"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 5 de março de 2012

NÃO MINTA PARA NÓS, ARGENTINA

Desde 2007 a Argentina divulga números de inflação nos quais quase ninguém

Imagine um mundo sem estatísticas. Governos tateariam no escuro, investidores desperdiçariam dinheiro e eleitorados teriam dificuldades enormes para fazer cobranças a seus líderes. Autoridades não podem ter certeza de que todos os seus dados são confiáveis. Institutos de estatísticas variam em sofisticação técnica e na habilidade em resistir à pressão política. Os dados chineses, por exemplo, podem ser enganosos; a Grécia sub-reportou o seu déficit, com consequências desastrosas. No entanto, em geral, estatísticos oficiais chegam a seus números de boa fé.

Há uma exceção conspícua. Desde 2007 a Argentina divulga números de inflação nos quais quase ninguém acredita. Estes revelam que os preços subiram entre 5% e 11% ao ano. Economistas independentes, institutos de estatística estaduais e pesquisadores de inflação estimaram aumentos pelo menos duas vezes maiores que estes.

O que parece ter começado como um desejo de evitar manchetes desfavoráveis num país com um histórico de hiperinflação levou à perda de credibilidade do INDEC, um dos melhores institutos de estatística do continente. Suas instalações estão agora repletas de pôsteres de apoio à presidente, Cristina Fernández de Kirchner. Funcionários independentes foram substituídos por autointitulados “cristinistas”. Num extraordinário abuso de poder de um governo democrático, economistas independentes foram coagidos a parar de publicar suas próprias estimativas de inflação através de multas e ameaças de perseguição. Preços equivocados foram usados para trapacear portadores de títulos vinculados à inflação em bilhões de dólares.

Não vemos prospectos de retorno ágil a números críveis. O secretário de comércio Guillermo Moreno, que conduziu a investida contra o INDEC, ainda é um dos conselheiros mais próximos da presidente. O FMI “advertiu” que a Argentina está falhando em sua obrigação de prover dados confiáveis ao fundo, fez recomendações e estabeleceu prazos para que a situação seja normalizada. Contudo, a Argentina ignora essas exigências, o fundo meramente lamenta a “ausência de progresso” – e debilmente estabelece um novo prazo.

Fontes:The Economist - Don’t lie to me, Argentina
4/03/2012

DILMA CHUTEIRÃO ENTROU EM CAMPO

E foi no episódio reforma do Estádio Beira-Rio vs Construtora Andrade Gutierres, que se arrasta há mais de ano, que o Presidente da República entrou de sola: exigiu que o Internacional, seu time do coração (eu nem sabia que o presidente tinha coração!), seja o único a oferecer um estádio à Copa de 2014 em Porto Alegre. E ainda ameaçou a Andrade Gutierres que se apressasse, se não...!

O tom ditatorial e totalitário do presidentão Dilma Roussef, que funciona bem para apavorar seus ministros corruptos (uns 10 por semestre) e controlar a imprensa, foi usado contra uma empresa privada que constrói estádios para outro ente privado. O presidentão berrou com a energia que vem dos seus altos índices de testosterona virtual, pensando que pode misturar tudo, o privado e o público, porque ele é a autoridade máxima do país, quando no máximo ela é apenas um presidentão da República, um reles gerente acabrestado pela elite globalista internacional, leia-se FIFA, leia-se ONU, leia-se o escambau.

Seguindo os passos do corrupto Lula, que fez tirar dinheiro público para doar ao seu Coringão, Dilma Chuteirão agora tenta aplicar aqui em Porto Alegre. Até o fascista Tarso Genro não gostou. Por ciúmes, é claro!

Ocorre que a Andrade Gutierrres, que fatura bilhões de dólares por ano, estava mordendo desavergonhadamente os entes públicos (Banrisul, por exemplo) para começar as obras no Beira-Rio. E continua a morder. O plano destes dois monstros ávidos, um privado, e outro governamental, ambos tarados pelo dinheiro do contribuinte, no entanto, até agora malogrou nos seus intentos. Até a imprensa da esgotosfera (copyright do Reinaldo Azevedo) percebeu a truculência de ambas, presidentão e construtora. O Dilmão Chuteirão deu um carteiraço de chefe de governo, segundo uma fonte que vem da esgotosfera próxima. O fato é tanto mais grave quanto o silêncio da mídia-esgoto sobre esse vexame, esse escândalo. Estou esperando ansioso pela segunda-feira para ler o artigo de Paulo Brossard na mídia-esgoto local.

A obra, inicialmente orçada em 370 milhões de reais, que alcançará valores estratosféricos (como sempre) em 2 anos, está parada, enquanto o tempo imposto pela FIFA se esgota. Somente um golpe de corrupção gigantesco e uma alta dose de totalitarismo poderiam impulsionar os trabalhos. Mas ainda não houve nenhum efeito, e nenhuma resposta da intimidada e ameaçada construtora.

Enquanto isso, não temos hospitais, estradas decentes, segurança pública, e educação. Sou contra a Copa no Brasil por isso. Não tenho porque ficar seguindo os passos de políticos corruptos em todos os níveis da vida política nacional, que vêem na Copa uma oportunidade única de faturar milhões; e, tampouco, não tenho que me submeter aos desejos da mídia-esgoto e seus lacaios chapa branca. Muito menos ainda à FIFA, uma entidade supranacional mais internacional do que a corrupta ONU. A FIFA não fica atrás em roubalheiras ou indignidades. Aqui no Brasil arrancará tudo que puder com o consentimento do corrupto Congresso. O Brasil se verga, se humilha por aquilo que acha o máximo: uma Copa do mundo de futebol, onde até os prejuízos decorrentes de uma catástrofe climática ou ambiental, que poderiam sobrevir na época do sagrado campeonato, terão que ser pagos com o dinheiro do trouxa torcedor.

E o pior: nem time temos! Se continuarmos assim, o Dilmão Chuteirão vai virar técnico ou nomear o Ministrão do Aborto para treinar os ronaldinhos. Enquanto isso, o corrupto Lula defende e abriga o corrupto presidente da CBF, Ricardo Teixeira, envolvido em maracutaias milionárias. Boi preto conhece boi preto, dizia Clodovil.

Do futebol para a Nova Família Brasileira.

O Brasil Big Brother está pronto, esperando pela Copa. A Nova Família Brasileira, de qual falei alguns artigos atrás, já está habilitada, ligada, presa na suprema armadilha, qual seja, a que a faz pensar que é ela quem está espiando. E que a Copa é para ela. Maledetta ignorância! A mídia-esgoto, de qual falei, repercute toda essa sacanagem incessantemente, fazendo a Novifamília pensar que está no controle da situação. Qual! Este absurdo é orwelliano, portanto, sistemático, estratégico, quase invisível e, principalmente, e essencialmente; enganoso, mentiroso, no nível máximo e insuportável de dissonância cognitiva. O resultado é a autodestruição da capacidade de pensar do povão; o fim do pensamento. Se torna penoso pensar. Então, vence o comportamento egoísta e racional — que se dane tudo o mais. E o Big Brother real toma conta. São mais de 30 anos. Eu conto desde Sarney e sua infame república.

A ditadura atual do Brasil, mais concreta do que uma chuteira 42 do presidente, ou presidenta, ou presidentão, do Dilmão — é exatamente o horror orwelliano com um sabor moreno e levemente sambante. É quando a arte serve ao crime, e não o contrário. É quando a ditadura comunista produz medalhas para o esporte ideológico. Nem sentimos a corrente do Gulag, como dizia Soljenitsin. O futebol anestesia.

Assim transitamos da mídia-esgoto para o absurdo da vida real, a vida dos contratos criminosos e da degeneração moral e ética. Daí para a sociedade (Nova Família Brasileira) foi um passo. Ficamos passivos, tudo aceitando como bons praticantes da cidadania.

Para encerrar, um fato curioso, testemunhado por milhões de brasileiros durante a narração de Galvão Bueno do último jogo da seleção. Galvão perguntou ao Arnaldo referindo-se ao Big Brother Brasil 12 (olha a duração desse lixo): “Arnaldo, qual deles vai para o paredão?” O narrador, aproveitando a audiência da Seleção Brasileira fez propaganda do produto da empresa-esgoto para qual trabalha. O programa Big Brother e toda a sua pornografia indecente insinua-se com a maior naturalidade na Nova Família Brasileira. Para ela é um mero e inocente entretenimento. Some-se tudo isso ao mundo das chuteiras, assim construindo um time formidável que vem vencendo qualquer eleição chamada por eles de democrata, e veremos o quão escravos estamos.

E o povo? O povo paga o seu estado de escravo, de eleitor, marcado como um gado, um Admirável Gado Novo. Por baixo, existem uns 100 milhões de escravos prontos para morrer por Dilma Chuteirão e suas fantasias lúdicas.

2/3/2012 — NOTA DE ÚLTIMA HORA

Extra, extra! A construtora Andrade Gutierres acaba de ceder à pressão da Dilma Chuteirão. Até seu agente local, o governador, mudou o discurso depois de receber um suposto telefonema do chefão da construtora. Acionou o Banrisul que deve se afastar da posição de dignidade responsável que aparentava ter até ontem. Então houve a intervenção autoritária. As obras vão começar, salvo cachorro maior que parte do governo ou da esgotosfera amestrada. Esperemos.

*** *** *** ***

* Outra Nota, de gênero.

Segundo a ex-sexóloga e ora ministra praticante de alguma indignidade, Marta Suplicy, os nomes de gêneros, e as referências nominais a eles, devem ser abolidos porque todos são a mesma coisa. Não haverá mais ele e ela nas portas dos banheiros; nem pai nem mãe no tratamento usual das famílias e nos documentos. Tampouco haverá irmão, irmã. Qualquer um poderá e deverá ser tratado e chamado por qualquer gênero, como se nome identificado pelo sexo não existisse. E por desnecessário, porque a homofilia deve avançar. Mas, desnecessário só na cabeça destas bestas. Daí o meu uso franco e indiferente com as palavras neste texto que significam qualquer coisa em referência à coisa nenhuma sexual da Presidência da República atual: o nome da Besta, ou do Bestão Chuteirão.

05 de março de 2012
charles london

QUEM ESTÁ POR TRÁS DE YOANI SÁNCHEZ

Yoani Sánchez, famosa blogueira cubana, é uma personagem peculiar no universo da dissidência cubana. Nenhum opositor foi beneficiado a exposição midiática tão massiva, nem de um reconhecimento internacional semelhante em tão pouco tempo. Após emigrar para a Suíça em 2002, ela decidiu retornar a Cuba dois anos depois, em 2004. Em 2007, integrou o universo de opositores a Cuba ao criar seu blog “Generación Y”, e se torna uma crítica feroz ao governo de Havana.

Nunca um dissidente cubano – muito menos no mundo – conseguiu tantos prêmios internacionais em tão pouco tempo e com uma característica particular: deram a Yoani Sánchez dinheiro suficiente para viver tranqüilamente em Cuba até o resto de sua vida. Na realidade, a blogueira tem retribuído à altura os 250 mil euros que recebeu, o que equivale a mais de 20 anos do salário mínimo em um país como a França, a quinta potência mundial. O salário mínimo em Cuba é de 420 pesos, o equivalente a 18 dólares ou 14 euros. Isto é, Yoani Sánchez recebeu 1.488 anos de salários mínimos cubanos por sua atividade opositora.

Yoani Sánchez tem estreita relação com a diplomacia estadunidense em Cuba, como demonstra um documento “secreto”, por seu conteúdo sensível, emitido pela Seção de Interesses Norteamericanos (Sina). Michael Parmly, ex-chefe da Sina em Havana, que se reunia regularmente com Yoani Sánchez em sua residência diplomática pessoal como indicam os documentos confidenciais da Sina, manifestou a sua preocupação em relação à publicação dos documentos diplomáticos dos EUA pelo WikiLeaks: “Ficaria muito incomodado se as numerosas conversações que tive com Yoani Sánchez fossem publicadas. Ela poderia pagar as consequências por toda a sua vida”. A pergunta que vem imediatamente à mente é a seguinte: por quais razões Yoani Sánchez estaria em perigo se a sua atuação, como afirma, respeita o marco da legalidade?

Em 2009, a imprensa ocidental divulgou massivamente a entrevista que o presidente Barack Obama havia concedido à Yoani Sánchez, e que foi considerado um fato excepcional. Yoani também afirmou que enviou um questionário similar ao presidente cubano Raúl Castro e que o mesmo não se dignou a respondê-lo. No entanto, os documentos confidenciais da Sina, publicados por WikiLeaks contradizem essas declarações. Foi descoberto que foi um funcionário da representação diplomática estadunidense, em Havana, quem, de fato, redigiu as respostas à dissidente e não o presidente Obama.

