últimas em grande parte sustentadas com dinheiro vindo diretamente do tráfico de drogas.
Como sabemos, um dos elementos do gnosticismo é a busca do paraíso terrestre, um mundo extra-temporal com acesso interior, em que reina o prazer infinito e o conhecimento da ciência ou vontade divinas. Um exemplo da relação entre drogas e gnosticismo é o famoso poema de Samuel Taylor Coleridge, onde o poeta inglês narra um sonho que teve após dormir sob efeito de ópio e ter visões de um castelo paradisíaco e repleto de prazeres pertencente a Kubla Khan, antigo governante mongol.
O fato deste sonho coincidir, mais tarde, com a descoberta das prováveis ruínas do suposto templo, sugeriram que Coleridge tivera uma visão extra-temporal ou tivera visitado outra dimensão a partir do uso da droga.
No livro The Diary of a Drug Fiend, Aleister Crowley cita a experiência de Coleridge. Crowley foi o bruxo criador do Satanismo moderno, se julgava a Grande Besta e é ainda popular entre celebridades da política, das artes e ciências em todo o Ocidente. Ele difundiu o uso de drogas como parte de um processo de libertação espiritual.
Crowley foi um dos mais perversos personagens do século XX, era viciado em quase todo tipo de droga, principalmente heroína, e levou isso até seu leito de morte. Era aficcionado por oráculos chineses e dizia incorporar deidades orientais. A cultura popular o transformou em um ícone com grande poder de fascinação entre os jovens.
Yuri Bezmenov, ex-agente da KGB, conta que a agência manifestava grande interesse em exercer influência entre líderes de seitas indianas que recebiam constantes visitas de celebridades americanas.
A KGB tinha objetivos claros quanto à influência destas doutrinas na sociedade ocidental justamente pelo caráter de alienação que elas levavam aos cidadãos.
Em um contexto de Guerra Fria, não impressiona que o mundo ocidental tenha sido invadido por cultos orientais e esotéricos em suas formas mais toscas e deslocadas do seu sentido original. O objetivo era o enfraquecimento da moralidade cristã, grande empecilho ao avanço do comunismo.
A busca pela transcendência e pelo conhecimento das razões e dos sentidos dos mundos espirituais passou a ganhar certo prestígio no século XX, a partir da contracultura, com o resgate de nomes como Crowley, Spare e Blavatsky e sua inclusão na cultura pop, por conta da articulação das seitas gnósticas. As experiências extra-corpóreas, as visões de anjos e interações com entidades, sensações que remetem a um relacionamento direto com os mundos imateriais e outras dimensões de existência, finalmente deixaram de ser exclusividade dos mestres, dos sacerdotes e dos bruxos.
Qualquer jovem, desiludido com o mundo que o cerca e com a imposição de padrões comportamentais dos quais ele discordarva, podia, afinal, conhecer o maravilhoso mundo das descobertas transcendentes e das experiências com criaturas verdes e espíritos de luz, mediante o simples e banal uso de uma droga entorpecente facilmente acessível, de consumo incentivado por meio da conduta de artistas comprovadamente orientados por mestres de seitas.
(Continua).
23 de março de 2012
Cristian Derosa é jornalista.
UM DIA DE TRISTEZA: MORRE CHICO ANYSIO, AOS 80 ANOS
Chico Anysio morreu nesta sexta-feira aos 80 anos, depois de sofrer uma parada cardíaca. Os médicos tentaram reanimá-lo, sem sucesso.
Chico já apresentava diversos problemas de saúde. Em agosto de 2010, depois de retirar parte do intestino grosso, ele foi diagnosticado com pneumonia, mesmo motivo que o levou ao hospital no ano anterior.
Posteriormente, o comediante foi submetido a uma angioplastia, procedimento realizado para desobstruir artérias. Durante o pós-operatório, ele teve problemas cardiorrespiratórios, que resultaram em uma internação de três meses.
Ele estava internado no Hospital Samaritano, na Zona Sul do Rio, havia três meses e apresentava um quadro de infecção pulmonar. Na quarta-feira, o humorista sofreu uma piora e voltou a respirar com a ajuda de aparelhos. Na quinta-feira, à tarde, ele foi submetido a um processo de drenagem torácica, para remoção de um hematoma pleural.
23 de março de 2012
Transcrito do site Yahoo
IMORTAL SEM ACADEMIA
Desde que Chico Anísio envelheceu, cansado de tanta mulher e tanto filho nessa vida, a TV perdeu o seu melhor talento e o seu mais requintado senso de humor.
Hoje desligaram os tubos. Chico Anísio se foi para sempre. A cultura popular brasileira perdeu toda a graça.
Não adianta agora a Globo vir com retrospectivas especiais, tipo assim Vale e Pena Ver de Novo.
Não vai merecer o perdão pelo pecado de ter deixado Chico no purgatório da fogueira das vaidades esse tempo todo. O espírito jovem de Chico Anísio morreu aos 80 anos acometido pela tristeza que só os iluminados podem sentir.
Lá nas alturas, Chico deve estar vivendo de rir ao deparar-se com os fardões da Academia Brasileira de Letras dos Paulos Coelhos, Sarneys e Mervais.
O Homem já reservou lugar para a primeira apresentação da Escolinha do Professor Raimundo lá nos jardins do Éden.
23 de março de 2012
sanatório da notícia
Hoje desligaram os tubos. Chico Anísio se foi para sempre. A cultura popular brasileira perdeu toda a graça.
Não adianta agora a Globo vir com retrospectivas especiais, tipo assim Vale e Pena Ver de Novo.
Não vai merecer o perdão pelo pecado de ter deixado Chico no purgatório da fogueira das vaidades esse tempo todo. O espírito jovem de Chico Anísio morreu aos 80 anos acometido pela tristeza que só os iluminados podem sentir.
Lá nas alturas, Chico deve estar vivendo de rir ao deparar-se com os fardões da Academia Brasileira de Letras dos Paulos Coelhos, Sarneys e Mervais.
O Homem já reservou lugar para a primeira apresentação da Escolinha do Professor Raimundo lá nos jardins do Éden.
