"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 22 de maio de 2012

MAFIOSOS

"O corrupto vai para a cadeia. Mas e o empreiteiro, o corruptor? Nunca se conseguiu." (Senador Pedro Simon, PMDB-RS) n n l
 
Intrigante! Ou não é? O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), membro da CPI do Cachoeira, usou o celular para mandar uma mensagem ao governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) onde dizia: "A relação com o PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe, você é nosso e nós somos teu (sic)". Ora, com o que mesmo Cabral deveria se preocupar? E por quê? Cabral não é personagem relevante nem sequer marginal do objeto que a CPI se oferece para investigar: eventuais práticas criminosas desvendadas pelas operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, com o envolvimento do bicheiro Carlinhos Cachoeira e de agentes públicos ou privados.

Políticos a mancheias, entre eles os governadores de Goiás e do Tocantins e auxiliares do governador do Distrito Federal, são citados nos milhares de telefonemas trocados por Cachoeira com integrantes de sua quadrilha, e grampeados pela Polícia Federal.

E Cabral? Não. Cabral não é citado.

Resta farto material apreendido pela polícia na casa de Cachoeira e de outros, que ainda está sendo periciado antes de ir ou não parar no Supremo Tribunal Federal — e dali na CPI. A respeito de tal material ainda não se pode dizer nada.

Mas naquele de posse da CPI não há uma única referência direta nem indireta ao governador do Rio.

De volta, pois, à intrigante pergunta que suplica por uma resposta: com o que mesmo Cabral não deveria se preocupar se ele "é nosso" (ou seja: do PT de Vacarezza) e se "nós" (o PT de Vaccarezza) é dele? O uso do "nosso" e originalmente do "teu" denuncia uma relação de cumplicidade e de proteção mútua entre o PT e Cabral.

Pode até azedar, como antecipa Vaccarezza, a relação do PT com o PMDB, o partido de Cabral. Mas Cabral não deve se preocupar. A frase construída pelo ex-líder do PT na Câmara é de deixar a máfia siciliana com inveja. Por que ela não a imaginou antes? E por que não a incorporou aos ritos secretos de admissão de novos mafiosos? Provocado a decifrar a mensagem enviada a Cabral, Vaccarezza não o fez. Escapou: "Sou amigo do PMDB.

Nossas relações nunca serão azedadas". A mensagem teria sido escrita "num momento de irritação" de Vaccarezza com o PMDB. Irritação por quê? Vaccarezza não diz. Só garante que ninguém será blindado pela CPI. Você acredita? Bem, anote aí por que Vaccarezza estava irritado com o PMDB quando se correspondeu com Cabral: o partido resistiu a apelos de Lula para forçar a mão e comprometer a VEJA com os crimes de Cachoeira.

Por anos, Cachoeira foi informante da VEJA. Lula acusa a revista de ter deflagrado escândalos que atingiram seu governo.

Anote aí o que de fato preocupa Cabral e o leva a pedir proteção: uma investigação ampla dos negócios da empreiteira Delta do seu compadre e parceiro de luxuosas viagens ao exterior, Fernando Cavendish.

Cabral é padrinho das filhas gêmeas dele. Cavendish anda ameaçando entregar podres de políticos e de partidos que financiou.

O mineiro Marcos Valério, um dos cérebros do mensalão, ameaçou contar o que sabia se fosse depor na CPI dos Correios. Depôs e não contou. Retomou a ameaça ao notar que começara a ficar sem dinheiro. Cabeças estreladas do PT pediram a Lula que o socorresse. Desconheço o que aconteceu, mas Marcos Valério não ficou sem dinheiro.

Cavendish não corre o risco de passar aperto. No ano passado, apesar da receita da Delta ter caído apenas 10%, de R$ 3 bilhões para R$ 2,7 bilhões, o lucro despencou 85,5%, de R$ 220,3 milhões para R$ 32 milhões.

Um dos motivos foi o aumento do pagamento de dividendos a acionistas, que subiu de R$ 13 milhões para R$ 64 milhões.

Esperto Cavendish, não? Junto dele, Cabral é um bobo.

Tudo bem: extraiu vantagens da companhia generosa de Cavendish, o sedutor de nove entre dez políticos à cata de dinheiro para pagar dívidas de campanhas ou se eleger.

Agora, a popularidade de Cabral caiu. Menos do que ele calculou. Seu futuro político tornou-se opaco.
 
22 de maio de 2012
Ricardo Noblat
O GLOBO - 21/05/2012

SERIA UM IDIOTA OU UM BABACA?

…Ou quem sabe, talvez seja os dois ao mesmo tempo. Me refiro ao ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Ele para justificar os atrasos e a confusão que se formou em trono da Copa do Mundo de 2014, valeu-se do argumento mais primário sempre usado pelos petistas: “A culpa é da Imprensa”.

Nesse domingo passado, estando a Barretos para inaugurar um campo de futebol, descaradamente afirmou: “Vejo uma preocupação dos jornalistas, da imprensa em geral. Não vejo desconfiança da sociedade. Não acho que as pessoas estão duvidando que o Brasil não possa fazer uma Copa à altura das expectativas do mundo."

                                                 

Não satisfeito continuou a bater na mesma tecla: “Provavelmente, ninguém compraria jornal que tivesse manchete: está tudo bem, tudo normal, tudo tranqüilo. Talvez, essas notícias não vendessem tanto se comparada a outras que informassem os defeitos, os problemas, as deficiências”.

Disse, confundindo alhos com bugalhos, que o mais difícil não é levantar um estádio como o de Manaus, mas construir uma cidade inteira.

“Construímos Brasília, a capital do país, uma coisa grandiosa. Como, agora, nós vamos nos atrapalhar com uma Copa do Mundo? Essa é a vigésima Copa. Não há segredos ou mistérios na organização de um evento como esse”.

E terminou com chave de ouro (em termo de besteira) Dizendo que a Copa oferece a oportunidade de o país mostrar “o valor, inteligência e capacidade do brasileiro para superar as dificuldades”.
Todavia, o ministro deveria combinar com o embaixador honorário da Copa, Pelé.
Ele fez as críticas de forma discreta e quase indolor para os menos esclarecidos: “Eu fiz uma brincadeira e disse que a Dilma me convidou para ser embaixador e estou aqui para apagar fogueiras.
Há coisas que não dá para a gente entender. Somos todos brasileiros… Um exemplo: a presidente me pediu para ir ao Rio Grande do Sul porque estava dando aquele problema com o Grêmio e o Internacional. A Copa das Confederações já estava decidida que seria no campo do Inter.

 O Inter atrasou um pouco as obras, o Grêmio adiantou a construção do seu campo e queria dar uma rasteira no Inter. Agora, infelizmente, aconteceu esse negócio lá no Rio, no Maracanã, esse problema por causa da (Construtora) Delta, do (Carlinhos) Cachoeira. No próprio Brasil, um evento aqui dentro e essas brigas… Não tem porquê, não dá para entender.
Há muita coisa atrasada, mas, se Deus quiser, vamos nos sair bem”.