Mais grave ainda, Wikileaks revelou que Yoani, diferente de suas afirmações, jamais enviou um questionário a Raúl Castro. O chefe da Sina, Jonathan D. Farrar, confirmou a informação através de um e-mail enviado ao Departamento de Estado: “Ela não esperava uma resposta dele, pois confessou que nunca enviou (as perguntas) ao presidente cubano”.

A conta de Yoani Sánchez no twitter

Além do sítio Generación Y, Yoani Sánchez tem uma conta no twitter com mais de 214 mil seguidores (registrados até 12 de fevereiro de 2012). Somente 32 deles moram em Cuba. Por outro lado, a dissidente cubana segue a mais de 80 mil pessoas. Em seu perfil, Yoani se apresenta da seguinte maneira: “Blogger, moro em Havana e conto a minha realidade através de 140 caracteres. Tuito, via sms sem acesso à web”. No entanto, a versão de Yoani Sánchez merece pouco crédito. Na realidade é absolutamente impossível seguir mais de 80 mil pessoas apenas por sms, a partir de uma conexão semanal em um hotel. É indispensável um acesso diário para isso na rede.

A popularidade na rede social twitter depende do número de seguidores. Quanto mais numerosos, maior a exposição da conta. Da mesma maneira, existe uma correlação entre o número de pessoas seguidas e a visibilidade da própria conta. A técnica que consiste em seguir diversas contas é utilizada para fins comerciais, assim como para a política durante as campanhas eleitorais.

O sítio www.followerwonk.com permite analisar o perfil dos seguidores de qualquer membro da comunidade do twitter. O estudo do caso Yoani Sánchez é revelador em vários aspectos. Uma análise dos dados da conta do twitter da blogueira cubana, realizada através de seu sítio, revela que a partir de 2010 houve uma atividade impressionante de sua conta. A partir de junho de 2010, ela se inscreveu em mais de 200 contas por dia, em uma velocidade que poderia alcançar até 700 contas em 24 horas. Isto é, passar 24 horas diretas fazendo isto – o que parece improvável. O resultado é que é impossível ter acesso a tantas contas em tão pouco tempo. Então, parece que isto só é possível através de um robô.

Da mesma maneira, descobrimos que cerca de 50 mil seguidores de Yoani são, na realidade, contas fantasmas ou inativas, que criam a ilusão de que a blogueira cubana goza de uma grande popularidade nas redes sociais. Na realidade, dos 214.062 perfis da conta @yoanisanchez, 27.012 são novos (e sem fotos) e 20.600 são de características de contas fantasmas com atividades inexistentes na rede (de 0 a 3 mensagens enviadas desde a criação da conta). Entre estes fantasmas que seguem Yoani no twitter, 3.363 não têm nenhum seguidor e 2.897 seguem somente a blogueira, assim como a uma ou duas contas. Algumas apresentam características bastante estranhas: não têm nenhum seguidor, seguem apenas Yoani e emitiram mais de duas mil mensagens.

Esta operação destinada a criar uma popularidade fictícia, via twitter, é impossível de ser realizada sem acesso à internet. Necessita de um apoio tecnológico e um orçamento consequente. Segundo uma investigação realizada pelo diário La Jornada, com o título “El ciberacarreo, la nueva estrategia de los políticos en Twitter”, sobre operações que envolviam os presidenciáveis mexicanos, diversas empresas dos Estados Unidos, Ásia e América Latina oferecem este serviço de popularidade fictícia (“ciberacarreo” ou em português ciber transporte) por elevados preços. “Por um exército de 25 mil seguidores inventados no twitter , escreveu o jornal, pagam até dois mil dólares, e por 500 perfis manejados para 50 pessoas é possível gastar entre 12 mil a 15 mil dólares”.

Yoani Sánchez emite, em média, 9,3 mensagens por dia. Em 2011, a blogueira publicou uma média de 400 mensagens por mês, O preço de uma mensagem em Cuba é de um peso convertido (CUC), o que representa um total de 400 CUC mensais. O salário mínimo em Cuba é de 420 pesos cubanos, ao redor de 16 CUC. Yoani Sánchez gasta, por mês, o equivalente a dois anos de salários mínimos em Cuba. Assim, a blogueira gasta em Cuba com o twitter, um valor correspondente, caso fosse francesa, a 25 mil euros mensais ou 300 mil euros por ano. Qual a procedência desses recursos para estas atividades?

Outras perguntas surgem de maneiras inevitáveis. Como Yoani Sánchez pode seguir a mais de 80 mil contas sem acesso permanente a internet? Como conseguiu se inscrever em 200 contas diferentes por dia, desde de junho de 2010, com índices que superam até 700 contas/dia? Quantas pessoas seguem realmente as atividades da opositora cubana na rede social? Quem financia a criação das contas fictícias? Qual o objetivo? Quais os interesses escusos detrás da figura de Yoani Sánchez?

05 de março de 2012
janer cristaldo

LIVRO POLÊMICO TRAZ EVIDÊNCIAS E DESMENTIDOS SOBRE VERDADES ABSOLUTAS LIGADAS À IOGA


Jornalista do New York Times e iogue há mais de 40 anos é destaque internacional


Foto: nao se aplica / the holistic care,reproducao

Em 1973, uma mulher saudável, na época com 28 anos, praticava seus exercícios diários de ioga quando teve uma forte dor de cabeça. Não sentia o lado direito do corpo, o braço e a perna esquerdos mal obedeciam aos seus comandos e os olhos se viravam involuntariamente para a esquerda. Além disso, a pálpebra inferior de um deles estava inchada. Foi levada às pressas para o hospital com sintomas da síndrome de Horner uma paralisia ocular causada por uma lesão no sistema nervoso.

Os médicos descobriram que sua artéria vertebral esquerda, que irriga o cérebro e passa entre as duas primeiras vértebras cervicais, havia afunilado e se deslocado consideravelmente. No momento do acidente, ela estava em uma posição da ioga conhecida como "ponte", em que o iogue — como é chamado o praticante — se deita com as costas no chão e, em seguida, equilibra-se apenas com as mãos e os pés, formando um arco com as costas. Em uma das variações, a cabeça vai ao chão e substitui as mãos no equilíbrio.

Enquanto fazia isso e no momento exato que antecedeu a forte dor de cabeça, ela perdeu o equilíbrio e, de impulso, curvou a cabeça para trás com força. Dois anos de reabilitação passaram-se para que conseguisse andar novamente, ainda assim devagar. Os olhos, no entanto, apresentavam sinais da síndrome, e o braço esquerdo perdia-se nos comandos.

A história é uma das relatadas no recém-lançado livro The Science of Yoga, ainda sem tradução para o português, do jornalista norte-americano William J. Broad. Ele, que trabalha no The New York Times, é jornalista científico, praticante de ioga há mais de 40 anos e fez sua carreira escrevendo sobre armas nucleares e segurança nacional. Mas resolveu debruçar-se sobre a atividade que o desperta todas as manhãs, desde os tempos da faculdade, e foi buscar na ciência, campo com o qual tem anos de intimidade, evidências e desmentidos sobre algumas verdades absolutas que se construíram sobre a prática desde que ela se popularizou no Ocidente.

Além de curiosidades, como a sua origem — que não é espiritual, como se acredita, mas nasceu de cultos sexuais —, o jornalista descobriu, por exemplo, que entre suas muitas vantagens moram perigos, como o de ruptura dos pulmões, deslocamento das juntas e mesmo acidentes vasculares cerebrais, como o caso da jovem dos anos 1970, e outros muitos contados no livro.

Foram cinco anos de pesquisas e entrevistas com médicos, instrutores e iogues. Broad não deixou de lado a prática, que ele ainda avalia como positiva mesmo quando se pesam prós e contras, mas repensou sua rotina de exercícios.

— Eu mudei de ideia sobre a ioga. Ela não é completamente segura. Na verdade, é bem perigosa — avisa.

Mal foi lançado, o livro já rendeu polêmica. Contrariados, iogues enviaram cartas revoltadas a Broad e aos jornais. Além disso, discursos inflamados acusando-o de sensacionalista alimentam fóruns de discussão na internet. Mas, se incomoda, diz Broad, é porque as pessoas sabem que seus argumentos fazem algum sentido.

— A ciência é toda sobre verdades. E a verdade, às vezes, dói. Eu não me importo com o que as pessoas pensam. A ioga faz circular muito dinheiro, e dizer que ela faz mal fere os interesses de muita gente. Fazer dinheiro não é uma coisa ruim, desde que você seja completamente honesto com as pessoas.

Entre as evidências encontradas por Broad, uma em especial explica o acidente que abre esta reportagem. Um ano antes, em 1972, o neurofisiologista da Universidade de Oxford W. Rithcie Russell publicou um artigo no The British Medical Journal argumentando que algumas posturas da ioga podiam estar relacionadas a casos de derrames em jovens saudáveis, mesmo que os casos fossem relativamente raros.

Segundo Russell, as lesões podiam ser causadas não apenas por traumas de cabeça, mas também por movimentos bruscos ou hiperflexões do pescoço, presentes em algumas das posições da atividade — um iogue intermediário, ele relata, consegue girar facilmente seu pescoço 90 graus, quase o dobro dos 50 de um não praticante. A torção indevida, contudo, pode levar ao rompimento das artérias carótidas, que irrigam o cérebro. Nesse caso, são altas as chances de um acidente vascular sério.

— Outra situação é quando a pessoa já tem arteriosclerose, que são placas de gordura nas paredes dos vasos. Se a placa estiver instável, ela pode se soltar com a movimentação e entupir uma artéria de calibre menor, o que levaria a um AVC — explica o neurologista Lili Min, professor da Faculdade de Medicina da Unicamp.

É claro, no entanto, que nem todo mundo está sujeito a acidentes graves durante a prática da ioga e que tal tipo de fatalidade também não é nenhuma exclusividade dela. De maneira geral, qualquer atividade física que exija movimentação de cabeça expõe seus praticantes aos mesmos riscos. A notícia ruim é que não existe nenhum tipo de teste que qualifique alguém como mais ou menos predisposto a sofrer um AVC durante um exercício de ioga.

— Por isso, o alerta é para que o praticante seja mais cauteloso com algumas posições e tome cuidado com as torções cervicais. Isso, no entanto, não quer dizer que outras posições não possam ser feitas, tampouco desmerece os benefícios da prática — pondera o especialista.

5 de março de 2012

LIVRO ADVERTE: PRÁTICA DA IOGA É PERIGOSA

Em 1973, uma mulher saudável, na época com 28 anos, praticava seus exercícios diários de ioga quando teve uma forte dor de cabeça. Não sentia o lado direito do corpo, o braço e a perna esquerdos mal obedeciam aos seus comandos e os olhos se viravam involuntariamente para a esquerda. Além disso, a pálpebra inferior de um deles estava inchada. Foi levada às pressas para o hospital com sintomas da síndrome de Horner uma paralisia ocular causada por uma lesão no sistema nervoso.

Os médicos descobriram que sua artéria vertebral esquerda, que irriga o cérebro e passa entre as duas primeiras vértebras cervicais, havia afunilado e se deslocado consideravelmente. No momento do acidente, ela estava em uma posição da ioga conhecida como "ponte", em que o iogue — como é chamado o praticante — se deita com as costas no chão e, em seguida, equilibra-se apenas com as mãos e os pés, formando um arco com as costas. Em uma das variações, a cabeça vai ao chão e substitui as mãos no equilíbrio.

Enquanto fazia isso e no momento exato que antecedeu a forte dor de cabeça, ela perdeu o equilíbrio e, de impulso, curvou a cabeça para trás com força. Dois anos de reabilitação passaram-se para que conseguisse andar novamente, ainda assim devagar. Os olhos, no entanto, apresentavam sinais da síndrome, e o braço esquerdo perdia-se nos comandos.

A história é uma das relatadas no recém-lançado livro The Science of Yoga, ainda sem tradução para o português, do jornalista norte-americano William J. Broad. Ele, que trabalha no The New York Times, é jornalista científico, praticante de ioga há mais de 40 anos e fez sua carreira escrevendo sobre armas nucleares e segurança nacional. Mas resolveu debruçar-se sobre a atividade que o desperta todas as manhãs, desde os tempos da faculdade, e foi buscar na ciência, campo com o qual tem anos de intimidade, evidências e desmentidos sobre algumas verdades absolutas que se construíram sobre a prática desde que ela se popularizou no Ocidente.