23 de março de 2012
sanatório da notícia
URNAS ELETRÔNICAS DO TSE TÊM SEGURANÇA VIOLADA POR "HACKERS" CONVIDADOS PARA TESTES OFICIAIS
Castelo de areia – Há ao redor do planeta um sem fim de pessoas elogiando as urnas eletrônicas utilizadas nas eleições brasileiras, mas essa festejada excelência pode desmoronar. Tudo porque professores e estudantes da Universidade de Brasília (UnB) conseguiram violar o sistema das urnas usadas pela Justiça Eleitoral. O fato ocorreu durante de testes públicos feitos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta semana, em parceria com profissionais e estudantes da área de tecnologia da informação.
Durante a simulação, o grupo da UnB conseguiu descobrir quais foram os candidatos votados em determinada urna, mas não identificaram os autores dos votos, ou seja, o sigilo do voto não foi quebrado. De acordo com o TSE, os nove grupos que participaram dos testes receberam o código-fonte utilizado nas urnas eletrônicas, dado que facilitou a atuação dos “hackers” durante o teste, mas que não é liberado para o público em geral.
O presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski, declarou nesta quinta-feira (22) que os eleitores devem ficar tranquilos em relação ao sistema, considerado confiável. “O objetivo do teste é esse mesmo, ver como aprimorar o sistema. Em uma situação real, seria impossível violá-lo sem o código-fonte”.
De acordo com o secretário de Tecnologia da Informação do TSE, Giuseppe Dutra Janino, o resultado do teste já era esperado e foi uma “contribuição extremamente positiva”. A secretaria informou que o resultado será usado como base para o aperfeiçoamento do sistema eletrônico de votação.
Professor da UnB, Diego Freitas Aranha afirmou em entrevista que conseguiu quebrar o embaralhamento dos votos registrados nas urnas eletrônicas. Aranha disse que durante os testes foi possível montar a sequência dos votos dados por 485 eleitores. Isso significa que o sigilo do voto eletrônico fica comprometido, podendo ser quebrado por quem anotar a ordem dos eleitores.
A alegação de que as urnas eletrônicas são confiáveis é temerária, pois o correto seria o eleitor ter o seu voto impresso, algo que o TSE insiste em descartar. Há em São Paulo casos em que candidatos não conseguiram encontrar os próprios votos nas respectivas seções eleitorais. Há anos, durante o período de campanha, alguns candidatos foram procurados por estrangeiros especialistas em burlar as urnas eletrônicas utilizadas pelo TSE. Dois desses candidatos conversaram com o ucho.info sob a condição do anonimato e detalharam o que lhes foi oferecido. E se alguma palavra pode traduzir a operação, impressionante é a mais adequada.
23 de março de 2012
ucho.info
Durante a simulação, o grupo da UnB conseguiu descobrir quais foram os candidatos votados em determinada urna, mas não identificaram os autores dos votos, ou seja, o sigilo do voto não foi quebrado. De acordo com o TSE, os nove grupos que participaram dos testes receberam o código-fonte utilizado nas urnas eletrônicas, dado que facilitou a atuação dos “hackers” durante o teste, mas que não é liberado para o público em geral.
O presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski, declarou nesta quinta-feira (22) que os eleitores devem ficar tranquilos em relação ao sistema, considerado confiável. “O objetivo do teste é esse mesmo, ver como aprimorar o sistema. Em uma situação real, seria impossível violá-lo sem o código-fonte”.
De acordo com o secretário de Tecnologia da Informação do TSE, Giuseppe Dutra Janino, o resultado do teste já era esperado e foi uma “contribuição extremamente positiva”. A secretaria informou que o resultado será usado como base para o aperfeiçoamento do sistema eletrônico de votação.
Professor da UnB, Diego Freitas Aranha afirmou em entrevista que conseguiu quebrar o embaralhamento dos votos registrados nas urnas eletrônicas. Aranha disse que durante os testes foi possível montar a sequência dos votos dados por 485 eleitores. Isso significa que o sigilo do voto eletrônico fica comprometido, podendo ser quebrado por quem anotar a ordem dos eleitores.
A alegação de que as urnas eletrônicas são confiáveis é temerária, pois o correto seria o eleitor ter o seu voto impresso, algo que o TSE insiste em descartar. Há em São Paulo casos em que candidatos não conseguiram encontrar os próprios votos nas respectivas seções eleitorais. Há anos, durante o período de campanha, alguns candidatos foram procurados por estrangeiros especialistas em burlar as urnas eletrônicas utilizadas pelo TSE. Dois desses candidatos conversaram com o ucho.info sob a condição do anonimato e detalharam o que lhes foi oferecido. E se alguma palavra pode traduzir a operação, impressionante é a mais adequada.
23 de março de 2012
ucho.info
A SEGURANÇA DA PREVIDÊNCIA PÚBLICA E A FALÊNCIA DOS FUNDOS DE PENSÃO
O comentarista Mario Assis nos envia matéria mostrando que a Agência Senado repercute a participação da Coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli, na Audiência Pública que debateu o Projeto que privatiza a previdência dos servidores públicos, entregando-a aos fundos de pensão.
Participaram vários senadores, tais como Paulo Paim (PT/RS, proponente da Audiência), Randolfe Rodrigues (PSOL/AP), e José Pimentel (PT/CE), relator do Projeto, além de representantes dos servidores e dos Ministérios da Fazenda e Previdência.
Refutando o argumento oficial de que os servidores seriam os vilões das contas públicas (e que por isso teriam de aceitar a entrega de suas aposentadorias para os fundos de pensão), Fattorelli mostrou que o verdadeiro problema do orçamento é a dívida pública, que consumiu 45% do orçamento federal em 2011. Fattorelli também mostrou em sua exposição a recente nota do Itaú-Unibanco em defesa da aprovação do Projeto, comprovando que são os bancos os verdadeiros interessados nesta proposta.
Em sua exposição, Fattorelli destacou que, em uma conjuntura de Crise Global, o mercado financeiro mundial se encontra repleto de “derivativos” e outros papéis “podres”, muitos dos quais se encontram abrigados nos chamados “bad banks”, ou seja, “armários” nos quais os bancos desovam o seu “lixo”, ávidos por empurrar tais “micos” para aplicadores como os fundos de pensão.
