"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

CRIMINOSOS COMEMORAM ESPETÁCULO DO CRESCIMENTO DA CRIMINALIDADE NA ERA LULA

A facção progressista Rede Desarma Brasil – uma rede de Organizações não governamentais financiadas pelo (des)governo – e a Associação Nacional de Militantes dos Direitos dos Bandidos, comemoraram hoje o sucesso absoluto do Programa de Aceleração da Criminalidade (PAC) do Governo Federal.


Os dados do Mapa da Violência 2012, divulgado nesta quarta-feira (14/12/2012), mostram que, de 2004 a 2010, o Brasil registrou um crescimento espetacular no número de assassinatos em quase todo o País.

“Os elevados índices de crescimento de homicídios na maioria dos estados brasileiros demonstram o sucesso cabal do Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/03)”, declarou o porta-voz da ONG VIVA BANDIDOS DO RIO.

O Presidente da Associação Nacional de Bandidos e Seqüestradores (ANBS) afirmou que o desarmamento é um importante passo no sentido de o Estado brasileiro facilitar a vida dos criminosos na sua difícil missão de aumentar a taxa de homicídios.

“Ela (a campanha do desarmamento) é a responsável diretamente pelo aumento dos índices de assaltos, roubos, estupros e homicídios no país. Nossa quadrilha apóia essa iniciativa. Desarmar o cidadão é a solução”, disse.

Para o diretor executivo do INSTITUTO SOU INCAPAZ, o espetáculo do crescimento da criminalidade na era LULLA é fruto da vasta incompetência do Governo Federal: “Esse é um fator que demanda bastante atenção, porque não só é grave a falta de competência desse governo, mas também ajuda a evidenciar a cara-de-pau dos aloprados do PT. A população nordestina deve agradecer ao poder executivo federal pelo aumento de assassinatos na era LULA”, afirma.

vanguarda popular
Escrito por Emmanuel Goldstein

UM HUMOR DE VANGUARDA !!!

Morre Kim Jong Il, baluarte do Socialismo, da Democracia e da Paz no Mundo


CAMARADAS!

Sentimos profundamente a morte do camarada Kim Jong Il, nosso melhor amigo, líder e guia incomparável.


É imensa e irreparável a nossa perda. Para todos nós a vida do camarada Kim simbolizava o futuro feliz e radioso, significava a certeza de outro mundo possível, em que os homens se verão definitivamente f....errados livres da exploração pelo próprio homem.

A morte do camarada Kim é, por isso, uma perda excepcionalmente pesada, não apenas para o bravo povo Norte-Coreano, que, graças ao companheiro Kim, se libertou das cadeias da escravidão capitalista, mas também para os trabalhadores do mundo inteiro, para os maconheiros da USP e para toda a humanidade progressista.

MAS, comunistas, modestos discípulos do grande Kim, o sol da democracia proletária, cabe-nos o dever de saber transformar a nossa dor em energia criadora para prosseguirmos sem desfalecimentos pelo caminho que nos indicou Kim, o Caminho da Servidão Paz Atômica e da libertação dos Povos oprimidos pelo capitalismo, o caminho da vitória do Totalitarismo Socialismo e do Comunismo no mundo inteiro.

A memória gloriosa do grande Kim permanecerá eternamente viva no coração do Povo Brasileiro que, dirigido pelo glorioso Partido VanguardaPopular ©, armado com os sábios ensinamentos recebidos do camarada Kim, luta com vigor crescente pela implantação do socialismo groucho-marxista em nossa Pátria e contra os traidores burgueses que vendem o Brasil aos imperialistas ianques.

Tudo faremos para honrar a sagrada memória do camarada Kim, lutando com maior audácia e firmeza pela causa do Socialismo, da Democracia e da Paz Mundial!

Ódio e morte aos imperialistas norte-americanos! VIVA KIM JONG-IL!



Escrito por Emmanuel Goldstein

PCdoB SUPERA O MELHOR SITE DE HUMOR DA POLÍTICA BRASILEIRA

Pois é… Desta vez, nem o melhor, mais inteligente e mais engraçado site de humor político, o “Vanguarda Popular”, superou o PC do B — no humor, é claro!
O elogio feito pelo partido brasileiro a Kim Jong-Il, ditador da Coréia do Norte, morto no sábado, deixa no chinelo qualquer ironia, qualquer galhofa, qualquer piada. Esquerdistas mundo afora já disseram quase tudo da Coréia do Norte, mas a ninguém ocorreu chamar aquele país de “próspero” ou afirmar que a ditadura comunista tentou a reunificação das duas Coréias, lutando pela paz.

Vejam o que escreveu o “Vanguarda Popular”, com a graça habitual:

“A morte do camarada Kim é, por isso, uma perda excepcionalmente pesada, não apenas para o bravo povo Norte-Coreano, que, graças ao companheiro Kim, se libertou das cadeias da escravidão capitalista, mas também para os trabalhadores do mundo inteiro, para os maconheiros da USP e para toda a humanidade progressista.”

Agora leiam o que escreveu o PC do B tentando afetar seriedade:

“O camarada Kim Jong Il deu continuidade ao desenvolvimento da revolução coreana, inicialmente liderada pelo camarada Kim Il Sung, defendendo com dignidade as conquistas do socialismo em sua pátria. Patriota e internacionalista promoveu as causas da reunificação coreana, da paz e da amizade e da solidariedade entre os povos.”

O que é mais risível?

Ao vencer o “Vanguarda Popular” no humor, o PC do B emula com a seriedade de uma dupla que parecia imbatível: a TV estatal norte coreana, a KCTV, e o jornal eletrônico cubano www.granma.cu!!!

Reinaldo Azevedo

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Cuidado para não morrer de rir!!! Apenas alerto, porque anedota, quanto mais se explica, mais a graça vai para o vinagre.
m.americo

PRESIDENTE DO STF QUE RECEBEU R$ 700 MIL, INFORMA QUE ELES E SEUS COLEGAS NÃO PODEM SER INVESTIGADOS POR NINGUÉM

Peluso, que recebeu R$ 700 mil do TJ-SP, defende Lewandowski

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cezar Peluso, fez uma nota para defender a decisão do ministro Ricardo Lewandowski, que suspendeu inspeção feita pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) na folha de pagamento do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Lewandowski recebeu pagamentos sob investigação, feitos a todos os desembargadores da corte por conta de um passivo trabalhista da década de 90.

Leia a íntegra da nota em que Peluso defende decisão de Lewandowski
Ministro do Supremo beneficiou a si próprio ao paralisar inspeção

O próprio ministro Peluso, que, como Lewandowski, foi desembargador do TJ paulista, recebeu recursos desse passivo.

Ele recebeu R$ 700 mil. Peluso considera que, apesar dos recebimentos, nem ele nem Lewandowski estão impedidos de julgar ações sobre o tema porque os ministros do STF não se sujeitam ao CNJ.

Portanto, não seria possível falar que agem em causa própria ou que estão impedidos, quando julgam a legalidade de iniciativas daquele órgão, já que não estão submetidos a ele, e sim o contrário, de acordo com a Constituição e com decisão do próprio STF.

A corregedoria do CNJ iniciou em novembro uma inspeção no Tribunal de Justiça de São Paulo para investigar pagamentos que magistrados teriam recebido indevidamente junto com seus salários e examinar a evolução patrimonial de alguns deles, que seria incompatível com sua renda.

Um dos pagamentos que estão sendo examinados é associado à pendência salarial da década de 90, quando o auxílio moradia que era pago apenas a deputados e senadores foi estendido a magistrados de todo o país.

Em São Paulo, 17 desembargadores receberam pagamentos individuais de quase R$ 1 milhão de uma só vez, e na frente de outros juízes que também tinham direito a diferenças salariais.

Tanto Peluso quanto Lewandowski dizem ter recebido menos do que esse valor.

Lewandowski afirmou ontem, por meio de sua assessoria, que se lembra de ter recebido seu dinheiro em parcelas, como todos os outros.

O ministro disse que o próprio STF reconheceu que os desembargadores tinham direito à verba, que é declarada no Imposto de Renda. Ele afirmou que não entende a polêmica pois não há nada de irregular no recebimento.

A corregedoria tem deixado claro desde o início das inspeções que não está investigando ministros do STF, e sim procedimentos dos tribunais no pagamento dos passivos da década de 90. Ou seja, quem está sob investigação são os tribunais, e não os magistrados, que eventualmente se beneficiaram dos pagamentos.

O órgão afirmou ontem ainda, por meio de nota, que não quebrou o sigilo dos juízes e informou que em suas inspeções "deve ter acesso aos dados relativos à declarações de bens e à folha de pagamento, como órgão de controle, assim como tem acesso o próprio tribunal". Disse também que as informações coletadas nunca foram divulgadas.

No caso de São Paulo, a decisão do Supremo de esvaziar os poderes do CNJ suspendeu investigações sobre o patrimônio de cerca de 70 pessoas, incluindo juízes e servidores do Tribunal de Justiça.

Liminar concedida anteontem pelo ministro Marco Aurélio Mello impede que o conselho investigue juízes antes que os tribunais, onde eles atuam analisem sua conduta -- o que, na prática, suspendeu todas as apurações abertas por iniciativa do CNJ.

No caso de São Paulo, a equipe do conselho havia começado a cruzar dados da folha de pagamento do tribunal com as declarações de renda dos juízes. O trabalho foi paralisado ontem.

Leia a íntegra da nota oficial de Peluso:

"O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cezar Peluso, repudia insinuações irresponsáveis de que o ministro Ricardo Lewandowski teria beneficiado a si próprio ao conceder liminar que sustou investigação realizada pela Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra magistrados de 22 tribunais do país. Em conduta que não surpreende a quem acompanha sua exemplar vida profissional, o ministro Lewandowski agiu no estrito cumprimento de seu dever legal e no exercício de suas competências constitucionais. Inexistia e inexiste, no caso concreto, condição que justifique suspeição ou impedimento da prestação jurisdicional por parte do ministro Lewandowski.

Nos termos expressos da Constituição, a vida funcional do ministro Lewandowski e a dos demais ministros do Supremo Tribunal Federal não podem ser objeto de cogitação, de investigação ou de violação de sigilo fiscal e bancário por parte da Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça. Se o foi, como parecem indicar covardes e anônimos "vazamentos" veiculados pela imprensa, a questão pode assumir gravidade ainda maior por constituir flagrante abuso de poder em desrespeito a mandamentos constitucionais, passível de punição na forma da lei a título de crimes."

Mônica Bergamo, colunista da Folha.

AGÊNCIA DA CÂMARA CALUNIA JOSÉ SERRA. É CASO DE PROCESSO.

Agência Câmara calunia José Serra. É caso de processo.

Clique na matéria para ler a acusação mentirosa feita contra José Serra.

Não há no livro a acusação referida contra o ex-deputado federal, ex-senador, ex-ministro, ex-prefeito, ex-governador e ex-candidato presidencial.
A notícia oficial da Câmara dos Deputados exprime muito bem a campanha movida pelo PT, que dirige a Casa, contra a oposição e, em especial, contra José Serra. É dever do tucano processar os autores por calúnia e difamação.

coroneLeaks

O ESPECTRO DA KGB MIRIM

Artigos - Governo do PT
Quem propõe uma lei dessa natureza é intrinsecamente maligno e pernicioso, possuindo uma deficiência de caráter assombrosa. Pessoas como as deputadas Maria do Rosário e Teresa Surita deveriam ser proscritas da vida pública.