Além de curiosidades, como a sua origem — que não é espiritual, como se acredita, mas nasceu de cultos sexuais —, o jornalista descobriu, por exemplo, que entre suas muitas vantagens moram perigos, como o de ruptura dos pulmões, deslocamento das juntas e mesmo acidentes vasculares cerebrais, como o caso da jovem dos anos 1970, e outros muitos contados no livro.

Foram cinco anos de pesquisas e entrevistas com médicos, instrutores e iogues. Broad não deixou de lado a prática, que ele ainda avalia como positiva mesmo quando se pesam prós e contras, mas repensou sua rotina de exercícios.
— Eu mudei de ideia sobre a ioga. Ela não é completamente segura. Na verdade, é bem perigosa — avisa.

05 de março de 2012
aluizio amorim

ATENÇÃO: CFP COMETE CRIME DE PREVARICAÇÃO

Artigos - Direito

O MPF precisa representar contra o Conselho Federal de Psiologia por crime de prevaricação, imoralidade pública e falsidade ideológica.


A primeira vez que escrevi sobre os conselhos de classe ou ordens profissionais foi em 13 de novembro de 2004, sob o título de “Conselho, para quê?”. Naquele documento já havia demonstrado a natureza socialista destas instituições, que tendo sido bem albergadas pelo fascismo getulista, obtiveram o status de autarquias competentes para legislar sem representatividade popular (as mais das vezes, em causa própria) e à revelia da Constituição (a censura sobre a Psicóloga Rosângela Justino fere o Art. 5º, XIX); instituir tributos, à revelia dos princípios constitucionais tributários e das leis gerais tributárias; definir quem pode e quem não pode exercer a profissão que jurisdicionam, e como os ofícios podem ser exercidos; instituir obrigações para estabelecimentos privados, impondo-lhes multas ou até mesmo o fechamento de suas portas; fiscalizar, julgar e cassar profissionais segundo seus próprios critérios; e last but not least, usar de seu poder como meio de promover o mais jurássico corporativismo e a mais descarada transformação ideológica da sociedade, via filtragem seletiva e/ou legislação administrativa.


ORIGEM E NATUREZA DOS CONSELHOS DE CLASSE E ORDENS
Ludwig von Mises já havia detectado o fenômeno que denominou de “socialismo das guildas”, que “pretendiam instaurar, segundo palavras dos Webbs, “o direito de autodeterminação de cada profissão”. Entretanto, Como muito bem antecipado pelo mestre austríaco, “as guildas monopolísticas não precisam temer a competição; gozam do direito inalienável de exclusividade no seu setor de produção. De servidores do consumidor transformam-se em senhores. Ficam livres para recorrer a práticas que favorecem seus membros às custas do resto da população.” (Mises, Ação Humana, p. 1115 a 1117).

Apenas oito anos depois, temos tido conhecimento de que a OAB – Ordem dos Advogados do Brasil tem calibrado suas provas com uma rosca tão fina que atualmente não mais de 4% dos bacharéis em Direito têm sido admitidos. Frise-se, os próprios bacharéis a quem o Ministério da Educação, isto é, o estado brasileiro, tem fornecido diplomas que atestam sua a conclusão do curso e consequentemente, a capacidade para o exercício de suas atividades.

Neste entremeio, diversos outros casos foram se tornando públicos, ainda que em menor capacidade de provocar a crítica popular: hotéis e clubes foram notificados pelo Conselho Federal de Química para contratar químicos para cuidar de suas piscinas; Pet Shops, pelo Conselho de Veterinários, para contratar seus profissionais, por conta da venda de remédios; e assim por diante. Vale ainda lembrar do famoso caso do médico Roger Abdelmasih, que veio a ter o seu registro cassado pelo CFM em 20 de maio de 2011, por volta de estimados cinco meses depois de sua fuga para o Líbano sob a complacente pena do ministro Gilmar Mendes, do STF, que lhe concedeu o habeas Corpus, por provavelmente não acreditar haver motivos para a fuga de tão distinto senhor acusado de ter cometido abuso sexual contra pelo menos 56 mulheres, clientes suas.

Nos últimos meses, todavia, tem merecido destaque nacional a atuação do Conselho Federal de Psicologia, por conta de suas perseguições contra as psicólogas Rosângela Justino e Marisa Lobo, bem como também contra o pastor Silas Malafaia, a ponto de terem desencadeado um embrião de justificada reação por parte da bancada evangélica no Congresso.



Aqui vale relembrar um trecho daquele artigo acima mencionado:

Quando um “conselho” declara abertamente influir na política, é lógico inferir que deva manter um pensamento político majoritário, senão hegemônico. Adianto-me, dificilmente será de natureza liberal, sob pena de cair em contradição existencial. Se este fato pode ser encontrado, mesmo que por pura hipótese, então é de se perceber que, no “exame da ordem”, tal viés ideológico encontrar-se-á presente nas questões. Ora, em ciências tais como o Direito, pertencente ao rol das ciências sociais, as questões certamente serão formuladas com base em tendências políticas abraçadas pelos que comandam a cúpula destas entidades. Desta forma, inegável concluir que não haja um monitoramento ideológico, com prejuízo aos oriundos de universidades onde determinadas posições possam ser divergentes e, pela monotonia do pensamento, a toda a sociedade.

Certamente que o Conselho Federal de Psicologia não impõe o exame de ordem, mas nem por isto deixa de exercer o protagonismo ideológico, desde que tem à sua disposição como objeto da profissão a própria prerrogativa de manipulação da consciência humana. Trata, por este meio, de fazer de cada psicólogo um agente de transformação social, apenas por delimitar-lhe o campo de ação, positiva ou negativamente.

A iniciativa da bancada evangélica, por sua vez, tem desencadeado a réplica daquela instituição. Em recente declaração à imprensa, Humberto Verona, presidente do CFP, arguiu o seguinte: “- Achamos que uma lei que possibilite, por concepções religiosas, que profissionais tratem de orientação considerada "inadequada" é um problema grave para a sociedade brasileira. Não podemos deixar isso passar. O projeto é um retrocesso e é uma interferência na própria legislação do País, que organizou o exercício das profissões. No Brasil, temos leis que criam conselhos e que delegam aos próprios profissionais fazer a regulação da sua profissão de acordo com as necessidades e demandas da sociedade. Queremos continuar a ter garantias do nosso direito de fazer isso”. Grifos meus.

Alguma dúvida quanto à existência desses estados paralelos?

A TRANSFORMAÇÃO DO LAICISMO EM ATEÍSMO
Em nota oficial publicada pelo CFM, intitulada Nota Pública do CFP de esclarecimento à sociedade e às(o) psicólogas(o) sobre Psicologia e religiosidade no exercício profissional destacam-se as seguintes alegações, seguidas de meus comentários, a cada trecho:

“Não existe oposição entre Psicologia e religiosidade, pelo contrário, a Psicologia é uma ciência que reconhece que a religiosidade e a fé estão presentes na cultura e participam na constituição da dimensão subjetiva de cada um de nós. A relação dos indivíduos com o “sagrado” pode ser analisada pela(o) psicóloga(o), nunca imposto por ela(e) às pessoas com os quais trabalha.

Assim, afirmamos o respeito às diferenças e às liberdades de expressão de todas as formas de religiosidade conforme garantidas na Constituição de 1988 e, justamente no intuito de valorizar a democracia e promover os direitos dos cidadãos à livre expressão da sua religiosidade, é que o Código de Ética Profissional da(o) Psicóloga(o) orienta que os serviços de Psicologia devem ser realizados com base em técnicas fundamentados na ciência psicológica e não em preceitos religiosos ou quaisquer outros alheios a esta profissão:

Se as(o) psicólogas(o) exercerem a profissão declarando suas crenças religiosas e as impondo ao seu público estarão desrespeitando e ferindo o direito constitucional de liberdade de consciência e de crença.

O que predomina no trecho acima transcrito é uma inversão do significado de laicismo. Em uma sociedade livre, o estado é e deve ser laico. É muito bom que o estado - só o estado - seja laico, desde que o objetivo seja impedir que um cidadão seja prejudicado no guichê de um órgão público por conta de um servidor que o trate com preconceito.

Destaque-se que o laicismo se resume ao estado, ficando a sociedade à vontade para fazer uso do direito de associação, de modo que os crentes se unam em torno da construção de instituições segundo a concepção de mundo e de sua fé. Não tem sido por menos que se erigiram ao longo do tempo notáveis instituições de abrigo e de cuidados de pessoas especiais, de creches, escolas e hospitais, muitas das quais permanecem ainda hoje reconhecidas como as melhores do país.

A ninguém pertence o conhecimento, que se adquire com o fim de obter meios para produzir melhor um bem ou serviço. Neste sentido, nada há de impedir que um cristão busque nos conhecimentos da Psicologia melhores subsídios com que atender aos seus irmãos de fé ou a quem lhe aprouver procurá-lo de livre e espontânea vontade.

Em tempo, este é o verdadeiro significado e exercício da liberdade. Somente há liberdade onde houver direito de escolha e livre trânsito de ideias. Se alguém constata que os serviços prestados por um psicólogo cristão não estão lhe fazendo bem, permanece a sua garantia de buscar outro mais satisfatório, aliás, como fazem os outros pacientes por qualquer outra razão. Porém, se o tratamento que inclui uma compreensão da existência de uma dimensão transcendental vista como essencial à natureza humana produz resultados, então qual é o problema?

Infelizmente, o avanço do intervencionismo estatal tem se estendido às escolas e às faculdades, aos meios de comunicação e como se vê, por conta da regulamentação exercida pelos conselhos de classe, ao exercício das profissões, de tal forma que, por onde finquem suas bandeiras, proclamem o laicismo como norma geral à moda do João-sem-braço, desapropriando assim o exercício da liberdade religiosa no âmbito privado, que se vê doravante sem espaço para manifestar-se. Trata-se, pois, de uma forma sorrateira e gradualista de “ateização” do laicismo e estatização das atividades originalmente privadas.

Como flagrante prova, rogo especial atenção ao seguinte parágrafo:

“A Psicologia como ciência e profissão pertence à sociedade tendo teorias, técnicas e metodologias pesquisadas, reconhecidas e validadas por instâncias oficiais do campo da pesquisa e da regulação pública que validam o conjunto de formulações do interesse da sociedade. Os princípios e conceitos que sustentam as práticas religiosas são de ordem pessoal e da esfera privada, e não estão regulamentadas como atribuições da Psicologia como ciência e profissão.” (Grifos meus).

O que o CFP pretende ao afirmar que a Psicologia como ciência e profissão pertence à sociedade é fazer uso de uma camuflagem semântica, vez que em verdade sustenta que pertence a si próprio (e aos movimentos sociais a que se alinha). Se fosse da sociedade, os conhecimentos da Psicologia poderiam ser aproveitados pelos católicos segundo a crença católica, assim como também para os evangélicos de acordo com suas convicções espirituais, os espíritas, os budistas e por que não dizer, pelos ateus. Notem especialmente a afirmação de que “as práticas religiosas são de ordem pessoal e da esfera privada”, para compreender a ilegítima desapropriação que o CFP opera nas relações privadas entre os cidadãos: Ora, que há de público entre a relação entre um psicólogo e seu cliente? O conhecimento da Psicologia? Perceberam como foi estatizado a to contínuo, “ateizado”?

ATIVISMO POLÍTICO, PREVARICAÇÃO e DESVIO DE FINALIDADE
Vamos adiante, agora repassando o que diz o Artigo 2º do Código de Ética Profissional das(o) Psicólogas(o), conforme o mesmo documento:

Art. 2º – À(o) psicóloga(o) é vedado:

b) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais;

Será bem apropriado a esta altura recorrermos a um preceito moral advertido pelo próprio Cristo: “Antes de apontar o cisco no olho de seu irmão, olhe a trave que está no seu olho”. Mais adiante, será demonstrado como o CFP realiza um intenso protagonismo político-ideológico, e que as perseguições contra as psicólogas Rosângela Justino e Marisa Lobo e ao pastor Silas Malafaia (que também é psicólogo) não são feitas com ânimo de isenção, mas justamente por conta de sua ativa militância segundo a agenda das esquerdas, inclusive a agenda gayzista.

Para começar, basta acessar o site do Conselho Federal de Psicologia para se deparar, com banners em destaque e sem rodeios, com várias diretrizes políticas capitaneadas pelo PT e seus partidos aliados.

Dentre os quais cito:

Campanha Nacional dos Direitos Humanos: “A campanha nos lembra que as práticas da Psicologia são sempre políticas.”

