"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 8 de julho de 2012

FERREIRA GULLAR

REFLEXÕES SOBRE COMO COLOCAR FREIOS NO CAPITALISMO

Capitalismo Social é mais uma fase antes de chegarmos às propostas enunciadas como Boas Novas pelo espírito angélico que conhecemos pelo nome de Jesus, quando por aqui esteve de passagem pela última vez.
Dois segmentos trabalham para colocar freios no capitalismo:

1. os tachados de ecochatos, mas que estão conseguindo seus objetivos, quais sejam, despertar na população a consciência de preservação do nosso meio ambiente, da nossa casa, o planetinha Terra – planetinha porque em relação ao Universo não passa de um grão de areia –,

2. os espiritualistas, que na difusão de que real é o mundo espiritual e o nosso aqui, terreno, passageiro, tentam fazer compreender que com a reencarnação a justiça não falha – independente de comprarmos o Supremo – e aí, produzir ao preço que o liberalismo cristão produz, ou, ao preço que o materialismo absolutista produzia na Alemanha Oiental e continua produzindo na China, onde se uniram, não trará recompensa para ninguém. Salvo, se considerarmos como recompensa a miséria ignorada e desconsiderada, e a mortandade em série seja pela fome ou pela morte dos contrários, que é o que se nos apresenta atualmente com os dois sistemas em vigor, capitalismo e comunismo.

As quatro principais religiões são cúmplices no processo. Pela ordem de chegada: judaísmo, materialismo, cristianismo e islamismo, sendo o materialismo ressuscitado pelos cristãos, em função da sua desastrosa atuação no campo social, até hoje.

Não há como separar política da religião, pois são faces da mesma moeda. Uns se permitem matar os viventes de outro país em nome de seu Deus e de suas concepções, e outros matam os viventes do próprio país se estes não aceitarem as concepções do materialismo como dogma de Estado, onde o ser humano não passa de matéria que anda e fala e tem 5 sentidos, mas pensar é proibido. Quais são mais intransigentes nas suas concepções ?

Capitalismo Social vê no processo de produção da livre iniciativa o sistema de melhores resultados materiais, e, no desmonte das Monarquias Absolutistas ainda em vigor, Monarquias Republicanas como as existentes nos países ditos democráticos, ou naqueles onde impera agora o Estado Absolutista em substituição às Monarquias citadas, o primeiro passo rumo a repartição equânime dos resultados obtidos da associação entre capital e trabalho.

Ninguém está proibido de ser rico, desde que não seja às custas da pobreza dos outros. Comprovadamente tem para todos, mas o principal entrave para uma melhor repartição da riqueza produzida reside no fato dela ser recolhida para posterior distribuição pelo Estado e este ser dominado por inúteis e/ou aproveitadores, sejam capitalistas ou comunistas, aristocratas, oligarcas, burgueses ou sindicalistas, cristãos ou não, pois legislam, executam e julgam em causa própria.

08 de julho de 2012
Martim Berto Fuchs

TÚNEL DO TEMPO

“O Plano Real é mais um instrumento a serviço da elite capitalista”.

José Dirceu, em julho de 1994, logo depois da implantação do plano que livrou o país da falência e alguns anos antes de descobrir que a melhor maneira de acabar com o capitalismo é ser “consultor” de capitalistas selvagens.

08 de julho de 2012

AINDA OS PASSAPORTES DIPLOMÁTICOS

Quase dois anos depois das imorais emissões de passaportes diplomáticos para a família Buscapé da Silva, o MP consegue via "pressão" a devolução do último ilegal passaporte diplomático que estava em mãos Buscapéanas.
Cláudio Luis um dos filhos do EX presidente Defuntus Sebentus teve seu passaporte diplomático cassado e a pedido do MP ele tem um prazo para devolução sob pena de apreensão do mesmo pela PF.
Certo que o passaporte já está suspenso e o rebentão presidencial não pode mais sentir-se acima dos pobres mortais da pocilga quando for comprar muamba em Miami.
Essa situação dos diplomáticos só tomou corpo porque parte da imprensa livre e os Blogueiros pela democracia ficaram alguns meses cobrando transparência e o fim de certas regalias que o vergonhoso Itamaraty pós Sebento andou distribuindo para os amigos Del'Rey e seus familiares.
Seis dos sete filhos e netos do Sebentão já haviam devolvido os diplomáticos muito contra a vontade, mas obedecendo ordens do MP. O último ficou cozinhando em banho maria por conta de uma certa arrogância e prepotência do filhinho do Sebento. O Rapaz acreditava que seu papai era o dono da porcada e ficou de posse até os 45 do segundo tempo. Agora pouco importa se ele devolve ou não o documento, o que importa de verdade é que o mesmo FOI SUSPENSO e perdeu a validade.
Ainda estão espalhados pela pocilga uns quase 300 diplomáticos em condições no mínimo duvidosas, agora cabe ao MP continuar investigando e tirando esse privilégio de gente que pelo bem do Brasil só fez é chupar as bolas de algumas Ratazanas Vermelhas.
Demorô, mas acabô. Aleluia!!!
08 de julho de 2012
omascate

CRIME DE IMPRENSA

Deu no Balaio do Kotcho: “Crime de Imprensa” lembra a campanha de 2010



O livro “Crime de Imprensa” ainda não chegou às livrarias, nem deve chegar tão cedo. Seus autores, os jornalistas Mylton Severiano, o Myltainho, e Palmério Dória, não estão muito otimistas. Na contra-capa, eles já avisam que se trata de um livro “sobre o qual você não vai ver nenhuma resenha nem menção alguma em nenhum veículo da grande mídia”.

Já que é assim, vamos falar dele em primeira mão aqui mesmo no Balaio. Trata-se do primeiro livro escrito sobre a cobertura jornalística da campanha de de 2010 em que Dilma Rousseff, do PT, foi eleita presidente da República contra a vontade de toda a grande mídia brasileira, que apoiava o candidato derrotado José Serra, do PSDB.

“Um retrato da mídia brasileira murdoquizada” é o sub-título do livro de Myltainho e Palmério, os mesmos autores do best-seller “Honoráveis Bandidos”. Lançado pela editora Plena, pode ser comprado por R$ 35,00 no site www.plenaeditorial.com.br.

Na apresentação da obra de 138 páginas, os veteranos jornalistas com passagens marcantes pelas principais redações do país, anunciam:

“Crime de Imprensa” é o primeiro livro a mostrar, na história das eleições, como se comporta a mídia corporativa antipopular e atrelada a interesses que não coincidem com a vontade do nosso povo. Uma mídia que não hesita em usar os mesmos métodos do inescrupuloso magnata das comunicações Rudolph Murdoch”.

Os autores pretendem transmitir a “perplexidade das pessoas lúcidas deste País, não só com a cobertura jornalística falsamente `isenta´das campanhas eleitorais, mas também com a posição dos grandes veículos de comunicação diante de outros episódios das vida brasileira”.

Os leitores vão descobrir coisas que jamais leram na imprensa nem viram nos telejornais: o candidato que se tornou onipresente, gravando falas em São Paulo e ao mesmo tempo desfilando em carro aberto no Tocantins; a cartilha do MEC espinafrada e até chamada de criminosa por colunistas que leram apenas uma frase de um capítulo ou nem mesmo leram nada.

No capítulo “E os aprendizes de Murdoch não desistem”, o livro reproduz trecho de um texto que escrevi no Balaio às vésperas da eleição de 2010:

“Jamais tinha visto nada parecido na cobertura de uma eleição _ tamanhas baixarias, tantos preconceitos, discursos tão vis e cínicos, textos inacreditavelmente sórdidos publicados em blogs e colunas. No melhor momento social e econômico da história recente do país, chegamos ao fundo do poço na política”.