Desta forma, há grandes chances de que recursos destes fundos virem pó, principalmente por que, por recomendação do FMI e do Banco Mundial, tais fundos serão na modalidade “contribuição definida”, ou seja, na qual o governo se livra de pagar as aposentadorias, que dependem do incerto mercado financeiro.
Em resposta, o representante do Ministério da Fazenda disse que existiria uma norma vedando que fundos de pensão comprem os chamados “derivativos”, porém, tal afirmação não se sustenta, conforme o art. 44 da Resolução 3792/2009, do Conselho Monetário Nacional. Além do mais, tais normas podem ser facilmente alteradas sem necessidade de aprovação pelo Legislativo.
Outro problema apontado por Fattorelli é que o governo já tem mostrado que desrespeita os beneficiários de fundos de pensão, ao ter editado, em 29/9/2008, a Resolução nº 26 do Conselho de Gestão da Previdência Complementar. Esta Resolução permite que o “patrocinador” (no caso, o governo) fique com parte do superávit dos fundos de pensão, o que já significou a transferência de bilhões de reais da Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) para o lucro do Banco do Brasil.
Cabe comentarmos que o lucro das estatais é destinado ao pagamento da dívida pública.Em resposta, o representante do Ministério da Fazenda tentou dizer que tal dispositivo não se aplicaria a este novo fundo de pensão dos servidores. Porém, cabe comentarmos que, se o governo, por meio de uma mera norma infra-legal (que sequer tem de passar pelo Congresso Nacional), já provocou grande prejuízo à Previ, imaginem o que ele pode fazer com este novo fundo de pensão dos servidores…
Por fim, Fattorelli pediu coerência a senadores do PT – em especial ao relator da matéria, Senador José Pimentel, presente na audiência – que no ano 2000 votaram contra uma proposta idêntica feita pelo governo FHC (PLP 9/1999), que também entregava a Previdência dos servidores aos fundos de pensão, na modalidade “contribuição definida”.
Na mesma linha, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL/AP) leu discurso do então deputado Walter Pinheiro (agora líder do PT no Senado) se manifestando contrariamente ao PLP nº 9/1999.De um modo geral, o questionamento de todos os representantes dos servidores públicos foi a total falta de garantia de aposentadoria, que será definida de acordo com o mercado financeiro.
Por outro lado, os representantes do governo tentaram argumentar que as aplicações dos Fundos de Pensão são seguras, e podem garantir a aposentadoria. Porém, questionados sobre a possibilidade de, então, logicamente, colocar na lei tal garantia, simplesmente não se comprometeram.
Já o relator José Pimentel sequer se manifestou sobre o tema, tendo apenas ouvido as manifestações dos servidores.
23 de março de 2012
http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2012/03/19/20120319MariaLciaFattorelli.pdf (apresentação em slides)
Participaram vários senadores, tais como Paulo Paim (PT/RS, proponente da Audiência), Randolfe Rodrigues (PSOL/AP), e José Pimentel (PT/CE), relator do Projeto, além de representantes dos servidores e dos Ministérios da Fazenda e Previdência.
Refutando o argumento oficial de que os servidores seriam os vilões das contas públicas (e que por isso teriam de aceitar a entrega de suas aposentadorias para os fundos de pensão), Fattorelli mostrou que o verdadeiro problema do orçamento é a dívida pública, que consumiu 45% do orçamento federal em 2011. Fattorelli também mostrou em sua exposição a recente nota do Itaú-Unibanco em defesa da aprovação do Projeto, comprovando que são os bancos os verdadeiros interessados nesta proposta.
Em sua exposição, Fattorelli destacou que, em uma conjuntura de Crise Global, o mercado financeiro mundial se encontra repleto de “derivativos” e outros papéis “podres”, muitos dos quais se encontram abrigados nos chamados “bad banks”, ou seja, “armários” nos quais os bancos desovam o seu “lixo”, ávidos por empurrar tais “micos” para aplicadores como os fundos de pensão.
Desta forma, há grandes chances de que recursos destes fundos virem pó, principalmente por que, por recomendação do FMI e do Banco Mundial, tais fundos serão na modalidade “contribuição definida”, ou seja, na qual o governo se livra de pagar as aposentadorias, que dependem do incerto mercado financeiro.
Em resposta, o representante do Ministério da Fazenda disse que existiria uma norma vedando que fundos de pensão comprem os chamados “derivativos”, porém, tal afirmação não se sustenta, conforme o art. 44 da Resolução 3792/2009, do Conselho Monetário Nacional. Além do mais, tais normas podem ser facilmente alteradas sem necessidade de aprovação pelo Legislativo.
Outro problema apontado por Fattorelli é que o governo já tem mostrado que desrespeita os beneficiários de fundos de pensão, ao ter editado, em 29/9/2008, a Resolução nº 26 do Conselho de Gestão da Previdência Complementar. Esta Resolução permite que o “patrocinador” (no caso, o governo) fique com parte do superávit dos fundos de pensão, o que já significou a transferência de bilhões de reais da Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) para o lucro do Banco do Brasil.
Cabe comentarmos que o lucro das estatais é destinado ao pagamento da dívida pública.Em resposta, o representante do Ministério da Fazenda tentou dizer que tal dispositivo não se aplicaria a este novo fundo de pensão dos servidores. Porém, cabe comentarmos que, se o governo, por meio de uma mera norma infra-legal (que sequer tem de passar pelo Congresso Nacional), já provocou grande prejuízo à Previ, imaginem o que ele pode fazer com este novo fundo de pensão dos servidores…
Por fim, Fattorelli pediu coerência a senadores do PT – em especial ao relator da matéria, Senador José Pimentel, presente na audiência – que no ano 2000 votaram contra uma proposta idêntica feita pelo governo FHC (PLP 9/1999), que também entregava a Previdência dos servidores aos fundos de pensão, na modalidade “contribuição definida”.