13 razões para defender uma política para usuários de crack, álcool e outras drogas sem exclusão: Recomendável ler todo o manifesto, mas destacam-se: 1. Defendemos o Sistema Único de Saúde (SUS) – um dos maiores patrimônios nacionais, construído coletivamente para cuidar da saúde da população brasileira; 6. Reconhecer que as cenas públicas de uso de drogas, as chamadas cracolândias, que tanto incomodam a população em geral, são também efeitos da negligência pública e da hipocrisia social. A transformação desta situação impõe a criação de políticas públicas que incluam os usuários e a população local, através da implantação de projetos de moradia social, geração de renda, qualificação do espaço urbano, educação, lazer, esporte, cultura, etc.; 9. A humanidade sempre usou drogas em cerimônias, festas, ritos, passagens e em contextos limitados. Nossa sociedade precisa se indagar sobre o significado do consumo que o mundo contemporâneo experimenta e tanto valoriza, buscando entender o uso abusivo de drogas nos dias de hoje e as respostas que tem dado ao mesmo.

Campanha contra redução da maioridade penal: entidades resgatam pensamento do sociólogo Betinho: 6. O critério de fixação da maioridade penal é social, cultural e político, sendo expressão da forma como uma sociedade lida com os conflitos e questões que caracterizam a juventude; implica a eleição de uma lógica que pode ser repressiva ou educativa. Os psicólogos sabem que a repressão não é uma forma adequada de conduta para a constituição de sujeitos sadios. Reduzir a idade penal reduz a igualdade social e não a violência - ameaça, não previne, e punição não corrige; 7. As decisões da sociedade, em todos os âmbitos, não devem jamais desviar a atenção, daqueles que nela vivem, das causas reais de seus problemas. Uma das causas da violência está na imensa desigualdade social e, conseqüentemente, nas péssimas condições de vida a que estão submetidos alguns cidadãos. O debate sobre a redução da maioridade penal é um recorte dos problemas sociais brasileiros que reduz e simplifica a questão; 8. A violência não é solucionada pela culpabilização e pela punição, antes pela ação nas instâncias psíquicas, sociais, políticas e econômicas que a produzem. Agir punindo e sem se preocupar em revelar os mecanismos produtores e mantenedores de violência tem como um de seus efeitos principais aumentar a violência; 9. Reduzir a maioridade penal é tratar o efeito, não a causa. É encarcerar mais cedo a população pobre jovem, apostando que ela não tem outro destino ou possibilidade; 10. Reduzir a maioridade penal isenta o Estado do compromisso com a construção de políticas educativas e de atenção para com a juventude. Nossa posição é de reforço a políticas públicas que tenham uma adolescência sadia como meta.

Forum Nacional pela Democratização da Comunicação: Há um banner no site, indicando o seu apoio à causa da instauração da censura, eufemisticamente tratada por “democratização da comunicação”. Dentro do site do FNDC, pode ser encontrado o seguinte documento, no qual o CFP assina formalmente em conjunto com várias entidades ligadas às esquerdas: Manifesto em defesa do Conselho de Comunicação Social e da democracia: “As entidades abaixo assinadas manifestam publicamente seu total apoio à criação do Conselho de Comunicação Social do Estado do Ceará e repudiam, de forma veemente, as tentativas de setores conservadores da sociedade de desqualificar a decisão da Assembleia Legislativa do Estado de propor ao governador Cid Gomes (PSB) a criação de um órgão que possibilitará a efetiva participação da sociedade cearense na criação de políticas públicas em comunicação do Estado”. Assina o Conselho Federal de Psicologia, conjuntamente com instituições tais como União da Juventude Socialista - UJS, Grupo de Resistência Asa Branca – GRAB, União Nacional dos Estudantes – UNE, e várias outras. (Grifos meus).

Não obstante, a participação de um Conselho de classe, que por revestir-se na condição de uma autarquia deveria manter-se neutro quanto a assuntos políticos, não se limita ao exposto. No artigo assinado por Luciano Garrido intitulado “O Ativismo Político do Conselho Federal de Psicologia”, de outubro de 2011, evidencia-se o protagonismo político explícito e em carne-e-osso, que vai desde a intercessão pelo então prisioneiro Cesare Battisti, ao apoio ao MST e outros movimentos sociais congêneres, a apologia aos regimes totalitaristas, e sabem o que mais? A solidariedade prestada nas passeatas do movimento LGBT, inclusive ao programa de assédio sexual denominado “projeto escola sem homofobia”, com direito a kit-gay, e of course, ao PLC 122.


CONCLUSÃO
Do exposto, resta evidente, por muito bem demonstrado, que as alegadas apurações de denúncias contra os psicólogos Rosângela Justino, Marisa Lobo e Silas Malafaia jamais tiveram por objetivo combater supostos cerceamentos de liberdade religiosa, mas sim atender às diretrizes da agenda gayzista-esquerdista, em ato eivado de imoralidade pública caracterizado pelo mais escrachado desvio de finalidade e consequentemente, de falsidade ideológica.

Ademais, como uma autarquia representativa de uma profissão, o Conselho Federal de Psicologia usurpa os direitos políticos dos seus associados, vez que não possui competência regimental (não é partido político) nem procuração (não é uma associação privada constituída com os fins declarados) para falar em nome deles, o que caracteriza flagrante crime de prevaricação.

Desta forma, rogo a recepção deste artigo pelos Srs Deputados e Senadores, especialmente os evangélicos, católicos e da oposição, bem como ao Ministério Público Federal, para que representem contra o Conselho Federal de Psicologia e seus atuais mandatários sob a acusação de prevaricação, falsidade ideológica e abuso de poder.

Por fim, saliento que já passa da hora de extinguir a constituição dos conselhos de classe e ordens profissionais na forma de autarquias, devendo revestirem-se tão somente dos atributos comuns às associações privadas em geral, inclusive destituídas do monopólio. O exemplo das Sociedades Classificadoras, que atuam no setor marítimo há centenas de anos, é a solução ideal de regulação privada, porque se enquadra nos fundamentos do direito privado de liberdade de contrato, liberdade de associação e liberdade de crença e de expressão, e submetem-se ao crivo da sociedade sem tornarem-se castelos ideológicos nas mãos de nenhum grupo político.

Klauber Cristofen Pires, 02 Março 2012

CENSURA NA UNIVERSIDADE: ABORTO E MENORIDADE MENTAL

Artigos - Governo do PT

A nova ministra das Mulheres – uma intelectual universitária que se intitulou “avó do aborto” e revelou ter aprendido a sugar fetos – é uma prova de que acadêmico no Brasil é inimputável.


Era uma vez uma feminista que defendia a legalização do aborto e, buscando ser coerente consigo mesma, resolveu vivenciar o que pregava. Começou submetendo-se a dois abortos, mas, insatisfeita por ter que depender de médicos (geralmente homens), decidiu radicalizar a libertação das mulheres, capacitando-as a fazer aborto sem precisar de terceiros. Para isso, reuniu as colegas e foi fazer estágio em clínicas de aborto. Seu método era o da aspiração: enfiava no útero um tubo oco com uma ponta afiada e, com uma sucção 28 vezes mais forte do que a de um aspirador de pó, despedaçava o corpinho do feto.

Pode ser que, numa dessas experiências, ela tenha sido obrigada a usar uma pinça para extrair o crânio do futuro bebê (que não costuma ser aspirado pelo tubo), mas isso é suposição. O que agora se sabe é que a feminista deste relato – a nova ministra das Mulheres, Eleonora Menicucci – fez curso de aborto na Colômbia. E parece ter ficado tão entusiasmada com a experiência que, anos depois, chegou a se intitular “avó do aborto”.

O que se lê acima parece mas não é ficção: a própria ministra Eleonora Menicucci, recém-empossada na Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres pela presidente Dilma Rousseff, foi quem chamou a si mesma de “avó do aborto” e revelou ter aprendido a aspirar fetos em clínicas de aborto na Colômbia.
O depoimento em que conta essa história foi descoberto pelo jornalista Reinaldo Azevedo, da revista Veja, e publicado em seu blog em 13 de fevereiro. A entrevista fazia parte de uma pesquisa científica do Instituto de Estudos de Gênero do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina. Fazia, não faz mais: no dia seguinte à denúncia, o depoimento de Eleonora Menicucci foi retirado da Internet, num evidente caso de censura.

Em qualquer democracia do mundo, uma censura do gênero seria inadmissível e a imprensa não daria paz à ministra: ela teria que se explicar, sobretudo porque integra um governo que se comprometeu a abandonar a causa da legalização do aborto.

É provável que, se a ministra fosse apenas política, essa cobrança ocorresse. Mas como Eleonora Menicucci é uma intelectual universitária, professora da Universidade Federal de São Paulo e livre-docente da USP, ela goza da inimputabilidade dos acadêmicos e não precisa dar satisfações sobre o que faz ou pensa. O seu espantoso depoimento praticamente não teve repercussão no país, mesmo o aborto tendo sido tema da campanha eleitoral de 2010. Religiosos que se opunham à sua legalização chegaram a ser perseguidos pela Justiça Eleitoral, a pretexto de que estavam atacando a candidata Dilma Rousseff.

“Programa Aborto em Casa”

O jornal O Estado de S. Paulo foi o único veículo da grande imprensa que repercutiu a denúncia. Mesmo assim, de forma enviesada, desprezando os fatos e protegendo Eleonora Menicucci. Na pequena chamada de capa, o jornal diz que a transcrição de uma entrevista de 2004 “atribui à ministra” a revelação de que ela fez curso de aborto.

Ora, uma entrevista não atribui nada à pessoa que a concedeu – simplesmente confessa o que a própria quis dizer. É o caso da entrevista de Eleonora, em que ela própria afirma: “Eu integrei um grupo do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde. E, nesse período, estive também pelo Coletivo fazendo um treinamento de aborto na Colômbia”. A entrevistadora Joana Maria Pedro quer saber como era o tal “curso de aborto” e Eleonora explica: “Era nas Clínicas de Aborto. A gente aprendia a fazer aborto. Com aspiração Amiu [Aspiração Manual Intra-Uterina]. Com sucção”.

As respostas são entrecortadas por exclamações da entrevistadora, que parece deslumbrada com a missão do coletivo feminista. Segundo Eleonora Menicucci, o trabalho do coletivo consistia em autocapacitar as mulheres para fazer aborto.

“E que as pessoas não médicas pudessem lidar com o aborto” – afirma a atual ministra na entrevista. Sua ida à Colômbia, como integrante do coletivo, teve como objetivo aprender essas técnicas, que tinham início com o autoexame: a mulher, auxiliada por outras mulheres, aprendia a conhecer o interior do próprio corpo, explorando o colo do útero. Na entrevista, Eleonora Menicucci classifica essa prática de “coisa muito linda”. Pelo visto, o feminismo radical da atual ministra e suas colegas já quis implantar uma espécie de “Programa Aborto em Casa”.

Em curta nota enviada à imprensa por sua assessoria, a ministra das Mulheres disse que nunca esteve na Colômbia e que a entrevista “contém imprecisões”.

Segundo a reportagem do Estadão, a ministra alegou que havia pedido a retirada da entrevista do portal da Universidade Federal de Santa Catarina já em 2010, devido às alegadas imprecisões. Mas a pesquisadora Joana Maria Pedro afirmou que o pedido de Eleonora foi feito em 2011 e não confirma que tenha sido devido a imprecisões da entrevista. Segundo ela, Eleonora pediu a retirada de seu depoimento para evitar a exposição da própria filha. Ocorre que a ministra não parece muito preocupada em preservar sua intimidade.

Em agosto de 2007, Eleonora Menicucci viveu seu momento BBB na laudatória reportagem “Senhoras guerrilheiras”, da revista TPM, da mesma editora da revista Trip. Assinada pelas jornalistas Nina Lemos e Isabel Marcondes, a reportagem tratou Eleonora como uma libertária heroína da luta armada. Segurando uma foto da filha e falando da neta, Eleonora declarou: “Não é porque eu tenho mais de 60 anos que não namoro. Me relaciono com homens e mulheres e tenho muito orgulho de minha filha, que é gay e teve uma filha por inseminação artificial”.

Entre o palanque e o hospício


Se uma livre-docente da USP escancara sua intimidade numa revista de variedades vendida em bancas, por que deveria arrancar os cabelos diante de um depoimento seu numa pesquisa científica? E por que demorou tanto a se incomodar, pedindo que a entrevista fosse retirada da Internet somente seis anos depois de publicada? Não faz sentido. Ainda mais que a entrevista estava hospedada no portal de uma universidade pública, num nicho altamente especializado e frequentado basicamente por pesquisadores. Como se vê, as alegações da entrevistada e entrevistadora não se sustentam. Foram apenas uma desculpa para justificar o sumiço da entrevista, fingindo que não foi censura. Essa é uma prática corriqueira nos meios universitários. Como as ciências humanas no Brasil oscilam entre o palanque e o manicômio, volta e meia os acadêmicos se vêm sem palavras para justificar seu desatino. Então, buscam censurar seus críticos e sumir com a própria produção.

