"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 30 de agosto de 2011

DEFESA OU ACUSAÇÃO?

Na entrevista postada na página anterior, em que o jornalista fala de seu livro sobre o verdadeiro Lula, recentemente lançado (O QUE SEI DE LULA), o jornal O Globo nos deixa algumas dúvidas, não sobre a entrevista, mas a forma aparentemente distorcida de apresentar a entrevista.

“... o jornalista e escritor José Nêumanne Pinto defende em seu livro lançado na semana passada, "O que sei de Lula", a desmistificação do petista como um revolucionário e representante da esquerda brasileira.”

Motivo de dúvidas:
o antônimo de defender é culpar, atacar, acusar.

De acordo com seus antônimos, a palavra "defende" não seria a mais adequada no caso, tanto que, logo de início, passa a ideia de ser um livro favorável à verdadeira figura de Lula, o que não é verdade.

Tanto quanto outros meios de comunicação, o jornal sabe que a maioria dos seus leitores, por falta de paciência ou de tempo, se limita a ler títulos e subtítulos, achando ser o suficiente para ficarem informados.

Portanto, nos cabe a pergunta: a palavra defende foi usada erradamente ou intencionalmente?

Outra dúvida: o que para eles (entrevistadora, revisores, ...) significa “defender” a desmistificação de Lula como um revolucionário e representante da esquerda brasileira, principalmente em relação à atual presidente?

De acordo com a apresentação feita pelo jornal, temos papéis e situações antagônicas: ser revolucionário ou não; ser de esquerda ou não; defender ou acusar.

Poderão alegar que se trata de sair em defesa da verdade, o que é discutível. Ou será que ser um revolucionário de esquerda deixou de ser motivo para júbilo, como o próprio O Globo procurou convencer os leitores mentalmente encaminhados pela mídia?

Ao classificar nossa atual presidente Dilma de revolucionária de esquerda a estariam acusando? Significa, então, que Lula empurrou guela abaixo dos eleitores bobocas uma figura que representava exatamente o seu oposto? Após usar sua pupila, Lula fará o mesmo que fez com José Dirceu?

Aí está o poder de enganação de uma palavra.
Ainda bem que nem todos se limitam a ler títulos e subtítulos.

Outros livros :
O Chefe
Viagens com o Presidente
Já vi Esse Filme
Lula, Luís Inácio - Entrevistas e discursos

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