"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 11 de julho de 2013

SANATÓRIO (OU SANITÁRIO) DA "POLÍTICA" BRASILEIRA

Algo mudou


“Algo virou de cabeça para baixo. Vamos ter que repaginar a base do governo. Do jeito que está não dá. Temos que ver quem tem cargo”.

José Guimarães, líder do PT na Câmara, irmão de José Genoino e ex-chefe do assessor que inventou a cueca-cofre, explicando em dilmês erudito que todos os contratos de aluguel precisam ser revistos e, se for o caso, reajustados.

Quarto dos fundos


“Quem já viveu aqui neste palácio, como eu estou vivendo há 11 anos, já viu o balão subir e descer tantas vezes que a gente tem que ficar sereno. Quem viu 2005, onde já era proclamado por vários editorialistas que o Lula tinha acabado, que não teria reeleição, tem que ter muita serenidade agora”.

Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e caixa preta do PT, revelando que há mais de dez anos come e dorme de graça no Palácio do Planalto, que já foi a Pensão do Lula e agora virou Pensão da Dilma.

Homem de bem


“Eu fui relator de uma medida provisória que de uma vez só mandou R$ 30 bilhões para o BNDES. É essa prioridade que a partir de agora nós vamos ter que discutir: se é necessário mandar o dinheiro para a educação, se é necessário criar uma carreira para contratar médicos com recursos do governo federal, ou se é importante manter 39 ministérios”.

Renan Calheiros, no encontro dos prefeitos em Brasília, confirmando que manifestações de rua de bom tamanho fazem milagres.

Coisa recente


“Tenho visto barbaridades feitas aqui no Senado nos últimos dias”.

Delcídio Amaral, senador pelo PT de Mato Grosso do Sul, sobre a ‘agenda positiva’ imposta por Renan Calheiros, como se nos dias, meses e anos anteriores não tivesse visto nenhuma barbaridade na Casa do Espanto.

Chegou de Marte


“O que temos que fazer diante desse quadro de desonerações de impostos: dar mais prioridade aos municípios no Fundo de Participação dos Municípios e fazer atualização per capita dos programas federais ou mandar 80, 90, 100 bilhões de reais para o BNDES emprestar a meia dúzia de empresários?”

Renan Calheiros, no encontro dos prefeitos em Brasília, fazendo de conta que acabou de saber que Eike Batista existe.

Fantasma bom de voto


“Em todas as cenas que eu vi das manifestações nas ruas, eu não vi em nenhuma faixa escrito que era para se tirar os suplentes de senadores. Eu não vi essa placa nas manifestações de rua. Ninguém pode dizer que eu não disputei as eleições para o Senado. Primeiro, porque eu subi os morros, eu subi as favelas do Rio de Janeiro para pedir voto para o meu senador e para pedir voto para mim também”.

Eduardo Lopes, suplente de senador que assumiu a vaga quando o titular Marcelo Crivella foi transferido para o Ministério da Pesca, ao comentar a derrubada pelo Senado da PEC que proibia os pais da pátria de escolher como suplentes cônjuges e parentes de até segundo grau e que reduzia para um o número de suplentes, jurando que, embora seu nome nem aparecesse na tela da urna eletrônica, foi muito bem votado.

Exemplo de superação


“Eu quero começar dirigindo um comprimento às prefeitas e aos prefeitos, às primeiras-damas e aos primeiros-damos presentes à Marcha em Defesa dos Municípios”.

Dilma Rousseff, em Brasília, internada por Celso Arnaldo ao mostrar que está se esforçando para tornar mais grotescos, a cada dia, os piores cumprimentos jamais feitos na história dos discursos republicanos ─ fora o resto.

Ladroagem cara


“Nossos custos são mais caros, o Brasil hoje é um país muito caro em tudo, em impostos”.

Aldo Rebelo, ministro do Esporte, em entrevista à Folha, ao tentar explicar a gastança com os estádios construídos para a Copa da Ladroagem,  sem esclarecer se o item “impostos” inclui os bilhões de reais destinados a propinas, comissões, subornos e outros pagamentos por fora.

Como é que é?


“O preço, quando você calcula a partir do preço do assento, está na média da África do Sul”.

Aldo Rebelo, ministro do Esporte, em entrevista à Folha, ao tentar explicar em dilmês vulgar por que os estádios construídos para a Copa 2014 são os mais caros do mundo, confirmando que quem conversa com Dilma Rousseff mais de uma vez por mês se torna incapaz de dizer coisa com coisa.

Bandidagem de estadista (2)


“O governador Sérgio Cabral encara como uma perseguição ao seu mandato informações que soem como ‘denúncias’ quanto ao uso de helicópteros do Estado”.

Sérgio Cabral, disfarçado de assessoria de imprensa do governo do Rio de Janeiro, jurando que não enxerga nada de errado no uso do helicóptero oficial, patrocinado pelos pagadores de impostos, para transportar a mulher, os filhos, as babás e o cachorro Juquinha para os fins de semana na casa de praia em Mangaratiba.

11 de julho de 2013
Augusto Nunes

ELE SABE O QUE FALA...



 


11 de julho de 2013
Do Face Comunistas Caricatos
 

BOLSA PELEGO

Manifestantes recebem R$ 50 para protestar.
O Terra flagrou o grupo recebendo o pagamento, em uma rua ao lado do Masp, onde ocorreu o maior protesto da Greve Geral, em São Paulo.
Segundo alguns manifestantes, que preferiram não revelar seus nomes, a UGT teria pago R$ 50 por pessoa, para que eles participassem da passeata que começou na rua 25 de Março, no centro.
 
"Eles pagaram R$ 50 e deram uma pulseirinha", disse uma jovem, que não quis gravar entrevista, mas que afirmou não ser sindicalizada - outros manifestantes que receberam o pagamento também não eram sindicalizados. Abordadas, algumas pessoas afirmaram ter recebido apenas lanches e "ajuda de custos" para o transporte.
 
O presidente da UGT, Ricardo Patah, negou que a entidade sindical tenha pago qualquer valor aos manifestantes e disse que eventuais pagamentos teriam sido feitos por "sindicatos independentes, para ajudar nas despesas". "A UGT não pagou ninguém, nem autorizou ninguém a pagar pela participação dos trabalhadores.
 
Quem veio, veio pela causa. Mas o que pode ter acontecido é de algum sindicato ter pago esse valor para ajudar nos custos, afinal muitos estavam no protesto desde a madrugada e moram longe. Mas a UGT não tem como controlar isso, temos vários sindicatos associados", afirmou. 
 
