"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 28 de junho de 2012

NESSE PAGODE RUIM DA CABEÇA E DOENTE DO PÉ, MELHOR SERIA DANÇAR AO SOM DO NEGRITUDE...

Fernando Haddad nunca será prefeito de São Paulo. Candidatura fadada ao fracasso. Até o Netinho de Paula (PCdoB), do inesquecível Negritude Junior, seria flagrantemente melhor candidato do que o Haddad.

Lula finge que leu Maquiavel (jamais precisaria lê-lo, com as companhias magistrais que teve). Estas são as frases lulescas mais recentes:

1) “A partir de julho, vou estar com a garganta boa, já recuperei 70% de mobilidade na minha perna esquerda e, logo, logo estarei batendo falta e fazendo gol.”

2) “O povo de São Paulo precisa lembrar que ele (José Serra) já foi eleito uma vez e, em vez de governar, o bichinho ficou um ano e quatro meses no mandato e saiu. Ele não pegou nem a segunda enchente e já correu”

3) “Jogaram óleo na pista de patins dele. E ele vai perceber que foi um equívoco quem o convenceu a ser candidato a prefeito de São Paulo”

4) “Se for necessário, morderei a canela dos adversários para que o Fernando Haddad possa ser o prefeito”

Até Netinho compôs um pagodinho romântico e passional, típico, para a ocasião: “Não dá para esconder que o coração está ferido. Saio ferido, mas não derrubado. Ainda não chegou a hora”. E acrescentou: “A tese da terceira via que defendi não teve força. Perdi porque a eleição está polarizada.”

Pedro Ricardo Maximino

PRIMAVERA NO EGITO: NÃO ERA DEMOCRACIA QUE O OCIDENTE QUERIA?

O povo egípcio escolheu a Irmandade Muçulmana. Esta, fundada por Hasan al-Banna, foi fortemente influenciada por Sayyid Qutb (1906-19660). Não é preciso dizer mais nada.

Vejam quem foi Sayyid Qutb. Passou décadas (quase isso) trabalhando e estudando nos Estados Unidos, após ter sido preso em 1948 pelo rei Farouk (coincidência, 1948 foi o ano da criação do estado de Israel). Quando retornou ao Egito, chegou com um cabedal de intolerância em relação à moralmente corrompida civilização americana.

Foi um guia espiritual, tanto para a Irmandade, como também para a Al-Qaeda. Ninguém o superou nesse ministério.

Convidado para cargos públicos importantes pos Gamal Abdel Nasser, que pregava o socialismo, Qutb preferiu se manter fiel aos princípios islâmicos e à Sharia, que ele considerava tão sagrada a ponto de se deixar sacrificar por ela.

Ficou chocado com a degradação de costumes das mulheres americanas, com o sexo promíscuo, com a falta de pudor, considerando beijo na boca como uma tentação perigosa do ocidente. Voltou do exílio nos Estados Unidos como um radical islâmico (vejam “Novo Dicionário do Islão”, de Margarida Santos Lopes).

Eu havia dito aqui neste blog que o Ocidente (na verdade, EUA e Israel) ainda iria lamentar a queda de Mubarak. Aguardem que a roda ainda está girando.

Paulo Solon
29 de junho de 2012

O "CUSTO LULA"

Há menos de três anos, em 17 de setembro de 2009, o então presidente Lula apresentou-se triunfante em uma entrevista ao jornal “Valor Econômico”.
Entre outras coisas, contou, sem meias palavras, que a Petrobras não queria construir refinarias e ainda apresentara um plano pífio de investimentos em 2008.

“Convoquei o conselho” da empresa, contou Lula. Resultado: não uma, mas quatro refinarias no plano de investimentos, além de previsões fantásticas para a produção de óleo.

Em 25 de junho último, a Petrobras informa oficialmente aos investidores que, das quatro, apenas uma refinaria, Abreu e Lima, de Pernambuco, continua no plano com data para terminar. E, ainda assim, com atraso, aumento de custo e sem o dinheiro e óleo da PDVSA de Chávez.

Todas as metas de produção foram reduzidas. As anteriores eras “irrealistas”, disse a presidente da companhia, Graça Foster, acrescentando que faria uma revisão de processos e métodos. Entre outros equívocos, revelou que equipamentos eram comprados antes de os projetos estarem prontos e aprovados.

Nada se disse ainda sobre os custos disso tudo para a Petrobras. Graça Foster informou que a refinaria de Pernambuco começará a funcionar em novembro de 2014, com 14 meses de atraso em relação à meta anterior, e custará US$ 17 bilhões, três bi a mais. Na verdade, as metas agora revistas já haviam sido alteradas. O equívoco é muito maior.

Quando anunciada por Lula, a refinaria custaria US$ 4 bilhões e ficaria pronta antes de 2010. Como uma empresa como a Petrobras pode cometer um erro de planejamento desse tamanho? A resposta é simples: a estatal não tinha projeto algum para isso, Lula decidiu, mandou fazer e a diretoria da estatal improvisou umas plantas. Anunciaram e os presidentes fizeram várias inaugurações.

O nome disso é populismo. E custo Lula. Sim, porque o resultado é um prejuízo para os acionistas da Petrobras, do governo e do setor privado, de responsabilidade do ex-presidente e da diretoria que topou a montagem.

Tem mais na conta. Na mesma entrevista, Lula disse que mandou o Banco do Brasil comprar o Votorantim, porque este tinha uma boa carteira de financiamento de carros usados e era preciso incentivar esse setor.


O BB comprou, salvou o Votorantim e engoliu prejuízo de mais de bilhão de reais, pois a inadimplência ultrapassou todos os padrões. Ou seja, um péssimo negócio, conforme muita gente alertava. Mas como o próprio Lula explicou: “Quando fui comprar 50% do Votorantim, tive que me lixar para a especulação.”

Quem escapou de prejuízo maior foi a Vale. Na mesma entrevista, Lula confirmou que estava, digamos, convencendo a Vale a investir em siderúrgicas e fábricas de latas de alumínio.

Quando os jornalistas comentam que a empresa talvez não topasse esses investimentos por causa do custo, Lula argumentou que a empresa privada tem seu primeiro compromisso com o nacionalismo.
A Vale topou muita coisa vinda de Lula, inclusive a troca do presidente da companhia, mas se tivesse feito as siderúrgicas estaria quebrada ou perto disso. Idem para o alumínio, cuja produção exige muita energia elétrica, que continua a mais cara do mundo.

Ou seja, não era momento, nem havia condições de fazer refinarias e siderúrgicas. Os técnicos estavam certos. Lula estava errado. As empresas privadas foram se virando, mas as estatais se curvaram.

Ressalva: o BNDES, apesar das pressões de Brasília, não emprestou dinheiro para a PDVSA colocar na refinaria de Pernambuco. Ponto para seu corpo técnico.

Quantos outros projetos e metas do governo Lula são equivocados? As obras de transposição do Rio São Francisco estão igualmente atrasadas e muito mais caras. O projeto do trem-bala começou custando R$ 10 bilhões e já passa dos 35 bi.

Assim como se fez a revisão dos planos da Petrobras, é urgente uma análise de todas as demais grandes obras. Mas há um outro ponto, político. A presidente Dilma estava no governo Lula, em posições de mando na área da Petrobras. Graça Foster era diretora da estatal. Não é possível imaginar que Graça Foster tenha feito essa incrível autocrítica sem autorização de Dilma.

Ora, será que as duas só tomaram consciência dos problemas agora? Ou sabiam perfeitamente dos erros então cometidos, mas tiveram que calar diante da força e do autoritarismo de Lula? De todo modo, o custo Lula está aparecendo mais cedo do que se imaginava. Inclusive na política.

29 de junho de 2012
Carlos Alberto Sardenberg é jornalista. Apresentador na CBN e comentarista na Globo News

TSE LIBERA CANDIDATURA DE CONTAS-SUJAS

Por 4 votos a 3, corte volta atrás na exigência aprovação de contas de eleições anteriores

BRASÍLIA - Por quatro votos a três, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) liberou nesta quinta-feira o registro de candidaturas para os políticos chamados “contas-sujas”. Trata-se de um recuo do próprio tribunal que, em março, criou uma norma estabelecendo que não poderiam ser candidatos políticos que tiveram contas de campanhas anteriores reprovadas.