Um ano depois, podemos constatar que, infelizmente, nada mudou, mas é bom lembrar o que aconteceu para que esta vergonha não se repita nas próximas eleições presidenciais.
Trecho do primeiro capítulo do livro (“A bolinha de papel que pesava 2 quilos”):

“(…) Jacob Kligerman disse à imprensa que não houve ferimento algum, mas providenciou uma tomografia (jamais divulgada) e recomendou repouso _ tirado a seguir numa churrascaria de luxo na zona sul do Rio. Ali, a bolinha de papel atirada pelo anônimo cidadão, tinha virado uma bobina de fita crepe, logo transformada em “uma coisa grande”, que o vice do tucano, Índio da Costa, avaliou em 2 quilos, e a Folha publicou, peso para o qual o candidato Serra deu um desconto camarada: era só meio quilo _ que, a não ser que fosse uma almofada de plumas, de todo modo lhe teria fraturado o crânio.

Colado a José Serra no calçadão de Campo Grande, caminhava Fernando Gabeira, experiente repórter, que afirmou não ter visto “coisa grande” alguma atingir a cabeça do tucano. Naqueles instantes, o ex-guerrilheiro Gabeira, desmerecendo mais uma vez sua biografia, posava como vice virtual de Serra, já que o verdadeiro, o citado Índio da Costa, estava completamente desmoralizado”.

Leia no Balaio.

08 de julho de 2012

LIVROS...

Pode parecer óbvio, mas como dizia Nelson Rodrigues só os profetas enxergam o óbvio
Até o início da década de 1950, só havia no Brasil grandes diários de famílias alinhados contra governos populares, ou no máximo indiferentes.
Voltando Getúlio Vargas ao Catete nos braços do povo, como havia anunciado em 1945 ao ser apeado do poder, o óbvio jornalístico se materializa na forma de ÚLTIMA HORA, jornal popular em defesa de um governo popular – a favor das causas dos trabalhadores e das classes médias, da Petrobras, das medidas antitruste de Getúlio.

Em 1954, brandindo a bandeira contra a corrupção, toda a imprensa, exceto ÚLTIMA HORA, fez tal campanha contra certo “mar de lama”, que levou GV ao suicídio e só não sepultou UH porque o clamor popular impediu o golpe que ali vinha.

1964. Coroando uma campanha contra o “comunismo” que ia assaltar o poder, e de novo brandindo a bandeira contra a corrupção, toda a imprensa, exceto ÚLTIMA HORA, amparou enfim o golpe adiado em 1954 pelo tiro que GV se deu no peito. UH, era óbvio, sobreviveria uns poucos anos.

A linha popular, porém, ganharia status de jornalismo “cult” – embora num episódio efêmero – por obra de um ex-repórter de UH, Paulo Patarra, nem poderia ser por acaso. Paulo, agora trabalhando na Abril, sugere ao dono, Victor Civita, que lance uma revista mensal de reportagens. O curto diálogo que se seguiu convenceu VC:
“Mas nunca ninguém fez isso.”
“Justamente porque ninguém fez é que vai dar certo”, replicou o vitorioso Paulinho. Sua criação, REALIDADE, esgotou nas bancas a tiragem de 250 mil exemplares do número 1 e chegou a vender mais de meio milhão de exemplares, até ser abatida em pleno voo pelo maldito AI-5 em 13 de dezembro de 1968.

Anos de 1970. Jornalistas vindos de REALIDADE, capitaneados por Sérgio de Souza, durante apenas um ano, põem nas bancas a revista de contracultura O BONDINHO. A tentativa de jornalismo popular morreu de inanição, ignorada pelos anunciantes. Mas também virou “cult”.

1973. o mesmo Sérgio, o Serjão, funda com Narciso Kalili e Eduardo Barreto, estes dois também vindos de REALIDADE, o jornal EX-, mensário – logo transformado em “de-vez-em-quandário” por razões óbvias. Nesta redação, pela primeira vez os autores de CRIME DE IMPRENSA trabalham juntos e afinados. Ali, o escritor João Antônio cunhou a expressão “imprensa nanica” para nos classificar.

1975. O EX- é a única publicação a ir às bancas com extenso relato sobre o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, o Vlado, numa reportagem que acuou a ditadura militar e animou o movimento pela anistia. Óbvio que, visitados por policiais que vieram notificá-los de que passavam a sofrer censura prévia, os jornalistas do EX- decidiram fechar suas portas.

1976. Idealizado por Hamilton Almeida Filho, que tinha passagens por REALIDADE, O BONDINHO e EX-, surge EXTRA – REALIDADE BRASILEIRA. O sagaz Haf, notando que a lei de imprensa da ditadura excluía da censura prévia os livros, lançou o livro-reportagem. O volume 1, O ÓPIO DO POVO, trouxe a primeira devassa nos bastidores da Rede Globo. Mas depois de outros três livros-reportagem, a Polícia Federal descobriu os meliantes. E o EXTRA fechou.

1977. O grupo de jornalistas ao qual pertenciam os autores de CRIME DE IMPRENSA vai quase em peso trabalhar com o gênio criador de UH: Samuel Wainer. Ele tinha sido obrigado a desfazer-se de seu jornal e abriu o semanário AQUI-SÃO PAULO, de política, reportagem e comportamento, tendo como editor-chefe Serjão.
Por suas relações com grandes empresários, Samuel conseguiu dois automoveizinhos Dodge, em cujas latarias mandou pintar o logotipo do jornal e os números 23 e 29, para dar impressão de que aquele nanico era uma potência. Foi sua derradeira aventura. O jornal durou pouco mais de um ano. Mas deu o tom de jornalismo popular da época, ao dar, como uma de suas últimas manchetes:

ESTADO DE DIREITO JÁ!

1978. Uma tentativa de reeditar o jornalismo popular de REALIDADE. A mesma turma, por sinal chefiada pelo próprio criador de REALIDADE, Paulo Patarra, põe nas ruas a revista REPÓRTER TRÊS. A equipe é reforçada por Fernando Morais e Caco Barcelos, entre outros.
Depois de um número 1 com matérias sobre o esquadrão da morte e seu chefe, o delegado famigerado Sérgio Fleury, sobre a Nicarágua vivendo uma revolução, sobre a fragilidade da segurança na usina nuclear de Angra, a equipe preparava o segundo número tendo como chamada principal na capa: O MELHOR FUTEBOL DO MUNDO NO PAÍS DOS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO, sobre a Copa de 1978 na Argentina. É óbvio que o dono, Domingo Alzugaray, ainda por cima argentino, nos arrancou a revista das mãos.

Outra obviedade é que os autores de CRIME DE IMPRENSA e sua turma cada vez mais sentiam dificuldade para encontrar emprego na grande mídia. Estávamos sendo empurrados para uma saída encontrada pouco antes: livro-reportagem. O primeiro da série abordou assunto pioneiro, A GUERRILHA DO ARAGUAIA, de Palmério Dória com ajuda do fotógrafo Vincent Carelli, anos depois cineasta de CORUMBIARA, premiado no Festival de Gramado.

O filão aberto do livro-reportagem presenteou o público leitor nesses anos todos com trabalhos como OLGA, de Fernando Morais; ROTA 66 – A polícia que mata, de Caco Barcellos; MATARAM O PRESIDENTE – Memórias do pistoleiro que mudou a história do Brasil, de Palmério Dória, entre tantos.
Numa época em que certos arautos do mau jornalismo anunciam o fim da grande reportagem, mesmo contrariando provas vindas de toda parte, os autores de CRIME DE IMPRENSA se orgulham de figurar no time dos que acreditam nela, na grande reportagem. Em setembro de 2009, puseram na rua HONORÁVEIS BANDIDOS – Um retrato do Brasil na era Sarney. Uma reportagem de 250 páginas que, nos primeiros três ou quatro meses, bateu nos 100 mil exemplares vendidos. Mas como a grande reportagem morreu. É óbvio que não.

