A reforma política de Lula é um balaio de vigarices que torna o país mais primitivo
Nove meses depois de deixar o Palácio do Planalto, o ex-presidente Lula apareceu no Palácio do Jaburu, nesta quarta-feira, para combinar com a base alugada como deve ser feita a reforma política que não fez em oito anos. Se pensasse nas próximas gerações, teria comandado já nos primeiros meses de governo a implantação de mudanças que tornariam o Brasil mais moderno e o mundo político menos cafajeste. Como só pensa nas próximas eleições, preferiu piorar o que já era péssimo para atender aos próprios interesses. Acertou-se com os 300 picaretas que pareciam incomodá-lo nos tempos de deputado, ampliou assustadoramente a bancada dos vigaristas, virou parceiro dos pastores do atraso e esqueceu a reforma prometida durante a campanha.
Continua o mesmo, informou neste 21 de setembro a reportagem do site de VEJA sobre a reunião matutina na residência oficial do vice Michel Temer. A pedido do ex-presidente, lá estavam líderes do PMDB que podem ajudá-lo a remover as pedras no caminho do entendimento com o PT. Uma delas é a fórmula que deve reger as eleições parlamentares. O PT prefere o voto em lista fechada ─ malandragem que permite à cúpula da seita decidir quem será deputado. O PMDB defende o “distritão”, uma deformação marota do voto distrital forjada para eternizar o poder dos coronéis de grotão. Embora distintas, as duas patifarias são filhas da mesma abjeção resumida na frase decorada por 10 em 10 prontuários disfarçados de pais-da-pátria: numa eleição, só é feio perder.
Todos perseguem um objetivo comum: prorrogar o prazo de validade da era do primitivismo. É natural que Lula seja o escolhido para ofender o país que presta com outro balaio de vigarices. Ninguém melhor que o inventor do Brasil Maravilha para apadrinhar uma reforma política que não reforme nada.
Augusto Nunes
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