Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
ACORDA BRASILEIRO! TÃO ROUBANDO SEU DINHEIRO!
Participei da passeata contra a corrupção que saiu do vão do MASP, na av. Paulista, foi até a rua da Consolação e voltou ao MASP. Não sei fazer cálculos de multidões e pra falar a verdade, não era uma multidão, talvez entre mil e quinhentas e duas mil pessoas. Mas com que prazer, com que garra, com que valentia cidadã marchavam aquelas pessoas! Muitos jovens. Famílias com crianças pequenas. E veteranos como eu.
Cartazes contra a corrupção, bandeiras verde-e-amarelas, balões brancos, caras pintadas, narizes de palhaço e dois refrões que diziam tudo: “Acorda, brasileiro!Tão roubando o seu dinheiro!” e “Político ladrão, teu lugar é na prisão!”
Voltei pra casa rejuvenescida, reciclada, reenergizada.
Adoro passeatas e tenho uma teoria sobre elas: melhoram a gente, aquecem a alma, reabastecem a energia, reestruturam a esperança. Fazem com a gente o mesmo que as orações em conjunto. Muitas pessoas orando juntas energizam-se umas às outras, atraem sobre si maiores bênçãos, fazem baixar sobre si forças mágicas, celestes ou cósmicas – como queiram chama-las – a ponto de saírem essas pessoas para a lida diária mais leves, mais felizes, mais abençoadas. A oração em conjunto é misteriosa, forte, regenera, eleva.
É mais ou menos assim com as passeatas.
Voltei pra casa em estado de graça.
No caminho de volta vi gente passeando na rua com cachorrinhos, vi casais fazendo cooper, vi pessoas tomando sol nas praças, era 7 de setembro – feriado portanto – e muita gente sem ter nada que fazer e aí pensei: porque esta gente toda não foi à avenida Paulista conosco? Será que estão satisfeitos com os rumos do país? Será que não se enojam com a corrupção que assola esta terra? Será que não se envergonham que uma deputada filmada recebendo um maço de dinheiro tenha sido inocentada pelos seus pares? Será que não se revoltam que a quadrilha do mensalão não tenha sido julgada até hoje e esteja prestes a ver seu crime prescrito porque o Supremo Tribunal não gosta de trabalhar? Será que não se incomodam com o desvio monstruoso de dinheiro público? Será que não percebem que esse desvio de dinheiro mata pela falta de saneamento, de saúde? Que esse dinheiro desviado impede que se construam mais creches, mais escolas, mais hospitais, estradas decentes, transporte eficiente? Preferem essas pessoas correr no parque, levar o cachorrinho fazer pipi na rua, ir ao cinema e ao teatro, comer em restaurantes, passear de carro do que participar de um ato cívico contra a corrupção?
À passeata gay comparecem milhões. Pra ver a Amy não sei das quantas, milhares! Aplaudir o Rogério Ceni, 60 mil! E numa passeata contra a corrupção só dois mil gatos pingados? Que cidade é essa? Que povo é esse? Que gente é essa?
Quando o povo quer as coisas acontecem. O comício pelas Diretas Já em São Paulo levou à queda da ditadura. Collor caiu por causa dos caras pintadas. E agora? O que está faltando para que a população vá às ruas protestar contra político ladrão?
De toda a forma estou feliz. Fui e vi. Vi algumas centenas de jovens novamente de cara pintada. Jovens que não ficaram dormindo, não foram passear no parque, não ficaram na frente da televisão ou na Internet. Vi a fúria santa com que gritavam “Político ladrão, teu lugar é na prisão!” Gritei junto e voltei pra casa mais jovem, com mais energia, com mais esperança.
Tenho que registrar que se em São Paulo fomos poucos, em Brasília foram trinta mil. Se cuidem, ladrões! O país está despertando novamente.
Regina Helena de Paiva Ramos, escritora e jornalista, autora de “Mulheres Jornalistas – A Grande Invasão” - pela Imprensa Oficial. E de “Mata Atlântica – Vinte razões para amá-la”, Musa Editora
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