"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

OS DOIS SENHORES DA CNBB

Artigos - Religião

O relativismo moral e ético das maquinações parlamentares da CNBB é mais que visível. É virtualmente delinquente. E o catolicismo? Jogaram na privada. A confissão religiosa é petista.

Escapou pela internet a notícia de que a CNBB fez um acordo secreto com a senadora Marta Suplicy, para aprovar tacitamente o PLC 122, a famigerada “lei anti-homofobia”.

Em nota publicada na página da CNBB, de 7 de dezembro de 2011, a mesma negou que houve um acordo. Deu a entender que ocorreu apenas uma conversa, em audiência no dia 1º de dezembro de 2011, quando a entidade escutou a proposta da senadora, e reiterou o compromisso de “combater todo tipo de discriminação”.
Linguajar visivelmente suspeito o do emissor da nota, o Cardeal Raimundo Damasceno Assis, de Aparecida.

Revelam-se aí duas versões diferentes e contraditórias.
A pergunta que não quer calar é: quem está mentindo? Dona Marta Suplicy, que confirmou o apoio da CNBB? Ou a autonomeada entidade representante dos bispos do Brasil, que diz negá-lo?

Se for verdade que existiu um acordo entre a política petista e os bispos (e muitas fontes confiáveis confirmam), a CNBB mostrou que é covarde, mentirosa e indigna do mínimo respeito de qualquer católico sério deste país. Diria mais, indigna do respeito de qualquer cristão.

A resposta do cardeal Raimundo Damasceno parece denunciar seu crime. Em nenhum momento ele falou em condenar o PLC 122 ou em denunciar a campanha homossexual de criminalização das opiniões religiosas incutidas na lei.
Ou mais, nenhum pio sobre a proposta de Marta Suplicy, de transformar o cristianismo numa espécie de religião de gueto, onde as opiniões fora da Igreja podem ser marginalizadas, perseguidas ou excluídas da vida pública, através de medidas judiciais. Pelo contrário, sua opinião parece não querer assumir posições, para não afetar suscetibilidades políticas atuantes e comprometedoras. Suscetibilidades petistas, para deixar bem claro.

Está evidente demais a intenção de Marta Suplicy e do movimento gay. A lei é visivelmente perigosa para as liberdades individuais, uma vez que fere o princípio da liberdade religiosa e de pensamento, e cria mecanismos de censura contra qualquer indivíduo de criticar, contestar ou rejeitar publicamente o homossexualismo. O movimento gay quer destruir os padrões da família, espalhar educação homossexual nas escolas e, ainda, criar expedientes legais para prender quaisquer pessoas dissidentes desse projeto. No entanto, dentro da CNBB, o resto é só silêncio.

Mas não é o primeiro incidente envolvendo o nome da associação dos bispos.

Recentemente, o Conselho Indigenista Missionário da CNBB fez lobby político contra um projeto de lei que puniria agentes da FUNAI que não salvassem crianças indígenas do infanticídio. Ou seja, o direito à vida, que supostamente é defendido pelos bispos contra o aborto, não é válido para os menores indígenas.

Nas palavras de alguns acólitos do Conselho Indigenista, isso criaria “preconceito” contra os índios. A CNBB abre uma exceção. Como na cabeça de certos antropólogos e padres esquerdistas de passeata, os silvícolas não passam de animaizinhos de laboratório de sua engenharia social, devem ficar eternamente isolados da civilização e dos direitos que ela promove, em favor de suas tradições culturais abjetas.
Matar crianças indígenas? Isso é “direito” dos índios de viverem sua cultura criminosa. A CNBB contribui com a ideologia da morte. Ou mais, recusa a salvação das almas dos índios para o Evangelho de Cristo.

Se as leis de Deus não chegam aos corações indígenas, pior é presumir que não cheguem ao coração do clero da CNBB. Esta transformou a fé católica num composto utilitário, tal como o New Age, o I Ching ou o horóscopo de jornal. O relativismo moral e ético das maquinações parlamentares da CNBB é mais que visível. É virtualmente delinquente. E o catolicismo? Jogaram na privada. A confissão religiosa é petista.

Ademais, o CIMI, pra quem não sabe, é uma entidade esquerdista sustentada pela Fundação Ford. Foi ele, junto com o CIR (Conselho Indigenista de Roraima), o idealizador da expulsão dos arrozeiros de Roraima na região de Raposa Serra do Sol. Através de uma articulação mafiosa, que envolveu políticos e até o STF, os clérigos esquerdistas da CNBB colaboraram para as manobras de um crime contra a nação brasileira.
Em outras palavras, a economia de Roraima foi prejudicada pela demarcação de sua região e seu território entregue de mão beijada para ONG’s indigenistas parasitárias, financiadas com dinheiro estrangeiro. Milhares de brasileiros agricultores foram expulsos de suas terras e enviados para as favelas de Boa Vista, a capital do estado, levando os próprios índios. E atualmente a região, outrora rica e exportadora de uma das maiores produções de arroz no país, é um poço de miséria, que não poupa nem mesmo os nativos que perderam seus empregos.

A CNBB também agiu contra o arcebispo de Olinda, Dom José Sobrinho, que fez uma declaração relatando sobre a possível excomunhão dos médicos que participaram de um aborto de gêmeos, filhos de uma jovem que foi estuprada aos nove anos pelo padrasto. Embora o Vaticano tenha apoiado o arcebispo, a conferência dos bispos não moveu um apoio sequer. Pelo contrário, a CNBB resolveu atender à gritaria da turba e da imprensa, que queria crucificar o eclesiástico. Deixou o arcebispo em banho-maria. Na prática, jogou-o aos leões.