Veja também

A lei atual voltou a valer, e exige apenas a apresentação das contas de campanha, como pediu o PT, com apoio de 17 partidos.
O julgamento foi retomado nesta quinta-feira faltando apenas o voto do ministro Dias Toffoli, que pediu vistas na sessão anterior, quando o placar estava empatado em três a três, faltando apenas seu voto. Nesta quinta-feira, o ministro votou a favor dos chamados contas-sujas.

Ele ressaltou que a legislação é clara no sentido de exigir a apresentação das contas dos candidatos, e não a aprovação delas, como requisito para participar das eleições seguintes.
O ministro acrescentou que não se pode considerar que as contas foram aprovadas se o candidato não entregar à Justiça Eleitoral documentos que possam comprovar a arrecadação na campanha. Segundo ele, esse tipo de contabilidade é “fajuta”.

O primeiro voto foi da relatora, ministra Nancy Andrighi, que defendeu a aplicação da regra nas eleições municipais de outubro. Ela também defendeu um esclarecimento melhor da regra, limitando a inelegibilidade do candidato apenas às eleições seguintes à das contas reprovadas. Marco Aurélio e a presidente do tribunal, Cármen Lúcia, concordaram. Gilson Dipp, Arnaldo Versiani e Henrique Neves votaram pelo restabelecimento da regra aplicada até 2010, em que era necessária apenas a apresentação da contabilidade da campanha anterior, sem a necessidade de aprovação.

- Rejeição de contas de campanha é condição de inelegibilidade? Entendo que a interpretação (feita antes pelo TSE) está dando um alcance que a lei não deu - afirmou o ministro Henrique Neves, explicando que, se houver rejeição das contas, a lei já dá ao Ministério Público o direito de impugnar a candidatura.

- Não é só o aperfeiçoamento das máquinas, das urnas, que é importante, mas da cultura eleitoral, da cidadania brasileira - disse Cármen Lúcia, presidente do TSE.

Na primeira parte do julgamento, Nancy Andrighi defendeu que o recurso não fosse sequer julgado, porque não haveria previsão em lei para contestar dessa forma as regras baixadas pelo tribunal. A proposta foi reprovada por quatro votos a três.

Além da relatora e de Marco Aurélio, ministra Cármen Lúcia, também defendeu que o recurso não fosse julgado. Saíram vencedores os ministros Dias Toffoli, Arnando Versiani, Henrique Neves e Gilson Dipp.

- A matéria administrativa pode ser reconsiderada. Não tenho a menor dúvida de que nós devemos apreciar o exame do pedido de reconsideração feito por partidos políticos, que são os interessados na eleição - argumento Dipp.
No dia 1º de março, o TSE aprovou resolução condicionando as candidaturas à aprovação de contas anteriores de campanhas — ou seja, os chamados políticos contas-sujas não poderiam ter o registro

Carolina Brígido, O Globo
29 de junho de 2012

A SIGNIFICAÇÃO: O NOVO FASCISMO

Do ponto de vista ideológico, o que aproxima Barack Hussein Obama de Angela Merkel é a preferência de ambos por um modelo de sinificação da sociedade, que constituiu uma nova forma de fascismo.
Podemos dizer, como toda a segurança, que Barack Hussein Obama não é propriamente um socialista de tipo Mário Soares; e podemos dizer também com igual segurança que Angela Merkel não é propriamente uma democrata-cristã ou mesmo uma conservadora: ambos são neofascistas.
O que caracteriza a sinificação — tanto da União Europeia que conduz ao IV Reich, como dos Estados Unidos — é a adopção (grosso modo, mais ou menos, segundo as sociedades) do modelo social e económico chinês, em que a propriedade privada e os meios de produção são detidos por privados, mas são os políticos e os burocratas que tomam as decisões fundamentais em matéria de planeamento económico.
Porém, a sinificação vai mais longe e passa a definir os critérios éticos e de moralidade da sociedade: estamos em presença de um novo tipo de fascismo.
Recordo que desde 1973 que o globalista Henry Kissinger defende publicamente a adopção do modelo chinês para todo o mundo.
O novo fascismo de Barack Hussein Obama e de Angela Merkel defende o controlo público da economia embora esta permaneça em mãos privadas.
Isto é, exactamente, sem tirar nem pôr, o que aconteceu com o regime nazi — mais ainda do que com o fascismo italiano que era corporativista e, portanto, um pouco menos afoito ao controlo da economia por parte do Estado.

Eram conhecidos os acessos de ira e de raiva de Hitler para com os empresários e industriais alemães, que tinham as margens de lucro dos seus negócios controladas e muitas vezes congeladas pelo Estado.
Grandes empresários alemães, como por exemplo Bosch e Porsche, foram muitas vezes o bode-expiatório dos fracassos da política económica e belicista nazi.
Com Barack Hussein Obama acontece, mais ou menos, a mesma coisa: se a economia americana vai bem, o sucesso e os louros são de Obama; se a economia vai mal, a culpa é dos empresários. Hitler não fez diferente nem melhor!


A esquerda e o fascismo têm mais em comum do que se pensa. Na década de 1920, a esquerda socialista portuguesa beatificou Mussolini — sob crítica forte e pesada de Fernando Pessoa, por exemplo, que criticou duramente os socialistas e Mussolini. Hitler era, no seu tempo e pela Europa fora, considerado um homem de esquerda!
Só quando os horrores nazis surgiram aos olhos do mundo, é que a esquerda socialista se demarcou de Hitler e de Mussolini — conotando-os depois com a direita!

Angela Merkel cresceu e foi educada na Alemanha comunista; foi, na sua juventude, militante do Partido Comunista alemão e, surpreendentemente, surge na década de 1990 como uma dirigente do partido conservador alemão (CDU). A base ideológica de Angela Merkel é eminentemente totalitária e de esquerda.

A base das ideologias de esquerda — socialismo, fascismo, comunismo, nazismo — é gnóstica, no sentido em que uma minoria de Pneumáticos modernos, sapientes e merecedores da salvação, se devem ocupar dos miseráveis Hílicos que são a maioria da população, governando por decreto, e no sentido de lhes levar alguma da sua sabedoria gnóstica e controlando-lhes os movimentos e a acção, tanto quanto seja possível.

O indivíduo de esquerda considera-se um ente superior, um iluminado — daí a analogia com o Pneumático moderno. E considera que tem uma missão redentora e messiânica no mundo, própria de um semideus, que é a de perscrutar para além das leis da natureza no sentido de, compreendendo-as em primeiro lugar, as poder depois anular nos seus efeitos, e formatá-las a seu bel-prazer, transformando assim essa elite de esquerda no novo Olimpo grego.

Para a esquerda e para os esquerdistas, os factos não contam absolutamente nada. Para a esquerda os factos não existem: existem apenas argumentos; para a esquerda, os argumentos substituem os factos.
E se os argumentos forem baseados numa auto-atribuída autoridade de direito — mesmo que desprovida de autoridade de facto —, todas as decisões de esquerda ficam, assim, automaticamente justificadas.

28 de junho de 2012
Orlando Braga
Perspectivas

A TEORIA DO DOUTOR HONORIS CAUSA PRÓPRIA

Reveja o vídeo que não poderia ter ficado fora da Rio+20: o doutor honoris causa em aquecimento global apresenta a Teoria das Vantagens da Terra Quadrada

Se Lula estivesse brincando, seria uma boa piada. Como disse o que efetivamente pensa, o vídeo reprisado na seção História em Imagens deixa claro que piada é um país que topa ser governado durante oito anos por um presidente assim.
Lula acha mesmo que, quando o Japão está na parte de cima do planeta redondo que não para de girar, os brasileiros se apoiam nas mãos para plantar bananeiras.