( Portal Terra)
 
11 de julho de 2013
in coroneLeaks

MÉDICOS ESPANHÓIS NÃO CAEM NA LOROTA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

Os médicos espanhóis garantem que não serão a solução para os problemas da saúde no Brasil e temem que, por pressão política, o governo acelere medidas para atrair profissionais como uma meta "mais direcionada às eleições do que para resolver a questão da saúde no País". Quem faz o alerta é o Conselho Geral do Colégio de Médicos da Espanha, que nesta semana negocia os termos de um acordo com o governo brasileiro e, amanhã em Madri, apresentará ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, as condições que exigem para que a oferta de trabalho do Brasil seja considerada. 
 
O grupo não descarta o interesse. Mas quer certas garantias. A principal é que as condições de infraestrutura dos hospitais para onde esses médicos serão levados sejam informadas com detalhes, com o número de leitos, quantidade de funcionários, recursos e acesso a remédios. "Não queremos ser enganados", disse ao Estado o médico Fernando Rivas, responsável do conselho pelas negociações com o Brasil. Pelo projeto brasileiro, os médicos estrangeiros não precisariam passar por exames. Mas teriam contratos limitados a alguns anos e teriam de escolher entre seis cidades oferecidas pelo governo, todas no interior ou em regiões pobres.
 
Ontem (10), o governo iniciou a promoção do projeto em uma turnê que começou em Santiago de Compostela. Coube ao secretário de Gestão do Trabalho, Mozart Sales, fazer a apresentação, se reunir com a conselheira de Saúde da Galícia, Rocio Mosquera, e visitar a Faculdade de Medicina. Segundo ele, desde terça-feira, cerca de 50 pessoas procuraram informações sobre o projeto, que espera atrair 7 mil médicos estrangeiros. Sales completa a viagem nesta semana com encontros em Barcelona e Madri, depois de já ter passado por Lisboa.
 
A oferta é vista com desconfiança entre os médicos espanhóis. Segundo eles, o que o governo apresenta nas palestras é apenas o dado demográfico das cidades, nível de renda e principais problemas de saúde. Mas não os recursos que garantam hospitais na região. "Os médicos espanhóis não são a solução para as questões de saúde no Brasil", declarou Rivas.
 
"Podemos ajudar. Mas, pelas condições que nos foram apresentadas, não acredito que mais de uma centena de médicos na Espanha aceite ir ao Brasil. Não haverá uma onda de médicos daqui indo para o Brasil, isso eu posso garantir." Rivas passou os últimos dois dias em conversas com a delegação do Ministério da Saúde que está na Espanha, que receberá visita do ministro Padilha hoje (11) e amanhã (12).
 
Vagas
 
Segundo o conselho, o governo já informou que cerca de 94 municípios terão vagas abertas e que as chamadas serão realizadas a cada 40 ou 60 dias. Os salários seriam de cerca de R$ 10 mil, considerado "bom" para os espanhóis. Mas Rivas, apesar de ver o projeto de uma forma positiva, alerta que isso não será suficiente para o programa funcionar. "O que mais nos preocupa é a falta de informação sobre as cidades para onde esses médicos serão mandados", explicou Rivas.
 
"Queremos saber quantas ambulâncias o hospital tem e quais equipamentos. O que não queremos é publicidade enganosa. Os médicos espanhóis têm hoje a chance de ir ao Catar, à Alemanha e ao Reino Unido e, em cada um desses casos, podem ligar e saber exatamente qual a situação. Queremos a mesma coisa do Brasil, mesmo que a informação não seja boa. Mas pelo menos que seja a verdadeira."
 
Google A delegação do governo brasileiro chegou a causar surpresa entre os responsáveis da Espanha quando sugeriu que procurassem as cidades no Google. Rivas admite que a situação econômica na Espanha é das mais graves e que 2 mil médicos já deixaram o País nos últimos 12 meses e 3,3 mil estão desempregados. Por isso, ele não descarta que "os mais desesperados" considerem a proposta brasileira. As informações são do jornal
 
O Estado de S. Paulo.
 
11 de julho de 2013
in coroneLeaks

ENTENDENDO O FORO DE SÃO PAULO - CAP. 5

DIA NACIONAL DE COISA NENHUMA...

Dia Nacional de Lutas é o Samba do Crioulo Doido em versão político-sindical



O Dia Nacional de Lutas, Mobilização e Greves, promovido nesta quinta-feira pelas principais centrais sindicais, está prejudicando o país como um todo, a pretexto de protestar contra uma série interminável de problemas existentes no país.
A pauta de reivindicações é tão extensa que só falta incluir a cura do câncer e da AIDS.

Segundo o site G1, manifestantes interditam diversas rodovias e bloqueiam acessos aos portos de Santos, em São Paulo, Itaguaí, no Rio, e Suape, em Pernambuco.
Em São Paulo, diversas avenidas foram fechadas pelos protestos, e a Via Dutra foi interditada nos dois sentidos.

Em outras cidades, como Belo Horizonte, Salvador, Vitória, Manaus e Porto Alegre, os trabalhadores enfrentam a falta de ônibus nas ruas. Na capital gaúcha, a Justiça obrigou a circulação de ao menos 50% da frota. Até as 9h30m, 30 rodovias em dez estados já tinham algum tipo de interrupção.

Apoiada por Lula, pela UNE, pelo Movimento Sem Terra, pelo PT e (“oficiosamente”) pelo próprio Planalto, a quem interessa esse tipo de “mobilização supostamente trabalhista” das centrais sindicais?
Parece ser uma espécie de Samba do Crioulo Doido, em versão político-sindical. 
Não interessa a ninguém, e o único resultado é atrapalhar os cidadãos que tentam trabalhar honestamente, no dia-a-dia de suas vidas.

11 de julho de 2013
Carlos Newton

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE




11 de julho de 2013

O PLEBISCITO E O POVO GIGOLÔ

Sebastiao Ventura    


Quando se pensa que a promiscuidade política chegou ao limite do tolerável, o cidadão é surpreendido por uma ousadia cada vez mais pornográfica.

Sem qualquer constrangimento em tratar o povo como tolo, o Planalto, como resposta aos incandescentes protestos populares contra a imoralidade pública, resolveu tirar um coelho da cartola e lançar uma proposta mágica:
vamos fazer um plebiscito!

O problema é que, na cartola do governo, ao invés de coelhos, há ratos. E, assim, ao invés de limpeza, é provável que a sujeira espalhe, ainda mais, a leptospirose demagógica nas já combalidas veias da democracia brasileira.
 