Na mesma linha, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL/AP) leu discurso do então deputado Walter Pinheiro (agora líder do PT no Senado) se manifestando contrariamente ao PLP nº 9/1999.De um modo geral, o questionamento de todos os representantes dos servidores públicos foi a total falta de garantia de aposentadoria, que será definida de acordo com o mercado financeiro.
Por outro lado, os representantes do governo tentaram argumentar que as aplicações dos Fundos de Pensão são seguras, e podem garantir a aposentadoria. Porém, questionados sobre a possibilidade de, então, logicamente, colocar na lei tal garantia, simplesmente não se comprometeram.
Já o relator José Pimentel sequer se manifestou sobre o tema, tendo apenas ouvido as manifestações dos servidores.
23 de março de 2012
http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2012/03/19/20120319MariaLciaFattorelli.pdf (apresentação em slides)
OS FANTASMAS EXISTEM
Na semana passada, Chelsea x Napoli parecia um típico jogo brasileiro, truncado, com muitos chutões e bolas aéreas. Já Santos x São Paulo parecia uma partida no estilo das melhores equipes da Europa, com belos lances individuais, muitas trocas de passe e bom futebol coletivo.
Do meio para a frente, Santos e São Paulo representam o que há de melhor no futebol brasileiro, aqui e fora do país. Neymar é o craque. Lucas e Ganso estão nas seleções olímpica e principal. Luís Fabiano continua no nível dos melhores centroavantes. Não vejo diferença entre Casemiro, Arouca e Denílson e os volantes escalados por Mano. Nenhum é excepcional. Tenho mais esperanças em Casemiro.
Santos e São Paulo representam também as deficiências dos sistemas defensivos e dos defensores dos times brasileiros.
Está muito fácil para os meias e os atacantes. Até centroavantes medianos, como Wellington Paulista, têm feito belos lances e gols. As pessoas perdem as referências. Antes da partida contra o Barcelona, Muricy, com sua franqueza, disse, várias vezes, que não sabia qual era o nível do Santos.
Por isso, a seleção deveria enfrentar mais vezes as melhores seleções da Europa. Neymar e Lucas se acostumaram a driblar, com excessiva frequência, por longas distâncias, até o gol. Os dois têm de aprender o momento certo para fazer isso.
Se Neymar e Lucas jogarem juntos na seleção, um de cada lado, terão de participar da marcação, bloquear os avanços dos laterais, para não deixar os dois volantes sobrecarregados. Contra o Barcelona, o Santos jogou com três zagueiros, dois alas, três mais adiantados (Neymar, Ganso e Borges) e apenas dois marcadores no meio. O Barcelona, com mais jogadores nesse setor, colocou os dois na roda.
Contra o Santos, Lucas usou muito bem as jogadas de velocidade nos contra-ataques. Assim, ele é decisivo. Se Mano Menezes quiser aproveitar mais o talento ofensivo dele e o de Neymar, sem exigir que voltem para marcar, terá de ter três marcadores no meio-campo em vez de dois. Um mais recuado, e os outros dois que marcam e avançam. Infelizmente, não temos um grande armador com esse estilo e com mais talento.
Esse armador, defensivo e ofensivo, desapareceu dos gramados, da terminologia do futebol e do imaginário dos técnicos. Mas eles existem. Não são fantasmas nem fantasias de comentaristas românticos e saudosistas. Basta ligar a televisão e ver Xavi, Schweinsteiger e outros. Basta saber ver.
###
DÚVIDAS
Cruzeiro e Atlético melhoraram, ou os times pequenos é que estão muito ruins? Devem ser as duas coisas. Um leitor, atleticano, que entende de futebol, disse que o América tem jogado melhor que Cruzeiro e Atlético. Não podemos esquecer que o América está na Segunda Divisão do Brasileirão. O mais importante é que Cruzeiro e Atlético já mostram que têm uma maneira de jogar, com algumas variações. Isso é fundamental.
Na Copa do Brasil, quando Cruzeiro e Atlético enfrentarem times como São Paulo, Palmeiras, Botafogo e Grêmio, teremos uma avaliação melhor, embora não seja definitiva, já que dois jogos não são suficientes. No Brasileirão, é que vamos conhecer bem o nível técnico dos dois.
Tostão
23 de março de 2012
(Transcrito do jornal O Tempo)
Do meio para a frente, Santos e São Paulo representam o que há de melhor no futebol brasileiro, aqui e fora do país. Neymar é o craque. Lucas e Ganso estão nas seleções olímpica e principal. Luís Fabiano continua no nível dos melhores centroavantes. Não vejo diferença entre Casemiro, Arouca e Denílson e os volantes escalados por Mano. Nenhum é excepcional. Tenho mais esperanças em Casemiro.
Santos e São Paulo representam também as deficiências dos sistemas defensivos e dos defensores dos times brasileiros.
Está muito fácil para os meias e os atacantes. Até centroavantes medianos, como Wellington Paulista, têm feito belos lances e gols. As pessoas perdem as referências. Antes da partida contra o Barcelona, Muricy, com sua franqueza, disse, várias vezes, que não sabia qual era o nível do Santos.
Por isso, a seleção deveria enfrentar mais vezes as melhores seleções da Europa. Neymar e Lucas se acostumaram a driblar, com excessiva frequência, por longas distâncias, até o gol. Os dois têm de aprender o momento certo para fazer isso.
Se Neymar e Lucas jogarem juntos na seleção, um de cada lado, terão de participar da marcação, bloquear os avanços dos laterais, para não deixar os dois volantes sobrecarregados. Contra o Barcelona, o Santos jogou com três zagueiros, dois alas, três mais adiantados (Neymar, Ganso e Borges) e apenas dois marcadores no meio. O Barcelona, com mais jogadores nesse setor, colocou os dois na roda.
Contra o Santos, Lucas usou muito bem as jogadas de velocidade nos contra-ataques. Assim, ele é decisivo. Se Mano Menezes quiser aproveitar mais o talento ofensivo dele e o de Neymar, sem exigir que voltem para marcar, terá de ter três marcadores no meio-campo em vez de dois. Um mais recuado, e os outros dois que marcam e avançam. Infelizmente, não temos um grande armador com esse estilo e com mais talento.