28 de junho de 2012

O JORNALISTA ÉTICO E A HIPOCRISIA NA POLÍTICA

“Hoje, pedi demissão do site Bocão News, onde trabalhei nos últimos três meses. Escrevi, com base em dados oficiais, uma matéria que mostrava o crescimento exponencial dos gastos com publicidade do governo Wagner. Para minha surpresa, cerca de uma hora após a matéria ter sido postada, ordens da chefia chegaram até a redação para que a reportagem fosse retirada do ar. De maneira truculenta e desrespeitosa, fui comunicado da decisão por terceiros através de mensagens de texto via celular. Também me foi dito que, por interesses econômicos e por pressão do ‘democrático’ governo petista, a ordem era irrevogável. Diante disso, não poderia agir de outra forma. Não se trata de querer bancar o herói, mas a demissão era a única saída honrosa. A coerência, a dignidade e a liberdade são valores inegociáveis para mim...”

Este texto foi escrito por um jovem repórter baiano, Guilherme Vasconcelos, de 22 anos, e postado semana passada em um blog de origem regional (blogdobrown), de onde caiu nas redes sociais, principalmente nas contas pessoais de jornalistas da Bahia.
O desabafo de Vasconcelos expõe de maneira clara o quanto políticos inescrupulosos ditam as regras a serem seguidas pela mídia baiana. Trata-se de um problema enfrentado dia após dia por grande parte dos nossos jornalistas. Na realidade, trata-se de um câncer que maltrata a ética e acaba por assassinar a tão sonhada liberdade de imprensa nas terras de Gabriela, dos coronéis e seus capangas.

O motivo pelo qual o jornalista pediu demissão do site baiano é gravíssimo e certamente atinge outras searas midiáticas, portanto merece profunda reflexão. Necessita ser discutido nacionalmente e com mais intensidade tanto pelos profissionais que trabalham na área quanto por instituições que lutam pelo direito de livre expressão em nosso país.

Livre veiculação de notícias

Se o caso do quase anônimo Vasconcelos – que nos mostrou como deve agir um verdadeiro profissional – tivesse acontecido em algum grande veículo do eixo Rio-São Paulo, provavelmente, e merecidamente, teria ocupado as manchetes dos jornais, telejornais e sites com visibilidade nacional, até porque tudo o que aconteceu e acontece em nível regional, guardadas as devidas proporções, certamente já aconteceu e ainda acontece nacionalmente, da mesma forma e com os mesmos objetivos.

Atitudes arbitrárias como esta, praticadas seja onde for, devem ser investigadas e denunciadas não só pela grande imprensa comprometida com a defesa do Estado Democrático de Direito, mas também pelo Ministério Público, que tem o dever de atuarna defesa dos interesses sociais. O cidadão brasileiro tem o direito de saber o que se passa nos bastidores escusos que envolvem o mundo político e o midiático.

Ao mesmo tempo, os donos dos veículos de comunicação devem se profissionalizar e respeitar as normas éticas que norteiam a atividade jornalística. Eles precisam entender que a publicidade pode e deve patrocinar a imprensa, mas que esta mesma publicidade não tem o direito de cercear a livre veiculação de notícias, principalmente quando se trata de um assunto de relevante interesse social.

Hipocrisia e desrespeito

De acordo com a Declaração de Chapultepec, documento elaborado em 1994, no México, pela Sociedad Interamericana de Prensa e assinado por 44 chefes de Estado (inclusive pelo ex-presidente Lula, amigo e correligionário do governador da Bahia) e por dezenas de entidades internacionais, “nenhum meio de comunicação ou jornalista deve ser penalizado por difundir a verdade, criticar ou fazer denúncias contra o poder público”.

Acredito que o ato praticado pelo governo da Bahia pode ser definido como abuso do poder econômico, com objetivo explícito de cercear a livre expressão da atividade de comunicação – atividade esta protegida pela Constituição Federal de 1988, artigo 5º, inciso IX. É preciso, portanto, que providências urgentes sejam tomadas com o firme propósito de coibir, de uma vez por todas, esta prática ainda tão comum em um país carente de informações com conteúdo verdadeiro e de qualidade.

Ainda falando de coerência, dignidade e liberdade, e aproveitando a oportunidade, a postura assumida pelo jovem jornalista baiano contrapôs-se ao caso de alguns outros homens que se dizem brasileiros e que insistem em querer se valer do bom caráter e ingenuidade do povo para alcançar benesses, sejam elas quais forem, nas entranhas do poder público. Refiro-me, obviamente, ao encontro do ex-presidente Lula com o deputado federal Paulo Maluf na segunda-feira (18/6).Simplesmente os dois políticos, que até então se diziam inimigos irreconciliáveis, nos brindaram com a mais pura e cruel demonstração de hipocrisia, de falta de coerência política e de desrespeito para com o cidadão brasileiro.

Perda de confiança

Em um congraçamento nos belos jardins da casa do deputado mais procurado pela Interpol, acusado pelos crimes de conspiração, roubo de dinheiro público em São Paulo e auxílio na remessa de dinheiro ilegal para Nova York, entre outros, os dois senhores oficializaram uma esdrúxula adesão do Partido Progressista (PP) à chapa do pré-candidato Fernando Haddad (PT) a prefeito de São Paulo, simbolizado por largos sorrisos, abraços e apertos de mãos. Leitores e telespectadores ingênuos que defendiam um ou outro político, deste ou daquele partido, movidos, certamente, por ideologias infelizmente ultrapassadas, sentiram o chão tremer e desmoronar os seus castelos que abrigavam verdadeiros sapos trasvestidos de príncipes encantados.

A sensação que ficou na mente dos correligionários e eleitores do ex-presidente, com sua história política já conturbada pelas suas declarações estapafúrdias proferidas em diversas ocasiões, foi a de que – parafraseando um dito policialesco – a casa caiu.
Do lado malufista, ao contrário, correligionários e eleitores festejaram mais uma artimanha bem sucedida do picareta-mor da política brasileira. Lula perdeu a confiança dos eleitores de todo um país em troca de 1m35s de tempo de TV na eleição municipal, enquanto Maluf, afastado por muitos anos do poder federal, ganhou, apesar de ter negado o fato, um cargo no Ministério das Cidades, onde pretende empossar o engenheiro Osvaldo Garcia, um dos seus pupilos.

Mais respeito

A lição que nos fica é a de que, tanto no mundo da mídia quanto no da política nada se perde, tudo se transforma. Se ACM foi o grande coronel da Bahia, Jaques Wagner parece ter ocupado o seu posto e Lula está se tornando o poderoso coronel do Brasil, considerando a prepotência com que o ex-presidente (des) tratou a atividade política brasileira ao dizer que não admite que a oposição chegue ao poder em 2014, como se o país fosse apenas um pequeno e desinformado feudo comandado inteiramente por ele.

Não milito na política e não compactuo com qualquer partido político. Sou apenas um jornalista, observador dos caminhos e descaminhos por onde o país trafega, portanto sinto-me à vontade para propor, tanto a Lula quanto a Maluf e a outros tantos que fazem da política brasileira um ninho de cobras, que se espelhem no jovem Guilherme Vasconcelos (isto se ainda houver um pouquinho de bom-senso em suas mentes maquiavélicas).
Peçam demissão de suas atribuições políticas, e deixem o povo viver com o respeito que merece. Caso isto não aconteça, certamente, nas próximas eleições presidenciais, os cidadãos votarão em massa no deputado Tiririca para presidente do Brasil, mesmo se porventura não seja ele candidato ao cargo, e por um motivo muito simples: assim como o personagem interpretado pelo senhor Francisco Everardo Oliveira Silva, todos nós estamos nos sentindo verdadeiros palhaços do Gran Circo Brasil.

28 de junho de 2012
João Dell’Aglio é jornalista, Salvador, BA

A RECÍPROCA

Leio que o Coronel Brilhante D’Ustra foi condenado a pagar compensação aos familiares de uma pessoa morta pelo regime militar.
Notem que o condenado foi o Coronel, pessoa física. Alguém teve por bem separar o fato de o estado da época, o mesmo estado que administrou o país e fez ou desfez um sem número de coisas em muitas áreas ter instruído pela sua cadeia de comando o coronel a realizarcertos atos.


