"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 6 de setembro de 2011

COM QUE MORAL?

Em 2008, o DEM se aliou ao PT em 21,9% dos municípios. O PSDB em 25%. O PPS em 25,6%. Quem tem moral para atacar o PSD?


Com que moral o José Agripino Maia, o Onix Lorenzoni, o ACM Neto, todos do DEM, podem falar do Gilberto Kassab, do PSD? E o Roberto Freire, do PPS? E o Sérgio Guerra, do PSDB?

A única coisa nova que aconteceu na política brasileira é o PSD. O velho está aí embaixo, com números incontestáveis. Oposição de fachada e o acordão com o PT por debaixo dos panos. Ah, o PSD vai ser governista? Sim, igualzinho ao PSDB, ao DEM e ao PPS... Ou não? Vamos fazer as contas depois, para ver quem se aliou mais ao PT nas eleições de 2012. Antes disso, em relação às eleições municipais, os corneteiros de plantão devem remoer os números de 2008...

A resolução do Congresso do PT, no fim de semana, que proibe coligações com os principais partidos de oposição - PSDB, DEM e PPS - em 2012 é atualmente desobedecida pelo partido.

A coligação de petistas com tucanos e integrantes do DEM e do PPS vem se tornando cada vez mais frequente nas eleições para prefeito. Nas três disputas de 2000, 2004 e 2008, o DEM/PFL subiu progressivamente sua presença nas alianças feitas pelo PT: de 9,9% (2000), passou para 17,3% (2004) e chegou a 21,9% (2008). A participação do PSDB em alianças integradas por petistas, que era de 23,2% e 23,1%, cresceu para 25%.

Ou seja, na última eleição municipal, em um quarto das coligações do PT, os tucanos estiveram juntos com seu maior adversário nacional. A presença do PPS é ainda maior. Era de 27%, subiu para 28,3%, e caiu levemente para 25,6% em 2008. O levantamento, feito pelo cientista político Vitor de Moraes Peixoto, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), mostra como a política nacional de alianças do PT esbarra nas realidades locais - diante do objetivo maior da legenda de se expandir e se ramificar pelos rincões.

"É uma opção estratégica de interiorização que leva à necessidade de se coligar. Em muitos desses municípios, o PT participa pela primeira ou segunda vez das eleições. E o adversário mais forte pode ser, por exemplo, do PMDB, cujo grupo político está há quatro ou cinco mandatos no governo. Neste caso, a lógica local leva o PT a se aproximar do PSDB", diz Peixoto.

A união dos petistas com seus adversários nacionais tem crescido até nos colégios eleitorais maiores, como capitais e cidades com mais de 200 mil eleitores, onde a cúpula do PT, geralmente, exerce maior controle. Estudo do cientista político Pedro Floriano Ribeiro, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), mostra que nestes municípios, entre 1996 e 2008, o número de alianças com o PSDB e o DEM subiu de zero para seis e dez, respectivamente.

Há três anos, por exemplo, petistas e tucanos estiveram na mesma coligação para reeleger Edvaldo Nogueira (PCdoB) prefeito da capital de Sergipe, Aracaju. Em Campinas, PT e DEM apoiaram a reeleição de Dr. Hélio (PDT), que foi cassado no mês passado após ser alvo de denúncias de corrupção.


No caso mais emblemático de tentativa de aliança formal numa grande cidade, em Belo Horizonte, os tucanos apoiaram Márcio Lacerda (PSB), mas não participaram oficialmente da chapa, por imposição do PT. Os maiores colégios eleitorais municipais ainda são, de longe, os mais refratários às alianças entre PT e as siglas da oposição nacional.

Mas os casos mostram que mesmos nestes municípios a cúpula petista encontra dificuldade de se apartar totalmente de seus adversários tradicionais.Peixoto afirma que o fator mais importante para explicar a maior ou menor probabilidade de o PT se coligar, por exemplo, com o PSDB ou o DEM, não é o tamanho do município.

Mas o tamanho do partido num determinado município, medido pelo seu desempenho nas últimas eleições."Por mais que a lógica nacional tente se sobrepor aos municípios e o PT trace diretrizes, não há como atender ao objetivo de crescimento do partido sem fazer estas alianças", afirma.Pela resolução do PT, as coligações com PSDB, DEM e PPS não poderão ocorrer na formação de chapas, sem explicitar quais. Petistas mineiros já tentam dar uma interpretação mais flexível, que não abrangeria a eleição para vereador. ( Do Valor Econômico)

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