Agora, oferecem ao público leitor CRIME DE IMPRENSA – Um retrato da mídia brasileira murdoquizada. Mais uma vez, como é que a grande mídia não enxergou tão óbvio assunto? Por óbvias razões. CRIME DE IMPRENSA é o primeiro livro a usar como gancho a manipulação escandalosa levada a cabo pelos Grandes Irmãos durante as eleições presidenciais de 2010, para mostrar como, desde um século atrás, os leitores de periódicos, e mais tarde radiouvintes e telespectadores, são bombardeados por verdades que nem sempre são verdadeiras.
É óbvio que você não vai ler uma linha, escutar um segundo sobre CRIME DE IMPRENSA nos veículos de comunicação dos Grandes Irmãos.

08 de julho de 2012
Palmério Dória

O BIZARRO MUNDO DOS ESTRANHOS HUMANOS...


Clicados por Charles Eisenmann

Veja fotos de astros de freak shows

Os Freaks Shows, exibições de pessoas com anomalias raras, eram muitos populares nos meados do séculos 19 e 20 nos EUA. Veja fotos de algumas atrações

QUANTA ÁGUA EXISTE NA TERRA?


Embora o fato da maior parte da superfície terrestre estar coberta de água dê a impressão contrária, a verdade é que há muito pouca água na Terra.
Para dar uma perspectiva correta desses volumes o Departamento de Pesquisa Geológica do equivalente ao Ministério do Interior dos Estados Unidos (USGS) desenvolveu a imagem apresentada acima, e explicou o seguinte:

96,5% de toda a água do planeta está nos oceanos e é salgada. O resto, a água doce, está misturada ao ar, na forma de vapor; em rios e lagos; nas calotas polares; misturada ao solo como umidade; em aquíferos subterrâneos e até fazendo parte do seu corpo ou do do seu cachorro.

Todas essas águas somadas caberiam nessa pequena bola azul representada na imagem. Ela teria um diâmetro aproximado de 1.385 quilômetros (de altura e de profundidade o que quer dizer que estamos falando de 1,385 bilhões de quilômetros cúbicos de água).

Mas desse total, só 10,6 milhões de quilômetros cúbicos, o volume representado na “bolinha” menor à direita da outra, representam o total da água doce presente no planeta. E é preciso considerar, ainda, que a esmagadora maior parte dessa água doce está presa no gelo das calotas polares (68,6%), debaixo do solo em profundidades onde não podemos alcançá-la (30,1%) ou suspensa na atmosfera (0,04%).

O total de água doce correndo nos ríos (0,003%) ou acumulada em lagos (0,26%) aos quais todos os seres vivos têm de acorrer todos os dias para se manterem neste mundo, está representado no pequeno ponto azul que quase não se vê, abaixo da segunda bolinha, montando a 91.110 quilômetros cúbicos.

08 de julho de 2012
Matéria sugerida por Carlo Gancia

CHICO DE OLIVEIRA

Francisco Maria Cavalcanti de Oliveira é o representante, por excelência, do que eu sempre chamo aqui da “esquerda honesta”.
Mais conhecido como Chico de Oliveira, ele é um sociólogo pernambucano, nascido no Recife, fundador histórico do Partido dos Trabalhadores, reconhecido pela sua densa atividade intelectual, política e acadêmica.
Foi preso e torturado por ocasião do golpe de 1964 mas não é daqueles que ficam apresentando isso como credencial. Nunca aceitou indenização pelo que sofreu.
No último dia 2 deu uma entrevista ao programa Roda Viva da TV Cultura no qual repõe a verdade histórica sobre a formação do PT, o papel de Lula, dos sindicalistas e do partido no processo de redemocratização, a responsabilidade dos intelectuais da esquerda na fabricação do mito em que ele se transformou e a ingenunidade da imprensa em relação à figura do ex-presidente.


A entrevista inclui, ainda, uma análise interessantíssima do momento brasileiro e da conjuntura internacional que, além da afirmação acima, passa por idéias como:
  • o PSOL não é uma alternativa porque pretende repetir a trajetória do PT”;
  • a esquerda fabricou Lula e permitiu que ele se apresentasse ao país como o que nunca foi;
  • Lula é uma vocação de caudilho e o caudilhismo é a ante-sala da ditadura;
  • todas as instituições do estado brasileiro moderno são varguistas, Lula não criou nenhuma;
  • o Brasil é um ornitorrinco, um animal que não evoluiu o suficiente para se definir como espécie;
  • FHC como presidente esqueceu o que o sociólogo sabia;

  • a vocação da esquerda não é estar no poder, é civilizar o capitalismo;
  • a crise atual não é uma crise do capitalismo, é uma crise do crescimento do capitalismo;
  • o “jeitinho” é uma invenção da classe dominante que desceu para a dos dominados; são eles que tentam sempre burlar as leis que eles próprios criam;
  • a riqueza anula as diferenciações, por isso não existe mais um esforço acadêmico para explicar o Brasil; a riqueza só produz mediocridade;
  • não existe uma nova classe média brasileira, existe um extrato da classe pobre que ganhou um pouco mais de poder de consumo;
  • a China e a Índia não são exemplos a serem seguidos, devemos continuar perseguindo um modelo de bem estar social.

08 de julho de 2012
Matéria sugerida por Fernando Portela

A ASCENSÃO DO POPULARISMO





Saí de uma viagem por vários países da Europa na semana passada com a impressão de que toda conversa hoje em dia acaba com alguma variação deste tema: porque não existem mais líderes capazes de inspirar seus povos a enfrentar os grandes desafios do nosso tempo? Existem muitas explicações para o déficit global de lideranças mas eu vou focar apenas duas: uma é geracional, a outra é tecnológica.

Vamos começar com a tecnológica. Em 1965, Gordon Moore, co-fundador da Intel, formulou aquilo que ficou conhecido como a Lei de Moore, que estipulava que a capacidade de processamento de um único microship dobraria, daí por diante, a cada 18 a 24 meses. A teoria vem sendo confirmada pelos fatos desde então.

Observando a luta dos líderes europeus, árabes e americanos com suas respectivas crises eu me pergunto se não existe um corolário político para a Lei de Moore: a qualidade das lideranças políticas deteriora-se mais um ponto a cada 100 milhões de novas adesões ao Facebook e ao Twitter.



A conexão do mundo pelas mídias sociais e pelos celulares com internet está mudando a natureza da conversa entre lideranças e liderados em toda a parte. Estamos indo de conversas de mão única de cima para baixo para conversas de mão dupla que vão de baixo para cima e de cima para baixo. Ha várias vantagens no novo modelo: mais participação, mais inovação e mais transparência. Mas não estaria havendo também um excesso de participação – isto é, lideranças atentas a tantas vozes o tempo todo e tão preocupadas em monitorar todas as tendências que elas acabam se tornando prisioneiras?

Veja essa frase que estava numa matéria do site Politico na semana passada: “As campanhas de Romney e Obama passam o dia correndo uma atrás da outra no Twitter, enquanto se queixam de que ninguém gasta um minuto para discutir qualquer assunto sério. Mas todas as vezes que elas têm a oportunidade de escolher serem grandes, elas acabam optando por continuar sendo pequenas“.

Eu ouvi uma nova palavra em Londres na semana passada que define isso tudo com precisão: “Popularismo“. O Popularismo é a ideologia onipresente do nosso tempo. Leia as pesquisas, monitore os blogs, acompanhe os feeds do Twitter e do Facebook e vá precisamente para onde as pessoas estão e não para onde você acha que elas deveriam estar. E, a propósito, se todo mundo está “seguindo“, quem está liderando?