Mas a pesquisadora Joana Pedro que entrevistou Eleonora Menicucci foi além. Segundo o Estadão, ao ser procurada para falar sobre a entrevista, a pesquisadora inicialmente confirmou o conteúdo da conversa. Mesmo assim, preferiu terceirizar a responsabilidade, atacando o jornalista Reinaldo Azevedo, ainda que sem citá-lo:
“Estão usando uma entrevista feita para um trabalho de História para atacar uma pessoa. As pessoas podem ter feito coisas que não fazem mais”, disse Joana Pedro. Pelo que se depreende de suas palavras, uma entrevista para um trabalho de história carece de menos seriedade do que uma entrevista de Pedro Bial com seus manos e minas. Mas não adiantou muito. Ao dizer que “as pessoas podem ter feito coisas que não fazem mais”, ela está praticamente desmentindo a ministra e confirmando que o treinamento para aprender a fazer aborto na Colômbia realmente aconteceu.

Infelizmente, o Estadão, apesar de ter tido o mérito de se interessar pelo assunto, não se aprofundou na história. A reportagem do jornal informa textualmente: “A transcrição das gravações foi feita por uma estudante e revisada por outra aluna”. Com isso, acabou prestando um serviço à ministra, conferindo credibilidade à sua alegação de que havia “imprecisões” no depoimento, uma vez que ele teria sido feito por alunas.

Ocorre que todos os envolvidos na produção da entrevista de Eleonora Menicucci eram pesquisadores experientes. Começando pela historiadora Joana Maria Pedro, que é professora titular da Universidade Federal de Santa Catarina. Quando entrevistou Eleonora, em 2004, Joana Pedro já tinha feito seu pós-doutorado na Université d’Avignon, na França (concluído em 2002) e trazia na bagagem uma tese de doutorado em história social na USP, defendida 14 anos antes, em 1992, além de um mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina, concluído em 1979.

Bagagem acadêmica

É certo que a entrevista feita por Joana Pedro envergonharia um foca, mas não é por falta de currículo da entrevistadora ou da entrevistada. Sua produção cientifica se estende por um currículo de 38 páginas, que mostra dezenas de artigos publicados e participações em congressos. Joana Pedro já integrou 30 bancas examinadoras de mestrado e 30 de doutorado, além de 20 qualificações de doutorado.

Atualmente está orientado uma dissertação de mestrado e 10 teses de doutorado. E já concluiu a orientação de 33 dissertações de mestrado e 18 teses de doutorado, além da supervisão de seis pós-doutorados. A despeito de toda essa bagagem acadêmica, a historiadora não encontrou argumentos para defender sua entrevista da acusação de conter “imprecisões” – o que põe em dúvida a qualidade de sua produção acadêmica.

Mas persiste a afirmação do Estadão de que a transcrição e revisão da entrevista foram feitas por duas estudantes, o que, em tese, poderia justificar as imprecisões. Na verdade, só a transcrição foi feita por uma aluna, mesmo assim não era uma aluna qualquer. Quando transcreveu a entrevista, a estudante Joana Vieira Borges já era bolsista de iniciação científica do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) há dois anos e estava fazendo seu trabalho de conclusão de curso na graduação em história na Universidade Federal de Santa Catarina, com a monografia “Os discursos sobre o mito da explosão demográfica e o silêncio sobre a atuação dos movimentos feministas de 1960-1970”, apresentada justamente em 2004.

No ano seguinte, ingressaria no mestrado em história e, em 2008, começou o doutorado, sempre com a orientação de Joana Pedro. Em 2007, Joana Borges chegou a ser editora assistente da Revista de Estudos Feministas da Universidade Federal de Santa Catarina, o que atesta seu prestígio no meio acadêmico.

Depois de transcrita pela bolsista de iniciação cientifica do CNPq, a entrevista de Eleonora Menicucci ainda foi conferida por Luciana Fornazari Klanovicz, que, ao contrário do que diz o Estadão, também não era aluna, mas professora – e tinha iniciado o doutorado em história. Ela defenderia sua tese em 2008, com o título “Erotismo na Cultura dos Anos 80: Censura e Televisão na Revista Veja”, sob orientação de Joana Pedro.
Além disso, em 2001, portanto três anos antes da entrevista, Luciana Klanovicz já havia concluído o mestrado em história na Universidade Federal de Santa Catarina e dava aulas na Universidade do Planalto Catarinense, além de ter sido professora de história e sociologia no ensino médio.

Como se vê, a entrevista de Eleonora Menicucci foi realizada por uma renomada historiadora feminista e preparada por duas de suas discípulas mais promissoras, tanto que ambas recebiam bolsas do CNPq e seguiram carreira acadêmica. Já a historiadora Joana Maria Pedro, orientadora do grupo, é bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq, ostentando em seu currículo o nível 1B, o segundo maior em qualificação.

Escrupulosos, mas medíocres


Portanto, é inadmissível que acadêmicos tão graduados cometam imprecisões numa entrevista a ponto de invalidá-la. Qualquer jornalista que incorra num erro tão grave, corre o risco de perder o emprego – e o jornalista costuma trabalhar sozinho, lutando contra o relógio, ao contrário do pesquisador universitário.
Sem contar que uma das especialidades da pesquisadora Joana Pedro é justamente a história oral, tanto que integrou a diretoria nacional da Associação Brasileira de História Oral, entre 2006 e 2008, como secretária. A pesquisa em história oral exige rigorosa metodologia para a realização, transcrição e conferência de entrevistas e depoimentos; tão rigorosas, em termos de fidelidade ao depoente ou entrevistado, que chegam a ficar sem sabor quando postas no papel por pesquisadores escrupulosos, mas medíocres, incapazes de conciliar fidelidade e recriação.

Foi justamente isso o que ocorreu na entrevista de Eleonora Menicucci, que se estende desnecessariamente por 20 páginas. O que a ministra chama de “imprecisões” é justamente o excesso de fidelidade das pesquisadoras, que tentaram transcrever até o compasso da respiração da entrevistada e sua entrevistadora. E Joana Pedro não ajuda – suas perguntas são meras interjeições, que não formam um fio condutor.

A cada frase de Eleonora, Joana Pedro murmurava “hum”, “tá certo”, ou repetia o final da frase da entrevistada. Na transcrição, tudo isso aparece, inclusive uma frase de Joana: “Certo. Eu acho que tem alguém tocando a porta”. E entre parênteses, a transcrição indica: “Interrupção”. Tudo isso dá a impressão de caos – o que não deixa de ser mais uma prova de fidelidade da transcrição, fazendo a entrevista espelhar o cérebro de suas protagonistas.

Quase ao final da entrevista, a pesquisadora Joana Maria Pedro diz: “Bom, eu iria te perguntar se tu autorizas a divulgação da entrevista. Eu vou te mandar de qualquer maneira a transcrição, se tu quiser acrescentar ou tirar alguma coisa”. E Eleonora responde: “Quero. Quero”. Como Eleonora ainda não era ministra e vivia integralmente no mundo da academia, é praticamente certo que ela recebeu a transcrição da entrevista e a aprovou.

Por isso, é inaceitável que somente agora ela venha reclamar da entrevista. Sem contar que o termo “imprecisão” é inadequado para descrever seu relato do treinamento de aborto na Colômbia. Se esse treinamento não existiu, então a entrevista não foi imprecisa – foi criminosa. É caso de Código Penal. Se a ministra estiver falando a verdade, se de fato não aprendeu a fazer aborto por sucção, então ela tem a obrigação moral de processar Joana Maria Pedro por calúnia. A ministra foi acusada de um crime – pelas leis brasileiras e colombianas.

Clandestinidade científica

A presidente do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde, Ana Galatti, disse ao Estadão que desconhece o treinamento de aborto promovido pelo grupo na Colômbia e alega que o coletivo desenvolve apenas o autoexame entre as mulheres. Mas não é bem assim. Num artigo sobre aborto escrito por duas integrantes do grupo, Maria Tereza Verardo (citada pela ministra) e Maria Jucinete de Souza, elas contam que o grupo presta uma espécie de assistência social e psicológica para as mulheres que desejam interromper a gravidez – antes e depois do procedimento.

As militantes acolhem a mulher, ouvem suas queixas pelo tempo que for necessário e depois a encaminham para a realização do aborto, aconselhando que não vá sozinha, mas acompanhada de uma amiga. E se a mulher não tiver uma amiga de confiança e pedir que uma feminista do coletivo a acompanhe? Elas vão rechaçar o apelo? Talvez não. Tanto que as pesquisadoras admitem: “Como podemos observar, trabalhar com a temática do aborto não é muito fácil. Qualquer deslize e corremos o risco de estarmos infringindo a lei”.

Essa mesma preocupação foi externada por outra militante do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde. A médica Carmem Simone Diniz Grilo, doutora em medicina pela USP, com pós-doutorado na Unicamp e livre-docência na Faculdade Nacional de Saúde Pública, mencionou as lutas do coletivo ao apresentar seu memorial para o concurso de professor doutor da USP em 2002. Ela conta que, em sua primeira tentativa de fazer o mestrado (interrompida por ter assumido um cargo no governo Erundina), resolveu estudar o trabalho do coletivo com o aborto provocado.

E conta: “No meio da pesquisa tivemos problemas legais (não por fazer qualquer procedimento ilegal, pois a isso nunca nos propusemos, mas por informar as mulheres, o que caracterizaria cumplicidade). Nossos advogados nos orientaram a desaparecer com qualquer registro, inclusive a pesquisa em curso, cujo relatório final virou um documento clandestino e excessivamente cifrado, e questões de segurança me impediam de usá-lo como material empírico para a dissertação”.

Ora, a universidade vive pregando transparência e deve saber que a clandestinidade facilita distorções e excessos. Por mais que a maioria das militantes do coletivo tenha se limitado a acolher humanitariamente as mulheres que pretendiam abortar, a clandestinidade desse trabalho pode ter facilitado experiências mais ousadas, como a relatada pela agora ministra Eleonora Menicucci.

Por isso, a Universidade Federal de Santa Catarina tem o dever de se explicar. Não só ela, mas toda a universidade brasileira. Não é possível que um trabalho acadêmico seja censurado – sob a pecha de impreciso – e nenhuma explicação seja dada ao contribuinte que o financia. Já passa da hora de se cobrar responsabilidade dos intelectuais universitários.

A polêmica entrevista com Eleonora Menicucci foi apenas uma das 150 entrevistas realizadas pela equipe da pesquisadora Joana Maria Pedro com mulheres do Cone Sul que lutaram contra os governos militares. Isso envolve dinheiro público. E não é admissível que um acadêmico fique anos envolvido nesse trabalho e não seja capaz nem mesmo de se responsabilizar pelo que diz ou escreve. É preciso dar um basta na menoridade mental da universidade brasileira.

Publicado no jornal Opção.
José Maria e Silva é sociólogo e jornalista.
05 de março de 2012

O MPF, A NOVILÍNGUA E OS QUADRÚPEDES


Artigos - Movimento Revolucionário


Li há pouco notícia de que o Ministério Público Federal ingressou com ação junto à Justiça Federal para tirar de circulação o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. O motivo alegado pelo procurador Cléber Eustáquio Neves é o de que o dicionário contém explicações que podem ser consideradas preconceituosas, racistas e que tais. Um dos exemplos apresentados pelo procurador é o seguinte:

“Ao se ler em um dicionário, por sinal extremamente bem conceituado, que a nomenclatura cigano significa aquele que trapaceia, velhaco, entre outras coisas do gênero, ainda que se deixe expresso que é uma linguagem pejorativa, ou que se trata de acepções carregadas de preconceito ou xenofobia, fica claro o caráter discriminatório assumido pela publicação [...]. Trata-se de um dicionário. Ninguém duvida da veracidade do que ali encontra. Sequer questiona. Aquele sentido, extremamente pejorativo, será internalizado, levando à formação de uma postura interna pré-concebida em relação a uma etnia que deveria, por força de lei, ser respeitada.”

Decerto isso não é culpa do procurador. Não mesmo. O que ocorre na verdade é uma concorrência de circunstâncias que acabaram atrapalhando o juízo do nobre “operador do Direito”: o caso configura-se como uma fina mistura de total ausência de casos realmente importantes em seu trabalho cotidiano com uma inegável incapacidade inata de compreender o que vem a ser metalinguagem. Nesse sentido, vou procurar auxiliar, muito humildemente, o procurador.