Esse armador, defensivo e ofensivo, desapareceu dos gramados, da terminologia do futebol e do imaginário dos técnicos. Mas eles existem. Não são fantasmas nem fantasias de comentaristas românticos e saudosistas. Basta ligar a televisão e ver Xavi, Schweinsteiger e outros. Basta saber ver.
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DÚVIDAS
Cruzeiro e Atlético melhoraram, ou os times pequenos é que estão muito ruins? Devem ser as duas coisas. Um leitor, atleticano, que entende de futebol, disse que o América tem jogado melhor que Cruzeiro e Atlético. Não podemos esquecer que o América está na Segunda Divisão do Brasileirão. O mais importante é que Cruzeiro e Atlético já mostram que têm uma maneira de jogar, com algumas variações. Isso é fundamental.
Na Copa do Brasil, quando Cruzeiro e Atlético enfrentarem times como São Paulo, Palmeiras, Botafogo e Grêmio, teremos uma avaliação melhor, embora não seja definitiva, já que dois jogos não são suficientes. No Brasileirão, é que vamos conhecer bem o nível técnico dos dois.
Tostão
23 de março de 2012
(Transcrito do jornal O Tempo)
SERPENTES PÕEM OVOS TAMBÉM À ESQUERDA
Suponho que alguém ainda lembre de Anders Behring Breivik. O nome parece familiar, não? Há menos de um ano, o maluco norueguês matou cerca de oitenta pessoas, em nome de uma "guerra de sangue" a imigrantes e marxistas. Estranhamente, matou jovens noruegueses, que não eram imigrantes e certamente nada tinham a ver com marxismo.
O massacre de Breivik foi uma festa para as esquerdas. Finalmente um europeu de boa cepa, loiro e de olhos azuis, demonstrava a natureza assassina da cultura europeia. Alusões a O ovo da serpente, de Ingmar Bergman, seriam inevitáveis. Na ocasião, uma jornalista tupiniquim, pretendendo ser original, escreveu:
“Breivik é um fanático, que parece não recuar diante de nada para eliminar de sua frente aqueles que considera indesejáveis ou ameaçadores para o “sonho europeu” que persegue e difunde em suas mensagens pela internet. Os ataques que protagonizou, fundamentados por teorias de extrema-direita, deixam a Europa e o mundo em estado de alerta, já que uma onda de repulsa a imigrantes, declínio econômico, aumento do desemprego e medo crescente de retaliação de fundamentalistas islâmicos têm tomado conta de vários países do velho continente.
“O que os tristes acontecimentos da Noruega nos dizem é que parece que o apoio a teorias xenófobas, como as que segue o atirador fanático de Oslo e da ilha de Utoeya, está crescendo. Vem da Bíblia o conceito de que a coexistência com idéias e companhias maléficas equivale a chocar o ovo de uma serpente. Em 1977, o notável cineasta Ingmar Bergman fez um filme com o título O ovo da serpente, ambientado entre a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, quando o nazismo nasceu e prosperou na Alemanha, encantando governantes de índole totalitária em vários cantos do mundo. O resultado é bastante conhecido e lamentado até os dias de hoje.
“Eventos como o da Noruega parecem assustadoramente apontar nesta direção. Através do gesto tresloucado e das palavras mais ainda de Breivik, pode-se discernir o futuro provável da Europa e do mundo se providências enérgicas não forem tomadas para reprimir a expansão desta ideologia de extrema-direita que retorna. Através das membranas finas do ovo, pode-se vislumbrar o réptil peçonhento e letal, perfeitamente concebido e pronto para atacar”.
Vinte anos após a queda do Muro de Berlim, Breivik prestou um serviço inestimável a uma doutrina já putrefata. Um maluco sai a matar e a idéia de Europa é posta em xeque. As esquerdas, penhoradas, agradecem.
Segunda-feira passada, outro alucinado matou três crianças e um rabino em uma escola judia em Toulouse, França. Quatro judeus de uma tacada só? Pensei logo em algum Mohammed ou Mahammoud, como seria lógico. Ocorre que a loucura não é lógica e ataca em todos azimutes. Melhor não apostar na loucura.
Durante quase 48 horas, a imprensa francesa foi tomada por um wishful thinking, a hipótese de que o assassino fosse um europeu de boa cepa. Não era. Era um Mohamed. Enquanto sua identidade era desconhecida, Gilles Lapouge, o correspondente do Estadão em Paris, apostou numa doença tipicamente ocidental, o serial killer. E evocou desde Breivik até uma condessa húngara do século XVI:
“O homem da moto seria o clássico "serial killer"? Um fanático que mata por ideologia, como Anders Behring Breivik, o norueguês nazista que assassinou recentemente 69 jovens numa ilha? Ou um imitador dos 2 rapazes que, na escola de Columbine (Colorado), massacraram 12 estudantes e um professor em 1999? Evidentemente, as pessoas dirão que os serial killers costumam agir mais frequentemente nos Estados Unidos, e a França não tem grande tradição nesse tipo de ação.
“Mas um ser delirante agiu na França: Francis Heaulme, o responsável pelos crimes, assassinou sete pessoas. Na 2.ª Guerra, o doutor Marcel Petiot matou 26 mulheres e guardou os cadáveres em sua casa. Mas os dois, embora entes abomináveis, não são os campeões mundiais. Eles não rivalizam com a condessa húngara Elizabeth Báthory que, no século 16, obcecada pela beleza, assassinou 610 jovens para banhar-se no seu sangue a fim de preservar sua juventude.
“Esse personagem desconhecido, ainda não identificado, embora tenha sido fotografado por cerca de 40 câmeras de segurança, tornou-se um fantasma de filme de terror, uma figura de pesadelo vagando pelas ruas das cidades, que poderá, quando quiser, fazer nova matança em pleno dia. Os criminologistas afirmam que os serial killers não param nunca”.
Ocorre que o assassino não era exatamente um serial killer. Muito menos um loiro europeu de olhos azuis. Nem era preciso ir tão longe no tempo para entender seu gesto. O celerado era de fato um Mohammed, francês de origem argelina, treinado em terrorismo no Paquistão e Afeganistão. Decepção no seio das esquerdas: o massacre pode favorecer a recandidatura de Sarkozy e mesmo a candidatura de Marine Le Pen.