Por cima disso ha, ainda, o problema da exposição. Qualquer um com um celular nas mãos, hoje, é um paparazzi; qualquer um com uma conta no Twitter é um repórter; qualquer um com acesso ao Youtube é um cinegrafista. E quando todo mundo é paparazzi, repórter e cinegrafista, todos os outros são figuras públicas.
Agora, se você for realmente uma figura pública – um político, por exemplo – a vigilância constante pode se tornar algo tão insuportável que a vida pública passa a ser algo a ser evitado a qualquer custo. Alexander Downer, ex-primeiro-ministro da Austrália, me disse o seguinte, faz pouco tempo: “As lideranças políticas estão sendo submetidas a um massacre fiscalizatório como nunca houve antes. Isso não chega a desencorajar os melhores entre eles, mas a sensação de ridículo e a interação constante com o público está tornando cada vez mais difícil tomar decisões bem pensadas e corajosas“.



Quanto à mudança geracional, nós passamos de uma geração que acreditava em investir no futuro para a geração os Baby Boomers que acredita em se endividar para gastar hoje. Basta comparar os Bush pai e filho. O pai se apresentou como voluntário para a 2a Guerra Mundial assim que acabou o bombardeio de Pearl Harbour e temperou o seu caráter na Guerra Fria – uma época perigosa em que os políticos não podiam apenas seguir as pesquisas. E como presidente aumentou os impostos quando o equilíbrio fiscal assim o exigiu. O seu filho da geração Baby Boomer simplesmente rasgou esse figurino e se tornou o primeiro presidente da história dos Estados Unidos a cortar impostos no meio, não apenas de uma, mas de duas guerras.
Quando você vive cercado de tecnologias que favorecem e valorizam os julgamentos e as respostas de curto prazo e de pessoas acostumadas a usa-las para ter a sensação de satisfação imediata de qualquer desejo, mas vive mergulhado em problemas cuja solução exige processos longos e difíceis como são as crises globais de crédito e emprego ou a necessidade de reconstruir países como os do Mundo Árabe, de alto a baixo – você tem um problema sério de descompasso e afinação e um enorme desafio de liderança.



No mundo de hoje, todas as lideranças estão precisando pedir aos seus povos que aceitem mais deveres e não apenas que dividam mais benefícios; que estudem e trabalhem mais apenas para não andar para trás. E isso exige uma tremenda capacidade de liderança que começa pela disposição de dizer a verdade ao povo.
Dov Seideman, autor do livro “Como” e que é dono da empresa LRN especializada em treinar CEO’s em matéria de liderança, vem ha tempos argumentando que “nada inspira mais as pessoas que a verdade“. A maioria dos líderes políticos pensa que dizer a verdade ao povo vai deixá-los vulneráveis em relação aos seus adversários. Eles estão errados.



A melhor coisa de se dizer a verdade é que ela cria um laço concreto entre você e as pessoas“, diz Seideman, “porque quando você prova às pessoas que confia nelas dizendo-lhes a verdade fica mais fácil elas confiarem em você também“. Disfarçar os problemas torna muito mais difícil sair deles. “Dar a verdade às pessoas é como dar-lhes um chão firme em que pisar. Isso por si só já empurra para a ação. Quando todos estão apoiados numa verdade compartilhada, você começa a resolver junto os problemas. E esse é o primeiro passo para se encontrar um caminho novo e melhor“.
Mas não é o que temos visto acontecer, seja na América, seja no Mundo Árabe, seja na Europa de hoje. Fico imaginando se apenas um deles, unzinho só, agarrasse a oportunidade de por o seu povo diante da verdade: dizer-lhes claramente o que estão enfrentando, do que eles são capazes, que plano é preciso por em prática para sair da enrascada e qual a contribuição que se requer de cada um para chegar a um novo caminho.
O primeiro que fizer isso será o primeiro que terá “seguidores” e “amigos” de verdade, e não apenas os “seguidores” e “amigos” virtuais de hoje.



08 de julho de 2012
por Thomas L. Friedman

A DOENÇA DA MOSCA AZUL...

LULA SE SUPERA: "SEM UM DEDO, FIZ MAIS QUE BILL GATES E STEVE JOBS"

Em palestra paga por um banco americano, o ex-presidente Lula afirmou, entre outras coisas, que “pegou o país na miséria e fez mais que Steve Jobs e Bill Gates”. O relato é da coluna de Sonia Racy no Estadão
Importantes convidados do Bank of America/Merrill Lynch, para assistir à palestra de Lula anteontem, na Casa Fasano, até se divertiram. Mas os que jamais tinham ouvido o ex-presidente falar em outros recintos sofisticados esperavam algo além do que presenciaram.
O banco americano pagou R$ 250 mil para escutar declarações como “Wall Street não gosta de mim, mas o chefe deles gosta” ou “tem que falar português em aeroporto americano, eles têm que entender o que a gente fala”. Bem como a crítica, com alguma razão, sobre a farta comemoração dos americanos pela morte de Bin Laden, “coisa de mau gosto”.
O conhecido jeitão do petista surpreendeu parte da plateia, onde se encontrava Thomas Montag, presidente do global banking do Bank of America. Que veio ao Brasil comemorar a autorização do BC à Merrill Lynch para se tornar banco múltiplo.

Lula 2

Tudo nos conformes, com Lula listando os feitos de sua gestão, dando inclusive um upgrade no seu famoso jargão “nunca antes neste País”, trocado por “nunca antes neste Planeta”. De modo veemente, e carismático, procurou tranquilizar os presentes em relação à inflação, citando e apontando várias vezes para Henrique Meirelles, que estava no salão.
Manifestou também absoluta confiança na política monetária de Dilma, e frisou que a alta da inflação é passageira.

Lula 3

Lula mais solto, o discurso que lia caiu no chão. E aí, o improviso se instalou. Afirmou que o Brasil só começou no século 21: “Quando peguei esse País, só tinha miserável. E eu, operário sem um dedo, fiz mais que o Bill Gates, Steve Jobs e esses aí”.
O ex-presidente lembrou também do tempo em que guardava sua marmita debaixo do tanque, chamando Marisa para confirmar. A ex-primeira dama já havia ido embora.

Lula 4

Entre os que assistiram à palestra de uma hora e meia, Lula elegeu alguns interlocutores. Entre eles Luiz Furlan, “não é só vendendo frango para a chinesada que se ganha”; Wilsinho Quintella, “esse está rindo de orelha a orelha com o lixo”; e também para Edson de Godoy Bueno; “nunca vendeu tanto plano para pobre”.
E conclamou os presentes à tirarem dinheiro do banco para investir no Brasil.
(grifos nossos)

Comentário

Lula parece ter ficado com inveja das homenagens póstumas ao fundador da Apple. Só não deu para entender a relação entre a menção ao dedo perdido e a comparação das obras de Lula, Gates e Jobs.
O fato de o ex-presidente ter um dedo a menos só prova que Lula foi um torneiro mecânico descuidado.
Enquanto houver gente pagando caro para assistir e aplaudir as bobagens de Lula, ele as continuará proferindo.

08 de julho de 2012

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Tais "impropérios" já fazia parte da biografia intelectual de Lula. Apenas para relembrar, e pela dose de humor que apresentam, vale a pena o repetecomm.
m.americo

PARA MANTEGA, AUMENTO DO INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO PODE "QUEBRAR" O PAÍS


Em evento organizado pelo Lide (grupo de líderes empresariais), em São Paulo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez críticas aos temas em votação no Parlamento brasileiro.
De acordo com o ministro, algumas das propostas, se aprovadas, poriam em risco as contas do governo e poderiam “quebrar” o país. Entre as medidas que “quebrariam o Estado” está o Plano Nacional de Educação, que prevê elevar os investimentos em educação para o equivalente a 10% do PIB.

Abaixo a notícia da Folha de São Paulo:
O ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou ontem que o aumento dos gastos com educação para o equivalente a 10% do PIB (Produto Interno Bruto) “quebra” o país.