Pois bem. Entre as soluções encantadas imaginadas pelos arcanjos do governo, está o festejado financiamento público de campanhas. Sem cortinas, a proposta governamental quer transformar o povo em gigolô da política.

Sim, outra não poderá ser a conclusão. Insatisfeitos em fazer do cidadão um fantoche da democracia, que vê o governo consumir quase 40% do PIB nacional e sequer proporcionar saúde, educação e segurança, agora estão dispostos a refinar a traficância política: querem que todos e cada um nós banquemos a suruba do poder.

É impressionante, mas os fatos não deixam mentir, embora a mentira seja a principal arma dos inquilinos palacianos.
 
O problema não diz respeito à modalidade de financiamento, mas à falta de seriedade nas contas
Naturalmente, é imperioso reconhecer que o poder do dinheiro invadiu a quadra política, tratando as eleições como se fosse um show de um bordel de quinta categoria. Aqui, chegamos ao ponto: o financiamento público resolverá a questão? Ora, é claro que não.

Objetivamente, o problema do poder econômico nas eleições apenas se resolverá com uma reta e eficaz medida: verdade material nas prestações de contas eleitorais. Veja-se, aliás, que o art. 17, III, da Constituição Federal determina a “prestação de contas à Justiça Eleitoral” como preceito obrigatório para o regular funcionamento dos partidos políticos.

Logo, a norma constitucional indica que a prestação de contas há de ser séria e fidedigna às receitas e despesas da campanha eleitoral e, não, uma farsa como o “caixa 2″ tão marcante no famigerado e criminoso mensalão.
 
Portanto, o problema não diz respeito à modalidade de financiamento, mas à falta de seriedade nas contas que são prestadas à Justiça Eleitoral. Além de verdade na contabilidade dos partidos, temos que dar um próximo passo: fixar um teto orçamentário para cada cargo eletivo.

Com o teto legal fixado somado a uma digna prestação de contas, saberemos quem e como financiou a campanha, tornando sem efeito o fantasioso argumento do financiamento público. Enfim, existem saídas hábeis e moralmente elevadas. E quanto a você: concorda comigo ou quer ser um gigolô político?

11 de julho de 2013
Sebastião Ventura Pereira da Paixão Jr
Fonte: Zero Hora, 09/07/2013

"UMA CRISE EM BUSCA DE UM GOVERNO"

"Estou convencido de que nada é mais necessário para os homens que vivem em comunidade do que ser governados: autogovernados se possível, bem governados se tiverem sorte, mas, em qualquer caso, governados". W. Lippmann
Ninguém está exigindo da presidente da República ou mesmo do PT que façam um grande governo. Só se está pedindo que façam algum governo. Quem está no poder tem o direito de errar. E o eleitor julga. Mas não tem o direito de não governar.
Quando, em 2010, fui candidato à Presidência, sabia bem que por trás da euforia de consumo do fim do governo Lula estava o espectro de grandes dificuldades para seu sucessor, fosse quem fosse. A inusitada bonança externa que cercava a economia brasileira não se prolongaria indefinidamente. Não daria para conciliar por muito mais tempo o crescimento rápido do PIB, puxado pelo consumo, com desindustrialização e investimentos baixos. Tampouco seria possível, para uma economia de crescimento lento, manter a combinação do aumento acelerado das importações com o desempenho modesto das exportações sem que voltasse o fantasma do desequilíbrio externo.
Mesmo assim, essa estratégia foi levada adiante, sob aplausos quase unânimes. Não se enganem: um erro da magnitude do que foi cometido no Brasil não se faz sem o apoio de muita gente. Alguns colunistas, naquele ano, chegaram a lançar a tese do "risco Serra", segundo o qual eu não poderia vencer a eleição porque representaria uma ameaça - imaginem! - à estabilidade da economia...
Ora, eu procurava então advertir para o que aconteceria caso não houvesse uma mudança de rumo na gestão governamental. Não era uma questão de opinião, mas de fato econômico e de lógica. Como poderia crescer de maneira sustentada um país que tinha as menores taxas de investimentos governamentais, o câmbio mais valorizado, os maiores juros do mundo e a maior carga tributária entre os países emergentes? Todos sabem que, para mim, a política consiste em ampliar os limites conhecidos do possível. Já os que insistem, na vida pública, em ampliar os limites comprovados do impossível estão apenas jogando com a sorte alheia.
Não se trata agora de ser engenheiro de obra feita. Algumas das atuais dificuldades estavam mesmo escritas na estrela do PT. Mas o encantamento basbaque com as circunstâncias da economia, que não tinham como perdurar, tornou o novo governo impermeável à realidade. Não vou dizer que ele ficou cego e surdo, porque as pessoas com essas problemas desenvolvem outras faculdades para perceber o que vai à sua volta.
O mal do governo foi mesmo a arrogância e, não sei em que medida, a ignorância, somada a uma excepcional inaptidão executiva. Tudo amenizado pela boa vontade até da oposição. O marketing e a publicidade exacerbados se encarregaram de inflar resultados e expectativas.
Foi assim que o governo navegou sem rumo durante a primeira metade do mandato, sem chegar a lugar nenhum, como é típico de quem não sabe para onde vai. No início da segunda metade veio o estalo criativo: definir um rumo não para o Brasil, mas para o PT, com a antecipação da campanha eleitoral de 2014. Ou seja, não sabiam o que fazer com o Brasil, mas sabiam o que queriam para si: levar o País a se engalfinhar na luta político-partidária e desviar a atenção dos problemas e frustrações, confundindo promessas com realizações.
 Mas o ciclo econômico lulopetista chegou a fim: lento crescimento da economia, desaceleração do consumo e da criação de empregos e aumento da inflação. As pessoas vão-se dando conta das ilusões vendidas nestes últimos 11 anos nas áreas de saúde, educação, transportes - e mesmo na moralização da vida pública. Quando as ruas pedem "hospitais e escolas padrão Fifa", estão a exigir efetividade nas politicas públicas. Eis que surge, então, a líder insegura, incapaz de lidar com as expectativas das ruas e do empresariado.
Longe de mim reduzir as manifestações apenas a essa reversão do quadro econômico. Mas é fato que elas não ocorrem no vazio. Uma faísca é inócua se produzida ao ar livre; se, no entanto, em meio a barris de pólvora... Os protestos serviram para evidenciar a todos que o governo não governa, que lhe falta a faculdade fundamental de atuar para diminuir o tamanho das crises. Ela e seus maus conselheiros fizeram o contrário.
  