Em declarações para o Nouvel Obs, Christian Etelin, o advogado que o defendeu em pequenos delitos, o descreve como “um jovem muito doce, com rosto de arcanjo, de linguagem policiada”, que sabia ser “cortês e elegante”. Para seu antigo empregador, era “um bom elemento, de uma habilidade fora do comum no trabalho e de uma grande amabilidade”. Em declarações ao Libé, a concierge de seu prédio o descreve como um locatário geralmente só, gentil, polido, a rigor boa gente em todos os sentidos. “Se você o visse, você lhe ofereceria um café. Parecia doce como um cordeiro e você lhe daria o perdão sem confissão”.
Para um de seus companheiros de bairro, “um mês ele era um bom muçulmano, na religião, sadiamente. No mês seguinte era totalmente uma outra coisa. Como se ele fosse duas pessoas”.
O doce cordeirinho de rosto de arcanjo revelou-se um assassino frio e eficiente. Seu único arrependimento é não ter matado mais gente. Vai ver que Mohammed matou não em seu mês de bom muçulmano. Mas no mês em que era outra coisa.
23 de março de 2012
janer cristaldo
O massacre de Breivik foi uma festa para as esquerdas. Finalmente um europeu de boa cepa, loiro e de olhos azuis, demonstrava a natureza assassina da cultura europeia. Alusões a O ovo da serpente, de Ingmar Bergman, seriam inevitáveis. Na ocasião, uma jornalista tupiniquim, pretendendo ser original, escreveu:
“Breivik é um fanático, que parece não recuar diante de nada para eliminar de sua frente aqueles que considera indesejáveis ou ameaçadores para o “sonho europeu” que persegue e difunde em suas mensagens pela internet. Os ataques que protagonizou, fundamentados por teorias de extrema-direita, deixam a Europa e o mundo em estado de alerta, já que uma onda de repulsa a imigrantes, declínio econômico, aumento do desemprego e medo crescente de retaliação de fundamentalistas islâmicos têm tomado conta de vários países do velho continente.
“O que os tristes acontecimentos da Noruega nos dizem é que parece que o apoio a teorias xenófobas, como as que segue o atirador fanático de Oslo e da ilha de Utoeya, está crescendo. Vem da Bíblia o conceito de que a coexistência com idéias e companhias maléficas equivale a chocar o ovo de uma serpente. Em 1977, o notável cineasta Ingmar Bergman fez um filme com o título O ovo da serpente, ambientado entre a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, quando o nazismo nasceu e prosperou na Alemanha, encantando governantes de índole totalitária em vários cantos do mundo. O resultado é bastante conhecido e lamentado até os dias de hoje.
“Eventos como o da Noruega parecem assustadoramente apontar nesta direção. Através do gesto tresloucado e das palavras mais ainda de Breivik, pode-se discernir o futuro provável da Europa e do mundo se providências enérgicas não forem tomadas para reprimir a expansão desta ideologia de extrema-direita que retorna. Através das membranas finas do ovo, pode-se vislumbrar o réptil peçonhento e letal, perfeitamente concebido e pronto para atacar”.
Vinte anos após a queda do Muro de Berlim, Breivik prestou um serviço inestimável a uma doutrina já putrefata. Um maluco sai a matar e a idéia de Europa é posta em xeque. As esquerdas, penhoradas, agradecem.
Segunda-feira passada, outro alucinado matou três crianças e um rabino em uma escola judia em Toulouse, França. Quatro judeus de uma tacada só? Pensei logo em algum Mohammed ou Mahammoud, como seria lógico. Ocorre que a loucura não é lógica e ataca em todos azimutes. Melhor não apostar na loucura.
Durante quase 48 horas, a imprensa francesa foi tomada por um wishful thinking, a hipótese de que o assassino fosse um europeu de boa cepa. Não era. Era um Mohamed. Enquanto sua identidade era desconhecida, Gilles Lapouge, o correspondente do Estadão em Paris, apostou numa doença tipicamente ocidental, o serial killer. E evocou desde Breivik até uma condessa húngara do século XVI:
“O homem da moto seria o clássico "serial killer"? Um fanático que mata por ideologia, como Anders Behring Breivik, o norueguês nazista que assassinou recentemente 69 jovens numa ilha? Ou um imitador dos 2 rapazes que, na escola de Columbine (Colorado), massacraram 12 estudantes e um professor em 1999? Evidentemente, as pessoas dirão que os serial killers costumam agir mais frequentemente nos Estados Unidos, e a França não tem grande tradição nesse tipo de ação.
“Mas um ser delirante agiu na França: Francis Heaulme, o responsável pelos crimes, assassinou sete pessoas. Na 2.ª Guerra, o doutor Marcel Petiot matou 26 mulheres e guardou os cadáveres em sua casa. Mas os dois, embora entes abomináveis, não são os campeões mundiais. Eles não rivalizam com a condessa húngara Elizabeth Báthory que, no século 16, obcecada pela beleza, assassinou 610 jovens para banhar-se no seu sangue a fim de preservar sua juventude.
“Esse personagem desconhecido, ainda não identificado, embora tenha sido fotografado por cerca de 40 câmeras de segurança, tornou-se um fantasma de filme de terror, uma figura de pesadelo vagando pelas ruas das cidades, que poderá, quando quiser, fazer nova matança em pleno dia. Os criminologistas afirmam que os serial killers não param nunca”.
Ocorre que o assassino não era exatamente um serial killer. Muito menos um loiro europeu de olhos azuis. Nem era preciso ir tão longe no tempo para entender seu gesto. O celerado era de fato um Mohammed, francês de origem argelina, treinado em terrorismo no Paquistão e Afeganistão. Decepção no seio das esquerdas: o massacre pode favorecer a recandidatura de Sarkozy e mesmo a candidatura de Marine Le Pen.