“Passar [os gastos com educação] para 10% do PIB de forma intempestiva põe em risco as contas públicas. Isso não vai beneficiar a educação, vai quebrar o Estado brasileiro”, disse o ministro.

Mantega defende a proposta de elevar as despesas da pasta dos atuais 5% para 7%.
Ele não poupou críticas à proposta que extingue o fator previdenciário e a servidores do Judiciário, que estão em greve.  
Nas palavras de Mantega, são os servidores que têm os melhores salários e pedem reajuste acima de 50%.
“Não podemos brincar em momentos de crise”, afirmou.
COMENTÁRIO

E o governo brasileiro segue com a mesma mentalidade de considerar gasto o que, na realidade, deveria ser investimento.

08 de julho de 2012
VEJA

"FANTASMAS NO CAMINHO"


A imprensa vê nuvens cinzentas e o governo, céu azul. O que vejo eu, com tão precários instrumentos de observação?
Num intervalo de meus compromissos visitei um shopping center em São Paulo. As lojas estavam vazias. Eram 14 horas.
Os compradores já se foram ou ainda não chegaram, pensei. Nos restaurantes os garçons perfilavam-se à espera do primeiro visitante para cercá-lo de todo o excedente de atenção que as circunstâncias permitiam. Alguma coisa estava acontecendo com o consumo.

Li que o índice de inadimplência atingira o nível mais alto dos últimos tempos e as famílias brasileiras comprometem um quinto de sua renda com dívidas. Um articulista do Financial Times vê uma bolha de crédito e alerta para o perigo de estourar. Será que havia relação entre alguns dados e o que eu via nas lojas desertas?

O olho pode enganar. O governo reduziu impostos de carros, lançou um pacote de compras, continua apostando no estímulo ao consumo, como em 2008. Os limites vão sendo empurrados para a frente.
Podem ser mais elásticos do que parecem. O governo não estaria, como costumam fazer alguns generais, travando hoje a batalha da guerra passada?
Vejo nuvens cinzentas no céu azul. Será que vai chover? O otimismo político traz-me insegurança em certos momentos.

A Petrobras, por intermédio de Graça Foster, admitiu a necessidade de tornar mais realistas os seus planos estratégicos. Com isso reconheceu ser preciso pôr os pés na terra. Alguns observadores acham que nem na terra ainda ela pôs os pés, só se aproximou dela.
O ex-presidente José Sérgio Gabrielli já se prepara para disputar eleições. Na nova profissão vai poder sonhar à vontade: construir uma nova Bahia, meu rei. O bilionário Eike Batista também sentiu o frio na barriga com a queda de sua empresa da área do petróleo. Só que Eike é o dono da empresa e tem de segurar a onda.

Saí de São Paulo com medo do fantasma da bolha e encontrei em Goiás o fantasma da casa ─ a casa do governador Marconi Perillo, que teria sido comprada por Carlinhos Cachoeira. Nos quatro dias em que convivi com os goianos na bela cidade de Cora Coralina duvidei, de novo, dos meus olhos. É que levava de São Paulo a impressão que me passou um editor de jornais de TV: quando entra a CPI do Cachoeira, cai a audiência.
Achava natural. A maioria da CPI joga como um time que não quer jogar, dando chutões para cima e muita bola para a lateral. São aqueles jogadores que parecem nos dizer: “Olha, o jogo já acabou, é melhor ir saindo porque você não vai perder nada, não corre o risco de ouvir um grito de gol já no ponto do ônibus”.

Em Goiás, quando entra a CPI do Cachoeira, quase todos se aproximam da TV. Isso diz respeito à vida de um dos Estados mais importantes do Brasil. Nas telas há um fantasma da casa, povoada de inúmeros fantasminhas vestidos de cheque bancário. Eles passam e voltam, mas os espectadores estão atentos. A casa e os cheques envolvem o governador do Estado.

O impacto do escândalo Cachoeira pegou Goiás em cheio. Quem conheceu o senador Demóstenes Torres ou votou nele ficou chocado, até mesmo com o tom subalterno com que tratava Cachoeira. Goiás merecia um bom trabalho do Congresso. Como merece o País, sobretudo após a divulgação de que sete empresas fantasmas receberam R$ 93 milhões da Delta.

Nesse mundo povoado de fantasmas, a realidade vai penetrar, como o fez na economia. Num jogo de futebol é possível retardar a partida, truncá-la até o apito final. Mas na CPI do Cachoeira não haverá apito final. Uma parte da audiência pode ter-se perdido, porque o jogo é muito feio. Goiás, Tocantins, Brasília tendem a ficar de olho, mesmo se os congressistas continuarem jogando a bola para a lateral, mesmo que caia a audiência da CPI nos jornais noturnos.

É simples assim: muita gente no país sabe que está sendo roubada, gostaria de saber quanto roubaram, quem será punido e como devolver o dinheiro aos cofres públicos. Se isso for negado, viveremos numa bolha de outra natureza, que só um movimento popular pode estourar. O limite de endividamento foi atingido, por que não o seria o da paciência?
A estrutura política, além de ostensivamente dispendiosa, recebe milhões de reais em propinas. E, ainda por cima, retorna muitos milhões de dinheiro público para retribuir a quem a suborna. Esse mecanismo perverso não pode durar. É uma ilusão esperar que seja um fato natural, aceito como a sucessão das estações do ano.

Talvez eu me tenha iludido com o que vejo ou mesmo sido levado a pensar assim por causa do percurso São Paulo-Brasil Central, do centro econômico às bases de operação de Cachoeira. Nuvens cinzentas ou apenas um relâmpago no céu azul? País fantástico ou fantasmagórico?
Chega um momento em que é preciso contar com os próprios olhos: a decadência política e o aparente esgotamento de um modelo econômico são muito volumosos para passarem despercebidos. O enlace dos dois e os filhos que vão gerar são apenas a intuição da viagem.

Em 2014, o golpe militar fará meio século. Será o ano da sétima eleição direta para presidente. Melhorou muito a situação do nosso povo mais pobre. Mas a realidade eleitoral aprisionou o processo político e o levou a amplo descrédito.
A maioria dos políticos seguirá vendo a história como uma eleição depois da outra. Um expoente como Lula, que conheço desde o meio da década de 1980, não elabora sobre os caminhos nacionais, dispõe-se a morder a canela dos adversários na eleição paulistana.

Às vezes, no exílio, julgava estar delirando. O amigo Francisco Nelson me confortava: “Você está lúcido”. Chico Nelson, infelizmente, morreu há alguns anos.
Será que estou vendo mesmo o homem reputado internacionalmente como um estadista mordendo canelas numa eleição municipal? Saudades do Chico Nelson. Chegamos juntos do exílio, em 1979. Nesses momentos aparece para mim, confirmando a frase de um escritor francês: não visitamos os mortos, eles é que nos visitam.

08 de julho de 2012
Ferando Gabeira
Estadão

UMA CONVERSA POLITICAMENTE INCORRETA COM O JORNALISTA E ESCRITOR LEANDRO NARLOCH

PARTE 1

Na primeira parte da conversa, Leandro Narloch, autor dos livros Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil e Guia Politicamente Incorreto da América Latina, comenta o sucesso de público e crítica das duas obras e conta que a série prosseguirá com um guia de abrangência mundial.
Um dos personagens já escolhidos é o líder da independência da Índia, Mahatma Gandhi. “Ele era racista”, antecipa o entrevistado.


PARTE 2

No segundo bloco, Leandro Narloch contesta a visão da história do Paraguai exposta pelo jornalista Chiqui Avalos no artigo ‘A Guarânia do Engano’. Segundo o entrevistado, a Guerra do Paraguai foi provocada por Solano López, que chefiava uma ditadura. “O país era um inferno”, resume.


