Eles estão aumentando... Os neopentecostais na política partidária brasileira. Ou alguém ainda não reparou na quantidade de candidatos a vereador ou prefeito representantes dessa nova doutrina evangélica? Eles crescem em número, conforme constatou o IBGE, e provavelmente isso se refletirá na eleição de bancadas nas câmaras municipais.
Por enquanto, parece que o resultado das pesquisas de campanha para a prefeitura paulistana está demostrando essa tendência. Elas indicam o bom posicionamento de Celso Russomanno. Além de ser do PRB, ele é conhecido do público da TV Record, onde obteve grande visibilidade entre os neopentecostais com seu programa Patrulha do Consumidor.
Já no Rio de Janeiro, o zumzumzum diz que os votos dos templos da Igreja Universal irão para Eduardo Paes, podendo garantir sua reeleição ainda no primeiro turno.
Nem sempre foi assim. Na década de 1980, havia a Teologia da Libertação, o movimento católico ideológico que difundia o cristianismo a favor dos excluídos e oprimidos. Sua prática pastoral optava politicamente pelos pobres e o PT se beneficiou com a ação de padres e religiosos progressistas solidários, principalmente no interior.
Agora o momento é da Teologia da Prosperidade (entendida só como bem-estar material). Festiva, voltada para a juventude. Criada pelos neopentecostais que, para início de conversa, são contra o ecumenismo, sincretismo, religiões afro-brasileiras, mediunidade, kardecismo e psicografia.
Comandados por líderes fortes e carismáticos, costumam lançar-se à “guerra espiritual”. Nela, não admitem nenhuma concorrência na prestação de serviços místicos, transes ou catarse para amenizar o sofrimento de fiéis.
Disseminam a crença de que a origem de doenças, misérias, vícios, violências, angústias, problemas emocionais e matrimoniais é por conta do demônio. Assustador. Ainda mais quando é apregoada a “cura divina”.
Convencidas de que estão com o diabo no corpo, pessoas carentes, aflitas ou surtadas acabam se submetendo a exorcismos enlouquecedores. E se rendem... Os fiéis acreditam na “cura” milagrosa. No caso do agravamento de uma enfermidade como a epilepsia é melhor nem pensar no que pode acontecer.
Importa aqui considerar a possibilidade dos líderes neopentecostais terem hoje, em certos lugares, mais poder do que os coronéis de antigamente com seus currais eleitorais. Seus seguidores formam uma massa de eleitores que pode ser decisiva na contagem final de votos de uma eleição apertada.
04 de setembro de 2012
Ateneia Feijó é jornalista