Na verdade, a CNBB pode ser qualquer coisa, menos uma entidade católica. Embora venda a idéia de representar os católicos do país, é apenas uma associação burocrática sem valor hierárquico na Igreja. Na prática, ela se tornou um braço ideológico do PT na Igreja Católica, falando indevidamente em nome dela e por ela, ainda que os católicos autênticos ou o Vaticano nem tenham sido solicitados.
Porém, quem cala consente. Se os católicos realmente sinceros se calam diante do que é uma infiltração descarada dentro dos quadros da Igreja, pode-se dizer que também são covardes.

Fatos como os acima citados revelam dois comportamentos diferentes e seletivos: a CNBB é incisiva quando o assunto é o MST, a defesa do governo petista, o desarmamento civil, a reforma agrária e demais bandeiras de esquerda. E, no entanto, é tímida e omissa, quando a questão é a defesa intransigente dos valores católicos!

Já virou normalidade: muitos católicos militantes e pretensamente intelectuais se escandalizam quando os bispos, cardeais e padres são criticados pelas suas ações anti-religiosas e contrárias aos princípios da Igreja. Na prática, existe uma reverência inepta e cega ao sacerdócio, como se isso se confundisse com o papel das opiniões visivelmente heréticas e apóstatas do clero brasileiro. Escandalizam-se, porque também são cúmplices, são medrosos, não querem se comprometer combatendo essas violações indignas ao sacramento sacerdotal. A questão é elementar e bastante visível: se alguns padres e bispos, envolvidos com grupos ou partidos de esquerda, não respeitam a sua própria batina, por que o povo católico a respeitaria?

Eu já fui virulentamente criticado por católicos conservadores, pelo fato de atacar duramente a esquerda católica. Inclusive, fui chamado de "herético", por não respeitar comunistas travestidos de padres. Uma vez fiz a seguinte pergunta a um desses católicos "laboriosos", numa lista de rede de emails: “você teria reverência e respeito a um padre ou bispo introduzido pela KGB soviética? Imaginemos a KGB ministrando missa ou ouvindo a confissão católica”. Acabei expulso da lista. Em nome do respeito à batina e ao sacerdócio, os católicos omissos acabam por proteger e acobertar as ações da esquerda no clero, como se a batina fosse uma espécie de imunidade para qualquer atitude irresponsável e contrária às obrigações eclesiásticas e doutrinárias. É esta ação que afasta os católicos das igrejas, fartos da politização comunista descarada de padres e bispos comprometidos com a causa petista. E neste ponto, a CNBB é culpada pela destruição da Igreja Católica no Brasil. É a KGB do petismo com ordenação sacerdotal, é o esquerdismo sacramentado.

Julio Severo, o combativo militante evangélico que faz na internet um belo trabalho de denúncia às políticas gayzistas na sociedade brasileira, recebeu várias mensagens de católicos no seu blog, por conta da publicação do suposto conluio da CNBB com o movimento homossexual.
Os católicos, mesmo os mais sinceros, querendo enganar a si mesmos, tentam corrigir o blogueiro, afirmando que a CNBB negou a aliança tácita. Por que será que os católicos se contentam com tão pouco? Percebe-se o quanto a Igreja Católica no Brasil está desorientada e perdida. Com exceção de alguns grupos dentro da Igreja, os católicos estão completamente omissos ao estado de coisas a que chegou o país. Viraram uma classe insignificante de pessoas, representada por um clero inepto e espiritualmente corrupto, inimigo da ortodoxia e do próprio Vaticano.

Não me espante que os católicos estejam virando cidadãos de segunda classe neste país. Se não fosse por uma parte barulhenta da bancada evangélica no Congresso, a ditadura politicamente correta estaria bem mais avançada. É supreendente pensar que um dos poucos defensores da integridade da Igreja Católica no Brasil seja um evangélico.

De fato, foi por conta do alcance das notícias de Julio Severo é que sabemos da podridão que se tornou o clero católico e seu comprometimento subserviente com a esquerda. Podridão que muitos dos católicos resistem em combater e denunciar.

Essa desorientação psicológica não se limita a CNBB. Ela foi também revelada quando a "Canção Nova", um dos berços da Renovação Carismática Católica, queria dar espaço em sua programação televisiva a um deputado, o tal Edinho do PT, apologeta do movimento gay e do aborto. O pior de tudo é que este mesmo deputado foi o responsável pelo confisco de panfletos emitidos por alguns bispos que criticaram a defesa do aborto, declarada pela presidente Dilma Rousseff, na época das eleições de 2010. Se não bastasse patrocinar a farsa da religiosidade de Dilma Rousseff numa igreja, quando ela mal sabia fazer o sinal da cruz, o deputado picareta Gabriel Chalita queria transformar a Canção Nova num novo curral do PT. Parece que não colou. E por quê? Por denúncia de alguns corajosos católicos e de Julio Severo, o evangélico!

Ao que parece, os católicos não sofrem apenas de desorientação psicológica. Sofrem mesmo de amnésia, ao não reconhecerem seus próprios inimigos. Eles se iludem em achar que algo vai cair do céu. Deus não respeita os covardes. Ele nos exige o dever de defender à sua Causa.

A CNBB, na Campanha da Fraternidade de 2010, dizia que não se pode servir a Deus e ao dinheiro, deturpando as palavras do Evangelho para seu credo comunista. E a mensagem que se encerra é: não se pode também servir a dois senhores. Qual senhor a CNBB serve? A Igreja de Cristo ou a religiãozinha laica do PT?

Leonardo Bruno, 14 Dezembro 2011

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