PARTE 3

Na continuação da entrevista, o jornalista e escritor revela que seus textos sempre se inspiram em assuntos que o incomodam. No momento, Leandro Narloch anda olhando enviesado para o patronising.
“A Regina Casé é um bom exemplo”, diz. “Trata os pobres como golfinhos”.


PARTE 4

Na última parte da conversa, Leandro Narloch fala sobre o Brasil deste começo de século e arrisca previsões sobre o futuro próximo. Uma delas: assim como ocorre na Argentina em relação a Perón, candidatos de todas as tendências, para melhorar as chances de eleger-se, dirão que são lulistas.

 
08 de julho de 2012
 

O NEFELIBATA

Um homem caminhava por uma estrada, quando percebe um balão voando baixo.
O balonista lhe acena desesperadamente, consegue fazer o balão baixar ao máximo possível e grita:


- Pode me ajudar? Prometi a um amigo que me encontraria com ele às duas horas da tarde, mas já são quatro horas e nem sei onde estou. Poderia me dizer onde me encontro?

O homem da estrada responde:

- Sim! Você se encontra flutuando a uns cinco metros acima da estrada, e está a 33 graus de latitude sul e 51 graus de longitude oeste.

O balonista escuta e pergunta, com sorriso irônico:

- Você é engenheiro?


- Sim, senhor! Como descobriu?


- Simples! O que você me disse está tecnicamente correto, porém sua informação me é inútil e continuo perdido! Será que consegue uma resposta mais satisfatória?


O engenheiro raciocina por segundos e depois afirma ao balonista:


- E você é petista?


- Sim, sou filiado ao PT! Como descobriu?


- Fácil! Veja só; você subiu, sem ter a mínima noção de orientação! Não sabe o que fazer, onde está e tampouco para onde ir! Fez promessa e não tem a menor idéia de como conseguirá cumpri-la! Espera que outra pessoa resolva o seu problema, continua perdido e acha que a culpa do seu problema passou a ser minha! É petista nato!!


08 de julho de 2012

OPINIÃO DO ESTADO: PETRALHAS NO PODER - DESARTICULAÇÃO E INEFICÁCIA



Desconexas, limitadas, sem objetivos claros, as medidas tomadas pelo governo para estimular a produção, o consumo e os investimentos privados, e assim reduzir o impacto da crise global sobre a economia do País, não estão produzindo os resultados esperados. Diante da sucessão de dados que demonstram sua ineficácia, já estão sendo criticadas até na área do governo.

"As medidas de estímulo foram insuficientes para reverter o cenário de maior retração da indústria", reconheceu o gerente de coordenação da área de indústria do IBGE, André Macedo, ao comentar os números de maio da produção industrial. A queda foi de 0,9% em relação a abril e de 4,3% em relação a maio de 2011. Esta é a nona queda consecutiva da produção mensal em relação ao mesmo mês do ano anterior. Nos cinco primeiros meses de 2012, a redução já soma 3,4%. No resultado acumulado de 12 meses, a queda é de 1,8%.

As medidas anunciadas pelo governo visam a estimular o consumo de determinados bens industriais, entre os quais automóveis, eletrodomésticos da linha branca e mobiliário. Os dados do IBGE indicam alguns resultados pontuais dessas medidas, mas mostram sobretudo que a queda é generalizada entre os diversos setores industriais. Houve queda de produção em 17 dos 27 segmentos pesquisados. "Há predominância de resultados negativos em qualquer comparação que se faça", admitiu o gerente do IBGE. Tomando-se a média móvel trimestral, por exemplo, houve queda em 21 dos 27 setores industriais.

A desaceleração não se limita à indústria. Embora o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e seus principais assessores continuem a prever que o desempenho da economia neste ano será melhor do que em 2011, quando o PIB cresceu 2,7%, vai se consolidando entre os economistas do setor privado a avaliação de que o ritmo da atividade econômica está se desacelerando.

Pela oitava semana consecutiva, os economistas consultados pelo Banco Central para a elaboração de seu boletim sobre as expectativas do mercado reduziram suas previsões para o desempenho da economia em 2012. A média das projeções para o crescimento do PIB neste ano caiu de 2,18% para 2,05%. A diminuição constante da confiança do empresariado, como a que acaba de ser constatada pela Fundação Getúlio Vargas com os empresários do comércio, sugere que, nas próximas sondagens do BC, a média das projeções será ainda menor.

Uma explicação para a baixíssima eficácia das medidas do governo foi dada por outro funcionário, o economista Roberto Messenberg, coordenador do Grupo de Análise e Previsões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Ao mesmo tempo esclarecedor e arrasador sobre a reação do governo aos efeitos da crise internacional, seu comentário merece reprodução extensa:
"A política econômica está se transformando num emaranhado de medidas desconexas, pontuais, que não estão atuando no sentido de ganhar tempo para que se encontrem estratégias de longo prazo. As estratégias de longo prazo passaram a ficar de lado", disse, no lançamento do boletim Conjuntura em Foco elaborado pelo Ipea. Em resumo, "estamos perdendo o foco da política econômica".

Às medidas pontuais, tomadas em caráter de urgência para "apagar incêndios", como as descreveu Messenberg, deveria se seguir a elaboração de uma estratégia de longo prazo, para assegurar o crescimento. Uma decisão essencial neste momento seria o aumento dos investimentos – sobretudo os públicos, visto que, temerosos, os empresários paralisaram seus programas de expansão da capacidade produtiva -, mas isto não está sendo feito.

O gerente do Ipea equivoca-se, porém, ao afirmar que há um conflito entre ampliação do investimento público e preservação das metas fiscais. Na sua opinião, a redução do superávit primário permitiria a ampliação da capacidade de investimento do governo. Para o aumento dos investimentos públicos, porém, o contribuinte prefere outro caminho, mais racional: a redução do gastos de custeio.
O título da matéria foi editado.

08 de julho de 2012
abobado

REPUBLICANAGEM

ALMA PENADA
O voto secreto não salavará a pele de cordeiro do senador Demósfones Torres.
Os seus colegas - sob ameaça de perder esse privilégio para as próximas votações - vão pegá-lo pra peteca e mostrar que o segredo no Senado não é alma do negócio.

Demósfones passou a semana toda pregando no deserto porque finge que não entendeu ainda o espírito da coisa. Vai virar alma penada.

MANDA E NÃO PEDE
Depois que deu com os burros n'água querendo fazer Marta Suplicy gastar sola de sapato na campanha de HaHaHaddad, e de ser engambelado por Eduardo Campos no Recife, Lulalelé da Cuca diz que agora vai entrar na retranca.

Não pede mais nada para ninguém, se não estiver absolutamente certo de que será atendido. Quer dizer, conversa para Lula tem que ser como ele quer: ele fala e não escuta. Manda e não pede. É o jeito Lula de ser feliz.

TCHU, TCHA EM NÓS
Zé Serra pagou R$ 400 mil por um jingle de campanha. Uma bobagem tipo assim "eu quero tchua, tcha". O salário mínimo, para quem tem a felicidade de ter emprego no Brasil é de R$ 652 mensais. O operário brasileiro teria que trabalhar 50 anos para ganhar esse dinheiro que foi jogado pro ar.
E DEU PRA BOLA
Forlan e Seedorf entraram de pé direito no Internacional e no Botafogo. Sua atuação nos camarotes foi notável. O Inter venceu o Cruzeiro por 2 a 1 e o Bota meteu 3 a 1 no Bahia. Agora só falta os dois entrarem em campo. Mas não esperem que os dois joguem muito mais que isso.

CUSTO LULA
O PT é a cara do Cara. E nos custa os olhos do cara. É o custo Lula. Tudo tem preço: ética, moral, vergonha. Basta saber quanto quer levar. E conversando o PT se entende... Até com Maluf.

