"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A FORÇA EXCLUDENTE DO MODELO CASA GRANDE & SENSALA

Se tem algo simples, na análise econômica, é o estabelecimento de um modelo para caracterizar a sociedade. Não porque seja fácil decifrá-lo em sua cadeia lógica. Mas porque é simples constatar o óbvio ululante. Vamos ao teste da farinha.

Sei que um dos elementos da casa Grande, pelo menos da cozinha e não da senzala, tem o seu quinhão garantido todos os meses, quer venha crise, quer venha a bonança eventual. Falo dos barnabés do setor público, notadamente os federais.

Podem, em renda familiar, alcançar a cifra de R$ 25 mil por mês. Se admitirmos 50 milhões de famílias, a normalização da renda agregada pelos barnabés seria de quase cinco vezes o PIB efetivo. Significa que não podemos ter um padrão barnabé a rodo. O PIB não dá pra todos; é pequeno demais.

Claro, o que de fato produz o Barnabé? A justiça não funciona, a saúde não funciona, a educação não funciona, no legislativo só tem ladrão (generalizando , porque erro pouco) e a justiça só prende o pobre, o crioulo e os sem pátria.
Podemos, ainda, em contabilidade precisa, acrescentar tudo o mais que tem a mão viva do governo; pouco funciona para o bem.


É claro, então, que o PIB brasileiro é pequeno e não dá pra todos. Não é sem razão que a Dilma disse para a turma do Supremo: para dar aumento pra vocês, teremos que cortar da educação ou da saúde. Verdade verdadeira que a turma Suprema não quis contestar, com argumentos que, facilmente, poderiam vir da cartola do Astro, como o de cortem a corrupção. Evidentemente, tal contestação seria “non sense”, porque todos os barnabés fazem parte do jogo, inclusive o de cena.

Pensando sobre essa realidade dura, não adianta os filhos dos barnabés clamarem pelo fim literal dos pobres. É no lombo da favela que se extrai essa renda milionária que existe para poucos. Foi em função desse retrato excludente que o economista de esquerda, mentor e executor de vários planos de direita, Edmar Bacha, patenteou a expressão Belíndia – Bélgica e Índia – para caracterizar o Brasil e o seu modelo subjacente.

Evidentemente, trata-se de uma simplificação indevida, porque nem a Bélgica conseguimos ser. Os salários aberrantes no Brasil estão nas mãos dos barnabés que adoram citar, em nome de uma esquerda antiga e sabidamente canalha, Celso Furtado como o policymaker das boas horas. Vê-se claramente o por quê.
É o modelo de substituição de importação e subsidio de todos os gêneros, sufocando o mercado competitivo, que dá vida ao modelo Belíndia.
Embora essa turma de Barnabés seja do tamanho da Bélgica, não podemos comparar o capital humano brasileiro com o do belga. Portanto, creio ser o registro bachiano indevido.
Fico mesmo com a caricatura de Gilberto Freire: Casa Grande & Senzala.

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