A vida social necessita de atos disciplinadores de conduta. E isso começa pela própria família, com a noção de educação, hierarquia e ordem, que os pais devem estabelecer para os atos dos filhos. Dentro dessa função educacional, é óbvio que existirá sanções e punições. Daí por que os pais dão umas palmadas nos filhos indisciplinados e teimosos. Para que eles reconheçam, desde a mais tenra idade, os seus limites. Não quer dizer necessariamente que os castigos sejam totalmente justos. Às vezes os pais agem com justiça e outras vezes não. No entanto, nem por isso é razão para colocá-los na cadeia.

Como diria o provérbio, a porrada não é santa, mas faz milagres. Pode-se perfeitamente apanhar em casa, para depois não apanhar da polícia ou do Estado. Quantas pessoas não são marginais, criminosas, egoístas ou delinquentes por uma boa falta de varadas na infância? Uma criança que rouba, que bate em outra criança, que mente ou que age como um vândalo, de alguma forma merece ser coibida. E se possível, por meio do castigo físico. Não há nada fora do normal nisso. A sociedade também tem seus mecanismos de coibição física. Por acaso a polícia vai passar a mão na cabeça dos bandidos? Os criminosos que vão para a cadeia não sofrem violência do Estado quando perdem sua liberdade? Então por que uma criança não pode aprender, em casa, a própria noção dos limites que aprende na sociedade?

Entretanto, o Estado de Direito caminha para uma ditadura cultural nas leis e nos costumes, ainda que preserve a aparência formal de democracia. A chamada PL – 7670/2010, ou a “lei da palmada”, proposta pelo governo federal e adocicada por picaretas notáveis, como as deputadas Teresa Surita e Maria do Rosário, visando medidas punitivas para pais que dão palmadas nos filhos, lembra-me a figura de Pavlik Morozov, o garoto soviético que delatou o pai para a GPU-NKVD, uma das nomenclaturas da polícia política na época de Stálin. A cultura de delação é a mesma. Mudam-se tão somente os pretextos ideológicos. Antigamente era a “defesa da revolução” contra os “inimigos do povo”. Agora são os “direitos humanos”, com a delação em massa dos pais “agressores”, pelo simples fato de darem umas palmadas nos garotos levados.

Pavlik Morozov nasceu na época da guerra civil russa, em 1918. Em 1932, Stálin jogou a GPU-NKVD e o exército vermelho numa outra grande guerra civil pela coletivização forçada da agricultura contra os camponeses ucranianos. Morozov era filho de um pequeno fazendeiro que queria esconder os seus víveres para sobreviver, já que a polícia política estava fazendo uma campanha de confisco de alimentos, para sujeitar o campesinato à fome. Todavia, o garoto, que frequentava a escola controlada pelo Partido Comunista, começou a fanatizar-se com o discurso bolchevista e delatou a família, em particular, o pai, que escondia seus mantimentos do governo. A história tem o um desfecho macabro: o pai, desesperado pelo fato de o filho tê-lo denunciado, mata-o. A polícia política descobre o crime deportar o pai para os campos da Sibéria.

A história trágica acabou por virar uma propaganda de santificação e doutrinação ideológica dos jovens nas escolas. Pavlik Morozov virou o modelo da criança soviética, que em nome da causa revolucionária, era capaz de delatar os pais para a polícia. Músicas, composições, poemas, e peças de teatro eram produzidas para louvar a traidor-mirim, elevado a modelo cultuado pelo Partido-Estado. Inclusive, associações de escoteiros foram criadas com o nome de Pavlik Morozov, que recebeu uma homenagem póstuma como um “herói soviético”.

Ou seja: a União Soviética quis estatizar a alma das crianças, transformá-las numa seção do NKVD ou da KGB contra os pais dissidentes. Ainda no século XIX, como diria antes o terrorista Netchaïev, pai espiritual do populismo russo e do bolchevismo: a família, a amizade, as tradições, o país e a religião deveriam ser odiados pelo único amor digno de nome: a revolução. Anos depois, com a revolução totalitária soviética, o amor foi prolongado: se antes era só pela revolução, agora virou também o amor total e incondicional pelo Partido-Estado. As crianças deveriam sacralizar o demônio estatal, odiando e traindo os seus pais e familiares. Alguém ainda se nega a crer que o Estado brasileiro, atualmente, pensa a mesma coisa?

Alguns anos após a queda do Muro de Berlim, alguns historiadores tentaram investigar a história de Pavlik Morozov. E descobriu-se que tudo fora inventado pelo NKVD e que a verdadeira história poderia ser confirmada. Estaríamos aí diante de uma das grandes mentiras comunistas da história.

Aliás, a denúncia de filhos contra pais e a prisão em massa de milhões de pessoas pela ditadura stalinista causaram um fenômeno gravíssimo na Rússia soviética: a leva de crianças abandonadas, chamadas besprizornye, espalhadas pelas cidades e campos. Muitos desses menores viravam bandidos e criminosos. Os orfanatos criados pelo Estado para resolver esse problema eram verdadeiros depósitos humanos dos filhos dos chamados “inimigos do povo”. Tratadas em condições sub-humanas, muitas dessas crianças morriam. A lógica soviética também foi aplicada na Alemanha nazista e ainda vigora em outros sistemas totalitários, como Cuba, Coréia do Norte, China e Vietnã. A primazia do Estado sobre a educação das crianças instrumentaliza o terror generalizado da polícia política no ambiente familiar e o destrói.

A “lei da palmada”, como a doutrinação ideológica camuflada de “campanhas educativas” ou “currículos escolares”, não são formas de criar mecanismos de delação de filhos contra pais? No afã de supostamente proteger os filhos contra os pais, na verdade, o Estado joga uns contra outros. Os pais não terão o direito de disciplinar ou educar os filhos: estes serão a extensão da ideologia dos professores, do Conselho Tutelar, do Ministério Público, em suma, do próprio Estado, que usurpa as funções que não lhes são propícias. As crianças, induzidas a crerem que os pais são potencialmente criminosos, serão sugestionadas a policiá-los ou até a denunciá-los, já que a reprimenda ou o castigo podem ser desforrados pelo filho birrento e mal criado. É o “narodny komissariat,” o “comissário do povo” moderno usando os filhos dos outros como espiões e olheiros da vida alheia. Na prática, a lei estimula a perversão de desmoralizar a autoridade dos pais e superdimensiona a autoridade das crianças, invertendo as hierarquias e colocando os pais numa situação de completa chantagem. E quem tomará conta dessas hierarquias? São as próprias crianças imaturas? Não, serão os burocratas, agora elevados a paizões usurpadores dos pais verdadeiros!

Na verdade, uma das más intenções do Estado é o de criar menores sem limites, sem respeito à autoridade da família e dos pais, sem referência a qualquer princípio moral, sendo doutrinadas a terem “direitos”, ignorando os direitos e limites alheios, e idolatrando o Estado como uma espécie abstrata de “pai” e “mãe” protetores. Obviamente, o vazio moral deixado pelos pais será substituído pela engenharia social dos educadores, que querem injetar toda a sorte de cultura politicamente correta nas crianças, desde a ideologia de sexualidade promíscua e gay até a neurotização imbecilizante da linguagem e do raciocínio. Essa legião de pequenos Hitlers e Stálins da sociedade, em nome da exigência mimada de direitos ilimitados, serão os grandes tiranos da fase adulta, marginais, egocêntricos, desajustados, psicopatas, criminosos e drogados. Ou mais, serão a massa de manobra das tiranias maiores dos políticos e da burocracia estatal.

Alguém duvida que as causas da violência estejam no enfraquecimento da autoridade dos pais e da disciplina familiar que educa e limita os ímpetos? Alguém duvida que a tentativa de alimentar a noção ilimitada de “direitos”, praticada pelo Estado, é uma forma de isentar os cidadãos, desde a mais tenra idade, de assumir os deveres éticos interiores exigidos às mentes maduras? Ou mais, a tentativa de burocratizar mais ainda a vida civil, retirando das famílias o poder de educar e proteger os seus próprios filhos da sanha dominadora do Estado?

A lei da palmada é a tentativa de prolongar eternamente a infância das crianças, desprovendo-as de limites e nortes éticos que as façam crescerem. Quando o governo intervém, querendo mimar até os caprichos infames dos infantes contra os adultos, demonstra-se a sua intenção de prolongar o infantilismo moral e a cultura de dependência, reduzindo os cidadãos a meros bezerrinhos domáveis pela engenharia social e pela classe política. Ou na pior das hipóteses, demonstra uma exigência espúria de falsos direitos, que significará a perda completa de direitos reais, que são os da liberdade e dos laços privados da família. Sob o preço, inclusive, de trair a própria família.

Uma questão deve ser dita em bom tom, para arraigar nas consciências sensatas deste país: quem propõe uma lei dessa natureza é intrinsecamente maligno e pernicioso, possuindo uma deficiência de caráter assombrosa. Pessoas como as deputadas Maria do Rosário e Teresa Surita deveriam ser proscritas da vida pública. Mas não só isso. Quem escreveu o PNDH-3 e quem propôs a espionagem e delação dos pais deve ser banido da vida política como um leproso moral, um doente espiritual, uma pessoa completamente despreparada para representar a família brasileira. Isso envolve os acólitos da presidente Dilma Rousseff e o governo federal, que estão por detrás da criminalização dos pais e da introdução da agendinha gay nas escolas, destilando ignorância, corrupção moral, analfabetismo e destruição espiritual das crianças e também das famílias.

A Bíblia nos diz: “honra teu pai e tua mãe”. E o Nosso Senhor falou nas palavras do Evangelho de Marcos 10:14: "Deixem vir a mim as crianças, não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas”. Não está claro demais que o Leviatã estatal petista brasileiro quer destruir o cristianismo e a família?

Escrito por Leonardo Bruno, 21 Dezembro 2011

O PROCESSO CRÍTICO DO CONSERVADORISMO

Artigos - Conservadorismo

Os conservadores estão convencidos de que o tempo, a economia e a natureza humana não são tão elásticos e passíveis de manipulação como os liberais e totalitários radicais devem equivocadamente, e talvez sinceramente, acreditar.

O conservadorismo é um amplo corpo de idéias e princípios sobre os quais se orienta a vida em sociedade. Por ser tão amplo, possui um aspecto político; e por possuir um aspecto político, o conservadorismo está automaticamente em perigo. Ninguém precisa viver muitos anos para saber que não há palavras mais verdadeiras do que aquelas que dizem ser a política uma das três áreas (amor e guerra sendo as outras duas) em que tudo de mais covarde deve ser esperado.

Os adversários ideológicos do conservadorismo sempre o temeram, e nunca dantes como hoje, quando está vigorosamente revivendo de uma condição de quase rigor mortis; e eles não se furtam a fazê-lo parecer nada atraente. Se Lowell Mason, ex-Comissário do Federal Trade Commission, não tivesse, em seu recente livro, “The Language of Dissent”, convencido a mim que seria melhor que as pessoas decentes e inteligentes decepassem suas línguas do que fofocassem a respeito de a FTC compor a sombria assistência do Grande Irmão, eu estaria inclinado a recomendar que o conservadorismo prestasse queixa contra suas ideologias concorrentes, particularmente aquelas cujos líderes mais autoconfiantes são os que mais sonoramente se proclamam liberais (N. do E.: liberal, aqui, na acepção de progressista, esquerdista).