MALUCANAGEM
Pelas pesquisas que não erram nunca, Dilma Vana está com 77% de popularidade. Estaria com muito mais se não fosse a malufagem de Lula e a sacanagem de Dirceu.
FELIZ
Agora que em cada esquina leva um chute no traseiro do PSB, o PT está querendo namoro e amizade de novo com o PMDB. E o partido da carona, com sua paixão pelo poder, anda louco para ganhar um novo "chapéu de viking"; mostra que é corno, mas é feliz.

QUE FASE!
O PSDB anda numa fase tão ruim que até avião tucano da Força Aérea Brasileira despenca. O último que caiu foi em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. O piloto morreu. E olha que era um Super Tucano...
 
NO DESERTO
É comovente a interpretação de Cristo pregando no deserto que Demósfones Torres vem protagonizando na grande casa de tolerância nacional, no Planalto Central do Brasil. Vai acabar crucificado.

CUSTO LULA
Já é hora de parar com esses cálculos fajutos da inflação brasileira. O ponto de referência que mostra mesmo que a vida está pela hora da morte no Brasil é o custo Lula na boca do caixa em qualquer supermercado.

O JEOVÁ DO ZÉ
No processo do Mensalão, o Ministério Público é um verdadeiro Jeová para Zé Dirceu: está cheio de testemunhas.

RICAÇOS
Warren Buffett, terceiro homem mais rico do mundo, acaba de doar U$S 1,5 bilhão à fundação de Bill Gates. Alegou que se trata de somar fundos para filantropia. E o Eike Batista não se coça?!?

UNIDOS VENCEREMOS
Diante dos baixos índices de sintonia, a Globo já está pensando em juntar o programa de Fátima Bernardes como o de Pedro Bial.

DAS DUAS...
O que é mais engraçado a estas alturas no Brasil: ser convocado para a Seleção pelo Mano Menezes, ou pelos políticos para depôr na CPI do Cachoeira?

PATRIMÔNIO
Só o Rio de Janeiro está de bronca pela escolha da cidade como "patrimônio da humanidade". Quando não explode um boeiro, desaba um prédio, ou incendeia um hospital...

VASCO PAULISTA
O São Paulo anda mesmo numa teremenda maré baixa. Primeiro foi o Corinthians, conquistando a Libertadores; agora é o Palmeiras, à beira de ganhar a Copa do Brasil. Desse jeito, só vai sobrar algo de bom para o time do Morumbi se o Vasco, da Gama, tarado por vice-campeonatos, decidir disputar o Paulistão
 
08 de julho de 2012
sanatório da notícia

TENSÃO NO EGITO: NOVO PRESIDENTE EGÍPCIO ANULA A DISSOLUÇÃO DO PARLAMENTO E ABRE CRISE COM AS FORÇAS ARMADAS E A JUSTIÇA

Um ato de grande coragem e determinação. O novo presidente egípcio, Mohamed Mursi, baixou decreto em pleno domingo e anulou a decisão da Alta Corte Constitucional que determinou a dissolução da Assembleia do Povo, informou a agência oficial Mena.

“O presidente Mursi emitiu um decreto presidencial anulando a decisão de 15 de junho de 2012 que dissolvia a Assembleia do Povo e convidou a Câmara a reunir-se novamente para exercer suas prerrogativas”, indicou a Mena.

Ninguém sabe as conseqüências do ato do presidente, que abre fortes tensões com o Conselho Supremo das Forças Armadas, que assumiu em junho o poder legislativo graças a uma decisão judicial denunciada como um “golpe institucional”.

Segundo a agência oficial Mena, o Conselho manteve uma “reunião urgente sob a presidência do marechal Husein Tantaui para examinar as medidas presidenciais de domingo”.
O decreto presidencial prevê “a organização de eleições antecipadas para a Câmara, 60 dias depois da aprovação por referendo da nova Constituição do país e a adoção de uma nova lei que regulamenta o Parlamento”, segundo a Mena.

As últimas eleições, realizadas em janeiro, resultaram na vitória dos islamitas, com cerca da metade das cadeiras para a Irmandade Muçulmana, e quase uma quarta parte para os fundamentalistas salafistas. Na falta do Parlamento, o Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA) assumira o poder legislativo.

O Parlamento egípcio foi dissolvido pela aplicação de uma decisão judicial que o declarou ilegal uma medida questionada pela Irmandade Muçulmana, primeira força política da Assembléia, acirrando a tensão religiosa.

Em sua sentença, a Alta Corte Constitucional invalidou as eleições legislativas que terminaram em janeiro, alegando irregularidade de um dispositivo jurídico na lei que regia as eleições. Neste domingo, o ex-presidente da Alta Corte Constitucional, Faruk Sultan, chamou de “ilegal” o decreto presidencial, aumentando ainda mais a crise. O opositor Ayman Nur pediu que Mursi respeitasse as decisões da Justiça e o deputado de esquerda Abu El Ezz al-Hariri disse que levaria o caso ante a corte administrativa.

O anúncio acontece antes da reunião do conselho da Shura da Irmandade Muçulmana, de onde vem Mursi, e após uma visita a El Cairo do secretário de Estado adjunto norte-americano, William Burns, para entregar uma mensagem do presidente Barack Obama ao novo chefe de Estado egípcio.

No próximo sábado, a secretária de Estado, Hillary Clinton, visitará o Cairo. Uma fonte oficial que pediu anonimato disse neste domingo que Obama se reunirá com Mursi durante a Assembleia Geral da ONU em Nova York em setembro. Se até lá ele ainda estiver no poder, é claro. Os EUA sustentam há décadas as Forças Armadas egípcias, e não é preciso dizer mais nada…

Carlos Newton

O VOTO DO PARLAMENTAR: OBRIGATÓRIO E ABERTO

Não há democracia plena sem o voto secreto para o eleitor nem com voto secreto para o eleito. Aquele deve ter seu voto protegido, mas estes não devem tê-los escondidos. Ele foi eleito pela escolha do eleitor, que tem o direito de saber como vota quem o representa.

É um contrassenso que um cidadão confie seu voto a um candidato e, depois da eleição, fique sem saber como seu vereador, deputado ou senador vota no Parlamento em assuntos que interessam ao cidadão, à cidade e ao país. O voto secreto no Congresso Nacional é uma excrescência na democracia.

Alguns dizem que o sigilo do voto do parlamentar deve ser protegido de pressões do Poder Executivo. Isso podia se justificar durante o regime autoritário, em que a frágil oposição precisava evitar morte, prisão ou exílio por causa de um voto.

Outro argumento usado a favor do voto secreto é o de proteger o parlamentar quando vota na escolha de embaixador, juiz dos tribunais superiores e alguns outros diretores de agências.
Da mesma maneira que é preciso saber todo voto de cada parlamentar, é preciso fazer o voto do parlamentar também ser obrigatório em todas as votações, como é o voto do eleitor em todas as eleições. O voto escondido por trás do voto das lideranças é vergonhoso e humilhante para o parlamentar.


É preciso acabar com o voto secreto e explicitar a escolha de cada parlamentar, acabando com o voto com o corpo: “quem estiver de acordo, fique como está”, como é tão comum no dia a dia do Parlamento brasileiro.

Além de vergonhoso e humilhante, tem permitido a aprovação de atos e leis sem o conhecimento dos próprios parlamentares, com artigos e parágrafos contrabandeados, por distração ou omissão dos parlamentares presentes, às vezes desconhecendo a pauta de votação naquele dia.

A desculpa de que o voto nominal faria impossível aprovar qualquer coisa, porque os parlamentares nunca estão presentes, é ainda mais vergonhoso e injustificável. Se for preciso, que mudem as regras para obrigar a presença no plenário na hora da votação, como qualquer trabalhador: ou que apresente suas justificativas para a ausência, ou deixe o eleitor saber que estava ausente sem justificativa, mas jamais se escondendo debaixo do voto dito de liderança.