Esse fecho de Pelé me fez lembrar a música Conselho de Mulher de Adoniran Barbosa, cuja estrofe final diz assim: Quanto tempo nóis perdeu na boemia./ Sambando noite e dia, cortando uma rama sem parar./ Agora iscuitando o conselho das mulheres./Amanhã vou trabalhar, se Deus quiser, mas Deus não quer! (ouça a música com o próprio: Pogréssio)

22 de maio de 2012
Giulio Sanmartini

(*) Charge de Mário Allberto

A LOUCURA DE CADA DIA!


A maioria destes pacientes não tinha nome, nem família, e muito menos documentações, apenas números e apelidos engraçados. E ficavam internados por lá a perder de vista, juntados em vários pavilhões onde cada um chegava a ter 700 ou 800 pacientes, numa vida sub humana.
Não tinham  comida, vestuário, instalações sanitárias, cobertas adequadas e até as camas foram substituídas por fardos de capim, no qual muitas vezes, morriam asfixiados uns sobre os outros, fugindo do frio.
Remédios? O mais barato: eletrochoque.
Barbacena abrigou esta vergonha durante décadas, enriqueceu muitos, sumiu com outros tantos, e se tornou conhecida com esta maldita fama de “terra dos loucos”. 

Assim cresci com este estigma que sempre me incomodou muito. Um dia fomos visitados por um psiquiatra italiano, de nome Franco Basaglia (*), que veio acompanhado por um repórter fotógrafo, do Jornal Estado de Minas, com o único interesse de conhecer esta instituição. Fizeram centenas de fotos que imediatamente foram publicadas no jornal Estado de Minas, ganhando muita notoriedade em todo país e dizem, até no mundo.

Da matéria para as desospitalizações do Hospital Colônia e dos outros, foi um pulo. Políticos,
médicos, profissionais da saúde mental, familiares de loucos, enfim, a discussão abriu as portas dos ditos hospícios, acabando com os paradigmas da loucura, libertando seus pacientes, que se viram obrigados, pela primeira vez, a conviverem com suas famílias.

 Isso causou um reboliço social muito grande na cidade.
A loucura passou a ter nome, sobrenome, dinheiro ou não, sexo, religião, enfim passou a ter cara, porque a loucura não nos escolhe. Ela chega e poucos tem a sorte de saber fazer dela uma aliada para a felicidade.

Os problemas na cidade começaram daí. Muita gente passou a ser personagem de sua própria vida. Encontrávamos figuras esquisitíssimas nas ruas, e num misto de medo e admiração secreta, a cada dia aprendíamos mais a conviver com a loucura de cada um.
Passados muitos anos, hoje fazemos na cidade o Festival da Loucura, onde me parece só existir outro em Trieste, cidade na Itália que também tem muitos


hospitais psiquiátricos. Aqui na cidade fazemos uma edição com shows variados de arte pura e nativa. Música de todo tipo onde apresentamos os nossos artistas loucos, com muito orgulho, tentando nos misturar por um fim de semana na loucura coletiva, que fazem desta cidade um local especial para se viver por uma vida.

Portanto se quiserem conhecer minha cidade, nossa Barbacena Querida, saibam que encontramos aqui, na loucura de todo dia, em cada um de nós, um ser humano comum.

(*) Franco Basaglia (1924/80). Psiquiatra e neurologista italiano. Fundador da concepção moderna sobre a saúde mental, reformador da disciplina psiquiátrica na Itália. Inspirador da Lei 180, conhecida por “Lei Basaglia”, que introduziu uma importante revisão no sistema dos hospitais psiquiátricos do país.

Ruth Esteves
22 de maio de 2012
(*) Fotomontagem: Um interno do Hospital Colônia e Franco Basaglia

PETELECO DA VIOLA ENQUADRA LULA


Quem viu deve ver de novo. Quem não viu precisa ver imediatamente o vídeo. Mostra o músico (e pedreiro) amazonense Peteleco da Viola, um artista popular de fina linhagem, cantando Fala Sério, cuja letra enquadra Lula e seus bandidos de estimação. (Augusto Nunes)




Fala sério/ que eu não sou Valério/ eu não sou Delúbio/ e nem tenho distúrbio mental,
Fala sério/ que eu não sou menino/ não sou Severino/ e nem recebo propina mensal.
Fala sério/ lá o tempo está feio/ e bomba do correio/ explodiu no planalto central/ e o eleitor com cara de babaca/ votou no panaca/ que só fez promessa/ os deputados que enganaram a gente/ casse os delinqüentes/ que roubaram a beça/ só caixa dois no bolso deles é o que interessa/ fala sério.
Fala sério/ Dirceu é ladino/ não sou genuíno/ nem sou Jéferson amigo da onça/

Fala sério/ corrupção matreira/ quem tem Silvio Pereira/ não precisa de Duda Mendonça
Fala sério/ até o índio reclama/ que a culpa é do IBAMA/ mais o INCRA acusa a FUNAI/Aquele jogo de empurra
Fala sério/ qual é o critério/ pra tanto mistério/ e a terra do índio não sai/A Amazônia não é quintal do mundo/ pra nem um vagabundo/ vim jogar seu lixo/ não é lugar pra se fazer queimada/ e nem matar onça pintada/ ou qualquer outro bicho/ o mensalinho e o manauará é muito mixo/ fala sério.
Fala sério/ é tanto absurdo/ Maluf negou tudo/ com habeas-corpus na cara de pau
Fala sério/ cadê o traficante/ e a grana do flagrante/ que sumiu das mãos da federal/ E o Costa Neto se deu bem de vez/ trinta mil por mês/ ele recebia/ renunciou para não ser cassado/ e deram pro safado/ aposentadoria/ quem foi que disse que o Lula não sabia/ fala sério.


22 de maio de 2012
maguPETE

CUSTO BRASIL, É NÓIS!!!

Carlos Alberto Sardenberg
O custo Brasil é uma invenção nossa, tanto a expressão – que não aparece em análises de outras economias pelo mundo – quanto a coisa em si, a teia de burocracias mais o preço e a ineficiência de fatores como a infraestrutura e a mão de obra. É algo tão entranhado na vida do nosso país que parece até uma fatalidade.

A última semana nos deixou vários exemplos disso. A presidente Dilma Rousseff falou mais de uma vez sobre o peso dos impostos e relacionou como um objetivo a redução da carga tributária cobrada sobre a energia elétrica.

Era a presidente da República a falar disso e, de outro lado, o governo do Amazonas aumentando para 30% o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre energia e telecomunicações – o que, aliás, se choca contra o plano do Ministério das Comunicações de baratear a banda larga.
Além disso, a Companhia de Gás de São Paulo (Comgás) anunciava que vai elevar o preço do gás para a indústria no Estado de São Paulo, insumo que recebe da Petrobrás.

Mas talvez um caso exemplar de como o custo Brasil sempre leva a melhor está no Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra) – o dinheiro que o governo federal está pagando aos exportadores, uma espécie de prêmio para baratear e estimular as vendas externas.

O prêmio é de 3% sobre o faturamento das exportações. Demorou para ser implementado, mas saiu e as empresas já recebem o reembolso ou o utilizam no abatimento de outro imposto. Tudo bem?
Parece, mas aí vem a Receita Federal e questiona: Se esse reembolso não é uma redução de impostos (porque a exportação é isenta), como classificar o caso na contabilidade?