Os auto-intitulados liberais (ainda que haja termos descritivos mais acurados para descrever muitos deles) são, indubitavelmente, culpados pela mais desleal competição, e particularmente são culpados de falsa e equivocada propaganda. E o pior de tudo é que eles não param em pintar seu próprio lírio com cores falsamente belas: eles pintam, de maneira ainda mais insinuante, o conservadorismo com cores falsamente feias. Eles deliberadamente conduziram multidões para longe do conservadorismo ao identificá-lo equivocadamente com mera nostalgia, com imobilismo cego e com reação automática e amarga.

Não é necessário discutir se, em alguns momentos de nossa história, àqueles que foram considerados representantes do conservadorismo poderiam ser imputadas essas atitudes parcialmente. Os homens e as mulheres que hoje são os maiores representantes do ressurgimento do movimento conservador certamente não podem ser acusados de tais pontos de vista. Mas o fato de liberais poderem fazer essas acusações se fixar, poderem persuadir tantos de nossos vizinhos que nós conservadores somos reacionários insensíveis e estúpidos, exige de nós mesmos a inspeção daquela área do conservadorismo que fornece aos liberais o grão de areia sobre o qual ergueram o terrível frontispício de papier-maché que chamam de conservadorismo.

Os conservadores utilizam a sabedoria refinada do passado como parte dos dados para determinar políticas e práticas sociais presentes e futuras; e nós defendemos que é desastroso não fazê-lo. Tem sido uma questão eternamente discutível em que medida o homem pode, em qualquer período específico de tempo, determinar a verdade e predizer o futuro com acurácia. Os métodos para fazê-lo, testando políticas e procedimentos sociais em busca tanto de validade quanto de efetividade, são objeto de quase tanta discordância quanto são os objetivos sociais. Os conservadores acreditam que esses testes devem incluir uma avaliação crítica da experiência e da sabedoria cumulativas do homem mais do que confiar unicamente nos raciocínios de uma geração, baseados apenas ou largamente em provas corroborativas correntes desenvolvidas de fenômenos medidos quantitativamente.

O fato é que liberais radicais e totalitários amplamente evitam as lições da história a favor de novos esquemas grandiosos de pretensas reforma e beneficência utópica – esquemas concebidos e baseados em supostas hipóteses científicas e sociológicas, e planejadas logicamente para a contínua direção coercitiva do bem-estar humano planificado por uma elite autoritária. Mas quanto maior e mais abrupto é o abismo entre os valores e julgamentos existenciais do homem e aqueles implícitos nesses esquemas meticulosamente arquitetados, menos desejável eles são aos olhos daqueles que amam a liberdade. A combinação desses fatos, a propósito, faz os liberais vacilarem, mas nem sempre no que é salutar. E é significativo, talvez, que seu maior veneno seja dirigido àqueles conservadores que persistem mais insistentemente em pesar esses planos em uma escala que acomoda, como contrabalança, a totalidade da experiência e da sabedoria da humanidade, sendo ou não todo elemento passível de prova pelas fórmulas científicas correntes e de demonstração pela tecnologia atual.

Os conservadores não aceitam de pronto as panacéias dos liberais radicais em toda a totalidade do valor posto a elas por seus criadores. Nós acreditamos que há conhecimento e sabedoria e verdade que não são – não ainda, pelo menos – demonstráveis somente por medidas quantitativas ou aceitáveis pela fria lógica dos planos derivados destas, sem remeter à imaginação da natureza humana. Em suma, acreditamos que a natureza humana é uma realidade distinta, que possui aspectos ruins tanto quanto bons, e que não pode ser completamente conhecida nem totalmente gerenciada. Acreditamos que a humanidade, onde quer que venha a chegar, não alcançou um estado de desenvolvimento de suas capacidades que garanta a desconsideração dos princípios e tradições e lições do passado humano. Por isso, ainda que não ignoremos a inovação ou o planejamento para o bem-estar do homem, insistimos no exame de propostas concernentes a atitudes sociais e políticas e procedimentos governamentais que, pelo menos, compare a essência dessas propostas com aquelas que os homens experimentaram no passado.

Não dizemos que esse é o teste conclusivo; mas dizemos que ele tem lançado, e ainda o faz, uma luz muito importante à sabedoria ou à tolice, necessária ou potencial, dessas propostas, e à sua exeqüibilidade ou sua impraticabilidade. Nós dizemos que essa avaliação é necessária antes de ficarmos entusiasmados sobre quão desejáveis ela seriam se pudessem funcionar. De quando em quando, desejamos, tanto quanto aqueles que propuseram esses planos, que seus resultados realmente surjam; mas defendemos que é pelo bem da sabedoria e da honra e da segurança da humanidade que, se há evidências convincentes de que o plano não apenas não proporcionará seu desejado fim beneficente, mas também levará a maiores dificuldades e perigos do que aqueles que se procura remediar, a ação social proposta não deve ser levada a cabo. E tal evidência convincente frequentemente pode ser, defendemos, aduzida, ao menos em parte, da evidente experiência existencial e das mais profundas tradições da humanidade – ainda que a pertinência e a validade de cada detalhe dessa experiência e dessas tradições não sejam suscetíveis de demonstração pelos mais severos testes da racionalidade e das medições quantitativas nos quais insistem aqueles de mente mecanicamente crítica. Ou resistir, no fogo de tamanha controvérsia, aos sarcásticos apelos emocionais contraditórios do pensamento anelante de bem-intencionados, irracionais, auto-intitulados e ditatoriais samaritanos.

Por causa dessa atitude somos tachados de reacionários cegos, teimosos e insensíveis; e devemos ter muito cuidado para não merecer essa classificação. Se nos opusermos apenas emocionalmente a uma proposta não é difícil encontrar na história um paralelo semelhante, que foi desastroso, no qual podemos basear uma oposição que terá o som da razoabilidade. conservadores (em também sendo humanos) são culpados de tais erros. A falha do conservadorismo ao enfrentar o pior da última onda de radicalismo liberal revolucionário e totalitário ocorre, sobretudo, porque o conservadorismo perdeu sua capacidade crítica e negligenciou sua própria autodisciplina. Muitos conservadores se tornaram imobilistas cegos; e quando uma mudança violenta era imposta à sociedade, muitos conservadores se tornaram reacionários indiscriminados.

A função primordial do conservadorismo em uma era como a nossa, quando houve quebras tão grandes e violentas com o passado, é ser discriminatoriamente crítico. O padrão do passado tem sido, por bem ou por mal, destruído além do conserto em todos os seus detalhes. O conservador acredita que ainda há muito de beleza e de valor social nesse padrão, que devem ser recuperados se o homem tiver a oportunidade de realizar suas aspirações e não se tornar tão-somente um animal hedonista. A capacidade crítica necessária para discernir que elementos desse padrão devem ser conservados não pode ser desenvolvida sem a aplicação, pelo conservadorismo, de intelectualismo da mais alta ordem. Portanto, nosso conservadorismo crítico deveria atrair (e ele deve, para seu sucesso total, atrair) as melhores mentes adultas de nossa era. E, para seu crescimento, ele deve reacender em nossos jovens o entusiasmo pela excelência de toda sorte. Esse fogo necessário tem sido há muito sufocado pela nebulosa mediocridade implícita nas ideologias às quais se opõe o conservadorismo, aquelas ideologias e sociologias igualitárias mecanicamente orientadas que impuseram seus padrões depressivos onde deveria haver nossas normas inspiradoras.

O núcleo duro da crença conservadora no acúmulo da experiência e da sabedoria do homem está nisto: os conservadores estão convencidos de que o tempo, a economia e a natureza humana não são tão elásticos e passíveis de manipulação como os liberais e totalitários radicais devem equivocadamente, e talvez sinceramente, acreditar. Ou eles devem acreditar nisso sinceramente, ou então sua fantástica ignorância quanto às óbvias limitações desses materiais crus de ação social e bem-estar social – uma ignorância implícita em muito de seu planejamento social – deve ser tomada como uma mera trapaça cínica de poder pessoal, ou de ilusão das mentes fracas e alienadas. Uma coisa é olhar mil anos a frente e prever o que o homem pode alcançar com o auxílio do conhecimento adicional e das habilidades que ele terá (a não ser que se tenha destruído a si mesmo, física ou espiritualmente, ou ambos, no processo de sua aquisição). Outra coisa é determinar, hoje, como utilizar melhor o conhecimento e as habilidades limitados que o homem tem hoje, e como melhor preservar e prolongar o propósito do homem enquanto homem, não meramente um animal. Há períodos no crescimento do homem, tanto individual quanto coletivamente, quando seu bem-estar requer mais a análise crítica do que ele adquiriu do que a cobiçosa aquisição acrítica contínua.

Os conservadores acreditam que nossa era é um tempo para o minudente escrutínio crítico de toda proposta concernente a atitudes e ação sociais. Não propomos forçar as aspirações da humanidade para trás e para baixo; de fato, nossa proposta é o contrário. Para esse fim, não propomos que o homem deve ser metido em circunstâncias perigosas tão difíceis de enfrentar no estado atual de seu conhecimento, suas habilidades, e seus recursos, de modo a ameaçar a própria existência da humanidade; em circunstâncias que impõem estresse e tensão além da capacidade limitada do homem, por ser homem, de resistir; em circunstâncias que tendem a destruir as melhores conquistas do homem para satisfazer o clamor difuso daqueles que pertencem a uma ordem inferior, imediatamente e a qualquer custo. É a combinação do melhor e do pior do homem, sua boa vontade e sua vaidade, que induz alguns de cada geração a pensar que podem resolver rapidamente os problemas e iniqüidades que existiram desde sempre, e que ainda carecem de soluções imediatas e completas. É a mal-vinda, mas necessária, tarefa do conservadorismo pesquisar, e enfatizar de tempos em tempos, as lições da história, às vezes naquelas mais horríveis e sórdidas, para prevenir o desastre de se acatar tais pensamentos anelosos. O conservadorismo não condena todos os radicais liberais como patifes. Mas é um frágil conforto para o ferido mortalmente saber que foi exaurido por santo tolo.

Nessas poucas páginas que chamam atenção para o aspecto crítico da doutrina do conservadorismo, é possível fazer um pouco mais do que afirmar a fé do conservadorismo na totalidade da experiência humana como um elemento necessário para se chegar a julgamentos sobre a eficácia provável de ações sociais propostas. Não é possível propugnar o elaborado argumento de que alguns requereriam para ser ou convencidos, ou persuadidos. Também não é possível fazer mais do que identificar um elemento muito importante implícito nesse processo crítico – que não é parte necessária da maior parte das ideologias opostas ao conservadorismo e que é expressamente rejeitado por algumas delas. Refiro-me à amálgama de princípios religiosos com padrões morais e éticos.