A Nação assistiu, então, a uma presidente desorientada. Sua primeira reação foi deslocar-se para São Paulo à procura das luzes de Lula, seu criador. Em companhia da chefe da Nação, seu marqueteiro... Seguiram-se duas falas desconexas em redes nacionais, em tom de campanha eleitoral. O País esperava que ela transmitisse segurança, compreensão, disposição e liderança. Em vez disso, promessas vagas e a ideia de transformar os médicos brasileiros na caveira de burro dos problemas da saúde. Contra as evidências, a presidente até negou que o governo injete dinheiro público a fundo perdido na Copa do Mundo.
No auge da alienação, foi proposto instaurar uma Assembleia Constituinte só para a reforma política e, posteriormente, de se fazerem mudanças na legislação político-eleitoral via plebiscitos. Algo espantoso: a presidente e seus assessores mais próximos não tinham lido a Constituição. O Planalto tentava responder à crise que está nas ruas demonizando o Congresso Nacional e propondo saídas inconstitucionais.
Dilma passou dois anos envolta pela "bolha de Brasília", conferindo-se ares de majestade, impermeável à realidade. Mas essa bolha estourou, como evidenciou o cerco aos três Poderes. E pasmem: não obstante a voz clara das ruas e a voz rouca da economia sob estagflação, o governo ainda encontrou tempo para reiterar o bilionário e inútil trem-bala, o mais alucinado projeto da era petista e não petista.

Um governo não tem o direito de não governar. E o atual passou a ser governado pelos fatos. A presidente não conduz, mas é conduzida.
 
11 de julho de 2013
José Serra, O Estado de São Paulo

"CÂMARA DEVE CASSAR TROMBADINHA DONADON ANTES DO RECESSO. E A GANGUE DE LULA?

Câmara deve cassar Natan Donadon antes do recesso parlamentar.  Casa está empenhada em acelerar o processo, disse o presidente Henrique Alves (PMDB-RN)


O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), informou nesta quinta-feira, 11, que o deputado federal Natan Donadon (sem partido-RO) ainda não encaminhou sua defesa à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, em que tramita o processo de cassação de seu mandato.
 
 
Assim, será nomeado um advogado dativo para representá-lo. Segundo Alves, a CCJ está empenhada para "acelerar esse processo" e concluir o rito antes do recesso parlamentar, previsto para a próxima semana.
 
Donadon ganhou na quarta-feira, 10, mais prazo para apresentar sua defesa após cancelamento de sessão ordinária. O prazo regimental é contabilizado em cinco sessões ordinárias e, havendo sessão, o prazo final do deputado se encerra nesta quinta.
 
O deputado teve seus salários interrompidos, seus seis funcionários já foram exonerados e seu gabinete será lacrado nesta quinta-feira. Donadon foi condenado por peculato e formação de quadrilha a 13 anos de prisão e está preso desde 28 de junho na Penitenciária da Papuda, em Brasília.

11 de julho de 2013
Daiene Cardoso - O Estado de S. Paulo

"O SUPER-MENSALÃO"

Dona Dilma entrou em delírio. Incapaz de perceber que seu governo acabou, quer nos fazer crer que ainda mantém a iniciativa na condução política da nação. Ao se ler o teor de suas manifestações tem-se a impressão que ela acabou de ser eleita, que está assumindo agora a presidência da república. Teses as mais mirabolantes até são aceitáveis quando se está no início de mandato.

Não agora, faltando pouco mais de 15 meses para as próximas eleições. Dizendo uma coisa hoje para abandoná-la amanhã; propondo encaminhamentos inconstitucionais rebatidos, de pronto, pelos Tribunais, pelo Congresso e pelos especialistas no assunto; correndo dentro do seu palácio igual barata tonta, para dar ares de comprometimento com as múltiplas e variadas demandas brotadas nas ruas, Dilma, enfim, está mais perdida que cachorro que caiu da mudança.

Se a história pretérita é interpretada a partir dos fatos presentes, tornam-se claras as razões que explicam a falência da lojinha de produtos de R$1,99 que ela abriu e gerenciou alguns anos atrás.
O discernimento precário e a truculência no trato com as pessoas estão, certamente, na raiz dos resultados que ela colheu àquela época, e que se repetem nos dias de hoje.

Mas se não fez prosperar a lojinha de quinquilharias, dona Dilma se mostra muito sagaz no manejo de dinheiro público. Tanto é que pretende superar a invenção feita por seu criador, o co-presidente Lula, impondo ao Congresso Nacional mais que o mensalão: o super-mensalão! A tanto se resume sua ideia de jerico a respeito da reforma política, num suposto financiamento público das eleições.

Super-mensalão é querer que o dinheiro dos impostos seja repassado aos políticos para que banquem suas campanhas. Isso, na realidade, já ocorre há muito tempo. Basta ver os horários eleitorais gratuitos no período que antecede as eleições, bem como os repasses do Fundo Partidário.
Sem falar, é claro, dos vultosos recursos que os sindicatos recebem e que são aplicados nas campanhas políticas, notadamente do PT, pela sua central sindical ─ a CUT; sem esquecer a contribuição cobrada pelos cargos ocupados da vibrante companheirada e, igualmente, do pedágio arrancado pelo MST de camponeses miseráveis, clientes da vasta cornucópia governamental, via Pronaf.

Dilma, no entanto, não está satisfeita. Dilma quer mais. Ela pensa em centenas de milhões de reais transferidos para figuras como Genoino, Delúbio, Dirceu, Maluf, Sarney, Calheiros e outros da mesma estirpe fazerem seu carnaval particular. Essa gente nem precisará mais se dar ao trabalho de desviar recursos públicos para financiar suas campanhas. Tudo já virá de maneira legal e organizada sob os olhos perplexos da nação. O super-mensalão vai se destinar, sobretudo, à gatunagem petista, dona da maior bancada na Câmara dos Deputados.

Não foi para isso que o povo brasileiro foi às ruas neste inesquecível mês de junho de 2013.”

11 de julho de 2013
ANTÔNIO MACHADO DE CARVALHO, Publicado no jornal O Tempo

"POR QUE É TÃO DIFÍCIL ENTENDER?"

 

     A crise que o país atravessa desde a eclosão dos primeiros protestos contra o aumento das passagens de ônibus tem três componentes articulados:

1 ─ A sociedade quer transporte, saúde e educação de qualidade, pois ela paga caro por isso, por meio dos impostos, e não recebe em troca serviços públicos à altura. Simples assim. A sociedade não pediu nas ruas reforma política, nem plebiscito para eliminar suplente de senador.

2 ─ A sociedade quer o fim da impunidade, pois está cansada de ver corruptos soltos debochando de quem é honesto, mesmo depois de condenados.
Acrescentar o adjetivo hediondo à corrupção de pouco adianta se deputados e ministros continuam usando aviões da FAB para passear e se criminosos estão soltos, alguns até ocupando cargos de liderança ou participando de comissões no Congresso.