É um dinheiro, digamos assim, dado – logo, entra como receita. E, se é receita, então paga PIS-Cofins, Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
E isso simplesmente come quase a metade do benefício concedido. O governo recolhe uma parte de volta, mas com uma burocracia adicional. Pode?
Nem se pode dizer que se trata de maldade da Receita Federal. É assim mesmo, a lei manda classificar como receita e cobrar. Custo Brasil no auge.

Sem confessar.
Mas existem também manobras deliberadas para aumentar impostos sem confessar. É o que está fazendo a Secretaria da Fazenda de São Paulo com a indústria automotiva. Trata-se da substituição tributária do ICMS, um esquema para facilitar a arrecadação e a fiscalização.

O fabricante do automóvel, por exemplo, recolhe o imposto devido por ele mesmo e também o imposto devido pela concessionária. Mas como o fabricante sabe qual será o preço cobrado pela concessionária?
Não sabe. Então,o governo estima esse preço e calcula um preço final, utilizando um índice de valor agregado (IVA) de, por exemplo, 30% (dependendo do setor).

O que está acontecendo?
A Fazenda paulista majorou esse índice para alguns setores- o que, na prática, é um aumento de carga tributária. Com a queda nas vendas de automóveis, é um golpe do governo para não perder arrecadação e, assim, não precisar cortar gastos.

Vai ficando por isso mesmo, cada vez mais caro produzir no Brasil. Bom para poucos
E os preços na cadeia automotiva já estão subindo. Depois dizem que não sabem por que os automóveis brasileiros são os mais caros do mundo.

Carga permanente.
Tratei desses assuntos em meu programa na Rádio CBN, na semana passada, e alguns ouvintes me mandaram outros exemplos.

Hermínio conta: “É o caso dos 11% para a seguridade social, retidos nas notas fiscais de prestação de serviços. Esse dinheiro não é 100% compensado na emissão das guias de GPS dos funcionários. Fica um resíduo na mão do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que precisa ser requerido através de ação administrativa.

Demora anos. Tenho duas empresas de prestação de serviços que, juntas, deixam mensalmente aproximados R$ 32 mil. Estou falando de R$ 384 mil anuais, que engolem nossa lucratividade. A lei foi criada em 1998 pelo Fernando Henrique Cardoso, e essa injustiça nunca foi corrigida,penalizando as pequenas e as médias empresas, que têm por finalidade gerar emprego e têm margem apertada”.
Márcio conta: “Trata-se do Imposto sobre Serviços (ISS).

O Decreto Lei n.º 406 de 31/12/1968 determina que o imposto seja recolhido no município do prestador de serviço. Outras leis, entretanto, permitem a retenção no município onde o serviço é prestado. Resultado: recolho duas vezes pelo mesmo serviço (10%)”.
São casos antigos, reclamados e debatidos – e vai ficando por isso mesmo, cada vez mais caro produzir no Brasil.

Bom para poucos.
É verdade, por outro lado, que alguns setores podem ganhar. Por exemplo: a nova forma de contribuição previdenciária que entrará em vigor em agosto.
Para muitas empresas, a contribuição sobre a folha de salários (20%) vai ser substituída por um imposto de 1% sobre a receita. Isso pode representar uma razoável economia tributária e, portanto, um aumento na margem de lucro.

Mas só vale para alguns setores. A carga tributária geral não cai. E o conjunto da obra do custo Brasil acaba pesando mais.

22 de maio de 2012
Carlos Alberto Sardenberg

Fonte: O Estado de S. Paulo

SOBRE A AMIZADE, AMOR E DOENÇA


Sábado passado, escrevi sobre o frívolo conceito de amizade que está se tornando usual em função das redes sociais. Se, durante séculos, amigo era um ser muito especial, hoje amigo é qualquer um. Nestes dias em que se fala de um milhão de amigos, a discussão merece mais algumas considerações.

Há uns bons dez anos, comentei L’Amicizia secondo i filosofi, de Massimo Baldini (Città Nuova, 1998), uma antologia de textos filosóficos sobre a amizade, com um ensaio do antólogo à guisa de prefácio. Trata da amizade em seu sentido mais nobre, e não da amizade irresponsável proposta por alguém que jamais vimos. Os filósofos, no caso, são aqueles que a história consagrou como tais, e não professores que os papagueiam e se julgam pensadores. A reflexão é oportuna, nestes dias em que a amizade muitas vezes passa a depender de uma visão de mundo uniforme.

Quem hoje tem 60 anos, sabe disso. Terá perdido amigos por escaramuças no Camboja ou Vietnã, por determinações de Moscou, Pequim ou Cuba, em suma, por eventos distantes que nada têm a ver com uma relação entre duas pessoas. O teórico desta perversão foi Sartre que, por questões de ideologia, rompeu laços com Camus. “A amizade, ela também, tende a ser totalitária” — disse um dia o agitador da Rive Gauche ao futuro prêmio Nobel — “urge o acordo em tudo ou a ruptura, e os sem-partido eles próprios se comportam como militantes de partidos imaginários”. É a versão xiita da amizade: ou você aceita minha ideologia, ou não podemos ser amigos.

Assim, com satisfação vejo que Aristóteles, na longínqua Atenas, distante no tempo e no espaço, desde há mais de dois mil anos concorda comigo. No livro oitavo da Ética a Nicômaco, afirma não ser possível ser amigo de muitos com perfeita amizade, como não é possível estar enamorado ao mesmo tempo de muitos. “Aqueles que têm muitos amigos e que tratam todos familiarmente, não parecem ser amigos de ninguém”. Para o estagirita, um milhão de amigos nem pensar.

Cícero, ciente das responsabilidades da amizade, recomenda atenção para que não comecemos a gostar de alguém que algum dia poderemos odiar. Amizade não é coisa para jovens, mas deve ser decidida quando o caráter está formado e a idade já é madura. Seneca, como bom estóico, acha que o sábio deve bastar-se a si mesmo. O que não impede que ele aceite com prazer um amigo que lhe seja vizinho. Para o pensador de Cordova, o sábio é impelido à amizade não “pelo interesse, mas por impulso natural”. Amizade que se funda no interesse é um “vilissimo affare”. A distância não tem o poder de prejudicar a amizade. É possível manter relações com amigos ausentes, por quanto tempo se quiser. Em verdade, a proximidade torna a amizade complicada. A amizade é sempre útil, enquanto o amor é muitas vezes absolutamente nocivo.

Abelardo acentua o caráter seletivo da amizade. “Ninguém será pobre se possuir tal tesouro, tão mais precioso quanto mais raro. Os irmãos são muitos, mas entre eles é raro um amigo; aqueles a natureza cria, mas estes só o afeto te concede”. Voltaire, em seu Dicionário Filosófico, define: “é um contrato tácito entre duas pessoas sensíveis e virtuosas. No que vão duas restrições. Os amigos devem ser sensíveis, porque um monge, um solitário podem não ser maus e no entanto viver sem conhecer a amizade. E virtuosos, porque os maus têm apenas cúmplices. Em suma, só os homens virtuosos têm amigos. O que Abelardo está dizendo, no fundo, é que um mau-caráter não pode ser amigo de ninguém.