Isto abre uma nova perspectiva.
O que vale para gregos vale para troianos.
Por exemplo Orlando Lovechio, que perdeu uma perna e a carreira pode daqui para a frente abrir um processo cobrando dos que colocaram a bomba no Conjunto Nacional uma compensação. Tanto os que fisicamente colocaram a bomba quanto os que planejaram a operação podem e devem, ser processados neste caso.

O mesmo podem fazer os filhos do capitão Chandler e tantos outros. Os nomes dos matadores e dos planejadores das ações são conhecidos.
Será um prato cheio, particularmente para os culpados de ações anteriores ao AI5que de fato desencadearam a fase mais renhida das ações do governo.

Sugere-se também que processem o governo de Cuba que treinou estas pessoas.
O pagamento pode ser em rum e charutos.

Ralph J. Hofmann
28 de junho de 2012

O PITBULL DESPIROCADO

 

Cheguei a pensar que Luiz Inácio Lula da Silva, era dado a dizer besteiras por força de seu alcoolismo. Mas depois que ficou doente, sem beber e continuar com suas incongruências, conclui que na realidade ele é um despirocado.

Sua confusão mental pôde ser vista desde que, dominado pelo desespero, vendeu a dignidade do partido e o pouco que restou da sua, obrigando-se a bajular Paulo Maluf pela mixaria de 1’35’’ de horário eleitoral

A repercussão não poderia ter sido pior, depois de passar toda sua vida política, chamando Maluf de ladrão, vai à sua mansão, aperta-lhe a mão e abraçá-o como se este fosse um velho amigo. Mas a coisa não parou aí.

Quando do anúncio da aliança entre PCdoB e PT(25/6), inicialmente afirmou que “não se arrepende nem um pouco” da fotografia tirada ao lado de Paulo Maluf , depois, como um desvairado, disse:

“A partir de julho ou agosto vou estar melhor e vou me dedicar à campanha em São Paulo. Se necessário vou morder a canela dos adversários para que Fernando Haddad seja prefeito”.
Se Lula não se arrepende da aliança com Maluf, mostra que é insano, pois pesquisa
Datafolha divulgada nesta quarta-feira (27) mostra que a aliança firmada entre PT e Maluf, não é aprovada pela maioria dos eleitores em São Paulo. Entre os eleitores que se afirmam petistas, a reprovação chega a 64%. Segundo a pesquisa, 59% dos entrevistados afirmaram que não votariam em um candidato que tem o apoio de Maluf, como é o caso do pré-candidato petista Fernando Haddad. Outros 12% seguiriam sua indicação, e 26% seriam indiferentes.

Lula dentro de sua pretensa onipotência se convenceu que só ele com seu carisma, será capaz de eleger Haddad, mas José Serra, candidato que está em primeiro lugar com 31% da intenção de votos, contra 6% de Haddad, põe ordem no recinto:
“Em 2004, Lula apoiou Marta e eu ganhei. Em 2006, ele apoiou Mercadante e eu ganhei. Em 2008, apoiou a Marta e o Kassab ganhou. Em 2010, apoiou a Dilma e eu ganhei aqui na cidade. Infalível ele não é.”
A realidade é esta, o resto é bafo de boca.

giulio sanmartini
28 de junho de 2012

O RISCO DO TRIUNFO DO "TODO MUNDO FAZ"

“Será que veremos a instituição de um Estado assumidamente corrupto, cuja regra básica será uma cordialidade mútua entre os enrolados; afinal, ‘todo mundo faz, sistematicamente’?”
Há um aspecto sobre o julgamento do mensalão que merece uma reflexão. Pelo que se vem prospectando dos posicionamentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), a possível situação mais favorável à maioria dos réus do processo já envolveria a prática de um crime: o crime eleitoral. Sair com a admissão desse crime seria a situação mais favorável porque, no caso, tal crime a essa altura já teria prescrito. Ficaria apenas a pecha moral, sem nenhuma sanção maior. A partir daí, a ideia é diluir ao máximo essa pecha moral. Seria o triunfo do “todo mundo faz, sistematicamente”, aquela frase do ex-presidente Lula na declaração que deu em Paris na época tentando resumir tudo o que houve a caixa 2 de campanha.

Claro, a análise do longo processo que vai se iniciar em agosto não poderá em nenhuma hipótese ser simplificada assim. Há contra os 38 réus imputações diversas, que terão de ser analisadas individualmente.
No seu relatório inicial, o ministro Joaquim Barbosa já livra dois de punição, por falta de provas: o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Luiz Gushiken e o ex-assessor do PL (hoje PR) Jacinto Lamas.
Quanto aos demais, vai na linha de manter as penas sugeridas pela Procuradoria-Geral da República, para diversos crimes, como peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
E, principalmente, referenda a acusação feita na época pelo então procurador Antonio Fernando de Souza, de que se formou “uma sofisticada quadrilha” para comprar “suporte político” para “garantir a continuidade do projeto político do PT”.
Para viabilizar o projeto, amparou-se em esquema que o publicitário Marcos Valério já fizera para o PSDB em Minas Gerais, a partir de empréstimos em troca de contratos proveitosos com o governo depois de Lula eleito.

Mensalão: entenda o caso que será julgado pelo STF

O relatório de Ricardo Lewandowski como ministro revisor não é conhecido. Mas as informações que correm são no sentido de que ele teria atenuado as imputações defendidas por Joaquim Barbosa. E de que, de um modo geral, iria mais no sentido de referendar a tese de que tudo aquilo que se apelidou de mensalão não passou da formação de um fundo para financiamento irregular das campanhas do PT e dos seus aliados. Basicamente, caixa 2, crime eleitoral.
Com os ajustes que balizarão as decisões caso a caso, seja como for o relatório revisor de Lewandowski, será mesmo entre esses dois pontos que correrá a discussão sobre o mensalão.

Individualmente, os ministros terão que discutir o que cada um dos réus fez, as acusações contra eles e o que dizem em suas defesas. Mas o pano de fundo será esse. De um lado, a “sofisticada quadrilha” descrita pelo Ministério Público. De outro, o “todo mundo faz, sistematicamente” do comentário de Lula.

A honestidade obriga que se diga que há um pouco de ambas as coisas em qualquer que seja o lado para qual penda o julgamento. Se o PT comprava com dinheiro o apoio dos partidos aliados e usou dinheiro público para isso, certamente não foi mesmo o único a fazer isso. E, para não estender demais o assunto, bastam as menções aos outros mensalões que pululam nas páginas dos jornais.

Há o mensalão original – o mineiro. Há o mensalão do DEM de José Roberto Arruda em Brasília, etc.
E a prática de caixa 2, então, nem se fala. O processo eleitoral brasileiro é caríssimo.

Não se elege hoje um deputado federal com menos de R$ 1 milhão. A evolução dos custos da campanha política no Brasil é impressionante. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral, em 2002 gastaram-se R$ 94 milhões na campanha presidencial. Em 2010, os gastos foram de R$ 590 milhões.

Na campanha para deputado federal, o valor pulou de R$ 191 milhões em 2002, para todas as campanhas, para R$ 926 milhões em 2010. Quase R$ 1 bilhão! Sem falar no dinheiro não contabilizado. Lula tem razão: o caixa 2 é, infelizmente, uma prática generalizada.

O problema da frase de Lula é outro. Problema ainda maior se, ao final do julgamento do mensalão, for esse o pensamento a prevalecer. O mau comportamento generalizado não pode ser banalizado e passar a ser considerado um comportamento normal. Ninguém pode achar normal um processo político que declaradamente se concretiza desrespeitando as suas regras. No qual as pessoas são eleitas por força das suas estratégias para burlar a lei e as normas. Por força do dinheiro irregular do qual dispõem e dos compromissos inconfessáveis que firmam.