3 ─ A sociedade quer estabilidade econômica: para a percepção do cidadão comum, os 20 centavos pesaram como mais um sinal de que a economia está saindo do controle. A percepção do aumento da inflação é crescente em todas as classes sociais; em última análise, este será o fator determinante dos rumos da crise a médio prazo, já que não há discurso ou propaganda que camufle a corrosão do poder de compra das pessoas, sobretudo daquelas recentemente incorporadas à economia formal.

Esses problemas não são de agora, nem responsabilidade exclusiva dos últimos governos. Mas o que se espera de quem está no poder é que compreenda que a melhor maneira de reconquistar o apoio perdido é dar respostas concretas e rápidas às demandas feitas nas ruas (e não a demandas que ninguém fez). Não é isso que vem acontecendo: todas as ações da classe política parecem movidas pela tentativa de tirar proveito da situação e desenhadas para que tudo continue como está.

É bom que se diga que não são somente os políticos que espantam pela surdez diante dos gritos coletivos de irritação e impaciência, dos protestos que não têm dono nem liderança. A julgar pelo que se viu em algumas mesas da Flip, muitos intelectuais também se entregam com facilidade à tentação leviana e arrogante de transformar a crise não em oportunidade para um debate consequente, mas em pretexto para oportunistas e demagógicas tentativas de embutir suas próprias agendas secretas e pautas obscuras nas bandeiras das manifestações populares: a tal “crise de representação”, por exemplo, se transformou em escudo para as propostas mais escalafobéticas, envolvendo extinção dos partidos e uma suposta “democracia direta”.

Essa crise não será resolvida por palavras mágicas como “plebiscito” ou “reforma”, nem por manobras da velha política que fazem pouco caso da inteligência das pessoas, nem pela demonização da mídia, nem por espertezas toscas de bastidores, nem por tentativas de cooptação e de controle do movimento social, nem por frases de efeito.

As verdadeiras bandeiras da população que foi às ruas não têm nada a ver com guinadas à esquerda ou à direita, nem com palavras de ordem radicais ou fascistas, nem com a paranoia do golpismo. As verdadeiras bandeiras do grosso da população que foi às ruas têm a ver, isto sim, com um anseio urgente e definitivo por eficiência e ética na atuação de todos os políticos, de todos os partidos, de todos os poderes, de todas as esferas do poder. Aliás, todos são pagos para isso, com o nosso dinheiro.

Por que isso é tão difícil de entender?

11 de julho de 2013
LUCIANO TRIGO, O Globo

FORÇA SINDICAL PEDE DEMISSÃO DE MANTEGA E CENTRAIS AMEAÇAM GREVE GERAL

Cerca de 4 mil pessoas fazem ato na Avenida Paulista


Manifestantes ocupam a Avenida Paulista nos dois sentidos Foto: Eliaria Andrade / Agência O Globo
Manifestantes ocupam a Avenida Paulista nos dois sentidos Eliaria Andrade / Agência O Globo

Em ato com cerca de 7 mil pessoas, a Força Sindical pediu, nesta quinta-feira, a demissão da atual equipe econômica do governo federal. As principais centrais sindicais do país ameaçaram fazer uma greve geral em agosto, caso as reivindicações da categoria não sejam atendidas pelo Palácio do Planalto.
 
 
- A equipe econômica perdeu as condições de dirigir o Brasil. É necessário a demissão da equipe econômica. O ministro Mantega fala e ninguém mais presta atenção. Ele não tem mais condições de ser ministro - afirmou Paulinho.
 
A política econômica do governo federal foi criticada também pelo presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas. Segundo ele, há dois pontos dos quais a central sindical diverge completamente do governo federal: a taxa de juros e o superávit primário. Para Freitas, “foi uma excrescência” a elevação da taxa de juros pelo banco central na quarta-feira.
 
- Nesse governo federal, em relação à política, nós temos uma grande divergência. A revisão da taxa de juros foi uma excrescência. Outro ponto equivocado é o superávit primário, que pode ter eficiência em outra conjuntura econômica, mas não na atual – afirmou.
 
As centrais sindicais reivindicam medidas como o fim do fator previdenciário, a redução da jornada de trabalho para 40 horas, o fim da terceirização, 10% dos recursos do PIB investidos em saúde e educação, entre outras reivindicações.
 
Nesta sexta-feira, os líderes das centrais sindicais irão se reunir na sede da Força, na capital paulista, para avaliar a série de manifestações pelo país. A expectativa é de que marque uma nova data, em agosto , de manifestações e paralisações, o que pode evoluir para uma greve geral. Para evitar esse quadro, as centrais sindicais reivindicam, pelo menos, que o Palácio do Planalto atenda ou ao fim do fator previdenciário ou a redução da jornada.
 
- Eu acho que está chegando no limite. Amanhã haverá uma reunião. Iremos discutir os passos que serão tomados no futuro - afirmou o presidente da Central dos Sindicatos do Brasil, Antonio Neto.
 
- Nós vamos esperar o retorno dos intorlocutores (do governo federal) para atender nossas reivindicações. Se não atender as nossas reivindicações, podemos fazer uma greve maior, é uma questão de entendimento ou não entendimento - disse o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas.
 
Para o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, chegou a hora da presidente Dilma Rousseff enquadrar os ministros do seu governo e dar mais atenção aos trabalhadores. Segundo ele, o caso não se trata de um “fora, Dilma”, mas de um “acorda, Dilma”.
 
- É um ato contra as políticas do governo federal. A presidente precisa enquadrar os seus ministros de governo. A saúde no Brasil está péssima e o transporte é terrivelmente ruim - afirmou Patah.
 
A Associação dos Delegados do Estado de São Paulo também participa do ato e promete entrar em greve por melhores salários. Segundo a presidente da entidade, Marilda Pansonato, a possibilidade de uma greve não está descartada. - Se depender da associação, vamos entrar em greve sim. Estamos nos sentindo impotentes em relação à criminalidade. Além de más condições de trabalho, a cada dez dias um delegado vai embora (da polícia de SP) - disse ela.

11 de julho de 2013
Gustavo Uribe e Tatiana Farah - O Globo

PICARETAS DE LUXO

            
          Artigos - Cultura 
A mentalidade esquerdista intoxica-se de mitos difamatórios de maneira a não cair jamais na tentação de ver no adversário um rosto humano.