Uma distinção mais lúcida vamos encontrar em Kierkegaard, para quem o cristianismo aboliu a amizade. Segundo o pensador dinamarquês, o amor humano e o valor da amizade pertencem ao paganismo. Pois o cristianismo celebra o amor ao próximo, o que é distinto. Para esta religião, só o amor a Deus e ao próximo são verdadeiros. O cristão deve aprender a desconfiar do amor profano e da amizade, pois a predileção da paixão é no fundo um ato de egoísmo. Entre o amigo e o próximo há diferenças incomensuráveis. A morte não pode extirpar o próximo. Se a morte leva um, a vida subitamente fornece um outro. A morte pode tomar de você um amigo, porque ao amar o amigo no fundo você a ele se une. Mas ao amar o próximo você se une com Deus, por isso a morte não pode tomar-lhe um próximo.

Para Nietzsche, a mulher é incapaz de amizade, conhece apenas o amor. Mas seus contemporâneos homens não percorreriam mais os sendeiros da amizade. Por dois motivos. Primeiro, porque o amor entre os sexos prevaleceu sobre a amizade. Segundo, porque o cristianismo substituiu o amigo pelo próximo. Para seu profeta, Zaratustra, “vosso amor ao próximo é vosso amor por vós mesmos. Fugis rumo ao próximo fugindo de vós mesmos. Não vos ensino o próximo, mas o amigo. Não aconselho o amor ao próximo. Aconselho o amor ao remoto”.

Sou avesso a isso que chamam de amor. Ou talvez avesso à palavrinha. Os filmes de Hollywood, que sempre terminavam com um indefectível “I love you”, vulgarizaram o tal de amor. Sem falar que, no fundo, é um sentimento que leva facilmente ao assassinato. Se você, leitora, um dia sentir que outro alguém a considera a única pessoa de sua vida, melhor sair de perto. De preferência, correndo. Há algumas décadas, surgiu uma novela na televisão brasileira intitulada “Quem ama não mata”. Solene besteira. Só mata quem ama. Ao sentir que perde o que julga ser único, o bruto raciocina: se não és minha, não serás de mais ninguém”. Daí a matar é um passo.

Prefiro a amizade, mesmo na relação com mulheres. Em algum momento do Quarteto da Alexandria, Lawrence Durrel dizia ser a amizade preferível ao amor porque mais duradoura. Verdade que amigos também perdemos, mas a ninguém ocorre matar alguém porque perdeu sua amizade. Amor é doença antiga, já diagnosticada pelos gregos. Assim narra Plutarco o caso de um jovem enfermo:

- Erasístrato percebeu que a presença de outras mulheres não produzia efeito algum nele. Mas quando Estratonice aparecia, só ou em companhia de Seleuco, para vê-lo, Erasístrato observava no jovem todos os sintomas famosos de Safo: sua voz mal se articulava. Seu rosto se ruborizava. Um suor súbito irrompia através de sua pele. Os batimentos do coração se faziam irregulares e violentos. Incapaz de tolerar o excesso de sua própria paixão, ele tombava em estado de desmaio, de prostração, de palidez.

Quando Antíoco – pois assim se chamava o enfermo – recebeu Estratonice como presente de Seleuco, seu pai, desapareceram os sintomas da doença. Que talvez tenha contagiado Seleuco, pois afinal era o marido de Estratonice. Mas isto já é outra história.

Eram bons observadores, os gregos. O tal de amor é gostoso quando o experimentamos. Mas ridículo quando visto com certa distância. Amor, diria, é coisa para jovens. Jovem tendo sido, é claro que fui acometido pelo mal. (O pior é que às vezes tem recidiva). Uma vez adulto, optei pela amizade.

Que tampouco dura a vida toda. Diria que perdi dois excelentes amigos de longa data. Um, porque recebeu o título de Dr. pela USP. Outro, porque não gostou de crônica que escrevi sobre a teoria da relatividade. Que se vai fazer? Conto outra hora.

22 de maio de 2012
janer cristaldo

GOL DE PLACA DE LULA MERECE UM MEMORIAL

Expedito como nenhum atacante pífio do pífio Corinthians de Tite, Luiz Erário da Silva aproveitou o lance na Câmara Municipal de São Paulo que o tornou cidadadão paulistano e meteu o golaço do terreno que recebeu para fazer, em tabelinha com o seu próprio instituto, o que chama de Memorial da Democracia.
Div/Inst.Lula
Lula driblou de tudo que foi jeito para mostrar que o Memorial que será construído onde era a Cracolândia não será uma versão exclusivamente petista do processo de democratização pós-regime militar. Não chutou, em momento algum, que não se trata de mais uma droga para o apropriado local.

Lula aproveitou que o texto aprovado em segunda e definitiva votação na Câmara paulistana está seguindo para a sanção do prefeito Kassab, autor da proposta, e adotou a tática do ataque: disse que vai precisar de contribuições para poder construir o Memorial. Mais um gol de placa daquele que, sem bengala, é o atacante mais perigoso do Brasil.
 
22 de maio de 2012
sanatório da notícia

COMBATE AO CRACK JÁ PRECISA IR ALÉM DAS GRANDES CIDADES

Rio de Janeiro e São Paulo já vêm reprimindo as cracolândias. Antes tarde do que nunca. O crack, a chamada ‘droga da morte’, uma ameaça seríssima à juventude, é um derivado da planta de coca, resultante do resíduo da cocaína, com bicarbonato ou amônia e água destilada, formando pedras e fumado em cachimbos.

Cerca de 1/3 dos dependentes de crack e agora também do oxi, um derivado da folha de coca ainda mais potente (feito com cal, gasolina e cocaína) morrem em cinco anos. O que é pior, o crack está presente não só nos grandes centros urbanos, mas também no interior do país.

Se as grandes cidades estão despreparadas para enfrentar tal epidemia, imaginem as cidades menores e sem recursos. Ou seja, a droga se dissemina em pequenas e médias cidades do interior, onde não há como contê-la..

Um estudo da Confederação Nacional de Municípios identifica problemas em nove entre dez cidades pesquisadas do interior e contém impressionantes relatos de casos reais de dependência do crack no interior, envolvendo trabalhadores de canaviais, os bóias-frias.

Estes tristes relatos da dependência põe em xeque a tese da chamada ‘corrente progressista’ das drogas, encabeçada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, defendendo que a maconha seja liberada, porque não seria porta de entrada para drogas mais pesadas.

É preciso, urgentemente, criar uma legislação penal específica para o caso do tráfico do crack e oxi. Quem vende crack ou oxi é homicida em potencial, pois está vendendo uma passaporte muito rápido para a morte.

A questão é tão complexa que não há consenso entre psiquiatras e psicólogos sobre o recolhimento compulsório para o tratamento e tentativa de recuperação do dependente. Não se pode confundir recuperação do vício, com simples desintoxicação, para sanar a síndrome de abstinência, e volta para o consumo.