O processo de crítica do conservadorismo, baseado em parte em todos os aspectos da história e na totalidade da consciência humana sobre si mesmo e o mundo, necessariamente traz à baila os princípios religiosos, morais e éticos com os quais muito da humanidade está imbuída, não importa quão histéricos os devotos de algumas ideologias possam lhe negar qualquer base válida. A mim me parece que alguém dificilmente pode ser um conservador a menos que acredite que o homem nasça, se não com aspirações, ao menos com a disposição para isso, e aquela desintegração de sua humanidade deve ocorrer e ele pode perder sua identidade como ser humano se essas aspirações, ou tendências, são sobrepujadas e nubladas por atitudes e ações sociais que sirvam somente a seus desejos. O conservador deve, pois, defender que essa condição, a pior de todas possíveis, não é compensada pelo padrão de vida materialista mais altamente possível, que pode ser alcançado por uma sociedade tecnologicamente proficiente totalmente devotada às suas destrezas cientificamente materiais de mágica mecanicista e sua medição.

Ao contrário, o conservadorismo, sendo plenamente consciente do poder das fragilidades e da “humanidade” da natureza humana, deve sempre ter em mente que é a exceção, não a regra, um homem frio e faminto tornar-se um homem excelente e cooperativo. Não podemos, e não devemos, negligenciar o papel que o padrão de vida do homem exerce necessariamente na ação e na reação sociais. Devemos tornar patente que damos o devido valor aos anseios do homem por bens e luxos físicos ao mesmo tempo em que afirmamos que essa ânsia animal não preenche o lugar de sua necessidade por bens e luxos do espírito.

Há poucos homens confiantes que seriam grandemente exitosos se não houvesse um pingo de cobiça em todos nós. Da mesma forma, as acusações sobre os conservadores não seriam tão perniciosas se não tivessem uma base minimamente factual. Aqueles que se dedicam a reconstruir o conservadorismo em uma ideologia efetiva em nosso país acreditam, é claro, que ele fornece a direção e os procedimentos necessários para a melhor ação social e, de longe, a melhor proteção para os indivíduos de uma sociedade (e o individualismo, entendido como a liberdade e o gozo inerentes aos direitos individuais e às responsabilidades derivadas da autonomia individual, é um importante aspecto do conservadorismo); mas entendemos que o conservadorismo nunca teve uma tarefa mais difícil e vital para atingir do que essa que se nos coloca hoje. Nós acreditamos que o rótulo de reacionários cegos e insensíveis não é justificavelmente aplicável ao conservador crítico de hoje, mas uma grande parte de nosso trabalho, nesse estágio, é convencer os outros de que os epítetos com os quais os conservadores são tachados são falsos e enganosos. Esse é um pré-requisito necessário para as grandes façanhas que, somente então, serão possíveis.

Como parte desse trabalho preliminar, devemos desenvolver dentro de nossas próprias alianças uma percepção mais acurada e coesa das tradições e dos princípios históricos do homem que são essenciais para seu bem-estar, agora e no futuro, e devemos mais ainda formular critérios precisos sobre esse conhecimento, que é válido a despeito da ausência de provas baseadas em medições quantitativas. Então, devemos persuadir os descompromissados que os assim revelados testes para a ação social apropriada possuem pertinência para um futuro melhor do homem. Todavia, todos os nossos esforços serão em vão a menos que também persuadamos as pessoas de que a principal razão de ser do conservadorismo é o melhoramento de sua condição humana e que a preocupação do conservador com o passado, seu desejo de conservar certos elementos do passado, é relacionado unicamente com essa consideração. Em suma, nós conservadores sabemos que nossa principal preocupação é com o bem-estar de todos os homens; um grande número de nossos companheiros é, entretanto, cético, e devemos remover boa parte dessa dúvida para que o conservadorismo seja efetivo.

Assim, uma grande porção da tarefa do conservadorismo hoje é reconquistar a confiança dos homens em geral – uma confiança cuja boa parte perdemos, em parte porque o conservadorismo, por um tempo, parou de ser suficientemente crítico, e em parte porque nossas ideologias rivais se capitalizaram enormemente sobre nossos menores erros e se auto-proclamaram espalhafatosamente os únicos possuidores de todas as virtudes sociais. Eles nos propagandeiam como relíquias estúpidas e insensíveis de uma era passada que é melhor ser completamente esquecida caso o homem queira ter um futuro melhor. Todavia, sem os preceitos do conservadorismo – preceitos que conectam, de modos não unicamente mecanicistas, todo o passado da humanidade com todo seu futuro –, os homens não podem ser homens e mulheres no senso humano no qual cremos. Não podemos permitir que o conservadorismo e a preservação da humanidade sejam desfeitos por uma desconstrução desses princípios, ou por seu abandono ou deturpação. Devemos manter o conservadorismo vivo e crescendo e, para tanto, devemos fazê-lo, e mantê-lo, tanto persuasivo quanto agudamente crítico.

Comentário do tradutor

A prudência é um dos valores mais sagrados para os conservadores. Edmund Burke, o pai do conservadorismo moderno, defende não apenas a prudência na condução da política, mas a adoção desse princípio como algo pessoal, a ser exercitado no cotidiano – e, nesse sentido, a prudência é tida, na doutrina católica, como uma das quatro Virtudes Cardinais. Além dela, Burke também apontou a importância da humildade, um conceito que extraiu do Cristianismo. Pouco antes de ser defenestrado do governo Dilma, o ex-ministro Nelson Jobim disse, por ocasião dos 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que “os idiotas perderam a modéstia”. Na verdade, a modéstia é o traço mais marcante do humilde, e sua ausência fatalmente degringola em pura idiotice.

Uma característica que se pode observar generalizadamente nos dias correntes em socialistas, comunistas, anarquistas, social-democratas e que tais, é justamente a falta de humildade. Essa arrogância patente, fruto da crença imorredoura de se ser o único a ter nas mãos as chaves para uma nova Era de Ouro do homem, degenera-se em uma incapacidade quase inelutável de compreender não apenas os fundamentos de sua própria ideologia, mas os fundamentos de qualquer vertente do complexo pensamento humano – filosofia, sociologia, economia, teologia, política e afins. Era muito mais fácil encontrar, nos anos 1960, algum teórico marxista-leninista que fosse versado nessas áreas e as dominasse com alguma profundidade. Hoje, o que se encontra, e em aterradora abundância, são papagaios de forma mais ou menos humanóide que repetem chavões esgarçados e cultuam figuras crípticas, algumas das quais foram diretamente responsáveis pelas maiores atrocidades cometidas na história humana.

Ao contrário do que podemos pensar, nós conservadores não estamos a salvo desse inferno intelectual. A crença pia de que somos nós, e não eles, os portadores das chaves da redenção humana pode igualmente degenerar-se em uma arrogância perniciosa, uma espécie de lepra moral e intelectual que nos empurra ao imobilismo inveterado e a um comportamento reacionário indiscriminado, como se toda e qualquer mudança – mesmo aquelas que são fruto do desenvolvimento natural da sociedade humana sobre as bases que tomamos como sagradas – fosse ruim e devesse ser combatida.

Temos em Burke o exemplo de um conservador que, mantendo muito bem essa distinção, foi um ilustre verdugo da Revolução Francesa de 1789, mas apoiou publicamente a Revolução Americana de 1776. Ora, é fácil para qualquer conservador torcer o nariz e franzir o cenho ante a mais rápida menção de “revolução”. A arrogância nos faria pensar que, pelo fato de ter sido oriunda de um movimento revolucionário, a independência dos Estados Unidos foi ilegítima e condenável; todavia, a Revolução Americana de 1776 foi um movimento inegavelmente conservador, ainda que tenha optado pela senda da revolução.

Uma constante autocrítica é imprescindível para que não acabemos por fazer jus às calúnias infundadas que nos lançam desde os tempos dos jacobinos. É essa autocrítica, quando exercitada diuturnamente, que desenvolve em nós a humildade necessária para a compreensão da trajetória humana e dos fundamentos de seu legado moral, material, intelectual e espiritual.

Escrito por Dean Terrill, 21 Dezembro 2011
Publicado na revista Modern Age, Vol. 4, nº 3 – Verão de 1960.
Tradução: Felipe Melo

HAVEL, HERÓI

Artigos - Conservadorismo

Por ironia da história ou do destino, Václav Havel e Kim Jong-il morreram no mesmo final de semana. Havel é um dos maiores heróis da luta contra o comunismo; Kim foi um dos mais bizarros ditadores comunistas.

O dramaturgo Havel é considerado representante do teatro do absurdo. Nos regimes marxistas, sem exceção, o absurdo costuma ser a imagem fiel da realidade. A luta de classes, conceito tão científico quanto a existência do boitatá, transmuda-se na tirania do Estado contra o indivíduo.

Trotsky escreveu que no comunismo todo varredor de rua poderia ser Aristóteles. Pois os comunistas na Tchecoslováquia resolveram colocar o conceito em prática: escritores viravam lixeiros, filósofos viravam serventes, professores viravam coveiros, médicos viravam carregadores. Havel, o dissidente mais famoso do regime, foi obrigado a rolar barris numa cervejaria. Isso quando ele não estava preso – o que foi bastante comum entre 1968 e 89.

A ideia de transformar intelectuais adversários em trabalhadores braçais ou reduzi-los à miséria é uma fantasia típica de certo militante esquerdista em qualquer tempo ou lugar.
Cá entre nós, quando um jornalista faz críticas ao PT, quantas vezes não lhe dizem que ele perderá o emprego e será obrigado a pedir Bolsa Família? E dá-lhe “controle da mídia”...

Havel e outros dissidentes do regime eram chamados de inimigos do povo, lacaios da CIA, espiões dos americanos, paus-mandados do imperialismo. Muitos comunistas desejavam ao dramaturgo um fim semelhante ao do filósofo Jan Patocka, morto após 11 horas de interrogatório.

Mas Václav Havel sobreviveu – e tornou-se presidente do seu país na Revolução de Veludo, sem derramar uma gota de sangue. Em 22 de abril de 1990, Havel recebeu o papa João Paulo II em Praga e declarou:
“Atrevo-me a dizer que estou participando de um milagre. O homem que há seis meses foi preso por ser inimigo do Estado está hoje diante de vós como presidente desse Estado, dando boas-vindas ao primeiro pontífice que põe os pés neste país”.

Um país pode seguir o caminho de Havel ou o caminho de Kim. Ao chamar Carlos Marighella de herói, o Brasil talvez esteja mais próximo do segundo caso.

***
Post-scriptum: O PC do B, da base de sustentação do governo federal, emitiu um comunicado lamentando a morte de Kim e celebrando-o como líder revolucionário responsável pela “construção de um Estado e de uma economia prósperos e socialistas, e baseados nos interesses e necessidades das massas populares”.

21 Dezembro 2011
Paulo Briguet é jornalista e edita o blog

MORRE UM DEUS AO NORTE

Leitor me pergunta se não vou escrever sobre a morte do ditador norte-coreano Kim Jong-il.