No show de ignorância dado à Folha de S. Paulo pelos líderes da FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty), a estrela maior foi sem dúvida o sr. Milton Hatoum, que, incapaz de lembrar o nome de um só escritor brasileiro importante que fosse de direita, ainda completou a performance com esta maravilha: “Diziam que Nelson Rodrigues era, mas discordo. Era provocador, irônico, e na ditadura lutou para libertar presos.”

De um lado, é absolutamente impossível, a quem quer que tenha lido o cronista carioca, ignorar seu anticomunismo intransigente, seu horror aos “padres progressistas”, seu apoio inflexível ao governo militar e até o orgulho com que ele se qualificava publicamente de “reacionário”.
É óbvio que o sr. Hatoum só conheceu o pensamento de Nelson Rodrigues por ouvir falar, e ainda assim com muita cera nos ouvidos.

Em segundo lugar, socorrer e proteger presos e perseguidos políticos durante a ditadura foi uma das ocupações mais constantes dos intelectuais de direita, entre os quais Adonias Filho (um dos muitos omitidos, por falta de espaço, no artigo anterior), Josué Montello, Antônio Olinto, Gilberto Freyre e Paulo Mercadante.
 
Para cúmulo de ironia, o mais célebre e aguerrido defensor de presos políticos naquela época foi o advogado Heráclito Sobral Pinto, um católico ultraconservador que confessava e comungava todos os dias e, quando não estava tirando gente da cadeia, estava escrevendo furiosas diatribes contra o Concílio Vaticano II. Hoje seria chamado de “fundamentalista” e jogado no lixo com a multidão dos outros “ninguéns”.

O que nunca se viu no mundo foi o beautiful people comunista correr em massa para estender a mão a perseguidos da ditadura soviética, chinesa, húngara, polonesa, romena ou cubana.

Ao contrário, sempre que aparecia algum foragido revelando as torturas e padecimentos sem fim sofridos nos cárceres comunistas, a gangue toda se reunia, não raro em escala mundial, para achincalhá-lo como “agente do imperialismo”.

Se o sr. Hatoum não conhece nem Nelson Rodrigues, seria loucura esperar que soubesse algo, por exemplo, do caso Kravchenco, em que toda a intelectualidade esquerdista se juntou para desmoralizar o ex-funcionário soviético que denunciava os horrores do Gulag. Kravchenco reuniu testemunhas, provou o que dizia e venceu um processo judicial contra toda a plêiade dos bem-pensantes.

Soljenítsin, quando esteve nos EUA, contou que os dissidentes soviéticos nunca receberam a menor ajuda da elite esquerdista americana, e sim apenas de sindicatos de trabalhadores (na época acentuadamente anticomunistas).

Quando esteve no Brasil o pastor Richard Wurmbrand, homem que por dezesseis anos sofrera torturas e maus tratos numa prisão romena (confirmados em público por uma comissão médica da ONU), a mídia esquerdista o tratou como se fosse um demônio, um conspirador fascista.

A mentalidade esquerdista intoxica-se de mitos difamatórios de maneira a não cair jamais na tentação de ver no adversário um rosto humano. Até hoje os quatrocentos guerrilheiros mortos na ditadura, muitos deles caídos de armas na mão, merecem mais lágrimas do que os cem milhões de civis desarmados que eles, como membros do movimento comunista internacional, ajudaram a matar.
 
Até hoje os que nadam em indenizações milionárias como prêmio da sua cumplicidade com os regimes mais bárbaros e genocidas não consentem em dizer uma só palavra de conforto às vítimas da guerrilha brasileira, dando por pressuposto que a condição de ser humano é monopólio da esquerda, que aqueles que a esquerda matou, mesmo transeuntes inocentes, não passam de cachorros loucos abatidos pelo bem da saúde pública.


Para o sr. Hatoum, basta um sinal de bondade na pessoa de Nélson Rodrigues, para produzir a conclusão automática e infalível: Não, ele não pode ter sido de direita.

Nunca li os romances do sr. Hatoum, mas até admito, como hipótese extrema, que um idiota possa escrever um bom livro de ficção. O que é inadmissível é aceitar como “intelectual”, como formador de opinião, um sujeito que formou a sua na base do puro zunzum e sai por aí arrotando julgamentos sobre o que desconhece.

Hoje, esse tipo de gente domina não só a FLIP, como todo o mercado editorial, as universidades e a mídia cultural, mas um dia a juventude brasileira, cansada de ser ludibriada por esses farsantes, adquirirá cultura por conta própria (espero sinceramente ajudá-la nisso) e não se curvará mais às opiniões recebidas.
 
Submeterá seus gurus aos testes mais duros e chutará o traseiro daqueles que forem desmascarados como ignorantes palpiteiros a serviço de interesses mafiosos e partidários. Garanto que, entre meus alunos, há pelo menos cem que são incomparavelmente superiores, em inteligência e conhecimentos, aos donos da FLIP e à massa de seus puxa-sacos.
O renascimento cultural do Brasil vem-se preparando no silêncio e na modéstia do trabalho sério, do esforço genuíno, na paciente aquisição dos instrumentos da vida intelectual superior.
 
Quando esses jovens ocuparem o espaço que merecem, não haverá mais lugar para os picaretas de luxo, para os comedores insaciáveis de verbas públicas, para os apadrinhados de um governo que vive da mentira e da corrupção. Quando soar a hora, cada um destes últimos, desprovido da interproteção mafiosa, será julgado no tribunal da competência e da honradez intelectual e, muito previsivelmente, jogado às trevas do anonimato, de onde nunca deveria ter saído.


11 de julho de 2013
Olavo de Carvalho
Publicado no Diário do Comércio com o título ‘A esquerda e os mitos difamatórios’.

UM PAÍS EM TRANSE E SEM AGENDA

E se um ET pedisse “levem-me a seu líder”?