E se a banalização for além – no sentido de julgar normal que se compre literalmente apoio político em troca de contratos polpudos no governo e outras benesses –, aí, a coisa ganhará um grau de gravidade que beira o pesadelo. Será a instituição de um Estado assumidamente corrupto. Que não se importa nem um pouco com isso. Um Estado em que ninguém pune ninguém, em que ninguém acusa de fato ninguém, em que os enrolados se protegem mutuamente. Porque, afinal, nesse Estado “todo mundo faz, sistematicamente”. Qualquer semelhança com as claques de deputados e senadores tucanos e petistas na CPI do Cachoeira não é mera coincidência.

 Rudolfo Lago 
28 de junho de 2012

TIRIRICA: "ALIANÇA PT-MALUF FAZ PARTE DO JOGO"

Em sua primeira manifestação sobre as eleições de São Paulo desde que foi instado pelo PR a desistir da disputa, o deputado disse ao Congresso em Foco já ter aprendido que esse tipo de aliança pragmática faz parte da “mecânica política”
Victor Soares
Tiririca sobre Paulo Maluf: "Ele é um gênio da política"
 
Na sua campanha para deputado federal, Tiririca (PR-SP) dizia na televisão não saber o que faz um político. Aplicado, ele desde então vem aprendendo.
 
E uma das lições que ele teve recentemente nesse sentido deu-se a partir das imagens do ex-presidente Lula apertando a mão do arquiinimigo histórico do PT em São Paulo, o deputado Paulo Maluf (PP-SP).
 
Lula aceitou posar ao lado de Maluf depois que o PP de Maluf aceitou apoiar a candidatura de Fernando Haddad, do PT, à prefeitura de São Paulo. Muita gente se espantou.
 
Muita gente se indignou. Mas não Tiririca. “Mecânica Foco na tarde desta quarta-feira (27). “Isso faz parte”, continuou. “Eu estou há pouco tempo na política, mas já aprendi que em política é assim”, concluiu.
É a primeira vez que Tiririca fala sobre a eleição municipal em São Paulo desde que seu partido, o PR, pôs por terra as suas pretensões de disputar o Palácio do Anhangabaú para fechar poio ao candidato tucano José Serra na corrida à Prefeitura de São Paulo.
Tiririca chegou a ser cogitado para a disputa e se autointitulava “prefeito do povão”, como este site mostrou em 29 de fevereiro.

Fábio Góis
28 de junho de 2012

O CONTRAPONTO


Merval Pereira

O voto do revisor que o ministro Ricardo Lewandowski entregou ontem, liberando assim o processo do mensalão para julgamento, caminha no sentido de indicar que, na sua opinião, o Supremo Tribunal Federal deve optar por penas mais brandas para os réus, fazendo assim o que chamou de “um contraponto” ao voto do ministro relator, Joaquim Barbosa, que encaminhou seu relatório no sentido inverso, isto é, a favor da pena máxima para os acusados, seguindo as alegações finais do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que considera o mensalão um dos crimes mais graves já cometidos contra a democracia brasileira.

Há quem especule que, na verdade, Lewandowski defenderá em seu voto no julgamento que os crimes do mensalão foram estritamente eleitorais, assumindo a tese do caixa 2 exposta pelo ex-presidente Lula sob orientação de seu então ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos.

Nem Barbosa nem Lewandowski deram ainda seus votos finais, mas a posição de ambos é passível de ser intuída a partir de seus respectivos relatórios, além dos votos que já deram em 2007, quando o Supremo acolheu a denúncia contra os mensaleiros.

Lewandowski, que foi apanhado conversando ao telefone depois da sessão com seu irmão – falava tão alto em um restaurante em Brasília que uma repórter da “Folha” ouviu toda a conversa – disse naquela ocasião que a tendência do STF era “refrescar” para José Dirceu, mas que a pressão da opinião pública fora tão grande que os ministros votaram sentindo-se com “uma faca no pescoço”.

Ele não aceitou as acusações de formação de quadrilha nem de peculato contra Dirceu e Genoino, por exemplo, achando que havia indícios para se investigar apenas o crime de corrupção ativa contra os dois.

Tudo indica que também desta vez o ministro Lewandowski não quis afrontar a opinião pública retardando o começo do julgamento do mensalão devido a um atraso na entrega de sua revisão.
Ele entregou seu trabalho ontem à tarde, quando o prazo final que permitiria o julgamento se realizar no dia 1 de agosto esgotara-se no dia anterior. Tudo indica, portanto, que ele poderia tê-lo feito no prazo.

De qualquer maneira, o atraso foi menor do que se entregasse seu voto-revisor apenas na sexta-feira, como chegou a ameaçar.

Se cumprisse a ameaça, o julgamento poderia sofrer o atraso de cinco dias, e não apenas de um, como aconteceu, com implicações maiores.

A pena mais branda pode significar a prescrição de crimes como o de formação de quadrilha, ou de peculato culposo, o que poderia ser facilitado pelo atraso do julgamento
A pena mais branda pode significar a prescrição de crimes como o de formação de quadrilha, ou de peculato culposo, o que poderia ser facilitado pelo atraso do julgamento.

Dependendo das penas que eventualmente receberem, 22 dos 38 réus do mensalão – entre eles o ex-ministro José Dirceu – poderão terminar o julgamento com a prescrição do crime de formação de quadrilha, o que equivale a uma absolvição.

De acordo com especialistas, especificamente para o crime de quadrilha, a prescrição se dá em oito anos, mas só se o máximo da pena for superior a dois anos (a pena máxima para esse tipo de crime é de três anos).

A prescrição pode vir a ocorrer em quatro anos se os réus, ao fim do processo, forem condenados a dois anos ou menos. Como o recebimento da denúncia no Supremo foi em 28 de agosto de 2007, ela já teria ocorrido no ano passado.

Os demais crimes não têm prescrições previstas tão cedo: crime de peculato (doloso) – pena de 2 a 12 anos, prescrição de 16 anos; corrupção ativa – pena de 2 a 12 anos, a prescrição seria de 16 (sem considerar um aumento de pena de 1/3 previsto na lei, que pode ou não ser aplicado); falsidade ideológica – se o documento falsificado for particular, a pena é de 1 a 3 anos, com prescrição de 8, e, se o documento falsificado for público, a pena é de 1 a 5 anos, com prescrição de 12 anos; lavagem de capitais – pena de 3 a 10 anos, com prescrição de 16 anos; evasão de divisas – pena de 2 a 6 anos, com prescrição de 12 anos.

Uma das intenções do cronograma original aprovado era permitir que o ministro Cezar Peluso pudesse votar antes de se aposentar compulsoriamente, pois faz 70 anos no dia 3 de setembro.

O esforço para que Peluso participe do julgamento não tem nada a ver com uma eventual tendência sua de votar contra os mensaleiros, como especulam os petistas mas que é impossível de se afirmar.

Além de querer a participação de Peluso na decisão final, por conhecer bem o processo e ser um ministro experiente e de conhecimento requintado, o presidente Ayres Britto objetiva também não dar razões para o adiamento do julgamento devido à escolha de um novo ministro.

Mesmo que o julgamento continue com apenas dez ministros – ou nove, se Dias Tofolli decidir se declarar impedido por suas ligações com o PT e sua companheira ser advogada no processo -, quando o substituto de Peluso fosse escolhido ele poderia pedir vista, paralisando-o.

A decisão do ministro Tofolli é uma incógnita. Como só cabe a ele decidir, e não há prazo para isso acontecer, talvez só saibamos no dia do julgamento, pois ele pode simplesmente não aparecer, ou então comparecer normalmente sem precisar justificar nada.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, estuda a possibilidade de pedir o seu impedimento, por pressão de procuradores, mas isso dificilmente ocorrerá.

Por questões burocráticas, Peluso terá que deixar o Tribunal poucos dias antes da data fatal. Pelo organograma, ele será o sétimo juiz a votar, e sua vez deverá chegar por volta do dia 29 ou 30 de agosto, prazo máximo de sua permanência na Corte.