O voto do eleitor na urna é obrigatório e secreto. O voto do eleito deve ser obrigatório e transparente, em cada caso, para que seu eleitor saiba como ele vota e possa se lembrar, na eleição seguinte, se seu candidato votou como ele deseja ou não.

Nenhum eleito deve ficar preso à vontade de seu eleitor, até porque os eleitores têm posições variadas. Deve votar conforme seus compromissos de campanha e de sua consciência em cada caso, mas publicamente.
Ao eleitor, cabe se manifestar nas urnas, secretamente, para reeleger ou não o seu candidato.

JEFFERSON DIZ QUE, PELO QUE OUVIU DOS POLÍTICOS, O JULGAMENTO DO MENSALÃO SERÁ "JURÍDICO"

O presidente nacional do PTB e pivô das denúncias do escândalo de compra de votos de parlamentares, conhecido como mensalão, o ex-deputado federal Roberto Jefferson afirmou à Agência Estado que “está na hora de se julgar o caso e de virar essa página da história”, numa referência ao início do julgamento do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), previsto para começar no dia 2 de agosto.

André Dusek/AE - O presidente do PTB Roberto Jefferson
Roberto Jefferson
(reprodução de foto da AE)

Fumando um charuto no bar de um hotel de luxo na capital paulista, o ex-deputado disse estar sereno com o processo e pediu que os ministros do STF “não se contaminem pelo sentimento político” criado pela aproximação do término do processo na justiça. O presidente do PTB disse que pelo que ouviu dos políticos, o julgamento será jurídico.

Jefferson estava no mesmo hotel onde o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reuniu-se com empresários na tarde de sexta-feira, na capital paulista, mas disse que não conversou com o ministro.

Sobre as eleições de São Paulo, Jefferson comemorou a aliança de seu partido com o PRB, do deputado Celso Russomanno, com a indicação de seu correligionário, o presidente licenciado da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D”Urso.
“A aliança é boa, pois criou-se uma alternativa à dicotomia de ou PSDB ou ou PT”, disse. “Chega dessa polarização que afeta o Brasil”, concluiu o deputado, que diz seguir fazendo viagens políticas pelo Brasil.

QUE DROGA É ESSA?

“Bonnie and Clyde” mexeu com a imaginação antes de estrear, em 1967. Faye Dunaway e Warren Beatty estavam em grande forma, a trilha musical era de um cobra. Só tinha um probleminha: era “proibido para menores de 18 anos”. Angústia das angústias.

O que fazer ? Segui o figurino da época: falsifiquei a caderneta escolar, vesti a melhor calça boca de sino do armário franciscano, não raspei por umas três semanas as penugens ralas que brotavam na pele espinhenta e fui à luta. Na porta do cine Comodoro, na Tijuca, veio a pergunta implacável: “Cadê a carteira de identidade ?”. Quantos da minha geração não tiveram pesadelos com essas palavras … Não tinha o documento, fui barrado. O filme só assisti décadas depois.

Minha carreira de falsificador acabava ali e talvez tenha sido a maior transgressão de um careta assumido. Passei pela geração paz & amor sem fumar um baseado, sem cair de boca na marvada da cachaça. Nunca senti necessidade. Cresci cercado pela ditadura militar, sob censura e medo.
Muitos jovens se envolveram na luta contra o arbítrio, tínhamos um objetivo político que nos preenchia, entusiasmava, dava sentido à vida. Não tenho a menor saudade dos milicos, mas tenho me perguntado onde andam e o que fazem os jovens de hoje. Ao menos os de classe média, com os quais tenho mais familiaridade.

Num feriado recente, uma briga entre adolescentes num clube em Campos do Jordão resultou em pelo menos uma internação hospitalar. No local da festa, a polícia encontrou jovens na faixa de 15 anos bebendo em quantidades industriais uísque, cerveja e pinga. O número de bêbados era assustador. Em nosso país, as bebidas alcoólicas são baratas e os menores de 18 anos as conseguem com grande facilidade, muitas vezes com a cumplicidade dos pais.

Nos Estados Unidos, onde o acesso de menores às bebidas alcoólicas é mais difícil, cresce um fenômeno: o consumo de géis para limpar as mãos, que, em muitos casos, chegam a ter mais de 60% de teor alcoólico. Só em Los Angeles 16 adolescentes foram parar em hospitais nesse ano, envenenados pela ingestão desse tipo de produto.

Festinhas, baladas e raves são grande mercado para drogas ilícitas (o álcool é, cinicamente, tolerado). Da insegurança típica da adolescência à absoluta falta de perspectivas na vida amorosa e no mercado de trabalho e ao desencanto com o espaço político, dizimam-se os sonhos e germina o entorpecimento.

###

SUICÍDIOS

A revista norte-americana Lancet revelou um dado assustador: o suicídio já é a primeira causa mundial de morte entre meninas de 15 a 19 anos. No Brasil, o suicídio é a terceira causa de morte entre jovens, ficando atrás de acidentes e homicídios. Pior: esses números estão crescendo. Não simplifico a questão, chutando uma causa única, mas os pesquisadores apontam o abuso de drogas como uma das causas principais. Um psiquiatra da USP disse que o suicídio é uma epidemia silenciosa.

Lembro da chuva de críticas de determinados setores ao filme Tropa de Elite, quase todos rotulando-o como fascista. Polemizei com alguns, discordando. Quando o personagem do BOPE acusa estudantes da PUC, consumidores de maconha, de jogarem os pobres nos braços do tráfico, pensei: bingo! Não há mercado sem oferta … e demanda. O ex-secretário de segurança Hélio Luz dizia que, à noite, Ipanema brilha. Alguém discorda ? Com que dinheiro se compra o armamento pesado que abastece as quadrilhas de traficantes ?

Há novas peças nesse tabuleiro. Problemas mentais ligados à tecnologia são cada vez mais estudados. O psicólogo Larry Rosen listou uma dezena de males psiquiátricos ligados ao uso extensivo de Smartphones. “Narcisismo, depressão e obsessão são os que parecem mais frequentes”, disse. “Mais gente está se tornando mais narcisista, ou está se apresentando para o mundo como se só se importasse consigo própria. Mais gente está ficando obcecada e compelida a checar constantemente o telefone. E há uma pesquisa que mostra que mais pessoas estão ficando mais deprimidas quando não têm coisas maravilhosas para mostrar aos outros no Facebook”.

O maior número de casos é de jovens que sofrem crises de ansiedade por estarem sem sinal na internet, estudantes que perdem a capacidade de concentração e até um programador que começou a desenvolver esquizofrenia por viver isolado, interagindo só via web. Virou quase praxe ver pessoas em bares, restaurantes ou mesmo em bate-papos com celulares na mão, sem força para abandonar a engenhoca por umas poucas horas.

Recentemente, eu estava num evento que começou com a projeção de um filme. Uma jovem mulher, na minha frente, ficou mais de duas horas abrindo e fechando a bolsa, ligando o celular e mandando mensagens de texto. Não estava nem aí para o filme, pelo qual havia comprado ingresso ! Atrás, um homem não parava de receber chamadas. Simplesmente se recusava a desligar o troço. Em tempo: nenhuma delas parecia urgente. Se isso não é doença, eu é que estou doente.

A situação, na área política, é desanimadora. Sinto que minha geração, embora tenha sido ferozmente perseguida por uma ditadura, fracassou ao não conseguir passar adiante o tesão por transformações radicais. Sei que o homem não faz o que quer, limitado que é pelas circunstâncias históricas.

A grande crise que está em curso no mundo capitalista traz condições objetivas para mudanças importantes, que, no entanto, não virão sem que se preencham as condições subjetivas, ou seja, a organização política, as referências teóricas, a mobilização de todos os explorados. Onde, nesse momento futuro, estará a juventude ? Revoltada ? Submissa nas filas de desempregados ? Desbundada e afogada em álcool e ecstasy ? Não sei.