Li em um dos noticiários eletrônicos que as manifestações e protestos desta quinta foram marcados por “lideranças tradicionais”, que estariam tentando se aproveitar da “energia” (?) das ruas.
Parece que essa expressão compreende os líderes da Força Sindical, da CUT, do MST e de outros movimentos sociais. A estes se oporiam, então, entendo, as “lideranças não tradicionais”. Não sei direito o que isso quer dizer. A
cho que designa os indignados que falam contra os partidos, contra a política, contra os políticos.
Devem ser os “líderes” do Twitter e do Facebook, os representantes de si mesmos, que estariam a evidenciar a crise de representatividade ou, sei lá, a falência dos regimes democráticos tradicionais. ATENÇÃO! VAGABUNDOS INTELECTUAIS QUE FALAM NA CRISE DA DEMOCRACIA TRADICIONAL ESTÃO É INVESTINDO NUMA DITADURA CRIATIVA…
 
Leiam o noticiário do dia e tentem achar um eixo para as manifestações. Não há.
Os sindicalistas dizem querer a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas e o fim do fator previdenciário.
Os sem-terra vão reclamar da suposta lentidão nos assentamentos; esse e aquele grupos pedirão que saúde e educação tenham garantidos, respectivamente, 10% do Orçamento da União; outros cobrarão a estatização das empresas de transportes públicos; há quem peça a “desmilitarização da PM”; também existem os que não abrem mão da saída de Renan Calheiros; o povo de não sei onde quer o fim de uma praça de pedágio; os médicos rejeitam – por bons motivos, claro! –, o plano do governo para a área; os pelegos da UNE estão protestando a favor de não sei quê (contra o governo é que não é, certo?)…
 
Bem, meus caros, cada um pegue a sua bandeira ou cartolina, vá para a praça e decida cassar de terceiros o direito de ir e vir. Nos dias em que um lema imbecil e autoritário como “Não me representa” é visto como verdadeira poesia da cidadania, vale, então, o “eu me represento”.
Logo, imporei a terceiros a minha vontade e a minha pauta. Quem não gostar que faça o mesmo. O espaço público deixa de ser de todo mundo para ser terra de ninguém.
 
Ah, é claro que acho divertido ver o petismo passando calor. Há 11 anos combato algumas de suas farsas; há muito mais tempo critico seus viés autoritário e sua concepção totalitária de estado.
Mas não me peçam, no entanto, para vibrar com esse “Je ne sais quoi” que tem levado as pessoas às ruas e tem imposto ao Congresso o regime da vaca louca. Não vou.
Uma coisa é o PT se defrontar com suas próprias incompetências e ser confrontado com um discurso racionalmente organizado, que aponte uma saída, uma alternativa; outra, muito diferente, é o partido, ou seu núcleo duro, perder influência para a anarquia, de sorte a forçar uma torção à esquerda, como está acontecendo, do processo político.
 
Esse era, desde o início, o meu receio. E, por ora ao menos, a pior perspectiva que eu enxergava está em curso. Peço que vocês tomem especial cuidado com o discurso de alguns bobocas contra a política.
Lembram-se do movimento “Cansei”? Tinha um alvo, sim: significava “cansei do PT”.
 
Ele surgiu não muito tempo depois do mensalão. Foi impiedosamente ridicularizado até por humoristas da TV, que hoje estão a conclamar que o povo saia às ruas, aplaudindo, inclusive, a hostilidade aos políticos.
 
Isso é má consciência. É preciso que se perceba e se rejeite uma operação intelectual sutil e perigosa que está em curso:
“Apostamos que o PT faria tudo diferente. Nós nos decepcionamos. Se é assim, então não queremos mais saber dos políticos”. Como assim? Quer dizer que o petismo era a fronteira possível da política? Quem não quer saber dos políticos quer, então, saber de quem ou do quê?
 
Eis a hora em que lideranças realmente fazem falta. A presidente Dilma, como se percebe, está perdida – é vaiada até quando anuncia que vai liberar dinheiro para as prefeituras. Quem hoje fala em seu nome é Aloizio Mercadante, cuja arrogância era detestada por seus pares quando estava no Senado…
Imaginem, então, falando como o homem forte do Executivo. A oposição, convenham, tenta engrossar a voz das ruas. Ocorre que não temos um coro, mas uma algaravia. O que aconteceria se um ET baixasse no Brasil e pedisse “Levem-me a seu líder”?
 
“Ah, Reinaldo, veja lá. O senado aprovou em segunda votação uma PEC que permite que projetos de lei de iniciativa popular possam ser apresentados com a assinatura de apenas 0,5% do eleitorado (700 mil assinaturas). O texto também prevê que se apresentem emendas à Constituição, o que hoje não é permitido; nesse caso, será necessário ter a assinatura de 1% (1,4 milhão). E essas assinaturas podem ser colhidas eletronicamente, por intermédio da Internet.”
 
É? E por que eu deveria ficar contente com isso? Satisfeito eu ficaria se o país adotasse, por exemplo, o voto distrital, de sorte que a população tivesse, aí sim, maior proximidade com seus representantes.
Submeter permanentemente a Constituição a minorias organizadas e barulhentas – e nunca à maioria, que é sempre desorganizada e silenciosa – não me parece, lamento, uma boa escolha. A primeira vítima de uma democracia que vivesse sob a tutela de grupelhos organizados seria a segurança jurídica. Onde ela não existe, os investimentos despencam, a confiança vai para o brejo, e se entra na espiral negativa.
 
“Ah, esse é o discurso apocalíptico dos reacionários, dos que não querem mudar nada…” Besteira! É o discurso dos que acreditam que a mudança só é duradoura quando se investe também na estabilidade.
Querem um exemplo do que não fazer? Se você, leitor, fosse um investidor, escolheria hoje a área de transporte público, por exemplo? Por quê? A rigor, todos os setores com tarifas controladas passaram a ser potencialmente perigosos.
Finalmente…
 
Sim, eu também estou entre aqueles que estranham o silêncio de Lula. Ninguém ignora que duas são as especulações principais:
 
a) a de que estaria doente, evitando, então a exposição pública;
 
b) a de que estaria torcendo para o circo pegar fogo, estimulando no PT o movimento “queremista”, que já está em curso.
 
Não faço votos no mal de ninguém – nem de Lula. Espero que esteja saudável. Estranho também, reitero, o seu silêncio, mas não vejo por que se deva cobrar que fale alguma coisa, como se guardasse alguma verdade oracular. A democracia lhe garante o direito de falar o que lhe der na telha, mas prefiro a poesia do seu silêncio.
 
Encerro lembrando que é pura cascata esse negócio de que é próprio das democracias a permanente mobilização da sociedade e coisa e tal. Não! Próprio das democracias é a clareza das regras, democraticamente instituídas, que funcionem e permitam às pessoas cuidar de suas próprias vidas e planejar o seu futuro.
Se a gente não consegue ir ao barbeiro ou supermercado porque as vias estão obstruídas, alguma forma de ditadura está em curso…
Ainda voltarei a essas coisas todas. Agora vou ver uma igreja do século 14. Ontem, uma das filhas me perguntou ao passar em frente ao monumento:
“Será que dura mais sete séculos, pai?”. Não sei.
 