Há que se ter em mente, também, que o recolhimento compulsório deve ser necessário, prioritariamente, aos que se encontram em último grau de dependência com risco de morte. A chamada narcossala também é terapia discutível e dispendiosa. Não haveria tantos recursos para a sua implantação e manutenção. Só no Rio de Janeiro, vivendo no submundo das 11 cracolândias, há 3 mil dependentes.

Talvez, antes de combater o crack tenhamos mesmo é que aprender a lidar com os usuários. Por enquanto, a droga da morte continua sendo uma gravíssima ameaça à juventude brasileira.

22 de maio de 2012
Milton Corrêa da Costa

VERDADE? QUE VERDADE?!


Foi saudada como um momento histórico a designação dos membros da Comissão da Verdade. Como tudo se movimenta lentamente na presidência de Dilma Rousseff, o fato ocorreu seis meses após a aprovação da lei 12.528.
Não há qualquer justificativa para tanta demora.

Durante o trâmite da lei o governo poderia ter desenhando, ao menos, o perfil dos membros, o que facilitaria a escolha.

Houve, na verdade, um desencontro com a história.
O momento para a criação da comissão deveria ter sido outro:
em 1985, quando do restabelecimento da democracia.
Naquela oportunidade não somente seria mais fácil a obtenção das informações, como muitos dos personagens envolvidos estavam vivos.

Mas - por uma armadilha do destino - quem assumiu o governo foi José Sarney, sem autoridade moral para julgar o passado, pois tinha sido participante ativo e beneficiário das ações do regime militar.

O tempo foi passando, arquivos foram destruídos e importantes personagens do período morreram. E para contentar um setor do Partido dos Trabalhadores - aquele originário do que ficou conhecido como luta armada - a presidente resolveu retirar o tema do esquecimento.

Buscou o caminho mais fácil - o de criar uma comissão - do que realizar o que significaria um enorme avanço democrático:
a abertura de todos os arquivos oficiais que tratam daqueles anos.

É inexplicável o período de 42 anos para que a comissão investigue as violações dos direitos humanos. Retroagir a 1946 é um enorme equívoco, assim como deveria interromper as investigações em 1985, quando, apesar da vigência formal da legislação autoritária, na prática o país já vivia na democracia - basta recordar a legalização dos partidos comunistas.

Se a extensão temporal é incompreensível, menos ainda é o prazo de trabalho: dois anos. Como os membros não têm dedicação exclusiva e, até agora, a estrutura disponibilizada para os trabalhos é ínfima, tudo indica que os resultados serão pífios.

E, ainda no terreno das estranhezas e sem nenhum corporativismo, é, no mínimo, extravagante que tenha até uma psiquiatra na comissão e não haja lugar para um historiador.

A comissão foi criada para "efetivar o direito à memória e a verdade histórica".
O que é "verdade histórica"?
Pior são os sete objetivos da comissão (conforme artigo 3º), ora indefinidos, ora extremamente amplos.

Alguns exemplos:
como a comissão agirá para que seja prestada assistência às vítimas das violações dos direitos humanos?
E como fará para "recomendar a adoção de medidas e políticas públicas para prevenir violação de direitos humanos, assegurar sua não repetição e promover a efetiva reconciliação nacional"?
De que forma é possível "assegurar sua não repetição"?

O encaminhamento dado ao tema pelo governo foi desastroso. Reabriu a discussão sobre a lei de anistia, questão que já foi resolvida pelo STF em 2010. A anistia foi fundamental para o processo de transição para a democracia. Com a sua aprovação, em 1979, milhares de brasileiros retornaram ao país, muitos dos quais estavam exilados há 15 anos.

Luís Carlos Prestes, Gregório Bezerra, Miguel Arraes, Leonel Brizola, entre os mais conhecidos, voltaram a ter ativa participação política. Foi muito difícil convencer os setores ultraconservadores do regime militar que não admitiam o retorno dos exilados, especialmente de Leonel Brizola, o adversário mais temido - o PT era considerado inofensivo e Lula tinha bom relacionamento com o general Golbery do Couto e Silva.

Não é tarefa fácil mexer nas feridas. Há o envolvimento pessoal, famílias que tiveram suas vidas destruídas, viúvas, como disse o deputado Alencar Furtado, em 1977, do "quem sabe ou do talvez", torturas, desaparecimentos e mortes de dezenas de brasileiros.

Mas - e não pode ser deixado de lado - ocorreram ações por parte dos grupos de luta armada que vitimaram dezenas de brasileiros. Evidentemente que são atos distintos. A repressão governamental ocorreu sob a proteção e a responsabilidade do Estado.

Contudo, é possível enquadrar diversos atos daqueles grupos como violação dos direitos humanos e, portanto, incurso na lei 12.528.

O melhor caminho seria romper com a dicotomia - recolocada pela criação da comissão - repressão versus guerrilheiros ou ação das forças de segurança versus terroristas, dependendo do ponto de vista.

É óbvio que a ditadura - e por ser justamente uma ditadura - se opunha à democracia; mas também é evidente que todos os grupos de luta armada almejavam a ditadura do proletariado (sem que isto justifique a bárbara repressão estatal).
Nesta guerra, onde a política foi colocada de lado, o grande derrotado foi o povo brasileiro, que teve de suportar durante anos o regime ditatorial.

A presidente poderia ter agido como uma estadista, seguindo o exemplo do sul-africano Nelson Mandela, que criou a Comissão da Verdade e Reconciliação.
Lá, o objetivo foi apresentar publicamente - várias sessões foram transmitidas pela televisão - os dois campos, os guerrilheiros e as forças do apartheid.

Tudo sob a presidência do bispo Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz. E o país pôde virar democraticamente esta triste página da história. Mas no Brasil não temos um Mandela ou um Tutu.

Pelas primeiras declarações dos membros da comissão, continuaremos prisioneiros do extremismo político, congelados no tempo, como se a roda da história tivesse parado em 1970.

Não avançaremos nenhum centímetro no processo de construção da democracia brasileira. E a comissão será um rotundo fracasso.

Marco Antonio Villa
22 de maio de 2012
O Globo

100% 200% 300% PREPARADOS

AS ARMAS(?) E A APOSTA DA VEZ, OUTRA VEZ : Pacote mostra que governo tem pressa
 
100%/200%/300% PREPARADOS, AS ARMAS(?) E A APOSTA DA VEZ, OUTRA VEZ : Pacote mostra que governo tem pressa
As medidas de estímulo à economia anunciadas no fim da tarde de ontem são a prova de que o governo brasileiro tem pressa.

A Fazenda deu três meses para montadoras, concessionárias e bancos desovarem estoques de automóveis com preços e condições de financiamento atraentes. Os empresários também terão até 31 de agosto para tirar da gaveta planos de investimentos abandonados no ano passado.

Foi ação urgente e cirúrgica para empurrar a economia no fim do 2 trimestre e fazê-la entrar no 3 num ritmo compatível com um PIB mais próximo de 4% que de 3% em 2012.

Assim, faz sentido privilegiar, de novo, a cadeia automotiva. O segmento se comunica com vários outros setores industriais, da mineração à siderurgia, das resinas petroquímicas à produção de plásticos e pneus. Sem contar o varejo. Silvio Sales, economista da FGV, estima que fabricantes de automóveis e autopeças representam 11,3% da produção industrial medida na pesquisa mensal do IBGE.