Peluso havia sugerido que, se não tivesse condições de votar no mensalão, provavelmente nem voltaria depois do recesso de julho.

Aprovado o cronograma, com sua participação ativa, essa possibilidade parecia superada. O prazo, no entanto, ficou mais curto ainda, e Ayres Britto pode permitir que Peluso antecipe seu momento de votar a fim de não correr o risco de novo atraso inviabilizá-lo.

Merval Pereira
28 de junho de 2012
Fonte: O Globo

"DESVIAR A LEI ROUANET PARA FINANCIAR O CULTO A PERSONALIDADE DO LULA É INACEITÁVEL".

A construção do Memorial da Democracia do Instituto Lula deve ser financiada pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, mais conhecida como Lei Rouanet.
A obra poderá usar recursos públicos, através do mecanismo de renuncia fiscal, para atrair investidores do setor privado.

Marco Antonio Villa 140x105 Marco Villa: “Desviar a Lei Rouanet para financiar o culto a personalidade do Lula é inaceitável”
O projeto prevê a construção de um museu com o acervo documental referente ao mando do ex-presidente Lula. Para o historiador e especialista do Instituto Millenium, Marco Antonio Villa, ao priorizar um interesse privado a iniciativa coloca o interesse público em segundo plano. “O memorial vai ser um culto a personalidade do Lula pago com o dinheiro público.”

O historiador criticou o uso da Lei Rouanet para esse tipo de financiamento.
“A Lei Rouanet é para incentivar especialmente as atividades que tem dificuldades no mercado cultural como as artes plásticas, a poesia e a dança. Desviar a lei para financiar o culto a personalidade de um ex-presidente é inaceitável.”

O Memorial de Lula também oferecerá cursos para a população. O prédio deve ser erguido em um terreno público localizado no centro de São Paulo. O espaço tem 4,3 mil m² e vale aproximadamente R$20 milhões.

Marco Antonio Villa
28 de junho de 2012

O BRASIL PÂNDEGO, PATÉTICO...

O Brasil é pândego; é patético. Para ser mais lulático no jeito de dizer, o Brasil é um bolaço. Seus proprietários dizem agora que o impeachment de Lugo, o bispo-papão do Paraguai "é golpe disfarçado".

Nem sempre essa pandilha é só pândega e patética; é cínica também a dar com pau.

O impeachment de Lugo foi aplicado por 39 votos a 6, maioria simples, absoluta e esmagadora dentro do Congresso Bicameral Nacional do Paraguai.

Isso, para os governistas daqui é "golpe". Quando eles se reúnem nas duas grandes casas de tolerância nacional, na Esplanada dos Ministérios, para fazer o que o Palácio do Planalto manda, é só um exercício patriótico de democracia.

E assim, criam CPIs de araque, aprovam gandaias de licitação, protelam julgamentos de mensaleiros e outros corruptos companheiros bons e batutas.

O Brasil conduzido por essa pandilha de sevandijas não é somente pândego e patético; é cínico e sem-vergonha na cara. O Brasil é um bolaço. Nas bolas...
28 de junho de 2012
sanatório da notícia

EXTRA! A HISTÓRIA PROIBIDA DE FERNANDO LUGO

 
Transcrevo após este prólogo, um excerto de artigo do jornalidsta e escritor paraguaio Chiqui Avalos, intitulado "A Guarânia do engano". Está traduzido para o português na íntegra na coluna do jornalista Augusto Nunes, no site da revista Veja. 
 
É de leitura obrigatória. Avalos, que combateu a ditadura e Stroessner e apoiou a candidatura de Fernando Lugo, é editor de "Prensa Confidencial", influente boletim digital editado em em Assunção.
 
O artigo é arrasador e revela pormenores do ex-bispo católico que se tornou presidente do Paraguai. De certa forma explica a reação de Lugo quando foi destituído pelo parlamento paraguaio de acordo com a Constituição.
 
Repito: o artigo é arrasador. Mas deve-se assinalar que o autor, Chiqui Avalos, deixa entrever, no entanto, a sua ingenuidade (ou não) no que respeita ao fato de que acreditou na conversa do ex-bispo, que como todo comunista é mentiroso.
Não foi por falta de aviso, haja vista os exemplos no próiprio continente latino-americano e, particularmente, na Venezuela! Isto, todavia, não tira o brilho e a importância do artigo. Recomendo que leiam na íntegra clicando no link abaixo.

(...) "Durante seus três anos de governo, não passou um mês sequer sem viajar a um país qualquer. Com razão ou sem nenhuma, tanto fazia, lá se ia ele, o alegre viajante para conferências esvaziadas ou cerimônias de posse de mandatários sem importância para o Paraguay.
As pompas do poder o abduziram como a nenhum déspota de república bananeira do Caribe. Os comboios de limusines com batedores estridentes, as festas e beija-mãos, os eternos e maviosos cortesãos do poder, as belas mulheres, as mesas fartas, os hotéis cinco estrelas, a riqueza, a opulência, os “negócios”.
O despojado ex-bispo tornou-se grande estancieiro, senhor de terras, plantações e gado.
O presidente que tomou posse calçando prosaicas sandálias, símbolo de humildade, revelou-se um homem vaidoso e fetichista.
Como que a vestir a mentira em que ele próprio se tornou, passou a envergar elegantes e bem-cortadas túnicas encomendadas a alfaiates da celebérrima e caríssima Savile Row, templo londrino da moda masculina.
No detalhe, o estelionato (mais um): colarinhos eclesiásticos. Afeiçoou-se a lindas e jovens, digamos, “modelos”, que floriram sua vida e a imensa banheira Jacuzzi que mandou instalar na austera e velha residência presidencial. Muitas delas o precediam mundo afora, esperando-o em hotéis fantásticos e palácios, nas vilegiaturas internacionais. Viajavam com documentos oficiais. Kaddafi proporcionava passaportes diplomáticos a terroristas, Lugo, a prostitutas."(...)
 
28 de junho de 2012
in aluizio amorim

CAIU TELÃO DA RIO + 20, COMEÇA O AVANÇO DA FARSA DO "DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL"


          Artigos - Ambientalismo        

Por trás de tudo o que aconteceu na Rio +20 pintado de cor verde, na realidade agiam militantes do socialismo vermelho. E bem mais sensíveis ao vermelho do que ao verde.
E o Paraguai foi o teste dos noves.

O telão desceu. A Rio +20 terminou. Nos diversos pontos que serviram para o encontro, um exército de funcionários está desmontando os gigantescos cenários feitos para o lançamento do “desenvolvimento sustentável” e da “economia verde” como modelo para a humanidade.

Representantes governamentais e ativistas de ONGs apressaram-se rumo ao aeroporto levando a seus países a “mensagem” haurida. Viajaram, preparados para implementar as estratégias do “desenvolvimento” sustentável” e da “economia verde”.

Entretanto, poucos, muito poucos cidadãos, ficaram sabendo aonde podem nos conduzir essas estratégias que condenam o mundo que conhecemos como réu do crime de “insustentabilidade”.
E é assim que as temáticas levantadas na Rio +20 farão sua entrada nas políticas nacionais.

O Brasil parece ter sido escolhido como laboratório de ensaio privilegiado da “economia verde” e “sustentável”. O Código Florestal será o primeiro campo de batalha para atingir o “insustentável” agronegócio e reduzir os níveis de consumo “insustentáveis” dos brasileiros.

Os “grandes inimigos do planeta”, desmatadores, emissores de CO2, a indústria, o progresso, o consumo, etc. estarão no centro das denúncias. As atividades extrativas, as indústrias produtivas, o uso de carros, eletrodomésticos, etc., serão outros alvos da demolição.

Poderá haver também “surpresas”, tal vez pré-fabricadas, relacionadas com a crise do sistema financeiro mundial, que– habilmente manipuladas pela grande mídia – predisporão à ideia de que o sistema atual é deveras “insustentável”.