“Repare como a idéia de deus é simplesmente substituída pela de um "grande líder". Entre as façanhas do grande líder nas quais todo comunista coreano deve acreditar, afirma-se que ele teve o nascimento pressagiado por um duplo arco-íris; começou a andar aos 4 meses e a falar aos 6; e em 3 anos escreveu 1.500 livros e 6 óperas - melhores que as de qualquer Mozart ou Verdi, claro.
Há relatos de observadores internacionais que afirmam que ele e o filho já são adorados como deuses nas escolas da Coréia. Será isto algo fácil de explicar? Quando um país passa pela experiência comunista, ele resolve abraçar um ópio ainda pior, o cristianismo. O caminho mais rápido para o obscurantismo é o comunismo ou o cristianismo?”

Confesso que sobre a morte do grande líder pouco ou nada tenho a dizer. Os jornais estão divulgando amplamente suas loucuras. Nelas não há nada de novo. Não poucos articulistas trabalham com a falsa hipótese de que os comunistas são ateus. Nunca foram. Apenas trocaram o deus cristão por um outro.
No caso, uma deusa, a História. Essa deusa teve uma encarnação humana, Stalin. Tanto que, em 1953, havia comunistas que não acreditavam em sua morte, afinal um deus não pode morrer. A fé absoluta na doutrina marxista era tal que um comunista sempre olhava com piedade para quem quer que dele discordasse: o coitado nada entendia do mundo.
A Parusia proletária era dada como inelutável e a humanidade toda caminhava rumo ao comunismo. Poderíamos encher páginas e páginas listando os pensadores que perceberam este caráter religioso da nova doutrina. Vou ficar em apenas dois, Camus e Kazantzakis, que acompanharam de perto o grande embuste do século passado.

Retomo alguns momentos de minha tese Mensageiros das Fúrias, defendida em 1981 na Université de la Sorbonne Nouvelle:

Escreve Camus, em O Homem Revoltado:

"O ateísmo marxista é absoluto. No entanto, ele restabelece o ser supremo ao nível do homem. A crítica da religião chega a esta doutrina na qual o homem é para o homem o ser supremo. Sob este ângulo, o socialismo é um empreendimento de divinização do homem e adquiriu certas características das religiões tradicionais".

"...o socialismo autoritário, que vai dessacralizar o cristianismo e incorporá-lo a uma Igreja conquistadora".

"O messianismo científico de Marx..."

O proletariado, "por suas dores e lutas, é o Cristo humano que resgata o pecado coletivo da alienação".

"O movimento revolucionário, no final do século XIX e no começo do XX, viveu como os primeiros cristãos, à espera do fim do mundo e da Parusia do Cristo proletário".

"A revolução russa continua só, viva contra seu próprio sistema, longe das portas celestes, com um apocalipse a organizar. A Parusia ainda está longe. A fé está intacta, mas se curva a uma enorme massa de problemas e descobertas que o marxismo não havia previsto. A nova igreja está de novo frente a Galileu: para conservar a fé, ela vai negar o sol e humilhar o homem livre".


Um outro escritor do início de século, que viveu este confuso noivado bem antes que Camus, será ainda mais incisivo nesta aproximação. Em Voyages - Russie, Nikos Kazantzakis lembra como se fez a luz em seu espírito.
Para ele, todos os apóstolos do materialismo davam às questões respostas grosseiras, de uma evidência simplória. Como em todas as religiões, tentavam difundir aquelas respostas tornando-as compreensíveis para a multidão.
Kazantzakis fala da existência, na Rússia, de um exército fanático, implacável, onipotente, constituído de milhões de seres, que tinha em mãos milhões de crianças e as instruía como bem entendia. Esse exército, continua o cretense, tinha seu Evangelho, O Capital. Seu profeta, Lênin, e seus apóstolos fanatizados que pregavam a Boa Nova através do mundo.
Esse exército possuía também seus mártires e heróis, seus dogmas, seus padres apologistas, escolásticos e pregadores, seus sínodos, hierarquia, liturgia e mesmo a excomunhão: "somos contemporâneos deste grande momento em que nasce uma nova religião".

Ou seja, não estamos diante de ateus e sim de crentes que cultuam um novo deus. Não é pois de espantar que no passado de quase todos os antigos marxistas temos um cristão que renegou a própria religião. Tampouco causa espécie que o Partido Comunista sempre tenha sido forte em países católicos. A Rússia, é bom lembrar, era um dos maiores países católicos do mundo nos albores do século passado.

Que mais não seja, em O Idiota, através da boca do príncipe Mychkine, o ortodoxo Dostoievski há muito previra que o catolicismo romano originaria um socialismo ateu. Ateu em relação ao Deus dos céus e dos infernos, mas religioso em relação ao homem enfim divinizado. Morto o Deus judaico-cristão, deus nenhum outro à vista para sucedê-lo, o homem ocidental, órfão e carente de fé, irá criar um deus vivo.

Os russos, excitados pelo messianismo chauvinista e anti-semita de Dostoievski, já andavam procurando o seu. Por volta de 1850, Vladimir Soloviev erige o movimento revolucionário "Os Buscadores de Deus", que acaba não achando nada. Mas a semente está lançada. Será após o fracasso da revolução de 1905, que Maxim Gorki e Lunatcharski (futuro escritor oficial da era staliniana) fundarão o movimento "Os Construtores de Deus".

Gorki, que julgava a mentira necessária contra as "verdades nefastas", diz em uma carta de 1908, dirigida a Gregor Alexinski, que o "socialismo deve se transformar em culto". Em A Mãe, escrito nos Estados Unidos em 1906, um militante diz aos operários em cortejo: "nossa procissão agora marcha em nome de um deus novo".
Em uma novela de 1908, A Confissão, o incipiente deus já ensaia seus poderes: à passagem de uma manifestação de operários, um paralítico deitado em uma maca se levanta e anda. E antes de morrer envenenado por seu "Deus"), Gorki afirma: "Lá onde reina o proletariado não há lugar para uma querela entre o saber e a fé, pois a fé neste caso é o resultado do conhecimento pelo homem do poder da razão".

Os tempos estão maduros para a emergência da nova fé. Marx e Engels fornecem o Livro, pois toda religião que se preze se fundamentará em um livro. Os revolucionários de 17 conquistam um território. Só faltava o Deus feito carne. Em Gori, na Geórgia, nasce o Menino. É sintomático o maravilhamento de um Graciliano Ramos quando visita a casa onde nasceu Stalin: “Eu vi o berço do Menino”.

Mao também foi cultuado como deus. Kim Jong-il exagerou na dose. Mas numa sociedade pequena e fechada como a Coréia do Norte, onde até hoje estrangeiros não podem entrar com celular, tudo é possível. Tenho visto fotos de multidões chorando pela morte do deus. São sintomáticas estas fotos, as pessoas parecem chorar em ordem unida, todos com a mão esquerda sobre a boca. Pelo jeito, o grande líder regulamentou até mesmo o pranto em seu país. Nada vejo de espantoso que um duplo arco-íris tenha anunciado seu nascimento. Se o Cristo nasceu de uma virgem e uma estrela o anunciou, duplo arco-íris é uma homenagem até modesta ao novo deus ao norte.

Mas o leitor quer saber qual o caminho mais rápido para o obscurantismo, se o comunismo ou o cristianismo. O mais rápido, não sei. Mas o mais perverso é sem dúvida o cristianismo. O comunismo não chegou a emplacar um século. O cristianismo vige há dois milênios.

janer cristaldo

DE PERROS Y HOMBRES

De perros y hombres. (La opinión de Azevedo, el mayor analista político de Brasil)

Por Juan Arias| 19 de diciembre de 2011

El post de mi blog sobre la joven madre que torturó hasta la muerte a su yorkshire en frente a su hija de tres años, ha despertado en los lectores más indignación si cabe que el de Titã, el perro enterrado vivo y que felizmente se ha salvado.

Muchos de los comentarios llegados al blog, más los que he recibido en mi e-mail personal, expresan deseos de que la joven, que es una enfermera, reciba el mismo castigo que ella infligió a su perro.
Yo respeto todas las opiniones aunque no las comparta. Fui y soy contra la pena de muerte y contra la venganza de cualquier tipo, sea contra las personas que contra los animales cuidados en familia.
Algún lector, me ha criticado el hecho de interesarme por un tema de perros, “cuando hay tantos temas políticos en Brasil que valdría la pena subrayar”.

Hoy, he encontrado, precisamente en el blog más político de Brasil, el del periodista Reinaldo Azevedo, el más cáustico y más leído en todo el mundo de la política del país, tanto de derechas como de izquierdas, con una media de 150.000 visitas diarias, un largo post ( el doble del que yo publiqué) sobre el caso de la joven que torturó hasta la muerte a su yokshire. Lo titula “De perros y de hombres”. El blog de Azevedo se halla en el semanal VEJA del que es columnista político.

El analista político Reinaldo Azevedo

No siempre coincido políticamente con Azevedo, lector tambien de este diario, pero en este caso, he querido reproducir para los lectores de mi blog, su magnífico artículo, agudísimo, sobre un tema tan espinoso, con el que me identifico totalmente y al que Azevedo ha querido darle categoría política además de social.
Lo traduzco casi integralmente, esperando que me perdone el haberle saqueado.

“Ha habido una enorme conmoción en las redes sociales, y no sin razón, a causa de un perrito reventado hasta la muerte por una mujer en presencia de una niña. Comencé a ver ( el video) y me detuve. No tengo estómago para esas cosas. Ese tipo de brutalidad con personas o animales, me dejan, sin exagerar, el estómagorevuelto. El malestar, moral en primer lugar, empieza enseguida a ser físico.

Me gustan los animales. Cuando niño tuve gatos muchos. Recogía las crías abandonadas en la calle y las llevaba a casa, lo que encantaba a mi madre-,papagayos, palomas, cerditos de indias, conejos de los orejudos…Ahora viven aquí con nosotros dos perras y una tortuga. Escribí, en este blog, mi adiós a Cotó, mi amigó que ven ahí en la foto y que murió en octubre.

La crueldad de la joven, poco importa el pretexto, me es incomprensible. De lo poco que vi del caso no se trató de un ataque de furia, para vengarse de algo desagradable que le hubiese hecho el perro. Su brutalidad aparecía medio burocrática, pausada, reflexiva incluso. ¿Cómo fue posible?

Yo escribo siempre sobre la llamada macro política, lo que comúnmente las personas entienden por política: el juego del poder, las fuerzas que se organizan para dominar el estado y gobernar la sociedad, los partidos etc. Me gusta menos cuando surge un tema que se refiere a la política de los individuos, lo que cada uno de nosotros entiende sobre la vida, las personas, las relaciones. Tengo como lema que al tomar decisiones en el día a día, escogemos en qué mundo queremos vivir, anunciamos nuestro ideal. El hombre debe preguntarse siempre, ante un acto que tiene consecuencias que van más allá de su propia vida, si el mundo sería mejor o peor si todos actuásemos como él.. Quién se niega a hacer esa pregunta es, potencialmente, un monstruo moral.