O próprio instituto admite que a cadeia se liga a um quarto da produção total. Já lojas de carros, motos e autopeças representam 35% das vendas do varejo. "A queda tanto na produção quando nas vendas no início de 2012 é o que, para o governo, justificaria nova rodada de estímulos ao setor", diz Sales.

Se a venda de carros reage, a economia vai junto.
É a aposta da vez.
22 de maio de 2012
Negócios & CIA O Globo

"AUDIÊNCIA PARA BANDIDO"

Kátia Abreu diz a coisa certa! CPI não é palco para dar “audiência para bandido”

A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) fez a coisa certa e pediu que a sessão da CPI seja transformada em sessão administrativa, suspendendo-se imediatamente as inquirições. Disse o óbvio: os parlamentares não podem ficar ali dando “audiência para bandido”.

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) já havia se pronunciado no mesmo sentido. O mesmo falou o deputado Silvio Costa (PTB-PE). Ufa!!!

22 de maio de 2012
Reinaldo Azevedo

PONHAM FIM À SESSÃO, POR FAVOR!

Parlamentares estão se comportando, literalmente, como bobos da corte e trabalhando, sem querer, para Márcio Thomaz Bastos.

A sessão da CPI está em curso, e Carlinhos Cachoeira, ao lado de seu advogado, Márcio Thomaz Bastos, segue, monocórdio, usando o seu direito de permanecer calado. “Eu vou me reservar o direito de permanecer em silêncio…” E Bastos ali do lado, a consciência jurídica mais cara da nação!
Não estou criticando, não, o direito que Cachoeira tem de não se autoincriminar. É um fundamento das democracias. É que há um limite até para a inutilidade. Já está claro que ele não vai falar nada — ou só vai dizer o que eventualmente sirva à sua defesa. Pra que perder tempo?
Ora, se Cachoeira não vai responder e se os parlamentares insistirem em fazer suas perguntas, estarão trabalhando, sem querer, para Márcio Thomaz Bastos, que terá, então, o roteiro completo de suas indagações. Para orientar a defesa, é um espetáculo.
Há pouco, o deputado tucano Fernando Francischini (PSDB-PR) fez uma bela e enfática defesa da importância da CPI e lembrou que ela atende aos reclamos por moralidade da sociedade brasileira. É verdade. “E daí?”, perguntaria Bastos.
A sessão está servindo para que falem os parlamentares. Os governistas vão tentar implicar no rolo representantes da oposição; a oposição tentará fazer o contrário. Daqui a pouco, a banda podre começará a atacar a “mídia”. E assim vai.
Não há sentido em continuar com a sessão. Os parlamentares deveriam se dispensar de fazer o trabalho que cabe à caríssima banca de Bastos. Ela que tentem descobrir de que elementos dispõem os membros da CPI. Entregá-los, assim, de mao beijada é bobagem.

22 de maio de 2012
Por Reinaldo Azevedo

PRESIDENTE DA CPI EMPREGA ASSESSORA FANTASMA NO SENADO


O presidente do CPI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), emprega no gabinete parentes de políticos e aliados: ali estão lotadas uma filha do ex-governador José Maranhão, a mãe do deputado federal Hugo Motta e uma prima do ex-senador Ney Suassuna, informa reportagem de Andreza Matais e Filipe Coutinho, publicada na Folha desta terça-feira.

Os funcionários ganham de R$ 2.000 a R$ 12,8 mil.

Ilanna Motta, a mãe do deputado, e Maria Alice Maranhão, filha do ex-governador, estão lotadas no gabinete do senador no Estado e são dispensadas de comprovar presença. Já Silvia Lígia Suassuna, prima do ex-senador, é assessora de Vital em Brasília.

Vital do Rêgo disse que não há influência política na contratação dos funcionários: "Todas as pessoas do meu gabinete exercem funções setoriais em nosso Estado".

O presidente da CPI também contratou como funcionária fantasma em seu gabinete Maria Eduarda Lucena dos Santos, que se diz coautora do hit "Ai, Se Eu te Pego", cantado por Michel Teló.

A Justiça concedeu liminar em favor dela e das amigas bloqueando o dinheiro arrecadado com a música até que se decida a autoria.

Maria Eduarda, 20, disse à reportagem que o pai é quem responde pelo cargo. Ela foi contratada em fevereiro de 2011 como assistente parlamentar com salário de R$ 3.450. E é dispensada de comprovar presença.

RODAPÉ - E assim você começa a entender porque o Carlinhos Cachoeira foi levado a não abrir o bico no depoimento combinado para mais uma terça-feira gorda na grande casa de tolerância nacional. Quanto a Maria Eduarda, coitada, ela só é fantasma porque não tem tempo para essas besteiras parlamentares, já que se dedica com avinco a inventar refrões para músicas que fazem sucesso na voz dos outros.

É HORA DO CONGRESSO NACIONAL IMPEDIR O GOLPISMO QUE EXISTE POR TRÁS DA PRESSÃO PARA DILMA VETAR O CÓDIGO FLORESTAL

Hoje, os ex-ministros do Meio Ambiente que construíram, ao longo dos anos, a insegurança jurídica que oprime mais de 5 milhões de produtores rurais assinam um artigo na Folha de São Paulo em que ameaçam a presidente da República, querendo jogar no lixo o esforço e o trabalho do Congresso Nacional na construção de uma nova lei que pacifica o campo brasileiro.
 
Diz o Forum de ex-Ministros do Meio Ambiente, no encerramento do artigo, eivado de mentiras que vêm sendo sistematicamente reproduzidas:
 
Para tanto, a partir da experiência acumulada no serviço público ao longo de tantos anos, assim como da diversidade de seus membros, o fórum se coloca à disposição para apoiar, da forma que for julgada mais oportuna, a elaboração e tramitação no Legislativo de uma proposta que vise uma política florestal sustentável -e que, portanto, valorize as funções de conservação, de recuperação e de uso econômico do capital natural associado às nossas florestas.
 
O que está escrito acima é um golpe no Congresso Nacional. É a tentativa de desqualificar o trabalho de homens dignos como Aldo Rebelo e Moacir Mecheletto. É um ataque frontal à democracia. É uma ameaça ao estado de direito.
 
É destinar ao Parlamento um papel secundário, como de fato foi dado ao longo dos anos na produção de centenas de decretos e medidas provisórias que afundam o Brasil Rural na mais profunda insegurança jurídica.
Com a de ra, os parlamentares. Defendam o país, defendam a nossa soberania, defendam o Estado Democrático de Direito. Ou calem-se para sempre, não porque queiram, mas porque serão calados.
22 de maio de 2012
coroneLeaks

A CARA DA CPI

Já que esta CPI Mista do Cachoeira não vai dar em nada assim do "jeito PT" que está, seus membros coesos e bem fornidos bem que poderiam convocar para depôr, mais do que a revista Veja, o jornal Folha de S. Paulo.
Essa mídia que tem mania de escarafunchar a vida pública que os políticos querem sempre deixar na privada, já está merecendo uma CPI definitiva; uma CPI que, afinal, não acabe em pizza.