Metalinguagem é a linguagem que se utiliza para analisar outra, ou qualquer sistema de significação. Gramáticas e dicionários são, pois, formas de metalinguagem. Dessa forma, o objetivo da metalinguagem é esmiuçar os signos linguísticos e, assim, esclarecer seu significado de acordo com o contexto em que são utilizados. A metalinguagem não possui, a rigor, um caráter normativo, mas positivo: não impõe como as coisas devem ser, mas as analisa como são. Espero que o estimado procurador saiba a diferença entre normatividade e positividade, pois isso é crucial para entender minimamente a explicação que ora desenvolvo.

Portanto, quando um dicionário define que “cigano” pode ser utilizado com sentido pejorativo para designar um trapaceiro, um enganador ou coisa que o valha, o dicionário não está advogando que o termo esteja correto, muito menos inferindo que todo cigano seja trapaceiro ou enganador, mas apenas atestando o fato real de que a palavra é utilizada, em contextos pejorativos, nesse sentido. O dicionário objetiva a descrição dos efeitos, não a investigação das causas da linguagem.

Vejamos o caso de um outro dicionário, o Michaelis. Consultando pelo termo “preto” no dicionário, eis o que nos aparece (grifos meus):

preto¹
pre.to¹
(é) adv (lat vulg *prettu) ant O mesmo que perto.

preto²
pre.to²
adj 1 Diz-se da cor mais escura entre todas; negro. 2 Diz-se dos objetos que têm essa cor (a rigor, no sentido físico, o preto é a ausência de cor, como o branco é o conjunto de todas as cores). 3 Diz-se das coisas que, embora não tenham essa cor, são mais escuras em relação às da mesma espécie. 4 Pertencente à raça negra. 5 Diz-se dessa raça. 6 Escuro, sombrio. 7 Em má situação; difícil, perigoso: A coisa está preta. 8 Tip Diz-se do material que, na impressão, apresenta traços relativamente grossos, carregados. sm1 Indivíduo da raça negra. 2 Escravo preto. 3 A cor negra. 4 Roupa negra. 5 Real de cobre, moeda antiga. P.-aça: V preto-aço. P.-aço: designação dos albinos, entre os negros. P.-e-branco: a) diz-se de um filme fotográfico que reproduz as cores naturais em tons de preto; b) diz-se de cópia fotográfica, de filme cinematográfico ou imagem de TV produzidos sem colorido; c) diz-se do aparelho de TV que reproduz imagem sem colorido. P.-mina, ant: escravo importado da Costa da Mina. P. muzungo: preto de raça nobre, ou algo civilizado. Falar mais do que o preto do leite: falar muito. Fazer do preto branco e do quadrado redondo (a sentença do juiz): frase com que as ordenações mostravam a infrangibilidade e a força das sentenças proferidas pelos juízes. Pôr o preto no branco: escrever, para não ficar só em palavras o ajustado; lavrar documento.

O dicionário esclarece que a palavra “preto” pode ser usada para designar tanto indivíduos pertencentes à raça negra quanto adjetivar coisas/situações complicadas, difíceis ou sombrias. Não há uma equivalência valorativa entre os termos; o dicionário sequer tenta realizar isso. O que há é tão-somente a descrição dos sentidos possíveis da utilização de um vocábulo específico de acordo com diversos contextos. Vejamos outras duas palavrinhas:

quadrúpede
qua.drú.pe.de
adj m+f e sm (lat quadrupede) Que, ou o que tem quatro pés. sm 1 Mamífero que anda sobre quatro pés. 2 fig Homem bruto, estúpido, tolo.

toupeira
tou.pei.ra
sf (lat talparia) 1 Zool Mamífero insetívoro (Talpa europaea), que vive em tocas debaixo da terra e cujos olhos são tão rudimentares que por muito tempo se consideraram como não existentes. Voz: chia. 2 Zool V cantarilho. 3 Pessoa de olhos muito miúdos. 4 Pessoa intelectualmente cega, ignorante, estúpida. 5 fam Mulher velha e andrajosa. 6 Pessoa mexeriqueira. 7 Pessoa que mina como a toupeira, conspirando ocultamente para subverter instituições.

Se alguém hipoteticamente viesse a chamar o egrégio procurador de “quadrúpede” ou “toupeira”, decerto que não se tentaria fazer crer que se trata de um mamífero de quatro patas que vive no subterrâneo e se alimenta de insetos (ainda que alguém pudesse pensar que isso fosse, no caso concreto, mais elogioso do que depreciativo). Essa pessoa estaria querendo dizer que o procurador em questão é um homem estúpido e intelectualmente cego. A culpa pelo uso pejorativo do termo não recai, todavia, no veículo que descreve e elucida a utilização dos vocábulos, mas naquela pessoa que os emprega com fins pejorativos.

Culpar o dicionário é o mesmo que processar por homicídio o atestado de óbito, e não o responsável pela morte.

05 de março de 2012
Felipe Melo

IRÃ VERSUS ISRAEL: QUAIS AS OPÇÕES?

Internacional - Oriente Médio

In wartime, truth is so precious that she should always be attended by a bodyguard of lies.
Winston Churchill

Relações internacionais são muito mais complexas do que parecem na superfície e não se pode tomá-las prima facie. Em casos de guerra ou ameaças de conflitos, então, a situação é muito mais complicada. Os contendores costumam esconder trunfos reais e anunciar outros, que não possuem, aos quatro ventos. Geralmente estes últimos contém doses razoáveis de blefe. Já Sun Tzu recomendava: se você está forte, faça o inimigo pensar que está fraco, se estiver fraco, alardeie poderes para esconder sua fraqueza do inimigo. Essa é a base da desinformação, que os comunistas transformaram numa verdadeira arte. Um exemplo basta. Em 1961, na crise dos mísseis em Cuba, Krushchev ameaçou com um conflito nuclear mundial contando com apenas 300 ogivas contra 5.000 americanas. O blefe deu certo e o objetivo principal da operação foi atingido: arrancar dos americanos um compromisso de que jamais iriam intervir em Cuba novamente.

Observando por este ângulo podemos perguntar se a gritaria de Ahmadinejad e dos aiatolás não passa de um grande blefe. Isto também se aplica às ameaças de Israel: atacar os reatores nucleares iranianos. Quem quer atacar, ataca, não fica fazendo ameaças dando tempo ao inimigo se armar e preparar melhor as defesas, como alertou recentemente o ministro da Defesa de Israel Ehud Barak: o programa nuclear iraniano entrará em curto prazo numa “zona de imunidade”, na qual suas instalações serão protegidas contra ataques militares em profundas escavações (é o caso das instalações de enriquecimento de Natanz e a nova usina em Fordo). Netanyahu advertia já em 1996: os EUA deveriam impedir a nuclearização dos estados terroristas. Dizia, então: “O prazo para isto está se aproximando rapidamente do ponto crítico (…) A dissuasão (deterrence) deve ser reforçada com prevenção – prevenção efetiva e imediata O prazo está se esgotando”.

Analistas céticos consideram que se Israel estivesse realmente se preparando para um ataque, não estaria ameaçando tão abertamente esta opção, como ocorreu quando dos ataques de surpresa contra Ozyrak em 1981 e contra a Síria em 2007. As ameaças atuais teriam em vista aumentar a pressão para incremento das sanções econômicas e o estrangulamento do Irã, embora não esteja afastada a possibilidade de um ataque ainda neste ano, com ou sem apoio americano. Ocorre que aqueles ataques exigiram um número limitado de bombardeiros para destruir uma única instalação na superfície, o que não é o caso do Irã, muito mais distante com alvos a quase dois mil quilômetros, que dispõe de várias instalações espalhadas por um vasto território e um ataque bem sucedido apenas a algumas, deixando outras intactas, serviria para dar um pretexto ao Irã e ainda colocaria a malfadada “comunidade internacional”, que permanentemente é contrária a Israel, ainda mais à vontade para atacar o estado judeu. Problemas estratégicos, táticos e logísticos a ser enfrentados seriam: o alcance, o reabastecimento, a natureza dos alvos e as rotas de ataque e fuga. A Força Aérea Israelense teria comprado 125 caças F-15I e F-16I, equipados com tanques maiores de combustível - feitos sob medida para ataques de longo alcance e bombas de penetração especiais e desenvolveu grandes aeronaves não tripuladas. Certamente existem muitas coisas que não se sabe sobre a capacidade militar israelense.

Já a ameaça iraniana de fechar o Estreito de Hormuz na presença de uma armada americana que pode liquidar o Irã em poucas horas, não passa de blefe com a intenção de amarrar a força americana no local. Há também outro fator: por ali escoa a produção de petróleo dos Emirados, Qatar, Bahrein, Iraque e da poderosa Arábia Saudita, sunita, que enfrenta uma oposição xi’ita exatamente na franja do Golfo. Este país, assim como Egito e Turquia tem interesses próprios de hegemonia e não interessa a nenhum deles um Irã como potência nuclear. Os interesses e estratégias na região fazem com que a “identidade muçulmana” seja apenas superficial, não somente por causa das divisões internas do Islam como também porque etnicamente os iranianos são persas, não árabes. Talvez não seja do conhecimento geral, mas o Irã cedeu secretamente as suas bases aéreas para os aviões israelenses pousarem, caso houvesse algum problema de retorno após o ataque ao reator iraquiano. (Nota do autor: Este trecho do artigo vem causando algumas polêmicas. A fonte é o livro de Trita Parsi, Treacherous Alliance – The Secret Dealings of Israel, Iran and the US).

Fontes bem informadas determinaram que Tehran, após uma escalada de ameaças nos exercícios militares no final de fevereiro, estariam se afastando da zona de Hormuz e apresentando uma versão mais defensiva. Em contraste com os exercícios navais de 24/12 a 03/01 (Velayat 90) no Golfo de Oman e Estreito de Hormuz, as grandes manobras navais (Grande Profeta VII) programadas para 19/02 foram adiadas. As operações atuais, de natureza defensiva, se realizam no centro do país, longe do Golfo, do Estreito e da fronteira com o Afeganistão.

As autoridades israelenses determinaram três critérios principais para decidir se e quando atacar: 1) Estão funcionando as sanções internacionais? 2) Israel tem realmente capacidade de destruir com eficiência a capacidade nuclear do Irã? 3) Os EUA darão o sinal verde para um ataque israelense?

Segundo Leon Panetta, Secretário de Defesa americano, o Irã só poderá atingir plena capacidade nuclear dentro de um ano aproximadamente o que seria considerado o point of no return para os EUA e Israel. E acrescentou: “se tivermos que fazê-lo, faremos” (If we have to do it, we will do it). Foi a declaração mais forte de uma autoridade americana até o momento. Mas podemos levá-la a sério? Dificilmente! A retaliação iraniana contra o suprimento de petróleo, mesmo sem fechar o Estreito, faria o preço subir astronomicamente. A retirada das forças americanas no Iraque não significa que seus interesses no petróleo do Golfo cessaram.

Como resultado de um ataque Israel ficaria ainda mais isolado diplomaticamente, além de dar o pretexto para nova onda de anti-semitismo no mundo inteiro. E Israel precisa proteger seus irmãos na Diáspora.

Um ataque iraniano poderia ter o efeito de despertar nova onda de solidariedade aos judeus, como ocorreu após a descoberta do Holocausto.

Enquanto não ata nem desata, segue a onda de atritos: Israel acusou o Irã pelos ataques aos seus diplomatas em Tbilisi e Nova Delhi. Como resposta, o Irã acusou Israel de ter simulado os ataques para por a culpa em Tehran. E la nave va.... Por enquanto em mares revoltos na superfície, mas relativamente calmos nas profundezas. Mas um tsunami pode estar se armando.

Heitor De Paola, 02 Março 2012
Artigo publicado no jornal Visão Judaica, Curitiba-PR (ampliada e atualizada).

OLAVO DE CARVALHO E ALEKSANDR DUGIN: FIM DE QUE NÃO HOUVE

Artigos - Cultura

Os estudos de Olavo de Carvalho em geopolítica e sobre a história da expansão eslava (e agora eurasiana) fecharam sua série de textos numa aula de como se apresentar às batalhas intelectuais.

Pode ser qualificado de debate a troca de textos entre um estudioso que leu ao que parece todos os estudos do oponente e um ideólogo que tenta desqualificar seu oponente com base em leitura ligeira de um e outro de seus artigos? Qualquer pessoa razoável dirá que não houve debate algum, pois o desnível é acintoso entre os dois debatedores.