El psicópata no reconoce la existencia del “otro”; el sociópata, no reconoce la existencia de los otros […] La joven que reventó al perro es enfermera. El hecho ha generado una ola de especulaciones. ¿Si trata así a un animal, qué no hará con sus enfermos? La pregunta, anoten, llena de justa indignación, no deja de crear una inversión, o una subversión, de valores Creo que la buena tradición humanista nos recomienda otra constatación: quién no respeta ni a los seres humanos, tampoco respetará a los perros. Entiendo las ilaciones a las que el caso convida: ella sólo se comportó de aquel modo porque la víctima no tenía como defenderse. Matar un yorkshire indefenso, reconozcan, es cosa de cobardes. Los valientes tentarían enfrentarse a un pit bull o a un rootweiler. Los enfermos, en la cama, serían más bien yorkshire…

Sí, la indignación tiene sentido, y el hecho de ella ser enfermera parecer ser un costreñimiento adicional. Y hasta algunos políticos han querido intervenir. Hay quién pide abiertamente que ella sea sometida al mismo tratamiento que dispensó a su perro, lo que nos lleva, en aquel terreno de nuestras decisiones, a una situación muy delicada: ¿Sería aceptable que se hiciera con un ser humano lo que consideramos y con razón, inaceptable que se haga con un perro?

En la era de las redes sociales hay que ir despacio. Es más fácil linchar personas que matar perros, y ambas cosas son inaceptables. Si esa joven, por cualquier razón fuese encarcelada en una celda común, correría, de hecho, un serio riesgo de ser tratada como ella trató a su yorkshire, lo que nos lleva a una situación muy delicada: ¿Sería aceptable que se hiciera con un ser humano lo que consideramos, y con razón, inaceptable que se haga con un perro?

Ya dije lo que el hecho me produjo. Dejé mi despacho por algunos instantes para comer una fruta. Paso por la sala y Lolita estaba tumbada en el suelo, gustándose el calor. Al verme, no tiene duda, se coloca con la barriga hacia arriba, con las patas traseras en el aire, las delanteras dobladas, en señal de sumisión, y espera lo que sabe que obtendrá: una caricia en la barriga.. La otra me sigue hasta la cocina a la espera de un pedacito de pera. ¡Qué tipo de gente la que revienta a sus perros, Santo Dios! Pero no me pidan tampoco que sea condescendiente con reventadores de hombres [….]
Ya publiqué aquí “Anécdota búlgara”, un poema de Carlos Dummmond:

Era una vez un zar naturalista
Que cazaba hombres.
Cuando le dijeron que también se cazan mariposas y golondrinas
se quedó muy espantado
y lo consideró una barbaridad.

¡Amemos a los animales!
¡Amemos a los hombres!
Todos son dignos de nuestro afecto

¡Pero sólo los hombres podemos ofrecer compasión y perdón!"

Reinaldo Azevedo

A FICÇÃO DO AMAURY

Por Merval Pereira em 20/12/2011
Reproduzido de O Globo, 18/12/2011

O livro Privataria tucana, da Geração Editorial, de autoria de Amaury Ribeiro Jr, é um sucesso de propaganda política do chamado marketing viral, utilizando-se dos novos meios de comunicação e dos blogueiros chapa-branca para criar um clima de mistério em torno de suas denúncias supostamente bombásticas, baseadas em “documentos, muitos documentos”, como definiu um desses blogueiros em uma entrevista com o autor do livro.

Disseminou-se a ideia de que a chamada “imprensa tradicional” não deu destaque ao livro, ao contrário do mundo da internet, para proteger o ex-candidato tucano à presidência José Serra, que é o centro das denúncias.

Estariam os “jornalões” usando dois pesos e duas medidas em relação a Amaury Jr, pois enquanto acatam denúncias de bandidos contra o governo petista, alegam que ele está sendo processado e, portanto, não teria credibilidade?

É justamente o contrário. A chamada “grande imprensa”, por ter mais responsabilidade que os blogueiros ditos independentes, mas que, na maioria, são sustentados pela verba oficial e fazem propaganda política, demorou mais a entrar no assunto, ou simplesmente não entrará, por que precisava analisar com tranquilidade o livro para verificar se ele realmente acrescenta dados novos às denúncias sobre as privatizações, e se tem provas.

Outros livros, como O Chefe, de Ivo Patarra, com acusações gravíssimas contra o governo de Lula, também não tiveram repercussão na “grande imprensa” e, por motivos óbvios, foram ignorados pela blogosfera chapa-branca.

Ingenuidade, má-fé

Desde que Pedro Collor denunciou as falcatruas de seu irmão presidente, há um padrão no comportamento da “grande imprensa”: as denúncias dos que participaram das falcatruas, sejam elas quais forem, têm a credibilidade do relato por dentro do crime.

Deputado cassado e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson desencadeou o escândalo do mensalão com o testemunho pessoal de quem esteve no centro das negociações, e transformou-se em um dos 38 réus do processo.

O ex-secretário de governo Durval Barbosa detonou a maior crise política da história de Brasília, com denúncias e gravações que culminaram com a prisão do então governador José Roberto Arruda e vários políticos.

E por aí vai. Já Amaury Ribeiro Jr. foi indiciado pela Polícia Federal por quatro crimes: violação de sigilo fiscal, corrupção ativa, uso de documentos falsos e oferta de vantagem a testemunha, tendo participado, como membro da equipe de campanha da candidata do PT, de atos contra o adversário tucano.

O livro, portanto, continua sendo parte da sua atividade como propagandista da campanha petista e, evidentemente, tem pouca credibilidade na origem.

Na sua versão no livro, Amaury jura que não havia intenção de fazer dossiês contra Serra, que foi contratado “apenas” para descobrir vazamentos internos e usou seus contatos policiais para a tarefa que, convenhamos, conforme descrita pelo próprio, não tem nada de jornalística.

Ele alega que a turma paulista de Rui Falcão (presidente do PT) e Palocci queria tirar os mineiros ligados a Fernando Pimentel da campanha, e acabou criando uma versão distorcida dos fatos.

No caso da quebra de sigilo de tucanos, na Receita de Mauá, Amaury diz que o despachante que o acusou de ter encomendado o serviço mentiu por pressão de policiais federais amigos de José Serra.

Enfim, Amaury Ribeiro Jr, tem que se explicar antes de denunciar outros, o que também enfraquece sua posição.

Ele e seus apoiadores ressaltam sempre que 1/3 do livro é composto de documentos, para dar apoio às denúncias.

Mas se os documentos, como dizem, são todos oficiais e estão nos cartórios e juntas comerciais, imaginar que revelem crimes contra o patrimônio público é ingenuidade ou má-fé.

Que trapaceiro registra seus trambiques em cartórios?

Mais vendidos

Há, a começar pela escolha do título – Privataria Tucana – uma tomada de posição política do autor contra as privatizações.

E a maneira como descreve as transações financeiras mostra que Amaury Ribeiro Jr. se alinha aos que consideram que ter uma conta em paraíso fiscal é crime, especialmente se for no Caribe, e que a legislação de remessa de dinheiro para o exterior feita pelo Banco Central à época do governo Fernando Henrique favorece a lavagem de dinheiro e a evasão de divisas.

É um ponto de vista como outro qualquer e ele tenta por todas as maneiras mostrar isso, sem, no entanto, conseguir montar um quadro factual que comprove suas certezas.

Vários personagens, a maioria ligada a Serra, abrem e fecham empresas em paraísos fiscais, com o objetivo, segundo ilações do autor, de lavar dinheiro proveniente das privatizações e internalizá-lo legalmente no País.

Acontece que passados 17 anos do primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, e estando o PT no poder há 9 anos, não houve um movimento para rever as privatizações.

E os julgamentos de processos contra os dirigentes da época das privatizações não dão sustentação às críticas e às acusações de “improbidade administrativa” na privatização da Telebrás.

A decisão nº 765/99 do Plenário do Tribunal de Contas da União concluiu que, além de não haver qualquer irregularidade no processo, os responsáveis “não visavam favorecer em particular o consórcio composto pelo Banco Opportunity e pela Itália Telecom, mas favorecer a competitividade do leilão da Tele Norte Leste S/A, objetivando um melhor resultado para o erário na desestatização dessa empresa”.

Também o Ministério Público de Brasília foi derrotado e, no recurso, o Tribunal Regional Federal do Distrito Federal decidiu, através do juiz Tourinho Neto, não apenas acatar a decisão do TCU mas afirmar que “não restaram provadas as nulidades levantadas no processo licitatório de privatização do Sistema Telebrás. Da mesma forma, não está demonstrada a má-fé, premissa do ato ilegal e ímprobo, para impor-se uma condenação aos réus.

Também não se vislumbrou ofensa aos princípios constitucionais da Administração Pública para configurar a improbidade administrativa.”.

O livro de Amaury Ribeiro Jr. está em sexto lugar na lista dos mais vendidos de “não-ficção”. Talvez tivesse mais sucesso ainda se estivesse na lista de “ficção”.

***

[Merval Pereira é jornalista e colunista de O Globo]

LIVRO USA PAPÉIS DA CPI DO BANESTADO CONTRA TUCANOS

Livro usa papéis da CPI do Banestado contra tucanos
Por Daniel Bramatti em 20/12/2011 na edição 673
Reproduzido do Estado de S.Paulo
Com 15 mil exemplares vendidos em menos de uma semana, segundo a editora Geração Editoria, o livro A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., revela documentos inéditos da antiga CPI do Banestado que apontam supostas movimentações irregulares de recursos por pessoas próximas ao ex-governador José Serra (PSDB).

Segundo os papéis da CPI – que investigou, entre 2003 e 2004, um esquema de evasão de divisas do Brasil –, o empresário Gregório Marin Preciado, casado com uma prima de Serra, utilizou-se de uma conta operada por doleiros em Nova York para enviar US$ 1,2 milhão para a empresa Franton Interprises, que seria ligada ao ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira.

Indicado por Serra para o Banco do Brasil no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Ricardo Sérgio é apontado na obra como suposto articulador da formação de consórcios que participaram do processo de privatização, graças a sua influência na Previ, fundo de pensão dos funcionários do banco estatal.

O autor do livro foi indiciado no ano passado pela Polícia Federal por supostamente participar da violação do sigilo bancário de parentes e pessoas próximas a Serra, então candidato à Presidência. O objetivo seria a montagem de um dossiê contra tucanos. Ribeiro Jr. nega e acusa o deputado Rui Falcão (PT), então coordenador da campanha de Dilma Rousseff, de ter furtado dados sobre Serra de seu computador.

O jornalista diz, no livro, que Ricardo Sérgio controlava empresas em paraísos fiscais que teriam recebido supostas propinas de beneficiados pelo processo de privatização, entre eles o próprio Preciado, representante da espanhola Iberdrola na época em que a empresa comprou três estatais de energia no Brasil.

O elo entre a Franton Interprises e Ricardo Sérgio, segundo o autor, é uma “doação” de R$ 131 mil feita à empresa pelo ex-diretor do BB, em 1998. A operação é citada em documento da CPI do Banestado reproduzido no livro.

A mesma empresa Franton recebeu US$ 410 mil de uma empresa pertencente ao grupo La Fonte, de Carlos Jereissati, que adquiriu o controle da Telemar (atual Oi) durante a privatização da antiga Telebrás.

A CPI mista terminou em dezembro de 2004 sem que o relatório final fosse votado. Relator da comissão na época, o deputado José Mentor (PT-SP) afirmou que os dados que constam do livro fazem parte de um relatório parcial sobre Ricardo Sérgio, feito a pedido da Justiça Federal. “O repórter obteve os papéis na Justiça”, disse Mentor. “Jamais vazei documentos.” O presidente da CPI era o tucano Antero Paes de Barros, que se desentendeu com Mentor ao longo das investigações. Todos os documentos obtidos pela CPI, na época, foram enviados ao Ministério Público Federal.