11 de julho de 2013
Reinaldo Azevedo

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

Aliados não acreditam na versão de Gilberto Carvalho sobre Lula não querer substituir a Dilma em 2014
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A maior dificuldade política dos ditos “aliados” do governo é acreditar na declaração do desgastado Secretário-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, sobre as reais intenções políticas do seu chefão e amigo Luiz Inácio Lula da Silva. Carvalho insiste para que os petistas repliquem a versão de que Lula pensa em retorno ao Planalto em 2014, caso Dilma não consiga recuperar a popularidade.
Carvalho fala, mas os aliados custam a acreditar: “Lula não tem nenhuma pretensão, nenhuma vontade de voltar. O que ele aposta é na vitória da Presidenta Dilma. Eu, que sou amigo do Lula, sei que ele aposta no governo da Presidenta Dilma. Quem já viveu aqui nesse Palácio, como estou vivendo há 11 anos, já viu o balão subir e descer tantas vezes. Então, tem que ficar sereno”.
Dilma da Silva não está serena. Ela é só desgaste. E Lula a pressiona para ser mais política e negociar – no que ela reluta em fazer. No dia em que foi vaiada por prefeitos – que exigem aumentos dos repasses nos fundos de participação dos municípios -, a Presidenta quase sofreu outra derrota feia. A relação dela com os políticos beira o “divórcio litigioso”. A base aliada parece só pensar em traí-la.
A grana a ser gerada pelo polêmico pré-sal (que não se garante nem quando, como e por quantos bilhões valerá a pena ser explorado) é o ponto de discórdia. Quatro destaques de uma votação que não acabou ontem e só deve ser concluída terça-feira que vem podem bagunçar com a proposta do governo sobre o uso dos royalties do petróleo na Educação e Saúde – as áreas de interesse dos esquemas de corrupção vigentes no Governo do Crime Organizado.
A votação da semana que vem pode nem acontecer – como forma de acuar ainda mais o governo da Dilma – visivelmente mais perdida politicamente que cego em tiroteio. Uma grande parte da base dita “aliada” pretende não garantir quórum – o que deixaria a decisão do caso para agosto, na volta do recesso parlamentar. O adiamento será mais prova da fragilidade de Dilma – que não sabe o que fazer contra a rebeldia da ala do PMDB liderada pelo deputado federal Eduardo Cunha (RJ) – figura de quem Dilma tem ódio, e vice-versa.
A indecisão mexe com um negócio que interessa aos financistas do governo: o destino do tal Fundo Social do Pré-sal (grana que poderia render uns bons mensalões em comissões, dependendo de onde e por quem for cuidar de suas aplicações financeiras). O governo briga pela aprovação de todo o texto definido no Senado (que aplica 50% dos rendimentos do pré-sal no Fundo Social para Educação e Saúde, além de metade dos royalties do pré-sal).
Na Câmara, tem gente da base aliada querendo mexer na poupança da Dilma. O deputado André Figueiredo (PDT-CE) quer 50% do total dos recursos do fundo (e não apenas dos rendimentos) para a Educação. Além de acuar o governo, os deputados aproveitam para fazer demagogia com as manifestações de rua – que pediam todos os recursos na barriga da galinha preta do pré sal para Educação e Saúde. Na polêmica, fica claro que o governo está prestes a perder mais uma...
Racha visível
Se não fizer uma revisão, urgente, de sua relação com a base amestrada, Dilma corre o risco de enfrentar uma situação de total ingovernabilidade.
PT, PMDB, PR, PTdoB, PRP, PP, PTB e PSC ficaram favoráveis ao governo, defendendo a votação artigo por artigo, mas 45 deputados destes partidos votaram contra a orientação.
PSDB, PSD, DEM, PSB, PDT, PPS, PV, PRB, Psol, PMN e PEN acompanharam o relator André Figueiredo e orientaram contra a votação artigo por artigo do projeto do Senado.
Professor Aloprado

 
Virou pó?
O Conselho Nacional de Justiça será acionado para investigar o desaparecimento do processo nº 0024.06.001.850-4 que trazia sérias denúncias de corrupção contra o grupo político do senador Aécio Neves.
Oriundo do inquérito nº 1027539, o documento simplesmente sumiu no Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
Claro, a petralhada tem interesse na divulgação do material sumido para detonar, definitivamente, a candidatura presidencial do neto do Tancredo Neves...
Candidata à Primeira-Dama
A bela e elegante Letícia Weber está feliz da vida.
Depois de cinco anos de namoro, o famoso namorador Aécio Neves agora deve pedir a mão dela.
Evidente que o casamento, na véspera do ano eleitoral, é uma providência urgente para garantir uma primeira-dama, mesmo que não se conquiste, depois, a tão cobiçada Presidência...
Bela namorada...
Circula na internet a foto da belíssima namorada do Edward Snowden – ex-funcionário da Booz-Allen, prestadora de serviços para a CIA, que denunciou os esquemas de espionagem dos Estados Unidos.
Enquanto o caçado como traidor da pátria norte-americana não viaja da Rússia para um exílio na Venezuela bolivariana, os gaiatos da internet curtem a beleza da moça.
A modelo Lindsay Mills foi abandonada por ele depois das denúncias – este sim, um fato da maior das gravidades...
Plebe-citagem

O que não vai acontecer...
Rogério Amato, presidente da Associação Comercial de São Paulo, ainda torce pela implantação de uma política fiscal austera, ao comentar a recente subidinha de meio ponto percentual nos juros:
"Ao elevar a taxa SELIC para 8,5%, com aumento de meio ponto percentual, o Banco Central parece haver reforçado sua disposição de atuar para conter a alta da inflação, que ultrapassou em junho o limite superior da meta anual. Além disso, a maior incerteza em relação ao cenário externo, que tem pressionado a taxa de câmbio, tende a exercer efeitos inflacionários, concorrendo também para justificar a decisão do COPOM. Daqui para frente, devido ao enfraquecimento do nível de atividade, poderia ser conveniente realizar uma pausa nesse novo ciclo de aumento dos juros, porém, desde que a política fiscal implementada seja efetivamente austera".
Difícil, quase impossível, caro Amato, é o governo ser austero e muito menos implantar a tão esperada política fiscal...
Oportunismo Sindical

As manifestações sindicais programadas para hoje serão mais um exemplo da vanguarda do atraso brasileiro em termos de cidadania...
 
Patriotas insistentes
Vídeo que circula o mundo, no YouTube, mostrando o quanto ainda existem brasileiros com senso de patriotismo.
Realmente, é um momento épico a multidão se recusando a parar de cantar o Hino Nacional, mesmo com a travada da excelente banda.
Foi em Belém do Pará, no distante ano de 2011, antes do jogo Brasil x Argentina
 
 
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.
 
11 de julho de 2013
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.