O deputado Natan Donadon (sem partido-RO), que foi condenado por desvio de recursos públicos e está preso desde o dia 28 de junho, ainda não devolveu à Câmara o apartamento funcional que ocupava enquanto estava no exercício do mandato. O prazo para a devolução do apartamento funcional termina no próximo dia 16. Antes do recesso, logo depois que ele foi preso, a Mesa Diretora da Câmara decidiu suspender o pagamento do subsídio parlamentar e de todas as verbas do mandato do deputado. Também aprovou a exoneração dos funcionários do gabinete dele, sob o entendimento de que ele, embora ainda seja detentor de mandato parlamentar, não está no exercício parlamentar.
Segundo a assessoria da Câmara, após o dia 16, ele pagará multa diária pela não devolução do apartamento. A multa é de R$ 126,66 reais por dia (o valor do auxílio moradia pago aos que não tem direito a funcional, de R$ 3,8 mil, divididos por 30).
Segundo a assessoria da Câmara, no dia 12 de julho a Casa notificou sobre a obrigação de entrega das chaves do imóvel ocupado pela família do deputado Natan Donadon. A mulher do parlamentar negou-se a assinar o documento, segundo afirmou a Câmara. Uma certidão de recusa do recedimento da notificação foi entregue à mulher de Donadon no dia 17 do mesmo mês, quando começou a contar o prazo para a família sair do apartamento. Se o prazo chegar ao fim sem que a família do deputado entregue o imóvel, a Câmara comunicará por ofício o fim do prazo e esse documento será usado para instruir um possível processo judicial de reintegração de posse pela Advocacia Geral da União (AGU).
Ontem o deputado Sérgio Zveiter (PSD-RJ) entregou, à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ), o parecer pela perda do mandato de Donadon. O presidente da CCJ, Décio Lima (PT-SC) convocou sessão da comissão para quarta-feira, para tentar votar o parecer. A expectativa de que a votação da perda do mandato de Donadon, no plenário da Casa, seja feita já na próxima semana.
Na CCJ, a votação do parecer é aberta, ao contrário do plenário da Casa, onde a perda do mandato é por votação secreta. Para a aprovação do parecer é exigida maioria simples ( metade mais um dos presentes), desde que haja 34 deputados para a abertura da sessão. Se a perda do mandato for aprovada, o relatório é publicado e enviado à Presidência da Câmara que tem que aguardar duas sessões para pautar em plenário.
O presidente Henrique Alves tem dito que, assim que for votado na CCJ, o processo será pautado em plenário, o que deverá acontecer entre os dias 20 e 21 de agosto. Para que a perda do mandato seja aprovada, são necessários pelo menos 257 votos a favor. A votação em plenário é secreta.
A denúncia contra Donadon foi recebida pelo Tribunal de Justiça de Rondônia em 2002. Como ele havia sido eleito deputado federal, o processo subiu para o Supremo, que o condenou em outubro de 2010. Mas, a defesa recorreu por duas vezes, e somente no final de junho a sentença foi considerada transitada em julgado.
14 de agosto de 2013
Isabel Braga - O Globo