Olavo de Carvalho vem alertando seu público há pelo menos três anos sobre Dugin em dias em que não se encontrava na internet um único texto em português (exceto os de Olavo) sobre o mentor de Putin, e ideólogo da corrente de pensamento que se denomina de “eurasiana”. Entre os dias em que o filósofo era o único a recriminar o silêncio por ignorância dos jornalistas sobre Dugin e o dito debate,Olavo leu o que havia para ler de Dugin e seus colaboradores, estudos inseridos em longo estudo sobre as vertentes do “pensamento revolucionário”. Leu e refletiu, produzindo artigos expondo o que os “tradicionalistas eurasianos” pensam e planejam, indo à raiz ideológica desta nova fábrica de ilusões.

Armado de sua capacidade expositiva e munido de conhecimentos estocados e processados em aulas, artigos, conferências, Olavo aceitou debate sugerido por “tradicionalistas” do Brasil e do exterior, a ser publicado em sites diversos, incluindo o seu. Quem não esperava acontecimento cultural memorável entre duas figuras poderosas, que são mesmo referenciais em seus campos de estudo? Todos tinham o direito de esperar embates do nível Sartre/Camus ou Sartre/Aron (na verdade, polêmicas que não aspiravam à denominação de debate, mas que polarizaram opiniões entre intelectuais nos anos 60).

O primeiro texto de Olavo de Carvalho prometia debate à altura das expectativas, embora Olavo já avisasse que debate não haveria ali, dada a falta de simetria entre os dois: um pesquisador solitário honesto em suas dúvidas e um autodenominado “tradicionalista” envolto em certezas ,dispondo de meios milionários e da máquina governamental russa(da qual ele é líder espiritual). No texto inicial da contenda, Olavo expunha dados históricos da história russa e da marcha revolucionária pela história, expondo ao leitor o que separa fatos de fantasias.

A réplica de Dugin também constatava a inexistência de debates, mas por outra razão: ele encarnava o ideal de justiça coletiva de uma sociedade depurada do materialismo mesquinho contra um servidor da ideologia individualista ocidental (norte-americana). Texto amparado em noções de geopolítica (posteriormente desmoralizadas por Olavo como generalizações grosseiras) e citações truncadas de trechos de Olavo colhidos aleatoriamente, numa paródia de estudo acadêmico sobre autor que ele (Dugin) visivelmente desconhecia.

Os textos seguintes não foram mais animadores da parte de Dugin, pois ele adotou o método de desqualificar o oponente, no clássico: “Não vou me rebaixar” ante as palavras duras de Olavo sobre as ficções que ele tenta vender. Olavo continuou expondo a verdade histórica comprovada e fundamentos elementares de lógica ,mostrando como Dugin, pretenso “intelectual de peso”, não difere em nada de um secundarista brasileiro recitando clichês de Diretório Acadêmico , nas vociferações contra o “reacionário” e “pró americano”Olavo de Carvalho, que se divertia em dar exemplos de raciocínios contidos em livros do professor Dugin rechaçados pelo... professor Dugin.

Os estudos de Olavo de Carvalho em geopolítica e sobre a história da expansão eslava (e agora eurasiana) fecharam sua série de textos numa aula de como se apresentar às batalhas intelectuais, portando conhecimento e honestidade, não se escondendo atrás de insultos e apelos à passionalidade ignorante de seguidores que renunciaram à qualquer veleidade de ascensão intelectual,como o fez o professor que tentava jogar nacionalistas brasileiros contra Olavo, qualificando-o como “americanófilo” - truque que só funciona para nacionalistas primários que já julgam Olavo por esta deformação da idéia de nacionalismo, servindo para os demais leitores como strip tease da esqualidez argumentativa de Dugin.

Leitores como eu se decepcionaram com o que a série de réplicas e tréplicas mostrou do “mentor de Putin”: sub-intelectual mantido à base de leituras ligeiras sem digestão, exteriorizando esboços de pensamento coalhados de passionalismo e adjetivações.

Olavo de Carvalho se confirmou como adversário rude, íngreme, porém honesto e generoso (podendo destroçar Dugin, foi respeitoso), esmerando-se na prática do combate de idéias com o que este tem de mais exigente: o apego ao respeito ao combatente.

Pensar que tal ensaio de intelectual seja hoje autor dos mais respeitados e poderosos por sua influência, causa pessimismo fundamentado sobre os dias por chegar.

Fernando Pawlow, 04 Março 2012

POR QUE A DIREITA SUMIU

Artigos - Cultura

A grande ironia das duas décadas de governo militar foi que este, movendo céus e terras para liquidar a esquerda armada, nada fez contra a desarmada, mas antes a cortejou e protegeu, permitindo que ela assumisse o controle de todas as instituições universitárias, culturais e de mídia.

Ninguém entenderá a história do período militar sem estar consciente de que em 1964 não houve um golpe, porém dois: o primeiro removeu do poder um governante odiado por toda a população, que foi às ruas aplaudir entusiasticamente a derrubada do trapalhão esquerdista. O segundo, meses depois, traiu a promessa de restauração democrática imediata e iniciou o longo e deprimente processo de demolição das lideranças políticas conservadoras, substituídas, no poder, por uma elite onipotente de generais e tecnocratas “apolíticos”. A grande ironia das duas décadas de governo militar foi que este, movendo céus e terras para liquidar a esquerda armada, nada fez contra a desarmada, mas antes a cortejou e protegeu, permitindo que ela assumisse o controle de todas as instituições universitárias, culturais e de mídia, fazendo daqueles vinte anos, alegadamente “de chumbo”, uma época de esfuziante prosperidade da indústria das idéias esquerdistas no Brasil.

Vasculhem a história do período e verão que, se o governo perseguia e amaldiçoava a violência guerrilheira, ao mesmo tempo nada fazia para combater o comunismo no plano ideológico, muito menos para ensinar à nação o valor perene dos princípios conservadores, que pouco a pouco foram caindo no total esquecimento até tornar-se como que uma língua estrangeira, desaparecida do cenário público decente já antes de que os líderes esquerdistas mais notórios voltassem do exílio.

À imperdoável omissão dos governos militares no campo da guerra cultural e ideológica somou-se o desprezo da clique oficial pela classe política, onde as grandes lideranças conservadoras foram sendo apagadas, uma a uma, como velas sob um vendaval. Foi durante aquele regime que vozes poderosas do campo conservador, como as de Carlos Lacerda e Adhemar de Barros, foram caladas, enquanto outras, como as de Pedro Aleixo e Paulo Egídio Martins, foram menosprezadas e esquecidas, e outras ainda, como a de Roberto de Abreu Sodré, acabaram se acomodando à mediocridade oficial até perderem toda relevância própria. Tanto foi assim que, quando o governo Geisel deu sua virada à esquerda, adotando uma política nuclear antiamericana, estimulando o mais obsceno “terceiromundismo” na diplomacia e até fornecendo armas, dinheiro e assistência técnica para Fidel Castro invadir Angola, não se ouviu um protesto sequer das lideranças civis. E a única resistência que apareceu, vinda do campo militar por meio do valente general Sylvio Frota, foi logo sufocada sob acusações de “golpismo” e aplausos gerais ao presidente triunfante que estrangulara a “linha dura”. Nas universidades, a direita foi sistematicamente preterida na distribuição de verbas e cargos, que a generosidade insana do governo prodigalizava aos esquerdistas na ilusão de neutralizá-los ou seduzi-los (o processo, de uma indecência sem par, é descrito em http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/fts/QTMFB.pdf pelo estudioso venezuelano Ricardo Vélez Rodriguez, um dos mais abalizados conhecedores da vida universitária no Brasil). Até mesmo no jornalismo, foi ainda durante o período militar que a esquerda assumiu de vez o controle das redações (v. meus artigos a respeito em http://www.olavodecarvalho.org/semana/111124dc.html, http://www.olavodecarvalho.org/semana/111125dc.html e http://www.olavodecarvalho.org/semana/111130dc.html), enquanto porta-vozes fulgurantes do pensamento conservador, como Gustavo Corção, Lenildo Tabosa Pessoa e Nicolas Boer, iam sendo jogados para escanteio sem que ninguém desse pela sua falta. A direita pensante e atuante foi, literalmente, esmagada pela ditadura, que ao mesmo tempo, na esperança idiota de dividir os adversários e ganhar o apoio de uma parte deles, abria as portas e os cofres das instituições de cultura para o ingresso da revolução gramsciana.

Quando terminou a era dos governos militares, em 1988, só quem era ainda conservador no Brasil era o povão mudo, desprovido de canais para fazer valer suas opiniões, enquanto o espaço cultural inteiro – mídia, movimento editorial, universidades, escolas secundárias e primárias, etc. – já era ocupado, gostosamente, pela multidão de tagarelas da esquerda que ainda mandam e desmandam no panorama mental brasileiro. Aos sucessos retumbantes que obteve na economia e no combate às guerrilhas, a ditadura aliou, em triste compensação, uma cegueira ideológica indescritível, que expulsou a direita do cenário público e entregou o espaço inteiro àqueles que até hoje o dominam. Cabe, nesse contexto, lembrar mais uma vez o dito de Hugo Von Hofmannsthal, segundo o qual nada está na política de um país que primeiro não esteja na sua literatura (tomada em sentido amplo de alta cultura). A direita saiu da política nacional, porque, com a complacência e até a ajuda do governo militar, foi primeiro banida da cultura nacional.

Olavo de Carvalho, 03 Março 2012

OS BRADOS RETUMBANTES DOS ABORTISTAS

Artigos - Aborto

Ah! Que espetáculo, (…) que trágicos, inesquecíveis dias acabamos de atravessar! Não conheço outros que me tenham suscitado mais sentimentos de humanidade, angústia, cólera generosa. Vivi exasperado, no ódio à estupidez e à má-fé (...). É que, na verdade, o ignóbil espetáculo foi inaudito, ultrapassando em brutalidade, em impudência tudo o que a besta humana jamais confessou de mais instintivo e de mais baixo. É raro um tal exemplo de perversão, de demência, de uma turba.
Émile Zola, J’Accuse...!

Na tarde de 24 de fevereiro ocorreu a audiência pública para debater o anteprojeto da reforma do Código Penal, que o relator, ministro Gilson Dipp, entregará ao Senado Federal em 31 de maio próximo. O relatório desta reunião foi publicado por Hermes Rodrigues Nery, coordenador do Movimento Legislação e Vida e da Comissão Diocesana em Defesa da Vida da Diocese de Taubaté, diretor-executivo do Movimento Nacional da Cidadania pela Vida - Brasil Sem Aborto, e especialista em Bioética, pós-graduado pela PUC-RJ.

Quando perguntou “Quem defenderá o indefeso?", emergiu então por todo o salão uma imensa vaia, algumas feministas, em estado de histeria, pediam: “Abaixo o feto!”, e “houve um início de tumulto porque elas queriam nos impedir de entregar a pequena imagem em gesso de um feto de 10 semanas ao relator do anteprojeto do Código Penal”. “Chega de Deus!”, vociferou uma das abortistas, com os punhos erguidos e os olhos esbugalhados.

Estas senhoras (sic) que defendem “o direito das mulheres ao próprio corpo” e a matança irrestrita de seres humanos ainda não nascidos, devem se achar muito moderninhas, revolucionárias, contra os “reacionários” e conservadores que defendem a vida. Pois seu exemplo nada mais é que uma versão atual de algo que já foi dito por um dos generais franquistas mais radicais, José de Millán Astray, na Universidade de Salamanca em 12 de outubro de 1936 quando se comemorava o Dia de La Raza, aniversário da descoberta da América por Cristóvão Colombo.

O professor Francisco Maldonado, perante a esposa de Francisco Franco, Carmen Polo Martínez-Valdés e outros líderes falangistas, denunciou a Catalunha e o Pais Basco como “cânceres no corpo na nação espanhola” acrescentando que o fascismo, “que curará a Espanha, saberá como exterminá-los, cortando a própria pele, como um cirurgião livre de qualquer falso sentimentalismo”. Alguém do auditório gritou “Viva La Muerte!” sendo respondido por Millán Astray com o grito: "¡España!” várias vezes, de cada uma delas arrancando da platéia os slogans franquistas: "¡Una! "¡Grande! "¡Libre!

