"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 11 de junho de 2013

DÓLAR VOLTA PARA CASA

A tendência de valorização do dólar é mundial, mas há causas específicas da economia brasileira que intensificam a perda da nossa moeda: PIB fraco, inflação alta, menor saldo comercial. Lá fora, a economia americana tem sido melhor avaliada e isso pode levar à redução de estímulos e alta dos juros. Expectativa de rentabilidade maior dos papéis do governo leva de volta para os EUA dólares espalhados pelo mundo.

Para o Brasil, essa virada mundial no câmbio acontece em um momento ruim, quando a inflação está alta e o déficit em conta corrente, elevado, em 3% do PIB. Dólar mais caro pressiona a inflação e, para entender melhor isso, basta olhar para um produto muito vendido no país: o pão francês.

Metade do trigo consumido no Brasil é importado. Se o dólar sobe, o preço do trigo, em algum momento, também aumenta. Nos últimos 12 meses, o pão francês já subiu 16,18%, até maio; e o macarrão, 12,73%.

É esse tipo de repasse que explica as intervenções no câmbio feitas pelo Banco Central. Se o real se desvalorizar muito, a inflação, que já está no limite da meta, em 6,5%, pode subir ainda mais. No cálculo do INPC, o índice que mede a inflação das pessoas com menor renda, o peso dos alimentos é maior. Em 12 meses, o INPC já está acima da meta, em 6,95%. Ou seja, dólar mais forte não é bom para os preços.

O economista-chefe do Santander Asset Management, Hugo Penteado, explicou que, no mundo, o dólar se fortalece quando há aumento de aversão ao risco, por alguma crise, e quando se acredita que a economia americana está passando por uma recuperação. Esse é o caso atual. Ele cita uma série de indicadores que vieram mais fortes nos últimos meses:

— A confiança do consumidor americano está no nível mais alto em seis anos, a criação de empregos tem melhorado, o setor de imóveis está em recuperação há 12 meses, com demanda elevada e oferta fraca. O crédito a empresas e consumidores acelerou e este ano há um dado importante: não haverá férias coletivas na indústria automobilística — disse.

Apesar da melhora no ânimo, é sempre bom lembrar que desde 2008 a economia mundial tem mudado de humor com frequência e que o motor americano já decepcionou em outras ocasiões.

11 de junho de 2013
Alvaro Gribel e Valéria Maniero

Nenhum comentário:

Postar um comentário