Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
O CULTO AO 11/9
O 11 de Setembro mudou o mundo, dizem os textos comemorativos dos dez anos do atentado. Sem querer atrapalhar a comemoração, vale perguntar:
Mudou para onde?
A humanidade ainda não absorveu o quadro bizarro dos aviões perfurando as Torres Gêmeas. E nunca absorverá.
O grau de absurdo e dor contido naquela cena é indigerível. Repeti-la milhões de vezes não é sadomasoquismo. É a busca inevitável (e vã) pelo sentido da monstruosidade.
Os homens civilizados não fazem questão de entender o absurdo, mas não abrem mão de explicá-lo.
O 11/9 mudou o mundo, inaugurou o novo milênio, acabou com o sonho americano, instaurou a era do medo etc etc etc. Bin Laden deve estar explodindo de orgulho no fundo do mar.
Mas, afinal, que mundo é esse criado por Bin Laden e referendado pela sociologia fast food do Ocidente?
Se Osama venceu, onde está a prometida escalada do terrorismo internacional? Onde está a epidemia de homens-bomba barbarizando Paris, Nova York, Los Angeles e outras metrópoles pacíficas? O que houve com a al-Qaeda, que faltou a três Copas do Mundo e duas Olimpíadas?
Os especialistas mais animados estão dizendo que a atual crise financeira dos EUA começou no 11 de Setembro. Ainda vão descobrir que Bin Laden maquiou o balanço do banco Lehman Brothers e engendrou a sua falência.
Atribuir a escalada do déficit público americano aos pilotos suicidas da al-Qaeda é uma acrobacia e tanto. Não estraguem a teoria emocionante lembrando que há décadas os EUA crescem se endividando cada vez mais.
Melhor culpar – ou condecorar – o Osama.
Dizem que os americanos se afundaram em gastos militares no Afeganistão e no Iraque depois do atentado de 2001. Claro que, numa hora dessas, ninguém vai lembrar os trilhões de dólares enterrados na Guerra Fria – quando os EUA se firmaram como potência hegemônica. Perde a graça.
O 11 de Setembro abalou a fé na civilização Ocidental e forjou uma geração amedrontada, analisam os categóricos do caos.
É mesmo estranha essa geração amedrontada, que sai às ruas livremente nas maiores cidades da Europa e das Américas para defender seus direitos políticos, estudantis ou sexuais.
Geração amedrontada que se conecta com o mundo como nenhuma outra, surfando nas maravilhas tecnológicas da comunicação em rede – nascida da civilização Ocidental, ou, mais precisamente, dos Estados Unidos da América.
Esse, sim, um novo horizonte sociológico, que explodiu no mesmo período do 11 de Setembro, e dez anos depois ajudou a derrubar ditaduras no Oriente Médio.
Mas há ocidentais que preferem ver a internet como arma de fortalecimento da al-Qaeda.
Só não se sabe exatamente onde essa organização tão poderosa e letal para o Ocidente está atuando, fora da sociologia fast food.
Talvez tenha virado acionista do MacDonalds.
Guilherme Fiuza
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