Veja só o atrevimento da Folha de S. Paulo na edição desta gloriosa e silente terça-feira congressual.
 
O jornal invadiu a privacidade do gabinete do senador aliado pra caramba, Vital do Rêgo, cujas despesas e excessos saem do bolso do eleitor, contumaz pagador da boa vida dessa banda larga de caras de pau.
 
Veja a cara larga do presidente da banda da CPI do Cachoeira e de Todos Eles:

MINC ESTAVA EM ESTADO ALTERADO DE CONSCIÊNCIA


O ex-ministro Carlos Minc apareceu ontem se dizendo interlocutor frequente de Dilma Rousseff. Com essa credencial, bancou que e que Dilma vetará “de 12 a 14 artigos” do Código Florestal. Beleza.
 
O Planalto informa, porém: Dilma não conversa com seu ex-companheiro de VARPalmares e de governo Lula há meses, menos aindasobre os detalhes de veto do Código.
Aliás, o anúncio da decisão do governo sobre o Código Florestal só deve sair mesmo na sexta-feira, último dia do prazo de sanção ou veto da lei aprovada no Congresso.
 
22 de maio de 2012
Do Radar Online, da Veja:

O SILÊNCIO VALE OURO

O Supremo não deu bola para os apelos da defesa do único malfeitor preso até agora por contatos do primeiro ao último grau com o crime organizado paraestatal, uma espécie de central de núcleos de dominação da sociedade brasileira. E por isso hoje, logo depois do almoço, Carlinhos Cachoeira vai se fartar de não dizer nada na CPMI que lhe tomou o digno nome. Bem do jeito que a máfia paraestatal deseja e quer.

Cachoeira, o presidente do governo submerso do Brasil da Silva foi levado a não ser alcaguete dos seus cúmplices, gente pobre, gente rica, deputados, senadores, ministros, governadores, empresários, consultores públicos, notórios e privados.

Seu silêncio é a blindagem desses senhores dos anéis, das gravatas, dos colarinhos brancos, todos eles seus cúmplices, ou candidatos a tamanha oportunidade e honraria.

Calado, Carlinhos Cachoeira é um poeta que provoca azia em Lula que, diante da promiscuidade que tomou conta da República dos Calamares, já não pode usar a CPI mista do Cachoeira como arma para ferir de morte o Mensalão, maior escândalo de um governo na História do Brasil.

Carlinhos Cachoeira não falará na sua CPMI, doa a quem doer. Seu silêncio vale ouro. E poder. E deixa Lula como dono do governo mais vergonhoso que o País já sofreu.
 
22 de maio de 2012
sanatório da noticia

LULA ADIA SUA PARTICIPAÇÃO NO PROGRAMA DO RATINHO E HADDAD SE DESESPERA

A entrevista de Lula a Carlos Massa, o Ratinho, é parte da estratégia do PT para dar visibilidade a Fernando Haddad, pré-candidato do PT a prefeito de São Paulo. Lula adiou a ida dele ao “Programa do Ratinho” (SBT), e Haddad não conseguiu esconder sua decepção.

Antes programada para esta terça-feira, a entrevista ficou para a quinta-feira da próxima semana, 31. De acordo com a assessoria de imprensa do SBT, a mudança ocorreu “devido a um imprevisto”. Não detalhou que “imprevisto” seria este, mas sabe-se que o adiamento foi pedido pelos próprios assessores de Lula.

Segundo o repórter Fabio Braga, da Folhapress, a presença de Lula era disputada por vários programas, mas Lula teria optado por Ratinho porque o SBT é uma emissora de linha editorial inteiramente governista e tem dado forte apoio a Lula e Dilma, inclusive colocando no ar uma novela (“Amor e Revolução”) sobre as atividades da guerrilha contra o regime militar de 64.

A entrevista será a primeira entrada ao vivo de Lula para uma entrevista na TV aberta desde que ele se recuperou de um câncer na região da garganta. e marca a volta de Lula à campanha de Fernando Haddad, que até agora só tem 3% nas pesquisas para a Prefeitura de São Paulo.

QUANDO O HUMOR RETRATA A REALIDADE 12


TRIBUNAL JUJLGA HOJE RECURSO DE CORONEL ACUSADO DE TORTURA

 
O Tribunal de Justiça de São Paulo julga hoje o recurso do coronel da reserva Carlos Brilhante Ustra contra a sentença na qual foi reconhecido como torturador de presos políticos. A sentença inicial foi proferida no dia 8 de outubro de 2010, na 23.ª Vara Civil do Fórum João Mendes, em São Paulo. Foi uma decisão inédita.

A ação é movida pela família Teles e envolve o período em que o coronel comandou o DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna) do 2º Exército, entre 1970 e 1974.

Maria Amélia e César Teles estiveram presos no DOI-Codi de São Paulo durante onze meses, em 1973. Em seu relato na Justiça declararam que foram torturados em diversas ocasiões. Maria Amélia, mais conhecida como Amelinha, disse ao juiz Gustavo Santini Teodoro que seus dois filhos, Janaína, de 5 anos, e Edson, de 4, foram mantidos na cela com os pais durante quase dez dias.

Logo após a sentença, o suplemento Aliás, do Estado, publicou uma reportagem sobre a história, assinada pelo jornalista Ivan Marsiglia, com relatos dos integrantes da família. Em um dos trechos, Janaína, que hoje é historiadora, diz: “Infelizmente, eu me lembro. Lembro dos gritos, da escuridão, de quando me levaram para ver minha mãe toda machucada, ensanguentada, na cadeira do dragão (instrumento de tortura com assento, apoio de braços e espaldar de metal onde o prisioneiro era amarrado nu, com o corpo molhado, e submetido a choques elétricos).”

No livro “Brasil Nunca Mais” foram relacionados 502 casos de tortura no período em que Ustra comandou o DOI-Codi. O coronel, que segundo ex-presos políticos, usava o codinome major Tibiriçá, nega sua participação em qualquer caso e já foi absolvido em outra ação, movida pelo Ministério Público Federal. Seus advogados, Paulo Alves Esteves e Sérgio Toledo, argumentam também que ele foi beneficiado pela Lei da Anistia de 1979, que está em vigor no País.

Na acusação atuam os advogados Anibal Castro de Souza e Fábio Konder Comparato. Se a sentença for confirmada, o coronel da reserva ficará mais vulnerável às investidas do Ministério Público para responsabilizá-lo por atos de violações de direitos humanos.

Roldão Arruda (Estado de S. Paulo)
22 de maio de 2012

###

NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG

Este é o mais importante processo em curso na Justiça brasileira. Quem está no banco dos réus não é o coronel Ustra (que jamais chegou a general por causa do currículo, digamos assim). Quem está novamente em julgamento é a própria Lei da Anistia. Ou seja, o processo só vai acabar no Supremo.
tribuna da internet

UMA IMENSA VENEZUELA?