Dívidas

Ao descrever laços entre personagens do processo de privatizações ocorrido nos anos 90, Ribeiro Jr. também recupera episódios já publicados pela imprensa, como a redução de dívidas de empresas de Marin Preciado no Banco do Brasil quando Ricardo Sérgio era diretor.

Entre 1995 e 1998, segundo o Ministério Público Federal, duas empresas de Preciado obtiveram desconto de cerca de R$ 73 milhões em um empréstimo que, originalmente, era de US$ 2,5 milhões. O valor final da dívida, segundo o livro, chegou a pouco mais de R$ 4 milhões.

“O autor não tem idoneidade nem qualificação para escrever o que foi apresentado”, disse o advogado Wagner Alberto, que defende Preciado. “Esses dois casos (remessas de recursos e desconto nas dívidas) já foram amplamente debatidos e analisados pela Justiça, que os considerou improcedentes. Recomendo que a imprensa analise os autos dos processos do Banco do Brasil e as decisões das instâncias em Brasília, Bahia, São Paulo e São Bernardo do Campo, algo que o autor não fez.” O Estado procurou ouvir a versão de Ricardo Sérgio e deixou recados em sua empresa, mas não houve resposta.

A Privataria Tucana também aborda a sociedade entre Verônica Serra, filha do ex-governador, e Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, na empresa Decidir.com, sediada em Miami. De acordo com o autor, a empresa foi transformada em uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas e, de lá, injetou recursos em uma empresa brasileira que tinha Verônica Serra como vice-presidente, a Decidir do Brasil.

Ribeiro Jr. afirma na obra que começou a pesquisar o entorno do ex-governador no final de 2007, quando recebeu do jornal onde trabalhava, o Estado de Minas, a incumbência de descobrir quem eram “os arapongas que estavam no encalço do governador de Minas, Aécio Neves”, que então disputava com Serra a indicação para concorrer à Presidência pelo PSDB. Segundo o repórter, os passos de Aécio eram seguidos por um grupo de inteligência a serviço de seu adversário paulista.

Procurado para comentar o conteúdo do livro, José Serra não se manifestou. Na terça-feira, em Brasília, ele qualificou a obra como “lixo”. O Estado também procurou o deputado Rui Falcão, sem obter resposta.

A Geração Editorial informou que 30 mil exemplares do livro devem chegar hoje às lojas.

Para PSDB, PT está por trás de livro que denuncia fraudes nas privatizações

Os tucanos começaram a reagir ao livro A Privataria Tucana, de autoria do jornalista Amaury Ribeiro Jr.. Lançado na semana passada, o livro associa o ex-governador de São Paulo, José Serra, a um suposto esquema de cobrança de propinas durante o processo das privatizações, no governo Fernando Henrique Cardoso, do qual Serra foi ministro. Depois do próprio Serra definir o livro como “lixo” e do senador Aécio Neves classificá-la como “literatura menor”, o partido e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso divulgaram notas.

A nota do PSDB, assinada pelo presidente da legenda, Sérgio Guerra, acusa diretamente o PT de estar por trás do livro. “A nova investida ocorre num momento em que o PT está atolado em denúncias de corrupção que já derrubaram seis ministros, e aguarda ansiosamente o julgamento do Mensalão, maior escândalo de corrupção de que se tem notícia na história do Brasil”, afirma a nota. Ainda segundo o texto, a participação de petistas tem sido constante na “fabricação de falsos dossiês”.

Para o PSDB, a obra como “uma eviana tentativa de atribuir irregularidades aos processos de privatização no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso e acusar o Partido e os seus líderes de participar de ações criminosas”. A nota diz ainda que nenhum órgão de controle constatou qualquer irregularidade em todo o processo.

“Infâmia”

A nota publicada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no site Observador Político não faz ataques diretos, a não ser aoo próprio autor do livro. Ele definiu a obra como “infâmia” e lembrou o caso do “Dossiê Cayman”, em que ele mesmo foi acusado de possuir uma conta milionária na ilha. “Quero deixar registrado meu protesto e minha solidariedade às vítimas da infâmia e pedir à direção do PSDB, seus líderes, militantes e simpatizantes que reajam com indignação. Chega de assassinatos morais de inocentes. Se dúvidas houver, e nós não temos, que se apele à Justiça, nunca à infâmia”, conclui.

A íntegra da nota do PSDB:

“O PSDB repudia veementemente a mais recente e leviana tentativa de atribuir irregularidades aos processos de privatização no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso e acusar o Partido e os seus líderes de participar de ações criminosas.

As privatizações viabilizaram a modernização da economia brasileira, com centenas de bilhões de investimentos em serviços essenciais e a geração de milhares de empregos.

Todo o processo foi exaustivamente auditado pelo Tribunal de Contas da União, Ministério Público Federal e outros órgãos de controle, e nenhuma irregularidade foi constatada.

O livro agora publicado tem as mesmas características de farsas anteriores, desmascaradas pela polícia, como a “Lista de Furnas”, o “Dossiê Cayman” e o caso dos “Aloprados”. Seu autor é um indiciado pela Polícia Federal por quatro crimes, incluindo corrupção ativa e uso de documentos falsos.

Uma constante dessa fabricação de falsos dossiês tem sido a participação de membros e agentes do Partido dos Trabalhadores. Os que não se envolvem diretamente nas falsificações não têm pudor de endossá-las publicamente, protegidos, alguns deles, pela imunidade parlamentar.

A nova investida ocorre num momento em que o PT está atolado em denúncias de corrupção que já derrubaram seis ministros, e aguarda ansiosamente o julgamento do Mensalão, maior escândalo de corrupção de que se tem notícia na história do Brasil.

Serão tomadas medidas judiciais cabíveis contra o autor e os associados às calúnias desse livro.

Brasília, 15 de dezembro de 2011

Deputado SÉRGIO GUERRA

Presidente Nacional do PSDB”

A nota de Fernando Henrique Cardoso

A infâmia, infelizmente, tem sido parte da política partidária. Eu mesmo, junto com eminentes homens públicos do PSDB, fomos vítimas em mais de uma ocasião, a mais notória das quais foi o “Dossiê Cayman”, uma papelada forjada por falsários em Miami para dizer que possuíamos uma conta de centenas de milhões de dólares na referida ilha. Foi preciso que o FBI pusesse na cadeia os malandros que produziram a papelada para que as vozes interessadas em nos desmoralizar se calassem. Ainda nesta semana a imprensa mostrou quem fez a papelada e quem comprou o falso dossiê Cayman para usá-lo em campanhas eleitorais contra os tucanos. Esse foi o primeiro. Quem não se lembra, também, do “Dossiê dos Aloprados” e do “Dossiê de Furnas”, desmascarado nestes dias?

Na mesma tecla da infâmia, um jornalista indiciado pela Polícia Federal por haver armado outro dossiê contra o candidato do PSDB na campanha de 2010, fabrica agora “acusações”, especialmente, mas não só, contra José Serra. Na audácia de quem já tem experiência em fabricar “documentos” não se peja em atacar familiares, como o genro e a filha do alvo principal, que, sem ter culpa nenhuma no cartório, acabam por sofrer as conseqüências da calúnia organizada, inclusive na sua vida profissional.

Por estas razões, quero deixar registrado meu protesto e minha solidariedade às vítimas da infâmia e pedir à direção do PSDB, seus líderes, militantes e simpatizantes que reajam com indignação. Chega de assassinatos morais de inocentes. Se dúvidas houver, e nós não temos, que se apele à Justiça, nunca à infâmia.

São Paulo, 15 de dezembro de 2011

Fernando Henrique Cardoso

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[Daniel Bramatti é jornalista do O Estado de S.Paulo]

OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA 1/3







O ANO EM QUE UM LIVRO DESMASCAROU A IMPRENSA

“Se a Gazeta Esportiva não deu, ninguém sabe o que aconteceu”. (Slogan de um antigo jornal de São Paulo, nos tempos pré-internet, que ainda inspira muitos jornalistas brasileiros).

Daqui a cem anos, quando os historiadores do futuro contarem a história da velha mídia brasileira, certamente vão reservar um capítulo especial para o que aconteceu em 2011.

Foi o ano em que um livro desmascarou o que ainda restava de importância e influência da chamada grande imprensa na formação da opinião pública brasileira.

O suicídio coletivo foi provocado pelo lançamento de um livro polêmico, A Privataria Tucana, do premiado repórter Amaury Ribeiro Júnior, com denúncias sobre o destino dado a bilhões de reais na época do processo de privatização promovido nos anos FHC.

Como envolve personagens do alto tucanato em nebulosas viagens de dinheiro pelo mundo, o livro foi primeiro ignorado pelos principais veículos do país, com exceção da revista CartaCapital e dos telejornais da Rede Record.

Nos dias seguintes, os poucos que se atreveram a tocar no assunto se limitaram a detonar o livro e o seu autor. Sem entrar no mérito da obra, o fato é que, em poucos dias, A Privataria Tucana alcançou o topo dos livros mais vendidos do país e invadiu as redes sociais, tornando-se tema dominante nas rodas de conversa do Brasil que tem acesso à internet.

No fim de semana, o fenômeno editorial apareceu nas listas de jornais e revistas, mas não mereceu qualquer resenha ou reportagem sobre o seu conteúdo.

Livro apagado

Em 47 anos de trabalho nas principais redações da imprensa brasileira, com exceção da revista Veja, nunca tinha visto nada igual, nem mesmo na época da ditadura militar, quando a gente não era proibido de escrever, apenas os censores não deixavam publicar.

Foi como se todos houvessem combinado que o livro simplesmente não existiria. Esqueceram-se que há alguns anos o mundo foi revolucionado por um negócio chamado internet, em que todos nos tornamos emissores e receptores de informações, tornando-se impossível esconder qualquer notícia.

O que mais me espantou foi o silêncio dos principais colunistas e blogueiros do país – falo dos profissionais considerados sérios –, muitos deles meus amigos e mestres no ofício, que sempre preservaram sua independência, mesmo quando discordavam da posição editorial da empresa onde estão trabalhando. Nenhum deles ousou escrever, nem bem nem mal, sobre A Privataria Tucana, com a honrosa exceção de José Simão.

Alguns ainda tentaram dar alguma desculpa esfarrapada, como falta de tempo para ler e investigar os documentos publicados no livro, mas a grande maioria simplesmente saiu por aí assobiando e mudando de assunto.

O que aconteceu? Faz algum tempo, as entidades representativas da velha mídia criaram o Instituto Millenium, uma instituição voltada à defesa dos seus interesses e negócios, o que é muito justo.

Sob a bandeira da “defesa da liberdade de expressão”, segundo eles sempre ameaçada por malfeitores do PT e de setores do governo federal, os barões da mídia promoveram vários saraus para denunciar os perigos que enfrentavam. O principal deles, claro, era “a volta da censura”.

Pois a censura voltou a imperar escandalosamente na semana passada, só que, desta vez, não promovida por órgãos do Estado, mas pelas próprias empresas jornalísticas abrigadas no Millenium, que decidiram apagar do mapa, não uma reportagem ou uma foto, mas um livro.