O Brasil, e o Ocidente em geral, não querem saber de nada disso. Concordam, sim, com algumas mitigações e melhoras da qualidade de vida, para elevar o nível da cultura, da civilização e do consumo. Mas não querem saber de mais agitação ou revolução.

O ambientalismo saiu da Rio +20 em acentuada depressão por causa dessa falta de interesse no Brasil e no mundo. Esse desinteresse, aliás, se transforma em hostilidade popular nos EUA contra as políticas ambientalistas do presidente candidato à reeleição Barak Obama.

A falta de adesão do público aos sonhos ambientalistas cria na militância verde insegurança e um fundo de agressividade. É o que revelou o episódio constitucional no Paraguai.

Foi como se os governos populistas sul-americanos, afinando com o cubano, tivessem sentido o chão tremer embaixo dos pés ouvindo falar da destituição constitucional do agora ex-presidente Lugo do Paraguai..

Um povo destituir democraticamente um dos “nossos”? E se amanhã somos nós?
Os líderes autoconvocados a pôr em prática o “desenvolvimento sustentável” e a “economia verde” deixaram claro pelo sua conduta que nas novas estratégias não há muita democracia nem interesse pela vontade dos povos.

Como por arte de magia, a “Cúpula dos Povos” da Rio +20 aprovou moção de apoio ao presidente destituído e convocou a uma vigília em frente ao consulado paraguaio no Rio.

MSTverde
Verdes mostram conteúdo vermelho: protesto contra impeachment de Lugo
em frente à embaixada do Paraguai, Brasília. Foto Antonio Cruz-ABR

Representantes de sindicatos brasileiros enunciaram a vontade de viajar ao país vizinho para tentar garantir a permanência de Lugo no poder.

A ativista social Sandra Quintela, da Rede Jubileu Sul, como muitas outras presentes na Rio +20 se insurgiu contra a vontade das autoridades legítimas do Paraguai qualificada, em coro, de “golpe”.
Carlos Henrique Painel, um dos coordenadores da Cúpula dos Povos e membro do Fórum Brasileiro de ONGs, repetiu a voz de ordem: “é uma tentativa de golpe branco”.

O que tem a ver isto todo com o ambientalismo? Por que é que o citamos neste blog?
É, porque por trás de tudo o que aconteceu na Rio +20 pintado de cor verde, na realidade agiam militantes do socialismo vermelho. E bem mais sensíveis ao vermelho do que ao verde.

E o Paraguai foi o teste dos noves. Bastou um camarada de luta esquerdista e de Teologia da Libertação passar dificuldades que esses arautos do “desenvolvimento sustentável” e da “economia verde” esqueceram a razão aduzida para estar na reunião mundial ambientalista e saíram afobados a auxiliar o companheiro em apuros.
E a ciência em tudo isto?

Como virou costume no ambientalismo, a ciência só é aceita se serve à utopia. Senão que vá às favas.
Merece todo destaque, mais uma vez, a edição do programa “Canal Livre” deste domingo (25.06.2012) procurando fazer um balanço objetivo do grande evento, pondo de lado toda a agitação esquerdista.

Escrito por Luis Dufaur

CARTA ABERTA AOS PSICÓLOGOS DO BRASIL

  
          Artigos - Direito        
Antes de tudo, é preciso esclarecer que toda autoridade intelectual que possuo para pontificar sobre o comportamento humano, enquanto psicólogo, me foi concedida por uma universidade pública, e não pelo Conselho Federal de Psicologia - CFP. Logo, não estou obrigado a manter registro no conselho profissional para me apresentar na qualidade de psicólogo e opinar como tal. Para tanto, me basta o diploma universitário.

Com efeito, minhas opiniões sobre assuntos atinentes à Psicologia, sejam aquelas veiculadas em redes sociais ou na mídia em geral, não estão sujeitas à fiscalização de um conselho profissional. O CFP não pode agir como uma espécie de “polícia do pensamento”, coagindo psicólogos a um alinhamento forçado em torno de concepções teóricas, ideológicas ou políticas. A Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso IX, declara:
- “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”.

No que diz respeito ao tema da audiência pública, gostaria de declarar que, em termos gerais, não sou contra o espírito da resolução 01/99. Entretanto, vou me deter mais especificamente nos seus artigos 3 e 4, que são objeto de discussão. Indo direto ao ponto, quero deixar claro que não entendo a homossexualidade, em si mesma, como uma doença. Não acredito que uma orientação sexual, seja ela qual for, deva ser submetida a tratamento e cura, no que esses dois termos possam sugerir algo de patológico.

Não obstante, devemos lembrar que o campo de atividade dos psicólogos transcende a dicotomia saúde e doença, e qualquer tentativa de confiná-lo em limites tão estreitos seria um reducionismo teórico inaceitável. A clínica psicológica abarca conceitos muito mais abrangentes, como os de auto-realização, ajustamento e bem-estar pessoal.
A psicologia não apenas trata, mas orienta, aconselha, e vai além: auxilia o indivíduo numa busca pelo autoconhecimento, pela transformação pessoal, segundo seus próprios valores e aspirações. Tais práticas já foram amplamente consagradas pela profissão.

Outrossim, não devemos esquecer um preceito ético fundamental dos psicólogos, aquele que nos obriga a garantir que a demanda trazida pelo cliente prevaleça sobre as convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas ou até mesmo de orientação sexual do profissional – é o que preconiza o nosso código de ética.
Se o paciente deseja modificar sua orientação sexual, seja ela qual for – é bom que se diga – não está autorizado o psicólogo a demovê-lo deste propósito.
Quando muito, pode escusar-se de prestar tal assistência se entende que lhe falta perícia profissional para fazê-lo ou, no limite, se se sente impedido por razões de foro íntimo. Fora isso, os psicólogos, munidos de sua técnica, devem ser o facilitador da mudança desejada, conforme os ideais, valores e aspirações DO PRÓPRIO CLIENTE – uma vez que esse conjunto de atributos também faz parte de sua identidade.

Não raro vemos alguns ativistas propagando a idéia de que o sofrimento experimentado pelo homossexual diante de sua orientação sexual é produto de fatores extrínsecos, a exemplo do que chamam de “homofobia social internalizada”. Isso me parece uma avaliação bastante simplória e destituída de fundamentos. Os caminhos da sexualidade humana são muito complexos para caber em molduras ideológicas pré-fabricadas, que não têm outro objetivo senão o de, estrategicamente, obter certos efeitos políticos. O que esses ativistas diriam se alguém defendesse a idéia, igualmente simplória, de que a homossexualidade masculina seria fruto de uma misoginia internalizada?

Ora, o que esses militantes não querem admitir, em sua cegueira ideológica, é que o sofrimento experimentado diante de uma dada orientação sexual, seja ela qual for, pode ser o sintoma de um desconforto existencial absolutamente legítimo, sobretudo se consideramos e respeitamos a capacidade de autodeterminação e discernimento de todo ser humano.

É curioso que os ativistas tentem nos fazer acreditar que a orientação sexual de um indivíduo, no caso, um homossexual, seja o único traço verdadeiramente normal e saudável de sua identidade, enquanto que seus sentimentos de rejeição diante desta orientação, sempre e necessariamente, refletiriam a parte mais doentia de sua personalidade. É como se o desejo sexual e o erotismo fossem o que há de mais essencial, sublime, verdadeiro e irredutível de sua identidade, sendo tudo o mais mero produto de convenções sociais arbitrárias e impositivas, mecanismos de opressão criados por uma suposta e improvável conspiração “heteronormativa”.

Por tudo o que foi dito, defendo a idéia de que a assistência psicológica ao homossexual que opta pela reversão de sua orientação sexual, antes de ser uma questão ética, se coloca como uma questão científica a ser resolvida.
Nesse sentido, o poder normativo do Conselho Federal de Psicologia não pode usurpar o lugar do debate científico e da discussão acadêmica qualificada, submetendo a pesquisa e a produção do conhecimento aos apelos histéricos do politicamente correto ou às ambições políticas de grupos minoritários.