Em entrevista hoje para O Estado de S. Paulo o ministro da Justiça do PT, Jose Eduardo Cardoso, disse que "o ato de criação da Comissão da Verdade simbolizou o Brasil superando divergências políticas e ideológicas".
Pra mim o que simbolizou o Brasil superando divergências ideológicas foi ver o Lula abraçando Fernando Collor de Mello e José Sarney.
Daí por diante, tudo tem sido só circo.
Eu acompanho a trajetória de José Eduardo Cardoso desde os tempos da Câmara Municipal de São Paulo, onde vi ele tomar algumas atitudes que provaram que ele já foi diferente da média do comportamento moral dos seus colegas de partido.
Mas vejam o que ele disse hoje:
Nós vivemos numa democracia. Então, mesmo aqueles que no passado foram contra essa democracia hoje podem se valer dela para expressar suas opiniões. Talvez um dia, quem sabe, eles se convençam de que a democracia é bem-vinda”.

Não, não é do PT e daquele pessoal que foi treinar em Cuba e pegou em armas para implantar à força a "ditadura do proletariado", aquela que murou países inteiros, matou 10 vezes mais que Hitler, criou os hospitais psiquiátricos para "tratar" quem era louco de discordar e continua espancando ceguinhos na China até hoje que ele estava falando.
Era aos que resistiram a tudo isso para preservar as "liberdades burguesas", tais como as de eleger e deseleger seus governantes, mantê-los submetidos à mesma lei válida para todos e fiscalizados por uma imprensa livre que os petistas passaram a vida apedrejando que ele se referia.
Taí uma boa pista sobre como é que vai acabar essa história da Comissão da Verdade...
E vejam mais esta pergunta e esta resposta:
"Mas o sr. integrou a CPI dos Correios como deputado e, à época, disse que o Mensalão existiu. O sr. mudou de opinião?"

"Em nenhum momento eu disse que o Mensalão existiu. Cheguei até a pedir uma correção à revista Veja. Afirmei que existia uma situação de destinação de recursos ilegais, de caixa dois. Isso era indiscutível".
Assim como José Dirceu "acredita cada vez mais" na própria inocência, eu sinceramente acredito que o ministro José Eduardo Cardoso acredita cada vez mais no que diz.
É fascinante, aliás, esse processo dentro do PT no poder. Quanto mais ele se distancia de um comportamento democrático e republicano, mais veementes ficam os discursos dos petistas afirmando o contrário, começando pelos da presidente Dilma que ninguém sabe dizer com certeza se mente na cara de pau ou se só viaja na maionese.
Seja como for, o fato é que por trás desse palavrório atirado no poço sem fundo do esquecimento o partido segue, numa sólida linha de coerência, desmontando, tijolinho por tijolinho, todas as instituições de moderação do seu poder de executar (por enquanto limitado a atos de rapinagem e de governo) sem dar satisfações a ninguém.

Neste preciso momento, por exemplo, enquanto mantem o seu fogo de barragem contra a memória do Mensalão, arma o tiro de misericórdia no poder de investigar e dirigir inquéritos criminais que a Constituição de 88 deu ao Ministério Público, a instituição que chamou de "quadrilha" os 39 figurões da nata do petismo que, chefiados pelo dito José Dirceu, arquitetaram e puseram em prática o esquema que o Supremo Tribunal Federal, por ordem do MP, ainda promete julgar antes da prescrição agora no meio do ano.
O agente do golpe é indireto, como sempre. Quem planta a bomba desta vez é a Associação Nacional dos Delegados de Polícia que faz parte da máquina sindical criada e gerida pelo PT.
A Polícia Federal comanda, em média, 70 mil inquéritos criminais por ano. O Ministério Público só uns 14 mil. Mas a quase totalidade deles refere-se a ações civis públicas por improbidade administrativa. Ladroagem de políticos e funcionários públicos para falar em português castiço. Na área criminal, o MP realiza menos de 1% do total de inquéritos conduzido pelas polícias que o governo nomeia.

Mesmo assim, são eles que assinam o Projeto de Emenda Constitucional (PEC nº 37) depositado na fila de votações do Congresso acompanhado de um comprometedor parecer da Advocacia Geral da União na época em que ela era comandada por José Antônio Dias Tóffoli, aquele advogadozinho do compadre do Lula que foi convenientemente plantado no Supremo Tribunal Federal nos últimos dias da presidência do padrinho da Dilma.
Diz o seguinte, no seu característico português claudicante: "Revela-se fora de dúvida que o ordenamento constitucional não reservou o poder investigatório criminal ao MP, razão pela qual as normas que disciplinam tal atividade devem ser declaradas inconstitucionais".
Foi também o MP que, em 2007, adquiriu o sistema de monitoramento de telefones Guardião que transformou num inferno a vida da ladroagem "oficial".
Desmontada essa última arma de defesa da cidadania, não ficará mais nenhum obstáculo de monta na frente das ambições imperiais do petismo.


A imprensa, que tem se alimentado do que o sistema Guardião registra para fazer suas denuncias, está quase toda sob a batuta de "profissionais" formados nas escolas do PT.
As edições de sexta-feira passada, o dia seguinte do golpe que desmontou a CPI do Cachoeira e do escandaloso SMS de amor do ex-líder do PT na Câmara, Candido Vaccarezza, para o governador Sérgio Cabral do Rio, patrono da lavanderia Delta que tem 108 contratos de obras do PAC, filho da Dilma, são um exemplo veemente.
Dos três jornais nacionais, apenas um, a Folha de São Paulo, registrou esses fatos em manchete. Os outros dois trouxeram chamadinhas anódinas para tudo isso em suas primeiras páginas e pedaços selecionados da história do que realmente se passou em suas páginas internas, e manchetaram com a decisão "faxineira" de dona Dilma de por na internet os salários dos funcionários do Poder Executivo.
E, como a gente bem sabe, um fim de semana faz o efeito de um milênio para a memória da "nova classe média brasileira" que tem mais o que comprar para se preocupar com bobagens como a investigação de corruptos.
O golpe que desmontou a CPI do Cachoeira já é um eco distante do passado sem autoria definida...

O PT já mira bem mais adiante da old mídia, aliás, preparando-se para matar a resistência democrática que, logo logo, estará confinada à internet. Montou uma bem engraxada máquina de patrulhamento e boataria na rede onde "jornalistas" a soldo do partido escrevem "séries de reportagens" para acusar colegas que denunciam a corrupção de "conluio com o crime organizado", acusação que seus agentes colloridos repercutem no Congresso, seus hackers e especialistas na mecânica do Google (SEO) "bombam" no Twitter e nas redes sociais, e os agentes "da sociedade civil organizada" pelo dinheiro do governo, de que a UNE é o exemplo mais acabado, transformam em ensaios de pogroms e "empastelamento" de redações aguerridas, como a da Veja, na melhor tradição fascista.
Por trás desse barulho todo, enquanto a economia rateia, o obediente dr. Mantega manda jogar na conta do Tesouro Nacional o alarmante excesso de créditos duvidosos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal para que eles possam seguir financiando o consumo passando ao largo das regras de Basiléia 3 (essas que foram criadas para evitar o surgimento de novas grécias) e dona Dilma possa dizer à multidão dos novos quase remediados que "o Brasil está 300% preparado para enfrentar a crise mundial".
E vamo que vamo que quando a "nova classe média" acordar do seu sonho de consumo nós já teremos nos transformado numa imensa Venezuela.
fernaslm
22 de maio de 2012