Em declarações para o Nouvel Obs, Christian Etelin, o advogado que o defendeu em pequenos delitos, o descreve como “um jovem muito doce, com rosto de arcanjo, de linguagem policiada”, que sabia ser “cortês e elegante”. Para seu antigo empregador, era “um bom elemento, de uma habilidade fora do comum no trabalho e de uma grande amabilidade”. Em declarações ao Libé, a concierge de seu prédio o descreve como um locatário geralmente só, gentil, polido, a rigor boa gente em todos os sentidos. “Se você o visse, você lhe ofereceria um café. Parecia doce como um cordeiro e você lhe daria o perdão sem confissão”.
Para um de seus companheiros de bairro, “um mês ele era um bom muçulmano, na religião, sadiamente. No mês seguinte era totalmente uma outra coisa. Como se ele fosse duas pessoas”.
O doce cordeirinho de rosto de arcanjo revelou-se um assassino frio e eficiente. Seu único arrependimento é não ter matado mais gente. Vai ver que Mohammed matou não em seu mês de bom muçulmano. Mas no mês em que era outra coisa.
23 de março de 2012
janer cristaldo
ESPECIALISTAS ENCONTRAM VULNERABILIDADE NA URNA DO TSE. MAS NO FINAL A CONCLUSÃO É QUE A URNA CONTINUA SEGURA!!!
Um grupo de quatro especialistas da Universidade de Brasília (UnB) encontrou uma lacuna na segurança das urnas eletrônicas, em teste promovido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Os pesquisadores do Centro de Informática e do Departamento de Computação da UnB conseguiram decifrar códigos da urna e identificaram a ordem dos votos registrados no equipamento. Se o mesmo grupo tivesse em mãos os nomes dos eleitores que votaram na urna, em ordem cronológica, poderia indicar quem votou em que candidato.
Com a descoberta, o TSE foi obrigado a criar novos obstáculos para impedir que os dados da urna possam ser descriptografados. O mesmo grupo da UnB terá uma nova chance para desvendar o mistério.
Para alcançar seu objetivo, os profissionais puderam visualizar por um curto período de tempo o código-fonte - a tradução do algoritmo -, que fica guardado no cofre do tribunal. O chefe do grupo, Diego de Freitas Aranha, professor do Departamento de Computação da UnB, disse que é impossível saber se conseguiriam quebrar o segredo caso não tivessem acesso à informação privilegiada.
- Isso facilitou a execução do teste. Nós conseguimos recuperar os votos em ordem, numa totalidade de 99,99%. O que isso significa? De posse dos votos, em ordem, e de uma lista de eleitores que precisa ser obtida de uma outra forma, em ordem, é possível você fazer a correspondência. Esse é o resultado do nosso teste - explicou Aranha.
A urna investigada estava carregada com a média de votos digitados, por equipamento, nas eleições gerais de 2010. O mesmo grupo demonstrou ao TSE como desembaralhou os votos e foi obrigado a apontar sugestões para fechar a porta do sistema.
- Faz parte do protocolo do teste os investigadores sugerirem alterações, correções, reparos. Se nossas sugestões forem adotadas, não deveria haver risco - completou o especialista.
O perito da Polícia Federal (PF) Thiago Cavalcante, que também participou do teste, reforçou que a ação dos colegas apontou uma vulnerabilidade no sistema. Mas pondera que o processo eleitoral tem uma série de etapas não relacionadas entre si, o que dificultaria, em tese, a quebra do sigilo.
- Por isso, o teste é bem-vindo. Justamente para corrigir problemas antes da eleição - afirmou o perito da PF.
Além da quebra do sigilo dos votos, outros grupos de hackers trabalharam, no mesmo teste, para fraudar as eleições, mas nenhum obteve êxito. Este foi o segundo “ataque” com especialistas em computação, que transformaram a urna em alvo eletrônico. Em 2009, outro pesquisador, com um rádio de pilha a cinco centímetros de distância do equipamento, venceu a disputa promovida pelo TSE. Ele distinguiu as ondas eletromagnéticas dos números 1 e 2. Um dos técnicos que supervisionaram o teste admitiu que os vencedores deste ano foram muito além.
O secretário de Tecnologia da Informação do TSE, Giuseppe Janino, informou que a descoberta, por si, garantiu o sucesso do teste, que durou seis dias. Ele informou que já providenciou o “reforço da rotina do algoritmo”, aumentando a complexidade da operação.
- A urna continua segura. Esta é uma iniciativa inédita no mundo, e o teste demonstra a competência da equipe. Assim que os ajustes estiverem concluídos, esse mesmo grupo será chamado para repetir o teste - assegurou Janino.
Do site de O Globo
MEU COMENTÁRIO
Está aí uma matéria incrivelmente surrealista. O grupo encontrou vulnerabiliade no sistema, mas ao final mais uma daquelas tiradas conhecidas: nunca antes no mundo se fez um teste assim e a urna eletrônica continua segura.
Resta apenas uma indagação: por que essa urna tão segura não emite um tiket com o voto que seria depositado numa urna convencional para que se pudesse fazer uma recontagem dos votos caso surgisse alguma denúncia de fraude?
Está aí uma típica matéria da Rede Globo. Mais parece um press-release do Tribunal Superior Eleitoral.
23 de março de 2012
aluizio amorim
Os pesquisadores do Centro de Informática e do Departamento de Computação da UnB conseguiram decifrar códigos da urna e identificaram a ordem dos votos registrados no equipamento. Se o mesmo grupo tivesse em mãos os nomes dos eleitores que votaram na urna, em ordem cronológica, poderia indicar quem votou em que candidato.
Com a descoberta, o TSE foi obrigado a criar novos obstáculos para impedir que os dados da urna possam ser descriptografados. O mesmo grupo da UnB terá uma nova chance para desvendar o mistério.
Para alcançar seu objetivo, os profissionais puderam visualizar por um curto período de tempo o código-fonte - a tradução do algoritmo -, que fica guardado no cofre do tribunal. O chefe do grupo, Diego de Freitas Aranha, professor do Departamento de Computação da UnB, disse que é impossível saber se conseguiriam quebrar o segredo caso não tivessem acesso à informação privilegiada.