Qualquer prática terapêutica, para ser eticamente condenável, precisa atender uma das três condições que se seguem: (i) a comprovação de sua ineficácia absoluta (ii) a utilização de métodos que atentam contra a dignidade humana e (iii) a incidência de efeitos iatrogênicos estatisticamente relevantes.

De mais a mais, não há pretextos que possam impedir a uma pessoa que, voluntariamente, busca o auxílio de um profissional da psicologia para fazer valer suas as aspirações mais legítimas. Trata-se de uma questão de direitos individuais e liberdade de escolha. E isso é tudo.

28 de junho de 2012
Luciano Garrido é psicólogo, policial, especialista em segurança pública e direitos humanos.

O CLUBINHO DOS SOCIODITADORES


          Internacional - América Latina 
Mas ai do Paraguaizinho, ai dele!, que ousa reagir depois que os sem-terra locais, vulgo carperos, protegidos pelo presidente, matam 7 policiais e 10 camponeses...

Quando um presidente que transgride a lei é destituído com base na Constituição, como Fernando Lugo no Paraguai ou Manuel Zelaya em Honduras, aqueles tão ou mais transgressores em seus países saem logo em sua defesa, vociferando contra o “golpe” e aplicando sanções.

É um show de ataque histérico preventivo, com o objetivo declarado de desencorajar ações do gênero no continente. O lema é: “Se eu faço o mesmo que ele por aqui, melhor defendê-lo lá, para evitar que façam comigo o que fizeram com ele.”

A manifestação de lealdade entre os transgressores da lei, principalmente quando agentes de uma mesma ideologia ou estratégia de poder continental, é, senão maior, mais imediata que a dos homens comuns, porque os primeiros, justamente em função do medo constante de serem pegos, têm um ímpeto de autopreservação muito mais alerta do que os segundos ante qualquer ameaça, por menor e mais indireta que seja.

Dilma, Correa, Morales, Kirchner e Chávez (que cortou o fornecimento de petróleo ao Paraguai) não precisaram ler aquele célebre poema do pastor Martin Niemöller para sair em defesa de cada vizinho antes que eles mesmos sejam levados pelas forças inimigas. Reconhecem à distância um risco às suas transgressões, porque sabem que seus inimigos são os reacionários que ignoram a imunidade ou o direito à impunidade que eles se arrogam, com a cumplicidade da imprensa sonsa ou de aluguel.

Nas Américas, Congresso bom é o comprado, e Judiciário bom é o que leva pelo menos 7 anos para julgar, como mostra o mensalão; de modo que, quando um amador como Lugo permite uma derrota tão rápida e fulminante (por 39 votos a 4 no Senado), os companheiros profissionais ficam enfurecidos, porque não dá nem tempo de enviar Lula para trocar uma palavrinha com os juízes responsáveis...

O continente é hoje um clubinho de socioditadores esquerdistas, dispostos, de todo modo, a retaliar, com bola preta no Mercosul e na Unasul, os países onde sua liderança criminosa esbarra na coragem de uns poucos vigilantes. Acusando-os de não darem a Lugo o direito de defesa (como se a celeridade do processo de impeachment, prevista na Constituição paraguaia, fosse prova de golpismo) e, ao mesmo tempo, negando-lhes este mesmo direito, eles seguem à risca, pela enésima vez, a máxima de Lênin: “Xingue-os do que você é, acuse-os do que você faz.”

O Brasil petista só respeita uma soberania: a ideológica - e não se mete em assuntos internos de outros países, desde que sejam países parceiros, claro. Não reclama de “ruptura democrática” nos pescoços dos homossexuais enforcados e exibidos em guindastes pelo governo do Irã, nem de “golpe de Estado” nas eleições fraudadas por Ahmadinejad; nem de “precedente perigoso” quando Correa e Chávez prendem, multam e exilam os jornalistas independentes do Equador e da Venezuela, fechando canais de TV; muito menos cobra “o devido processo legal” quando os irmãos Castro prendem dissidentes, deixam morrerem de fome, ou mandam fuzilar os que tentam fugir de sua ilha. (Ao contrário, dá a Raúl mais US$ 523 milhões em linha especial de crédito, elevando o financiamento brasileiro a Cuba para US$ 1,37 bilhão.)

Mas ai do Paraguaizinho, ai dele!, que ousa reagir depois que os sem-terra locais, vulgo carperos, protegidos pelo presidente, matam 7 policiais e 10 camponeses... Aí, pouco importa se os “compañero” infernizavam e expulsavam de sítios e fazendas até produtores rurais brasileiros, vulgo “brasiguaios”, com invasões e quebra-quebras - que Dilma, informada há muito tempo, preferiu ignorar -, e menos ainda se estes apoiam, aliviados, o novo governo. A regra petista é clara: ninguém tem o direito de interromper um massacre, nem aqui nem no Iraque.

Aqui, a não ser pela intervenção de uma oposição imaginária, ele de fato não será interrompido. Dilma e Lula nem precisam pedir moderação ao MST em invasões e quebra-quebras em Eldorado dos Carajás, no Pará, muito menos às Farc no fornecimento de drogas para o mercado da morte.

O ímpeto de autopreservação do brasileiro é o mesmo do de um suicida em queda livre. No país dos 50 mil homicídios anuais, dos quais nem 10% são esclarecidos, não só não passa pela cabeça do povão e das elites que o PT, há 10 anos no poder, possa ter algo a ver com isso, como já vigora, na prática, senão o direito, ao menos a liberdade para matar.

Entre as vítimas, 17 a mais, 17 a menos, ninguém notaria a diferença.

Felipe Moura Brasil
28 de junho de 2012

TRÍPLICE ALIANÇA DÁ GOLPE NO DEMOCRÁTICO PARAGU, SUSPENDEPAÍS DO MERCOSUL E PREPARA O INGRESSO NO MERCOSUL DA DITADURA VENEZUELANA

 
Assim como os generais ditadores da América do Sul se uniam antes para a mútua colaboração — e uma das vítimas era a democracia — a atual safra de governantes de esquerda do subcontinente também atua em conluio. E a democracia continua a ser a principal vítima.
Nesta quinta, os chanceleres do Brasil, Argentina e Uruguai se reuniram e decidiram suspender o Paraguai do Mercosul. A punição vale até a posse de um novo governo, depois das eleições de abril. Agora o escracho: o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, que ainda não pertence ao bloco, participou do encontro.

O evento é cheio de simbolismos. Cento e quarenta e dois anos depois da Guerra do Paraguai, que arrasou o país e responde, sim, em parte ao menos, pelos desastres que se sucederam no país, a mesma Tríplice Aliança se forma para punir o país — sem que, atenção, haja qualquer motivo justificável, nem mesmo verossímil, para isso. Trata-se unicamente de uma questão ideológica.
Esta é uma forma de combater os ‘neogolpes’ que os setores conservadores querem aplicar nos governos da região”, afirmou ao Estadão um diplomata da Argentina, do governo de Cristina Kirchner, que está tentando esfacelar a democracia em seu país. Ou por outra: a questão é ideológica.

A presença da Venezuela no encontro é um escândalo moral e diplomático que faz sentido. O país é candidato a ingressar no Mercosul. Segundo as regras do bloco, a entrada de um novo membro tem de ser aprovada pelo Parlamento dos respectivos países. O Senado paraguaio, até agora, recusa o pleito venezuelano. A Tríplice Alchavista.
Parece piada, mas é assim mesmo: Brasil, Argentina iança quer aproveitar a suspensão do Paraguai para consumar a integração da ditadura e Uruguai suspendem o Paraguai, onde estão em vigência todas as liberdades democráticas, para tentar abrigar a chavismo, que censura a imprensa, espanca, prende e exila opositores e aterroriza o país com uma milícia armada

Acho que vocês se lembram — escrevi isso desde o primeiro dia: a safra de esquerdistas da América do Sul, ora mais populistas, ora menos, não está nem aí para o povo paraguaio. Tenta é tornar irrelevantes os mecanismos de vigilância e controle de que dispõem as democracias para conter os celerados.

28 de junho de 2012
Por Reinaldo Azevedo