O Presidente da Universidade, Miguel de Unamuno, que até então apenas tomava notas, levantou-se e se dirigiu à turba:

“Vocês esperam por minhas palavras. Vocês me conhecem e sabem que eu não posso ficar em silêncio mais tempo. Às vezes, permanecer em silêncio é mentir, já que o silêncio pode ser entendido como consentimento. Quero comentar o assim chamado ‘discurso’ do professor Maldonado, que está aqui hoje. Ignorarei sua ofensa pessoal aos bascos e catalães. Eu mesmo, como sabem, nasci em Bilbao (cidade Basca). O bispo de Salamanca, aqui presente, gostem ou não, é catalão, nascido em Barcelona. Mas agora eu ouvi a afirmação insensível e necrófila, "¡Viva la Muerte!", que me soa igual a que "¡Muera la vida!". E eu, que passei minha vida escrevendo paradoxos que provocaram a ira dos que não me entendiam, sendo, portanto, um especialista na matéria, acho este ridículo paradoxo repelente. O general Millán Astray é um inválido de guerra. Também o era Cervantes. Mas, infelizmente, a Espanha hoje tem muitos inválidos. E se Deus não nos ajudar, brevemente teremos muitos mais. Me atormenta pensar que o general Millán Astray pode ditar as normas da psicologia das massas. Um inválido que não tem a grandeza espiritual de Cervantes, tenta encontrar alívio aumentando o número de inválidos que o cercam”.

Millán Astray interrompeu: "¡Muera la inteligencia! ¡Viva la Muerte!". Unamuno continuou: “Estamos no templo da inteligência e eu sou seu sumo sacerdote. Vocês estão profanando este domínio sagrado. Vencereis porque tendes enorme força bruta. Mas não convencereis. Para convencer é necessário persuadir, e para persuadir é necessário algo que vocês não têm: razão e direito, e o ódio que não deixa lugar para a compaixão não pode convencer. É inútil perguntar o que pensam da Espanha. Falei!”

E eu também! Depois de Zola e Unamuno, nada há a acrescentar quanto aos fatídicos, raivosos e psicóticos brados de Abaixo o Feto! Chega de Deus!

Heitor De Paola, 05 Março 2012

PODER PÚBLICO SAFADO

Pode um cidadão eleito presidente e pertencente à classe média baixa, se tornar, em dois mandatos presidenciais, em um bilionário apenas com seus rendimentos e benefícios do cargo?

A resposta é sim. O ex-presidente Lula é um suposto e exemplar caso desse milagre financeiro, tendo-se como base as denúncias recorrentes já feitas pela mídia.

Conforme amplamente noticiado em algumas ocasiões uma conceituada revista - a Forbes – trouxe à tona esse tema, reputando a Lula a posse de uma fortuna pessoal estimada em mais de R$ 2 bilhões de dólares, devendo-se ressaltar que a primeira denúncia ocorreu ao que tudo indica em 2006, o que nos leva a concluir que a “inteligência financeira do ex-presidente” já deve ter mais que dobrado esse valor, na falta de uma contestação formal e legal do ex-presidente contra a revista.

Estamos diante de um suposto caso em que o silêncio pode ser a melhor defesa para não mexer na panela apodrecida dos podres Poderes da República, evitando as consequências legais pertinentes e o inevitável desgaste perante a opinião pública.

Nesta semana a divulgação pelo Wikileaks de suspeitas - também já feitas anteriormente - de subornos envolvendo o ex-presidente nas relações de compras feitas pelo desgoverno brasileiro em relação a processos de licitações passados, ou em andamento, nos conduz, novamente, e necessariamente, a uma pergunta não respondida: como se explica o vertiginoso crescimento do patrimônio pessoal e familiar da família Lula?

O que devem estar pensando os milhares de contribuintes que têm suas declarações de renda rejeitadas e são legalmente, todos os anos, obrigados a dar as devidas satisfações à Receita Federal sobre crescimentos patrimoniais tecnicamente inexplicáveis, mas de valor expressivamente menor do que o associado ao patrimônio pessoal e familiar do ex-presidente?
A resposta é simples e direta: tudo isso nos parece ser uma grande e redundante sacanagem com todos aqueles que trabalham fora do setor público - durante mais de cinco meses por ano - para ajudar a sustentar aquilo que a sociedade já está se acostumando a chamar de covil de bandidos.

A pergunta que fica no ar é sobre que atitudes deveriam e devem tomar o Ministério Público, a Receita Federal, O Tribunal de Contas e a Polícia Federal diante de supostas e escandalosas evidências de enriquecimento ilícito de alguém que ficou durante dois mandatos consecutivos no cargo de Presidente da República?

Na falta de atitudes investigativas ou consequências legais, como sempre, a mensagem que o poder público passa para a sociedade é de uma grotesca e sistemática impunidade protetora de todos, ou quase todos, que pactuam com a transformação do país em um Paraíso de Patifes.

No Brasil, cada vez mais, a corrupção compensa e as eventuais punições já viraram brincadeira que nossa sociedade, no cerne dos seus núcleos de poder públicos e privados aprendeu: a impunidade a leva a se nivelar por baixo aceitando que roubar o contribuinte já se tornou um ato politicamente correto para que a o projeto de poder do PT – um Regime Civil Fascista fundamentado no suborno e em um assistencialismo comprador de votos – siga inexoravelmente avante.

A omissão do Poder Público diante da absurda degeneração moral das relações públicas e privadas somente nos deixa uma alternativa de qualificação: estamos diante do Poder Público mais safado e sem vergonha de nossa história.

A propósito quem roubou o crucifixo do gabinete presidencial no final do desgoverno Lula?

Geraldo Almendra
04/março/2012

CNJ INVESTIGA SE HÁ MÁ-FÉ EM ATRASO NO PAGAMENTO DE PRECATÓRIOS EM SP

A Agência Brasil informa que a corregedora nacional do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Eliana Calmon, disse que vai investigar o que está provocando atrasos no pagamento de precatórios no estado de São Paulo. Ela quer saber se o problema é decorrente de má-fé ou da falta de estrutura do Tribunal de Justiça de São Paulo.

As razões para o atraso vão ser analisadas no mutirão que será promovido esta semana. O CNJ está enviando uma equipe a São Paulo para estudar por que o estado tem tanta dificuldade para organizar o pagamento de precatórios. Um grupo formado por 12 profissionais cedidos por vários tribunais fará o diagnóstico da situação do setor de precatórios em São Paulo. Sexta-feira, a ministra se reuniu com o presidente do Tribunal paulista, desembargador Ivan Sartori, na sede do órgão.

Atualmente, o CNJ estima que o estado de São Paulo tenha R$ 20 bilhões em dívidas reconhecidas pela Justiça. Em todo o Brasil, são cerca de R$ 84 bilhões. A Ordem dos Advogados do Brasil, no entanto, estima que o estoque da dívida do Estado em precatórios seja um pouco maior, cerca de R$ 22 bilhões. Os precatórios são títulos que representam dívidas da Fazenda Pública (União, estados, municípios, estatais e fundações públicas) reconhecidas pela Justiça e que devem ser pagas aos autores da ação judicial.

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PAGAMENTO INDEVIDO

Conforme o Blog da Tribuna vem divulgando com absoluta exclusividade, avançam em São Paulo as investigações do Ministério Público Estadual sobre o pagamento irregular de cerca de 1 bilhão de reais a credores de precatórios pela Fazenda do Estado de São Paulo, em decorrência de inclusão de juros indevidos de 6% ao ano nos cálculos desses débitos judiciais, resultantes de desapropriações promovidas pelo Estado de São Paulo nos últimos 30 anos.

O equívoco seria consequência de má interpretação feita pela Procuradoria- Geral do Estado acerca da Emenda Constitucional número 30/2000, que determinava o pagamento de juros moratórios somente sobre as parcelas devidas e que fossem quitadas com atraso, o que é uma espécie de óbvio ululante de Nelson Rodrigues.

Somente no caso do precatório do chamado Parque Villa Lobos, no montante de R$ 3 bilhões, situado na marginal de Pinheiros,em São Paulo, os juros moratórios saldados indevidamente, na rubrica “juros legais”, ultrapassaram a casa dos R$ 300 milhões. São credores desse precatório a empresa S/A Central de Imóveis e Construções e a Prefeitura de São Paulo.

A incrível questão judicial, estranhamente, é tratada com absoluta exclusividade pelo Blog da Tribuna. Nenhum jornal ou revista de São Paulo trata do assunto. Por que será?

05 de março de 2012
Carlos Newton

A SOCIEDADE NUNCA CHEGOU TÃO PERTO DO AVESSO À JUSTIÇA

A reciclagem nos tribunais trabalhistas praticamente não existe, suas escolas e entidades classistas estão mais voltadas à política corporativa que propriamente a questão pedagógica. A volúpia pelo poder é tal, que se entregam as mais malidicentes praticas jurídicas contra o Estado, a sociedade e muitas vezes contra si mesmo. Interferem em normas do direito em áreas que, até pouco, não lhes cabiam manifestar-se. É um fenômeno de politização do poder judiciário, embalado por juízes, fazendo com que o país se submeta ao “novo poder judiciário” brasileiro.

Em 2010 o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou um levantamento, sobre o quadro de magistrados e agentes públicos, de apenas dez dos 27 Tribunais de Justiça (TJs) divulgam a relação completa dos servidores. Aprovada pelo CNJ em 15 de dezembro de 2009, a Resolução 102 regulamenta a divulgação na internet de informações referentes à administração e execução orçamentária e financeira de todos os tribunais do país.

A ideia é permitir que qualquer cidadão saiba como o Judiciário está gastando o dinheiro público com pagamento (92% da verba do judiciário é para sua folha de pagamento) de funcionários, gratificações, aluguel, diárias e prestação de serviços.

A norma também vale para os demais tribunais, como os regionais, federais, eleitorais e do Trabalho. A resolução deu 30 dias para as cortes publicarem as despesas com recursos humanos e remuneração, como a estrutura salarial do quadro efetivo e comissionado, bem como subsídios e diárias pagos a membros do Judiciário.

A resposta não veio, o CNJ emudeceu e o judiciário reagiu, passou a fustigar a competência desse tribunal de ser o fiscal das ações dos magistrados e dos administradores da justiça. O embate, em que pese à última decisão do CNJ, ainda não foi vencido pela sociedade.

A criação de um código processual próprio para o processo do trabalho pode arrefecer ou até por fim ao trauma laboral, cuja solução é a formatação de um direito próprio delineado no legislativo. Eu assevero que o processualismo exacerbado, aplicado de forma linear, em todas as ações impetradas e julgadas, seja o vilão da JT.

O ideal seria um modelão padrão para resolver e isolar a ação do sistema, deixando para seguimento apenas aquelas causas de maior complexidade. Quando defendemos a solução da pequena e menos complexa causa pela via extrajudicial, é justamente para que este fator altamente nocivo as relações sociais empregado/empregador não passe para âmbito processualista do julgador, que hoje englobam quase 24 milhões de ações.

A JT hoje é uma estranha no universo da relação laboral, sua estrutura é falsa, seus juízes não conseguem realizar a contento as tarefas mais elementares, a exemplo de despachos, assinatura de alvarás, agilizar audiências e a lavratura de sentenças rápidas e eficazes. Os atos de serventia soam aos que buscam esses serviços, como se fossem dádivas a serem concedidas as partes, uma simples pergunta do leigo ou advogado, pode ter a resposta insolente ou incipiente, falta respeito, em suma não existe interação com a sociedade.

Muitos entendem que o âmago social ainda é a espinha dorsal do judiciário laboral, eu diria, em principio que este mecanismo não mais existe como química processual, ela perdeu sua coloração, dando lugar à nova engenharia de mecanismos que produz o processo do trabalho.

Com isso, o processo é elitizado, engessado, e atua como a erva daninha no canteiro das plantas. Vejamos que durante décadas a JT manteve inalteradas as cláusulas que garantem o direito dos trabalhadores, muito embora a solução do conflito, como se fosse uma medula desacoplada do seu eixo principal, navegue perdida no espaço da incompetência dos integrantes da especializada, que hoje no máximo, conseguem entregar 18% de solução dos conflitos (base apurada na análise dos números do CNJ).

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UM DESAFIO AOS ESPECIALISTAS

Eu desafio qualquer integrante da justiça laboral a rebater as minhas afirmações, sei perfeitamente que em seus quadros existem serventuários e juízes comprometidos com a entrega do direito, mas são poucos, infelizmente. Se o presente é um pesadelo, o futuro é sombrio, só não enxerga quem não quer.

Dos três principais e últimos dispositivos aprovados no processo do trabalho, a penhora online, o aumento da garantia para o recurso de revisão e recente a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT), pouco se pode dizer, o primeiro naufragou na mesma tormenta dos adotados meios forçados de execução, o último ainda objeto de questionamento no STF, ao que tudo indica só serviu para paralisar a JT por quatro meses de sua rotina. Falta padronização nas serventias, nos editais, na relação com os atores, e o mínimo de respeito às normas predominantes.

Roberto Monteiro Pinho
05 de março de 2012