- Isso facilitou a execução do teste. Nós conseguimos recuperar os votos em ordem, numa totalidade de 99,99%. O que isso significa? De posse dos votos, em ordem, e de uma lista de eleitores que precisa ser obtida de uma outra forma, em ordem, é possível você fazer a correspondência. Esse é o resultado do nosso teste - explicou Aranha.
A urna investigada estava carregada com a média de votos digitados, por equipamento, nas eleições gerais de 2010. O mesmo grupo demonstrou ao TSE como desembaralhou os votos e foi obrigado a apontar sugestões para fechar a porta do sistema.
- Faz parte do protocolo do teste os investigadores sugerirem alterações, correções, reparos. Se nossas sugestões forem adotadas, não deveria haver risco - completou o especialista.
O perito da Polícia Federal (PF) Thiago Cavalcante, que também participou do teste, reforçou que a ação dos colegas apontou uma vulnerabilidade no sistema. Mas pondera que o processo eleitoral tem uma série de etapas não relacionadas entre si, o que dificultaria, em tese, a quebra do sigilo.
- Por isso, o teste é bem-vindo. Justamente para corrigir problemas antes da eleição - afirmou o perito da PF.
Além da quebra do sigilo dos votos, outros grupos de hackers trabalharam, no mesmo teste, para fraudar as eleições, mas nenhum obteve êxito. Este foi o segundo “ataque” com especialistas em computação, que transformaram a urna em alvo eletrônico. Em 2009, outro pesquisador, com um rádio de pilha a cinco centímetros de distância do equipamento, venceu a disputa promovida pelo TSE. Ele distinguiu as ondas eletromagnéticas dos números 1 e 2. Um dos técnicos que supervisionaram o teste admitiu que os vencedores deste ano foram muito além.
O secretário de Tecnologia da Informação do TSE, Giuseppe Janino, informou que a descoberta, por si, garantiu o sucesso do teste, que durou seis dias. Ele informou que já providenciou o “reforço da rotina do algoritmo”, aumentando a complexidade da operação.
- A urna continua segura. Esta é uma iniciativa inédita no mundo, e o teste demonstra a competência da equipe. Assim que os ajustes estiverem concluídos, esse mesmo grupo será chamado para repetir o teste - assegurou Janino.
Do site de O Globo
MEU COMENTÁRIO
Está aí uma matéria incrivelmente surrealista. O grupo encontrou vulnerabiliade no sistema, mas ao final mais uma daquelas tiradas conhecidas: nunca antes no mundo se fez um teste assim e a urna eletrônica continua segura.
Resta apenas uma indagação: por que essa urna tão segura não emite um tiket com o voto que seria depositado numa urna convencional para que se pudesse fazer uma recontagem dos votos caso surgisse alguma denúncia de fraude?
Está aí uma típica matéria da Rede Globo. Mais parece um press-release do Tribunal Superior Eleitoral.
23 de março de 2012
aluizio amorim
CHICO ANYSIO NOS ABANDONOU...
Chico Anysio nos abandonou. Simples assim... Acha que pode nos virar as costas e sair sem mais nem menos, ou como dizia minha avó, sem mais aquela. Saiu, desapareceu, escafedeu-se pela porta dos fundos, só para que ninguém o visse, e assim não precisasse se despedir.
Foi para o andar de cima carregando o seu baú repleto de uma versatilidade incrível, que sempre me impressionou: 209 personagens!!!
Escafedeu-se, mas tem lá o seu grão de razão... Quem nos acostumou a estar sempre rindo, de tudo e de todos, não poderia de uma hora para outra, nos fazer chorar com despedidas.
Mas essa gente talentosa é assim mesmo. Sempre nos surpreende. Imagino que a 'turminha' lá de cima esteja a essa altura dos acontecimentos, dando grandes gargalhadas com as novas anedotas do Chico, que já foi entrando e contando uma das boas, com aquela irreverência que sempre soube arrancar dos episódios humanos.
Com sabedoria, soube retratar com seus personagens o nosso cotidiano político, desenhando também com fina ironia, e muitas vezes - merecidamente - com sarcasmo, a comédia privada do nosso cotidiano.
Ficamos órfãos. Perdemos um pouco do sabor da vida. Quem esteve com Chico, por muitos anos, através dos seus programas, sabe bem o que essa perda representa para o humor brasileiro.Não se tratava apenas de rir, mas de nos vingarmos, com suas anedotas e personagens, das injustiças da vida.
Foi a fonte onde bebemos o riso e encontramos as múltiplas faces do Brasil político e popular.
Penso que a densidade de Chico era tamanha, que com certeza, lá no céu espiritual, aconteceu um eclipse...
Como disse o poeta "resto é silêncio..."
m.americo
Foi para o andar de cima carregando o seu baú repleto de uma versatilidade incrível, que sempre me impressionou: 209 personagens!!!
Escafedeu-se, mas tem lá o seu grão de razão... Quem nos acostumou a estar sempre rindo, de tudo e de todos, não poderia de uma hora para outra, nos fazer chorar com despedidas.
Mas essa gente talentosa é assim mesmo. Sempre nos surpreende. Imagino que a 'turminha' lá de cima esteja a essa altura dos acontecimentos, dando grandes gargalhadas com as novas anedotas do Chico, que já foi entrando e contando uma das boas, com aquela irreverência que sempre soube arrancar dos episódios humanos.
Com sabedoria, soube retratar com seus personagens o nosso cotidiano político, desenhando também com fina ironia, e muitas vezes - merecidamente - com sarcasmo, a comédia privada do nosso cotidiano.
Ficamos órfãos. Perdemos um pouco do sabor da vida. Quem esteve com Chico, por muitos anos, através dos seus programas, sabe bem o que essa perda representa para o humor brasileiro.Não se tratava apenas de rir, mas de nos vingarmos, com suas anedotas e personagens, das injustiças da vida.
Foi a fonte onde bebemos o riso e encontramos as múltiplas faces do Brasil político e popular.
Penso que a densidade de Chico era tamanha, que com certeza, lá no céu espiritual, aconteceu um eclipse...
Como disse o poeta "resto é silêncio..."
m.americo
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