Briga com os fatos

O episódio certamente será um divisor de águas no relacionamento entre a grande imprensa e seus clientes. Por mais que cada vez menos gente acreditasse nessa conversa, seus porta-vozes sempre insistiam em garantir que a mídia grande era independente, apartidária, isenta, preocupada apenas em contar o que está acontecendo e denunciar os malfeitos do governo, em defesa do interesse nacional e da felicidade de todos.

Agora, caiu definitivamente a máscara. Neste fim de semana, ouvi de várias pessoas, em diferentes ambientes, que vão cancelar assinaturas de publicações em que não confiam mais.

Como jornalista ainda apaixonado pela profissão, fico triste com tudo isso, mas não posso brigar com os fatos. Foi vergonhoso ver o que aconteceu e não deu para esconder. Graças à internet, todo mundo ficou sabendo.

E agora? O que vão dizer aos seus ouvintes, leitores e telespectadores?

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20/12/2011
Ricardo Kotscho é jornalista

SELEÇÃO DE DENÚNCIAS NÃO PUBLICÁVEIS

A editora que lançou Privataria Tucana – cuja obra denuncia a pirataria praticada com o dinheiro público em benefício de fortunas privadas, tendo o ex-governador José Serra e o ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil e ex-tesoureiro das campanhas eleitorais de Serra e de FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira, como personagens principais –acertou na mosca ao trocar noite de autógrafos por um Twitcam com o autor do livro, o jornalista Amaury Ribeiro Jr., em São Paulo, 9 de dezembro: o vídeo transformou-se em comunicação viral.

São mais de 140 minutos de entrevista a um seleto grupo de blogueiros e jornalistas. E, logo no início do vídeo, a primeira resposta dada aos entrevistadores pelo mais que serendipitoso jornalista autor das denúncias revela que não é somente a fina flor de políticos piratas que terá de se haver com a opinião pública. Nossa imprensa está devendo muitas explicações aos cidadãos brasileiros, como aponta o diálogo abaixo:

“Amaury, quem é mais importante para entender essa história: Ricardo Sérgio ou Serra”?

“A imprensa.”

“Como? Por que a imprensa?”

“A imprensa é mais importante porque estou tentando publicar essas denúncias há mais de 20 anos...”

Silêncio ensurdecedor

As cáusticas declarações dadas pelo ganhador de vários prêmios Esso já preencheriam os critérios de noticiabilidade para ocupar as editorias políticas da imprensa nacional. Inclusive, do “grande jornal dos mineiros”, onde Amaury fez uma reportagem investigativa, encomendada pelo Estado de Minas, sobre uma rede de espionagem estimulada pelo ex-governador paulista José Serra para levantar um dossiê contra o ex-governador mineiro Aécio Neves. A matéria foi a “bala na agulha” que disparou outras investigações mais amplas, culminando em Privataria Tucana, obraque demandou 12 anos de pesquisas, sendo que um terço das 334 páginas é dedicado a fartos documentos, com riqueza de detalhes, sobre negociatas na venda de empresas estatais entre 1995 e 2002.

Aliás, a forma como o autor obteve grande parte dos documentos que embasaram o livro não deixa de ser um critério jornalístico relevante: Amaury recorreu a um procedimento do direito penal chamado exceção da verdade, isto é, quando alguém é processado por calúnia, tem o direito de provar que o que está dizendo é verdadeiro. Por isso, quando o jornalista foi processado por Ricardo Sérgio por danos morais, ele teve acesso a todos os documentos da CPI do Banestado que envolviam o ex-tesoureiro de Serra. Junte-se a isso o fenômeno editorial de Privataria que vendeu, em menos de 24 horas, os primeiros 15 mil exemplares e mal teve tempo de chegar às livrarias do Brasil, pois, graças à blogosfera, o livro está sendo disputado a preço de capa, literalmente. Há filas de espera para as 80 mil novas cópias da 2ª edição, mesmo com o polêmico vazamento da obra em .PDF nas redes sociais.

Então, como calar-se diante desse silêncio ensurdecedor da mídia tradicional, que tem ignorado solenemente (exceção de CartaCapital, Record News e TV Record) essa notícia de interesse público? Como sair em defesa da liberdade de imprensa, se essa liberdade é levianamente tratada segundo critérios de conivência partidária de empresas jornalísticas? O mesmo tom de indignação é compartilhado por Ricardo Kotscho que, em seu blog, dispara: “Para quê e para quem, afinal, serve esta liberdade de imprensa pela qual todos nós lutamos durante os tempos da ditadura, que eles apoiaram, e hoje é propriedade privada de meia dúzia de barões da mídia que decidem o que devemos ou não saber?”

Condenado à inexistência

Teoricamente, essa prática infame da mídia tradicional pode ser explicada pela Hipótese da Espiral do Silêncio, uma das correntes das teorias da Comunicação, formulada pela alemã Elisabeth Noelle-Neumann (1984), segundo a qual o ponto de vista mais visível e explícito acaba por dominar a cena pública e o outro desaparece da consciência do público, devido ao fato dos seus apoiantes ficarem silenciosos, por terem medo de contrariar o status quo.
Contextualizando: como tudo indica que o ponto de vista da grande mídia está atrelado ao establishment partidário do ex-governador paulista, notícias sobre as denúncias de Privataria Tucana estão sendo sumariamente eliminadas das pautas jornalísticas para não contrariar os interesses nada ocultos do tucano-mor. Em outro dizer, os tais meia dúzia de barões da mídia estão definindo os assuntos, ou melhor, as denúncias sobre as quais cada cidadão se preocupará e discutirá.

Exemplo explícito? Há uma semana, quando o livro foi lançado, a mídia tradicional dava (e continua dando) repercussão a todo tipo de denúncia, como as que envolvem o ministro Fernando Pimentel, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e o publicitário Marcos Valério, mas não repercute as de lavagem de dinheiro público escancaradas na obra de Amaury.
Com efeito, podemos inferir que o objetivo desse silêncio midiático é “alienar” os cidadãos das denúncias bem documentadas pelo jornalista, de modo que Privataria Tucana seja condenado à inexistência social, reforçando a máxima de que só se torna notícia, de fato, aquilo que se lê e se vê na grande mídia. E o que é pior: não há mais dúvida nenhuma de que denúncias são publicadas de maneira imoral e indefensavelmente seletiva pela imprensa do “mundo real”.

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20.12.2011
Valéria Said Tótaro é jornalista, articulista e professora de Ética e Deontologia do Jornalismo

O BRASIL NÃO CONHECE O BRASIL

Na semana passada, o portal G1, do grupo Globo, enviou a Rio Branco, no Acre, uma repórter para documentar o que seus editores consideravam uma curiosidade digna de suas telas: a inauguração do primeiro grande shopping center da cidade.
A jovem cumpriu a encomenda com disciplina: o texto, intitulado “Primeiro shoping muda hábitos da população do Acre” é um primor de jornalismo provinciano: aquele que, embora produzido a partir de um ambiente cosmopolita, enxerga apenas uma fração do objeto analisado, reforçando ideias preconcebidas.

A jornalista tomou um táxi no Hotel Terra Verde, se deslocou até o centro de compras, onde realizou as entrevistas, depois conversou com lojistas da cidade, escreveu sua reportagem e passou horas no saguão do hotel lendo os comentários dos leitores.

A reportagem deu curso a uma sucessão de manifestações preconceituosas contra as populações do norte e do nordeste do país, revelando que o brasileiro não conhece o Brasil.

O texto da jornalista, correto do ponto de vista da pauta que lhe foi encomendada, revela, porém, certos vícios do jornalismo brasileiro contemporâneo: a ênfase no aspecto comercial, a obsessão por infográficos e estatísticas e nenhuma sensibilidade para contextos sociais e culturais envolvidos com o tema.

Só curiosidade

Se tivesse saído um pouquinho da rota traçada por seus editores, a repórter teria descoberto uma cidade interessante, provavelmente a capital do país que mais mudou nos últimos vinte anos, transformando-se de uma aldeia lamacenta em uma cidade vibrante, alegre, cheia de novidades e que, no entanto, preserva muito de suas características tradicionais.

Se tivesse parado para olhar os acrianos (com “i”, segundo o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, conforme lembra o texto), a repórter teria conhecido o estado mais republicano do Brasil, onde as crianças aprendem o hino nacional e o hino do estado, conhecem a bandeira nacional e a do estado – sem, no entanto, o aspecto separatista e xenófobo que caracteriza outras regiões do país.

Teria observado que em Rio Branco, a capital, pode-se acessar a internet gratuitamente em vários locais públicos, como praças; que há mais bibliotecas públicas, proporcionalmente à população, do que em qualquer outra capital; que há mais semáforos com temporizador do que em São Paulo e que o sistema de trânsito foi planejado recentemente, levando em conta o fenômeno do crescimento das cidades médias e as mudanças de hábitos de uma população tipicamente rural.

E que a mudança de hábitos é causada pelas transformações ocorridas nessas cidades, não pela inauguração de um shoping center.


A reportagem sobre o shoping acabou sendo apenas isso: uma curiosidade. Mas poderia ter sido uma oportunidade para mostrar aos brasileiros a gente que habita esse pedaço de terra que foi grudado ao território nacional pela vontade dos acrianos.


Observatório na TV

A falta de conhecimento sobre o que acontece ao norte de Minas Gerais é uma antiga falha da chamada grande imprensa brasileira. Por consequência, cidadãos do sul-sudeste seguem ignorando muito da riqueza cultural de sua terra.
Quando chega à pauta da mídia de circulação nacional, a notícia ainda vem carregada de preconceitos. O cidadão comum das grandes capitais, cliente da imprensa tradicional, fica, dessa forma, impossibilitado de participar da formulação de uma ideia de país, e, consequentemente, de formar opinião sobre planos de governo e propostas de políticas públicas.

Parte desse lapso se deve também à ignorância sobre como funciona a imprensa regional, sobre como a concentração dos meios de comunicação estende sua influência dos grandes centros para as principais capitais do país.

O Observatório da Imprensa na TV visita o norte do país nesta terça-feira (20/12) para mostrar como é difícil fazer um jornalismo sério e independente nos lugares onde a propriedade cruzada dos meios de comunicação se combina com o domínio do poder político pela imprensa.

Alberto Dines foi a Belém (PA) entrevistar o jornalista Lúcio Flávio Pinto, editor do Jornal Pessoal, um periódico quase artesanal que busca levar aos paraenses aquilo que não ganha espaço na poderosa mídia local. Na conversa com Dines, Lúcio Flávio fala de questões ambientais e econômicas que afetam a região e de sua luta para conseguir manter o jornal em circulação.

As denúncias ganham espaço, mas cobram seu preço: o jornalista já recebeu diversas ameaças de morte e é feito refém por mais de trinta processos – muitos com características de litigância de má-fé. Sua rotina perigosa é a realidade para muitos outros jornalistas pelo Brasil afora.

É um programa instigante que mostra o outro lado da imprensa brasileira. O Observatório da Imprensa vai ar na terça-feira, às 22 horas, em cadeia nacional pela TV Brasil. Em São Paulo pelo canal 4 da Net e 116 da Sky.

Por Luciano Martins Costa em 20/12/2011